Grumman TBM-3E Avenger

História e Desenvolvimento.
Nascido em Nova York no ano de 1895,  e graduado em engenharia mecânica pela universidade Cornell University em 1926, o jovem entusiasta da aviação Leroy R. Grumman, se alistaria a seguir na Marinha dos Estados Unidos (US Navy) para servir junto a Reserva Naval, onde seria identificado por seus superiores como um potencial talento, o enviando assim para a Universidade Columbia a fim de se especializar no segmento motores aeronáuticos. Após a conclusão deste estágio, ele seria encaminhado para a Estação Naval de Miami (Naval Air Station Miami), no estado da Florida, a fim de ser preparado e receber todo treinamento para instrução em voo. Após sua graduação Leroy R. Grumman, permaneceria nesta unidade, agora exercendo a função e instrutor de voo para os jovens cadetes que ali ingressavam. Porém posteriormente abandonaria esta atividade para se dedicar a missão de piloto de bombardeio na Aviação Naval. Sua excelente performance, em todas as atividades a ele destinadas, lhe renderiam uma indicação honrosa para uma vaga no Instituto de Tecnologia de Massachusetts - MIT (Massachusetts Institut of Technology), para o curso de engenharia aeronáutica.  Após formado com louvor, passaria a exercer as atividades de piloto de ensaios em voo, sendo responsável pelo recebimento de novas aeronaves na Aviaçao Naval. Após pedir baixa do serviço militar em março de 1927, Leroy foi trabalhar na indústria aeronáutica Loening Aeronautical Engineering Corporation, onde voltaria a exercer a atividade de piloto de testes e ensaios, mais notadamente dedicado a linha de aeronaves anfíbias produzidas por aquela empresa, participando também na elaboração destes projetos. Este período, lhe traria grande experiencia na manutenção de aeronaves produzidas pela Loening Aeronautical Engineering Corporation, levando Leroy a empreender, fundando a Grumman Aircraft Company, uma pequena empresa dedicada a execução de reparos e revisões gerais de aeronaves fabricadas por seu antigo empregado, que se encontravam em serviço ativo junto a aviação naval da Marinha dos Estados Unidos (US Navy). As receitas produzidas por esta atividade permitiram a Leroy R. Grumman a se aventurar no projeto e desenvolvimento de aeronaves navais de caça, com seu primeiro investimento neste segmento se materializando em 1931 quando o primeiro protótipo do Grumman FF-1 alçou voo. Suas características inovadoras como o trem de pouso retrátil, chamariam a atenção das autoridades navais norte-americanas, levando assim a assinatura do primeiro contrato de produção de grande vulto da empresa. A estes seguiram outros mais, tornando assim a  Grumman Aircraft Engineering Corporation a principal empresa fornecedora de aeronaves de caça para a Marinha Estados Unidos (US Navy) pelas seguintes cinco décadas. 

O início das hostilidades entre os Estados Unidos e o Império do  Japão em 7 de dezembro de 1941 com o ataque surpresa as instalações norte-americanas em Pearl Harbour no Havaí, e as demais investidas japonesas no Pacífico Sul, traria ao comando de defesa norte-americano uma visão emergencial sobre a necessidade de se desenvolver novos vetores de combate. Esta decisão se daria pela análise de que as aeronaves em uso até então, se mostraram obsoletas ou inadequadas face as possíveis ameaças das forças do Império do Japão, apresentadas em cenários hipotéticos estudados antes de 1940, que seriam dolorosamente confirmados nos eventos que seguiram ao início das hostilidades. Como exemplo deste cenário, podemos citar os torpedeiros Douglas TBD Devastador da aviação naval da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), que apresentariam uma performance extremamente ruim nos primeiros embates no teatro de operações do pacífico, se tornando assim claro a necessidade de substituição imediata por aeronaves de melhor performance. Neste contexto projetos em andamento, ganhariam prioridade de desenvolvimento, e entre estes se encontrava um programa contratado em meados do ano de 1940 , junto a Grumman Aircraft Engineering Corporation, para o desenvolvimento de um novo  aviao torpedeiro embarcado de grande porte, a ser operado por três tripulantes. Os parâmetros básicos deste projeto envolviam principalmente requisitos básicos, como baixo custo de aquisição e operação, facilidade de produção em alta escala e robustez. O acordo firmado entre as partes previa um estreito prazo de apresentação de dois primeiros protótipos a serem contratados.  Assim desta maneira os engenheiros aeronáuticos da Grumman Aircraft Engineering Corporation empregariam como ponto de partida, o conceito aerodinâmico do recém-criado caça embarcado Grumman F-4F3  Wildcat. Esta decisão além de ajudar na redução do prazo de desenvolvimento do modelo iria potencializar em muito na comunalidade de alguns componentes entre as aeronaves, facilitando as operações de manutenção e simplificação dos processos logísticos de peças de reposição. 
O primeiro voo do protótipo designado pelo fabricante como XTBF-3 seria realizado no dia 7 de agosto de 1941, e estava equipado com um motor radial Wrigth R-2600-8 Cyclone com 1.700 hp de potência. Apresentava uma tripulação composta por três tripulantes acomodados em tandem, sob um longo canopy envidraçado. Como armamento defensivo a nova aeronave possuía uma metralhadora Browming  calibre .50 montada sob o lado direito do capo, uma Browming calibre .30 instalada em um corte ventral na parte inferior e outra metralhadora calibre .50 alojada em uma torre dorsal elétrica giratória garantindo uma satisfatória capacidade de autodefesa. Os dois protótipos seriam submetidos a um extensivo programa de testes e avaliação, com os resultados se mostrando extremamente promissores, representando uma grande evolução quando comparados as aeronaves sem serviço até então. Este processo culminaria na aceitação e homologação do Grumman XTBF-3 pela comissão técnica da Marinha dos Estados Unidos (US Navy). Desta maneira seria celebrado o primeiro contrato de produção no segundo semestre de 1941, prevendo a compra de duzentas e sessenta e oito aeronaves. As primeiras células seriam entregues no início do ano seguinte, e o seu consequente batismo de fogo se daria durante os eventos decorrentes da Batalha de Midway em junho de 1942. E apesar do resultado desastroso do modelo neste combate (cinco dos seis Avengers TBF-3 empregados na batalha foram abatidos por caças japoneses), o comando da Marinha dos Estados Unidos  (US Navy) não desanimaria quanto ao potencial de emprego da aeronave. Logo em seguida esta decisão se mostraria acertada, com  o Grumman TB-3 Avenger se mostrando posteriormente extremamente apreciado por suas tripulações principalmente por sua alta velocidade, capacidade ofensiva e defensiva e alcance. Em vista dessas e de outras qualidades, a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) passaria a contratar a aquisição de mais exemplares da aeronave, e em consequência desta demanda, a divisão Eastern Aircraft Company da fabricante de automóveis General Motors Corporation, passaria a produzir as aeronaves desta família em novembro de 1942. Para distinguir os Avenger TBF produzidos pela Grumman Aircraft Engineering Corporation dos produzidos pela General Motors, estes últimos receberam a designação TBM. 

