Corbitt US White 666 Cargo

História e Desenvolvimento. 
A origem da The Corbitt Company remonta o ano de 1895, quando seu fundador o empreendedor Richard Corbitt, se estabeleceu na região de Henderson no nordeste do Estado da Carolina do Norte. Neste período seu principal ramo de atividade envolvia a comercialização de tabaco, um segmento de mercado que estava em pleno crescimento, denotando um tendencia de que as grandes empresas  norte-americanas logo iriam dominar este pujante mercado. Este cenário levaria a geração de uma onde de riqueza e prosperidade, que poderia trazer uma série de oportunidades para ousados empreendedores que entendessem este movimento em particular. Aproveitando este cenário promissor, Richard Corbitt decidiria por investir pesado no  segmento de construção de carruagens de luxo, com seu primeiro modelo sendo lançado em 1899. Os bons resultados em vendas, trariam motivação e recursos para ir além, levando ao desenvolvimento e produção em 1907, de  seu primeiro automóvel, chamado naquele momento de "carruagem sem cavalos". Apesar dos tímidos resultados em vendas, ele continuaria aprimorando seu produto, inclusive recorrendo a mão de obra de trabalhadores de Detroit, a capital automotiva norte-americana,  que detinham mais experiência no recente segmento automotivo. Em 1912 a empresa lograria êxito em comercializar apenas doze automóveis, patamar este de venda, que infelizmente no  gerava o esperado e necessário retorno financeiro. Este péssimo resultado se dava devido a competição extremamente acirrada no mercado junto aos grandes montadoras como a Ford Motors Company e General Motors Company, que detinham maior confiança junto aos consumidores. Este cenário levaria a The Corbitt Company a reduzir seus preços de venda, se aproximando de margens de lucro negativas. Após analisar as tendências futuras do mercado automotivo norte-americano, seu presidente decidiria por não mais competir diretamente com as grandes montadoras de Detroit no segmento de carros de passeio. Assim no inicio do ano de 1913, a empresa passaria a derivar para a produção de caminhões comerciais, o que lhe parecia ser mais razoável em termos de possibilidade de concorrência. Com base nesta decisão o corpo de engenharia da empresa se debruçaria sobre as pranchetas de projeto, resultando em uma série de propostas de veículos comerciais.   

Seu primeiro caminhão comercial de categoria leve, seria lançado no inicio do ano 1914, obtendo um grande sucesso comercial, gerando a motivação necessária que levaria a The Corbitt Company  a ampliar seu mix de produtos, passando a explorar também o segmento de transporte intermunicipal, lançando em 1916 seu primeiro modelo ônibus. No inicio do seguinte em 1917, a montadora lançaria seu primeiro caminhão de lixo, passando a conquistar os primeiros contratos governamentais que contribuiriam em muito para reforçar o  caixa da empresa.  As tensões crescentes na Europa durante o intensificar da Primeira Guerra Mundial, acabaria levando a um envolvimento mais direto dos Estados Unidos no conflito, representando mais  oportunidades de crescimento. Este movimento levaria a celebração de um contrato com o governo norte-americano, prevendo a produção de mais de quatro mil caminhões, que seriam empregados pela Força Expedicionária Americana - AEF (American Expeditionary Force) no front de batalha europeu. Os lucros resultantes deste período de guerra concederam a The Corbitt Company, reservas financeiras suficientes para a empresa poder sobreviver durante a grande depressão a partir do ano de 1929. Quatro anos mais tarde em uma jogada estratégica Richard Corbitt, passaria a adquirir toda a operação da montadora Auburn Automobile Company que estava em processo de encerramento de atividades, com este processo envolvendo  além do ferramental, todo o estoque de matéria prima e peças acabadas. Assim desta maneira seus caminhões médios  dos modelo Corbitt GVW de 11.000 libras e 13.000 libras, passaria a incorporar em sua produção para-choques, capôs e grades oriundos de projetos anteriores da Auburn Automobile Company. Estes caminhões representariam um grande sucesso comercial, passando a ser adotado pela maiores transportadoras do estado da Carolina do Norte.  Caberia ainda a montadora, uma menção honrosa, quando um caminhão pesado de sua marca foi empregado na operação de movimentação em via terrestre do gigantesco hidroavião "Spruce Goose" projeto e construído pelo lendário engenheiro Howard Hughes,  até a praia de Long Beach na Califórnia, sendo considerado na época a maior carga a granel já movida sobre a rodovia, trazendo a marca "Corbitt" uma grande notoriedade de imagem de marca, enaltace a capacidade de transporte pesado de seus veiculos de transporte. 
A partir do ano de fins do ano 1937, ficava cada vez mais evidente que o aumento das tensões politicas motivadas pelos interesses expansionistas da Alemanha Nazista e do Império do Japão, poderiam  as principais potenciais mundiais a ingressarem em larga escala em um novo conflito de ordem mundial. Neste hipotético cenário o governo norte-americano decidiria promover em regime de urgência, uma série de estudos que culminaram na elaboração e execução de um amplo programa de modernização e reequipamento de suas forças armadas. Entre as principais demandas estava o aumento da mobilidade da força terrestre, com o comando do Corpo de Artilharia do Exército dos Estados Unidos (US Army) demandando o desenvolvimento de uma linha completa de caminhões pesados táticos que poderiam operar em todas as estradas e terrenos transversais em todo o tempo, tracionando peças de artilharia de grande calibre.  Dentre os tipos e modelos listados se destacava a necessidade de um estava um caminhão com tração integral  6X6 com capacidade de até de seis toneladas (5.400 kg) que além de missões de transporte de pessoal e material, seria destinado prioritariamente a tracionar peças de artilharia antiaérea e de campanha. Uma concorrência seria aberta em setembro de 1938, com varias propostas sendo apresentadas ao comando de material do exército, dentre estas um projeto apresentado pela The Corbitt Company, seria declarado vencedor. Um primeiro contrato seria celebrado em dezembro do mesmo ano, envolvendo a produção de cinco protótipos para avaliações e testes de campo e duzentos caminhões pré-série, com as entregas devendo ser iniciadas em janeiro de 1940. O programa de testes levaria a aplicação de uma série de melhorias no projeto original, resultando no modelo de produção em série, que receberia a designação de Corbitt 50SD-6 que apresentava um novo desing de cabine e grupo propulsor mais potente representado, pelo motor Hércules HXD 6 cilindros a gasolina  com 202 cv (151 kW) a 2.100 rpm e 642 lbf⋅ft (870 N⋅m) de torque a 900 rpm. Este conjunto operava  acoplado a uma  transmissão manual de quatro velocidades não sincronizada com uma marcha 1ª e 4ª velocidade muito baixa, em conjunto com uma caixa de transferência Timken com um alto e baixo alcance, e um neutro para a operação de decolagem de energia (INCO). Seus  eixos traseiros eram do modelo  "Timken" duplo tipo de redução "abóbora"; já as versões cavalo mecânico possuíam eixos traseiros mais pesados. A maioria dos modelos tinha uma estrutura de chassis em  escada com três eixos vivos, a frente em molas de folha, as molas traseiras da folha em  tandem com braços localizados. A exceção a este padrão seria empregado na versão de guindaste (wrecker truck), que fazia uso de uma suspensão traseira de feixe ambulante para estabilidade

