A trajetória desta notável montadora, teve início há mais de um século, na Alemanha, e traduz o primeiro capítulo da motorização veicular no mundo. Os protagonistas Gottlieb Daimler e Carl Benz construíram paralelamente os primeiros automóveis motorizados do mundo. O pioneirismo desses homens fez com que colecionassem outras conquistas como a construção do primeiro ônibus, do primeiro caminhão com motor a gasolina e do primeiro caminhão a diesel do mundo. Em Junho de 1926, as duas fábricas mais antigas de motores a DMG e a Benz & Cie, juntaram-se e fundaram a Daimler Benz AG. Uma nova marca nascia, na qual estava incorporada a estrela de três pontas. Durante a Segunda Guerra Mundial a empresa teria grande destaque no esforço de guerra alemão, produzindo desde automóveis, caminhões, até barcos, aeronaves e motores aeronáuticos. Com o término do conflito as plantas industriais da empresa seriam reconstruídas (pois foram alvo de incessantes bombardeios nas ultimas fases da guerra) em cooperação com os aliados, visando assim ajudar a prover a recuperação econômica do país. O processo de reconstrução do país demandaria um grande mercado de veículos utilitários de todos os portes, e a empresa vislumbrou neste cenário uma grande oportunidade de negócios na produção de caminhões de pequeno porte, passando a empresa a atuar fortemente neste segmento, fazendo uso de projeto desenvolvidos durante a década de 1930. Em meados da década de 1950 a Mercedes Benz lançaria um novo produto desenvolvido especialmente para aquela realidade de mercado, nascendo assim o modelo MB L-319. Este novo caminhão de pequeno porte apresentava um desenho de cabine avançada, conceito este que possuía vantagens, pois esta configuração permitia um espaço maior para a carga, sem a necessidade de se modificar o comprimento total do chassi, nem a distância entre eixos. O êxito alcançado no mercado com este modelo denominado LP ou Pulman originaria uma família de caminhões com as versões LP-315, LP-321, LP-326, LP-329 e LP-331.
Paralelamente neste mesmo período a empresa alemã vislumbrava a oportunidade de uma expansão internacional, começando assim a estudar novos potenciais mercados, e entre estes o mercado sul americano seria considerado como fundamental nesta estratégia. O Brasil seria definido como o ponto inicial deste processo planejando se o estabelecimento de uma linha de produção de caminhões e futuramente chassis para ônibus. Dois anos depois, em outubro de 1953, com apenas 25% de capital alemão, foi fundada a Mercedes-Benz do Brasil S.A. e imediatamente iniciada a construção da sua fábrica, em São Bernardo do Campo (SP), à beira da via Anchieta. A planta de São Bernardo foi inaugurada em 28 de setembro de 1956, sendo produzido o caminhão médio MB L-312, vulgo “Torpedo”, considerado o primeiro veículo comercial a diesel brasileiro. Logo em seguida na Alemanha a montadora apresentava ao mercado o lançamento da linha MB L-1111, que trazia como novidade o projeto de cabine semiavançada com um novo design visual contemplando faróis redondos. A produção do L-1111 teve início no Brasil em 1964, tendo importante contribuição no esforço de construção da imagem da Mercedes-Benz no país, se tornando um grande sucesso de vendas, acumulando uma venda de 39.000 unidades em seis anos de produção. A evolução natural levaria ao modelo L-1113 que vinha equipado com o novo motor diesel Mercedes Benz OM-352LA com injeção direta de 5,6 litros de cubagem, 6 cilindros em linha com potência de 130 cv. Este sistema (com o combustível sendo injetado diretamente na câmara de combustível) proporcionava um consumo bastante moderado, sendo este um diferencial competitivo no mercado civil, pois apresentava ainda mais vantagens perante os concorrentes como boa acessibilidade aos componentes mecânicos sob o capo. Estas inovações garantiram a Mercedes Bens no Brasil um ganho significativo de mercado no Brasil, porém no final da primeira metade da década de 1980 mostrava a necessidade de modernizar este projeto, tendo em vista as expectativas de lançamentos da concorrência para este segmento.