A primeira versão denominada como Grumman TBF-1 Avenger atingiria a cifra de mais de mil e quinhentas células produzidas, sendo sucedido pelo novo Grumman TBF-1C que apresentava melhor capacidade de combustível e inclusão de duas metralhadoras Browning calibre.50 nas asas para autodefesa. Esta variante receberia contratos de aquisição totalizando setecentos e sessenta cinco unidades, entre elas algumas centenas destinadas a Marinha Real Britânica (Royal Navy) designadas como TBF-1B , sendo cedidas nos termos do programa Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Já as variantes produzidas pela Eastern Aircraft (divisão aeronáutica da General Motors Corporation) alcançariam o total de quinhentos e cinquenta células do TBM-1 e  duas mil trezentos e trinta seis da versão TBF-1C Avenger. A estas variantes se seguiriam novas versões contemplando uma série de melhorias, culminando na variante final,  o Grumman TBM-3 Avenger,  que em 1944 que passava a contar com um motor mais potente, cabides subalares para foguetes não guiados ou tanques suplementares, com este representando o modelo mais produzido da família, totalizando quatro mil e seiscentas células entregues. Ao todo seriam produzidas nove mil oitecentas e trinta e nove unidades até fins de 1945, dispostas em vinte e duas variantes, entre elas, torpedeiro, bombardeio, ataque noturno, transporte, antissubmarino, alerta aéreo antecipado e reboque de alvos. Durante a Segunda Guerra Mundial, as aeronaves da família Grumman Avenger teriam destacada participação no esforço de guerra aliado, registrando como primeiro troféu, a participação no afundamento do encouraçado japonês Hiei em novembro de 1942. Seu piloto mais famoso, seria o futuro presidente norte-americano George H. W. Bush, que operava embarcado junto ao porta aviões de escolta USS San Jacinto (CVL-30). A participação final dos Grumman Avenger da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) se daria em 1945 durante os ataques aeronaves que culminaram no afundamento dos super encouraçados da Marinha Imperial Japonesa (IJN) Yamato e Musashi. No teatro de operações europeu, estas aeronaves teriam grande participação na campanha contra as flotilhas alemães de submarinos no oceano Atlântico, principalmente a serviço da Marinha Real (Royal Navy), operando as versões Avenger Mk I, Avenger Mk II e Avenger Mk III. 
Durante o período pós-guerra, inúmeras versões do Grumman Avenger seriam desenvolvidas com base na conversao de aeronaves já produzidas, das quais se destacam com maior relevância,  a TBM-3E e TBM-3E2 (equipadas com radar AN/APS-4 em “pod” subalar), TBM-3S e TBM-3S2 (versões modificadas dos TBM-3E  e TBM-3E2 para guerra antissubmarino - ASW) e TBM-3W e TBM-3W2 (equipadas com radar de busca sob a fuselagem); os TBM-3W e TBM-3S.  Estas últimas eram utilizadas normalmente em pares “hunter-killer”, sendo o “W” empregado na busca de submarinos e o “S” na destruição dos mesmos, sendo empregadas pela Marinha dos Estados Unidos  (US Navy) e Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (US Marine Corps) até meados da década seguinte, quando começaram a ser substituídas por aeronaves mais modernas. Ainda dentro dos programas de “Mutual Defense Assistance Program” (Programas de Assistência de Defesa Mútua), centenas destas células seriam transferidas a nações amigas alinhadas aos interesses geopolíticos dos Estado Unidos. Desta maneira aeronaves de diversas versoes da família  Grumman TBM-TBF Avenger seriam cedidas as forças armadas da  Holanda, Cuba, Brasil, Canada, Nicarágua, França, Japão, Nova Zelândia e Uruguai.  Muitas aeronaves remanescentes também seriam largamente convertidas para o uso civil principalmente como aeronaves destinadas da pulverização de lavouras e combate a incêndios, com algumas células em operação até os dias atuais. 

Emprego na Marinha do Brasil.
No dia  12 de dezembro de 1956, o Governo Federal Brasileiro em conjunto com Ministério da Marinha, após uma série de negociações, procederia formalmente a aquisição de um porta-aviões leve britânico classe Colossus, o HMS R-71 Vengeance. Este navio aeródromo apresentava um deslocamento padrão de 19.900 toneladas era um veterano da Segunda Guerra Mundial, tendo atuado nos teatros de operações do Mediterrâneo e do Pacífico. Após o término do conflito, este navio seria arrendado à Marinha Real Australiana (Royal Australian Navy), pelo período compreendido entre o dia 13 de novembro de 1952 a 13 de agosto de 1955, sendo assim devolvido ao governo britânico e colocado à disposição para venda. Após sua aquisição pelo governo brasileiro, este porta aviões seria encaminhado em meados do ano de 1957, aos estaleiros da empresa holandesa Verolme United Shipyard, na cidade de Rotterdam, a fim de ser submetido a um extenso programa de modernização e atualização. Este navio, emergiria deste processo em dezembro de 1960, ostentando a adição de convés de voo em ângulo a 8,5°, catapulta e sistema de parada modernizados, novos elevadores, nova ilha, sistemas de operação e eletrônica e atualização de sistema defensivo. Após a conclusão dos trabalhos, o navio passaria a ser submetido a provas no mar, neste processo estava incluso a avaliação dos sistemas de catapultagem e recolha de aeronaves, sendo empregados para isto aeronaves turboélices Fairey Gannet e caças Hawker Sea Hawk da Marinha Real (Royal Navy). Recomissionado em 6 de dezembro de 1960 como Navio-Aeródromo Leve (NAeL) “Minas Gerais” (A-11), o navio passaria a ser a nau capitania da Marinha do Brasil. Neste contexto ainda não havia estudos reais sobre as opções de aeronaves de asas fixas e rotativas a serem adquiridas pela Aviação Naval, ou mesmo pela Força Aérea Brasileira (em função da prerrogativa da exclusividade de operação de aeronaves de asa fixas), para compor o grupo aéreo do novo porta aviões brasileiro. Apesar do navio ser de origem britânica, todo o treinamento e sua consequente doutrina operacional seria baseada nos moldes da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), mediante um acordo firmado anteriormente entre os governos brasileiro e norte-americano. 

É neste momento que tem início a efêmera história dos Grummam TBM-3E/E2 Avenger na Marinha do Brasil, pois como citado o processo de treinamento da tripulação do Navio-Aeródromo Leve (NAeL) “Minas Gerais” (A-11) seria completo, envolvendo o processo de movimentação e hangaragem de aeronaves. Nesta época várias aeronaves Grumman TBM-3 do Serviço Aéreo da Real Marinha Holandesa (RNethN) estavam sendo desativadas e de acordo com os termos da aquisição das mesmas constantes no programa norte-americano “Mutual Defense Assistance Program” (Programas de Assistência de Defesa Mútua), estas deveriam ser assim devolvidas aos Estados Unidos ou destruídas no localmente com comprovação fotográfica. Um terceiro destino para estas células seria criado, quando a diretoria do estaleiro Verolme United Shipyard passou a intermediar uma negociação entre as partes envolvendo uma doação de um lote destas aeronaves monomotoras, para fins de treinamento de manobra em convés de voo. Desta maneira seria acordada a cessao de cinco células do modelo Grumman TBM-3 Avenger que deveriam ser escolhidas da  frota da aviação naval holandesa, empregando como critério seu estado de conservação.  No entanto curiosamente, apenas três destas aeronaves receberiam matrículas brasileiras; e destes dois restantes, uma célula apesar de ser oficialmente transferida a Marinha Brasileira, não seria fisicamente entregue, sendo descartado e sucateado em uma base aeronaval daquele país, quanto a quinta célula não existem registros sobre seu destino final, mas nunca seria realmente incorporada. Existem ainda relatos de que uma das aeronaves recebidas pela Marinha do Brasil, pertenceria ao modelo TBM-3S Avenger, sendo oriundo da Aviação Naval Francesa (Aéronavale), mas não existem registros franceses (conforme contatos com a Association pour la Recherche de Documentation sur l’Histoire de l’Aéronautique Navale) que atestem sua transferência a Marinha do Brasil. Informações extra oficias informam que outras tres células (como os números de série BuAer 85930, 86174 e 85543) teriam sido recebidos no Brasil desmontadas em caixas, porém esta afirmação para ser  inverossímeis, já que pelo menos o BuAer 85930 foi aquela aeronave destruída como sucata, mencionada anteriormente. 
As aeronaves com confirmação real de recebimento, seriam então o TBM-3E2 BuAer 53142 com   data de aceitação Marinha dos Estados Unidos (US Navy) em 3/05/45; transferido para a Marinha Real (Royal Navy) 29/9/53, matrícula XB378; convertido AS.5 por SAL Prestwick Junho/54; descarregado em 28/3/58; transferido Marinha Real Holandesa (RNethN) em 19/02/58 para emprego como rebocador de alvo recebendo a matricula 22-32 e depois 073; descarregado em 08/2/61; transferido Marinha do Brasil: 25/7/60, matriculado 1 e depois N-501. Ja a segunda célula o TBM-3E BuAer 53604 com data de aceitação na Marinha dos Estados Unidos (US Navy) em 8/06/45; transferido para Marinha Real (Royal Navy) em 29/9/53, matrícula XB385; convertido AS.5 por SAL Prestwick Junho/54; descarregado em 28/3/58; transferido Marinha Holandesa (RNethN) em 19/2/58, matriculado 22-28 e depois 069; transferido Marinha do Brasil em 25/07/60, matriculado 3 e depois N-503; descarregado Marinha Holandesa 30/7/60. A última aeronave o  TBM-3E BuAer 85549 com data de aceitação na Marinha dos Estados Unidos (US Navy) em  24/02/45; transferido  para Marinha Real (Royal Navy) a bordo do HMS Perseus em 4/05/53, matrícula XB445; convertido AS.5 por SAL Prestwick Novembro/53; descarregado em 28/3/58; transferido Marinha Real Holandesa (RNethN) em 17/3/58, matriculado 22-25 e depois 067; descarregado em 25/07/60; sendo transferido para a Marinha do Brasil:  25/7/60, matriculado 2 e depois N-502. Já sobre as células não recebidas temos apenas as informações , como o TBM-3E BuAer 85930 com data de aceitação na  Marinha dos Estados Unidos (US Navy) em  28/03/45; transferido  para Marinha Real (Royal Navy) em 4/05/53, matrícula XB447; convertido AS.5 por SAL Prestwick Janeiro/54; descarregado em 28/3/58; transferido Marinha Real Holandesa (RNethN) em  17/03/58, matriculado 22-26 e depois 068; transferido Marinha do Brasil:  25/07/60; porém descarregado em  30/07/60, sendo destruído como sucata em The Kooij, Holanda. Por fim o  TBM-3E2 BuAer 86174 com data de aceitação na Marinha dos Estados Unidos (US Navy) em 20/04/45; transferido a Marinha Real (Royal Navy) a bordo do HMS Perseus em 4/05/53, matrícula XB331; convertido para AS.4 por SAL Prestwick 04/08/54; descarregado em 28/03/58; transferido Marinha Real Holandesa (RNethN) em  19/02/58 como rebocador de alvo, matriculado 22-34 e depois 075; descarregado Marinha Real Holandesa 30/7/60; transferido a Marinha do Brasil em  25/07/60. 