Um novo contrato seria celebrado prevendo o fornecimento de mais de cinco mil caminhões, demanda esta que seria reforçada pela entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial em dezembro de 1941, porém infelizmente a The Corbitt Company, não dispunha da capacidade industrial adequada ao atendimento destes contratos. Assim seria decido ceder os projetos e os direitos de produção para a montadora White Motor Company, futuramente se transformaria no maior fornecedor desta linha de caminhões. No inicio do ano de 1943, a  Brockway Motor Company seria contratada pelo governo norte-americano para ampliar a capacidade produtiva deste modelo, com esta decisão no inicio do ano de 1945 sendo estendida a montadora The Four Wheel Drive Auto Company (FWD). Neste mesmo período a Ward LaFrance Corporation seria responsável pela produção do chassi, que era posteriormente encaminhado as montadoras. Este caminhões  seriam produzidos em sete versões básicas, apresentando diversos modelos de carrocerias especializadas. Todos os modelos produzidos ao longo destes anos, não importando a montadora era praticamente idênticos, com variações muito pequenas entre si. Os primeiros lotes entregues ao Exército dos Estados Unidos (US Army), apresentavam o modelo de cabine comercial com teto rígido, sendo a partir de 1943 as versões com teto de lona e meia porta, destinadas a melhorar a capacidade de transporte destes caminhões entre os Estados Unidos e a Europa. O modelo mais produzido receberia a designação de Corbitt  "Prime Mover” , que além de dispor de carroceria para o transporte de cargas e pessoal, estava equipado com um engate na parte traseira para rebocar cargas ou veículos de até 18.000 kg. Possuía ainda  guincho  hidráulico com capacidade para 11.000 kg disposto em um tambor  no lado direito do chassis. A segunda versão mais produzida o "Cavalo Mecânico", era destinado a tracionar peças de artilharia mais pesadas ou ainda rebocar pranchas para o transporte de blindados, este modelo estava equipado ainda com um guincho hidráulico com capacidade de até 11.000 kg montado na parte frontal do veiculo. A fim de proporcionar meios para os batalhões de engenharia seriam desenvolvidas duas versões especializadas, uma destinada ao transporte de pontões, que além de contar com todo os sistema para a movimentação das peças do pontão flutuante, dispunha ainda de um compressor de ar auxiliar e grandes tanques de reservatório, usados para inflar boias de pontão. Já o outro modelo era do tipo “Guindaste” (Wrecker Truck) equipado com um dispositivo rotativo alimentado por um motor auxiliar IHC 334 in (5.5 L) em linha de 4 cilindros desenvolvendo 35 hp.
Por fim produzidos em menor numero durante o conflito, se encontravam as versões de Cisterna de Agua, Tanque de Combustível, Comunicação ( usados para rebocar e alimentar o conjunto de radares antiaéreo SCR-545-A) e por fim a versão bombeiro para bases aéreas equipados com sistemas de motores auxiliares para os dispersores de espuma química. Ao todo seriam produzidas até julho de 1945,  a impressionante cifra de mais de duzentos mil caminhões, estando em  operação junto as forças armadas norte americanas em todos os fronts de combate durante a Segunda Guerra Mundial. Esta família de caminhões pesados seriam inclusos com item de fornecimento no programa de ajuda militar  Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), sendo disponibilizados as nações aliadas durante o conflito.  Após o final do conflito seriam empregados novamente em um cenário de conflagração real durante a Guerra da Coréia (1950 – 1953) sendo empregados em tarefas de socorro e resgate de veículos e tração de peças de artilharia. Devido a enorme quantidade de veículos disponíveis, milhares de caminhões desta família  permaneceriam em serviço nas forças armadas norte americanas até meados da década de 1950, quando começaram a ser substituídos inicialmente no Exército dos Estados Unidos (US Army) por novas versões especializadas dos caminhões  REO M-34 e  REO M-35. Já nas demais nações mais especificadamente as em desenvolvimento,  estes caminhões pesados se mantiveram em operação pelo menos até meados década de 1970. 

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário demandaria logo sem seguida a um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência tanto em termos de equipamentos, armamentos e principalmente doutrina operacional militar. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil e militar que se apresentavam no vasto litoral do país. 

Naquele período o Exército Brasileiro e Marinha do Brasil apresentavam como principal carência, a falta de caminhões militares com tração integral 6X6 existentes em quantidade suficiente para o atendimento de suas demandas. Suas fileiras estavam neste momento equipadas com antigos caminhões civis leves militarizados, como os Chevrolet Gigante (Flatbed Truck) e Tigre, Dodge T-203 e Ford V8, que eram sendo complementados por poucos veículos de transporte genuinamente militares como   alemães 6X6 Henschel & Son e norte-americanos Thornycroft Tartar 6X4. Nos termos do programa de Leand & Lease estava prevista a cessão inicial de mil quatrocentos e quarenta e cinco caminhões  da família GMC CCKW A1 e B2 (cabine aberta e fechada), que seriam complementados nos anos seguintes por centenas de caminhões da família Studebaker G-630 US-6. Nos meses seguintes seriam recebidos mais caminhões agora dispostos em versões especializadas como cisterna de água , tanque de combustível, oficina, veículo socorro sob rodas, compressor de ar, telemetro, holofote, guindaste e cavalo de mecânico, produzidos por vária montadoras norte-americanas entre elas a The Corbitt Company e White Motor Company. Esta variada gama de modelos formou uma nova e notável frota, trazendo até então inédita capacidade de mobilidade para as forças armadas brasileiras, levando a criação de inúmeras unidades motomecanizadas de transporte apoio e engenharia.  No entanto a frota não seria limitada a estes números somente, pois a participação brasileira no esforço de guerra aliado seria ampliada em breve, pois anteriormente o presidente Getúlio Vargas havia afirmado que a participação brasileira no conflito, não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos para os países aliados, e que “O dever de zelar pela vida dos brasileiros obrigados a medir as responsabilidades de uma possível ação fora do continente. De qualquer modo, não deveremos cingir-nos à simples expedição de contingentes simbólico.
Entre os modelos produzidos pelas montadoras The Corbitt Company e White Motors Company, encontravam-se mais de cem caminhões pesados,  dispostos nas versões G-512 model 50SD6 Corbitt (cavalo mecânico), G-532 Mack Truck, G-547 Brockway, G-514 Model 666 White, G-556 model 40SD6 Corbitt. Apesar não existirem registro oficiais, fotos de época comprovam que foram cedidos caminhões das versões com com teto rígido (hard top) e teto de lona (soft top). Estes seriam empregados no Exército Brasileiro em tarefas de transporte de tropas, transporte de cargas, socorro e tração de peças pesadas de artilharia. Destes veículos recebidos nove pertenciam a versão de cavalo mecânico G-512 Model 50SD6 Corbitt e estavam equipados com o motor mais potente Hercules HXD de 202 cv de potencia, apresentando assim grande capacidade de tração. Assim por esta capacidade, seriam  inicialmente empregados para a movimentação de peças de artilharia de grande porte, como os canhões ingleses Vickers-Armstrongs M-1917  de calibre 152,4 mm, sendo empregado junto aos Grupos Móveis de Artilharia de Costa (GMAC), cuja  principal missão era o de proteger os principais portos estratégicos do pais. Posteriormente seriam substituídos nesta tarefa pelos tratores sobre rodas Minneapolis Moline GTX 147 G-641 dos quais seriam recebidos noventa e nove unidades, passando a oferecer uma melhor capacidade de movimentação da força de artilharia. Alguns destes caminhões seriam também destinados aos Regimentos de Artilharia Antiaérea (RAAAé), tracionando os pesados canhoes norte-americanos M-1A3 AA de 90 mm. Curiosamente os caminhões pesados da família Corbitt – White Motors não seriam cedidos ao contingente do Exército Brasileiro que compunha a Força Expedicionária Brasileira (FEB) que combateria no front italiano, salientando que as demais forças aliadas em operação na Europa faziam emprego frequente dos modelos  G-512 Model e  50SD6 Cargo, que se faziam presentes em grande número. 

