História e Desenvolvimento.
A trajetória da Agrale S/A, uma das mais emblemáticas empresas do setor automotivo brasileiro, teve início em outubro de 1965, quando Francisco Stedile, fundador e proprietário da Fras-le S/A, indústria de lonas de freio, adquiriu o controle acionário da Agrisa Ltda. Sediada em Sapucaia do Sul, Rio Grande do Sul, a Agrisa, tradicional fabricante de motocultivadores mecânicos, enfrentava graves dificuldades financeiras que a levaram à insolvência. Com visão empreendedora, Stedile enxergou na aquisição uma oportunidade de diversificar seus negócios e fortalecer a presença de sua empresa no setor industrial. Em novembro do mesmo ano, a linha de produção da Agrisa foi transferida para Caxias do Sul, também no Rio Grande do Sul, onde estava sediado o Grupo Stedile, marcando os primeiros passos de uma história de inovação e sucesso que consolidaria a Agrale como o único fabricante de caminhões, tratores e motores com capital 100% nacional. Os motocultivadores, principal produto herdado da Agrisa, permaneceram como carro-chefe da Agrale por muitos anos, com atualizações constantes que garantiram sua competitividade. A partir de 1967, a empresa passou a fabricar motores sob licença da alemã Motorenfabrik Hatz, reforçando sua expertise em engenharia e qualidade. Contudo, Francisco Stedile, movido por um espírito visionário, buscou desde cedo diversificar o portfólio da Agrale, aproveitando a capacidade de sua linha de produção de motores. Essa ambição culminou no lançamento, durante o VI Salão do Automóvel, em 1968, do microtrator T-415, com peso de 950 kg. Inteiramente desenvolvido pela Agrale, esse modelo marcou a entrada da empresa no segmento de tratores, no qual se tornaria líder de mercado, posição que mantém até hoje. O T-415 representou não apenas um avanço tecnológico, mas também a determinação de uma empresa jovem em conquistar espaço em um setor altamente competitivo. Em 1976, a Agrale já celebrava um marco significativo, com a produção de tratores alcançando a marca de 400 unidades mensais. No entanto, o mercado de máquinas e implementos agrícolas enfrentava uma instabilidade crônica, impulsionada por flutuações econômicas e mudanças nas demandas do setor rural. Consciente desses desafios, Stedile optou por diversificar ainda mais o portfólio da empresa, direcionando seus esforços para o desenvolvimento de um caminhão leve, uma iniciativa ousada que ampliaria a presença da Agrale no mercado automotivo. O primeiro protótipo de caminhão leve da Agrale, apresentado em 1976, foi uma demonstração de engenhosidade e adaptação. O modelo contava com rodado traseiro simples, motor Agrale-Hatz bicilíndrico diesel de 36 cavalos de potência, câmbio mecânico de quatro marchas derivado da Volkswagen Kombi, freios a disco na dianteira e a tambor na traseira, e uma cabine espartana, porém cuidadosamente projetada, fabricada em chapa de aço plana soldada. Com capacidade de carga de uma tonelada, o veículo combinava a agilidade de uma picape com a resistência de um caminhão, oferecendo uma solução prática para pequenos transportadores e produtores rurais. Essa inovação destacou a capacidade da Agrale de criar produtos que atendiam às necessidades específicas do mercado brasileiro.