Durante a entrega oficial da primeira célula, o Grumman TBM-3E2 Avenger BuAer 53142 em 25 de julho de 1960 ainda na Holanda, um oficial do Serviço Aéreo da Real Marinha Holandesa (RNethN)., ministrou aos brasileiros todas as técnicas para o emprego da aeronave, tais como sistemas mecânicos, elétricos e hidráulicos, bem como taxiamento, recolhimento das asas e alinhamento na catapulta e hangaragem. Havia no entanto uma solicitação por parte do governo norte-americano que estas aeronaves não fossem empregadas em voo, embora tivessem condições de fazê-lo. Durante os treinamentos na Holanda, os Grumman Avengers eles eram “rolados” pelo convés de vôo até a velocidade de decolagem, porém abortando o processo logo em seguida. Reza a lenda ainda, que ao final deste treinamento, este mesmo oficial holandês fazendo uso de ferramentas apropriadas retirou os parafusos do sistema das asas dobráveis, dizendo em seguida “de acordo com ordenado, três aeronaves sem condições de voo entregues perfeitamente”. E assim que ele se retirou do navio, os tripulantes brasileiros trataram logo de recolocar os parafusos em seu devido lugar. As três aeronaves foram transportadas ao Brasil, a bordo do Navio-Aeródromo Leve (NAeL) “Minas Gerais” (A-11), chegando no porto do Rio de Janeiro em 2 de fevereiro de 1961. Na semana seguinte seria possível dar atenção ao início do processo de formação do pessoal destinado a compor as equipes de manobra, conquanto esse trabalho já houvesse sido iniciado por aqueles que acompanharam o recebimento das aeronaves na Holanda, restando realizar a instrução das novas equipes, com esta atribuição destinada ao Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN). A intenção original era que ao menos um Grumman TBM-3E2 Avenger fosse entregue aquele centro, mantendo os outros dois exemplares a bordo do porta aviões. Para atender a esse planejamento seria decidido que uma aeronave faria uma decolagem livre do porta aviões e voaria para a Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia (BaeNSPA). Assim em 1 de setembro de 1961, logo após livrar o convés de voo, o Grumman TBM-3E N-502, infelizmente perdeu sustentação e caiu no mar ao longo do litoral do Rio de Janeiro, felizmente o piloto o Capitão-Tenente Mario Costa sofreu apenas ferimentos leves, resultando somente na perda material. Desta maneira a segunda célula seria transportada pelo navio até o porto do Rio de Janeiro sendo transladado por via terrestre até a sede do Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN). 
Por sua vez o terceiro Grumman TBM-3 Avenger, seria mantido a bordo do Navio-Aeródromo Leve (NAeL) “Minas Gerais” (A-11), e estas duas unidades foram continuadamente empregados como instrumentos de instrução em terra ou embarcado, porém mesmo envidando esforços para manter todos as duas aeronaves em condições de voo, a constante falta de peças de reposição impedia este objetivo. Assim desta maneira visando manter o mínimo de operacionalidade, o Grumman TBM-3 Avenger “N-502" passou então a fornecer peças para que a outra aeronave, o  TBM-3 Avenger “N-501", pudesse voar. Essa aeronave recebeu então um esquema pintura de alta visibilidade na cor branca com detalhes em vermelho alaranjado. Devido às divergências entre a Marinha do Brasil e a Força Aérea Brasileira os aviões nunca chegaram a operar embarcados no porta aviões brasileiro, embora decolassem normalmente a partir da Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia (BaeNSPA). Paralelamente a estes evento, a  crise institucional criada pela disputa entre os Ministérios da Aeronáutica e Marinha, pelo direito a operação de aeronaves de asas fixas se agravava dia a dia, com a solução sendo auferida em 26 janeiro de 1965,  mediante promulgação do decreto presidencial Nº 55.627, que que efetivamente extinguia a aviação naval de asas fixas da Marinha do Brasil. Em consequência dos artigos apresentados naquele instrumento,  seria definido que toda estrutura material e de pessoal deveriam ser incorporadas a Força Aérea Brasileira, neste contexto estas aeronaves seriam rejeitadas  e se manteriam sobre os auspícios da Força Aeronaval. Desta maneira seriam definitivamente desativados, o N-501 foi desmontado e vendido como sucata, e o N-502 seria preservado como monumento junto a entrada do Quartel dos Marinheiros localizado na Av. Brasil (Rio de Janeiro), permanecendo até o até o início dos anos setenta, sendo sucateado posteriormente.   

Em Escala.
Para representarmos o Grumman TBM-3E Avenger "N- 502" da Aviação Naval da Marinha do Brasil, fizemos uso do excelente kit da Hobby Boss na escala 1/48, que além de ser extremamente detalhado, possibilita a montagem da aeronave com as asas dobradas para a hangaragem. Para se adequar a versão operada pela Marinha do Brasil é necessário suprimir o posto do metralhador ventral da aeronave. Empregamos decais confeccionados pelo fabricante FCM Decals presentes no antigo set 48/07. 

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura original da Marinha Real Holandesa (RNethN), ou seja, midnight blue em toda superfície, incluindo cubos e caixas de rodas e spinner da hélice, substituindo-se somente os cocares holandeses pelos da nossa aviação naval nas quatro posições das asas. Posteriormente receberam o mesmo esquema aplicado nas aeronaves de treinamento da Aviação Naval (Pilatus, Taylorcraft e CAP-4), todo branco brilhante, leme de direção azul,amarelo e verde, cowling do motor, pontas das asas e cubo de rodas em vermelho alaranjado.


Bibliografia :
-  Grumman Avenger  - Wikipédia http://en.wikipedia.org/wiki/Grumman_TBF_Avenger
-  Grumman/General Motors Avenger TBM-3 - http://www.naval.com.br
-  Avenger , o Classico Naval Anonimo no Brasil – Rogério Terlizzi Revista Asas Nº 7
 Aeronaves Militares Brasileiras 1916 á 2015 - Jackson Flores Jr Action Editora.

Grumman P-16H Turbo Tracker

História e Desenvolvimento.
Nascido em Nova York em 1895 e graduado em engenharia mecânica pela universidade Cornell University, o jovem entusiasta da aviação Leroy R. Grumman, se alistou na Marinha Americana (US Navy) para servir junto a Reserva Naval, onde seria identificado por seus superiores como um potencial talento, o enviando assim para a Universidade Columbia a fim de se especializar no segmento motores aeronáuticos. Após a conclusão deste estágio, ele seria encaminhado para a Estação Naval de Miami (Naval Air Station Miami), no estado da Florida, a fim de ser preparado e receber todo treinamento para instrução em voo. Após sua graduação Leroy, permaneceria nesta unidade, agora exercendo a função e instrutor de voo para os jovens cadetes que ali ingressavam, porém posteriormente abandonaria esta atividade para se dedicar a missão de piloto de bombardeio na Aviação Naval Americana. Sua excelente performance, em todas as atividades a ele destinadas, lhe renderam uma indicação honrosa para uma vaga no Instituto de Tecnologia de Massachusetts - MIT (Massachusetts Institut of Technology), para o curso de engenharia aeronáutica.  Após formado com louvor, passaria a exercer as atividades de piloto de ensaios em voo, sendo responsável pelo recebimento de novas aeronaves. Após pedir baixa do serviço militar em março de 1927, Leroy foi trabalhar na indústria aeronáutica Loening Aeronautical Engineering Corporation, onde voltaria a exercer a atividade de piloto de testes e ensaios, mais notadamente dedicado a linha de aeronaves anfíbias produzidas por aquela empresa, participando também na elaboração destes projetos. Este período, lhe traria grande experiencia na manutenção de aeronaves produzidas pela Loening Aeronautical Engineering Corporation, levando Leroy a empreender, fundando a Grumman Aircraft, uma pequena empresa dedicada a execução de reparos e revisões gerais de aeronaves fabricadas por esta última empresa, que se encontravam em serviço ativo junto a aviação naval da Marinha Americana (US Navy). As receitas produzidas por esta atividade permitiram a Leroy R. Grumman a se aventurar no projeto e desenvolvimento de aeronaves navais de caça, com seu primeiro investimento neste segmento se materializando em 1931 quando o protótipo do Grumman FF-1 alçou voo. Suas características inovadoras como o trem de pouso retrátil, chamariam a atenção das autoridades navais americanas, levando assim a assinatura do primeiro contrato de produção de grande vulto da empresa. A estes seguiram outros mais, tornando assim a  Grumman Aircraft Engineering Corporation a principal empresa fornecedora de aeronaves de caça para a Marinha Americana (US Navy) pelas seguintes cinco décadas.