Definidos os parâmetros do projeto a equipe da Mercedes-Benz, apresentou o projeto final em 1986 com sua entrada em produção sendo iniciada logo após a empresa descontinuar toda a linha MB L-1113, MB LA-1314 e MB LA-1317 e MB AGL Cara-Preta em fins de 1987. O principal destaque desta nova linha de caminhões pequenos e médios era o Mercedes-Benz MB LAK-1418 que foi o primeiro representante de tração total da gama HPN da Mercedes-Benz, e a propulsão do caminhão estava a cargo do motor OM-366 A de 5,86 litros e 184 cv, ligado a uma transmissão MB G-3/60-5/7,5 de cinco marchas, ou como opção uma G-3/55-5/8,5, de seis marchas e redução total de 8,47:1. A caixa de transferência de duas velocidades proporcionava 64% a mais de torque na marcha reduzida. O Mercedes-Benz MB LAK-1418/51 da foto pesava 5.260 kg em ordem de marcha e podia lidar com 8.240 kg de carga útil, incluindo o implemento e assim resultando num PBT de 13.500 kg. Em julho de 1989, como previsto, chegaram os médios e médio-pesados, com novos motores e cabines (chassis, eixos e transmissões permaneceram os mesmos). Embora a concorrência viesse caminhando para modelos com cabine basculante sobre o motor (Ford Cargo e caminhões VW, na mesma categoria), a Mercedes-Benz mantinha as cabines semi-avançadas (agora com capô e pra lamas em peça única, basculando para frente), ainda um desejo do mercado interno e de muitos países em desenvolvimento para onde exportava.

Assim, foi decidido que os novos caminhões seriam inicialmente fabricados somente no Brasil, para distribuição para o resto do mundo, exceto Europa e Estados Unidos. A maior parte dos modelos ganhou maior potência, torque e capacidade de carga, sendo quase todos renomeados; alguns exemplos: MB L-1114, MB L-1118, MB L-1314, MB L-1514, MB L-1518, respectivamente mudados para o MB L-1214, MB L-1218, MB L-1414, MB L-1614, MB L-1618, com motores de 136cv e 184 cv. Em maio de 1990, seguindo as mesmas diretrizes, foi renovada a linha dos pesados, na faixa de 35 a 45 t de PBTC – 1625, 1630, 1935, 1941 e 2325, nas versões L, LK, LB ou LS. Com eles, foi introduzida a série 400 de motores, de 10 e 12 litros, com potências entre 252 e 408 cv. Em agosto de 1991 a Mercedes-Benz inaugurou seu Centro de Desenvolvimento Tecnológico junto à planta de São Bernardo do Campo; congregando 400 engenheiros, era o maior da marca fora da Alemanha e o único do país exclusivamente dedicado a veículos comerciais. Além do natural aprimoramento da linha de produtos, que incluía a oferta de freios ABS como opção em alguns modelos, a Mercedes procedeu a um importante lançamento naquele ano. Pressionada pela concorrência – e contradizendo seu próprio discurso em defesa das cabines recuadas – lançou na edição VII Transpo a linha média e semi-pesada com cabine sobre o motor, retornando a uma tradição abandonada mais de vinte anos antes. Primeira cabine basculante produzida pela empresa no país, também está era igual àquelas utilizadas pelos caminhões leves e pelos demais médios e pesados da marca.
Comercializada a partir do ano seguinte, a gama era composta de seis versões (1214, 1218, 1414, 1418, 1714 e 1718), além das quatro adaptadas para basculante. Com eles, pela primeira vez a Mercedes-Benz do Brasil deixava de utilizar na nomenclatura dos caminhões um prefixo que identificasse o conceito do veículo (pela tradição, no caso deveriam ser utilizadas as letras LP). A mecânica era a mesma dos modelos MB L e MB LK dos quais derivavam; eixos e suspensões dianteiras, no entanto, foram reforçados e os chassis encurtados entre 60 e 97 cm no entre-eixo, facilitando aplicações nos centros urbanos. Em um tempo em que a Mercedes reinava sozinha no segmento de 4×4, o LAK-1418 encontrou moradia nas Forças Armadas e nas Brigadas de Incêndio dos aeroportos no país, tendo recebidos contratos de exportação entre ele o de maior expressão celebrado junto ao Exército Chileno e Uruguaio.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras
No início da década de 1990 grande parte da frota de caminhões utilitários e militarizados em serviço no Exército Brasileiro estava composta por veículos produzidos pela Mercedes-Benz do Brasil, dispostos nas versões MB LA, LAK e LAS 1111, 1113, 1114, 1213, 2213 e outros, esta frota apesar de apresentar excelentes índices de disponibilidade já começava a apresentar sinais de cansaço devido ao largo tempo de uso. Assim vislumbrando uma oportunidade de mercado em um necessário futuro processo de renovação da frota, a montadora por possuir a tradição de ser o principal fornecedor nacional de veículos, não só do Exército Brasileiro, mas também da Marinha do Brasil e Força Aérea Brasileira, apresentou em 1991 a versão militarizada de seu novo caminhão comercial MB LAK-1418F. modelo este que foi o primeiro representante do sistema de tração total da gama HPN produzido pela Mercedes Benz no Brasil. A propulsão do veículo ficava a cargo do motor MB OM-366 A de 5,86 litros e 184 cv de potência, operando em conjunto com a transmissão MB G-3/60-5/7,5 de cinco velocidades, com opção também da caixa de mudanças modelo G-3/55-5/8,5, de seis marchas e redução total de 8,47:1. Ainda dispunha de caixa de transferência de duas velocidades proporcionava 64% a mais de torque na marcha reduzida. O LAK-1418/51 da foto pesava 5.260 kg em ordem de marcha e podia lidar com 8.240 kg de carga útil, incluindo o implemento, resultando num PBT de 13.500 kg. Estas características técnicas proporcionavam ao modelo desempenho muito superior aos antigos modelos produzidos pela montadora em uso nas Forças Armadas Brasileiras até então.
Apesar de visualmente o modelo militarizado ser mais similar a linha comercial, o novo Mercedes-Benz LAK 1418 teve seu projeto de carroceria militar desenvolvido pela empresa carioca SCL Montagens Navais e Engenharia Ltda. Esta era responsável pela instalação de para-choques reforçados, guincho mecânico na frente e atrás, grades proteção de lentes para os faróis e lanternas o gancho para reboque e carroceria de aço coberta de lona. Estes novos caminhões apresentavam tração 4X4, com suspensão elevada e reforçada, pneus especiais e dispunha ainda debloqueio nos 2 diferenciais, o que o tornava praticamente impossível esse modelo ficar atolado num brejo. Estas modificações tornavam o caminhão adequado a operação para qualquer terreno, buscando assim atender as demandas militares. Em meados do ano de 1992 a montadora disponibilizou as três Forças Armadas Brasileiras, os primeiros protótipos a fim de serem submetidos a um exaustivo programa de ensaios e testes de campo. Este processo resultaria no pleito por parte dos interessados de modificações e melhorias básicas no projeto e após a implementação das mesmas o veículo foi homologado por cada organização militar, gerando assim os contratos de produção em larga escala para o Exército Brasileiro e lotes menores para a Força Aérea Brasileira e Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN), sendo todos os veículos configurados na versão básica para transporte de tropas e cargas.

Os caminhões Mercedes Benz LAK 1418 4X4 tiveram intenso emprego durante a operação MINUSTAH no Haiti, entre as principais características que lastreiam o engajamento do Brasil, destacam-se o exercício ininterrupto do comando brasileiro da missão, fato sem precedentes em outras operações de manutenção da paz da ONU (Organização das Nações Unidas); o maior desdobramento de tropas nacionais desde a Segunda Guerra Mundial; a participação mais longa do Brasil em seu histórico de contribuição para operações de manutenção da paz. O contingente militar brasileiro dividiu-se em três unidades militares: um Batalhão de Infantaria (Brabat), um grupamento operativo de fuzileiros navais (Bramar) e uma companhia de engenharia militar (Braengcoy). Ao longo de treze anos, 26 contingentes e 37,5 mil soldados brasileiros passaram pelo Haiti. E para garantir o apoio logístico, tanto o Exército Brasileiro, quanto o Corpo de Fuzileiros Navais enviaram dezenas caminhões MB LAK 1418 4X4 que se mantiveram em operação portando as cores da ONU durante todo o período da operação. Em 2002 a frota de MB LAK 1418 4X4 completou 10 anos de operação na força terrestre, e visando eliminar a crescente elevação de custos de manutenção em decorrente do envelhecimento natural da frota o comando do Exército Brasileiro iniciou estudos visando um programa de substituição a médio prazo evitando assim que a maior parte da frota atingisse 20 anos. O substituto natural seria o Mercedes-Benz 1720A-2, porém desta vez a empresa passaria a dividir este reservado mercado com os novos Volkswagen Man Worker, quebrando assim uma homogenia de mais de cinquenta anos da Mercedes-Benz do Brasil no fornecimento em massa de caminhões militares para o Exército Brasileiro.
No entanto, pelo menos 120 caminhões em melhor estado de conservação, foram selecionados para serem submetidos ao "Projeto de Reoperacionalização de viatura MBB LAK 1418", que foi conduzido a partir de 2010 pelo Exército Brasileiro. Este programa abrangia a revitalização do motor MB OM-366A, caixa de câmbio MB G-3/60-5/7,5 e sistema elétrico, visando um aumento da vida útil das viaturas em pelo menos 15 anos, além da economia de recursos financeiros a serem aplicados em longo prazo. Já uma pequena frota de caminhões desta família customizados como bombeiros, permanece em uso pela Força Aérea Brasileira, operando em diversas bases áreas espalhadas pelo país. Em 2015 vinte unidades usadas do modelo foram doados ao Exército do Paraguai, através de uma cooperação que os dois países firmaram. Em 2016 mais três caminhões recuperados foram doados ao Batalhão de Choque - BP, da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul.

Em Escala.
Para representarmos o Mercedes-Benz LAK 1418 4X4 “Oficina de Reparos Gerais”, fizemos uso do modelo em die cast produzido pela Axio para a Editora Altaya (coleção Caminhões de Outros Tempos) na escala 1/43. Como o modelo original representa o MB L-1614 civil, tivemos de proceder uma série de alterações em scrath para se representar a versão militarizada. A primeira etapa se baseou na redução do chassi, alteração do baú de carga, configurando o interior com bancadas de oficina e caixas de ferramentas. Procedemos ainda a inclusão de portas e janelas laterais, escada de acesso, toldos retrateis nos dois lados e holofote. Por fim fizemos a aplicação de decais confeccionados pela decais Eletric Products pertencentes ao set “Exército Brasileiro 1983 - 2010".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura do Exército Brasileiro em todos seus veículos auxiliares de serviço como cisterna, frigorifico, guincho e oficina, existiram, no entanto, algumas unidades com a camuflagem tática.
Bibliografia :
- Caminhões Brasileiros de Outros Tempos – MB 1418 , editora Altaya
- Mercedes-Benz LAK 1418 4×4 - http://www.planobrazil.com
- Mercedes-Benz www.lexicarbrasil.com.br/mercedes-benz/