No Exército Brasileiro ao longo de sua longa carreira, estes caminhões pesados da família Corbitt – US White Cargo,  receberiam as designações de “VTNE Carga Emprego Geral 6 Toneladas 6x6 EB-21 Truck, 6-Ton" - Prime Mover para os modelos de carga, com estes sendo destinados as unidades motomecanizadas,  posteriormente devido a sua grande capacidade para tracionar cargas seriam distribuídos aos Grupos de Artilharia de Campanha (GAC), operando em conjunto com outros modelos de origem norte-americana tracionando obuseiros M-1 de 155 mm. Já os nove veículos recebidos na configuração de cavalo mecânico, receberiam a designação de “VTTNE Trator s/ rodas Cavalo Mecânico Emprego Geral 8 toneladas 6x4 (EB-30 Truck), e seriam alocados inicialmente junto aos Batalhões Engenharia de Combate (BEC), onde em conjuntos com plataformas de transporte rodoviários seriam empregados na movimentação dos tratores de campo e moto niveladoras,  pertencentes a estes grupamentos. Estes  seriam reforçadas também por caminhões Corbitt – White “VTNE Carga Emprego Geral 6 Ton 6x6 EB-21 Truck, 6-Ton, Prime Mover” chegando a dotar também  1º  Batalhão de Engenharia de Combate – Villagran Cabrita (1º B E Cmb), o  2º  Batalhão de Engenharia de Combate – Borba Gato (2º B E Cmb), o  3º Batalhão de Engenharia de Combate - Conrado Bittencourt (3º B E Cmb), o 4º Batalhão de Engenharia de Combate - Juarez Távora (4º B E Cmb) e por fim o 7º  Batalhão de Engenharia de Combate - Visconde de Taunay (7º B E Cmb). Nestas unidades estes caminhões pesados teriam grande importância na realização das atividades a eles destinados, comprovando sua extrema robustez operacional.
Apesar de sua excelente ficha de serviços, no início da década de 1960, as viaturas remanescentes desta pequena frota começariam a apresentar altos índices de indisponibilidade operacional, com este cenário sendo causado por graves dificuldade na aquisição de peças de reposição no mercado internacional, tendo em vista que a The Corbitt Company havia encerrado suas atividades industriais em meados da década passada. Estes status seria agravado também pela escassez de componentes destinados aos antigos e dispendiosos motores a gasolina Hercules HXD de 6 cilindros, que se apresentavam cada vez mais raros em todas as forças militares, eliminando assim possíveis fornecedores de conjuntos usados. Desta maneira a partir do ano de 1966 o comando de material do Exército Brasileiro optaria por iniciar um gradual processo de retirada de serviço, se iniciando pelos modelos VTNE Carga Emprego Geral 6 Ton 6x6 , que passariam a ser substituídos pelos "novos" REO M-35. Estes caminhões após descarga teriam seus componentes críticos retirados e armazenados, com seus chassis, cabines e carroceria sendo leiloados como sucata. Já os nove caminhões do modelo  “VTTNE Trator s/ rodas Cavalo Mecânico Emprego Geral 8 ton 6x4” teriam sua  vida útil estendida principalmente pelo uso de peças de reposição dos Corbitt G-512 Model 50SD6. Assim estes cavalos mecânicos seriam transferidos aos Regimentos de Carro de Combate (RCC),  operando no transporte de carros de combate leves M-3 e M-3A1 Stuart em plataformas rodoviárias. Se manteriam nesta missao até fins da década de 1970, quando seriam enfim  substituídos pelos novos “VTE-Cavalo Mecânico 17ton 6x6 Scania LT110-38S.

Em Escala.
Para representarmos o “VTNE Carga Emprego Geral 6 Ton 6x6” Corbit-White 666 Cargo, empregamos o excelente kit da Hobby Boss, na escala 1/35.  Modelo este que prima pelo nível de detalhamento, incluindo um primoroso set de photo etched. Incluímos em resina artefatos que simulam a carga em formato de caixas de suprimentos,  paletes de madeira e lonas de campanha. Fizemos uso de decais produzidos pela Eletric Products pertencentes ao set “Exército Brasileiro 1942 - 1982".

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura do Exército dos Estados Unidos (US Army) durante a campanha na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, sendo adotado também pela Exército Brasileiro neste teatro de operações no período de 1944 a 1945.  A este esquema seriam inclusos apenas as marcações nacionais, com este padrão sendo empregado até desativação da frota dos caminhões Corbitt – White em fins da década de 1970.


Bibliografia : 

 

- White 666 Cargo - Corbitt Truck 6X6 – Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/6-ton_6%C3%976_truck 

- Pesquisa Acordo Leand & Lease ActEvilésio Pedro da Costa 

- Manual Técnico – Exército Brasileiro 1976 

 

Chevrolet Veraneio C-1416 e C-1410

História e Desenvolvimento. 
A origem da empresa viria a se tornar uma das maiores produtoras de veículos utilitários e de transporte militares, começou como um empreendimento tímido, exatamente no dia 16 de setembro de 1908 quando William C. Durant, um próspero produtor de carruagens, fundou a General Motors Corporation , na cidade de Flint, estado americano do Michigan. Após a incorporação da montadora Buick Co., fundada pelo escocês David Dunhar Buick da qual havia sido presidente, que viria a produzir seu primeiro carro de passeio no ano de 1903. Pouco depois, no dia 12 de novembro do mesmo ano, a empresa Oldsmobile Co., outra tradicional montadora americana fundada em 1897, se tornaria a segunda marca a integrar a nova empresa. Em seus primeiros anos de atividades, a General Motors Corporation viria a incorporar ainda as marcas Oakland (que mais tarde se tornaria Pontiac) e Cadillac, fundada em 1902, que seria comprada pela soma de US$ 5.5 milhões em 1909. No dia 3 de novembro de 1911, William Durant, que havia deixado a General Motors Corporation, devido a divergências com os outros sócios, criou a Chevrolet Motor Company of Michigan, em parceria com o mecânico e piloto suíço Louis Chevrolet, que futuramente viria a ser comprada pela própria General Motors Corp. em 1918. Ainda em 1911, a empresa criaria a marca GMC (derivada da Rapid Motor Vehicle Company, que a General Motors Corp. havia comprado anos antes), responsável pela produção e venda de caminhonetes e caminhões leve, com este novo segmento que logo nortearia grandes investimentos futuros. Nos anos seguintes, paralelamente aos inúmeros processos de fusões e aquisições, a empresa ainda estudaria oportunidades de expansão em outros mercados, mas somente em 1918 estes planos se tornariam reais com o estabelecimento de uma operação comercial no país vizinho, o Canadá. Esse seria o ponto de partida para que a empresa conquistasse diversos territórios em todos os continentes. Pouco depois, em 1919, a General Motor Corporation incorporaria a companhia Frigidaire, tradicional fabricante de refrigeradores, sendo a primeira empresa não ligada ao ramo automobilístico a fazer parte da empresa, com este processo ligado ao interesse e expansão internacional da marca. Seguindo um posicionamento visionário determinante, sua diretoria comercial logo perceberia que a empresa possui uma vocação global, muito maior do que a atual, esta visão levaria a inauguração no ano de 1923 de sua primeira fábrica no continente europeu, na cidade de Copenhagen na Dinamarca. Em 1925 a montadora iniciaria suas operações orgânicas na Argentina, França e Alemanha, além de adquirir o controle da montadora britânica Vauxhall. Já em sua terra natal no mesmo incorporaria a montadora Yellow Coach, tradicionais fabricantes dos populares ônibus amarelos escolares no mercado americano. Mas este processo de expansão não pararia por aí, pois em 1926 viria a estabelecer operações na Austrália, Japão e África do Sul. Um novo e ousado passo seria dado em 1928, quando a General Motors Corp iniciou suas operações no inexplorado mercado indiano, e logo no ano seguinte a empresa anunciaria a aquisição do controle da fabricante alemã Opel. 