Os ataques dos submarinos alemães,italianos e japoneses durante a Segunda Guerra Mundial, foram extremamente eficientes e praticamente estrangularam as nações aliadas no inicio da guerra, principalmente a Grã-Bretanha. Essa situação persistiria até 1943, quando a introdução de sistemas de radares aerotransportados embarcados em aeronaves com maior raio de ação começaram a caçar e destruir estes submarinos. Ao final da guerra, os avanços tecnológicos permitiram reduzir o tamanho dos radares de tal forma que aeronaves baseadas em porta-aviões seriam capazes de transportá-los; no entanto, tais aeronaves seriam incapazes de transportar armamento para atacar um submarino uma vez que ele tivesse sido detectado. Assim, seria criando conceito “Hunter-Killer” (caçador-matador), aonde pares de aeronaves – um equipado com radar e o outro com armamento, seriam utilizadas em missões guerra antissubmarino ASW (Anti-Submarine Warfare). Na Marinha Americana (US Navy) esta área de atuação consistia na  detecção, rastreamento e destruição de submarinos, atuando em proteção sob quaisquer condições atmosféricas a comboios e forças-tarefas; localização de alvos navais de superfície; reconhecimento aéreo; e reconhecimento tático-fotográfico após missões de ataque, para avaliação dos resultados. Ao final da década de 1940, eram utilizados nessas missões, os Grumman TBM-3W (caçador) e TBM-3S (matador), ambos derivados do famoso avião torpedeiro Grumman Avenger. Na década de 1950, entraram em serviço os Grumman AF-2 Guardian, nas versões AF-2W (caçador) e AF-2S (matador). O conceito “hunter-killer” tinha, no entanto, uma grave deficiência: caso uma das duas aeronaves sofresse uma pane, a missão teria de ser abortada. No tocante às aeronaves então em uso, tanto os GrummanTBM-3 quanto os AF-2 eram monomotores, o que aumentava os riscos de operação. Além disso, dentro da própria marinha, o conceito era mal visto por alguns – principalmente os pilotos de caça e ataque – que viam nele apenas um desperdício da preciosa capacidade de um porta-aviões, pois eram necessários o dobro de aeronaves para desempenhar um único tipo de missão.
Com esse pano de fundo, a empresa passou a projetar uma aeronave bimotora, grande o suficiente para armazenar tanto os sensores quanto o armamento necessário à destruição do submarino, combinando em uma única célula as funções de caçador e matador. O G-89 era uma aeronave com asa alta e trem de pouso triciclo (o que facilitava a aterrissagem em porta-aviões), equipada com radar (em um radome ventral, retrátil) e uma antena retrátil MAD (“Magnetic Anomaly Detection”), localizada na cauda, abaixo do leme. Uma baia de armamentos, à frente do radome, permitia carregar dois torpedos antissubmarino ou cargas de profundidade; foguetes ou bombas podiam ser transportados em três cabides subalares. A tripulação consistia de piloto e copiloto, e dois operadores de sistema. Os primeiros protótipos, designados XS2F-1, tiveram sua produção autorizada em junho de 1950 e o primeiro, levantou voo pela primeira vez em 4 de dezembro de 1952. Em outubro de 1953, o segundo protótipo  já estava envolvido no programa de testes no Naval Air Test Center, onde foi utilizado para as provas de adequação ao uso em porta-aviões. Em vista do sucesso dos testes, a Marinha Americana (US Navy) contratou o primeiro lote de quinze aeronaves, designadas S2F-1; seriam estes os primeiros de 1.281 aeronaves, que seriam utilizadas por quatorze países. Conhecido inicialmente como “Sentinel”, logo seria oficialmente designado como “Tracker”; já as suas tripulações o conheciam como “STOOF” (“S-TWO-F”). Em termos de suíte eletrônica, os Grumman S2F-1 dispunham do radar de busca AN/APS-38, instalado em um radome retrátil no ventre, da antena retrátil MAD na cauda e de uma antena localizadora de emissões eletrônicas AN/APA-69, montada em um radome sobre a cabine de pilotagem (os primeiros exemplares tinham uma antena dipolo APA-69). Já a antena MAD estendia-se a aproximadamente 23 cm pra trás; com ela, os operadores de sistema da aeronave eram capazes de observar a mudança no campo magnético da Terra, causado pela presença do casco metálico do submarino sob a água. Os primeiros S2F-1 dispunham de um holofote de 70 milhões de candelas para identificação de alvos à noite, instalado sob a asa direita. Posteriormente, esse holofote seria substituído por um mais potente, de 85 milhões de candelas.

