M-2 e M-2A1 White Half Track

História e Desenvolvimento. 
O veículo militar  com tração meia lagarta - Half Track  padrão,  se caracterizava por possuir rodas com pneus na sua parte dianteira e lagartas na parte traseira, concedendo uma parcial, porém satisfatória capacidade off road (fora de estrada) para a transposição de terrenos de difícil deslocamento, sendo um conceito muito empregado na primeira metade do século passado e hoje completamente abandonado. A origem deste tipo de veículo remonta ao início da década de 1920, quando na Europa, começariam a ser desenvolvidos e lançados vários modelos deste tipo para aplicação civil e militar, ganhando grande notoriedade para a operação em ambientes fora de estrada. O veículo de maior destaque neste período era o Citroën-Kégresse P-17 de fabricação francesa, sendo desenvolvido inicialmente para o mercado civil e logo customizado para o emprego militar. A aplicação inicial almejada, seria para transporte de tropas e cargas na linha de frente (considerando sua capacidade inclusive de transpor trincheiras simples), porém sua ótima mobilidade no ambiente fora de estrada o tornaria uma plataforma ideal para emprego em combate vindo, a ser armado com metralhadoras automáticas e canhões anti carro de 37 mm. Este desempenho e versatilidade levariam esta empresa francesa a conquistar vários contratos de exportação, e curiosamente o Exército dos Estados Unidos (US Army) se tonaria um dos principais clientes do modelo.  Em 1932 o governo norte-americano lançaria uma concorrência internacional para a compra de até duzentos veículos este tipo.  Diversas propostas seriam apresentadas, porém o modelo francês Citroën-Kégresse P-17, se mostraria em testes comparativos, muito superior aos projetos oferecidos pela indústria automotiva nacional, vencendo, vencendo assim este processo.  Assim este utilitário francês ser tornaria o  primeiro veículo meia lagarta a equipar o Exército dos Estados Unidos (US Army). Apesar de saírem derrotados nesta concorrência governamental, as montadoras norte-americanas vislumbrariam um grande potencial futuro nesta categoria de veículo militar, gerando assim uma onda de esforços para o aprimoramento de projetos desta ordem. 

Entre estes fabricantes norte-americanos, se encontrava a empresa James Cunninghan & Sons de Rocheste, sediada em Nova York, que despontava rapidamente no segmento automotivo nacional. Em maio de 1933 seria então apresentado ao comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) um protótipo do caminhão blindado com tração meia lagarta designado como T-24. Este blindado seria testado em campo, porém como neste momento os Citroën-Kégresse P-17 ainda se encontravam e processo de recebimento e incorporação, o T-24 não seria adotado neste momento. Logo após esta empresa seria absorvida pela White Motor Company, com grande parte de seus projetos sendo aproveitados por esta nova gestão. Desta maneira a equipe de engenharia da companhia vislumbraria o potencial do modelo T-24, passando a atualizar o conceito deste modelo de veículo meia lagarta. Em meados do ano de 1938, a montadora apresentaria aos militares norte-americanas uma proposta de desenvolvimento de um novo utilitário com tração meia lagarta baseado no blindado sobre rodas com tração integral 4X4 White M-2 Scout Car, que já se encontrava em serviço no Exército dos Estados Unidos (US Army) desde o ano de 1934.  O projeto despertaria a atenção dos envolvidos, recebendo então uma sinalização positiva para seu desenvolvimento, com a White Motors chegando a concluir um protótipo funcional bem a tempo de poder participar de uma nova concorrência lançada pelo governo norte-americano. Este ousado programa previa a aquisição de pelo menos dois mil veículos com tração meia lagarta que seriam destinados ao transporte de tropas e tração de peças de artilharia. O protótipo da White Motor Company, receberia inicialmente a designação de “T-9 Half-track Truck”, e posteriormente de “T-14 Half-track Scout Car” e seria submetido a um amplo programa de testes de campo comparativo com os demais concorrentes. A aprovação da escolha do vencedor seria influenciada pelo fato da White Motor Company já ter em seu portfólio um veículo em serviço ativo no exército, e como o T-9 Half-track Truck compartilhava além do chassi muitos itens com o M-3 Scout Car.  Assim por questões logicas de custo e padronização, este modelo seria então declarado como vencedor da concorrência. O primeiro contrato de aquisição, seria celebrado em meados de 1939 com sua produção em série sendo iniciada no ano seguinte. Como neste período o governo norte-americano estava empenhado em implementar um plano de reequipamento emergencial, face as tensões geopolíticas que se avizinhavam na Europa e no Pacífico, mais contratos seriam firmados com estes veículos passando a ser montados também nas linhas de produção da Autocar Company e Diamond T. Motor Car Company. 
Apesar de todos estes esforços, problemas de ordem de engenharia de processo atrasariam o cronograma inicial previsto, com os primeiros White Motors M-2 Half Tracks passando a ser entregues as unidades operativas do Exército dos Estados Unidos (US Army) no início do ano de 1941. Sanados os problemas de processos, a cadência de produção e consequente entrega de veículos aumentando consideravelmente ao longo dos meses seguintes. Esta grande agilidade na produção, seria proporcionada principalmente pelo emprego de um alto índice de componentes automotivos presentes em veículos comerciais daquela época, o que proporcionaria o emprego de ferramental e linhas de produção já existentes na indústria automotiva norte-americana. Este novo veículo blindado com tração  meia lagarta, apresentava as mesmas dimensões e design (grade frontal, faróis e para-lamas) do modelo sobre rodas M-3 Scout Car e a exemplo deste, estava equipado com um cilindro mecânico afixado no para-choque frontal que a ajudava a transpor elevações no solo. Para autodefesa o M-2 Half Track estava equipado com duas metralhadoras Browning calibre .30 refrigeradas a água, instaladas sobre um trilho que circundava todo o seu interior, permitindo ao artilheiro operar em todos os ângulos. Desenvolvido inicialmente como trator para reboque de obuseiros leves dos modelos M-102 105 mm Howitzer e M-1 de 57 mm, os M-2 Half Track seriam distribuídos a quase todas as unidades de artilharia de campanha do Exército dos Estados Unidos (US Army), servindo também como transportadores de munição para estas armas. Paralelamente o modelo começaria a ser empregado para prover a mobilidade dos esquadrões de infantaria que operavam as metralhadoras pesadas Browning calibre .50, realizando seu emprego, transporte de munição e das equipes dedicadas. Provisoriamente os M-2 Half Tracks seriam encarregados temporariamente das missões de reconhecimento do campo de batalha, com centenas de carros customizados para esta tarefa, até serem substituídos no front europeu, a partir de fins de 1943, por veículos especializados sobre rodas com tração 6X6 como os novos Ford M-20 Command Car e M-8 Greyhound . 

