Há mais de um século, os engenheiros alemães Gottlieb Daimler e Carl Benz construíram paralelamente os primeiros automóveis motorizados do mundo. O pioneirismo desses homens fez com que colecionassem outras conquistas como a construção do primeiro ônibus, do primeiro caminhão com motor a gasolina e do primeiro caminhão a diesel do mundo. Em abril de 1900 nasceria um novo motor baseado como "Daimler-Mercedes", grupo propulsor que impulsionaria a produção em série dos primeiros carros comerciais. O período após a Primeira Guerra Mundial foi fortemente afetado pela inflação e pelo número de vendas reduzido, especialmente em relação aos bens de luxo, como automóveis de passageiros, acabaram por pesar fortemente sobre a indústria automóvel alemã. Apenas marcas fortes produzidas por empresas com solidez financeira foram capazes de sobreviver, e muitas delas viram-se forçadas a fusões e a cooperativas. Ao longo dos anos seguintes a produção cresceria gradativamente, e em junho de 1926 a união das empresas DMG e a Benz & Cie, resultaria na criação da Daimler Benz AG, uma nova marca nascia, na qual estava incorporada a estrela de três pontas, com esta iniciativa baseada em um compromisso mútuo para que esta união entre as duas empresas perpetuasse até o ano 2000. Em meados da década de 1930 as vendas da empresa seriam fortemente impulsionadas por demandas governamentais destinadas ao ambicioso programa de rearmamento alemão. Seu portfólio original de automóveis e caminhões seria ampliando passando a empresa a produzir motores aeronáuticos, barcos, aeronaves e diversos componentes mecânicos, tendo a empresa fundamental participação no esforço de guerra alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Com o término do conflito as plantas industriais da empresa seriam reconstruídas (pois foram alvo de incessantes bombardeios nas últimas fases da guerra) em cooperação com os aliados, visando assim ajudar a prover a recuperação econômica do país. Nessa altura, a Daimler-Motoren-Gesellschaft e Rheinische Gasmotorenfabrik, Benz & Cie, eram as grandes rivais de uma da outra, porém esta movimentação alcançaria as duas montadoras, levando em 1924 a assinatura de um acordo de cooperação mútua, com esta iniciativa baseada em um compromisso mútuo para que esta união entre as duas empresas perpetuasse até o ano 2000.
Mesmo assim, as duas empresas continuaram a criar os seus próprios automóveis e as suas próprias marcas, porém em junho de 1926, estas duas empresas assumiriam uma identidade industrial e comercial única, nascendo assim a Daimler-Benz AG. A estrela de três pontas foi desenhada por Gottlieb Daimler, em que cada ponta representava o ar, a terra e o mar mostrando que os motores desenhados se adaptavam a estes três meios. Em meados da década de 1930 as vendas da empresa seriam fortemente impulsionadas por demandas governamentais destinadas ao ambicioso programa de rearmamento alemão. Seu portfólio original de automóveis e caminhões seria ampliando passando a empresa a produzir motores aeronáuticos, barcos, aeronaves e diversos componentes mecânicos, tendo a empresa fundamental participação no esforço de guerra alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Com o término do conflito as plantas industriais da empresa seriam reconstruídas (pois foram alvo de incessantes bombardeios nas últimas fases da guerra) em cooperação com os aliados, visando assim ajudar a prover a recuperação econômica do país. O processo de reconstrução do país demandaria um grande mercado de veículos utilitários de todos os portes, e a empresa vislumbrou neste cenário uma grande oportunidade de negócios na produção de caminhões de pequeno porte, passando a empresa a atuar fortemente neste segmento, fazendo uso de projeto desenvolvidos durante a década de 1930, que iriam obter grande sucesso não só na Alemanha, mas também na Europa. Em meados da década de 1950 a Mercedes Benz lançaria um novo produto desenvolvido especialmente para aquela realidade de mercado, nascendo assim o modelo MB L-319. Este novo caminhão de pequeno porte apresentava um desenho de cabine avançada, conceito este que possuía vantagens, pois esta configuração permitia um espaço maior para a carga, sem a necessidade de se modificar o comprimento total do chassi, nem a distância entre eixos. O êxito alcançado no mercado com este modelo denominado LP ou “Pulman” originaria uma família de caminhões com as versões LP-315, LP-321, LP-326, LP-329 e LP-331.
Paralelamente neste mesmo período a empresa alemã vislumbrava a oportunidade de uma expansão internacional, começando assim a estudar novos potenciais mercados, e entre estes o mercado sul-americano seria considerado como fundamental nesta estratégia. O Brasil seria definido como o ponto inicial deste processo planejando se o estabelecimento de uma linha de produção de caminhões e futuramente chassis para ônibus. Em 1951, ainda na gestão de Getúlio Vargas, incentivada por Alfred Jurzykowski, cidadão polonês distribuidor da marca no país, que anteriormente comercializava veículos importados sob a forma de CKD (Completely Knock-Down), a matriz alemã celebraria um convenio com o governo brasileiro para a fabricação local de caminhões e ônibus com motorização diesel. Dois anos depois, em outubro de 1953, com apenas 25% de capital alemão, foi fundada a Mercedes-Benz do Brasil S.A. e imediatamente iniciada a construção da sua fábrica, em São Bernardo do Campo (SP), à beira da via Anchieta. Enquanto erguia a planta industrial, a Mercedes desenvolvia o projeto de nacionalização de seus motores diesel. Em breve, em conjunto com a Sofunge, geraria um fato histórico: em dezembro de 1955, na presença de Juscelino Kubitschek, ainda não empossado presidente, realizou a fundição dos primeiros blocos de motor da América Latina. No início do ano seguinte procedeu à usinagem dos primeiros blocos, dando início a uma história que mudaria os rumos da matriz energética dos transportes no Brasil, provocando a adoção crescente do motor diesel como padrão, em um país até então dominado pelo modelo norte-americano de uso generalizado da gasolina como combustível automotivo. A planta de São Bernardo foi inaugurada em 28 de setembro de 1956, tendo como diretor técnico Ludwig Winkler, que operava a linha de montagem do Rio de Janeiro e, anos depois, aqui fabricaria os chassis da concorrente Magirus. Prenunciando o tempo novo que alcançava a economia brasileira, o Presidente da República, presente à inauguração, iniciou seu discurso com as palavras: “O Brasil acordou! “. Depois, durante a festa, circulou pela fábrica a bordo do primeiro caminhão diesel de médio porte fabricado no país: o modelo L-312, para 6 t de carga útil, equipado com motor nacional de seis cilindros, 4.580 cm3 e 110 cv, caixa de cinco marchas e freios hidráulicos com assistência pneumática. Dotado de cabine metálica recuada, foi o único modelo deste tipo até hoje produzido pela empresa no país.

O caminhão seria apresentado em três versões (seguindo a nomenclatura vigente na Alemanha, que vigoraria por quatro décadas), todos com 3,20 m de distância entre eixos: o modelo básico L (de Lastwagen, simplesmente caminhão, em alemão), o basculante LK (de Kipper) e o cavalo-mecânico LS (de Sattelschlepper, ou reboque), os dois últimos com balanço traseiro reduzido. Também havia duas opções para encarroçamento: uma versão sem cabine, apenas com capô e para-lamas, que foi a principal matriz de fabricação das lotações. Em 1960, a marca participou da primeira edição do Salão do Automóvel. Um ano depois, deu-se início às exportações para o mercado latino-americano, com a venda de 550 unidades do ônibus O-321 para a Argentina. A exemplo da matriz os caminhões da família LP-315, LP-321, LP-326, LP-329 e LP-331, que também passariam a ser produzidas pela subsidiaria brasileira a partir de 1957, com aplicações diversas, desde o transporte de carga, combustível, cisterna até versões dotadas de caçambas basculantes. A simplicidade mecânica da família LP 321 com seu motor OM 321, de 6 cilindros em linha que desenvolvia 120 cv a 3.000 rpm. Esse motor possuía um sistema de combustão de antecâmara em fluxo contínuo que permite o aproveitamento total do combustível. O regime térmico mais baixo e a refrigeração do óleo do cárter eram as tecnologias que asseguravam maior vida útil desse motor. Fazia parte do trem de força a transmissão de 5 velocidades, manual e todas sincronizadas. Este conjunto mecânico resultava ainda em um baixo consumo de combustível, outro fator determinante que gerava uma grande vantagem sobre os principais concorrentes neste período, era sua maior capacidade de carga útil do modelo permitia as empresas utilizar uma frota menor para transportar o mesmo volume de mercadorias. Esta performance superior apresentada o tornaram um grande sucesso no país atingindo a marca recorde de vendas de 34.142 unidades no período de 1958 a 1970. Outro diferencial deste projeto identificado pelo mercado estava baseado na distância entre seus eixos era de 4,6 metros, o que lhe permitia uma distribuição uniforme do peso em toda a carroceria. A Mercedes Benz oferecia uma caçamba com 6,5 metros de comprimento, porém cada cliente poderia montá-la de acordo com suas necessidades, esta alternativa de customização fácil catapultou ainda mais as vendas desta linha de modelos no país.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Durante a Segunda Guerra Mundial o Exército Brasileiro vivenciou uma experiência única em termos de capacidade de mobilização de suas tropas e cargas, este processo foi proporcionado pela adesão do país ao esforço de guerra aliado em 1942, passando as forças armadas brasileiras a receber até fins de 1945, mais de cinco mil caminhões militares das séries GMC CCKW, Corbitt, Diamond e Studebaker US6G, fornecidos nos termos programa Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). No entanto em fins da década seguinte esta operacionalidade estaria comprometida não só pelo desgaste natural da frota, mas principalmente na problemática encontrada no processo de importação e aquisição de peças de reposição fundamentais (muito em função destes modelos terem sua produção descontinuada em seu país de origem há mais de 10 anos). Este cenário causava extrema preocupação ao comando do Exército Brasileiros, pois afetava perigosamente sua capacidade operacional, gerando assim a necessidade em curto prazo de soluções que pudessem atender a esta demanda. Em termos básicos a solução mais eficaz passava pela aquisição de um número similar de veículos de transporte com tração 4X4 e 6X6, sendo mais indicados os caminhões da família REO M34 e M35. Porém o investimento necessário para uma aquisição deste porte se pautava completamente fora da realidade orçamentaria do Exército Brasileiro naquele período. Estudos mais realistas apontavam para três soluções complementares, sendo a primeira pautada na aquisição de um pequeno número de caminhões militares modernos REO M34, a segunda envolvia estudos referentes a possível repotencialização dos caminhões GMC Série CCKW e Studebaker US6G e a terceira focava a adoção de caminhes comerciais militarizados para o cumprimento de missões secundarias. A combinação destas três alternativas poderia devolver ao Exército Brasileiro sua operacionalidade fundamental, infelizmente os estudos referentes a repontencialização dos caminhões GMC e Studebaker não seriam recomendados, devidos a aspectos de alto custo de implantação e inexistência de nível técnico adequado (muito em função de nunca ter de ser realizado no país um programa de modernização desta magnitude).
O cancelamento do processo de repotenciaização dos caminhões GMC e Studebaker levaria a necessidade de ampliação das intenções na aquisição de caminhões comerciais militarizados, pois em teoria estes veículos poderiam complementar a maior parte da frota de caminhões militares do Exército Brasileiro que era composta por veículos com tração 6X6 para uso em ambientes fora de estrada. Este processo de daria pela introdução em larga escala destes novos caminhões militarizados em missões secundárias, permitindo assim liberar uma parcela considerável da frota original para o emprego no ambiente fora de estrada. Este conceito já era empregado desde a década de 1930 quando caminhões de pequeno porte como os Chevrolet 112 Tigre e Chevrolet 137 Comercial e posteriormente o Chevrolet Gigante 937 e Opel Blitz II foram operados pelo Exército Brasileiro neste perfil de trabalho. Buscando fomentar a jovem indústria automotiva nacional o Ministério do Exército optou pela adoção inicial de veículos produzidos pela Fábrica Nacional de Motores - FNM, que mantinha em produção dois modelos de caminhões médios o FNM D-9500 e o FNM D-11000, com este último apresentando uma robustez estrutural que poderia atender em teoria aos parâmetros exigidos para o processo de militarização. Os resultados operacionais desta decisão se mostrariam positivos, pavimentando assim o caminho para que mais veículos desta categoria fossem adquiridos pelas Forças Armadas Brasileiras. Atentos a esta oportunidade a diretoria da montadora alemã passaria a negociar seus produtos junto ao governo brasileiro, neste contexto seu principal argumento estava baseado no domínio total da tecnologia dos motores a diesel, gerando assim sensíveis reduções de custo quanto a consumo e manutenção.
Estes esforços de negociação resultariam em 1959, na assinatura do primeiro contrato de aquisição junto ao Ministério do Exército, tornado a Mercedes Benz do Brasil o mais novo fornecedor de caminhões da força terrestre. Este primeiro acordo previa a compra de 380 unidades do modelo MB LP-321/331 com tração 4X2, este contrato tinha como objetivo racionalizar a necessidade de aquisição de caminhões militares “puros” com tração 6X6 (como os novos REO M34 recebidos no ano anterior). Os primeiros veículos desta família passaram a ser entregues as unidades operativas do Exército Brasileiro a partir de maio de 1960. A versão militarizada do caminhão Mercedes Benz LP-321, pouco diferia visualmente da versão comercial, as alterações incluíam a instalação de para-choques reforçados, guincho mecânico na frente e atrás com capacidade de tração de pequenas cargas, grades proteção de lentes para os faróis e lanternas, gancho para reboque e carroceria de aço com sistema de coberta de lona no padrão militar com desenho similar aos GMC CCKW 353/353. O emprego operacional em atividades secundárias de transporte de carga e tropas gerariam excelentes resultados, muito destes baseados na confiabilidade do conjunto mecânico bem como na robustez do veículo. Esta experiência positiva abriria as portas para formalização de mais um contrato de produção que seria celebrado em 1961. Esta nova encomenda envolvia caminhões dispostos em carrocerias especializadas destinadas ao transporte de animais, cisterna de água potável, tanque de combustível, socorro, munk e furgão.

Logo em seguida novos contratos seriam firmados não só pelo Exército Brasileiro, mas também pela Força Aérea Brasileira e Marinha do Brasil, envolvendo os primeiros caminhões com tração 6X2, incluindo uma versão de veículo misto para transporte e de cargas pesadas tipo munk , sendo equipado com um guindaste articulado com capacidade para erguer até 15 toneladas, sendo o primeiro caminhão nacional deste tipo especializado a ser adquirido pelas Forças Armadas Brasileiras. Os últimos veículos pertencentes a estes contratos de produção seriam entregues as três forças em fins do ano de 1964. Todas as versões destes caminhões Mercedes Benz MB LP-321 foram entregues na configuração de chassis com 5,5 metros de comprimento, 1,80 metro de largura e 2,60 metros de altura. Apesar da família Mercedes Benz LP 321/331 ser oferecida ao mercado civil com diversas opções de motorização, em função de padronização todos os caminhões adquiridos pelo Exército Brasileiro estavam equipados com o motor nacional a diesel Mercedes Benz OM-321 com seis cilindros em linha capaz de desenvolver 110 cv a 2.800 rpm. A única exceção foram os poucos veículos pesados do modelo LP-331 S, com potência elevada para 180 cv, tornando-o o mais potente caminhão brasileiro em uso no Exército Brasileiro naquele periodo. Curiosamente apesar de não contarem com tração nas quatro rodas, os caminhões MB LP-321 quando operados esporadicamente em ambiente fora de estrada, apresentaram desempenho aceitável

Em Escala.
Para representarmos o Mercedes Benz LP-331 na versão de transporte com guincho do tipo munk “EB51-128”, fizemos uso do modelo em die cast produzido pela Axio para a Editora Altaya, na escala 1/43. Para compormos o veículo empregado pelo Exército Brasileiro, desmontamos todo o veículo retirando o baú de carga, substituindo por uma carroceria confeccionada em scratch, como o sistema de guincho tipo Munk. Já na parte frontal do veículo aumentamos a distância entre o para choque e a cabine para a inclusão das grades proteção de lentes para os faróis e gancho mecânico de reboque. Fizemos a aplicação de decais confeccionados pela decais Eletric Products pertencentes ao set "Exército Brasileiro 1942/1982".
Bibliografia :
- Caminhões Brasileiros de Outros Tempos – MB LP-321/331 , Editora Altaya
- História da Mercedes Benz do Brasil -https://www.forummercedes.com.br/
- Veículos Militares Brasileiros – Roberto Pereira de Andrade e José S Fernandes
- Manual Técnico – Exército Brasileiro 1976