Ford Willys-Overland Rural F-75 e F-85

História e Desenvolvimento. 
As raízes da Willys Overland Automotive Company, tem origem na empresa Standard Wheel Company, um pequeno produtor de automóveis com motores de um ou dois cilindros, fundada no ano de 1902 na cidade americana de Terre Haute, no estado de Indiana. O avançar dos negócios motivaria a mudança do parque fabril em 1905 para a capital do estado, ocorrendo neste momento a alteração de sua razão social, passando a se denominar como Overland Company. Neste mesmo ano seria lançado no mercado o primeiro veiculo furgão comercial destinado a entregas urbanas, com este modelo conquistando rapidamente a simpatia do mercado. Apesar do relativo sucesso em vendas, a empresa enfrentava uma série crise financeira interna, gerada por problemas de gestão, levando em 1907,  a venda de seu controle acionário ao ousado empreendedor John North Willys, um tradicional comerciante e fabricante de bicicletas.  Assim dois anos mais tarde passaria a se chamar Willys Overland Motor Company. Sob esta nova gestão, a empresa lançaria um novo carro de passeio com motor de 4 cilindros, que obteria relativo sucesso em vendas, a este seguiriam dois modelos de luxo com motores de 6 cilindros. No entanto o primeiro campeão de vendas da empresa,  o Model 79 seria lançado em 1914, com custo inferior a US$ 1.000,00, e logo se tornaria um sucesso em vendas, chegado a serem comercializados oitenta mil carros, já no primeiro ano de produção. A crise de 1929, afetaria gravemente a Willys Overland Motor Company, levando como medida emergencial a redução de seu portifólio de carros de passeio,  restando em linha apenas o Model 77 de quatro cilindros, um modelo de baixo custo com preço médio de apenas US$ 445,00. Esse modelo sozinho garantiria a sobrevivência da montadora até o  inicio da  Segunda Guerra Mundial,  quando sua marca seria eternizada na História Militar. Este fato se daria mediante a conquista de uma grande concorrência junto ao Exército dos Estados Unidos (US Army), para o desenvolvimento de um veiculo utilitário leve com tração integral 4X4, o futuro Jeep. Apesar da maior parcela dos contratos de produção deste modelo acabarem sendo direcionados a outras montadoras em função da urgência para o atendimento das demandas de guerra, este modelo iria moldar o futuro da empresa, gerando os recursos  e tecnologia necessários para o investimento em novos produtos durante o pós-guerra.

Já a presença da Willys Overland Automotive Division no mercado latino-americano, tem sua origem na década de 1920, quando se estabeleceu no Brasil uma representação comercial da marca, através da atuação de pequenos importadores independentes nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. O término da Segunda Guerra Mundial em fins do ano de 1945, levaria ao cancelamento de inúmeros contratos de produção militar com o governo dos Estados Unidos, e esta decisão causaria impactos imediatos na escala de faturamento da empresa, tendo em vista sua grande dependência do mercado militar. Entre as opções estudadas, a mais viável baseava-se na intensificação das vendas em mercados internacionais emergentes, e neste momento o Brasil passava a ser um dos principais centros de atenção dos fabricantes automotivos, principalmente devido ao seu promissor  consumidor. Assim a diretoria da companhia,  elaboraria uma estratégia dedicada ao mercado brasileiro, passando a selecionar e nomear novos e mais estruturados representantes no país, entre eles empresas de renome como a como Jeepsa Ltda e a Agromotor Ltda  ambas em  São Paulo, e a Gastal Ltda no Rio de Janeiro. Em seu pais de origem no ano de 1946, a Willys Overland Motor Company, lançaria no mercado, um veículo de passeio do tipo station wagon (perua), que fora desenvolvido a partir da plataforma e projeto do veículo militar o Jeep CJ-2A. Este novo veiculo fazia uso de todo o conjunto mecânico do modelo militar, incluindo o motor alimentado a gasolina  Go Devil  4 cilindros com 2,2 litros e capas de desenvolver 64 cv de potência,  transmissão de 3 marchas e a imbatível tração integral 4X4. Dispunha de uma carroceria muito superior a modelo milital, tanto em dimensões quanto em comodidade, contando com teto rígido, amplo espaço interno, boas acomodações para seis ocupantes e superior isolamento termo acústico. Ademais, apresentava um estilo atrativo e de grande personalidade, diferente de tudo que havia no mercado. Em 1950 o tradicional motor Go Devil, daria lugar ao novo modelo  Hurricane de mesma potência e deslocamento, mas com válvulas de admissão no cabeçote, permitindo assim a melhoria no desempenho global.
Já de volta ao Brasil, o desenvolver do mercado consumidor nacional levaria a empresa a iniciar estudos visando uma possível produção local. Estes estudos se concretizariam no ano de 1952, a partir da fundação da  Willys Overland do Brasil S/A, com sua primeira planta industrial sendo construída na cidade de São Bernardo do Campo – SP.  O plano estratégico previa a produção inicial de veículos da empresa através do processo de montagem no "sistema CKD", (Completely Knocked Down – Montagem de componentes prontos). O primeiro modelo a ser produzido o  “Jeep Universal” teria sua montagem iniciada em maio de 1954, este processo geraria a  experiencia necessária para o planejamento, estruturação de processos e seleção de fornecedores locais, para incremento do  índice de nacionalização de componentes. Em 1955 este programa seria beneficiado com apoio e recursos do “Plano de Manufatura” do Governo Federal, criando assim as condições necessárias para produção local do motor a gasolina modelo Willys BF-161, que seria iniciada a partir de 1958, empregando peças fundidas na nova fabrica da empresa na cidade de Taubaté no Estado de São Paulo. Um ano antes seria lançado no país a “Willys Station Wagon”, recebendo o nome comercial de Willys Rural, sendo este o o segundo produto da empresa a ser produzido localmente, e um dos poucos veículos representantes da primeira onda de nacionalização da então jovem indústria automobilística brasileira. Durante os primeiros anos, o a Rural Willys reinaria absoluta na liderança de vendas neste segmento, no mercado brasileiro. Sua liderança na comercialização somente seria afetada  após a segunda metade da década de 1960 quando a General Motors do Brasil introduziria um novo modelo concorrente na mesma categoria, o Chevrolet Veraneio.

Lançado oficialmente em 1966, o  Chevrolet Veraneio passaria a representar uma grande ameaça as vendas da Rural Willys, conquistando muitos clientes habituais históricos do seu modelo. Com o objetivo de se fazer frente a concorrência, a montadora implementaria um um amplo programa de modernização e reestilização, envolvendo uma nova frente com para-lamas envolventes, capô mais baixo e nova grade do radiador dividida em forma trapezoidal. Desta maneira o utilitário passaria a apresentar um visual mais leve, principalmente devido a adoção do para-brisa em uma peça única, em lugar do antigo esquema duplo em “V”.  No conjunto mecânico a nova Rural brasileira mantinha os componentes da familia Jeep, começando pelo motor BF-161 de 2.638 cm3 e 91 cv de potência que apresentava 6 cilindros em linha, válvulas de admissão no cabeçote e escape no bloco (arranjo em “F”). O propulsor era conectado a uma transmissão manual de 3 velocidades e uma caixa de transferência reduzida, com tração 4X4 operando  em tempo parcial. Como parte de um processo de aumento de portfólio e redução de custo, a empresa lançaria no mercado brasileiro em 1959  uma versão com tração simples 4X2. Nesse período a Willys Overland do Brasil S/A,  era uma das principais montadoras do país, empregando em seu portifólio  uma tecnologia de vanguarda no mercado automotivo mundial, sempre implementado inovações e melhorias em seus produtos, tendo como exemplo a introdução do sistema de alimentação elétrica de 12 volts. Apesar destes esforços, rapidamente a direção comercial da Willys Overland do Brasil S/A observaria diariamente, uma  grande parte de seu volume migrar para seu principal concorrente. No ano de 1967 ocorreria a compra do controle acionário da empresa pela Ford do Brasil S/A, e este processo beneficiaria o portfólio de produtos da antiga montadora, pois agora sob gestão da diretoria de engenharia da empresa adquirente, refinamentos de projeto seriam implementados. Este fase envolveria a aplicação de melhorias no processo de produção, padronização de ferramental e redução de custo, todos motivados pela aplicação dos rígidos processo de aprovação de projetos (sign-off), melhorando assim a qualidade e competividade dos produtos finais.
Se alinhando aos anseios do mercado consumidor, em que uma parcela destes buscavam maior desempenho, em 1968 a empresa passaria a disponibilizar o modelo em duas novas verões, tendo com diferencial o emprego de motores mais potentes a gasolina como o M-2600 com 112 cv  e o M-3000 com 134 cv, oferecendo um arma para competição com as versões topo de linha do Chevrolet Veraneio. Apesar do grande sucesso em vendas, neste período o  Brasil e o mundo vivenciavam o impacto da crise do petróleo deflagrada no ano de 1973, este cenário provocaria um drástico  aumento de preços dos combustíveis. Isto levaria a uma mudança de comportamento dos consumidores que passariam a considerar  a economia de gasolina como fator primordial na hora da compra de um carro novo, impactando toda uma geração de carros de alto desempenho. Mesmo com um enorme número de clientes fiéis e preços atraentes, a Rural Willys começaria a apontar sinais claros de exaustão em suas vendas, levando assim a diretoria da Ford do Brasil S/A  a decidir em meados de 1976 pelo encerramento da produção. Em janeiro do ano seguinte, quando o ultimo veículo deixou as linhas de produção da empresa, mais 182 mil unidades já haviam sido comercializadas no país em um período de apenas de vinte anos. 

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Próximo ao final da década de 1950 o Exército Brasileiro dispunha em suas fileiras de uma grande frota de  utilitários militares com tração 4X4, com esta composta por mais de mil e quinhentas viaturas deste tipo, representados por modelos da família Dodge como os WC-51, WC-53, WC-54, WC-56 e WC-57. Estes eram empregados em uma variada gama de tarefas, operando deste  transporte, ambulância, carro comando e tração de peças de artilharia leve. Estes utilitários foram recebidos entre os anos de 1942 e 1945, dentro dos termos do programa de ajuda militar norte-americano Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Apesar se serem veículos robustos e simplificada manutenção, o passar dos anos levaria ao consequente envelhecimento da frota, comprometendo assim em grande parte a operacionalidade desta frota. Muitas viaturas se encontravam fora de serviço, principalmente por motivos de falta de peças de reposição, tendo em vista que a produção destes utilitários já havia sido descontinuada dos Estados Unidos há mais de dez anos, e encontrar peças de reposição no mercado internacional passava a ser uma tarefa hercúlia elevando seus custos finais. Este cenário afetaria em muito a capacidade de mobilidade da Força Terrestre, e desta maneira alguma solução deveria ser alcançada em um curto prazo de tempo, buscando assim evitar um colapso que se tornava cada vez mais evidente. Neste contexto a aquisição em larga escala dos sucessores naturais dos modelos em uso, os novos Dodge M-37 e M-43 se mostraria inviável, pois deviam ser incorporados algo na ordem de mais de mil e duzentas viaturas (necessidade mínima para substituição dos antigos Dodges dos modelos WC-51, WC-53, WC-54, WC-56 e WC-57), com um investimento total excedendo a dotação orçamentaria do Ministério do Exército prevista originalmente para este programa de renovação de frota. Esta realidade de necessidade de renovação de frota, também seria compartilhada junto aos dois demais ramos das Forças Armadas Brasileiras.

A solução então deveria ser adequada a realidade orçamentaria, fazendo assim os olhares se voltarem para indústria nacional automotiva.  Nesta época a Willys Overland do Brasil (WOB) já estava consolidada como a principal montadora de automóveis brasileira, gozando ainda de grande confiança junto ao Exército Brasileiro, por fornecer centenas de jipes militarizados de  1/4 Ton  do modelos CJ-2, CJ-3 e CJ-5, que vieram a substituir carros similares recebidos durante a década de 1940. Neste contexto o lançamento da nova Rural  Willys reestilizada e posteriormente da nova picape Willys despertariam o interesse dos militares brasileiros, podendo este veículos representarem uma opção de baixo custo para substituir e complementar sua antiga frota de utilitários norte-americanos. O Exército Brasileiro buscava neste momento uma plataforma comum para emprego em missões de transporte de carga, pessoal, porta morteiro, ambulância e reboque de artilharia anti carro.  E o utilitário  Rural Wllys,  tanto na versão perua quanto na picape, poderiam se encaixar perfeitamente nas especificações almejadas. Com esta decisão tomada, a Willys Overland do Brasil desenvolveria estudos preliminares, visando a militarização destes veículos, adequando cada nova sub versão a suas especificações necessárias de emprego. Com a conclusão dos primeiros protótipos em meados do ano de 1961, passariam a ser realizados inúmeros testes de campo, sendo realizados equipe técnica da empresa em conjunto com o Exército Brasileiro. Com a implementação de pequenas melhorias necessárias à militarização final do modelo, seria  assinado no inicio de 1962 o primeiro contrato de produção, com as primeiras entregas ocorrendo em fins do mesmo ano. Já em serviço ativo o modelo receberia a designação de Camioneta Militar Jeep Willys 3/4 toneladas com tração 4x4.  Um fato curioso é que esse modelo foi o primeiro veículo militar brasileiro a ser exportado, com cento e cinquenta unidades vendidas ao governo português em 1962, para equipar unidades de paraquedistas, que seriam empregadas em missões reais em conflitos regionais em suas colônias ultramarinas como  Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Timor.
Como previsto inicialmente, ao longo de sua carreira no Exército Brasileiro a “Camioneta Militar Jeep Willys 3/4 ton 4x4” seria customizada para o atendimento a uma variada gama de missões, com uma grande parte da frota sendo equipadas com suporte para o emprego de metralhadoras de 12,7 mm ou 7,62 mm. Variantes mais especificas seriam empregadas com plataforma para canhões sem recuo M-40A1 106 mm e lançamento de  foguetes não guiados (versão M-106). Já as versões derivadas da versão civil station wagon  (peruas) foram empregados como viatura de Polícia do Exército (PE), transporte de oficiais e ambulância de campanha. Uma parte da frota seria composta ainda pela versão de cabine dupla com teto de lona para transporte de pessoal. Ambas as versões militares estavam equipadas com o motor Willys BF-161 6 cilindros a gasolina e 2.600cc, sendo equipadas a partir de fins de 1967 com o motor Willys BF-16A de 3.000 cc, com as duas configurações de motorização sendo acopladas a uma caixa de câmbio manual Clark de 3 marchas (com a primeira marcha seca). Em 1964, algumas unidades chegaram provisoriamente a ser equipadas com o motor diesel Perkins 4 cilindros, visando uma futura padronização da frota com este tipo de combustível mais econômico. Porém este processo não lograria êxito pois o novo motor se mostrou inadequado ao câmbio original, resultando em constantes quebras devido ao seu   torque elevado. Em 1975 todos os novos veículos adquiridos passariam a contar com o novo motor Ford OHC 4 cilindros 2.300 cc, muito superior em desempenho e consumo. Em termos de acabamento interno, destacava-se o painel que diferia da versão civil, por ser muito semelhantes ao empregado nos Jeeps, a remoção do teto de aço proporcionou a instalação de um para brisas rebatíveis com a adoção novas portas, bancos, alavanca de marchas e tração no assoalho, características comuns em um veículo militar.

As principais modificações estruturais implementadas nos modelos Rural Willys militarizados em uso no Brasil, se referiam ao chassis e para-choques reforçados (para o uso em terrenos adversos), uso de  pneus 750x16 em conjunto com aros de roda 2 polegadas mais largos, inclusão de sistema de guincho mecânico marca Ramsey (opcional), ganchos dianteiros, grade de proteção dos faróis, farol de aproximação instalado sobre o para-lamas dianteiro esquerdo, chave militar de iluminação de 3 estágios, para-choques militares tipo "meia lua" na traseira, duas lanternas militares traseiras, duas anilhas traseiras, gancho “G” militar para reboque, tomada elétrica para reboque militar, seis refletores na caçamba. As versões do tipo picape, eram despojadas das portas, teto e para-brisas originais, sendo equipadas com capota militar de lona, bancos de madeira na caçamba na versão de transporte, bancos dianteiros individuais revestidos em lona, kit de ferramentas, incluindo pá e machado militar fixados atrás dos bancos na cabine. A denominação da pick-up militar Willys foi alterada em 1969 quando a Ford do Brasil, que já havia adquirido a Willys Overland do Brasil em 1967, adotou a marca Ford para todos os seus produtos (antes denominados comercialmente como Ford Willys). A nova nomenclatura do modelo passou a ser Camioneta Militar 3/4 ton 4x4 Ford F-85, porém extra oficialmente no Exército Brasileiros, estes veículos receberiam os apelidos de "Cachorro Louco" e Jipão Militar 3/4 ton.
O desenvolvimento em conjunto deste modelo militarizado, entre a Willys Overland do Brasil e posteriormente Ford do Brasil com as Forças Armadas Brasileiras durante as décadas de 1960 e 1970 , seria de significativa importância, pois construiria as bases de cooperação para futuros projetos de sucesso no segmento de moto-mecanização militar brasileira. Vale salientar que modelos desta família de utilitários militarizados também foram incorporados pela Força Aérea Brasileira, Marinha do Brasil e Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), sendo empregado em quase todas as versões produzidas.  Apesar de terem sua produção descontinuada na década de 1990 e serem substituídos por modelos mais novos produzidos pela Agrale Marrua ou Land Rover Defender, ainda hoje em pleno século XXI é possível encontrar dezenas de viaturas destes modelos em pleno estado de funcionamento seja em serviço ou preservadas nos quarteis do Exército Brasileiro, atestando assim a robustez e durabilidade do projeto original.  

Em Escala.
Para representarmos a Rural Willys - Overland 4X2 "EB21-2012", empregamos como ponto de partida um modelo em die cast produzido pela Axio na escala 1/43, pertencente a  coleção Veículos de Serviço do Brasil" da Editora Altaya.  Procedemos a customização para a versão militar empregada como viatura da Policia do Exército . Empregamos decais confeccionados pela decais Eletric Products pertencentes ao set  “Exército Brasileiro 1942 - 1982".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura do Exército Brasileiro aplicado em todos seus veículos militares desde a Segunda Guerra Mundial até a o final do ano de 1982, quando foram alteradas com inclusão de um esquema de camuflagem tático de em dois tons. Com este padrão se  mantendo este até sua gradativa desativação no início da primeira década do ano 2.000. Os carros em uso pela Força Aérea Brasileira e Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil fizeram uso de outros esquemas de pintura e marcações.


Bibliografia :

- F-85 Camioneta Militar Jeep Willys - http://jeepguerreiro.blogspot.com.br

- Veículos de Serviço do Brasil – Chevrolet Veraneio, editora Altaya

- Willys-Overland do Brasil Wikipedia - https://pt.wikipedia.org/wiki/Willys-Overland_do_Brasil

- Veículos Militares Brasileiros – Roberto Pereira de Andrade e José S Fernandes


De Havilland DH-82/A Tiger Moth

História e Desenvolvimento. 
A História de fundação deste tradicional fabricante aeronáutico inglês remete ao ano de 1912 com a criação da The Aircraft Manufacturing Company Limited (Airco), fundada pelo proprietário do jornal e industrial George Holt Thomas. A empresa seria inicialmente baseada em The Hyde em Hendon, norte de Londres, e pode ser considerada uma das primeiras industriais de construção de aeronaves a se estabelecer na Grã-Bretanha.  A companhia teria seu crescimento alavancado durante a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918), chegando a produzir milhares de aeronaves para as forças armadas aéreas militares britânicas e aliadas durante toda o conflito, incluindo caças, treinadores e bombardeiros. Aeronaves estas que comporiam mais de 30% da frota de todos os países aliados, e neste período, a maioria das aeronaves da empresa foi projetada internamente pelo designer-chefe da The Aircraft Manufacturing Company Limited, Geoffrey de Havilland. Este notável projetista com grandes êxitos de desenvolvimento junto ao Royal Aircraft Factory em Farnborough fora recrutado por William Taylor Birchenough no ano de 1914. Após o final do conflito, as nações europeias reduziriam em muitos seus orçamentos militares e o excesso de aeronaves disponíveis nas forças armadas daqueles países, limitaria em muito a aquisição de novos modelos principalmente por parte do governo britânico. Este cenário culminaria em uma grave crise financeira para a The Aircraft Manufacturing Company Limited (Airco), e levaria muitas empresas de porte as portas da falência. Em busca de uma solução que objetivava mesmo que parcialmente sanar suas dívidas, a corporação seria vendida no início de ano de 1920 para a Birmingham Small Arms Company. Após este processo levantamentos mais detalhados seriam efetuados, vindo a tona o caótico real estado financeiro da empresa, levando a diretoria de seu novo controlador a decidir pela liquidação total da operação, procedendo neste processo a venda de ativos. Neste processo Geoffrey de Havilland que até então ocupava o cargo de diretor técnico e designer-chefe, vislumbrou a oportunidade de montar sua própria empresa. E arriscadamente fazendo uso de seus limitados recursos passou a negociar a aquisição de uma parte destes ativos, logrando êxito e assim assumiria neste pacote uma parte das modestas instalações da empresa localizadas próximas ao aeroporto de  Stag Lane ao norte de Londres, fundando assim em 26 de setembro de 1920 a  Havilland Aircraft Company Limited. 

Seu comando seria dividido entre seus principais acionistas contando com um capital nominal de £ 50.000, com  a maior parte aportado por Geoffrey de Havilland (£ 3.000) e George Holt Thomas (£ 10.000), com vários outros adicionando mais £ 1.000. Dispondo assim de um limitado capital para investimento em novos projetos, a Havilland Aircraft Company Limited decidiria focar naquele momento o mercado de aeronaves civis, tendo em vista que ainda não havia perspectivas do curto prazo para o fechamento de novos contratos militares. Suas primeiras iniciativas seriam voltadas para o desenvolvimento de aeronaves biplanos simples e de pequeno porte de uma dois lugares destinadas principalmente para treinamento e turismo, conceitos muito aquém das aeronaves mais complexas desenvolvidas por Geoffrey de Havilland anteriormente durante a  Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918).  A primeira aeronave a ser lançada, era uma modernizaçao de um antigo projeto desenvolvido durante a época da The Aircraft Manufacturing Company Limited (Airco), e receberia a designação de DH-51. Seu protótipo alçaria voo 14 de julho de 1924, e apesar de apresentar um bom desempenho, teria seu certificado de aeronavegabilidade negado, pelo fato de não apresentar um sistema de dupla ignição. Como seriam necessárias pelo menos dez horas de testes de voo para certificá-lo com um sistema de ignição única, de Havilland decidiu re-motorizar a aeronave. A aeronave foi equipada com um motor de pistão V8 refrigerado a ar ADC Airdisco, que melhorou consideravelmente o desempenho, mas não era mais barato de operar. Como resultado, apenas três aeronaves seriam construídas.  Apesar deste fracasso comercial a diretoria da empresa não se abalaria e continuaria perseverando, levando sua equipe de projetos a desenhar um novo modelo, que apesar de se basear no projeto original do DH-51 deveria apresentar um maior porte e potência nominal. Deste processo nasceria o De Havilland DH-60 Moth (Traça), um treinador primário de configuração biplano com dois lugares, com estrutura em madeira e fuselagem recoberta com compensado e superfícies cobertas de tecido, um painel traseiro padrão com um único painel traseiro e barbatana. Este novo avião apresentava como inovação a possibilidade de se dobras as asas, permitindo assim aos proprietários guardar a aeronave em reduzidos espaços de hangar. Seu primeiro protótipo alçaria voo no dia 22 de fevereiro de 1925, decolando do aeródromo de Stag Lane, sob o comando de Geoffrey de Havilland. 
Logo em seguida a aeronave seria encaminha para a realização de um completo programa de ensaios e voo, que visava também garantir seu certificado de aeronavegabilidade  pelos órgãos competentes da época. Ao fim este processo clarificaria que o De Havilland DH-60, não somente satisfazia às exigências do incipiente mercado de proprietários de aeronaves de pequeno porte para lazer, bem como poderia atender a outras demandas, entre estas a equipar aeroclubes e escolas de pilotos civis. Esta opinião seria reforçado pelas declarações proferidas pelo  Secretário de Estado da Ar, Samuel Hoare, que daria sinais que resultariam no primeiro interesse governamental em aeronaves desenvolvidas e produzidas pela Havilland Aircraft Company Limited. Isso logo se materializaria em contrato para a compra de dez aeronaves pelo governo a fim de equipares cinco aeroclubes na Inglaterra. Estas primeiras células receberiam como modificação a inclusão de um leme balanceado que melhorava sua estabilidade em voo, com estas aeronaves sendo entregue logo em seguida, com uma destas sendo entregue com um kit de flutuadores. Neste mesmo período a companhia fazendo uso de um de seus protótipos originais, inscreveria o modelo na Corrida da Copa do Rei de 1925, sendo pilotada pelo famoso Alan Cobham, com o De Havilland DH-60 apresentando excelentes resultados. Dois anos depois, três células modificadas e equipadas com os motores Cirrus II em uma montagem rebaixada, seriam inscritas para  a Corrida da Copa do Rei de 1927, este modelo receberia a designação de DH.60X (para experimental), que logo seria alterada para Cirrus II Moth.  Neste estágio, a aeronave ainda estava equipada com o motor original Cirrus, mas apesar de ser confiável, era baseado no projeto Renault de oito cilindros, e empregava ainda muitos componentes de origem francesa. No entanto grande parte destas peças foram fabricadas durante o conflito, com este cessando após ó término das hostilidades, restando então um estoque finito. Desta maneira, este fato não garantiria a Havilland Aircraft Company Limited uma significativa segurança no abastecimento a médio e longo prazo. Este cenário levaria a empresa a desenvolver seu próprio motor, o projeto sobre a tutela do engenheiro Frank Halford seria concluído em 1927 recebendo o nome de Havilland Gipsy I apresentando uma potência de 98 hp. Assim com esta alteração seria desenvolvida uma nova versão que receberia a designação de DH-60G Gipsy Moth. Além de apresentar um significativo aumento de potência, a adoção de um grupo propulsor produzido pela própria companhia apresentaria uma grande redução de custo e melhor controle de níveis de qualidade. 

Em 1930 visando se adequar aos avanços da tecnologia aeronáutica, a empresa lançaria a versão De Havilland DH-60M Moth, que passava a contar com a fuselagem recoberta em metal. Originalmente este novo modelo foi desenvolvido originalmente para atender as demandas de clientes militares e civis no exterior, particularmente devido a uma solicitação das forças armadas do Canadá. Novamente suas características simplistas e baixo custo de produção atrairiam a atenção de outras nações, sendo produzido sob licença na versão civil em países como Austrália, Canadá, Estados Unidos e Noruega. Em 1931, com a atualização do motor Gipsy como o Gipsy II, de Havilland inverteu o motor e o redesignou de Gipsy III. O motor foi instalado em uma aeronave Moth, que foi redesignada de DH.60G-III Moth Major. Esse subtipo era destinado ao mercado de instrutores militares e algumas das primeiras aeronaves foram fornecidas à Força Aérea da Suecia (Flygvapnet). Como sucessor natural o De Havilland DH-82 foi um biplano de treinamento básico, projetado no ano de 1930 em reposta ao requerimento “Specification 15/31” emitido pedido do Ministério do Ar Britânico para o desenvolvimento de uma aeronave de treinamento primário para a Força Aérea Real (Royal Air Force), com a finalidade de substituir os modelos DH-60 Gipsy Moth em uso até então. A proposta inicial sugeria uma versão aprimorada de seu antecessor, mas os requisitos técnicos exigiam o desenvolvimento de uma nova aeronave, um dos principais pontos estava baseado na segurança, devendo o ocupante da nacele dianteira, poder abandonar em segurança o avião em caso de emergência, fato este que era impossível no DH-60 Gipsy Moth devido à localização dos montantes da seção central da asa. Assim a equipe de projeto da De Havilland passou a aplicar diversas modificações ao projeto básico, tendo como principal alteração o deslocamento da seção central para a frente. Para reduzir o indesejável deslocamento do centro de gravidade da aeronave, as asas receberam um leve enflechamento , o grupo propulsor também seria melhorado com a adoção do motor DH Gipsy de 120 hp que era uma versão invertida do Gipsy II. O primeiro protótipo alçou voo em 26 de outubro de 1931, tendo o piloto de testes Hubert Broad nos controles, e após comparativos, testes e ensaios de certificação com seu principal concorrente o Avro 631 Cadet, o modelo da De Havilland foi declarado vencedor da concorrência pelo Ministério do Ar Britânico. Em abril de 1931 seria celebrado o primeiro contrato de produção prevendo a aquisição de trinta e cinco  aeronaves, a estas seriam seguidos de novos lotes, porém em uma versão aprimorada DH-82A, que além de algumas modificações passava a contar com o motor Gipsy Major de 130hp. Inicialmente os Tiger Moth entraram em serviço junto ao Central Flying School da Royal Air Force em fevereiro de 1932, sendo gradativamente incorporados nas demais unidades áreas de ensino da ativa e reserva da Força Aérea Real (Royal Air Force). 
Às vésperas do início da Segunda Guerra Mundial, já havia mais de quinhentas aeronaves em operação, a constante necessidade de formação de pilotos levaria o governo inglês a encomendar quatro mil células, com parte da produção sendo destinada a Morris Motors Ltd, que era um dos principais fabricantes de carros no Reino Unido, esta medida visava liberar as linhas de montagem da De Havilland para a produção de aeronaves de combate. Ao todo seriam produzidas mais de oito mil aeronaves do Tiger Moth, três mil dos quais nas instalações da DHC em Hatfield (Reino Unido). Os demais exemplares foram fabricados sob licença na Austrália, no Canada (responsável pela produção de 1.523 unidades do DH-82C), Portugal, na Noruega e na Suécia. Porém sua lista de operadores abrangeria também países como Brasil, Bélgica, Burma, Congo, Ceilão, Czechoslovakia, Dinamarca, Egito, Finlândia, França, Grécia, Índia, Irã, Iraque, Israel, Jordânia, Malásia, Nova Zelândia, Paquistão, Rodésia, Espanha, Arábia Saudita, Suécia, Sri Lanka, Estados Unidos, Uruguai e Iugoslávia. Como aeronave de treinamento primário, o Tiger Moth permaneceu em atividade na RAF até 1952, quando passou a ser substituído pelo De Havilland Chipmunk, porém alguns exemplares da Royal Navy continuando em operação até fins de 1971. Porém o Tiger Moth ganhou considerável sobrevida no meio civil após a Royal Air Force, liberar para a venda, vastas quantidades destes biplanos, sendo inicialmente empregados em instrução aéreas em aeroclubes no Reino Unido, e depois modificados para atuarem como rebocadores de faixas, taxi aéreo e pulverizador agrícola. Atualmente existem ainda cerca de duzentos e cinquenta aeronaves em condições de voo em posse de colecionadores, museus ou empresas especializadas.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras. 
O processo de formação de pilotos militares brasileiros tem sua origem em fevereiro de 1914, quando seria fundada no Campo dos Afonsos no Rio de Janeiro a Escola de Escola Brasileira de Aviação, mediante uma parceria entre o Ministério da Guerra e a empresa italiana Gino, Buccelli & Cia, com está sendo responsável por fornecer equipamentos e instrutores para formar aviadores militares.  Não havia dez anos desde o primeiro voo do mais pesado que o ar, pelas mãos do ilustre inventor brasileiro Alberto Santos Dumont, quando a Marinha do Brasil criou a sua própria organização de treinamento e formação, a  Escola de Aviação Naval - EAvN, em 23 de agosto de 1916. Em 1919 sobre os auspícios dos técnicos da Missão Militar Francesa de Aviação (MMFA), seria criada a Escola de Aviação Militar (EAM), iniciando assim com muitas adversidades a implantação aviação como arma junto ao Exército Brasileiro. Nos primeiros anos uma variada gama de aeronaves principalmente de origem francesa comporia sua frota, se destacando ao longo dos anos modelos relativamente modernos.  Porém no início da década de 1930, a Escola de Aviação Militar do Exército (EAvM) contava somente com poucas células dos já obsoletos Morane Saulnier MS.147Ep2 e MS.130ET2 para o emprego na formação de alunos inscritos no curso de aviação militar. Neste contexto também pairava sobre a Aviação Naval da Marinha do Brasil a mesma necessidade de modernização dos meios aéreos. O atendimento desta demanda em comum, levaria o governo brasileiro a lançar uma concorrência internacional visando a aquisição de até quarenta aeronaves para serem divididas entre a Marinha do Brasil e o Exército Brasileiro. Os registros de época apontam a apresentação de propostas de fabricantes franceses, britânicos e norte-americanos, envolvendo sete modelos de aeronaves. Após diversas análises comparativas, a escolha acabaria pendendo para a proposta apresentada pela De Havilland Aircraft Company, envolvendo a aquisição de um lote de aeronaves do modelo DH-60T.  Desta maneira no final do ano de 1931 seria celebrado um contrato prevendo a compra de quinze células para o Aviação Militar do Exército e vinte e quatro para a Aviação Naval da Marinha do Brasil, levando ao país naquele momento a se tornar o maior operador militar desta versão.    

As primeiras três aeronaves chegariam no Rio de Janeiro a bordo do navio mercante Andaluzia Star em 5 de março de 1932, juntamente com o piloto chefe ensaios em voo da empresa o Capitão Hubert S Broad, que tinha como missão acompanhar a montagem das aeronaves e ministrar o treinamento básico aos pilotos. A primeira aeronave finalizada seria oficialmente apresentada no dia 18 do mesmo mês em uma cerimônia oficial realizada no Campo dos Afonsos, até maio do mesmo ano as demais células foram recebidas e montada, neste interim o Capitão Hubert S Broadjá treinara o núcleo de instrutores da Escola de Aviação Militar do Exército (EAvM) e da Escola de Aviação Naval (EAvN). Do total recebido pelo Exército dois DH-60T foram alocados na Esquadrilha de Treinamento do Grupo Misto de Aviação (GMA) sediado no Campo dos Afonsos no Rio de Janeiro. Diferentemente das aeronaves do Exército Brasileiro que apresentavam configuração exclusiva de treinamento, os DH-60T da Marinha do Brasil foram recebidos com kits para adaptação de flutuadores, porta bombas, rádios, visor de bombardeio Aldis e metralhadoras fotográficas.  A eclosão da Revolução Constitucionalista em 1932, vislumbraria o emprego dos De Havilland DH-60T em missões de combate real, com seis aeronaves designadas à Defesa do Litoral (DAL) destinadas a compor duas seções daquele comando. Duas destas aeronaves estavam equipadas com sistema de rádio, dois com porta bombas e dois com metralhadoras fotográficas,  a fim de serem utilizados em missões de ligação, observação e reconhecimento ao longo do litoral paulista a serviço das forças legalistas que combatiam em terra entre Picinguaba e Santos.  Com os outros seis aviões em serviço da Escola de Aviação Naval (EAvN), o comando da Marinha do Brasil tentaria ainda agilizar o recebimento das doze células, porém chegariam tarde demais para participar do conflito, que se encerrou em 3 de outubro  de 1932 com a assinatura do armistício. Em tempos de paz a Aviação Naval pode retomar seu processo de reorganização, determinando que o novo lote de aeronaves fosse direcionado a Base Aérea de Porto Alegre onde passariam a compor a Divisão de Instrução, ocorre, porém, que somente quatro De Havilland DH-60T foram assim alocados, com os demais sendo distribuídos ao Centro Naval de Santa Catarina e ao Centro de Aviação Naval do Galeão. 
Durante as tratativas realizadas junto ao governo britânico no intuito de se antecipar as entregas dos DH-60T Moth Trainner restantes, o comando da Marinha do Brasil em outro de 1932, receberia uma proposta do fabricante para a aquisição do novo modelo da empresa, o De Havilland DH-82 Tiger Moth, sendo esta opção aceita, envolvendo inicialmente a entrega de cinco células. Enquanto o planejamento da Aviação Naval previa a distribuição dos DH-60T Gipsy Moth a Escola de Aviação Naval (EAvN) no Rio de Janeiro,  os planos para os recém adquiridos DH-82 Tiger Moth contemplavam outro destino. Pouco após a criação da Base Naval de Porto Alegre (BAvN PA), em novembro deste mesmo ano seria organizada a 2ª Divisão de Instrução, que passaria a operar nesta nova localidade, se preparando para o recebimento destas novas aeronaves. Nas instalações do fabricante estas células seriam desmontadas com seus componentes acondicionados em caixotes, sendo então embarcados no navio mercante inglês Sarthe, chegando ao ao porto do Rio de Janeiro no dia  4 de janeiro de 1933. No dia seguinte o navio partiria em viagem até Porto Alegre (RS), onde foram desembarcados em meados de fevereiro e levados as instalações da Base de Aviação Naval de Porto Alegre (BAvNPA). Assim estas aeronaves seriam montadas sob supervisão de técnicos ingleses, passando a realizar seus primeiros voos de ensaio nos derradeiros dias de março do mesmo ano. Logo que possível os novos DH-82 Tiger Moth começaria a operar intensamente, rendendo a aeronave grandes elogios por parte de instrutores e alunos, motivando estudos referentes ao aumento desta frota de treinadores, tendo em vista a necessidade de ampliar a dotação de meios aéreos a disposição da Escola de Aviação Naval (EAvN). Assim em outubro de seria sugerida a aquisição de mais doze células, sendo iniciadas tratativas junto a representantes da De Havilland Aircraft Company, visando a compra de um novo lote destas aeronaves. Este processo resultaria na  primeira metade do ano seguinte na celebração de um contrato envolvendo a encomenda de doze células da versão mais recente o DH-82A Tiger Moth. 

Estas células seriam recebidas no porto do Rio de Janeiro em fins de julho de 1935, e seriam transportados por terra e  montados em dois lotes também sob a supervisão de técnicos do fabricante, sendo então disponibilizados  para operação até 12 de agosto de 1935. Desta maneira seriam integrados a frota da Escola de Aviação Naval (EAvN), compondo a 2ª Divisão de Instrução daquela escola, passando a operar juntamente com os primeiros DH-82 Tiger Moth recebidos em 1933. Todas estas aeronaves receberiam indicadores de unidade, sendo atribuídos aos novos DH-82A Tiger Moth os códigos 2-1-5 á 2-1-16.  Neste momento passariam a operar ao lado dos primeiros DH-60T Moth Trainer, passando a dar instrução aos alunos matriculados na Escola de Aviação Naval (EAvN), bem como ao pessoal da Reserva Naval Aérea. Apesar de prestarem excelentes serviços, a carreira dos DH-82 e DH-82A Tiger Moth na Escola de Aviação Naval (EAvN) seria breve, pois neste momento o comando da Marinha do Brasil passava a implementar um planejamento estratégico que objetivava estabelecer as bases de uma indústria aeronáutica nacional. Este programa avançaria para o estágio operacional, envolvendo a assinatura de um acordo para a produção sob licença de treinadores primários alemães  Focke Wulf  FW-44J Stieglitz (Pintassilgo), com estas aeronaves sendo montadas nas Oficinas Gerais da Aviação Naval na Ponta do Galeão, Rio de Janeiro. Dentro deste planejamento estas novas aeronaves deveriam gradativamente substituir  no processo de instrução primária as aeronaves inglesas De Havilland os  DH-60T Moth Trainer, DH-82 e DH-82 Tiger na Escola de Aviação Naval (EAvN). Esta nova realidade começaria a ser concretizada a partir de junho de 1937 com entrada em serviços dos primeiros Focke Wulf  FW-44J Stieglitz, os biplanos ingleses seriam destinados  as Divisões de Treinamento nas Bases de Aviação Naval do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul (sediada em Rio Grande), de Santa Catarina (sediada em Florianópolis) e de Santos - SP.  Nestas novas bases além de serem empregados em tarefas administrativas também seriam empregadas em um leque de tarefas em proveito as missões do Correio Aéreo Naval.
Passando a realizar missões de emprego geral, elas foram redesignadas em outubro de 1937 como D2H e D2H1 (a letra D indicando “Diversos”), mas essa mudança perdurou poucos meses, sendo novamente redesignados como I2H e I2H1. Em 1940, os D.H. 82 e 82A que realizavam missões em proveito do Correio Aéreo Naval receberam a designação M2H e M2H1 (a letra M indicando “Mala postal”). Nos anos seguintes a maior disponibilidade de aeronaves Focke Wulf  FW-44J Stieglitz, reduziria a necessidade do emprego das aeronaves inglesas no processo de adestramento ou emprego em tarefas administrativas. Sob estes modelos pesavam também problemas de indisponibilidade causados principalmente por falta de peças de reposição de seus motores, tendo em vista a priorização de produção deste para o esforço de guerra aliado.  Assim em setembro de  1940 seria  revelada a intenção do Comando  Aviação Naval da Marinha do Brasil em proceder a doação das células remanescentes para diversos aeroclubes, com estas tratativas sendo iniciadas logo nos meses seguintes. Este processo seria revertido com a criação do Ministério da Aeronáutica (MAer) em janeiro de 1941, com duas células do DH-82 e sete do modelo DH-82A Tiger Moth sendo incorporadas a recém criada Força Aérea Brasileira. No transcurso de 1941 seriam recolhidos e entregues a Fabrica do Galeão para ser submetidos a uma revisão geral. Desempenhando papéis utilitários ou então empregados como aviões de adestramento, sendo muito utilizados 12º Corpo Aéreo da Base do Galeão, Esquadrilha de Adestramento da Base Aérea de Florianópolis e por fim em tarefas a proveito também da equipe da Fábrica de Aviões do Galeão . O último voo registrado do modelo ocorreu em outubro de 1943, justamente com a aeronave que se encontra preservada hoje no Museu Aerospacial (MUSAL), assim aos poucos as aeronaves remanescentes foram sendo encaminhadas ao Departamento de Aviação (DAC) a fim de serem distribuídas a aeroclubes. No entanto evidencias indicam que apenas quatro aeronaves foram efetivamente entregues, com dois destes sendo eventualmente sendo matriculados no Registro Aeronáutico Brasileiro. 

Em Escala.
Para representarmos o De Havilland DH-82A Tiger Moth "AVn 2-I-10 " pertencente ao 1º DAVT , fizemos uso do kit Smer sendo esta a única opção disponível na escala 1/48. Trata-se de um relançamento de um antigo modelo, com o molde possuindo as marcações e numerais da Força Aérea Real (Royal Air Force) em alto relevo, necessitando assim de um extenso processo de correção das superfícies das asas e fuselagem. Empregamos decais confeccionados pela  FCM Decals presentes no set 48/06.
O esquema de cores  (FS) descrito abaixo representa o   padrão de pintura empregado em quase todos os DH-82 e DH-82A Tiger Moth da Aviação Naval desde o seu recebimento até o ano de 1941 quando foram repassados a Força Aérea Brasileira, nesta nova arma pequenas alterações no esquema de pintura foram implementadas, como a retirada das faixas de alta visibilidade e adoção de cocares da Força Aérea Brasileira, mantendo este padrão até a desativação do modelo em outubro do ano de 1943. Existem registros fotográficos que pelo menos uma célula foi recebida em um padrão de pintura totalmente em azul marinho.




Bibliografia :
- De Havilland Tiger Moth c  - Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/de_havilland_tiger_moth
- História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 / 2015 – Jackson Flores Jr

Mercedes-Benz LAK 1418 4X4 Militar

História e Desenvolvimento. 
Há mais de um século, os engenheiros alemães Gottlieb Daimler e Carl Benz construiriam ao mesmo tempo e período, os primeiros automóveis motorizados funcionais do mundo. O pioneirismo desses homens faria com que colecionassem outras conquistas, como a construção do primeiro ônibus, do primeiro caminhão com motor a gasolina e do primeiro caminhão a diesel do mundo. Em abril de 1900 nasceria um novo motor, que seria denominado como "Daimler-Mercedes", grupo propulsor este que impulsionaria a produção em série dos primeiros carros comerciais por ser simples, eficaz e de baixo custo. Durante a Primeira Guerra Mundial, a empresa teria grande participação no esforço de guerra alemão, produzindo desde veículos componentes diversos e motores de aviação. Após o término do conflito, a economia alemã seria negativamente afetada pelas altas taxas de inflação e desemprego que impactariam na renda da população em geral. Estes fatores resultariam em baixas vendas, especialmente em relação aos bens de luxo, como automóveis de passageiros, acabaram por pesar fortemente sobre a indústria automóvel alemã. Apenas marcas fortes produzidas por empresas com solidez financeira seriam capazes de sobreviver a este cenário caótico, e muitas delas viram-se forçadas a participar de cooperativas ou processos de fusão.  Ao longo dos anos seguintes a produção cresceria timidamente, buscando uma solução comum as empresas Daimler-Motoren-Gesellschaft DMG e a Benz & Cie decidiriam se unir em um esforço conjunto de administração e cooperação tecnológica, com este compromisso estabelecido entre seus acionistas, devendo perdurar até o ano de 2000. Padronizariam o design, a produção, as compras, as vendas e a publicidade – comercializando os seus modelos de automóveis em conjunto, embora ainda mantendo suas respectivas marcas originais. Porém logo em seguida assumiriam uma identidade industrial e comercial única, nascendo assim a Daimler-Benz AG. Seu logotipo a icônica estrela de três pontas, seria desenhada por Gottlieb Daimler, em que cada ponta representava o ar, a terra e o mar mostrando que os motores desenvolvidos e produzidos por esta empresa se adaptavam a estes três modais de transporte. Em meados da década de 1930 as vendas da empresa seriam fortemente impulsionadas por demandas governamentais destinadas ao ambicioso programa de rearmamento alemão. Seu portfólio original de automóveis e caminhões seria ampliando passando a empresa a produzir motores aeronáuticos, barcos, aeronaves e diversos componentes mecânicos, se tornado um fornecedor estratégico da máquina de guerra da Alemanha Nazista.    

Após o encerramento da Segunda Guerra Mundial, suas plantas industriais seriam reconstruídas (pois foram alvo de incessantes bombardeios nas últimas fases da guerra) em cooperação com ingleses e norte-americanos, em um esforço para a recuperação econômica do país. O processo de reconstrução estrutural do país que fora maciçamente destruído, demandaria um grande mercado de veículos utilitários de todos os portes, e neste contexto a empresa vislumbraria uma oportunidade única de mercado. Assim a Daimler-Benz AG concentraria seus recursos e esforços no segmento de pequeno e médio porte, fazendo uso de projeto desenvolvidos originalmente durante a década de 1930, que iriam obter grande sucesso comercial não só na Alemanha, mas também em toda a Europa, resultando em uma grande econômico para a montadora. Porém somente em meados da década de 1950, a montadora lançaria um novo produto desenvolvido especialmente para aquela realidade de mercado, nascia assim o modelo Mercedes Benz MB L-319. Este novo caminhão de pequeno porte apresentava um desenho de cabine avançada, projeto este que apresentava grandes vantagens, pois permitia a alocação de um maior espaço para a carga util , sem a necessidade de se modificar o comprimento total do chassi ou a distância entre eixos.  O êxito alcançado no mercado com este modelo denominado LP ou “Pulman” originaria uma família de caminhões com as várias versões, se destacando os modelos LP-315, LP-321, LP-326, LP-329 e LP-331.  Paralelamente neste mesmo período sua diretoria começarias a esboçar os primeiros planos para o estabelecimento de um programa de expansão internacional, começando assim a estudar novos potenciais mercados, e entre estes o mercado sul-americano, passaria a ser considerado como fundamental nesta estratégia. O Brasil seria definido como o ponto inicial deste processo planejando se o estabelecimento de uma linha de produção de caminhões e futuramente chassis para ônibus. Seu mercado estava em amplo crescimento com as vendas capitaneadas por Alfred Jurzykowski,  um cidadão polonês distribuidor da marca no país, que tinha grande sucesso na comercialização de veículos importados sob a forma de CKD (Completely Knock-Down).  Este empresário em 1951 criaria um importante contato entre a montadora e o governo do presidente Getúlio Vargas, que acabaria resultando na celebração de um convenio com o governo brasileiro para a fabricação local de caminhões e ônibus com motorização diesel. Dois anos depois, em outubro de 1953, seria fundada a Mercedes-Benz do Brasil S.A e na sequência seria dado início a construção de uma planta industrial na cidade São Bernardo do Campo (SP). A planta de São Bernardo foi inaugurada em 28 de setembro de 1956, sendo produzido o caminhão médio MB L-312, vulgo “Torpedo”, considerado o primeiro veículo comercial a diesel brasileiro. Logo em seguida na Alemanha a montadora apresentava ao mercado o lançamento da linha MB 1111, que trazia como novidade o projeto de cabine semiavançada com um novo design visual contemplando faróis redondos.   
A evolução natural levaria ao modelo L-1113 que vinha equipado com o novo motor diesel Mercedes Benz OM-352LA com injeção direta de 5,6 litros de cubagem, 6 cilindros em linha com potência de 130 cv. Este sistema (com o combustível sendo injetado diretamente na câmara de combustível) proporcionava um consumo bastante moderado, sendo este um diferencial competitivo no mercado civil, pois apresentava ainda mais vantagens perante os concorrentes como boa acessibilidade aos componentes mecânicos sob o capo. Este novo modelo logo conquistaria no mercado europeu a preferência dos consumidores, ajudando a consolidar a imagem da Mercedes Benz no segmento de caminhões,  com uma marca sinônimo de confiança, estabilidade robustez e baixo custo de manutenção. A produção do Mercedes-Benz L-1111 teria início no Brasil em 1964, e como ocorrido em seu país de origem se tornaria um sucesso comercial, atingindo vendas superiores a trinta e nove mil caminhões em seis anos de produção. O novo Mercedes Benz L-1111 ou “Onze Onze” como era popularmente chamado, seria o grande precursor do modelo na configuração de cabine semiavançada da futura série “AGL”, que anos mais tarde faria muito sucesso com a linha L-1113 “Onze Treze”.   Os dois modelos iniciais desta linha se tornariam os veículos mais representativos na trajetória da marca no Brasil, introduzindo entre outras inovações, o sistema de suspensão por feixe semielíptico transversal secundado por amortecedores telescópicos. Estas inovações garantiram a Mercedes Bens no Brasil um ganho significativo de mercado no Brasil, porém no final da primeira metade da década de 1980 mostrava a necessidade de modernizar este projeto, tendo em vista as expectativas de lançamentos da concorrência para este segmento. Definidos os parâmetros do projeto a equipe da Mercedes-Benz, apresentaria o projeto final em 1986 com sua entrada em produção sendo iniciada logo após a empresa descontinuar toda a linha MB L-1113, MB LA-1314 e MB LA-1317 e MB AGL Cara-Preta em fins de 1987. O principal destaque desta nova linha de caminhões pequenos e médios era o Mercedes-Benz MB LAK-1418 que foi o primeiro representante de tração total da gama HPN da Mercedes-Benz, e a propulsão do caminhão estava a cargo do motor OM-366 A de 5,86 litros e 184 cv, ligado a uma transmissão MB G-3/60-5/7,5 de cinco marchas, ou como opção uma G-3/55-5/8,5, de seis marchas e redução total de 8,47:1. A caixa de transferência de duas velocidades proporcionava 64% a mais de torque na marcha reduzida. 

O novo modelo Mercedes-Benz MB LAK-1418/51 pesava 5.260 kg em ordem de marcha e podia lidar com 8.240 kg de carga útil, incluindo um possível implemento agregado, e assim resultando em um peso bruto total (PBT) de 13.500 kg. Em julho de 1989, como previsto, seriam lançados os modelos médios e médio-pesados, com novos motores e cabines (chassis, eixos e transmissões permaneceriam os mesmos da geraçao anterior). Embora a concorrência viesse caminhando para modelos com cabine basculante sobre o motor (como os Ford Cargo e Volkswagen na mesma categoria), ainda assim a Mercedes-Benz do Brasil S/A optaria por manter em linha as cabines semi-avançadas (agora com capô e pra lamas em peça única, basculando o capo para frente), pois suas pesquisas de mercado, indicavam que esta decisao ainda representava um latente desejo do mercado interno e de muitos países em desenvolvimento para onde seu mercado de exportação era centralizado. Assim, seria decidido que os novos caminhões seriam inicialmente fabricados somente no Brasil, para distribuição para o resto do mundo, exceto para os mercados da Europa e Estados Unidos. A maior parte dos modelos ganharia maior potência, torque e capacidade de carga, sendo quase todos renomeados; alguns exemplos: MB L-1114, MB L-1118, MB L-1314, MB L-1514, MB L-1518, respectivamente mudados para o MB L-1214, MB L-1218, MB L-1414, MB L-1614, MB L-1618, com motores entre 136 cv e 184 cv de potência. Em maio de 1990, seguindo as mesmas diretrizes, a montadora renovaria sua linha dos caminhões pesados, oscilando faixa de 35 a 45 toneladas de peso bruto total (PBT), envolvendo os novos modelos MB 1625, MB 1630, MB 1935, MB 1941 e MB 2325, nas versões L, LK, LB e LS. Junto a este programa, seria introduzida a nova série MB 400 com motores de dez e doze litros, com potências entre 252 cv  e 408 cv.  Em agosto de 1991 a Mercedes-Benz do Brasil S/A inauguraria seu novo Centro de Desenvolvimento Tecnológico junto à planta de São Bernardo do Campo; congregando quatrocentos engenheiros, representando o maior centro existente fora da Alemanha, e o único do país exclusivamente dedicado a veículos comerciais.   
Além do natural aprimoramento da linha de produtos, que incluía a oferta de freios anti blocantes do tipo ABS como item opcional em alguns modelos, a montadora realizaria um importante lançamento naquele ano. Pressionada pela concorrência e contradizendo seu próprio discurso em defesa das cabines recuadas, seria lançada na edição da feira nacional VII Transpo, sua nova linha média e semi-pesada com cabine sobre o motor, retornando a uma tradição abandonada mais de vinte anos antes. Passava assim a dispor da primeira cabine basculante produzida pela Mercedes Bens no Brasil no país, apresentando o mesmo desing daquelas utilizadas pelos caminhões leves e pelos demais médios e pesados da marca. Comercializada a partir do ano seguinte, esta nova gama de caminhões era composta de seis versões (MB 1214, MB 1218, MB 1414, MB 1418, MB 1714 e MB 1718), além das quatro adaptadas para basculante. Com eles, pela primeira vez a Mercedes-Benz do Brasil S/A deixava de utilizar na nomenclatura dos caminhões um prefixo que identificasse o conceito do veículo (pela tradição, no caso deveriam ser utilizadas as letras LP). A mecânica era a mesma dos modelos MB L e MB LK dos quais derivavam; eixos e suspensões dianteiras, no entanto, foram reforçados e os chassis encurtados entre 60 e 97 cm no entre-eixo, facilitando aplicações nos centros urbanos. Em um tempo em que a montadora reinava praticamente sozinha no segmento de caminhões com tração integral 4×4, o MB LAK-1418 encontrou moradia nas Forças Armadas Brasileiras e nas Brigadas de Incêndio do Departamento de Aviação Civil - DAC presente nos aeroportos no país. O mercado militar sul-americano representaria um promissor nicho de mercado, sendo celebrados diversos contratos de exportação, entre estes os de maiores expressões sendo celebrado junto aos Exército Chileno e Uruguaio. 

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras
A exitosa relação entre a Mercedes Benz do Brasil S/A e o Exército Brasileiro, tem início em maio de 1959, quando seria celebrado o primeiro contrato de compra de caminhões militarizados, dispostos nos modelos MB LP-32 e LP-331 com tração 4X2. A estes se seguiriam mais encomendas, englobando também pedidos da Marinha do Brasil e da Força Aérea Brasileira, com mais de mil veículos sendo entregues nos anos seguintes. Apesar de atender satisfatoriamente as demandas a eles direcionadas, a família de caminhões MB LP-321 e LP-331 apresentava certas limitações operacionais no emprego militar, que eram claramente determinadas por sua concepção já obsoleta de projeto. Cientes deste fato o comando do Exército Brasileiro voltaria sua atenção para a nova linha de caminhões comerciais MB L-1111 e  MB L-1112,  que fora lançada no mercado nacional no ano de 1964, e colecionava além do sucesso comercial, inúmeros elogios de seus clientes e operadores, principalmente quanto ao seu atributo de robustez. Desta maneira o comando da Força Terrestre encomendaria a montadora o desenvolvimento de um protótipo militar do modelo MB LA-1111 com tração integral 4X4.  Este caminhão seria submetido a um extensivo programa de testes de campo, e seus promissores resultados abririam campo para a celebração de contratos de fornecimento em larga escala, com os primeiros sendo entregues em fevereiro do ano de 1966. Além deste modelo MB LA-1111, o Ministério do Exército viria a adquirir em 1967, pelo menos mais uma centena de caminhões da versão MB L-1113 para o emprego em tarefas de transporte geral de carga e tropas. O avançar da evolução da linha de caminhões civis da Mercedes Benz, também seria acompanhado por novos contratos de fornecimento as Forças Armadas Brasileiras. Desta vez seriam adquiridos em grande volume para o Exército Brasileiro, caminhões dispostos nas versões MB L-1514, MB L-1614 e MB L-1620 para o emprego em missões de transporte de tropas, transporte de cargas, socorro, guincho e veículo oficina. Neste mesmo período lotes dos modelos MB L-1111, MB L-1113 e MB L-1114 passariam a ser adquiridos pela Força Aérea Brasileira e Marinha do Brasil (para uso pelo Corpo de Fuzileiros Navais). Assim desta maneira, ao longo dos anos seguintes os caminhões produzidos por esta montadora se tornariam o esteio de toda frota de transporte militar brasileira, estabelecendo uma verdadeira hegemonia. 

No início da década de 1990 grande parte da frota de caminhões utilitários ou militarizados em serviço no Exército Brasileiro e também nas demais Forças Armadas Brasileiras estava composta por veículos produzidos pela Mercedes-Benz do Brasil S/A (sendo considerado neste momento o principal fornecedor nacional de veículos militares), dispostos em sua grande maioria nas versões MB LA, LAK e LAS 1111, 1113, 1114, 1213, 2213 e outros. Esta frota apesar de apresentar excelentes índices de disponibilidade, já começava a apresentar sinais de cansaço devido ao intenso e largo tempo de uso, anteciparia demandas referentes a um grande processo de renovação da frota. Assim vislumbrando uma grande oportunidade mercadológica, a direção da montadora decidiria por investir recursos próprios em uma nova linha de caminhões militarizados, derivado de seu novo modelo comercial MB LAK-1418F. O primeiro protótipo deste veículo seria apresentado ao comando do Exército Brasileiro em fevereiro de 1991, e seria o primeiro caminhão a ser equipado como novo sistema de tração total da gama HPN produzido pela Mercedes Benz no Brasil. Seu conjunto mecânico era o mesmo da versão comercial e proporcionava um excelente perfil operacional com uma capacidade de transporte de até 8.240 kg de carga útil com um peso bruto total de 13.500 kg, e estas características técnicas proporcionavam ao veículo um desempenho muito superior aos antigos caminhões militarizados desta mesma categoria produzidos pela montadora, e ainda em uso nas Forças Armadas Brasileiras até então. Apesar de visualmente o modelo militarizado ser mais similar a linha comercial, que seus modelos anteriores militarizados, o novo Mercedes-Benz LAK 1418 receberia um projeto de carroceria militar desenvolvido e produzido pela empresa carioca SCL Montagens Navais e Engenharia Ltda. Esta companhia seria responsável também na linha de montagem da Mercedes Benz no Brasil, pela instalação do kit militar, envolvendo para-choques reforçados, guincho mecânico na frente e atrás, grades proteção de lentes para os faróis e lanternas o gancho para reboque e carroceria de aço coberta de lona.   
Estes novos caminhões apresentavam tração 4X4, com suspensão elevada e reforçada, pneus especiais e dispunha ainda debloqueio nos dois diferenciais, o que o tornava praticamente impossível esse modelo ficar atolado num brejo. Estas modificações tornavam o caminhão adequado a operação para qualquer terreno, atendendo assim as especificações demandadas pela Força Terrestre. Em meados do ano de 1992 a montadora disponibilizaria as três Forças Armadas Brasileiras, os primeiros protótipos a fim de serem submetidos a um exaustivo programa de ensaios e testes de campo. Este processo resultaria no pleito por parte dos interessados de modificações e melhorias básicas no projeto, que seriam atendidas logo em seguida. Com base nestes ajustes cada versão acabaria por ser homologada por cada organização militar, gerando assim os contratos de produção em larga escala para o Exército Brasileiro e lotes menores para a Força Aérea Brasileira e Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN), sendo todos os veículos configurados na versão básica para transporte de tropas e cargas. Um segundo contrato de aquisição seria celebrado logo em seguida para o Exército Brasileiro, sendo agora envolvidos os modelos MB LAK 1418, MB L-1418 e MB LA-1418 nas configurações de carroceria de transporte de tropas e carga, cisterna de água potável de 7.000 litros, tanque de combustível de 7.000 litros e veículo oficina para reparos gerais.  Algumas destas viaturas estavam equipadas com um suporte removível para instalação de uma metralhadora MAG de calibre 12,7 mm no lado esquerdo frontal na carroceria.  Analisando a concepção deste novo modelo, podemos avaliar que o conceito de cabine “bicuda”, tende a ser mais adequado para operação militar, pois este desing apresenta menor complexidade no processo de rebatimento do capô do que em comparação aos modelos anteriores que demandavam o rebatimento total da cabine, apresentando com vantagem além de proporcionar mais agilidade caso um operador tenha que interromper um reparo emergencial para se abrigar na cabine em casos emergenciais em caso de combate. Dos modelos envolvidos neste novo contrato, a versão de veículo oficina para reparos gerais (VTE Oficina), era o que apresentava o menor índice de militarização, principalmente por se tratar de caminhão para emprego mais urbano, que operaria em vias mais regulares.   

As entregas seriam encerradas no ano de 1994, e permitiram principalmente ao Exército Brasileiro a retirar da ativa os primeiros lotes de caminhões MB L-1111, L1113 e L-1114 que estavam em serviço desde meados da década de 1970.  Os caminhões Mercedes Benz LAK 1418 4X4 tiveram intenso emprego durante a Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (MINUSTAH), capitaneada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta operação além do ininterrupto do comando brasileiro da missão (fato sem precedentes em outras operações de manutenção da paz), ocorreria o o maior desdobramento de tropas nacionais a um país estrangeiro desde a Segunda Guerra Mundial. Além de representar a participação mais longa do Brasil em seu histórico de contribuição para operações de manutenção da paz. O contingente militar brasileiro seria dividido em três unidades militares: um Batalhão de Infantaria (Brabat), um grupamento operativo de fuzileiros navais (Bramar) e uma companhia de engenharia militar (Braengcoy).  Ao longo de treze anos, vinte e seis contingentes, totalizando mais de trinta e sete mil soldados brasileiros serviriam no Haiti, e para garantir o apoio logístico, tanto o Exército Brasileiro, quanto o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, enviariam dezenas caminhões MB LAK 1418 4X4, que atuariam nesta região durante todo período da operação internacional, sendo pintados nas cores padrão da Organização das Nações Unidas (ONU). Em 2002 a frota de caminhões  MB LAK 1418 4X4 completaria dez anos de excelentes serviços a  força terrestre, e apesar de ainda poderem operar por no mínimo mais vinte anos, buscaria se reduzir o nível de elevação dos custos de manutenção , principalmente em decorrência do  envelhecimento natural da frota, seria decidido pelo  comando do Exército Brasileiro iniciar uma série estudos visando desenvolver um programa de substituição desta frota a médio prazo evitando assim que a maior parte dos caminhões  atingisse vinte anos de emprego. Seu substituto natural seria o Mercedes-Benz 1720A-2 militarizado, porém desta vez a montadora passaria a dividir este nicho de mercado com os novos caminhões Volkswagen Worker produzidos pela MAN Latin America S/A, quebrando assim uma homogenia de mais de cinquenta anos da Mercedes-Benz do Brasil no fornecimento em massa de caminhões militares para o Exército Brasileiro.  
Este processo de substituição passaria a ocorrer no início do ano de 2009. quando passariam a ser entregues os primeiros militarizados Volkswagen Worker 15.210 4x4 e Mercedes Benz Atego 1725 4x4, principalmente na versão de Viaturas de Transporte não Especializado VTNE. Assim cada vez mais veículos dos modelos LAK 1418, 1414, 1318, 1618, 1620, 1622 e 1613 seriam desativados e recolhidos para alienação de venda em leiloes. No entanto este processo não representaria o fim da carreira dos MB LAK 1418 VTNE, pois em 2009 seriam selecionados cento e vinte viaturas que se encontravam em melhor estado de conservação, a fim de serem submetidos ao "Projeto de Reoperacionalização de Viatura".  Este programa teria início no ano seguinte, envolvendo além de uma completa revisão a revitalização do motor a diesel Mercedes Benz OM-366A, caixa de câmbio MB G-3/60-5/7,5 e sistema elétrico. Este programa seria conduzido pelo Exército Brasileiro internamente junto ao Arsenal de Guerra de São Paulo (AGP) e possibilitaria o aumento da vida útil das viaturas em pelo menos 15 anos, além da economia de recursos financeiros a serem aplicados em longo prazo. Os resultados seriam excelentes com muitos destes caminhões se mantendo em atividade até os dias atuais, em 2015 vintes d destes veículos seriam doados ao Paraguai através de acordos celebrados em programa de cooperação militar firmado entre os dois países. Em 2016 mais três caminhões deste lote modernizado seriam doados a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, para o emprego junto ao Batalhão de Choque - BP, recebendo um interessante padrão de camuflagem. Atualmente além da pequena frota de caminhões MB LAK 1418 VTNE, restam em serviço vários caminhões sendo empregados como Viaturas de Transporte Especializado (VTE) com destaque para as versões de oficina e cisterna. A Força Aérea Brasileira ainda mante em operação pelo menos dez viaturas configuradas na versão bombeiro, operando em diversas bases áreas espalhadas pelo país. 

Em Escala.
Para representarmos o Mercedes-Benz LAK 1418 4X4 “Oficina de Reparos Gerais”, fizemos uso do modelo em die cast produzido pela Axio para a Editora Altaya (coleção Caminhões de Outros Tempos) na escala 1/43. Como o modelo original representa o MB L-1614 civil, tivemos de proceder uma série de alterações em scrath para se representar a versão militarizada. A primeira etapa se baseou na redução do chassi, alteração do baú de carga, configurando o interior com bancadas de oficina e caixas de ferramentas. Procedemos ainda a inclusão de portas e janelas laterais, escada de acesso, toldos retrateis nos dois lados e holofote. Por fim fizemos a aplicação de decais confeccionados pela decais Eletric Products pertencentes ao set “Exército Brasileiro 1983 - 2010".

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura do Exército Brasileiro em todos seus veículos auxiliares de serviço  classificados como  Viaturas de Transporte Especializado (VTE), dispostas nas versões de  cisterna, frigorifico, guincho e oficina. Já os demais caminhões classificados como Viaturas de Transporte não Especializado (VTNE), receberiam um padrao de camuflagem tático em dois tons.

Bibliografia : 

- Caminhões Brasileiros de Outros Tempos – MB 1418 , editora Altaya
- Mercedes-Benz LAK 1418 4×4 - http://www.planobrazil.com
- Mercedes-Benz www.lexicarbrasil.com.br/mercedes-benz/