Em operação, estes veículos apesar de receberem muitos elogios iniciais, apresentariam pequenos problemas de ordem técnica, com uma série de falhas sendo relatadas ao fabricante, demandas estas que levariam a uma revisão do projeto original. O atendimento a estas modificações resultariam no surgimento da nova versão M-2A1 Half track Car, que além dispor de alterações no conjunto mecânico apresentava como diferencial estético a inclusão de um suporte quadrado sobre o assento do auxiliar, onde era possível acoplar uma metralhadora Browning calibre .50 operada pelo acompanhante do condutor. O veículo receberia também novas metralhadoras Browning calibre .30 (abandonando o sistema de refrigeração a água), que continuariam instaladas sobre os trilhos laterais, melhorando assim a capacidade de autodefesa da viatura. De acordo com subversão, o veículo poderia ainda receber a instalação de um guincho hidráulico instalado no para choque dianteiro (podendo ser empregado para desatolamentos). Já na parte traseira da carroceria, seriam instalados dois racks dois escamoteáveis para o  transporte de carga extra, infelizmente este modelo ainda não seria contemplando com a instalação de uma porta traseira de acesso, inovação esta que seria implementada somente nos modelos M-3 Half Track Car.  Seu batismo de fogo ocorreria quando da invasão das Filipinas pelo Exército Imperial Japonês em dezembro de 1941, onde dezenas destes veículos foram extremamente importantes nos esforços de defesa da ilha, sendo muito empregados em tarefas de ressuprimento de cargas e tropas para as linhas de frente dos combates. Seu emprego em larga escala se daria durante a Operação Tocha, que teve lugar em 8 de novembro de 1942, quando os Aliados desembarcaram no Norte da África (Marrocos e Argélia), abrindo uma nova frente de batalha para as tropas do Afrika Korps do Exército Alemão (Wehrmacht) naquele continente. Os White M-2 e M-2A1 Half track Car, tiveram destacada e continua utilização nas principais batalhas na Europa e também na campanha do Pacífico, representando muitas vezes em terrenos adversos o sustentáculo da operação logística aliada. 
A produção total de carros blindados da família M-2 e M-2A1 Half Track seria efetivada nas linhas de montagem da White Motors Company, Autocar Company e Diamond T. Motor Car Company, entre os anos de 1940 e 1942, atingiria a impressionante cifra de aproximadamente 13.500 veículos. Uma versão para exportação seria desenvolvida exclusivamente para o atendimento de especificações operacionais particulares do Exército Vermelho Soviético (Exército Vermelho de Trabalhadores e Camponeses). Assim seriam produzidos pela montadora International Harvester Corporarion, oitocentos veículos na versão designada como M-9 Half Track, que seriam cedidos nos termos do programa do Leand & Lease Act Bill (Leis de Empréstimos e Arrendamentos) a União Soviética. Em meados de 1942 uma nova versão melhorada, o M-3 Half track Car passaria a ocupar as linhas de produção das três montadoras norte-americanas. Porém a exemplo de seu antecessor, este novo modelo e suas versões subsequentes, compartilhavam as mesmas deficiências de conceito, principalmente no quesito de proteção aos infantes, seja pela ausência de cobertura, ou blindagem inadequada para suportar fogo de munição de médio calibre. O término da Segunda Guerra Mundial determinaria a retirada de serviço de todos os veículos remanescentes junto as forças armadas norte-americanas, com grande parte da frota sendo transformada em sucata, e o restante sendo armazenados para futura cessão a nações aliadas a política internacional norte-americana, entre elas Argentina, Brasil, Bélgica, Chile, Camboja, Chile,  Tchecoslováquia, Finlândia, França, Grécia, Israel, México, Holanda, Nicarágua, Paraguai, Filipinas, Polônia, Portugal e  Vietnã do Sul. Ainda em fins do século XX, dezenas desses veículos  repotencializados ainda se encontravam em operação.

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário demandaria logo sem seguida a um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência tanto em termos de equipamentos, armamentos e principalmente doutrina operacional militar. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil e militar que se apresentavam no vasto litoral do país. A participação brasileira no esforço de guerra aliado seria ampliada em breve, pois Getúlio Vargas afirmou que o país não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos para os países aliados, e que que “o dever de zelar pela vida dos brasileiros obrigados a medir as responsabilidades de uma possível ação fora do continente. De qualquer modo, não deveremos cingir-nos à simples expedição de contingentes simbólicos”.

Nesta época, curiosamente o Exército Brasileiro já operava uma pequena quantidade de veículos meia lagarta dos modelos Sd.Kfz.7 (alemão) e  Somua - Citroën Kegresse (francês), que eram empregados nos grupos de artilharia antiaérea, tracionando canhões Flak Krupp 88 mm C/56 e sistemas de localização de aeronaves pelo som do tipo  BBT (Barbier,Bernard & Turenne). Esta experiencia seria benéfica, pois facilitaria a introdução em serviço de modelos semelhantes de origem norte-americana. Os aditivos originais do programa Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), previam ao Brasil, o recebimento de quatrocentos e trinta carros do modelo M-2 e M-2A1 e quarenta e nove da versão M-3, que deveriam ser entregues até final de 1943. Porém este cronograma seria profundamente alterado, tendo em vista a priorização no fornecimento deste tipo de veículo as forças aliadas que se preparavam para a invasão ao continente Africano e posteriormente Europeu. Assim desta forma a grande parcela destes carros blindados com traçao meia lagarta, só seriam recebidos após o  término do conflito, e  nunca nestas quantidades originalmente definidas. Mas de fato, a partir do início de 1942 começariam a ser recebidos no Brasil, os primeiros lotes de veículos militares destinados as forças armadas brasileiras, entre vários modelos, se encontravam os carros blindados meia lagarta, sendo dispostos na ordem de oito do modelo M-2, vinte e cinco M-2A1 Half Track , além de algumas poucas unidades das versões M-3 e M-3A1. Estes novos veículos, tinham como finalidade, equipar as recém-criadas unidades blindadas motorizadas e motomecanizadas, com estas viaturas sendo distribuídas assim que disponibilizadas. Já em serviço passariam a realizar missões de transporte de cargas e tropas, além de complementar os veículos blindados sob rodas com tração integral do modelo M-3A1 Scout Car, que operavam tracionando canhões M-3 de 37 mm, junto as baterias de canhões anti-carro auto rebocadas. Como esperado, o país tomaria parte em um esforço maior junto aos aliados, com está intensão sendo concretizada no dia 09 de agosto de 1943, quando através da Portaria Ministerial nº 4.744, publicada em boletim reservado de 13 do mesmo mês, foi estruturada a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Porém curiosamente os modelos M-2 e M-2A1 Half Track não seriam fornecidos as tropas brasileiras presentes na frente de batalha italiana, com estas sendo equipadas somente com poucos M-3 e M-3 A1.
Conforme previsto, logo após o término da Segunda Guerra Mundial na Europa, o Brasil passaria a receber sucessivos lotes dos veículos meia lagarta desta família, sendo dispostos nas versões M-2, M-2A1, M-3, M-3A1 e M-5. Salientando que que ao contrário do primeiro lote recebido a partir de 1942, grande parte destes eram veículos usados sendo incluídos como material excedente de guerra, mas mesmo assim estavam em excelente estado de conservação. Os últimos carros a serem recebidos da versão M-3A1 seriam entregues no porto do Rio de Janeiro somente em fevereiro do ano de 1947. O significativo acréscimo da frota de veículos blindados de transporte, possibilitaria ao Exército Brasileiro consolidar seu processo de evolução deixando de ser uma força hipomóvel para uma arma motomecanizada, atingindo neste momento uma capacidade de mobilidade e  operacionalidade a um patamar jamais alcançado, se equiparando as principais forças armadas no mundo. A partir de meados do ano de 1946, os veículos meia lagartas da família White M-2, M-2A1, M-3, M-3A1 e M-5, passariam a designados oficialmente no Exército Brasileiro, como Carro Blindado de Transporte de Tropas - CBTP, sendo destinados a equipar vários Batalhões de Infantaria Blindada (BIB), Esquadrões de Cavalaria Mecanizada (Esq.C.Mec) e Esquadrões de Reconhecimento Mecanizado (Esqd.RC.Mec). Em serviço, além de serem empregados em missões de transporte de tropa - cargas e tração de peças de artilharia M-101 (M-2) AR 105 mm, estes veículos blindados seriam também utilizados como veículos porta morteiros, equipados com armas de 81 mm. Algumas viaturas que estavam equipadas com modernos sistemas de rádios de longo alcance seriam empregados como carro comando.  Apesar de suas limitações de projeto referentes a proteção de seus ocupantes e baixa blindagem, os Carro Blindado de Transporte de Tropas – CBTP M-2 e M-2A1 Half Track, cumpririam a contento suas missões no Exército Brasileiro durante toda a sua carreira. 