Neste mesmo período, a empresa voltaria seus olhos novamente para o promissor mercado latino-americano, e neste contexto o mercado brasileiro figurava neste projeto com um dos mais promissores, levando a diretoria da empresa a priorizar o início das atividades, levando assim a criação da General Motors do Brasil em 1925. Suas primeiras instalações estavam localizadas no bairro do Ipiranga na Cidade de São Paulo passando a comercializar veículos importados. Em 1930 a empresas inaugurou sua linha de produção em série, passando a montar, picapes e caminhões leves com componentes importados dos Estados Unidos, produtos estes que em conjunto com carros de passeio importados da marca, logo conquistaram uma ampla fatia do mercado nacional. A General Motors do Brasil, iria atingir maturidade empresarial no país a partir do começo da década de 1960, com o lançamento da segunda geração de picapes e caminhões da marca Chevrolet, que chegaria as concessionarias no ano de 1964, apresentando uma linha totalmente renovada. Este novo portfolio compreendia as picapes C-14 de chassis curto, com 2,92 metros entre eixos, e a longa C-15 de 3,23 metros, além do caminhão C-65. Apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo daquele ano com a denominação de fábrica C-1416, este novo veículo era inicialmente derivado da linha de picapes Chevrolet C14, que substituiriam a série de picapes Brasil 3100 (considerado o primeiro veículo utilitário leve a ser fabricado pela General Motors no país, graças ao incentivo do GEIA - Grupo Executivo da Indústria Automobilística, concedido no governo do presidente Juscelino Kubitschek.). A C-1416 era radicalmente diferente dos veículos em produção, e representou o primeiro utilitário esportivo SUV (Sport Utility Vehicle) produzido pela Chevrolet do Brasil. Seu design foi desenvolvido pelo projetista Luther Stier, sendo inspirado na Chevrolet Suburban americano. Possuía inovadoras linhas retas que abusavam de vincos no capô, na lateral e na traseira inclinada, com as usuais quinas arredondadas estando presentes somente no para-brisa e no recorte das duas primeiras janelas laterais. O teto era mais baixo, transparecendo um visual compacto, porém apresentava dimensões imponentes com 5,16 metros de comprimento, 1,97 metros de largura e 1,73 metros de altura. Suas quatro portas facilitavam o acesso ao veículo e representavam um grande avanço, pois neste período os veículos similares dispunham apenas duas.   
Logo este novo modelo apresentaria um rápido sucesso comercial, já que era o único veículo desse porte produzido no país, com este cenário sendo profundamente impulsionado por seu emprego como viatura policial, o que traria grande notoriedade ao veículo quando de uso principalmente pelas Polícias Militares estaduais, recebendo posteriormente os jocosos apelidos de "Camburão" e "Veraneio Vascaína" . O novo Chevrolet  C-1416 apresentava o mesmo grupo propulsor aplicado na linha de caminhões leves, picapes e do utilitário Chevrolet  Amazonas, o confiável motor General Motors de seis cilindros em linha, 4.3 litros (2.478 cm³ ou 261 polegadas) com 142 cavalos de potência bruta. Suas primeiras versões contavam com uma caixa de câmbio manual de apenas três marchas a frente e uma a ré, dispondo da alavanca de mudanças na coluna de direção. Entre as inovações de projeto estavam presentes o sistema de sincronização da primeira marcha (relações: 2,667:1 / 1,602:1 / 1:1 / ré 3,437:1), suspensão dianteira independente e molas helicoidais nos dois eixos, que apesar do porte garantiam um comportamento de carro de passeio, com extrema suavidade, e uma grande melhoria na estabilidade. Apesar de não contar com o sistema de tração integral, para em ambientes fora de estrada (off road) como presente seus principais rivais na época, a exemplo do Toyota Bandeirante e Rural Willys F-85,  a Chevrolet C-1416 dispunha como item opcional de fábrica, o modo de “tração positiva”, que nada mais era que o bloqueio de diferencial que podia lhe conceder uma melhor capacidade de operação em terrenos irregulares. No ano de 1966, as vendas governamentais destinadas ao emprego como viatura policial atingiam um elevado patamar comercial, o que motivaria a direção comercial da montadora e buscar mais oportunidades mercadológicas no segmento público. Além de veículos de serviço destinados a empresas estatais, figuravam também planos para o desenvolvimento de uma versão de ambulância. 

A escolha obvia de plataforma para desenvolvimento seria a Chevrolet C-1416, mantendo o mesmo conjunto mecânico original, porém adotando um nível de acabamento externo mais espartano. Já a parte interna no veículo seria foco de um grande número de modificações e customizações, envolvendo a adição de uma maca padrão hospitalar de 1,98 metros por 0,58 metros, suporte e instalação para cilindro de oxigênio, divisória integral, armário para medicamentos e banco para assistente no interior. Possuía ainda sistema de sirene com luz intermitente no teto e vidros traseiros translúcidos. O novo modelo designado como C-1410 conquistaria nos primeiros meses, grandes contratos advindos de licitações de governos estaduais e municipais, que ansiavam por um modelo ambulância que pudessem atender melhor suas demandas principalmente em termos de espaço interno. Em 1969 a linha Chevrolet C-1416 receberia seu primeiro “face lift’ que também foi aplicado no modelo C-1410, basicamente mantinham-se os dois pares de faróis originais, com uma grande redesenhada, apresentando frisos cromados, sem a tradicional assinatura Chevrolet. Pequenas alterações seriam aplicadas no interior do veículo em termos de acabamento, incluindo um novo quadro de instrumentos. A partir deste novo modelo, oficialmente a C-1416 e C-1410 receberiam o nome de batismo comercial de "Chevrolet Veraneio", e neste contexto sua capacidade, de poder acomodar até nove pessoas levaria o modelo da General Motors a obter um grande êxito no mercado de carros de passeio de luxo. Em 1970, seria lançada a versão "De Luxo" para este modelo, trazendo um novo padrão de acabamento que envolviam apliques no painel, imitando madeira jacarandá, painéis de portas redesenhados, rádio AM FM, porta-malas acarpetado, faixas pintadas nas laterais, garras nos para-choques e calotas integrais. A nova lista de opcionais trazia ainda bancos dianteiros reclináveis, pintura metálica e revestimento do teto em vinil. 
Em 1979 os modelos passariam, a contar com a mesmo motor a gasolina General Motors 4.1 cc com seis cilindros e 171 cv empregados na linha Chevrolet Opala, com a versão a diesel sendo equipada com o motor Perkins 4 cilindros Modelo 4236 que equipava também a picape modelo D-10. Uma versão a álcool seria lançada no ano seguinte, porém não obteria o mesmo sucesso das demais motorizações, muito em virtude do excessivo consumo de combustível. A partir de 1985, duas décadas depois de seu lançamento, a plataforma da família de modelos da Chevrolet Veraneio, picapes C-10, C-14 e C-15 , já eram consideradas dentro do portifólio da montadora itens mais longevos, e sua plataforma já envelhecida clamava por uma renovação. Atendo a esta demanda a General Motors do Brasil S/A lançaria as novas picapes Série 10 e 20, com estas baseadas na plataforma das camionetes das séries C e K norte-americanas (modelo 1983) que seriam customizadas para o mercado brasileiro, incluindo uma nova versão da Veraneio, que da geração passada restaria apenas o nome. A produção desta nova linha se manteve até meados da década de 1990, quando a crise econômica que abateu sobre o país impactou severamente na  curva de demanda no segmento de grandes utilitários. Ao todo seriam produzidas quase 70.000 unidades da família Veraneio, sendo que destas 12.054 foram da versão ambulância.  