Em 1981, em meio a uma queda acentuada na produção de tratores no Brasil, a Agrale apresentou o terceiro e último protótipo de seu caminhão leve, que trouxe avanços significativos. A nova cabine, ainda metálica, foi redesenhada para maior funcionalidade, e a capacidade de carga foi ampliada para 1.100 kg. O modelo incorporava um eixo traseiro Albarus e uma caixa de câmbio mecânica fabricada pela Clark Equipamentos S/A, substituindo o conjunto anterior da Volkswagen do Brasil. Batizado como Agrale TX 1100, esse veículo foi pioneiro ao introduzir no mercado brasileiro a configuração de cabine avançada em um caminhão leve, oferecendo ergonomia e visibilidade superiores para o motorista. O lançamento oficial do Agrale TX 1100 ocorreu em janeiro de 1982, marcando um momento histórico para a empresa e para a indústria automotiva brasileira. Com um plano comercial ambicioso, a Agrale projetava a venda de pelo menos 500 unidades no primeiro ano, apostando na robustez, economia e versatilidade do modelo para conquistar transportadores autônomos, pequenas empresas e produtores rurais. O TX 1100 não apenas atendia às expectativas, mas também consolidava a reputação da Agrale como uma empresa capaz de inovar em um mercado dominado por grandes montadoras multinacionais. O modelo trazia uma cabine em plástico reforçado com fibra de vidro de linhas agradáveis, fornecida pela Hidroplás S/A, apresentando um estilo totalmente distante das superfícies planas e cantos vivos mostrados nos protótipos anteriores. Apesar das otimistas previsões de vendas, o pequeno caminhão teria um nível de aceitação limitado, devido principalmente a pequena potência do motor, seu baixo torque e baixas velocidades obtidas. Em resposta a esta demanda, a montadora passaria a oferecer dois novos modelos o TX 1200 e TX 1600 com capacidade de transporte de respectivamente para 1,2 e 1,6 toneladas. O primeiro estaria equipado com um motor General Motors a álcool de quatro cilindros, 2,5 litros e 90 cv de potência, equipado com uma caixa mecânica com quatro marchas. Já o segundo passaria a ser equipado com um motor a diesel MWM de três cilindros com 63 cv de potência. Em conjunto com estes novos modelos também seria lançado também uma versão furgão integral, que receberia o nome comercial de Furgovan, representando uma excelente solução para entregas urbanas, inédita no Brasil. Todos estes novos modelos chegariam as concessionarias com uma nova grade dianteira, na cor preta, diferenciando-os do “irmão” menor TX 1100. Seu desempenho em vendas apresentaria nos primeiros meses tendencias superiores ao TX 1100, que sua vez em junho de 1984, teria sua produção suspensa após a montagem de trezentos e cinquenta caminhões, com esta decisão sendo influenciada razões fiscais, pois as políticas vigentes oneravam desproporcionalmente veículos diesel com menor capacidade de carga. A linha 1986 seria lançada com uma cabine totalmente nova em termos de desing, sendo também moldada em plástico e fibra pela Hidroplas S/A, com 15 cm a mais na largura, capacidade para três lugares, área envidraçada 32% maior, ventilação e isolamento termoacústico melhorados. Esta nova cabine vinha resolver algumas das deficiências apontadas pelos usuários no modelo anterior, tais como espaço reduzido e ruído e aquecimento interno excessivos.

A propulsão era garantida por um motor Chevrolet 151 de quatro cilindros e 2.470 cm3, igual ao da linha Opala oferecido em versões a álcool de 88 cv e gasolina de 85 cv. O modelo estava equipado com a transmissão Clark 240v, de cinco velocidades e redução total de 6,33:1, que, de certo modo compensava a falta da reduzida na caixa de transferência. Este conjunto lhe proporcionava uma capacidade de subida de rampa de até 60º, atingindo velocidade máxima de 116 km/h na versão a álcool, com consumo médio em estrada de até 5,2 km/litro de álcool. O utilitário que pesava cerca de 1.500 kg, podia acomodar 500 kg de carga útil sobre os pneus 7-50x16, com comprimento de 3.590 mm de comprimento, tornando assim o jipe Engesa 4 mais curto que o Fiat Uno. Um pacote de aprimoramentos seria implementado em 1988, de modo a tornar seu modo de condução 4X4 mais confortável e econômico, com principal destaque para o aumento entre eixos do balanço traseiro em 100 mm, permitindo portas maiores e espaço adicional para a bagagem. Também neste processo seu para-brisa seria ampliado e a tampa traseira e o painel foram redesenhados, sua caixa de transferência seria redesenhada, se tornando mais silenciosa. Para melhor desempenho global a transmissão foi encurtada e o diferencial foi alongado. Porém no início da década de 1990, a Engesa S/A passaria a sofrer com sérios problemas de ordem financeira, sendo este cenário provocado em face de altos investimentos com recursos próprios para o desenvolvimento do blindado EE-T1 Osório, que infelizmente não logrou êxito em vendas. Este cenário seria profundamente agravado por um processo de inadimplência, na ordem de US$ 200 milhões de dólares, junto ao governo iraquiano. A somatória destes fatores culminariam na falência da empresa no início da década de 1990 levando ao encerramento de suas atividades. Parecia o fim do jipe militar brasileiro, mas felizmente este promissor projeto denominado como " Modelo 4" seria retomado em fins da década d 1990 por um grupo de ex-funcionários da Engesa S/A que detinham os direitos intelectuais, sobre veiculo. Inicialmente objetivava-se produzir este modelo junto a Columbus Comercial Importadora e Exportadora Ltda, uma empresa fundada especificadamente para prover a manutenção de blindados e caminhões da marca Engesa que ainda se encontravam em uso nas Forças Armadas Brasileiras. No entanto neste momento esta nova empresa ainda se encontrava em fase de estruturação, e não dispunha das mínimas condições básicas para um projeto desta amplitude técnica. Apesar deste entrave inicial, esta ideia seria apresentada ao Exército Brasileiro, que demonstraria grande interesse no projeto, com conversações resultando em uma parceria entre este grupo de engenheiros, o Exército Brasileiro e a empresa Ceppe Equipamentos Ltda.

Os primeiros três protótipos seriam construídos quase que artesanalmente nas instalações do Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP), em Barueri – São Paulo, sendo apresentados oficialmente em fevereiro de 2001. Durante quatro meses, estes três protótipos seriam exaustivamente avaliados em um programa de testes de campo, visando a sua homologação pelo Exército Brasileiro, recebendo ao fim desta, sua aprovação para produção em série e futura implementação. Os excelentes resultados aferidos, motivariam o Ministério da Defesa a programar a aquisição de uma grande quantidade destes utilitários para o reequipamento da frota das três Forças Armadas. Porém o atendimento a esta possível demanda esbarrava na capacidade econômica e financeira tanto da Ceppe Equipamentos Ltda, quanto da Columbus Comercial Importadora e Exportadora Ltda, que não tinham as capacidades exigidas para uma demanda desta monta, levando assim a busca por um novo parceiro industrial. Neste cenário se destacava a Agrale S/A, esta montadora lograria êxito em absorver o know how para a produção em larga escala de veículos robustos, com esta transferência de tecnologia sendo proporcionada a partir de 1988 através de um acordo da empresa com a montadora norte-americana Navistar Corporation para a montagem de caminhões médios e pesados da marca International nas suas instalações. Negociações seriam estabelecidas, com a Agrale S/A, passando a assumir posição de investidor no projeto, realizando um aporte de R$ 11.000.000,00, adquirindo então desta maneira, os direitos do projeto, ficando assim responsável por sua produção em série. Este projeto receberia o nome de batismo de Marruá, que significa em tupi guarani “novilho selvagem” , sendo apresentada oficialmente em 2003 durante a edição da Feira Internacional de Defesa e Segurança (LAAD) no Rio de Janeiro. Neste evento o utilitário despertaria a interesse de outras nações, resultando nos primeiros entendimentos para sua comercialização. No ano seguinte seria lançada a primeira versão civil, que se diferenciava da versão militar por contar com sistema elétrico de 12 volts e apresentar para-brisas dianteiro fixo, ademais todas as demais características da versão militar foram mantidas. Neste primeiro momento mais de cem veículos seriam imediatamente comercializados, superando as expectativas iniciais.
Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Por muitas décadas, a frota de utilitários com tração integral 4x4 do Exército Brasileiro foi sustentada por uma ampla gama de jipes, incluindo os modelos Ford GPA e Willys MB, importados dos Estados Unidos na década de 1940, e suas versões produzidas nacionalmente pela Willys-Overland do Brasil S/A e pela Ford do Brasil S/A entre 1954 e 1983. Esses veículos, verdadeiros ícones de resistência e versatilidade, desempenharam papéis essenciais em diversas missões, como ligação entre unidades, transporte leve, evacuação de feridos, reconhecimento, comunicação via rádio e apoio anticarro. Contudo, o desgaste natural e o envelhecimento inevitável dessa frota desafiaram a prontidão operacional do Exército, levando o comando militar a buscar soluções para renovar seus meios ao longo dos anos. Inicialmente, medidas paliativas foram adotadas, incluindo a aquisição de modelos como o Engesa EE-34, Toyota Bandeirante, JPX A3 Montez e Land Rover Defender. Essas viaturas atenderam à necessidade urgente de renovação, garantindo a continuidade das operações em diferentes cenários. No entanto, a diversidade de modelos trouxe um desafio logístico: cada veículo demandava linhas específicas de peças de reposição, elevando os custos operacionais e dificultando a manutenção. Diante desse cenário, tornou-se evidente a necessidade de estudar alternativas para a padronização da frota, um passo crucial para otimizar recursos e assegurar a eficiência das Forças Armadas. A resposta a essa demanda veio com o investimento do Ministério da Defesa Brasileiro na revitalização do projeto do Engesa EE-4, um jipe militar desenvolvido na década de 1980 pela Engesa S/A. Renovado por meio de uma parceria estratégica entre o Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP) e a Ceppe Equipamentos Ltda, o projeto ganhou novo fôlego com a entrada da Agrale S/A como investidora principal. A expertise da Agrale, aliada à sua robusta infraestrutura industrial, garantiu as condições necessárias para a produção em série do veículo, que seria batizado como Agrale Marruá. Este modelo foi concebido para se tornar o padrão no segmento de Viatura Tática Leve (VTL) e Viatura de Transporte Não Especializada (VTNE), unificando as capacidades operacionais do Exército Brasileiro. O Agrale Marruá foi homologado pelo Exército após atender integralmente ao Requisito Técnico Básico (RTB) 063/94, que definia as especificações para uma viatura VTNE ½ ton 4x4. Projetado para o transporte de pessoal ou carga, o veículo era capaz de carregar 500 kg em qualquer terreno e rebocar um trailer militar com até 250 kg. Sua configuração básica permitia acomodar quatro militares com equipamento individual, mas sua plataforma versátil foi planejada para suportar armamentos como mísseis anticarro, canhão sem recuo de 106 mm, metralhadora leve 7,62 mm (tipo MAG) ou metralhadora .50 (tipo Browning), ampliando seu papel em missões táticas.
O Agrale Marruá foi projetado com foco na durabilidade, funcionalidade e adaptação às condições desafiadoras do Brasil. Sua carroceria, construída inteiramente em aço, contava com teto e portas em vinilona, janelas de enrolar, barra de proteção anticapotagem e para-brisa rebatível com vidro basculante regulável. O banco traseiro, projetado para passageiros, e a tampa traseira de abertura lateral facilitavam o acesso ao compartimento de carga, tornando o veículo prático para operações logísticas e táticas. As especificações técnicas do Marruá destacavam sua robustez e eficiência: Motorização: Equipado com um motor dianteiro MWM 4.07 TCA a diesel, de quatro cilindros em linha, 2,8 litros e 135 cavalos de potência, oferecendo desempenho confiável e economia de combustível. Transmissão: Câmbio manual Eaton FS 2305 com cinco marchas à frente e uma ré, acoplado a uma caixa de transferência de fabricação própria, garantindo tração 4x4 eficiente. Direção: Sistema TRW TAS-2 com acionamento hidráulico, proporcionando maior controle em terrenos irregulares. Suspensão: Composta por barras oscilantes longitudinais e transversais, molas helicoidais e amortecedores de dupla ação, tanto na dianteira quanto na traseira, assegurando estabilidade e conforto em condições adversas. Essas características fizeram do Marruá um veículo excepcionalmente adaptado às demandas do Exército Brasileiro, combinando a herança tecnológica do Engesa EE-4 com inovações modernas introduzidas pela Agrale. O primeiro contrato de produção seria celebrado no ano de 2005 entre o Ministério da Defesa e a montadora, previa a entrega de oito unidades do modelo Agrale Marruá AM2, destinados ao Exército Brasileiro. Estes primeiros veículos designados como VTNE ½ ton t 4×4 seriam entregues no dia 10 de abril de 2006, sendo alocados ao 3º Batalhão de Suprimentos (3º Bsup), na cidade de Nova Santa Rita no Rio Grande do Sul. Após serem aceitos para operação, seriam distribuídas as unidades de Grupo de Exploradores dos Pelotões de Cavalaria e Pelotões de Explorador. Seus excelentes resultados em campo, renderiam a montadora um novo contrato, agora envolvendo cinquenta e sete carros, que passariam a ser entregues ao longo do ano de 2007. O emprego operacional do jipe Agrale Marruá AM2 (VTNE ½ ton 4×4), despertaria o interesse da Marinha do Brasil, que tinha por intermédio do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) a necessidade na substituição das versões mais antigas dos utilitários Toyota Bandeirante militarizados. Assim no início do ano seguinte, seria homologada a versão AM2-MB 4X4, especificadamente customizada para o emprego junto ao Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), apresentando características únicas, em destaque a aplicação de uma pintura especial que garante maior resistência à corrosão causada pelo mar e pneus especiais para uso em terreno arenoso. O primeiro lote contratado de vinte e nove carros, seria entregue em agosto de 2008, sendo seguidos pois mais contratos de produção, o que permitiria um maior nível de renovação da frota, possibilitando assim a desativação de muitos utilitários dos modelos Toyota Bandeirante e Land Rover Defender.

A partir de 2010, o Exército Brasileiro intensificou a incorporação das viaturas Agrale Marruá nas configurações Viatura de Transporte Não Especializada (VTNE) ½ ton 4x4 e Viatura Tática Leve (VTL) ½ ton 4x4, com contratos que ultrapassaram a marca de 200 veículos. Essa expansão marcou um avanço significativo na modernização da frota militar, reforçando a confiança nas capacidades do Marruá, um utilitário robusto, versátil e projetado para atender às exigências operacionais do Brasil. Em seguida, foi adotada a versão Marruá AM11, desenvolvida sobre um chassi longo e equipada com um reparo para metralhadora MAG 7,62 mm. Designada como Viatura Tática Leve de Reconhecimento (VTL Rec), essa variante tornou-se o principal veículo leve empregado pelos Pelotões de Cavalaria Mecanizada do Exército, destacando-se por sua agilidade e eficácia em missões de reconhecimento e patrulhamento. Em 2011, a Força Aérea Brasileira também abraçou o Marruá, adotando não apenas a versão básica AM2, mas também variantes especializadas de cabine dupla, configuradas como viaturas de socorro e combate a incêndios em suas bases aéreas. No mesmo ano, a Agrale S/A apresentou, na LAAD (Latin America Aerospace & Defence), a nova versão picape Marruá AM31 – VTNE 1,5 ton 4x4, projetada para atender às especificações militares com capacidade de carga de 1.500 kg e reboque de igual peso. Essa configuração ampliou o alcance da família Marruá, oferecendo uma solução robusta para transporte de carga e equipamentos em cenários variados, desde operações militares até aplicações logísticas. O Marruá AM31 compartilhava muitos componentes com as versões básicas, incluindo a suspensão de molas semi-elípticas com taxa variável, semelhante à da picape comercial Ford F-250, garantindo o mesmo desempenho off-road excepcional do jipe original. Sua plataforma versátil, combinada com manutenção simplificada e baixo custo operacional, tornou o Marruá uma escolha ideal para as Forças Armadas. Em 18 de novembro de 2013, a Portaria Nº 224-EME do Ministério da Defesa formalizou a adoção da VTNE 1½ ton 4x4, Categoria 2, Agrale Marruá AM31, consolidando sua posição como um pilar da motomecanização militar brasileira. A versatilidade da plataforma Marruá permitiu o desenvolvimento de novas versões especializadas, atendendo a uma ampla gama de necessidades operacionais. Entre elas, destacam-se: VTNE ¾ ton 4x4 – VCC (Viatura Porta-Shelter para Comando e Controle): Equipada para operações de coordenação e comunicação. VTNE ½ ton Amb UTI (Ambulância UTI de 14 m³): Configurada para evacuação médica com suporte avançado. AM21 GLO (Garantia da Lei e da Ordem): Adaptada para missões de pacificação e manutenção da ordem pública, com características específicas para ambientes urbanos, como os da cidade do Rio de Janeiro. Um dos focos centrais do projeto foi a incorporação de um kit básico de blindagem em aço balístico para a VTNE ¾ ton Agrale Marruá Cargo, projetado para oferecer proteção em operações em terrenos com características topográficas e urbanísticas desafiadoras, especialmente no Rio de Janeiro. Essa blindagem reforçou a segurança dos militares em missões de alto risco, demonstrando a capacidade da Agrale de responder às demandas específicas das Forças Armadas.
O portfólio do Marruá continuou a evoluir com o desenvolvimento de variantes ainda mais avançadas, incluindo: Marruá VTL REC RHD: Uma versão de reconhecimento com direção à direita, adaptada para operações específicas. Marruá VTNE 2½ ton AM41: Projetada para maior capacidade de carga, ampliando as opções logísticas. VTL Rec com Sistema de Visão Termal: Desenvolvida em parceria com a AEL Sistemas S/A, essa variante incorporou tecnologia de ponta para operações noturnas e em condições adversas. Marruá AM200 Cabine Dupla Nova Geração Blindada: Uma opção versátil para uso pelas Forças de Segurança, Polícias e até mesmo aplicações civis, combinando proteção balística com conforto e funcionalidade. O modelo de maior porte, o Agrale Marruá AM-41 VTNE 2 ½ , apresentava capacidade total para transporte de 2.500 kg e reboque de 2.500kg, sendo desenvolvido de acordo com as necessidades das Forças Armadas Brasileiras para o transporte de equipamento, carga e pessoal em qualquer terreno. Já a versão armada a Viatura Tática Leve de Reconhecimento - VTL Rec passaria a adotar a possibilidade de portar uma segunda metralhadora MAG de calibre 7,62 mm, ou ainda uma gama variada de armamentos, inclusive misseis anticarro, possuindo ainda quatro lançadores de granadas fumiginas instaladas no para-choque dianteiro e um guincho elétrico. A plataforma seria ainda empregada ainda com base no modelo AM20 Marruá, para a tarefa de transporte do avançado sistema de controle para a artilharia antiaérea, desenvolvido para o Exército Brasileiro pela empresa OrbiSat S/A (atual Bradar) e controlada pela Embraer Defesa e Segurança S/A. Este projeto desenvolvido em parceria com o Centro Tecnológico do Exército (CTEx), tinha por objetivo integrar o Sistema de Defesa Antiaérea do Exército Brasileiro, abastecendo-o com informações capazes de contribuir para a tomada de decisões em inúmeras situações que envolvam questões de defesa e segurança, levando ao acionamento do sistema de defesa antiaérea. Este sistema funciona como uma base para o comando e controle das informações enviadas, em tempo real, pelo radar Saber M60, também produzido pela mesma empresa, e usado para vigilância aérea e terrestre de aeronaves a baixa altura, rastreando alvos em um raio de até sessenta quilômetros e a altitude de até cinco mil metros. Deste conceito nasceriam três versões especializadas com diferentes configurações, como Agrale AM20 GE (Guerra Eletrônica), Agrale AM20 MAGE (Medidas de Apoio de Guerra Eletrônica) e Agrale AM20 VCC (Viatura Comando e Controle), passando a ser operados pelos Centros de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército e Companhias de Comando e Controle. Todas estas nova versões fazem uso de um shelter MTO TKV-1 produzido pela empresa Truckvan Ltda, com seu interior sendo configurado de acordo com a especialização da viatura.

Em Escala.
Para representarmos o veículo Agrale Marruá AM20 VTE MAGE (Medidas de Apoio de Guerra Eletrônica), fizemos como base, o uso do modelo em die cast na escala 1/43 da coleção “Veículos de Serviço do Brasil” da editora Planeta de Agostini. A versão original representa o modelo cabine dupla Marruá AM 150 CD CC ano 2006, para se representar a versão utilizada pelo Exército Brasileiro, tivemos de construir em scratch o “shelter”, fazendo uso de fotos e referências do veículo real. Empregamos decais confeccionados pela Decals e Books pertencentes ao set "Forças Armadas do Brasil 1983 a 2002 1/35”.

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura do Exército Brasileiro aplicado em todos os seus veículos militares a partir de 1983. Os únicos veículos do Exército Brasileiro que receberam um esquema diferente deste, foram os destinados ao contingente brasileiro a serviço durante a operação da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH), onde passaram a ostentar o padrão de pintura padrão das forças de paz das Nações Unidas (ONU). Já os veículos a serviço do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) e Força Aérea Brasileira (FAB) adotaram esquemas de pintura diferentes, pertinentes a suas funções ou padrão de cada força.
Bibliografia :
- Agrale Marruá, um legítimo 4X4 militar Made In Brasil - Expedito Carlos Stephani Bastos
- Agrale Marruá AM2 no Exército Brasileiro - Expedito Carlos Stephani Bastos
- Agrale Marruá Wikipédia - https://pt.wikipedia.org/wiki/Agrale_Marru%C3%A1
- Agrale S/A – www.agrale.com.br
- Viatura Tática de Reconhecimento Agrale - Expedito Carlos Stephani Bastos