Em fins da década de 1960, os altos custos de manutenção demandados pelo envelhecimento da frota e a crônica falta de peças de reposição (principalmente componentes do grupo motriz a gasolina cuja produção havia sido descontinuada a mais de vinte anos), impactariam fortemente nos índices de operacionalidade da frota dos Carros Blindados de Transporte de Tropas – CBTP, restando apenas algumas dezenas de viaturas operacionais,  debilitando gravemente a capacidade de mobilidade do Exército Brasileiro.  Apesar de já dispor em seu inventário de vinte blindados de transporte de tropas sob esteira do modelo FMC M-59 APC , e se encontrar em processo final de tratativas para a incorporação de centenas de blindados do modelo FMC M-113AO APC (cujas primeiras unidades seriam entregues em 1967), o comando do Exército Brasileiro ainda vislumbrava neste segmento de veículos blindados de transporte a existência de uma preocupante lacuna operacional de curto prazo. Uma alternativa plausível e de baixo custo, se baseava na remotorização de uma parcela da frota dos modelos M-2, M-2A1, M-3, M-3A1 e M-5, levando assim ao início de estudos de viabilidade. Caberia então a equipe de técnicos do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (Pq.RMM/2) de São Paulo a tarefa de se desenvolver e implementar este programa de modernização. Entre as primícias básicas estava a necessidade de se buscar o maior nível de nacionalização possível, com esta equipe elencando as áreas prioritárias de customização na produção destes componentes. Apesar de existirem tabus dentro das fileiras de comando do Exército Brasileiro sobre a real capacidade técnica em se proceder um repotenciamento neste nível, o consenso derivaria para que fosse dado prosseguimento a esta pauta. Como protótipo para este programa seria escolhido uma viatura do modelo M-2, com os trabalhos sendo rapidamente iniciados, neste contexto apresentava-se como objetivo crucial a troca do motor original a gasolina, por um nacional a diesel, com a escolha recaindo sobre o modelo produzido no país, o  Perkins Modelo6357 de seis cilindros em linha, apresentando 142 hp de potência.
O projeto de remotorizaçao apresentava boas perspectivas, com o programa também logrando grande êxito no objetivo secundário de nacionalização de mais componentes básicos, entre eles o emprego de sapatas de borracha para as esteiras, produzidas pela empresa Novatração Artefatos de Borracha Ltda, pneus e tanques de combustível a prova de balas.  Estes trabalhos evoluiriam sem maiores percalços, sendo acompanhados por técnicos dos principais parceiros fornecedores, com grande destaque para a área de engenharia da Perkins do Brasil S/A. O protótipo do M-2 seria finalizado no mês de   julho de 1972, e sua apresentação oficial ao Comando do Exército Brasileiro se daria no mês seguinte, com esta viatura sendo entregue a Diretoria de Moto Mecanização (DMM), a fim de ser submetido a exaustivos testes de campo para avaliação técnica deste programa. Após a finalização estágio, o protótipo receberia sua homologação, recebendo então a autorização para a implementação pelo Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (Pq.RMM/2) deste programa em todos os veículos desta família ainda em carga no Exército Brasileiro. Gradativamente estes blindados seriam submetidos a este processo de repotenciação, e devolvidos as unidades operativas. Em operação rotineira cumpririam a contento até meados da década de 1980, quando as últimas viaturas foram enfim substituídas pelos novos veículos blindados de transporte de pessoal Engesa EE-11 Urutu. Felizmente ainda é possível encontrar no Exército Brasileiro, alguns exemplares bem conservados, seja a rara White M-2 do Museu militar Conde de Linhares no Rio de Janeiro, o M-3A1 do 24º BIB (Batalhão de Infantaria Blindado) e a M-5 Half Track do 1º Esquadrão de Cavalaria Mecanizada (Esqd.RC.Mec)  – Esquadrão Tenente Amaro de Valença. 

Em Escala.
Para representarmos o White Motors M-2A1 Half Track "EB10-395" tivemos de proceder uma customização (pois não existe um kit regular no mercado desta versão ), partindo  de um modelo tipo “snap” na escala 1/32 do fabricante New Ray, que apresenta a versão M-16. Assim procedemos em scratch a construção de seu interior, envolvendo assentos, laterais, sistema de rádio e parte traseira, complementando o conjunto com detalhamento em resina (acessórios). Empregamos decais confeccionados pela Eletric Products pertencentes ao set  "Veículos Militares Brasileiros 1944 - 1982".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático do Exército dos Estados Unidos (US Army)  com os quais a totalidade dos veículos foram entregues ao Exército Brasileiro a partir de 1943. Após o final do conflito no pais,  seria adotada a sistemática de matricula da viatura, que seria mantida juntamente com o esquema de pintura original até a sua desativação na década de 1980.

Bibliografia:

- Meia Lagartas no Exército Brasileiro por Expedito Carlos S. Bastos - Revista Hobby News Nº 27
- Blindados no Brasil Volume I, por Expedito Carlos S. Bastos
- M2 Half Track Car -  Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/M2_Half_Track_Car
- M3 Half Track Car -  Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/M3_Half-track

De Havilland DH-60T Moth Trainer


Historia e Desenvolvimento.
A História de fundação deste tradicional fabricante aeronáutico inglês remete ao ano de 1912 com a criação da The Aircraft Manufacturing Company Limited (Airco), fundada pelo proprietário do jornal e industrial George Holt Thomas. A empresa seria inicialmente baseada em The Hyde em Hendon, norte de Londres, e pode ser considerada uma das primeiras industriais de construção de aeronaves a se estabelecer na Grã-Bretanha.  A companhia teria seu crescimento alavancado durante a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918), chegando a produzir milhares de aeronaves para as forças armadas aéreas militares britânicas e aliadas durante toda o conflito, incluindo caças, treinadores e bombardeiros. Aeronaves estas que comporiam mais de 30% da frota de todos os países aliados, e neste período, a maioria das aeronaves da empresa foi projetada internamente pelo designer-chefe da The Aircraft Manufacturing Company Limited, Geoffrey de Havilland. Este notável projetista com grandes êxitos de desenvolvimento junto ao Royal Aircraft Factory em Farnborough fora recrutado por William Taylor Birchenough no ano de 1914. Após o final do conflito, as nações europeias reduziriam em muitos seus orçamentos militares e o excesso de aeronaves disponíveis nas forças armadas daqueles países, limitaria em muito a aquisição de novos modelos principalmente por parte do governo britânico. Este cenário culminaria em uma grave crise financeira para a The Aircraft Manufacturing Company Limited (Airco), e levaria muitas empresas de porte as portas da falência. Em busca de uma solução que objetivava mesmo que parcialmente sanar suas dívidas, a corporação seria vendida no início de ano de 1920 para a Birmingham Small Arms Company. Após este processo levantamentos mais detalhados seriam efetuados, vindo a tona o caótico real estado financeiro da empresa, levando a diretoria de seu novo controlador a decidir pela liquidação total da operação, procedendo neste processo a venda de ativos. Neste processo Geoffrey de Havilland que até então ocupava o cargo de diretor técnico e designer-chefe, vislumbrou a oportunidade de montar sua própria empresa. E arriscadamente fazendo uso de seus limitados recursos passou a negociar a aquisição de uma parte destes ativos, logrando êxito e assim assumiria neste pacote uma parte das modestas instalações da empresa localizadas próximas ao aeroporto de  Stag Lane ao norte de Londres, fundando assim em 26 de setembro de 1920 a  Havilland Aircraft Company Limited. 