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Apresentada ao mercado brasileiro na edição de 1964 do Salão Internacional do Automóvel em São Paulo, o novo utilitário de grande porte Chevrolet C-1416 da General Motors do Brasil, logo conquistaria o grande êxito e simpatia no mercado comercial. Este novo veículo também despertaria de imediato grande interesse dos órgãos de segurança governamentais, que ano analisarem suas características do modelo, como espaço interno, capacidade de transporte de pessoas e potência, vislumbrariam a possibilidade do modelo ser empregado como viatura policial. Atentos a esta nova demanda a equipe de projetos da General Motors do Brasil S/A, iniciaria o desenvolvimento de uma versão especializada para este tipo de tarefa. O primeiro modelo de uma versão customizada para o emprego de forças policiais seria apresentado no início do ano de 1965. Basicamente considerava-se o emprego do veículo original, com a implementação de grandes alterações em seu interior, apresentando como destaque a eliminação do porta-malas, para a instalação de um habitáculo para transporte de presos e substituição das duas últimas janelas de vidro por placas de ferro reforçado com orifícios para ventilação. Nascia assim o famoso “Camburão” que seria eternizado na lembrança do imaginário popular brasileiro. Com o protótipo pronto, a diretoria comercial da General Motors do Brasil S/A passaria a empreender uma campanha para a divulgação e apresentação de seu produto para as secretarias de segurança dos governos estaduais. Neste contexto, o governo do Estado de São Paulo se tornaria o primeiro cliente, sendo celebrado em julho de 1965 um primeiro contrato que englobava a aquisição de mais de cem veículos do modelo C-1416 "Viatura Policial". Os primeiros carros seriam entregues no mesmo ano, passando a equipar as unidades da Polícia Civil e Polícia Militar, com seu emprego operacional passando a render elogios por parte das corporações. Este sucesso levaria a montadora a celebrar na sequência contratos com outros governos estaduais desejosos de modernizar suas frotas policiais. Assim em apenas cinco anos, a Chevrolet Veraneio, passaria a ser o principal carro policial no país, chegando a representar durante gerações um símbolo no combate a marginalidade, principalmente por sua atuação junto a  ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), a polícia militar de elite de São Paulo. 

O grande êxito obtido pelo Chevrolet C-1416 Veraneio em operação junto as frotas das polícias militares e civis em todo o Brasil, despertaria também o interesse do Ministério do Exército, que em e meados da década de 1960, estava imbuído em um programa de renovação da frota de veículos utilitários de grande porte, voltadas principalmente par o emprego urbano. Neste período, no Exército Brasileiro, estas tarefas eram realizadas por modelos de produção nacional como o Chevrolet Amazonas e a Rural Willys (sendo este último mais indicado para operações fora de estrada), sendo complementados por utilitários de origem norte-americana (recebidos durante a Segunda Guerra Mundial), como os veteranos Dodge WC-53 Carryal. Além da versão básica utilitária, destinada ao transporte orgânico, o modelo de viatura policial, se encaixaria perfeitamente para o emprego junto aos Batalhões de Polícia do Exército (PE), com este sendo também incluso na pauta de estudos. A montadora então realizaria uma apresentação oficial das versões em análise, com ambas sendo imediatamente validadas para emprego operacional. Desta maneira no início do ano de 1966 seria celebrado um contrato entre o Ministério do Exército e a General Motors do Brasil S/A, envolvendo a aquisição inicial de oitenta viaturas. Estas passariam a ser entregues logo em seguida, pois por se tratarem de modelos já em linha na montadora não necessitaram de nenhuma customização, bastando ser aplicado apenas a pintura padrão militar na cor verde oliva. Assim os primeiros carros começaram a ser distribuídos as unidades a partir de abril do mesmo ano, onde foram classificadas como “Viatura de Transporte TNE 3X4 Ton Cabine Fechada”, onde passariam a ser empregadas em missões administrativas. 

A incorporação do Chevrolet C-1416 Veraneio no Exército Brasileiro a partir de 1966, viria a  preencher uma importante lacuna no segmento de veículos utilitários de grande porte para emprego urbano junto as unidade operativas, permitindo assim retirar de serviço modelos obsoletos e de manutenção problemática, ampliar a frota e principalmente poder concentrar os veículos Rural Willys F-75 e F-85, em tarefas a serem realizadas em ambientes fora de estrada, mais indicados a sua robusta configuração e tração integral do tipo 4X4. Seu bom desempenho e facilidade de condução logo conquistaram os motoristas, levando a celebração de novos contratos de compra ao longo dos anos ampliando assim a disposição destes carros. Satisfeito com o emprego da versão básica do Chevrolet C1416 Veraneio em missões utilitárias. Em fins do ano de 1967 seriam encomendadas as primeiras setenta viaturas da versão policial (internamente dispensando o porta-malas para a instalação de um habitáculo para transporte de presos, eliminado também as duas últimas janelas de vidro, sendo substituídas por placas de ferro reforçado com orifícios para ventilação). Estas passariam a ser entregues no início do ano seguinte, primeiramente ao 1º BPE - Batalhão de Polícia do Exército, sediado na cidade do Rio de Janeiro – RJ. Por sequência, as demais viaturas entregues começariam a ser destacadas aos demais batalhões espalhados por todo território nacional. Paralelamente o Ministério da Aeronáutica (MAer), também passaria a incorporar o Chevrolet Veraneio, com pelo menos trinta carros na versão básica para uso como viaturas orgânicas das bases aéreas e parques de aeronáutica, e vinte viaturas na versão policial, para emprego junto aos batalhões da Polícia da Aeronáutica (PA). 

Por fim, partir de 1970, o Ministério da Marinha também passaria a fazer uso dos veículos da família Chevrolet Veraneio, após a aquisição de noventa carros disposto nas versões C-1410 e C-1416 ambulância que seriam empregados em bases navais e hospitais da Marinha do Brasil e do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). Em 1971, seriam compradas vinte viaturas da versão policial para uso junto aos efetivos das Capitanias dos Portos em tarefas de combate e repressão a contrabando e contravenções legais. Ao longo dos anos seguintes estes veículos desempenhariam a contento suas tarefas, junto as três forças armadas brasileiras. A partir de 1986 seria conduzido um novo programa de renovação das frotas de veículos utilitários para emprego militar, que culminaram em contratos junto a montadora para o fornecimento de grandes lotes das novas séries Chevrolet 10 e 20 Veraneio. Este movimento determinaria o início de um gradual processo de substituição, sendo envolvidos primeiramente as viaturas com mais e vinte anos de idade. Esta sistemática perduraria até fins da década de 1980, quando as últimas viaturas pertencentes a versão ambulância foram desativadas, encerrando assim a carreira militar da primeira geração do Chevrolet Veraneio no Brasil.  


Em escala.
Para representarmos o Chevrolet C-1416 Ambulância “EB22-3516”, empregamos um modelo em die cast produzido pela Axio para a editora Altaya na escala 1/43. Fizemos uso deste artificio por não existir um kit deste veículo no mercado. Para compormos a versão ambulância empregada pelo Exército Brasileiro, desmontamos o modelo e preparamos para a pintura nas cor  padrão "verde oliva".  Após a pintura remontamos o mesmo e fizemos a aplicação de decais confeccionados pela decais Eletric Products pertencentes ao set  "Exército Brasileiro 1942/1982". 

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura do Exército Brasileiro em suas ambulâncias, modelos utilitários e viaturas policiais. No caso específico das ambulâncias, as alterações no padrão de identificação se resumiriam as dimensões aplicadas na cruz vermelha. Já nas versões utilitárias a cor  "verde oliva" predominou em todo o período de emprego, recebendo apenas a inclusão do novo brasão da Exército Brasileiro a partir de 1983. 