Em 1962, a Marinha Americana (US Navy) redesignou os S2F1 como S-2A. A partir dessa versão, foram produzidos ciquenta e um Grumman US-2A, aeronaves utilitárias que substituíram os Beechcraft C-45 e outras até então utilizadas nesse tipo de operação. Todo o equipamento ASW foi retirado, incluindo o radome retrátil do radar, o radome da antena AN/APA-69 e a sonda MAD. Além das missões utilitárias de transporte, os US-2A também desempenharam missões de reboque de alvos para a artilharia embarcada. Outra versão foi a S2F1T, da qual duzentos exemplares foram construídos. Redesignados como TS2A em 1962, foram utilizados para o treinamento de tripulações de voo em aeronaves multimotor e de operadores de sistemas ASW. No primeiro caso, todo o equipamento de guerra antissubmarino ASW seria retirado das aeronaves. Alguns poucos S2F-1 tiveram sua designação alterada para S2F1S (ou S2B a partir de 1962) ao receberem o sistema JULIE - JEZEBEL de detecção eletrônica,  JULIE era um sistema de determinação de distância por eco acústico, e JEZEBEL era um sistema de busca de eco. Mantendo os mesmos motores do S-2A, os S-2B foram pouco utilizados e substituídos por versões mais modernas do Tracker. Apesar do Grumman  Tracker representar uma grande evolução, ao combinar as funções caçador-matador em uma única aeronave, as primeiras versões de uso operacional – S-2F1, S-2F1S e S-2F1S1 – sofriam de uma deficiência: a baia de armamentos era insuficiente para acomodar as cargas de profundidade nucleares disponíveis na década de 1950. A fim de eliminar este problema, a Grumman projetou o S-2F-2 (ou S-2C), o qual tinha uma baia alargada, à esquerda da fuselagem. Outras modificações incluíam o reforço dos cabides subalares e o aumento da envergadura dos estabilizadores, de 6,81 m para 8,28 m. Em outubro de 1960, entrou em serviço o S-2F-3, o que permitiu a desativação da maioria dos S2F-1 então em uso. O S-2F-3 incorporava os últimos avanços em componentes eletrônicos de guerra antissubmarino - ASW embarcados, incluindo os sistemas JULIE - JEZEBEL, e podia carregar uma maior carga de armamentos. Externamente, a versão S-2F-3 diferia das anteriores em uma série de pontos: a antena AN/APA-69 foi removida; a redução no tamanho das cargas de profundidade nucleares permitiu que se utilizasse a mesma baia de armamentos do S-2F-1; a parte traseira das nacelas dos motores foi alargada, perdendo o perfil “hawkbill” e duplicando o número de sonoboias transportadas, agora 16 em cada nacela; o compartimento da tripulação foi aumentado em 45,72cm no comprimento e em 8,5 cm na largura, o que permitiu também um aumento na capacidade interna de combustível e estendeu a autonomia do S2F-3 para 7h30min, uma hora a mais do que as versões anteriores; a instalação dos motores Wright R-1820-82A necessitou o aumento da tomada de ar situada acima das nacelas dos motores; as asas foram aumentadas em 91,44cm, e as pontas das asas receberam um perfil arredondado, incorporando antenas CME (contramedidas eletrônicas). Cem exemplares foram construídos, os quais foram redesignados S-2D em 1962.
No fim da década de 1970 as versões finais do Grumman Tracker e Trader já haviam sido completamente substituídas na Marinha Americana (US Navy), e o destino das células remanescentes seria dividido entre as nações alinhadas ao Estados Unidos, para a reposição dos lotes iniciais fornecidos nos programa de ajuda militar na década de 1960, e ao mercado civil, onde o modelo lograria êxito no segmento de operações de combate a incêndios. Este novo descortinar de possibilidades de emprego levaria o fabricante e outras empresas internacionais a estudar um processo de modernização visando assim prolongar a vida útil do modelo. Esta oportunidade criaria um nicho de mercado voltado a programas de modernização englobando principalmente a troca dos problemáticos motores a pistão Curtiss-Wright R-1820 por novo motores turboélice. Paralelamente alguns operadores militares buscavam uma solução para a substituição de suas aeronaves de patrulha e guerra antissubmarino Grumman Tracker , e seu sucessor natural o Lockheed S-3 Viking era demasiado caro para a aquisição e operação, e tão pouco estava disponível para a venda. Como citado anteriormente, o calcanhar de Aquiles do modelo estava baseado grupo propulsor a pistão original, e assim estes operadores se voltaram para empresas como a própria Grumman Aerosapce, IMP Gruop Halifix e a Israel Aircrat Industries, que passaram a oferecer  em meados da década de 1980 no mercado internacional, pacotes de modernização da aeronave, destinados aos mercados civil e militar. As primeiras aeronaves modernizadas pertenciam a Marinha Argentina (Armada) e Força Aérea de Taiwan , incluindo neste processo a troca dos motores originais a pistão por turbo hélices Garrett TPE331 ou Pratt & Whitney PT6-A, retrofit estrutural e modernização de avionica. As primeiras células modernizadas seriam entregues no início da década de 1990 e ainda se mantém em uso tanto no mercado civil como militar.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
A Força Aérea Brasileira, foi a única força aérea, até hoje, a operar embarcada em porta-aviões, em consequência da aquisição do Navio-Aeródromo Ligeiro (NAeL) A11 “Minas Gerais”. Essa característica ímpar tem suas origens na própria formação da Força Aérea Brasileira; até 1941, tanto o Exército Brasileiro quando a Marinha do Brasil tinha suas aviações distintas, a Aviação Militar e a Aviação Naval. Em janeiro daquele ano, com a criação do Ministério da Aeronáutica (MAer), tanto o Exército como a Marinha perderam suas aviações, cujos materiais e pessoal (em sua quase totalidade) foram transferidos para recém-criada Força Aérea Brasileira. Após o final da Segunda Guerra Mundial, a Marinha do Brasil tentou reinstituir sua aviação, porém encontraria resistências junto ao Ministério da Aeronáutica (MAer) que detinha a exclusividade na operação de aeronaves de asas fixas. No entanto em fins da década de 1950 o governo brasileiro avançava a passos largos em uma negociação junto ao governo britânico para a obtenção de um porta aviões. Este programa resultaria em um contrato de aquisição e modernização de um navio aeródromo veterano da Segunda Guerra Mundial pertencente a classe Colosss, o HMS Vengeance - R 71, que após adquirido seria submetido a partir de 1956, a um longo processo de modernização no estaleiro Verolme United Shipyard, em Rotterdam (Holanda). Curiosamente o Ministério da Aeronáutica (MAer), logo tomaria a frente a fim iniciar as primeiras providências para a ativar e dotar uma unidade aérea especificamente destinada a compor o grupo aéreo daquela embarcação, levando em conta que era a única das três forças armadas brasileiras a operar aeronaves de asa fixa. A fim de atender a esta demanda, através de portaria ministerial, seria criado em 6 de fevereiro de 1957, o 1º Grupo de Aviação Embarcada – 1º GAE, unidade está a prover os meios aéreos à Marinha do Brasil, para operação a partir de seu porta-aviões.

Originalmente o 1º Grupo de Aviação Embarcada – 1º GAE, deveria ser constituído por dois esquadrões, um deles de patrulha e o outro de caça. Quando a Marinha do Brasil decidiu por operar seu navio capitania como porta-aviões antissubmarino, o esquadrão de caça seria prontamente substituído por um esquadrão de helicópteros de guerra antissubmarino (ASW). O primeiro esquadrão (1º/1º GAE) passaria a ser equipado com aeronaves de guerra antissubmarino Grumman S-2F1 Tracker e o segundo (2º/1º GAE) operando seis helicópteros de guerra antissubmarino Sikorsky HSS-1 SH-34J. Desde sua ativação, em novembro de 1958, este esquadrão operaria um conjunto de aeronaves North-American B-25, North-American T-6D e Bell H-13J, em caráter temporário a fins do estabelecimento da proficiência operacional. Em julho de 1961, o esquadrão recebeu seus primeiros S2F-1 Tracker, designados como P-16 na Força Aérea Brasileira, treze dos quais foram adquiridos novos de fábrica, diretamente da Grumman Aircraft Co. Continuavam, no entanto, as dificuldades de entendimento entre a Aeronáutica e a Marinha, pois apesar do porta aviões Nael A-11 “Minas Gerais” encontrar-se em operação desde 12 de dezembro de 1960, a Marinha do Brasil proibia a operação de aeronaves da Força Aérea Brasileira a partir do navio aeródromo. Esse impasse só seria resolvido quando o presidente Marechal Castelo Branco assinou o decreto-lei nº 55627, em 26 de janeiro de 1965, pelo qual permitia o restabelecimento da Aviação Naval, limitada ao uso de helicópteros. Com esse arranjo, os Grumman P-16 Tracker puderam iniciar suas operações embarcadas. Desta maneira o 1º Grupo de Aviação Embarcada – 1º GAE, perderia seu segundo esquadrão, pois os Sikorsky SH-34J foram transferidos para a Aviação Naval. Assim em 22 de junho de 1965, o então Cap.-Av. Antonio Claret Jordão realizaria o primeiro pouso de uma aeronave militar brasileira, o Grumman P-16 "FAB 7021 a bordo de um porta aviões. 
Em 1974, seria adquirido um lote de oito aeronaves Grumman S-2E, oriundas de estoques de reserva da Marinha Americana (U.S. Navy), a um custo de US$93.000,00 cada. A compra dessas aeronaves, agora  designadas como P-16E, trouxeram modificações à frota já existente, com as aeronaves do primeiro lote sendo redesignados como P-16A, e oito deles foram, ao longo dos anos, sendo convertidos para o padrão de transporte UP-16, semelhante aos Grumman US-2B, com todo o equipamento de guerra antissubmarino (ASW) removido, e seu interior configurado para tarefas de transporte de carga e até cinco passageiros. A chegada das novas aeronaves levaria à reativação do 2º Esquadrão do 1º Grupo de Aviação Embarcada (2º/1º GAE), passando a operar os  Grumman P-16A e UP-16, em missões de treinamento e transporte, enquanto os P-16E passariam a ser empregados  pelo 1º Esquadrão do 1º Grupo de Aviação Embarcada (2º/1º GAE). Durante os anos que se seguiram estas aeronaves continuaria apoiando as operações navais e anfíbias da Marinha do Brasil, em exercícios nacionais e internacionais de grande monta como as operações Unitas, Dragão, Redex, Tropicalex, e  Temperex, atuando com grande êxito. Além destas participações os Grumman. P-16 Tracker da Força Aérea Brasileira, operariam também a partir dos porta-aviões norte-americanos USS Randolph (CVS-15) e USS America (CV-66); participando também operações conjuntas “ARAEX”, com a Armada Argentina. Este grande nível de emprego, cobraria seu preço em termos de atrito operacional, com cinco aeronaves sendo perdidas em acidentes entre os anos de 1961 e 1980, dois dos quais a bordo do porta-aviões A-11 Minas Gerais. Entre 1976 e 1988, a Força Aérea Brasileira, adquiriria outros seis Grumman S-2E; denominados  como P-16 logísticos, e foram utilizados para fornecerem peças para as demais aeronaves em uso. 