Seu comando seria dividido entre seus principais acionistas contando com um capital nominal de £ 50.000, com  a maior parte aportado por Geoffrey de Havilland (£ 3.000) e George Holt Thomas (£ 10.000), com vários outros adicionando mais £ 1.000. Dispondo assim de um limitado capital para investimento em novos projetos, a Havilland Aircraft Company Limited decidiria focar naquele momento o mercado de aeronaves civis, tendo em vista que ainda não havia perspectivas do curto prazo para o fechamento de novos contratos militares. Suas primeiras iniciativas seriam voltadas para o desenvolvimento de aeronaves biplanos simples e de pequeno porte de uma dois lugares destinadas principalmente para treinamento e turismo, conceitos muito aquém das aeronaves mais complexas desenvolvidas por Geoffrey de Havilland anteriormente durante a  Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918).  A primeira aeronave a ser lançada, era uma modernizaçao de um antigo projeto desenvolvido durante a época da The Aircraft Manufacturing Company Limited (Airco), e receberia a designação de DH-51. Seu protótipo alçaria voo 14 de julho de 1924, e apesar de apresentar um bom desempenho, teria seu certificado de aeronavegabilidade negado, pelo fato de não apresentar um sistema de dupla ignição. Como seriam necessárias pelo menos dez horas de testes de voo para certificá-lo com um sistema de ignição única, de Havilland decidiu re-motorizar a aeronave. A aeronave foi equipada com um motor de pistão V8 refrigerado a ar ADC Airdisco, que melhorou consideravelmente o desempenho, mas não era mais barato de operar. Como resultado, apenas três aeronaves seriam construídas.  Apesar deste fracasso comercial a diretoria da empresa não se abalaria e continuaria perseverando, levando sua equipe de projetos a desenhar um novo modelo, que apesar de se basear no projeto original do DH-51 deveria apresentar um maior porte e potência nominal. Deste processo nasceria o De Havilland DH-60 Moth (Traça), um treinador primário de configuração biplano com dois lugares, com estrutura em madeira e fuselagem recoberta com compensado e superfícies cobertas de tecido, um painel traseiro padrão com um único painel traseiro e barbatana. Este novo avião apresentava como inovação a possibilidade de se dobras as asas, permitindo assim aos proprietários guardar a aeronave em reduzidos espaços de hangar. Seu primeiro protótipo alçaria voo no dia 22 de fevereiro de 1925, decolando do aeródromo de Stag Lane, sob o comando de Geoffrey de Havilland. 
Logo em seguida a aeronave seria encaminha para a realização de um completo programa de ensaios e voo, que visava também garantir seu certificado de aeronavegabilidade  pelos órgãos competentes da época. Ao fim este processo clarificaria que o De Havilland DH-60, não somente satisfazia às exigências do incipiente mercado de proprietários de aeronaves de pequeno porte para lazer, bem como poderia atender a outras demandas, entre estas a equipar aeroclubes e escolas de pilotos civis. Esta opinião seria reforçado pelas declarações proferidas pelo  Secretário de Estado da Ar, Samuel Hoare, que daria sinais que resultariam no primeiro interesse governamental em aeronaves desenvolvidas e produzidas pela Havilland Aircraft Company Limited. Isso logo se materializaria em contrato para a compra de dez aeronaves pelo governo a fim de equipares cinco aeroclubes na Inglaterra. Estas primeiras células receberiam como modificação a inclusão de um leme balanceado que melhorava sua estabilidade em voo, com estas aeronaves sendo entregue logo em seguida, com uma destas sendo entregue com um kit de flutuadores. Neste mesmo período a companhia fazendo uso de um de seus protótipos originais, inscreveria o modelo na Corrida da Copa do Rei de 1925, sendo pilotada pelo famoso Alan Cobham, com o De Havilland DH-60 apresentando excelentes resultados. Dois anos depois, três células modificadas e equipadas com os motores Cirrus II em uma montagem rebaixada, seriam inscritas para  a Corrida da Copa do Rei de 1927, este modelo receberia a designação de DH.60X (para experimental), que logo seria alterada para Cirrus II Moth.  Novamente seriam aferidos resultados extremamente positivos, resultando em novos aprimoramentos, incluindo entre estes a adoção de um motor Cirrus III com um eixo bipartido, com este modelo em 1928 retomando a designação de DH.60X. A produção do DH.60X Cirrus Moth seria logo substituída por variantes posteriores movidas pelos novo motores Gipsy, mas esta configuração original ainda estava disponível, mediante  encomenda especial.

Neste estágio, a aeronave ainda estava equipada com o motor original Cirrus, mas apesar de ser confiável, era baseado no projeto Renault de oito cilindros, e empregava ainda muitos componentes de origem francesa. No entanto grande parte destas peças foram fabricadas durante o conflito, com este cessando após ó término das hostilidades, restando então um estoque finito. Desta maneira, este fato não garantiria a Havilland Aircraft Company Limited uma significativa segurança no abastecimento a médio e longo prazo. Este cenário levaria a empresa a desenvolver seu próprio motor, o projeto sobre a tutela do engenheiro Frank Halford seria concluído em 1927 recebendo o nome de Havilland Gipsy I apresentando uma potência de 98 hp. Assim com esta alteração seria desenvolvida uma nova versão que receberia a designação de DH-60G Gipsy Moth. Além de apresentar um significativo aumento de potência, a adoção de um grupo propulsor produzido pela própria companhia apresentaria uma grande redução de custo e melhor controle de níveis de qualidade. Tanto é que enquanto o DH.60 originais eram oferecidos por relativamente modestos £ 650,00, a nova versão equipada com um motor mais avançado e potente apresentava exatamente o mesmo preço de venda. Em 1930 visando se adequar aos avanços da tecnologia aeronáutica, a empresa lançaria a versão De Havilland DH-60M Moth, que passava a contar com a fuselagem recoberta em metal. Originalmente este novo modelo foi desenvolvido originalmente para atender as demandas de clientes militares e civis no exterior, particularmente devido a uma solicitação das forças armadas do Canadá. Este novo modelo passaria a ser fabricado também sob licença na Austrália, Canadá, Estados Unidos e Noruega, evidenciando as vantagens proporcionadas por suas características simplistas e baixo custo de produção. Em 1931, após a atualização do motor levaria ao modelo Gipsy II, e posteriormente com a inversão do motor surgiria o  Gipsy III. Este grupo propulsor seria instalado em um protótipo que receberia a designação de DH.60G-III Moth Major. Este subtipo destinava-se ao mercado de treinadores militares e algumas das primeiras aeronaves foram fornecidas à Força Aérea Sueca. 
Como não havia comparação real entre o DH.60 original e o novo DH.60G, o Gipsy Moth rapidamente se tornaria o esteio operacional -para os aeroclubes britânicos,  como a única aeronave de turismo no Reino Unido. Em 1929, estimava-se que de cada cem aviões na Grã-Bretanha, oitenta e cinco pertenciam a esta família, com a maioria delas Gipsy Moth.  Isto apesar do fato de que, com de Havilland tendo mudado do motor Cirrus para seu próprio motor Gipsy, o excedente Cirruses estava agora chegando ao mercado e um tesouro de aeronaves movidas a Cirrus, como o Avro Avian, o Klemm Swallow e o Miles Hawk começaram a disputar o mercado privado de aeronaves para este segmento. Até o final da produção em fins de 1933 seriam entregues mais de dual mil células,  dispostas em diversas versões, entre estas sessenta e quatro aeronaves da versão aprimorada com o motor Gipsy III, que receberiam a designação de   Havilland DH-60T Moth Trainer . Logo a  Força Aérea Real (Royal Air Force) se tornaria o maior operador da aeronave, inicialmente um pequeno lote seria incorporado, porém inicialmente verificou-se que a aeronave não se adequava ao seu método de treinamento de voo militar. No entanto, em 1931, a seriam adquiridas  centro e vinte e quatro células do modelo DH-60M, que seriam empregadas pela  Escola Central de Voo e outras unidades de treinamento até 1939. Versões deste família também seriam empregados pela Austrália, Áustria, Bélgica, Birmânia, Canadá, China, Brasil, Chile, Cuba, Dinamarca, Egito, Etiópia, Finlândia, Grécia, Hungria, Irlanda, Iraque, Nova Zelândia, Paraguai, Polônia, Portugal, Romênia, África do Sul, República Espanhola, Estado Espanhol, Suécia,  Reino da Jugoslávia, Estados Unidos. Durante a Segunda Guerra Mundial, aeronaves britânicas capturadas por forças alemães e japonesas seriam empregadas por todo o conflito. 

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
O processo de formação de pilotos militares brasileiros tem sua origem em fevereiro de 1914, quando seria fundada no Campo dos Afonsos no Rio de Janeiro a Escola de Escola Brasileira de Aviação, mediante uma parceria entre o Ministério da Guerra e a empresa italiana Gino, Buccelli & Cia, com esta sendo responsável por fornecer equipamentos e instrutores para formar aviadores militares.  Não havia dez anos desde o primeiro voo do mais pesado que o ar, pelas mãos do ilustre inventor brasileiro Alberto Santos Dumont, quando a Marinha do Brasil criou a sua própria organização de treinamento e formação, a  Escola de Aviação Naval - EAvN, em 23 de agosto de 1916. Em 1919 sobre os auspícios dos técnicos da Missão Militar Francesa de Aviação (MMFA), seria criada a Escola de Aviação Militar (EAM), iniciando assim com muitas adversidades a implantação aviação como arma junto ao Exército Brasileiro. Nos primeiros anos uma variada gama de aeronaves principalmente de origem francesa comporia sua frota, se destacando ao longo dos anos modelos relativamente modernos.  Porém no início da década de 1930, a Escola de Aviação Militar do Exército (EAvM) contava somente com poucas células dos já obsoletos Morane Saulnier MS.147Ep2 e MS.130ET2 para o emprego na formação de alunos inscritos no curso de aviação militar. Neste contexto também pairava sobre a Aviação Naval da Marinha do Brasil a mesma necessidade de modernização dos meios aéreos. O atendimento desta demanda em comum, levaria o governo brasileiro a lançar uma concorrência internacional visando a aquisição de até quarenta aeronaves para serem divididas entre a Marinha do Brasil e o Exército Brasileiro. Os registros de época apontam a apresentação de propostas de fabricantes franceses, britânicos e norte-americanos, envolvendo sete modelos de aeronaves. Após diversas análises comparativas, a escolha acabaria pendendo para a proposta apresentada pela De Havilland Aircraft Company, envolvendo a aquisição de um lote de aeronaves do modelo DH-60T.  Desta maneira no final do ano de 1931 seria celebrado um contrato prevendo a compra de quinze células para o Aviação Militar do Exército e vinte e quatro para a Aviação Naval da Marinha do Brasil, levando ao país naquele momento a se tornar o maior operador militar desta versão.  

As primeiras três aeronaves chegariam no Rio de Janeiro a bordo do navio mercante Andaluzia Star em 5 de março de 1932, juntamente com o piloto chefe ensaios em voo da empresa o Capitão Hubert S Broad, que tinha como missão acompanhar a montagem das aeronaves e ministrar o treinamento básico aos pilotos. A primeira aeronave finalizada seria oficialmente apresentada no dia 18 do mesmo mês em uma cerimônia oficial realizada no Campo dos Afonsos, até maio do mesmo ano as demais células foram recebidas e montada, neste interim o Capitão Hubert S Broadjá treinara o núcleo de instrutores da Escola de Aviação Militar do Exército (EAvM) e da Escola de Aviação Naval (EAvN). Do total recebido pelo Exército dois DH-60T foram alocados na Esquadrilha de Treinamento do Grupo Misto de Aviação (GMA) sediado no Campo dos Afonsos no Rio de Janeiro. Diferentemente das aeronaves do Exército Brasileiro que apresentavam configuração exclusiva de treinamento, os DH-60T da Marinha do Brasil foram recebidos com kits para adaptação de flutuadores, porta bombas, rádios, visor de bombardeio Aldis e metralhadoras fotográficas.  A eclosão da Revolução Constitucionalista em 1932, vislumbraria o emprego dos De Havilland DH-60T em missões de combate real, com seis aeronaves designadas à Defesa do Litoral (DAL) destinadas a compor duas seções daquele comando. Duas destas aeronaves estavam equipadas com sistema de rádio, dois com porta bombas e dois com metralhadoras fotográficas,  a fim de serem utilizados em missões de ligação, observação e reconhecimento ao longo do litoral paulista a serviço das forças legalistas que combatiam em terra entre Picinguaba e Santos.  Com os outros seis aviões em serviço da Escola de Aviação Naval (EAvN), o comando da Marinha do Brasil tentaria ainda agilizar o recebimento das doze células, porém chegariam tarde demais para participar do conflito, que se encerrou em 3 de outubro  de 1932 com a assinatura do armistício. Em tempos de paz a Aviação Naval pode retomar seu processo de reorganização, determinando que o novo lote de aeronaves fosse direcionado a Base Aérea de Porto Alegre onde passariam a compor a Divisão de Instrução, ocorre, porém, que somente quatro De Havilland DH-60T foram assim alocados, com os demais sendo distribuídos ao Centro Naval de Santa Catarina e ao Centro de Aviação Naval do Galeão. 
A exemplo dos De Havilland DH-60T da Marinha do Brasil, as aeronaves pertencentes a Aviação Militar do Exército também se faria presente na Revolução Constitucionalista iniciada em 9 de julho de 1932. Curiosamente as forças combatentes estavam completamente subequipadas para as operações áreas que se faziam necessárias em um conflito daquela escala. Considerou-se assim empregar todos os meios disponíveis, com as aeronaves de treinamento De Havilland DH-60T sendo deslocados para os destacamentos aéreos baseados nas cidades de Resende no Rio de Janeiro e Mogi Mirim no interior de São Paulo. Nestas localidades os DH-60T seriam usados em missões exclusivamente de ligação e correio aéreo, em viagens diárias entre estas bases no front de batalha e o Campo dos Afonsos no Rio de Janeiro. Com o encerramento do conflito em outubro de 1932, os De Havilland DH-60T retornariam a sua atividade original de treinamento e formação de pilotos militares junto a Escola de Aviação Militar do Exército (EAvM). Neste mesmo período o intenso emprego operacional logo cobraria seu preço, resultando em uma série de acidentes e incidentes que reduziriam sensivelmente a disponibilidade da frota. A fim de recomplementar a dotação de aeronaves de instrução, a partir de 1934 seriam incorporadas células do modelo Waco RNF, desta maneira gradualmente os  DH-60T passariam a realizar missões administrativas em proveito da Escola de Aviação Militar (EAvM). Em fins de 1935 os DH-60T Gipsy Moth seriam transferidos para o controle do 4º Divisão da Escola de Aviação Militar (EAvM), para serem empregados exclusivamente como aeronaves de adestramento. No início de 1936 estavam disponíveis apenas seis aeronaves, e nos anos seguintes a frota seria novamente reduzida para três ou quatro células. Este cenário levaria o comando da Aviação Militar do Exército, no início do ano de 1939 , a se decidir pela desativação do modelo, com as células remanescentes e todo o suprimento de peças de reposição sendo doados a aeroclubes. 

O reequipamento e reorganização da Aviação Naval após a revolução, incluindo a compra de novas aeronaves de treinamento, fez com que os D.H. 60T fossem distribuídos, em 1933 para outras unidades, incluindo os Centros de Aviação Naval em Florianópolis, Ladário e no Rio de Janeiro e as Bases de Aviação Naval de Porto Alegre e Santos. Nesse período, eles foram redesignados como I1H (indicando ser uma aeronave de instrução, 1º modelo da de Havilland empregado pela Aviação Naval) e matriculados com os números 21 a 32 (para as primeiras doze aeronaves), e com os números 75 a 86 para os do segundo lote. Apesar do desgaste natural das células e reduzida disponibilidade operacional, as aeronaves De Havilland DH-60T ainda rendiam elogios por parte de pilotos e oficiais da Aviação Naval, esta aceitação culminaria no interesse em adquirir mais aeronaves deste modelo. Negociações seriam iniciadas junto ao fabricante, resultando na  celebração de um contrato de compra do novo modelo da empresa designado como DH-82 Tiger Moth, que começariam a ser recebidos em meados do ano de 1933. Este evento assinalou o início do fim da breve carreira dos De Havilland DH-60T como aeronave de treinamento básico padrão da Escola de Aviação Naval (EAvN). A partir do final deste mesmo ano, os DH-60T Gipsy Moth remanescentes passaram a cumprir gradativamente tarefas utilitárias em distintas bases aéreas e centros operacionais da Aviação Naval. Seis aeronaves ainda permaneceram na Escola de Aviação Naval (EAvN) cumprindo missões de treinamento em complemento a frota dos nos DH-82 Tiger Moth , se mantendo nesta função até final de 1934, quando as células ainda em condições de voo foram repassadas para outras unidades. Em maio de 1935 as poucas aeronaves restantes no acervo da Aviação Naval passaram a constituir a 2º Flotilha de Diversos, cujos aviões desta unidade sendo repartidos entre os Centros de Aviação Naval de Santa Catarina, Porto Alegre, Ladário, Rio de Janeiro e Santos.
Ao contrario  células remanescente dos oriundas da Aviação Militar do Exército Brasileiro que apresentariam uma grande sobrevida no meio civil, as aeronaves do modelo De Havilland DH-60T Gipsy Moth logo seriam definitivamente desativadas. Este fato se daria pelo registro de acentuadas taxas de atrito, desgaste estrutural e acidentes, que viriam a reduzir consideravelmente o número de aeronaves disponíveis para voo. Em 20 de janeiro de 1941, quando da criação do Ministério da Aeronáutica (MAer), havia somente um DH-60T Gipsy Moth em condições de voo, que seria juntamente com as demais aeronaves e pessoal transferidas para a recém-criada Força Aérea Brasileira. Após ser revisada esta célula seria transferida para a Base Aérea de Santos no litoral do estado de Sao Paulo, onde passaria a ser empregada como aeronave orgânica atuando em tarefas administrativas em proveito daquela organização militar.  Nesta missão o último De Havilland DH-60T Gipsy Moth se manteria na ativa até o final do ano de 1942, quando enfim seria desativado. Posteriormente antes da descarga para alienação e venda como sucata os remanescentes De Havillan DH-82 Tiger Moth e este último De Havilland DH-60 Gipsy Moth foram redesignados como PT-MT em 1945.

Em Escala.
Para representarmos o De Havilland DH-60T Gipsy Moth  "K-147" pertencente a Escola de Aviação Militar (EAvM) do Exército Brasileiro, empregamos o kit do fabricante Amodel, na escala 1/48. Única opção injetada para esta aeronave nesta escala, que infelizmente apresenta baixo nível de detalhamento e qualidade de injeção. Fizemos uso de decais FCM Decals oriundos de diversos sets combinados com decais originais do kit.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa um dos padrões de pintura originais do fabricante De Havilland Aircraft Company destinados originalmente ao mercado civil. Sobre este esquema seriam aplicados os cocares da Aviação Militar e suas respectivas matriculas. Este padrão seria mantido durante toda a sua carreira operacional no Exército Brasileiro. Já as aeronaves da Aviaçao Naval da Marinha do Brasil, faziam uso de outro padrão de pintura.



Bibliografia :
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 / 2015 – Jackson Flores Jr
- De Havilland DH-60 Moth Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/De_Havilland_DH.60_Moth
- O emprego do avião na Revolução Constitucionalista de 1932 - www.reservaer.com.br/

M-125A1 VtrBldEspSL Porta Morteiro

História e Desenvolvimento.
A ideia de um veículo de transporte de tropas blindado, capaz de levar soldados em segurança e protegidos, a frente de combate, podendo ainda os resgatar, remonta a Primeira Guerra Mundial, onde surgiram os primeiros carros de combate blindados, que aos poucos, foram ganhando dimensões e peso cada vez maiores, chegando inclusive a poder transportar soldados em segurança, atravessando áreas de combate. Nos conflitos posteriores, seu emprego generalizou-se, e seu ápice se deu durante a Segunda Guerra Mundial, onde uma variada gama de modelos e versões, sobre rodas ou lagartas, passariam a determinar a vitória ou derrota dos grandes exércitos. Como expoentes deste segmento, podemos citar os veículos meia lagarta norte-americanos da família M-3 e os alemães Hanomag Sd.kfz. Neste momento, as táticas e estratégias de emprego deste tipo de blindado seriam aprimoradas, surgindo assim, dentre outros, os Veículos Blindados Transporte de Pessoal – VBTP. O primeiro modelo específico surgiria com o o desenvolvimento do projeto M-44 (T16), que era originalmente derivado do carro de combate M-18 Hellcat, se tratando de um veículo de grande porte com peso total de combate de 23 toneladas, porém está caraterística seria o grande entrave para sua produção em série, levando ao cancelamento do projeto em junho de 1945. Em setembro do mesmo ano uma concorrência foi aberta e foram estabelecidos parâmetros de projeto para um novo carro blindado de transporte de tropas, que deveria ser baseado no veículo de transporte de carga T-43. A empresa International Harvester (IHC) se sagraria vencedora, recebendo um contrato em 26 de setembro de 1946 para a produção quatro protótipos a fim de serem submetidos a testes de campo. O êxito relevado neste programa culminaria na celebração dos primeiros contratos para a produção, deste novo blindado, agora designado oficialmente como M-75. Os primeiros blindados começaram a entrar em serviço no Exército Americano (US Army) em abril de 1952, porém apesar de serem mais leves que os M-44, ainda apresentavam um peso total de combate de 18 toneladas, o que o impossibilitava de acompanhar no campo de batalha a velocidade de deslocamento dos demais carros de combate.

Este cenário causou preocupação no Comando do Exército Americano (US Army), que em fins de 1952, lançou uma nova concorrência para o desenvolvimento de um novo veículo blindado de transporte de tropas sob esteiras para a substituição dos derradeiros carros meia lagarta da família M-2, M-3, M-5 e complementação da frota dos  recém introduzidos M-75 APC, que além de não acompanharem no campo de batalha os demais veículos blindados, apresentavam apresentava limitações quando do emprego anfíbio, não podendo também ser aerotransportado. Diversas empresas apresentaram suas propostas entre elas a International Harvester Corporation (IHC) e Food Machinery and Chemical Corporation (FMC), estudos iniciais derivaram pela escolha do projeto do segundo concorrente, designado oficialmente como T59. Um contrato inicial seria celebrado, prevendo a produção de seis protótipos, para emprego em um programa de testes de campo, com esta fase sendo vencida com êxito em maio de 1953. O novo modelo agora designado como FMC M-59 receberia um contrato de produção englobando 6.300 unidades, que deveriam ser entregues até fins de 1960. Uma das primícias deste projeto, estava baseado no baixo custo de produção, passando a empregar em sua construção muitos componentes comuns ao carro de combate M-41 Walker Buldog. Neste mesmo momento o comando militar americano passava a elaborar planos para a futura substituição dos M-75 que apesar de sua robustez e confiabilidade se mostrava inadequado a missão. Esta demanda buscava o desenvolvimento de um novo veículo que deveria eliminar as deficiências do alto peso e baixa velocidade do M-75 e a insuficiente proteção blindada do novo FMC M-59.
Os requisitos desta nova concorrência visavam criar um veículo blindado que unisse a melhores características operacionais do M-75 e M-59, com no novo modelo apresentando um desempenho compatível aos carros de combate, relativa capacidade anfíbia e possibilidade se ser aerotransportado. Estes parâmetros resultariam no conceito AAM-PVF - Airborne Armored Multi-Purpose Vehicle (Veículo Multiuso Blindado Aerotransportado). Novamente a FMC Food Machinery Corp. se sagraria vitoriosa desta concorrência, apresentando como base de sua proposta a aplicação de um sistema de blindagem em duralumínio que fora desenvolvido em parceria com a empresa Kaiser Aluminium and Chemical Co., esta solução proporcionaria ao veículo uma suficiente proteção blindada aliada a uma grande mobilidade e velocidade no campo de batalha. O novo modelo equipado com este sistema receberia a designação de T-113, este receberia em um contrato de produção em fins de 1958 de três carros pré-série para avaliação, que seriam inicialmente equipados com um motor a gasolina Chrysler 75M com 8 cilindros em V com potência de 215 hp.  Estes protótipos foram entregues e submetidos a um intensivo programa de ensaios em campo entre abril e setembro de 1959, recebendo logo em seguida um contrato inicial para a aquisição de 900 unidades para o Exército Americano (US Army). Estes novos veículos agora designados como M-113AO APC, começaram a ser entregues a partir de meados do ano seguinte. Conceitualmente este veículo fora desenvolvido como um blindado leve e confiável capaz de ser transportado e lançado por aeronaves de transporte como os Lockheeds C-130 Hercules e C-141 Starlifter.  Em campo podia transportar até a linha de frente onze soldados totalmente equipados, servindo de proteção até o desembarque da tropa, devendo então recuar para a retaguarda. Como armamento de autodefesa contava com uma metralhadora M-2 Browning de calibre .50 (12,7 mm) operada manualmente pelo comandante.

O batismo de fogo do novo veículo de transporte blindado de tropas norte-americano, se daria a partir de 30 de março de 1962, quando trinta e dois destes carros foram enviados ao teatro de operações do Vietnã. Onde seriam destinados a dotar duas companhias mecanizadas pertencentes ao Exército da República do Vietnã (ARVN), com cada uma recebendo dezesseis M-113AO. Os primeiros embates reais se dariam em janeiro de 1963 durante a Batalha de Ap Bac na província de Dinh Tuong (agora Tien Giang), diversos ensinamentos seriam tirados desta experiência, levando a inclusão de significativas melhorias na blindagem e sistemas críticos. Neste mesmo momento e seu país de origem, era iniciada produção da nova versão designada como M-113A1, equipada com o novo motor a diesel Detroit 6V53T de 265hp. Em 1978 o modelo já representava um sucesso estrondoso, com sua produção já atingindo a cifra de mais 25.000 unidades, levando a Food Machinery and Chemical Corporation (FMC), a desenvolver e introduzir uma nova versão designada como M-113A2. Este novo modelo apresentaria melhorias significativas na suspensão e sistema de refrigeração, tornando assim o blindado como uma plataforma viável para emprego em cenários de combate de alto atrito. Seu projeto se mostraria ainda extremamente customizável para o emprego em versões especializadas, como carro comando, antiaéreo, porta morteiro, lança chamas, socorro, oficina e antitanque (com misseis Tow). Estas versões seriam produzidas aos milhares, elevando os níveis de padronização das frotas blindadas de diversas nações. A próxima versão de transporte de tropas a ser desenvolvida foi o M-113A3, que passou a ser produzida a partir de 1987, obtendo grande destaque durante a primeira Guerra do Golfo Persico contra o Iraque, quando passaram a desempenhar papéis importantes tanto no combate urbano quanto nas diversas funções de manutenção de paz, provando assim sua versatilidade e a combinação precisa de volume interior, perfil exterior, construção simples e fácil manutenção.
Concebido para dar mobilidade a infantaria, que podia viajar protegida em seu interior, a família de blindados de transporte de tropa M-113 APC, se converteu em um autêntico “taxi para o campo de batalha”, o mais famoso de sua categoria, possuindo características ímpares, como fácil condução, manutenção simplificada, operação econômica. Seu sucesso comercial internacional seria catapultado por programas de apoio na aquisição de material militar norte-americano com o programa Military Assistance Program – MAP (Programa de Assistência Militar) e posteriormente o programa Foreign Military Sales – FMS (Vendas Militares a Estrangeiros), facilitando o acesso a 62 países. O primeiro carro Mortar Carrier derivado do M-113 foi designado como M-106 estando armado com um morteiro M-30 de 107 mm, sua terceira variante o M-106A3 portava um morteiro de 120mm.  A partir de 1968 surgia a nova versão denominada M-125 com motorização a diesel, que a exemplo do M-106 possuía a estrutura do piso reforçado com feixes de aço soldado para poder suportar a reação do disparo da arma, prateleiras para o armazenamento de até 69 cargas explosivas e uma plataforma interna giratória para orientação do morteiro M-29 de 81mm, também levava uma plataforma menor para operação externa da arma. Sua guarnição era composta pelo motorista, comandante e quatro operadores da arma.

Emprego na Marinha do Brasil.
Os primeiros carros da família M-113A0 na versão inicial de produção com motor a gasolina, começaram a chegar no Brasil a partir de 1965, quando o Exército Brasileiro fazendo uso dos termos do Programa de Assistência Militar MAP (Military Assistance Program), procedeu a aquisição de mais de cinco centenas veículos blindados deste modelo. Neste momento a Marinha do Brasil começa a exercitar sua capacidade de combate anfíbio, fazendo uso dos efetivos da Força de Fuzileiros de Esquadra (FEE), e logo se vislumbrava, a necessidade de ser dispor de um veículo anfíbio com o objetivo de apoiar as operações de desembarque nas praias. Esta demanda receberia uma solução paliativa a partir de meados de 1970, com o recebimento de trinta e quatro caminhões anfíbios GMC DUWK, a estes se seguiriam em 1976 a aquisição dos novos veículos blindados especializados no transporte de tropas Engesa EE-11 Urutu. No entanto em uso real, o blindado brasileiro, logo se inadequado para operações de desembarque nas praias, pois neste tipo de terreno veículos com tração por rodas enfrentavam serias dificuldades de deslocamento, levando o comando da Marinha do Brasil, a considerar a aquisição de uma família de veículo blindado com tração sob esteiras. As aspirações iniciais apontavam para a adoção dos novos veículos de assalto anfíbio FMC AAV-7A1, porém estes apresentavam um custo unitário proibitivo, com a decisão recaindo por um lote de carros do modelo FMC M-113A1, que apesar de não atenderem a todas as especificações almejadas poderiam ser adquiridas em condições favoráveis econômicas. Então negociações seriam conduzidas junto ao governo norte-americano, que se materializariam na celebração de um contrato, para a aquisição de um lote de trinta carros da família M-113, que foram divididos em quatro modelos, sendo vinte e quatro na versão M-113A1 Transporte de Tropas, dois M-125A1 carro porta morteiro, um M-113A1G oficina e um carro socorro XM-806E1.