Bibliografia :
- Primórdios da Motorização no Exército Brasileiro 1919-1940 - Expedito Carlos Stephani Bastos
- Chevrolet Veraneio 50 anos - www.novoguscar.blogspot.com.br/2014/11/historia-chevrolet-veraneio-50-anos.html
- Chevrolet Transporte e Comércio – Editora Salvat 2019
- General Motors do Brasil – www.generalmotors.com.br
- Manual Técnico - Exército Brasileiro 1976

P-15E Neptunes P2V-5

História e Desenvolvimento. 
A Lockheed Aircraft Manufacturing Company, uma empresa norte-americana do setor aeronáutico, foi estabelecida em 1912 pelos irmãos Allan e Malcolm Lockheed, na cidade de San Diego, estado da Califórnia. Inicialmente, a companhia concentrou suas atividades no desenvolvimento e na fabricação de aeronaves de pequeno porte, voltadas para o turismo e o treinamento civil. Nas décadas seguintes, a empresa experimentou um notável crescimento em suas vendas. Contudo, o término da Primeira Guerra Mundial, em novembro de 1918, gerou desafios significativos para o mercado aeronáutico, devido à desmobilização de milhares de aeronaves militares subutilizadas, que passaram a inundar o mercado global de aviação civil. Esse contexto provocou uma crise sem precedentes na comercialização de novas aeronaves, culminando no encerramento de diversas fabricantes, entre elas a Lockheed Aircraft Manufacturing Company. Após a suspensão de suas operações, os irmãos Allan e Malcolm Lockheed redirecionaram seus esforços empreendedores para outros setores do mercado, visando assegurar sua sustentabilidade empresarial. Em 1926, Allan Lockheed associou-se aos engenheiros John Northrop, Kenneth Kay e Fred Keeler para fundar um novo empreendimento. Com o respaldo de investidores, conseguiram angariar os recursos financeiros necessários para criar a Lockheed Aircraft Company, sediada em Hollywood, Califórnia. A nova empresa utilizou a tecnologia desenvolvida anteriormente para o Modelo S-1 como fundamento para o projeto do Lockheed Vega, seu primeiro modelo de destaque. O êxito comercial foi alcançado rapidamente: em 1928, a companhia transferiu sua sede para Burbank e, ao final daquele ano, registrou vendas superiores a um milhão de dólares. Nesse período, a produção atingiu centenas de aeronaves, empregando mais de trezentos colaboradores em uma linha de montagem com capacidade para finalizar até cinco unidades por semana. Em julho de 1929, Fred Keeler, então acionista majoritário, negociou 87% das ações da empresa com a Detroit Aircraft Corporation, possibilitando a implementação de um ambicioso plano de expansão. Todavia, a crise econômica conhecida como Grande Depressão, deflagrada no mesmo ano, impactou gravemente o setor aeronáutico, conduzindo a Lockheed a uma situação de insolvência. Em 1932, durante o processo de liquidação judicial, a companhia foi adquirida por um grupo de investidores liderado pelos irmãos Robert e Courtland Gross, em conjunto com Walter Varney. Essa transação marcou o início de uma nova etapa para a empresa, que logrou sua recuperação ao longo daquela década, especialmente com o desenvolvimento de novas aeronaves. Apesar das adversidades, a Lockheed conseguiu consolidar rapidamente a confiança do mercado civil e comercial dos Estados Unidos, impulsionada pelo sucesso do Lockheed Modelo 10 Electra, uma aeronave totalmente metálica com capacidade para transportar até dez passageiros.

A partir de meados de 1934, uma significativa oportunidade comercial se apresentaria à Lockheed Aircraft Corporation, pois surgia a percepção crescente entre diversos governos europeus, de que a deflagração de um novo conflito com a Alemanha no continente seria apenas uma questão de tempo. Em resposta aos extensos programas de rearmamento iniciados pela Alemanha (apesar das restrições impostas pelo Tratado de Versalhes) e pela Itália fascista, nações como França, Reino Unido e, de maneira mais limitada, Bélgica e Países Baixos começaram, ainda que tardiamente, a modernizar e expandir suas forças armadas. Contudo, as indústrias de defesa desses países não estavam preparadas para atender a estas urgentes demandas militares, especialmente no que tange ao poder aéreo, ainda mais em um curto período. Diante desse cenário, os governos desses países europeus passaram a buscar equipamentos de defesa produzidos predominantemente nos Estados Unidos. Nesse contexto, o governo britânico destacou-se como o mais empenhado nesse esforço, buscando emergencialmente renovar sua frota de aeronaves principalmente as dedicadas as tarefas de bombardeio, transporte, guerra antissubmarino e patrulha marítima. Entre os modelos a serem substituídos na Força Aérea Real (RAF) estavam os já obsoletos bimotores leves Avro Anson Model 18, utilizados em missões de patrulhamento marítimo e reconhecimento. Essa demanda  foi rapidamente identificada pelos diretores da Lockheed Aircraft Corporation que vislumbraram um gigantesco mercado potencial neste segmento, e assim em fevereiro de 1938, autorizaram, com recursos próprios, o início do desenvolvimento de uma aeronave militar destinada a missões de reconhecimento, patrulha e bombardeio. Para acelerar o projeto e otimizar os investimentos, a nova aeronave foi concebida com base na plataforma do bimotor civil Lockheed Model 14 Super Electra. O programa recebeu a designação Lockheed Model B-14, e os trabalhos de desenvolvimento foram prontamente iniciados, culminando na construção de um modelo em madeira (mock-up). Esses esforços coincidiram com a visita de uma comissão britânica de compras aos Estados Unidos, que prontamente foi convidada para uma reunião nas instalações da Lockheed Aircraft Corporation. Durante o encontro, uma apresentação detalhada foi conduzida, destacando as características da aeronave proposta para missões de patrulha e guerra antissubmarino. A exposição impressionou positivamente os oficiais britânicos, resultando em um convite formal à diretoria da empresa para uma visita à Inglaterra, onde o projeto poderia ser discutido de maneira mais aprofundada. Durante as fases iniciais do conflito, mais de oitocentas aeronaves seriam adquiridas pela Força Aérea Real (Royal Air Force), com outras centenas de aeronaves sendo operadas pelo Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) e  a Aviação Naval da Marinha Americana (US Navy).  
Pouco antes do envolvimento dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF) transferiu à Aviação Naval da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) a responsabilidade pela execução das missões de guerra antissubmarino ao longo do litoral norte-americano. Em decorrência dessa decisão, a Marinha buscou aprimorar seus recursos aéreos de patrulha, o que resultou na transferência de todos os contratos de produção existentes. Para atender de forma mais eficaz aos requisitos técnicos das missões de patrulha, as aeronaves a serem fabricadas passaram por uma série de modificações estruturais e funcionais. A partir do final de 1942, entraram em serviço os novos Lockheed-Vega PV-1 Ventura B-34, seguidos, em 1943, pelos Lockheed-Vega PV-2 Harpoon B-34A. Esses modelos apresentavam desempenho superior e maior capacidade para missões especializadas, substituindo gradualmente os Lockheed A-28 Hudson na linha de frente. No entanto estas aeronaves ainda eram oriundas de projetos de aeronaves civis ou bombardeiros estratégicos, que poderiam assim trazer limitações operacionais em termos de patrulha marítima e combate antissubmarino, pois o calcanhar de Aquiles ainda era representado pela autonomia de combates destes aviões. Buscando solucionar esta problemática, a equipe de projetos da Lockheed Aircraft Corporation liderada pelo engenheiro John B. Wassal, iniciaria em 1942 o desenvolvimento de uma nova aeronave que pudesse suplantar estas deficiências, porém este projeto seria postergado devido ao grande nível de envolvimento da empresa no esforço de guerra. Somente em 1944 este programa seria retomado, pois em maio deste ano o Comando da Aviação Naval da Marinha Americana (Us Navy) emitiu requisitos para o desenvolvimento de uma nova aeronave de patrulha e guerra antissubmarino, se materializando em uma concorrência governamental. Já dispondo dos estudos iniciados anteriormente a empresa sairia em vantagem sobre os demais concorrentes, podendo apresentar assim sua proposta em um tempo recorde, isto levaria a formalização de uma carta de intenção em 4 de abril de 1944, para a produção de dois protótipos para fins de avaliação no programa de testes. As duas aeronaves agora designadas como XP2V-1 foram completadas em março de 1945, com o primeiro voo ocorrendo em 17 de maio de 1945. Os resultados do programa de avaliação e ensaios em voo foram extremamente promissores, levando a formalização de um contrato de pré-produção envolvendo quinze aeronaves. Após aceite por parte do Comando da Aviação Naval, seria celebrado em fins do mesmo ano, o primeiro contrato de aquisição, com a produção sendo iniciada em abril de 1946. A nova aeronave apresentava concepção bimotora, com trem de pouso triciclo, dispondo de grande raio de ação, com capacidade e operação em qualquer tempo. Como diferencial a aeronave fora totalmente concebida com o objetivo de apresentar baixo custo de operação, incorporando inovações técnicas que reduziam o tempo de manutenção em terra, aumentando a disponibilidade das células.