Em fins da década de 1980, apesar do alto estado de proficiência das equipagens do 1º Grupo de Aviação Embarcada (1º GAE), suas aeronaves já começavam a mostrar sinais de cansaço e obsolescência. Este cenário era agravado por graves problemas na obtenção de peças de reposiçao, principalmente as relacionadas aos motores radiais Curtiss Wright R-1820-82AW, os quais não se encontravam mais em produção há mais de 20 anos. A somatória destes fatores gerava o grande desafio de manter a frota em níveis mínimos de operacionalidade. Na inexistência de um vetor similar que pudesse operar em porta aviões de grande porte, viria a tona a ideia de modernização das células remanescentes, dotando as com motores turboélices, que trariam como benefícios não só o aumento da potência, mas também a redução do peso bruto, ambas as caraterísticas cruciais para o desempenho em operações embarcadas. Desta maneira foram conduzidos em 1987, estudos coordenados pelo Centro Técnico Aeroespacial (CTA), definindo os parâmetros de viabilidade técnica e operacional do projeto. Um dos pontos focais deste programa era a atender ao objetivo de atingir a maior padronização de componentes nos vetores da Força Aérea Brasileira, optando assim pela adoção de motores Pratt-Whitney PT-6A67CF de 1650 HP de potência com hélices compostas de cinco pás Hartzell, sendo este conjunto compatível com os motores empregados pela frota de aeronaves Embraer C-95 e P-95 Bandeirante. A aplicação prática deste projeto demandou a abertura de uma licitação em 1988, tendo como empresa vencedora a canadense IMP Group de Halifax, com um custo total de USD 40.000.000,00, prevendo a conversão de doze células. O projeto final seria desenvolvido por este fornecedor, envolvendo a reconstrução completa das naceles e berços dos motores, mantendo-se o plano e o eixo das hélices, modernização do sistema elétrico, hidráulico e pneumático, instalação de sistema de ar-condicionado. Estas mudanças influenciaram no centro de gravidade da aeronave sendo necessário a inclusão de um lastro de 500 kg de chumbo no nariz.
Como protótipo do projeto, foi escolhido o Grumman P-16E "FAB 7036", sendo esta célula enviada para o Canadá em translado aéreo no dia 6 de fevereiro de 1989, tendo efetuado o primeiro voo de teste em 14 de junho de 1990 nas instalações do fabricante em Halifax, passando posteriormente nos Estados Unidos por um período de avaliação e testes operacionais junto a Naval Air Engineering Station Lakehurst na Marinha Americana (US Navy) em New Jersey. Após este processo, a aeronave seguiria para a Base Aérea de Santa Cruz em 24 de dezembro de 1990. Nos dias 21 e 22 de março de 1991, o Grumman P-16H "FAB 7036", faria seus primeiros testes a partir do Nael A-11 Minas Gerais”, o que incluiu três arremetidas, três toques-e-arremetidas, seis pousos, duas catapultagens e três decolagens livres. Inicialmente apesar de alguns percalços e dificuldades inerentes ao processo, o Ministério da Aeronáutica (MAer), daria início a segunda fase do processo envolvendo estudos para a atualização de toda a aviônica e sistemas de guerra antissubmarino, tendo como vencedora a proposta apresentada pela empresa francesa Thomson CSF. Infelizmente, vários problemas em nível técnico e de gerenciamento de projeto assolariam o projeto P-16H, tanto pela inexperiência da IMP Group na conversão (ao contrário da Marsh Aviation e da IAI - Israel Aerospace Industries), como pela crônica falta de recursos destinados à Força Aérea Brasileira. Com isso, o projeto, que previa a conversão de doze exemplares do P-16E, a um custo total de CND$40 milhões (dólares canadenses), seria infelizmente cancelado em 1996. Os motores foram retirados da aeronave e devolvidos ao fabricante, desperdiçando-se assim um grande oportunidade em manter atualizada e operacional a capacidade de guerra antissubmarino (ASW) da Força Aérea Brasileira.

Em Escala.
Para representarmos o Grumman P-16H "FAB 7036" Turbo Tracker , fizemos uso do modelo nacional do fabricante GIIC Models em resina na escala 1/48, sendo esta única opção disponível no mercado nacional para esta versão da aeronave. Empregamos decais confeccionados pela FCM Decais presentes no set 48/42 e os numerais originários do set do próprio modelo.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura empregados nas aeronaves Grumman P-16  Tracker  em operação na Força Aérea Brasileira, sendo que a célula aqui apresentada empregou durante sua curta operação, dois padrões de marcações nacionais no leme durante sua carreira, o que pode ser observado nas fotos de época.


Bibliografia :
- Os Cardeais 1º Grupo de Avião Embarcada e 4º/7º Grupo de Aviação - Mauro Lins de Barros - Editora Adler
- História da Força Aérea Brasileira , Professor Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Grumman S-2 Tracker – Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Grumman_S-2_Tracker
- Poder Naval Notícias - http://www.naval.com.br/blog/2010/08/12/marinha-adquire-08-aeronaves-c-1a-trader/

UC-64A Noorduyn Norseman

História e Desenvolvimento.
Robert Bernard Cornelis Noorduyn nasceu em Nijmegen, Holanda, e se tornaria um dos mais proeminentes engenheiros aeronáuticos residentes no Canada, em 1913 receberia a formação técnica na Holanda e na Alemanha, se mudando posteriormente para a Inglaterra, passando a trabalhar como desenhista técnico para a empresa Sopot. Em 1917, Noorduyn seria recrutado para se tornar o desenhista-chefe da empresa British Aerial Transport Company Limited (BAT), e após o final da Primeira Guerra Mundial seria logo convidado por Anthony Fokker para participar da nova operação da empresa na América do Norte, se mudando para os Estados Unidos em 1921, sendo responsável pelo desenvolvendo de vários modelos de aeronaves entre este o famoso Fokker Universal. Em 1929 passaria a trabalhar na empresa norte-americana Avia Bellanca Aircraft Corporation em Wilmington, Delaware, sendo responsável pelo desenvolvimento do renomado modelo Bellanca Skyrocket, teria também grande participação no projeto de uma versão aprimorada do Bellanca Pacemaker. Em 1932 passaria a liderar a equipe de projetos da Pitcairn-Cierva Autogyro Company of America, passando a desenvolver o primeiro autogiro de cabine fechada, o Pitcairn PA-19. Motivado pelo conhecimento acumulado, em meados de 1933 Robert Bernard Cornelis Noorduyn resolveu se lançar em um projeto solo, visando criar sua própria companhia aeronáutica e assim uniu esforços e recursos em parceria com a amigo investidor Walter Clayton para assim fundar em Montreal a  Noorduyn Aircraft Limited, com suas instalações industriais sendo transferidas cidade de Ontario . Após ter estudado as demandas do mercado e as oportunidades vigentes, a empresa decidiria pelo projeto de desenvolvimento de uma nova aeronave de transporte leve para emprego nas rotas isoladas das regiões árticas do norte canadense. Para se adequar a este cenário operacional, o novo avião deveria ser concebido concebida para operação em pistas curtas ou não preparadas e com ausência total de infraestrutura de apoio, situação está que naquele período representava as características da maioria dos aeroportos em questão para o emprego do novo projeto que geralmente ficavam sob neve durante grande parte do ano. 

Assim no início do ano de 1934, Robert Bernard Cornelis Noorduyn e seu sócio Walter Clayton iniciariam as tratativas para o desenvolvimento de seu primeiro produto, sendo que em termos de premissas básicas esta nova aeronave deveria operar sem muita infraestrutura em todo tipo de ambiente, seja terrestre ou anfíbio. O conceito do projeto em termos de design em muito se se assemelhava aos projetos holandeses da Fokker anteriores desenvolvidos anteriormente pelo engenheiro holandês, a aeronave apresentava configuração monoplano de asa alta, monomotor, com excelente capacidade para o transporte de carga e pessoal, com este design privilegiando o embarque de passageiros e carga de todo o tipo. Para atender aos diversos ambientes operacionais o avião apresentava a capacidade de intercambiar o trem de pouso fixo com esquis ou flutuadores de acordo com a necessidade, sendo de fácil configuração para a tripulação ou equipe de solo com mínima necessidade de pessoal. Estava dotado inicialmente com um motor radial a pistão Curtiss-Wright R-975-E3 Whirlwind de 450 hp, possuía sua estrutura principal composta por tubos de aço e madeira, asas totalmente construídas em madeira sendo recobertas com tecido (flaps e ailerons feitos com tubos de aço soldados). No início do ano de 1935 a Noorduyn Aircraft Limited adquiriu a planta industrial da Curtiss-Reid em Cartierville, Quebec, perto de Montreal, absorvendo um significativo know-how e o ferramental necessário para produção em série de aeronaves de pequeno porte. Com base no projeto finalizado e dotado da infra estrutura industrial, seria iniciada a produção do primeiro protótipo, com este realizando seu primeiro voo em 14 de novembro de 1935. Um programa inicial de ensaios de voo seria iniciado, porém apesar apresentar um excelente perfil operacional em voo, ficaria claro que o motor adotado não apresentava o rendimento esperado, e desta maneira o projeto seria submetido a estudos para troca do grupo propulsor , e após várias análises optou-se pela escolha do modelo Pratt & Whitney R-1340-NA-1 Wasp com 550 hp, o que lhe conferiria maior potência, passando assim a atender as necessidades de desempenho em voo para uma aeronave deste modelo.
Em novembro de 1935 o modelo seria lançado no mercado norte-americano, e logo despertaria o interesse de inúmeros clientes potenciais, com a primeira entrega a um operador civil ocorrendo já em janeiro de 1936, quando um dos protótipos que já havia sido testado para operação com flutuadores foi vendido e entregue no dia 18 do mesmo mês a empresa canadense Dominion Skyways Ltd, sendo registrado com o prefixo "CF-AYO" e nome de batismo de  “Arcturus.” No verão de 1941, a produtora americana de filmes Warner Brothers alugaria esta mesma aeronave para assim participar das filmagens do longa metragem intitulado "Captains of the Clouds", estrelando James Cagney. A fotografia aérea principal ocorreu perto de North Bay, Ontario, com a CF-AYO carregando o registro temporário "CF-HGO".  O  Noorduyn Norseman CF-AYO infelizmente seria perdido em um acidente no Algonquin Park em 1952,  seus destroços atualmente estão em exibição no Canadian Bushplane Heritage Center. Apesar deste infortúnio o modelo imediatamente provou ser uma aeronave de desempenho e operação robusta e confiável, começando a conquistar boas vendas no mercado canadense e norte-americano. A próxima aeronave a ser produzida receberia a matrícula de "CF-BAU", e passava a apresentar uma série de melhorias necessárias após os testes de certificação dos órgãos competentes dos dois países, esta versão receberia a designação de Norseman Mk I. Em seguida seria desenvolvido o modelo Norseman Mk II, que adotava o novo motor Pratt & Whitney R-1340 SCR-1 Washer com 450 hp de potência. Já as próximas quatro aeronaves de produção seriam designadas como Norseman Mk III, e foram entregues as células com as matriculas "CF-AZA", "CF-AZE" a empresa MacKenzie Air Service, na cidade de Edmonton em Alberta, uma de para a Prospector Airways, Clarkson, Ontario e a última aeronave com a matricula "CF-AZS" para a empresa de transporte aéreo regional Starrat Airways na cidade de  Hudson, Ontario. Nestas empresas os Norseman Mk III operariam por muitos anos.

A aeronave Norseman Mk III matriculada como "CF-BAU" seria modificada em 26 de junho de 1937 para se tornar o protótipo do modelo Mk IV, passando a ser alimentado por um motor Pratt & Whitney Wasp R-1340 S3H-1 com 600 hp de potência. Esta versão ser tornaria o modelo "definitivo", mas a produção poderia ter sido descontinuada após a produção de um pequeno número de aeronaves, futuro incerto este que seria alterado com o advento da Segunda Guerra Mundial que teve início em setembro de 1939. Apesar de ser desenvolvido como uma aeronave estritamente para emprego civil, o Noorduyn Norseman galgaria uma destacada carreira militar no conflito, tendo como seu primeiro operador não civil a Real Força Aérea Canadense (RCAF), mediante a encomenda de trinta e oito exemplares da versão Norseman Mk IVWs para treinamento de rádio e navegação para o Plano de Treinamento Aéreo da Commonwealth (Commonwealth Air Training Plan), que seria uma iniciativa de dedicada ao programa de treinamento de pilotos militares maciço e conjunto criado pelo Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1941 Coronel Bernt Balchen do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) seria designado como o responsável por estruturar uma rota segura para o translado de aeronaves da América do Norte para a Europa, com o caminho passando obrigatoriamente por regiões do Ártico, e por se tratar de um cenário inóspito, exigia-se avião robusto o suficiente para sobreviver nas duras condições daquela área. Neste contexto o Noorduyn Norseman Mk IV encaixaria-se perfeitamente, assim seis aeronaves destinadas a Real Força Aérea Canadense (RCAF), seriam desviadas para atender a esta demanda para avaliação. Este processo recomendaria a sua adoção com o comando do Exército Americano (US Army), em uma versão customizada que seria equipada com dois tanques na fuselagem, elevando a capacidade de combustível padrão para 914 litros, com a opção de instalação de um terceiro na cabine com mais 145 litros de capacidade. Essas mudanças resultariam em um aumento 431 kg no peso total carregado, com esta versão recebendo a designação de C-64A. 
Ao longo da Segunda Guerra Mundial, os aviões Noorduyn Norseman C-64A do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) foram usados na América do Norte (principalmente no Alasca), bem como outros em teatros de guerra, incluindo a Europa. Três Norseman da versão UC-64As foram utilizados pela Marinha Americana (US Navy) sob a designação JA-1. Seis hidroaviões C-64B foram usados pelo Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos (United States Army Corps of Engineers) incorporando quarenta e três aeronaves. Em seguida mais trinta e quatro aeronaves adicionais seriam encomendadas pela Real Força Aérea Canadense (RCAF). Mais seiscentas aeronaves seriam encomendadas em 1943 pela agora renomeada Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF), com sua produção sendo feita sob licença pela Aeronca Aircraft Corp. em Middletown, Ohio. O pós-guerra assistiria à operação deste modelo e suas variantes militares em países como Brasil, Canada, Costa Rica, Cuba, Tchecoslováquia, Egito, Honduras, Indonésia, Israel, Nova Zelândia, Noruega, Filipinas, Reino Unido e Suécia, sendo empregados em missões de transporte ou treinamento. Sua produção foi descontinuada em 19 de janeiro de 1959, quando a última célula seria encomendada por um operador civil, ao todo foram produzidas novecentas e três aeronaves (MK I á MK V), sendo que em pleno século XXI diversas unidades ainda se encontram operacionais por empresas particulares atestando assim as qualidades deste modelo.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
O primeiro registro de transporte aéreo de malas postais que se tem notícia no pais, ocorreria no dia 15 de agosto de 1919, quando o hidroavião HS-2 nº11 da Aviação Naval, tripulado por oficiais da Marinha do Brasil , levou a correspondência do ministério para uma divisão operacional que participava de manobras na Ilha Grande no Rio de Janeiro, inaugurando assim o Correio da Esquadra. Já o Correio Aéreo Nacional (CAN) remonta sua origem em um serviço postal militar brasileiro iniciado em 1931, que detinha o objetivo principal integrar as diversas regiões do país, permitindo assim uma maior ação governamental em comunidades de difícil acesso, possuindo ainda relevante papel social. Este serviço entraria em operação no dia 12 de junho de 1931, com o nome de Correio Aéreo Militar (CAM), quando os tenentes do Exército Brasileiro, Casimiro Montenegro Filho e Nelson Freire Lavenère-Wanderley, a bordo do monomotor biplano Curtiss Fledgling matrícula K263 (apelidado carinhosamente de "Frankenstein"), transportaram uma mala postal com duas cartas, do Rio de Janeiro para São Paulo, e de lá retornando, com mais correspondências, no dia 15 de junho. Esta se tornaria a primeira rota oficial para as aeronaves do Correio Aéreo Militar (CAM), entre as duas cidades daí em diante, três vezes por semana. A partir da implantação dessa linha inicial de correio, as equipes envolvidas como pilotos e mecânicos começaria a amealhar experiência neste processo, permitindo assim três meses depois o inicio de estudos visando a extensão das linhas até o estado de Goiás no centro oeste do pais. A partir de 1932 a Aviação Militar do Exército, passaria a dispor dos novos monomotores biplanos Waco CSO, aeronaves mais capazes o que traria uma significativa melhoria na realização destas tarefas, que seriam muito intensificadas pouco antes e durante todo o período da  Revolução Constitucionalista de 1932. Assim seriam implantadas novas linhas com a inclusão dos estados de Goiás, Mato Grosso, Paraná e Bahia. Em 1934, seria criado o Correio Aéreo Naval (CAN); atendendo linhas ao longo do litoral sul-brasileiro, entre as cidades de Rio Grande e Rio de Janeiro. No ano seguinte as linhas passariam a atender também as principais cidades da região amazônica . No ano seguinte (1936), em janeiro, seria  inaugurada a primeira linha internacional, entre as cidades do Rio de Janeiro e Assunção, capital do Paraguai.

Nos anos que se seguiram tanto o Correio Aéreo Militar (CAM), quando o Correio Aéreo Naval (CAN) seguiram intensificando suas operações e incrementando novos destinos, com novas aeronaves mais capazes sendo introduzidas, a exemplo dos modernos Beechcraft D-17A Staggerwing da Aviação Naval da Marinha do Brasil. Em janeiro de 1941, o presidente Getúlio Vargas decidiu pela unificação das aviações naval e militar e da infraestrutura aeronáutica existente até então, sendo estabelecido então, pelo Decreto-Lei 2.961, o Ministério da Aeronáutica (MAer) e seu braço militar, as Forças Aéreas Nacionais, que passariam a se chamar Força Aérea Brasileira naquele mesmo ano. Em 20 de fevereiro do mesmo, a Portaria Ministerial nº 47, determinaria a fusão dos dois serviços militares de correio postal, em uma única organização que receberia a denominação de Correio Aéreo Nacional (CAN). A sua direção ficaria então subordinada à Diretoria de Rotas Aéreas (D.R), cujo primeiro diretor seria o Brigadeiro Eduardo Gomes. A partir de então, em abril de 1943 as linhas seriam estendidas até as regiões do rio Tocantins e Belém do Pará, e desta última até cidade de Caiena, capital da Guiana Francesa, com escalas em Macapá e Oiapoque, inaugurando assim mais um ramo internacional. Neste contexto o comando da Força Aérea Brasileira vislumbraria a necessidade de aumentar suas linhas áreas postais, visando assim uma maior integração nacional, e para isso seria necessário reforçar sua frota de aeronaves de transporte de pequeno e médio porte. Esta necessidade passaria a ser atendida com a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, onde o país passou a ter acesso a modernas aeronaves militares, sendo estes fornecimentos dispostos nos termos do acordo de Leand Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), celebrado anteriormente com o governo norte-americano. Entre diversos modelos de aeronaves a serem cedidos destacava-se em grande número as aeronaves de transporte, entres estas estavam dezessete células novas de fábrica da aeronave Noorduyn UC-64A Norseman, versão esta que já estava equipada com o mais potente motor radial Pratt & Whitney Wasp R-1340 Na-1 com 600 hp, sendo assim plenamente adequadas as necessidades brasileiras para o emprego em tarefas de ligação e transporte de longas distancias. 
Estas seriam as únicas aeronaves de origem não norte-americana a serem inclusas nos acordos de fornecimento de material militar para o Brasil durante a Segunda Guerra Mundial, e sua escolha se daria pelo perfil operacional robusto deste modelo, apto a operar nas regiões mais inóspitas. Estas células seriam desviadas de um contrato original destinado a equipar as forças armadas norte-americana, e as primeiras aeronaves concluídas já portando marcações e matriculas  da Força Aérea Brasileira (FAB) seriam recebidas inicialmente por um oficial brasileiro nas instalações fabris da Noorduyn Aircraft Limited na cidade de Ontario no Canada. Após liberadas para voo, estas seriam transladadas por aviadoras norte-americanos diretamente desde o Canadá até a base área do Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF) em Kelly Air Force Base,  localizada na cidade de San Antonio no estado do Texas. Este processo realizado entre julho de 1944 e março de 1945, se daria em lotes de quatro aeronaves cada, sendo o último com cinco aeronaves. Já nesta localidade, os designados UC-64A Norseman, portadores das matriculas de “FAB 01 a FAB 17”, seriam inspecionados por militares brasileiros e oficialmente incorporados a frota do  Ministério da Aeronáutica (MAer). Com as preparações iniciais finalizadas estas aeronaves seriam novamente transladadas em voo com escalas até seu destino final, até a Base Aérea no Campos dos Afonsos no Rio de Janeiro (RJ).  Novamente este processo seria dividido em grupos de esquadrilhas, sendo divididos entre as aeronaves UC-64A FAB 01 a FAB 04 (Nº Serie 44-35398 a 44-35401), UC-64A FAB 05 a FAB 08 (Nº Serie 44-70324 a 4470327), UC-64A FAB 09 a FAB 12 (Nº Serie 44-70397 a 44-70400) e UC-64A FAB 13 (Nº Serie 44-70479). Todo este trajeto de longa distância seria executado sem nenhum registro de acidentes ou falhas de ordem mecânica reafirmando assim as características operacionais e  qualidades desta nova aeronave.

Após seu recebimento no Brasil e treinamento dos pilotos e equipes de manutenção, estas aeronaves inicialmente ficariam subordinadas a Diretoria de Rotas Aéreas (DRA), e suas características originais de robustez e de decolagem e pousos curtos,  inerentes  de seu  projeto tornaram Noorduyn UC-64A Norseman a aeronave ideal para o emprego principal de se destinar a missões do Correio Aéreo Nacional (CAN). Desta maneira seriam destinados logicamente a operar em linhas do correio que faziam uso de aeródromos de pequena ou nenhuma infraestrutura espalhados no interior do pais, mais notadamente na região amazônica e centro oeste. Nestas localidades, estas aeronaves canadenses viriam a substituir os também monomotores D17A Beechcraft Staggerwing que atuavam nestas linhas, desde a época do Correio Aéreo Naval (CAN). Passariam a operar na famosa “Linha Tronco Norte”, operando desde a cidade do Rio de Janeiro, seguindo por toda a costa do Nordeste até chegar a cidade de Belém no estado do Pará. Dali, acompanhando o Rio Amazonas, a linha terminaria em Manaus, com uma ramificação da Linha Tronco Norte, saindo do Rio de Janeiro, também deveria atender a localidade de Ladário no centro oeste do país.  Normalmente estas aeronaves eram deslocadas para alguma base posicionada estrategicamente, por onde deveriam passar as linhas principais do Correio Aéreo Nacional (CAN), deste trajeto em diante caberia aos eficazes Noorduyn UC-64A Norseman realizar a distribuição das malas postais pelo interior circunvizinho, cumprindo as linhas secundarias, , ajudando assim a completar a malha aeronáutica postal da região. Quando não estavam cumprindo as missões em proveito do correio aéreo, eram estas aeronaves consideradas eram ferramentas fundamentais na execução de missões utilitárias, administrativas e socorro aéreo médico. Vale salientar que os Noorduyn UC-64A Norseman também passariam a atuar a partir de maio de 1945 em uma nova linha internacional, que ligava a região Centro-Oeste do pais a cidade de  Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.
Além de estarem subordinadas a Diretoria de Rotas Aéreas (DRA), os Noorduyn UC-64A Norseman da Força Aérea Brasileira, também seriam posteriormente empregados pelo 1º Grupo de Transporte de Tropas (1º GTT) em atividades administrativas, sendo também destacado frequentemente como aeronave orgânica para as Base Aérea de Campo Grande (BCG), Base Aérea de Recife (BARF) e Base Aérea de Natal (BANT). Ao final da década de 1950 a Força Aérea Brasileira passaria a contar em seu inventario, com novas, modernas e mais capazes aeronaves dedicadas as missões do Correio Aéreo Nacional (CAN), entre elas os Beechcraft C-45 bimotores, modelo este que apresentava um perfil operacional superior (autonomia e velocidade) aos Noorduyn UC-64A Norseman. Desta maneira as aeronaves de origem canadense passariam a ser gradualmente retiradas das linhas do correio aéreo, sendo então destinadas a tarefas de transporte e ligação, permanecendo neste perfil operacional até o inicio da década de 1960, quando a última célula foi enfim desativada da Força Aérea Brasileira, com os exemplares remanescentes foram alienados para venda como matéria prima. Apesar de informações extras oficiais, não existem registros que as aeronaves adquiridas pelo Ministério da Aeronáutica (MAer) vieram equipadas com o kit de operação com flutuadores, a exemplo das versões empregadas por outras nações durante a Segunda Guerra Mundial.

Em Escala.
Para representarmos o Noorduyn UC-64A Norseman "FAB 2795" utilizamos o modelo da Modelcraft na escala 1/48, apesar de ser fácil montagem e bom nível de acabamento, o mesmo é despojado de detalhamento interno, optamos por fazer em scratch alguns itens  como bancos de passageiros e carga. Como não existe no mercado um set de decais específico para o modelo nas cores da Força Aérea Brasileira, optamos por empregar decais oriundos de diversos sets produzidos pela FCM Decais.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura adotado pelos Noorduyn UC-64A Norseman com faixas de alta visibilidade (day glo). Inicialmente as aeronaves foram recebidas todas na cor de metal natural com as cores e marcações da Força Aérea Brasileira, este segundo padrão foi mantido até a desativação do modelo em 1960.


Bibliografia :
- Aviação Militar Brasileira 191 - 1984 - Francisco C. Pereira Netto
- Noorduyn Norseman  - Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/Noorduyn_Norseman
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916/ 2016 – Jackson Flores Jr
- História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html