Os primeiros veículos começaram a ser recebidos em 07 de novembro de 1976, passando a ser incorporadas ao Batalhão de Transporte Motorizado (BtlTrnpMtz), neste momento um grande programa de treinamento operacional seria ministrado por equipes do fabricante em parceria com oficiais do Exército Brasileiro, atuantes em unidades que já operavam este modelo. Neste momento os novos veículos blindados de transporte de tropa passariam a operar juntamente com os Engesa EE-11 Urutu. Logo estes veículos ganhariam o status de operacionalidade plena, e em 20 de dezembro de 1977, visando adequar a nomenclatura a missão principal da unidade, o Batalhão de Transporte Motorizado (BtlTrnpMtz), seria extinto, sendo criado assim em seu lugar, a Companhia de Viaturas Blindadas (CiaVtrBld). Desde o início das operações anfíbias da Força de Fuzileiros de Esquadra (FEE), o M-125A1, seria o primeiro carro porta morteiro a ser incorporado a força, e apesar de só se disporem de dois os carros os mesmos foram fundamentais na doutrina de operações ofensivas de saturação de área, para apoio e defesa nas operações de desembarque anfíbio, operando a partir de navios de desembarque de carros de combate Marinha do Brasil. O primeiro exercício de grande monta com este tipo de plataforma de artilharia aconteceria em abril 1981, quando os dois M-125A1 foram desembarcados no litoral do Espírito Santo a partir do navio de desembarque de carros de combate G26 - Duque de Caxias (classe De Soto County). Em 1986 a unidade passou a ser designada como Batalhão de Viaturas Anfíbias (BtlVtrAnf) permanecendo assim até o ano de 2003, quando da ativação do Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais (BtlBldFuzNav), concentrando neste batalhão todos os veículos da família M-113 em operação no Corpo de Fuzileiros Navais (CFN).
Próximos de completar quarenta anos de serviço, junto ao Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN), toda o acervo de veículos blindados M-113A1, M-125A1 Porta Morteiro, M-577A1 Carro Comando, M-113A1G Carro Oficina e XM-806E1 Carro Socorro, apresentavam uma disponibilidade operacional média de apenas 66 %. Este cenario era proporcionado por graves problemas mecânicos e elétricos originados em função de uma combinação de fatores críticos, como desgaste operacional, conservação, manutenção inadequada e falta de regularidade na aquisição de suprimentos e peças de reposiçao, que já não eram mais facilmente encontradas no mercado internacional. Visando resolver este problema, em 2007, o Comando da Marinha do Brasil iniciaria estudos visando a substituição de toda a sua frota de Viaturas Blindadas Especial Sobre Lagartas FMC M-113A1, chegando a considerar a aquisição de terceiro lote de veículos de assalto anfíbio United Defense AAV-7A1. Porém neste período, o orçamento da Marinha do Brasil enfrentava um processo de contingenciamento, o que eliminaria este anseio. Desta maneira, uma nova frente de debate seria estabelecida, buscando soluções ou alternativas para a implementação de um abrangente processo de modernização, que poderia depois de concluindo recuperar a capacidade operacional da frota, estendendo ainda sua vida útil pôr no mínimo vinte anos. Uma equipe técnica passaria então a analisar diversos programas semelhantes já aplicados ao longo dos anos a veículos desta família, as percepções obtidas, norteariam o estabelecimento dos critérios e objetivos a serem alcançados, gerando assim os parâmetros a serem aplicados em uma futura concorrência internacional.

Após o lançamento da concorrência, a Marinha do Brasil, passaria a receber um grande número de propostas enviadas por empresas especializadas neste segmento. Um criterioso estudo comparativo seria realizado, com a decisão pendendo para a proposta apresentada pela empresa israelense Israel Military Industries, (IMI). Assim desta maneira, em 28 de novembro de 2008, seria assinado via Comissão Naval Brasileira em Londres (CNBE), um contrato no valor de US$ 15,8 milhões, prevendo a à modernização de vinte e quatro viaturas de transporte de pessoal M-113A1, duas viaturas posto de comando M-557A2, duas viaturas porta-morteiros M-125A1, uma viatura de reparos M-113A1G e um veículo de recuperação XM-806E1. Além de apresentar a melhor relação custo-benefício, este pacote oferecia como principal diferencial a execução de todos os trabalhos junto as instalações do Centro de Reparos e Suprimentos Especiais do Corpo de Fuzileiros Navais (CTeCFN), operando sobre a tutela do Centro Tecnológico do Corpo de Fuzileiros Navais (CTecCFN) com assistência da Israel Military Industries, (IMI). O programa envolveria a substituição do motor original, pelo novo Caterpillar C7 (Versão Militar) om injeção eletrônica de 300 hp de potência, transmissão automática de sete velocidades 3200SP Allison, suspensão reforçada, nova unidade diferencial regenerativa, sistema hidráulico de freios, nova caixa de transferência, tanques de combustível externos de 360 litros cada e estação de armas Platt MR.555 Mod 2.  Já na área elétrica e eletrônica, as viaturas receberiam novos rádios de comunicação, alternador de 200 AMP, ar-condicionado fornecido pela Marvin Land Systems e sistema de extinção de fogo. Um grande diferencial deste projeto seria a presença de um grande número de componentes mecânicos e elétricos, encontrados facilmente no mercado nacional, minimizando assim os custos e assegurando ampla disponibilidade de sobressalentes por um longo período.
Todos os carros modernizados passariam a dispor da possibilidade de emprego de um kit de navegação, o qual poderia ser acoplado ao veículo para transposição de cursos d`água. Por fim a substituição das lagartas originais tipo T-130E1, pelo modelo Diehl Systen Track 513 Agressive, mais eficientes. O pacote de modernização, previa ainda a preparação para a adoção posterior de acessórios mais complexos como,  imageadores termais e telas digitais, kits de proteção balística externa e interna e conjunto de lançadores de granadas fumigenas de 76 mm. Os veículos porta morteiros, foram os primeiros a serem submetidos a este processo, passando a ser designados como M-125MB1 (MB – Marinha do Brasil e 1 – primeiro modernizado). Os últimos carros seriam entregues no início de 2016, encerrando um excelente projeto, que não só trouxe um novo patamar de operacionalidade, mas também proporcionou a equipe técnica da Marinha do Brasil um grande ganho de conhecimento e experiência, principalmente nos assuntos relacionados à soldagem, manutenção, mecânica e integração de sistemas. 

Em Escala.
Para representarmos o M-125A1 "CFN 3110551" utilizamos o antigo kit Academy (versão original M-106A1), na escala 1/35. Para compormos a versão empregada pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN), faz se necessário proceder a troca do morteiro, pois o kit contempla uma peça de 107 mm, a solução encontrada foi a de utilização de um morteiro de 81 mm presente no kit LAV-M da Trumpeter na mesma escala. Fizemos uso de decais confeccionados pela Decals e Books presentes no set " Forças Armadas do Brasil".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o primeiro padrão de pintura empregado tático empregada em toda a frota de blindados do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN), sofrendo mais duas alterações de esquema de camuflagem ao longo da década de 1990 e 2000. Um novo padrão passa a ser empregado nos veículos modernizados a partir de 2009.


Bibliografia : 

- Variants of the M113 armored personnel carrier-  Wikipédia - http://en.wikipedia.org/wiki/Variants_of_the_M113_armored_personnel_carrier
- M-113 APC - http://en.wikipedia.org/wiki/M113_armored_personnel_carrier
- Fuzileiros Blindados - Operacional - http://www.operacional.pt/fuzileiros-blindados-i/
- M-113 no Brasil – Expedito Carlos Stephani Bastos