A primeira versão operacional o P2V-1 Neptune, entrou em operação na Marinha dos Estados Unidos (US Navy), e estava equipada dois motores radiais Wright R-3350-8 com 1.700 hp de potência cada, seu armamento defensivo era composto por três torretas de metralhadoras calibre .50, sendo uma dorsal, uma traseira e uma frontal. A aeronave impressionaria os meios aeronáuticos no dia 1º de outubro de 1946, quando o terceiro P2V-1 produzido completou um voo sem escalas de três dias de duração, entre Perth (Austrália) e Columbus (Estados Unidos), num trajeto de 11.235 milhas, quebrando o recorde de voo em distância. Em termos de carga ofensiva o Neptune podia transportar até 3.630 kg de bombas e foguetes, dispostos em cabides subalares ou no bomb bay. Um total de quatorze células seriam entregues, sendo esta versão substituída a partir de 1949 pelo P2V-2, que passava a contar com motores mais potentes Wright R-3350-24W com 2.800 hp de potência cada, sendo entregues oitenta células. Os modelos P2V-3 e P2V-3B passaram a ser produzidos em seguida, incorporando motores Wright R-3350-26W com 3.600 hp de potência cada, representando cinquenta e três aeronaves produzidas. Uma versão de bombardeio nuclear de queda livre designada P2V-3C para operação em porta aviões resultaria na produção de onze células para avaliação, a este se seguiria o modelo P2V-3W de alerta aéreo antecipado, portando um radar de busca AN/APS-20, recebendo contratos para a entrega de trinta células. O novo P2V-4 passou a dispor do novo radar ASW AN/APS-20 alojado sob a fuselagem, receberia um sistema de sonoboias e também um holofote na ponta de um dos tanques suplementares das asas. Em 1951 surgia a variante P2V-5 que seria a versão mais produzida do Neptune,  trazia um novo nariz envidraçado para o observador com a remoção do armamento frontal, a torreta da cauda também foi removida visando a instalação do equipamento de Detecção de Anomalias Magnéticas (MAD), também houve significativo aumento na capacidade de transporte de combustível dos tanques das pontas das asas, além da instalação de radar NA/APS-8 na ponta de um destes tanques. A última variante de patrulha a ser produzida foi P2V-7 equipado com motores R-3350-32W com 3.500 hp de potência cada, sendo contratada a produção de 287 células com quarenta e oito montadas pela Kawasaki no Japão
Seu emprego real registra participações nas guerras da Coreia e Vietnã, sendo também considerados como ferramenta fundamental no monitoramento de submarinos soviéticos, na ativação de missões ELINT, durante o longo período da Guerra Fria, sofrendo inclusive perdas em encontros contra aeronaves de caças chinesas e soviéticas. A entrada em operação dos novos Lockheed P-3 Orion a partir de 1962, determinou a retirada dos Neptune das missões navais na Marinha Americana (US Navy), com as melhores células sendo transferidas a CIA (Central de Inteligência Americana), onde foram convertidas para atender a missões de guerra eletrônica (ECM), controle e lançamentos de drones, telemetria e ataque terrestre para qualquer tempo. Esta variante receberia a designação de APH-2 e era equipada com sensores de FLIR e TV e armada com lançadores de granadas, bombas de napalm e metralhadoras miniguns. Fora de seu país de origem os Neptune foram empregados pela Argentina, Holanda, Austrália, Portugal, Canadá, Japão, Reino Unido, França, Brasil e Taiwan. Durante o conflito das Falklands/Malvinas os Neptunes foram usados para identificar e acompanhar os movimentos da Força Tarefa Britânica, sendo ainda empregados para missões de vetorização de alvos para os ataques realizados pelos Dassault Super Étendard com misseis ar mar Exocet. Sua produção se manteve até 1957 sendo produzidas 1.177 aeronaves, atualmente algumas células são mantidas em operação até os dias atuais por empresa civis especializadas em combate a incêndios nos Estados Unidos e Europa.

Emprego nas Força Aérea Brasileira.
A aviação de patrulha e guerra antissubmarino no nosso país, nasceriam durante a Segunda Guerra Mundial, pois o Brasil ao assumir um papel de fornecedor estratégico de materiais primas para os aliados, passou a sofrer com a ameaça dos submersíveis do Eixo, levando ao afundamento de inúmeros navios mercantes. Neste contexto as forças armadas norte-americanas passaram a estruturar uma complexa infraestrutura de guerra antissubmarino, assumindo as operações inicialmente, passando gradualmente a transferir esta responsabilidade para a recém-criada Força Aérea Brasileira. Ao longo dos anos que seguiram Força Aérea Brasileira conquistou grande experiencia e habilidade na arte da guerra antissubmarino, operando com aeronaves e equipamentos no estado da arte para aquele período que foram cedidos a partir de 1943 nos termos do Leand & Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), obtendo excelente resultados operacionais. Logo após o término conflito a Força Aérea Brasileira dispunha de muitas aeronaves de patrulha e guerra antissubmarino produzidas pela Lockheed Aircraft Corporation, distribuídas entre os modelos A-28 Hudson, PV-1 Ventura e PV-2 Harpoon, que gozavam ainda de uma moderna suíte eletrônica para a época. Ocorre, porém, que nos anos seguintes, inovações tecnológicas introduzidas nos cenários de patrulha marítima e guerra antissubmarino, iriam relegar rapidamente a obsolescência todas estas aeronaves da geração anterior. No início da década de 1950, apenas os Lockheed PV-2 Harpoon em serviço junto ao 1º/7º Grupo de Aviação (1º/7º GAv) Esquadrão Orugan., ainda dispunham de alguma capacidade combativa neste novo cenário, porém logo no ano de 1956 estas células seriam desativadas em virtude de graves problemas de disponibilidade para voo, com este cenário no complicado processo de aquisição de peças de reposição, tendo em vista que sua produção havia sido descontinuada em seu pais de origem no ano de 1945.

Este cenário crítico, levaria o Ministério da Aeronáutica (MAer) a buscar soluções para o reequipamento de sua estrutura de patrulha marítima e guerra antissubmarino, visando assim em curto espaço de tempo recompor sua capacidade operacional neste segmento de missão. Assim no início do ano de 1957 fazendo uso dos termos do programa MAP- Military Assistence Program (Programa de Assistência Militar), o governo brasileiro negociou aquisição de novas aeronaves de patrulha com a escolha recaindo sobre o modelo Lockheed P2V Neptune. Objetivava-se adquirir de dez a quinze aeronaves, estas conversações se materializariam em uma oferta para aquisição de aeronaves da versão Neptune MR.1 (Lockheed P2V-5), pertencentes a um lote de cinquenta e duas aeronaves que foram cedidas em 1951 a Força Aérea Real (RAF - Royal Air Force) para uso junto ao Comando Costeiro. Em 1957 as células remanescentes seriam desativadas após serem substituídos pelos novos Avro Shackleton MR.1, posteriormente então seriam devolvidas aos Estados Unidos e armazenadas na Base Aérea de Davis Montain no estado do Texas. Neste mesmo ano uma comitiva de oficiais da Força Aérea Brasileira seria enviada a esta localidade para proceder a escolha de células em melhores condições de conservação. Assim seriam escolhidas quatorze aeronaves que seriam transladadas para a cidade de Fresno na Califórnia, onde seriam recondicionadas e revisadas pela empresa Grand Central Aircraft Corporation. Este acordo de aquisição previa um pacote de instrução prevendo a participação de 27 oficiais e 56 graduados, com este programa de se iniciando a partir de julho de 1958, se desdobrando entre a base aeronaval de Jacksonville no estado da Florida, onde seriam concentradas os processos operacionais e estágio de adaptação e solo, fazendo uso de células dos modelos P2V-2, P2V-3 e P2V-4  e base naval de Norfolk no estado da  Virginia onde seriam ministradas as técnicas de guerra antissubmarino e patrulha marítima, com este estágio sendo realizado em aeronaves do modelo P2V-5.
Já ostentando as marcações nacionais os cinco primeiros Lockheed P2V-5 agora designados P-15, iniciaram em 15 de dezembro de 1958 o primeiro translado para o Brasil, chegando ao seu destino – a Base Aérea de Salvador (BASV) – no dia 30 do mesmo mês. O traslado não foi sem incidentes, no entanto, pois o FAB 7009 foi interceptado por dois caças N.A. F-51 Mustang e um de Havilland Vampire da Força Aérea Dominicana, os quais forçaram a sua aterrissagem a tiros de metralhadora na Base Aérea de Santo Isidoro. Após as explicações dadas pelo comandante da aeronave, Cap.-Av. Santiago, foi o mesmo autorizado a levantar voo. O incidente levou a uma troca de agudas mensagens diplomáticas entre o Brasil e a República Dominicana. Para receber a nova aeronave a Base Aérea de Salvador teve de ser submetida a alterações em sua infraestrutura para a operação (incluindo pistas de pouso adequadas) e manutenção básica da grande aeronave, principalmente no que tange a laboratórios para testes e calibração dos sistemas eletrônicos. Posteriormente as manutenções em âmbito IRAN (Inspection And Repair as Necessary) seriam realizadas pelo Parque de Aeronáutica de São Paulo (PASP), contando ainda com o apoio do Centro de Manutenção da Varig que detinha vasta experiência na manutenção dos motores que eram os mesmos empregados em sua frota de aeronaves de transporte de passageiros Lockheed Constelation. As aeronaves adquiridas eram do modelo P2V-5 Neptune , estando equipadas com sofisticados sistemas eletrônicos dedicados a guerra antissubmarino (ASW) e patrulha marítima, entre estes o radar de longo alcance General Electric APS-20, sistemas de contramedidas eletrônicas CME, radar de precisão APS-8, detector de anomalias magnéticas (MAD) ASQ-8 e sistemas de sonoboias acústicas passivas e ativas Julie & Jezebel. Para busca visual dispunha ainda de poderoso farol de busca noturna de 80 milhões de lumiens instalado no tanque da asa esquerda. Tal suíte eletrônica elevaria em muito a capacidade de patrulha e combate antissubmarino da Força Aérea Brasileira, demandando, no entanto, a necessidade de um abrangente treinamento por parte das equipagens brasileiras.

Já plenamente operacionais os Lockheed P-15 matriculados FAB 7000  á  7013, pertencentes ao 1º/7º Grupo de Aviação - Esquadrão Orugan, foram encarregados do patrulhamento da faixa de 200 milhas do mar territorial, a fim de identificar e verificar todas as embarcações nessa aérea. Estas missões eram divididas em duas operações, denominadas Norte e Sul abrangendo uma aérea de 2.780.000 km quadrados, e seu procedimento compreendia em despachar as aeronaves mar adentro, realizando o esclarecimento e o acompanhamento de possíveis embarcações irregulares, desde a costa baiana, margeando a região litorânea brasileira, com escalas técnicas nas bases aéreas de Santa Cruz ou Canoas ao sul e Belém ou Natal ao norte. Estas missões de longa duração proporcionaram o estabelecimento de recordes de permanência em voo de uma aeronave militar brasileira, englobando em 1961 e 1967 missões com 24 horas e 35 minutos e 25 horas 15 minutos respectivamente. Em uma destas missões, ocorrida em março de 1972, foi interceptado o navio soviético de espionagem “Yuri Gagarin”, o qual estava fundeado em águas territoriais brasileiras, no Atol das Rocas, a fim de monitorar o lançamento de foguetes do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno. Após algumas passagens baixas sobre a embarcação, os soviéticos decidiram abortar sua missão e abandonar a área. Algumas das aeronaves eram batizadas com o nomes de aves marítima ou peixes – como “Martin”, “Giant Petrel”, “Tubarão” – o qual era pintado na porção inferior da fuselagem, à frente do símbolo do 1º/7º GAV. O FAB 7010 apresentava ainda a bandeira do Brasil pintada à frente na fuselagem, e o tanque na ponta da asa esquerda tinha a sua ponta pintada em azul, com o Cruzeiro do Sul sobreposto, seguido de duas faixas em verde e amarelo; uma representação estilizada do escudo da Base Aérea de Salvador - BASV era pintado no corpo do tanque.
Ao longo de sua carreira na Força Aérea Brasileira, inúmeras foram as operações aeronavais nas quais esteve engajado, dentre as quais as UNITAS, realizadas em conjunto com Argentina, Uruguai e Estados Unidos. No início da década de 1970 restavam apenas dez células operacionais (três foram perdidos em acidentes -  FAB 7001, 7007 e 7008), e nesta época os índices de disponibilidade passaram a ser afetados por graves problemas no fluxo de peças de reposição, levando assim a canibalização de mais aeronaves. Este cenário levaria a decisão de iniciar um gradual processo de desativação do modelo. A última missão de um Lockheed P-15 Neptune na Força Aérea Brasileira seria realizada no dia 3 de setembro de 1976, pela tripulação dos Ten.-Cel.-Av. Lott, Maj.-Av. Beuthner e Cap.-Av. Nilson, a bordo do FAB 7009. Das aeronaves restantes, oito foram vendidos como sucata (FAB 7000, 7002, 7003, 7004, 7005, 7011, 7012 e 7013), e dois foram preservados: o FAB 7009 foi colocado em exposição na Base Aérea de Salvador (BASV) após o seu último voo, e o FAB 7010 encontra-se em exposição no Museu Aeroespacial (Musal). Seu sucessor a aeronave de produção nacional o Embraer EMB-111 P-95 Bandeirulha seria incorporado somente em 1978, e apesar de sistemas eletrônicos atualizados como o avançado radar de busca marítima compacto AN/APS-128 Super Searcher, o novo vetor não dispunha da mesma autonomia ou capacidade de transporte e operação de armamentos dedicados a guerra antissubmarino (ASW), lacuna esta que só seria preenchida a partir de 2011, com a incorporação dos Lockheed P-3AM Orion, modernizados na EADS na Espanha.

Em Escala.
Para representarmos O P-15 Neptune  “FAB "7011“, empregamos o  antigo kit da Hasegawa, na escala 1/72, vale lembrar que este modelo originalmente este modelo apresenta a versão P2V-7. Para adequarmos a versão P2V-5 operado pela Força Aérea Brasileira, devemos proceder a alteração dos tanques suplementares instalados nas pontas das asas, realizando esta conversão em scratch, empregando como base tanques de napalm, presentes no kit do P-47 Thunderbolt da Academy - HTC na escala 1/48. Fizemos uso de decais impressos pela FCM Decais, presentes no Set 72/09.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura da Marinha Americana (US Navy) Midnight Blue, com qual as aeronaves brasileiras foram recebidas. A partir de 1968 um segundo esquema foi adotado, na qual as superfícies dorsais da fuselagem receberam a aplicação de tinta branca no intuito de atenuar os efeitos do calor intenso do litoral nordestino. Em 1971 um terceiro e último padrão foi implementado perdurando até sua desativação em 1976.



Bibliografia :

- A Saga do Netuno P-15 Aparecido Camazano Alamino  - Revista Força Aérea Nº 9

- Lockheed P2V Neptune-  Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/Lockheed_P-2_Neptune

- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores