URAL 4320-31 e 4320-6 (VE - VTNE - VTE)


História e Desenvolvimento.
A origem de um dos mais importantes fabricantes de caminhões militares remonta ao dia 22 de junho de 1941, quando a Operação Barbarossa, a audaciosa invasão da União Soviética pelo Exército Alemão (Wehrmacht), foi deflagrada. Naquele momento, as forças armadas soviéticas foram totalmente surpreendidas, encontrando-se em um estado de despreparo em termos de armamentos, veículos e equipamentos. Essa vulnerabilidade foi agravada pela falsa sensação de segurança proporcionada pelo Pacto de Não Agressão Germano-Soviético  Molotov-Ribbentrop, previamente firmado entre a União Soviética e a Alemanha. Com uma força avassaladora composta por três milhões de soldados, organizados em 134 divisões de combate e apoiados por 73 divisões de reserva, o Exército Alemão (Wehrmacht) avançou em direção ao leste com notável mobilidade, superando qualquer tentativa inicial de resistência. O objetivo principal da ofensiva era eliminar a ameaça comunista à Alemanha nazista, enquanto a conquista territorial desempenhava um papel central nos planos de longo prazo para o assentamento da população considerada ariana pelos ideais nazistas. Conscientes do potencial das forças soviéticas, caso não fossem rapidamente neutralizadas, os alemães empregaram a tática da Blitzkrieg, ou guerra relâmpago, combinando alta mobilidade terrestre com apoio aéreo aproximado. Essa estratégia visava destruir as linhas de defesa e o parque industrial soviético, comprometendo a capacidade de resistência do inimigo. Apesar das perdas devastadoras sofridas nas primeiras seis semanas da invasão, a União Soviética não sucumbiu como previsto pelos comandantes alemães. A resistência, embora desafiadora, prolongou-se nos meses seguintes, resultando em um conflito árduo que também infligiu perdas significativas ao exército invasor. O avanço alemão, embora lento, causou a destruição quase total do parque industrial soviético, comprometendo a médio prazo a capacidade de reposição de equipamentos e suprimentos. Diante desse cenário crítico, o governo e o comando militar soviético reconheceram que, embora fosse possível resistir temporariamente ao inimigo, uma estratégia de médio e longo prazo era imprescindível para garantir a sobrevivência da União Soviética como nação. Um dos pilares dessa estratégia repousava na continuidade da produção industrial militar, essencial para sustentar o esforço de resistência patriótica. A preservação e o fortalecimento da capacidade de fabricar armas, veículos e equipamentos tornaram-se prioridades absolutas, marcando o início de um esforço monumental para reorganizar e proteger a indústria soviética em meio ao conflito.

Conscientes das limitações da Força Aérea Alemã (Luftwaffe), que carecia de bombardeiros estratégicos de longo alcance, os comandantes soviéticos decidiram, no final de 1939, transferir todo o parque industrial de armamentos, veículos e munições para regiões mais remotas no interior do país. Essa medida estratégica visava proteger as instalações fabris do alcance da aviação inimiga, garantindo a continuidade da produção necessária para sustentar o esforço de guerra. Entre as empresas realocadas estava a ZIS (Zavod Imeni Likhachyova), uma renomada fabricante de caminhões fundada em 1916, originalmente situada na periferia de Moscou. Como parte desse planejamento, sua linha de produção foi desmontada e transferida para a região dos Montes Urais, onde novas instalações foram erguidas na cidade de Miass, no Oblast de Chelyabinsk. A produção nas novas instalações teve início no começo de 1941. Durante os dois primeiros anos de operação, a fábrica concentrou seus esforços na produção em larga escala de motores automotivos e caixas de engrenagens destinadas a carros de combate. Essa priorização foi motivada pelo fato de que, naquele período, a demanda por caminhões de transporte do Exército Vermelho Soviético era suprida por milhares de veículos norte-americanos, como os Studebaker US6 G630 e GMC CCKW 353 e 352, fornecidos por meio do Acordo de Empréstimos e Arrendamentos (Lend-Lease Act). A vitória soviética na Batalha de Stalingrado, em meados de 1943, marcou um ponto de inflexão na Segunda Guerra Mundial, permitindo que as forças soviéticas transitassem de uma postura defensiva para uma abordagem ofensiva. Esse novo contexto, com riscos reduzidos, levou o governo soviético a reavaliar sua estratégia de produção militar, buscando diminuir a dependência de equipamentos importados norte-americanos . Nesse cenário, a ZIS - Zavod Imeni Likhachyova) foi incumbida de desenvolver uma nova família de caminhões militares. Esses esforços culminaram em 8 de julho de 1944, com a produção das primeiras unidades do caminhão militar com tração integral 6x6 ZIS-5V, batizado de “UralZIS”. Rapidamente integrado às operações militares, o UralZIS-5V conquistou amplo reconhecimento por sua robustez e simplicidade, construído em madeira e metal para reduzir custos e agilizar a produção, com proteção limitada contra intempéries. Estes entregues aos milhares desempenhariam  um papel vital nas fases finais do conflito. Sua confiabilidade foi comprovada em campo, permitindo que o modelo permanecesse em serviço até o final da década de 1950, deixando um legado duradouro no transporte militar soviético.
A partir de 1946, a ZIS (Zavod Imeni Likhachyova), sediada em Miass, lançou o caminhão ZIS-21A, pertencente à categoria de 2,5 toneladas, sob a designação UralZIS-352. Esse modelo, com versões aprimoradas e especializadas, foi produzido em larga escala, destacando-se, em 1949, pelo UralZIS-352-5, que introduziu pela primeira vez freios hidráulicos, um avanço significativo para a época. Em 1956, respondendo às necessidades de modernização das forças armadas soviéticas, a empresa apresentou o UralZIS-355 6x6, cuja produção alcançou números expressivos, consolidando a reputação da marca pela robustez e confiabilidade de seus veículos. Dois anos depois, em 1958, foi desenvolvida a primeira versão de exportação, o UralZIS-5, com as entregas iniciais destinadas ao Cazaquistão. Curiosamente, esse modelo foi equipado com motores a diesel italianos Fiat AMO-3, marcando uma inovação na linha. Nos anos seguintes, diversos contratos de exportação foram firmados, mantendo o UralZIS-5 em produção até o final de 1963. Paralelamente, o Instituto Científico de Padronização Automotiva de Moscou iniciou estudos para o desenvolvimento de um novo caminhão com tração integral 6x6. Aprovado rapidamente, o projeto deu origem ao Ural-375, com capacidade de cinco toneladas, cuja produção foi confiada à Uralskiy Avtomobilnyi Zavod (UralAZ). Em 1961, as linhas de montagem da fábrica foram modernizadas, com atualizações no ferramental e nos processos produtivos, para atender às exigências do novo modelo. O Ural-375 foi equipado com um moderno motor a diesel ZIL-375Ya V8, projetado especificamente para o veículo. Seu sucesso foi imediato, tornando-se o caminhão padrão das forças armadas dos países do Pacto de Varsóvia. Durante a década de 1960, a UralAZ ampliou seu portfólio com os modelos Ural-375, Ural-375H e Ural-377H, todos equipados com o eficiente motor a diesel V8 KamAZ. Esses veículos foram protagonistas de um ambicioso programa de reequipamento militar, alcançando a impressionante marca de 530 mil caminhões militares entregues e 1,3 milhão de motores automotivos produzidos. Entre 1972 e 1975, a UralAZ lançou duas novas versões com tração 6x4, desenvolvidas especialmente para atender às necessidades da Marinha da União Soviética (Военно-морской флот) e da Força Aérea Soviética (Военно-воздушные силы). Esses modelos permaneceram em produção até, pelo menos, o final de 1983, consolidando a UralAZ como um pilar essencial na logística militar soviética e reforçando sua relevância no cenário internacional.

Em 1977, a Uralskiy Avtomobilnyi Zavod (UralAZ) lançou o modelo Ural-4320, um caminhão militar com tração integral 6x6 e capacidade de até cinco toneladas. Equipado com um novo motor a gasolina e uma variante a diesel, esse veículo foi projetado para substituir os modelos Ural-375 e Ural-740 nas forças armadas soviéticas, consolidando-se como uma solução robusta e versátil para as demandas logísticas militares. Em 1981, buscando maior eficiência, a UralAZ optou por importar motores a diesel produzidos pela norte-americana Caterpillar Company, dando origem ao modelo Ural-5920. Essa solução, no entanto, foi temporária, pois, em 1983, o motor foi substituído pelo novo KamAZ-740 V8 a diesel, com 10,85 litros e potência máxima de 210 cv. Esse conjunto motor-veículo tornou-se a base para o desenvolvimento de diversas versões com trações 6x6, 6x4 e 4x4, adaptadas para múltiplas funções, incluindo carro-comando, transporte de tropas, basculante, oficina, comunicações e reboque. Projetado com os princípios de robustez, simplicidade de operação e facilidade de manutenção, o Ural-4320 estabeleceu-se como o caminhão militar padrão das forças armadas dos países do Pacto de Varsóvia. Sua versatilidade e confiabilidade também impulsionaram sua exportação para nações da África, Ásia e América do Sul, ampliando a influência da UralAZ no cenário global. Em 1987, a montadora celebrou um marco histórico ao produzir seu milionésimo caminhão, um feito notável para uma empresa estatal, refletindo sua relevância na indústria militar e logística. Com o anúncio do presidente Mikhail Gorbachev, em 1991, sobre a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a UralAZ enfrentou um período de profundas transformações. A reestruturação econômica e a reorganização da indústria estatal levaram a empresa a se transformar em uma sociedade de responsabilidade limitada, permitindo sua entrada no mercado civil. Nesse contexto, foram lançados modelos como o Ural-43204 e o Ural-55571, voltados para aplicações comerciais. A abertura econômica também abriu portas para parcerias internacionais, destacando-se o acordo firmado em 1992 com a italiana IVECO S.p.A. Dessa colaboração nasceu o Iveco UralAZ 330-30ANW com tração 6x6, um produto de grande sucesso que fortaleceu a posição da UralAZ nos mercados civil e militar internacionais, consolidando sua reputação como fabricante de veículos robustos e confiáveis.
A partir de junho de 1992, a Urals Automotive Plant, então reconhecida internacionalmente, implementou uma significativa modernização em sua linha de produtos, com destaque para o modelo Ural-4322 6x6, projetado para transportar até seis toneladas. Esse caminhão passou a incorporar uma nova cabine com design mais contemporâneo, alinhado aos padrões estéticos e funcionais da época. Durante esse período, o principal grupo motopropulsor adotado para a família Ural-4322 foi o motor Ural-744 V8, com 234 cv de potência. Para atender ao mercado de exportação, foram oferecidas versões equipadas com o motor diesel Kustanay (KDZ), produzido sob licença da renomada empresa alemã Deutz Aktiengesellschaft, reforçando a versatilidade e a competitividade dos veículos no cenário global. Na primavera de 1993, um incêndio de grandes proporções atingiu as instalações da fábrica de motores da KamAZ ПАО, interrompendo sua produção e impactando o fornecimento de propulsores. Diante desse desafio, a Urals Automotive Plant intensificou esforços para identificar novos fornecedores de motores a diesel, prospectando parcerias não apenas na Rússia, mas também na Europa e nos Estados Unidos. Essa busca por alternativas demonstrou a resiliência da empresa em manter sua capacidade produtiva em meio a adversidades. Em 1997, a UralAZ introduziu uma nova cabine, designada como Cod 6329, no padrão EuroTrakker, que substituiu as antigas cabines de inspiração FIAT VI. Essa atualização trouxe maior conforto e funcionalidade, alinhando os veículos aos padrões internacionais. Como uma das principais fabricantes russas de veículos militares, a Urals Automotive Plant manteve um portfólio diversificado, oferecendo uma ampla gama de caminhões off-road em várias configurações de carroceria e aplicações. Além dos modelos com tração convencional, como o Ural-4320-6 4x4 e o Ural-4320-31 6x6, a empresa desenvolveu o Ural-5323, um caminhão de 9 toneladas com tração integral 8x8, projetado exclusivamente para uso militar, destacando-se por sua capacidade em terrenos extremos. Em 2008, a montadora italiana IVECO S.p.A. assumiu o controle acionário da empresa, que, no ano seguinte, foi renomeada como Iveco-AMT (Ивеко-АМТ, em russo). Essa transição marcou uma nova fase de integração com o mercado global, fortalecendo a posição da empresa como referência na produção de veículos robustos e confiáveis, tanto para uso militar quanto civil.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Desde o início do processo de motorização do Exército Brasileiro, em 1906, a Força Terrestre caracterizou-se por operar uma frota de caminhões marcadamente heterogênea, composta por modelos provenientes de diversos países. Nas décadas subsequentes, esforços foram realizados para promover a padronização desses meios, com o objetivo de reduzir custos operacionais e simplificar a logística de manutenção e distribuição. Contudo, foi apenas no início da década de 1940, por meio do Acordo de Empréstimos e Arrendamentos (Lend-Lease Act), que o Exército alcançou uma verdadeira uniformidade em sua frota, com a incorporação de milhares de caminhões de origem norte-americana, marcando um marco significativo na história de sua logística. Ao longo dos anos seguintes, a frota passou a incluir soluções nacionais, com as Forças Armadas Brasileiras adotando modelos militarizados de inspiração italiana (FNM – Alfa Romeo), alemã (Mercedes-Benz) e norte-americana (Chevrolet e Ford). Durante as décadas de 1980 e 1990, o Exército Brasileiro vivenciou um novo período de hegemonia, desta vez com os caminhões produzidos pela Mercedes-Benz do Brasil S/A, que se tornaram predominantes em suas operações logísticas. Curiosamente, nesse mesmo período, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira incorporaram, de maneira inusitada, caminhões de origem russa. Entre 1999 e 2001, a Receita Federal Brasileira, durante operações de fiscalização no porto de Santos, identificou uma importação irregular de um lote de 12 caminhões Ural, fabricados pela Urals Automotive Plant (UralAZ), da Rússia. Os modelos envolvidos eram o Ural-4320-31 (tração 6x6, capacidade de aproximadamente 6 toneladas) e o Ural-43206 (tração 4x4, capacidade de 4 a 5 toneladas). Esses veículos, projetados para uso militar e operações off-road, foram importados por uma empresa sediada em São Paulo, a  irregularidade da importação estava baseada na ausência de licenças de importação ou faturas comerciais e principalmente pelo subfaturamento com declaração de valores inferiores ao real para reduzir impostos. Após a identificação da irregularidade, os caminhões foram apreendidos e armazenados em depósitos da Receita Federal no porto de Santos, conforme os procedimentos padrão para mercadorias retidas. A Receita Federal tentou regularizar a situação com os importadores originais, possivelmente notificando a empresa paulista para apresentar documentos ou pagar os tributos devidos. No entanto, essas tentativas foram infrutíferas. Consequentemente, os caminhões foram confiscados e declarados como bens da União, conforme previsto na legislação aduaneira brasileira. Ao todo, doze caminhões foram apreendidos, sendo três deles equipados com carroceria tipo caçamba, sendo decidido destiná-los ao Exército Brasileiro. A partir de sua incorporação ao Exército Brasileiro, os 12 caminhões Ural, modelos 4320-31 (6x6) e 43206 (4x4), confiscados pela Receita Federal entre 1999 e 2001, foram inicialmente destinados ao 22º Batalhão Logístico (22º BLog), localizado em Barueri, São Paulo.

Lá, passaram por uma minuciosa avaliação técnica conduzida em parceria com o Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP), unidade especializada na manutenção e análise de equipamentos militares. Após a conclusão dos testes, os veículos foram classificados como Viaturas de Transporte Não Especializado (VTNE) e integrados às operações do batalhão, desempenhando funções essenciais de transporte de carga. Apesar de sua robustez, o emprego operacional desses caminhões foi limitado, principalmente devido à escassez de peças de reposição, um desafio decorrente da ausência de suporte técnico para veículos russos no Brasil. Essa dificuldade comprometeu sua disponibilidade, levando à decisão, no início de 2004, de classificá-los como material inservível para a Força Terrestre. Os caminhões foram, então, armazenados com a intenção de serem leiloados. Contudo, nem todos foram desativados. Alguns foram transferidos para Pirassununga, no interior de São Paulo, onde passaram a ser utilizados pelo 13º Regimento de Cavalaria Mecanizada (13º RCMec). Paralelamente, quatro unidades foram cedidas à Força Aérea Brasileira (FAB) para uso na Fazenda da Aeronáutica. De acordo com informações extraoficiais, o lote incluía pelo menos dois caminhões Ural-4320-31 6x6 configurados para transporte de tropas, dois com carroceria basculante (também Ural-4320-31) e os demais na variante Ural-43206 4x4. Esses veículos eram equipados com motores a diesel russos YaMZ-238M2, com configurações de seis ou oito cilindros em "V". Esse propulsor, mais moderno, substituiu as versões a gasolina produzidas em larga escala durante a década de 1960, oferecendo maior eficiência e durabilidade. No 13º Regimento de Cavalaria Mecanizada (13º RCMec), os caminhões Ural impressionaram os oficiais pela sua rusticidade, tamanho e desempenho excepcional em terrenos acidentados. Sua construção totalmente mecânica facilitava a operação e a manutenção no dia a dia, superando, em alguns aspectos, o desempenho de caminhões militarizados fabricados por marcas como Mercedes-Benz do Brasil S/A e Volkswagen-MAN do Brasil S/A. Entre suas características notáveis, destacavam-se a alta capacidade de carga, a versatilidade em terrenos de difícil acesso e a capacidade de operar em condições climáticas extremas, com temperaturas variando de -50°C a +50°C. Essas qualidades explicam o crescente interesse das forças militares latino-americanas por caminhões de origem russa, que combinam robustez e simplicidade com custos competitivos. Esse cenário abriu oportunidades significativas para a montadora Iveco-AMT (anteriormente Urals Automotive Plant), que se consolidou como uma referência na região. Durante esse período, o Exército do Uruguai adquiriu 400 unidades desses caminhões, enquanto o governo mexicano encomendou pelo menos 50 unidades em 2003. Até hoje, versões mais antigas da família Ural permanecem em operação em diversos países da América Latina, atestando a durabilidade e a relevância desses veículos no contexto militar.
Os quatro caminhões Ural, modelos 4320-31 (6x6) e 43206 (4x4), transferidos à Força Aérea Brasileira (FAB) para uso na Fazenda da Aeronáutica, continuaram em operação, demonstrando sua versatilidade e durabilidade. Desses, dois possuíam tração 4x4 e um tração 6x6, sendo submetidos a um processo de customização nas oficinas locais para atender às necessidades específicas da Aeronáutica. A transformação envolveu a remoção da carroceria metálica original, substituída por um dispositivo que permitia tracionar carretas graneleiras com capacidade de até 40 toneladas. Esses veículos chegaram a rebocar cargas de até 60 toneladas de soja e milho, evidenciando sua robustez. Além disso, os caminhões foram pintados no padrão azul característico dos veículos utilitários da  Força Aérea Brasileira (FAB), harmonizando-se com a frota existente. Um dos caminhões com tração 4x4 foi adaptado para o transporte de suínos e bovinos destinados ao abate. Para isso, recebeu uma carroceria equipada com uma grande gaiola e uma porta traseira para facilitar a entrada e saída dos animais. Esse veículo manteve a pintura original em verde claro, enquanto outro caminhão 4x4 permaneceu em sua configuração inicial, com pintura em areia claro, refletindo a estética da entrega original. Por sua vez, os caminhões destinados ao Exército Brasileiro foram personalizados com um esquema de camuflagem tática em dois tons de verde e marrom, complementado por marcações seriais e o escudo do Exército nas portas. Operando em conjunto com os carros de combate Leopard 1A1 do 2º Regimento de Carros de Combate (2º RCC), os caminhões Ural-4320, classificados como Viaturas de Transporte Não Especializado (VTNE), destacaram-se por sua capacidade de transpor terrenos desafiadores. Com notável robustez, superaram desníveis e obstáculos com facilidade, muitas vezes criando seus próprios caminhos onde outros veículos militarizados brasileiros, como os da Mercedes-Benz e Volkswagen-MAN, enfrentavam dificuldades. Seguindo o exemplo da Força Aérea Brasileira (FAB), o Exército Brasileiro converteu um dos caminhões Ural com tração 6x6 em uma versão de cavalo mecânico, empregada no transporte rodoviário de veículos blindados do 13º Regimento de Cavalaria Mecanizada (13º RCMec). Outro veículo do mesmo modelo foi adaptado com uma carroceria padrão militar para atividades de oficina (VE Oficina Manutenção de Auto 5 Ton 6x6), recebendo o apelido carinhoso de “Brucutu”, um reflexo do reconhecimento de sua força e confiabilidade pelos militares

Junto ao Exército Brasileiro, estes caminhões russos por modelo receberiam as seguintes tarefas e designações - Ural 4320-31 (375) ( motor Ya HZ-238M2 8 cil 240 hp Diesel):  VE Oficina Manutenção de Auto 5 Ton 6x6 1997, VE Posto de Comando e Comunicações 6 Ton 6x6 , VTE Basculante 6 Ton 6x6, VTNE Carga Emprego Geral 6 ton 6x6 e VTTNE Trator s/ rodas Cavalo Mecânico Emprego Geral 6 ton 6x6 (01 exemplar modificado). - Ural 4320-06 (375) (motor Ya HZ-238M2 6 cil 180 hp Diesel) : VTNE Carga Emprego Geral 4 Ton 4x4 .  Apesar do desempenho notável dos caminhões Ural no 13º Regimento de Cavalaria Mecanizada (13º RCMec), onde sua robustez e capacidade de operação em terrenos acidentados foram amplamente elogiadas, a frota enfrentou desafios significativos que limitaram sua continuidade. A reduzida quantidade de veículos em operação, agravada pela dificuldade em obter peças de reposição no mercado nacional, levou o Comando do Exército Brasileiro a adotar a estratégia de canibalização de parte da frota. Esse processo envolveu a retirada de componentes mecânicos críticos, como peças do grupo propulsor a diesel YaMZ-238M2 e do sistema hidráulico, para manter alguns caminhões operacionais. Infelizmente, esses componentes não eram compatíveis com os disponíveis no mercado automotivo brasileiro, impossibilitando sua substituição por alternativas locais. Esse cenário culminou na desativação total da frota do Exército Brasileiro no início de 2018. Os caminhões, classificados como inservíveis, foram alienados para venda como sucata, encerrando sua trajetória na Força Terrestre. Contudo, os quatro veículos cedidos à Força Aérea Brasileira (FAB), utilizados na Fazenda da Aeronáutica, permaneceram em serviço, beneficiando-se de adaptações locais que atenderam às necessidades específicas da instituição. Além do uso pelo Exército Brasileiro e pela Força Aérea Brasileira (FAB), os caminhões russos fabricados pela Urals Automotive Plant também foram empregados pelo Governo do Estado do Maranhão, em um caso igualmente originado por apreensão da Receita Federal. No início da década de 1990, um lote de 15 caminhões Ural-4320 6x6, configurados como postos de comando, foi confiscado no porto de Itaqui, em São Luís, capital maranhense, devido a uma importação ilegal. Produzidos em 1989, esses veículos possuíam uma carroceria tipo baú, equipada com uma mesa central, gavetas para armazenamento e assentos laterais, projetados para operações de comando e controle.
Curiosamente, o lote de 15 caminhões Ural-4320 6x6 apreendido no porto de Itaqui, São Luís, Maranhão, no início da década de 1990, incluía reboques equipados com estações de tratamento de água e geradores a diesel para fornecimento de energia elétrica. Esses equipamentos, aparentemente destinados a aplicações civis, não constavam nos catálogos militares russos de 2002, sugerindo que poderiam ter sido projetados para uso não militar ou para mercados específicos. Após esgotadas todas as tentativas de regularização da importação, que se revelou irregular, os caminhões foram armazenados no pátio da Receita Federal. Posteriormente, esses veículos foram doados ao Governo do Estado do Maranhão, que os repassou à Polícia Militar do Maranhão. Dos 15 caminhões, apenas quatro foram colocados em serviço ativo, recebendo um padrão de pintura em preto e amarelo com as marcações oficiais da corporação. No entanto, sua operação foi breve, limitada por desafios logísticos, como a dificuldade de manutenção e a falta de peças de reposição. Esses fatores levaram à retirada dos caminhões do serviço ativo, sendo armazenados, juntamente com os demais Ural-4320 6x6 e seus reboques, em um depósito a céu aberto. Lá, expostos às intempéries, os veículos deterioraram-se ao longo dos anos. Esse cenário perdurou até o final de 2004, quando a Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (SEPLAN), por meio da Comissão Central de Licitação (CCL), autorizou a alienação dos caminhões e seus acessórios. Em 19 de maio de 2005, foi publicado o Edital 001/2005-CCL, que formalizou o processo de leilão, conduzido por um Leiloeiro Público Oficial do Estado. O lance mínimo estipulado foi de R$ 5.800,00 por viatura e R$ 450,00 por reboque. Alguns desses caminhões foram adquiridos por entusiastas, que os destinaram a projetos de restauração, preservando parte de sua história. Enquanto isso, os últimos caminhões russos da família Ural operados pelo Exército Brasileiro foram retirados do serviço ativo em meados de 2018, marcando o fim de sua trajetória na Força Terrestre. A breve, porém marcante, passagem desses veículos no Brasil reflete a capacidade das instituições públicas de adaptar recursos inesperados às suas necessidades, ainda que enfrentando desafios logísticos. Para os policiais, militares e entusiastas que interagiram com esses caminhões, eles representaram não apenas ferramentas de trabalho, mas também símbolos de uma história singular, marcada por resiliência e improvisação.

Em Escala.
Para retratar com precisão o caminhão Ural-4320 6x6 VTNE em serviço no Exército Brasileiro, identificado pelo número de registro “EB-34234451”, utilizamos o excepcional kit da Trumpeter na escala 1/35, que se destaca pelo elevado nível de detalhamento, incluindo peças em photo-etched que conferem maior realismo à montagem. Para representar fielmente a versão operada pelo 13º Regimento de Cavalaria Mecanizada (13º RCMec), foi necessária apenas uma pequena modificação: a adaptação do sistema de respiro do filtro de ar, realizada por meio de uma peça construída em scratch build. Os decais utilizados foram produzidos pela Eletric Products, pertencentes ao conjunto “Exército Brasileiro 1983-2003”.
A partir de meados da década de 1980, o Exército Brasileiro adotou um padrão de pintura tático unificado para todos os seus veículos, incluindo os caminhões Ural-4320 6x6 VTNE, conforme especificado pelo esquema de cores Federal Standard (FS). Esse padrão, caracterizado por uma camuflagem em dois tons de verde e marrom, foi aplicado para proporcionar maior discrição e adequação às operações em diferentes terrenos, permanecendo em uso até a desativação completa desses veículos em 2018. Os três veículos em uso pela Força Aérea Brasileira a exemplo do citado anteriormente receberam três padrões distintos de pintura. Por outro lado, os três caminhões Ural cedidos à Força Aérea Brasileira (FAB), utilizados na Fazenda da Aeronáutica, receberam tratamentos distintos, cada um com um padrão de pintura específico, adaptado às suas funções e ao contexto de uso. Um dos veículos, configurado para transporte de suínos e bovinos, manteve a pintura original em verde claro, preservando a estética de fábrica. Outro, destinado a tracionar carretas graneleiras, foi pintado no padrão azul característico dos veículos utilitários da FAB, harmonizando-se com a frota da instituição. O terceiro, em sua configuração original, apresentava uma pintura em areia claro, refletindo a tonalidade entregue pela Urals Automotive Plant

Bibliografia : 
- Ural Automotive Plant ,Wikipedia -  https://en.wikipedia.org/wiki/Ural_Automotive_Plant 
- Caminhões Russos no Brasil -  http://blogdocaminhoneiro.com
- Caminhões Russos no EB e FAB - Expedito Carlos Stephani Bastos
- Ural 4320, Wikipedia.wikipedia.org/wiki/%D0%A3%D1%80%D0%B0%D0%BB-4320

 


Submarinos Classe Gato no Brasil

História e Desenvolvimento.
Em meados da década de 1930, o intensificar das tensões na Europa e na Ásia, já denunciavam claramente o que estava por vir, levando assim o governo norte americano, a antecipar estudos visando a implementação de vários programas de modernização de suas forças armadas. No tocante aos meios navais, esta seria uma das maiores preocupações tendo em vista principalmente as ameaças proporcionadas pelas ambições expansionistas da armada imperial japonesa. Neste aspecto a arma submarina passaria a ganhar cada vez mais importância na composição da frota naval norte americana. Assim seria criado o conceito projeto de “Submarino de Frota”, que teria por lógica a capacidade de operar em conjunto com as frotas principais de batalha, suas principais missões envolviam a exploração á frente do grupo de combate visando identificar e relatar a composição, velocidade e curso da frota inimiga e então atacar e reduzir a ameaça inimiga em preparação para a ação principal da frota. Para operar efetivamente nesta função, um submarino deveria apresentar a combinação de alta velocidade de superfície, longo alcance e armamento pesado, no entanto as limitações no design e construção de submarinos nas décadas de 1920 e 1930 impediam este equilíbrio de qualidades. Estudos seriam iniciados visando atender a esta demanda, resultando na primeira classe de submarino denominada Tambor, infelizmente o timing conspiraria contra o emprego real desses barcos em seu papel designado, pois o ataque a Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941, destruiria a linha de batalha da Frota do Pacífico e junto com ela o conceito de batalha de armas liderada por navios de guerra de superfície. Isto resultaria temporariamente na perda da principal missão do conceito de “Submarino de Frota”, felizmente este cenário abriria caminho para o emprego posterior contra a forte mercante japonesa, atuando decisivamente no processo de estrangulação da máquina de guerra daquela país. Grande parte da frota de navios deste tipo seria formada por submarinos de uma nova classe que começaria a ser desenvolvida e produzida a partir do ano de 1941.

Esta nova classe receberia o nome de “Gato”, e seu desing era quase idêntico ao aplicado na classe Tambor que a antecedera, com as diferenças significantes se resumindo em um aumento de 5 metros no comprimento do casco para permitir a adição de um anteparo à luz d'água dividindo a única sala de máquinas em duas partes, com dois geradores a diesel em cada sala, e ampliação na profundidade de mergulho de 76 metros para 91 metros. E um adicional de cinco metros de comprimento para permitir a adição de um anteparo à luz d'água dividindo a sala de máquinas de um grande em dois, com dois geradores a diesel em cada sala. Os navios desta classe juntamente com quase todos os submarinos do tipo frota da Marinha dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, apresentavam construção parcial de casco duplo. O casco de resistência à pressão interna foi “embrulhado” por um casco externo e hidrodinâmico. Os vazios entre os dois cascos forneceram um espaço para tanques de combustível e lastro. O casco externo fundiu-se com o casco de pressão em ambas as extremidades na área dos anteparos da sala de torpedos, daí o casco em configuração duplo "parcial". A experiência operacional com submarinos anteriores levou os arquitetos e engenheiros navais do “Bureau of Construction and Repair” da Marinha Americana (US Navy) a acreditar que eles tinham sido indevidamente conservadores em suas estimativas de força e pressão no casco. Sem alterar a construção ou a espessura do aço do casco de pressão, eles decidiram que os barcos da classe Gato seriam totalmente capazes de operar rotineiramente a 300 pés, um aumento de 15 metros em profundidade de teste em relação às classes anteriores de submersíveis norte americanos.
Apesar de serem mais lentos no processo de mergulho, quando comparado aos submersíveis alemães e britânicos (devido ao seu porte maior) os navios da classe Gato, possuíam maior autonomia podemos desempenhar missões de longo alcance. Sua autonomia de 75 dias o tornava ideal para o emprego de patrulhas entre as ilhas do Havaí e o Japão, missão esta que somente poderia ser realizado por uma embarcação de maior porte com maior capacidade de armazenamento de combustível. Como ponto negativo este desing implicava em um maior tempo para a operação de submersão, reconhecendo esta limitação, os projetistas norte-americanos, incorporavam um tanque negativo (down express) em seu projeto, que quando inundado causava o efeito de flutuação negativa no início do mergulho, melhorando seu tempo de resposta nesta operação. Com base na experiência posterior da guerra, o tanque era normalmente mantido cheio ou quase cheio na superfície, depois esvaziado a uma certa marca depois que o barco foi submerso para restaurar a flutuação neutra. No início do conflito estes submarinos chegavam a ir da superfície para a profundidade periscópio em cerca de 45-50 segundos. A superestrutura que estava no topo do casco de pressão forneceu o convés principal quando o barco foi surgido e estava livre de inundações e cheio de água quando o barco estava submerso. Na tentativa de acelerar esse processo, orifícios adicionais ou de inundação livre foram perfurados e cortados na superestrutura para permitir que ele inundasse mais rápido. No meio da guerra, essas medidas combinadas com o melhor treinamento da tripulação reduziram os tempos de mergulho para 30-35 segundos, muito rápido para um barco tão grande e aceitável para a tripulação do barco.

Esta classe de submarinos, apresentava inúmeros confortos da tripulação, incluindo ar condicionado, armazenamento refrigerado para alimentos, generosas unidades de destilação de água doce, lavadoras de roupas e beliches para quase todos os membros da tripulação; estes eram luxos virtualmente inéditos em outras marinhas. Estes acessórios foram incluídos em virtude de se proporcionar a uma tripulação de 60-80 homens, condições vitais para a saúde física e emocional, quando em missões de extensas patrulhas com mais de 60 dias nas águas quentes do Oceano Pacífico. O sistema de ar condicionado em particular apresentava uma aplicação muito prática, também, além de conforto, pois ao barco submergir por qualquer período de tempo, o calor gerado pelos motores recém-desligados, equipamentos eletrônicos e pela tripulação, levaria a temperatura interna a mais de 38ºC, gerando assim uma alta umidade gerada pelas águas tropicais, que se condensaria começando a se precipitar sobre os equipamentos eletrônicos. A atuação deste sistema eliminaria por completo esse problema, aumentado consideravelmente a confiabilidade mecânica e elétrica da embarcação. Este conjunto se provaria ser um fator-chave no sucesso desses submarinos durante a Segunda Guerra Mundial. A construção dos primeiros navios desta classe, foi autorizada durante a dotação orçamentária para o ano fiscal de 1941, como parte da proclamação do presidente Franklin Roosevelt de "emergência limitada" em setembro de 1939. O primeiro submarino desta classe teve sua quilha batida em 11 de setembro de 1940, sendo o USS Drum, o único Gato a estar em comissão quando a guerra começou. Ao todo seriam construídos 73 submarinos pelos estaleiros da Electric Boat Co. e Manitowoc Shipbuilding Company até fins do ano de 1944.
Uma vez que os submarinos da Classe Gato, começaram a chegar em grande número de teatro de operações no Oceano Pacifico em meados do final do ano de 1942, e ao entrar em combate passaram a acumular impressionantes registros de guerra, com o USS Flasher, USS Rasher e USS Barb conquistando o segunda, terceira e quarta posição no ranking em tonelagem de navios inimigos afundado por submarinos americanos, chegando também a destruir pelo menos quatro submersíveis da Marinha Imperial do Japão. Todos os navios desta classe acabaram operando Teatro de Operações do Pacífico, com o registro temporário de seis submarinos designados para o Esquadrão submarino 50 e enviados para Rosneath, Escócia, para patrulhar a Baía de Biscaia e ajudar na Operação Tocha desembarques no norte da África.  Ao todo, eles realizaram 27 patrulhas de guerra, mas não puderam reivindicar nenhum naufrágio verificado. Considerados um desperdício de recursos valiosos, em meados de 1943, todos os seis barcos foram recolhidos e transferidos para o Pacífico. No final da Segunda Guerra Mundial, haviam ainda em serviço 56 navios desta classe, e apesar de estarem em operação somente a quatro anos, já podiam ser classificados como obsoletos, face aos grandes avanços tecnológicos já presentes nas classes Balao e Tench que o sucederam. Assim desta maneira seriam retirados de operação em missões de linha de frente sendo colocados na reserva naval ou transferidos para países aliados, com os últimos navios o USS Rock USS e Bashaw, sendo descomissionados em 13 de setembro de 1969 e vendidos para sucata.

Emprego na Marinha do Brasil.
No início do século XX, o Brasil, ansioso por finalmente tomar parte no grupo das ditas nações modernas, empreende uma série de transformações para fortalecer sua economia e, com ela, assumir um papel de maior destaque no mundo. Neste contexto a modernização e fortalecimento de suas forças armadas teria papel importante neste movimento, e a decisão de se dotar a Marinha do Brasil com submarinos se daria neste cenario ideológico de projeção de poder. Porém, apenas em 1914 o Brasil entraria no grupo dos países capazes de operar a nova tecnologia, com a chegada dos primeiros submersíveis encomendadas ao estaleiro Fiat – San Giorgio, em La Spezia, Itália. Estes navios foram designados como Classe “F” e eram submersíveis costeiros, de defesa do porto, com 370 toneladas, movidos a propulsão diesel-elétrica, munidos com dois tubos de torpedos. Para a operação desta nova arma seria criada em 17 de julho de 1914 a Flotilha de Submersíveis, comandada por Filinto Perry, subordinada ao Comando da Defesa Móvel e sediada na Ilha de Mocanguê Grande, em Niterói. Em 1928 a flotilha seria reforçada com o recebimento de um submarino mineiro de grande porte denominado Submarino-de-Esquadra “Humaytá”. Os pioneiros submarinos classe “F” seriam desativados em 1933, sendo substituídos somente em 1937 através da incorporação dos submarinos italianos da classe “Perla”, esta classe ficaria conhecida como “T”, em razão dos nomes de suas embarcações: “Tupy”, “Tymbira” e “Tamoyo”. A Segunda Guerra Mundial no teatro de operações do Atlântico Sul se destacou pelo emprego massivo de submarinos do EIXO e, com ele, de táticas antissubmarino para combate por parte dos aliados, neste contexto os submarinos da classe “T” participaram intensamente do adestramento de escoltas a comboios e de tática antissubmarino para unidades de superfície e aeronaves, trabalhando em conjunto com as equipes adestradas pelo EITAS e pelo CITAS. Apesar de não haver embates com navios inimigos, os submarinos brasileiros cumpriram a contento sua missão de patrulha e proteção das rotas navais do país durante este conflito.

Após o conflito a Flotilha de Submersíveis, se manteve operacional, a duras penas, já que contava somente com os três veteranos submersíveis italianos da classe “T” e o único submarino classe Balila, Submarino-de-Esquadra “Humaytá”. navios estes que já estavam obsoletos há muitos anos, não só em questões de desempenho, mas também em eletrônica e sensores embarcados destinados a missões de ataque. Este cenario precário perduraria até meados da década seguinte, quando foi decidido iniciar um processo de modernização da frota de submarinos da Marinha do Brasil. Neste contexto, a partir de 1955 negociações foram conduzidas por adidos do Ministério da Marinha, junto ao Departamento de Estado do Governo Norte Americano, visando fazer uso dos termos do Programa de Assistência Militar Brasil – Estados Unidos para a aquisição de pelo menos dois novos submarinos usados do tipo “Submarino de Frota” (Fleet-Type). Neste período haviam armazenados Marinha Americana (US Navy) na base naval de New London, Connecticut, um grande número de submarinos da Classe Gato que não foram submetidos ao pacote de modernização do Programa de Propulsão Subaquática (Greater Underwater Propulsion Power – GUPPY), e se encontravam na ordem da “Reserva da Esquadra do Atlântico” estando prontamente disponíveis serem recomissados, revisados e preparados para transferência a nações amigas. Ficou definido que dois destes navios seriam transferidos a Marinha do Brasil, nos termos do Programa de Assistência para Defesa Mutua (MDAP - Mutual Defense Assistance Program). com sua cessão autorizada pelo Congresso Norte-Americano através da Lei n.º 484.
O primeiro deles o ex-USS Muskallunge - SS 262, construído pelo estaleiro Electric Boat Co., em Groton, Connecticut. Teve sua quilha batida em 7 de abril de 1942, foi lançado ao mar em 13 de dezembro de 1942, passando a operar junto ao 4º Esquadrão de Submarinos (SubRon 4), recebendo três Estrelas de Combate pelo seu serviço na Segunda Guerra Mundial. Em 1947 passaria para a reserva naval até 31 de agosto de 1956, quando foi recomissionado e preparado para, passando a ser designado como Submarino Humaitá - S 14, sendo transferido e incorporado a Marinha do Brasil na Base de Submarinos de New London, em Groton, em 18 de janeiro de 1957, pelo Aviso 0082 de 08/01/1957 MM (Bol. 04/57/680 MM). Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-de-Fragata Lourival Monteiro da Cruz. Em 9 de março, partiu de New London em companhia do Submarino Riachuelo – S 15, incorporado na mesma data, chegando ao pais em 16 de abril, atracando no caís Norte do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ). Em 28 de agosto, suspendeu levando a bordo o Presidente da República Juscelino Kubitscheck de Oliveira, o Ministro da Marinha, Almirante-de-Esquadra Antônio Alves Câmara Júnior e demais autoridades militares, realizando imersão nas proximidades do porto do Rio de Janeiro, ao sul da Ilha Rasa. Em 1960 participaria da operação UNITAS I, e novamente nos anos seguintes nas edições  UNITAS II e III. Em 24 de maio de 1966, a oeste da Ilha Grande, realizou, pela primeira vez no pais , faina de transferência de carga leve com outro submarino, o Bahia – S 12. Em 24 de abril de 1967, suspendeu do Rio de Janeiro, com destino a New London (Connecticut), a fim de ser submetido a uma inspeção estrutural. O propósito da viagem era avaliar a possibilidade de executar uma revisão geral, para revalidação de seu ciclo operativo. Todavia, a estimativa de custo, feita pela Electric Boat, tornou inexequível a realização do Período Normal de Reparos (PNR) do submarino. Em 2 de outubro, na Base de Submarinos de New London, em Groton, foi submetido a Mostra de Desarmamento pela OD 040/67 de 02/10/1967 do CEMA, Almirante-de-Esquadra José Moreira Maia, sendo sua baixa do serviço ativo da Armada feita pelo Aviso 1819 de 08/08/67 MM/EMA (Bol. 35/67/4757 MM). Na sequência foi efetuada a sua transferência para Marinha Americana (US Navy). Em 10 anos de serviço na Marinha do Brasil, atingiu as marcas de 95.320 milhas navegadas, 679.5 dias de mar, 2.090 horas de imersão e disparou 38 torpedos.

O segundo navio o ex-USS Paddle - SS 263 foi construído também pelo estaleiro Electric Boat Co., em Groton, Connecticut, teve sua quilha batida em 1º de abril de 1942, foi lançado ao mar em 30 de dezembro de 1942, já em comissão ficou baseado em Pearl Harbor. Durante a Segunda Guerra Mundial afundou cinco navios, num total de 18.878 toneladas, além de diversas embarcações de menor porte. Recebeu 8 Estrelas de Combate. Em 1º de fevereiro de 1946, foi descomissionado e colocado na reserva em New London (Connecticut). Em 31 de agosto de 1956 , foi recomissionado, iniciando os preparativos para sua transferência por empréstimo para a Marinha do Brasil, sob os termos do Programa de Assistência para Defesa Mutua (MDAP - Mutual Defense Assistance Program). Em 18 de janeiro de 1957 foi descomissionado da Marinha Americana (U.S. Navy) e transferido para Marinha do Brasil de acordo com Aviso 0082 de 08/01/1957 MM (Bol. 04/57/680 MM), recebendo o nome de Riachuelo - S 15. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-de-Fragata Fernando Gonçalves Reis Vianna. Em 9 de março, partiu de New London em companhia do Submarino Humaitá - S 14, chegando ao Brasil no dia 16 de abril, atracando no caís Norte do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ). Em 1962, quando suas baterias chegaram ao fim da vida útil, pensou-se seriamente em mandá-lo para os Estados Unidos, para substituí-las, entretanto, tornou-se "ponto de honra" a execução dessa obra pelo Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ). O problema recebeu alta prioridade das autoridades navais e, apesar dos altos custos envolvidos no preparo do pessoal técnico e na obtenção, por via aérea, do material necessário, a obra foi executada com sucesso e dentro de um prazo razoável. Em 14 de outubro de 1966, na Base Almirante Castro e Silva foi submetido a Mostra de Desarmamento pela OD 0051/66 de 14/10/1966 do CEMA, Almirante-de-Esquadra Sylvio Monteiro Moutinho, sendo sua baixa do serviço ativo da Armada feita pelo Aviso 1276 de 01/07/66 MM/EMA (Bol. 28/66/3702 MM). Em 9 anos e dez meses de serviço na Marinha do Brasil, atingiu as marcas de 97.833 milhas navegadas, 695.5 dias de mar, 2.279 horas de imersão e lançou 20 torpedos.
O advento da incorporação dos submarinos da Classe Gato, foram de grande importância para a Marinha do Brasil, pois além de trazer um novo alento a Flotilha de Submersíveis, pois estes novos submarinos estavam equipados com o sistema TDC - Target Data Computer (Computador de Dados do Alvo - Eletro-mecânico) Mk 3 mod.5 e o relativamente moderno sonar passivo JP 1. E sua introdução representava um importante salto tecnológico, quando comparado a seus antecessores os submarinos italianos da classe “T”, que enfim seriam retirados do serviço ativo em 26 de agosto de 1959. Cabe também o relato que o desafio proporcionado pelos programas de manutenção desta classe de submersíveis junto as equipes do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), clarificaram que nossa estrutura técnica e equipes, careciam de uma tecnologia de manutenção e reparo inexistente no país, despertando no Comando da Esquadra a necessidade e desejo pelo  envio de engenheiros e técnicos aos Estados Unidos para a realização de treinamentos e capacitação , onde em estaleiros diversos realizaram cursos de reparo de submarinos, dando início assim a uma longa caminhada que nos levou ao domínio da tecnologia de reparos e construção de submarinos.

Em Escala.
Para representar o submarino Classe Gato -"Riachuelo S15, (ex-USS Paddle - SS 263), fizemos uso do novo kit da AFV CLUB na escala 1/350. Optamos por representar o navio quando do seu recebimento. Empregamos decais confeccionados sob encomenda pela Duarte Models, fizemos uso de tintas produzidas pela Tom Colors.

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão aplicado aos dois submarinos da classe Gato “Classe Humaitá” recebidos em 1957. Mantendo este esquema até sua desativação no ano de 1967.

Bibliografia : 

- Submarinos Classe Balao Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/Balao-class_submarine
- Submarinos Classe Gato Wikipedia – https://en.wikipedia.org/wiki/Gato-class_submarine
- Cem anos da Força de Submarinos – Marinha do Brasil
- Navios de Guerra Brasileiros – Poder Naval https://www.naval.com.br 
- Marinha do Brasil - https://www.marinha.mil.br/ 

M-3 e M-3A1 Anticarro (37 mm)

História e Desenvolvimento.
No início da década de 1930, as unidades de infantaria do Exército dos Estados Unidos (US Army) contavam com metralhadoras de calibre .50 (12,7 mm) como suas armas de maior potência. Embora estudos já estivessem em andamento para desenvolver uma arma de maior calibre, capaz de neutralizar veículos automotores e carros blindados contudo, os estudos iniciais eram embrionários e enfrentavam resistência de oficiais de alta patente, que viam o desenvolvimento de novas armas como uma prioridade secundária.  Embora já houvessem estudos em curso, nesta organização para a adoção de uma arma de maior calibre, para emprego contra veículos automotores e carros blindados, este processo ainda era tido como embrionário gerando pouco interesse por parte dos oficiais militares de alta patente norte-americanos. O eclodir da Guerra Civil Espanhola, em 17 de julho de 1936, levou ao largo emprego de unidades blindadas por ambos os lados, proporcionou o ambiente necessário para o uso de artilharia contra veículos blindados e carros de combate. Neste momento seria revelada  a eficácia de canhões leves anticarro, como o alemão PaK 35/36 de 37 mm, levando o Comitê de Material Bélico do Exército americano, em janeiro de 1937, a recomendar urgentemente o desenvolvimento de uma arma semelhante. Vislumbrava-se a necessidade de se dispor no arsenal norte americano, de uma arma com capacidades anticarro e antitanque, com rápida cadência de fogo e boa capacidade de manobra e movimentação em campo. Em janeiro de 1937 seriam iniciados os estudos preliminares, derivando para análise de modelos de peças de artilharia leve, já disponíveis no mercado, e com base em um modelo exitoso, partir para o desenvolvimento de uma arma própria deste modelo.  Para isso, foram adquiridas duas unidades do canhao alemão  Panzerabwehrkanone 36 (PaK 36) de calibre 37 mm para análise no campo de provas de Aberdeen, servindo assim como base para o desenvolvimento deste projeto. Este programa seria iniciado com supervisão de uma grande equipe de representantes das unidades de infantaria e artilharia do Exército dos Estados Unidos (US Army). Os estudos iniciais descartaram calibres maiores, priorizando uma arma leve e manobrável, operável por uma tripulação, o que resultou na escolha do calibre 37 mm, já popular entre canhões anticarro da época, como o sueco Bofors e o tchecoslovaco vz. 37. Em  09 setembro de 1937, foi autorizada a construção de protótipos, começando com o canhão T3 montado no reboque T1.  Porém divergências, entre as linhas de pensamento diversas dos futuros usuários e a instabilidade conjunto  do levariam a modificações no conjunto de transporte, com a versão aprimorada recebendo a designação de T1E1. 

Já nesta nova configuração os protótipos foram submetidos a um novo programa de teste no campo de provas de Aberdeen, revelando muitos defeitos, em especial a instabilidade do conjunto de transporte. Um novo redesenho levaria concepção de um novo conjunto de transporte, designado como T5, sendo este testado no verão de 1938, com a comissão de desenvolvimento chegando ao consenso que a melhor combinação para emprego envolveria o canhão T10 com conjunto de transporte T5. A combinação ideal definida em novo processo de testes  de campo em Aberdeen. Assim foi oficialmente adotada em 15 de dezembro de 1938, recebendo a designação de M-3 37 mm, para o canhão e M-4 para o conjunto de transporte. Os primeiros contratos de aquisição seriam assinados no inicio do ano seguinte, envolvendo uma pequena quantidade inicial a ser produzida, com o canhão sendo fabricado nas instalações do no Arsenal de Watervliet, e o conjunto de transporte reboque no Arsenal de Rock Island. A aceleração ocorreu em agosto de 1941, após as Manobras da Louisiana e Carolina, onde algumas unidades ainda usaram maquetes de madeira devido à demora na entrega. Embora o M-3 seguisse o conceito do canhão Rheinmetall 37mm PaK 36, e fosse geralmente referido com uma cópia deste, em suma tratava-se algo novo, diferindo significativamente do design alemão, empregando inclusive munição diferente. Seu peso total era de apenas 400 kg, e o cano da arma apresentava construção forjada em uma peça única, com fuzil uniforme (12 ranhuras, torção do lado direito, um giro em 25 calibres).  A extremidade da culatra foi enroscada em um anel, com seu mecanismo dispondo do tipo “deslizante vertical”, com seu cano equipado com um sistema de recuo do tipo hydrospring. O conjunto de transporte M-4, fazia uso do sistema do tipo “split trail”, com pneus pneumáticos, montados no eixo ao lado das rodas, dispondo de suportes escamoteáveis, que podiam assim ser baixados para fornecer mais estabilidade na posição de disparo ou levantados de modo que não impedissem o movimento da arma. A mira telescópica da versão M-6 e os dois controles de elevação e de deslocamento estavam localizados no lado esquerdo, de modo que um artilheiro tinha conseguisse facilmente apontar a arma. A engrenagem transversal tinha um mecanismo de liberação que permitia o livre movimento do cano no caso de ser necessário um avanço rápido. Graças ao seu porte leve, o M-3 podia ser facilmente tracionado por utilitários como os jipes Willys MB e Ford GPW, consolidando-se rapidamente como a arma anticarro padrão da infantaria do Exército dos Estados Unidos (US Army), refletindo uma solução prática e eficaz para as demandas iniciais da Segunda Guerra Mundial.
O canhão M-3 de 37 mm foi introduzido pelo Exército dos Estados Unidos em 1940 como uma arma anticarro leve e foi amplamente utilizado nas primeiras fases da Segunda Guerra Mundial. Na defesa das Filipinas, que começou com o ataque japonês em 8 de dezembro de 1941 (horário local), o M-3 foi empregado pelas forças americanas e filipinas, principalmente pela Força de Defesa das Filipinas (Philippine Scouts) e unidades do Exército dos EUA estacionadas na região, como parte da Força de Luzão. Essas unidades foram surpreendidas pela invasão japonesa, e o M-3 foi uma das principais armas anticarro disponíveis para conter os tanques leves japoneses, como o Type 95 Ha-Go e o Type 97 Te-Ke. O emprego do M-3 nas Filipinas ocorreu em batalhas como a de Lingayen Gulf e nas defesas de Manila e Bataan. Inicialmente, o canhão demonstrou eficácia contra os tanques japoneses, cuja blindagem frontal variava de 6 a 25 mm, permitindo penetração a distâncias de até 500 metros com munição perfurante (AP). No entanto, sua mobilidade — sendo rebocado por jipes ou transportado manualmente por uma tripulação de seis homens — foi prejudicada pelas condições de terreno e pela rápida ofensiva japonesa. Relatos da época destacam seu uso em emboscadas e posições defensivas fixas, mas a falta de munição adequada e a superioridade numérica e logística japonesa limitaram seu impacto. Com o avanço japonês, especialmente na Península de Bataan, os M-3 foram usados também como apoio de infantaria, disparando projéteis de alto explosivo (HE) contra fortificações e tropas inimigas. Apesar disso, a queda de Corregidor em maio de 1942 marcou o colapso da defesa filipina, e muitos M-3 foram capturados ou destruídos.  Os relatos de combate indicam que, embora o canhão tenha recebido elogios por sua portabilidade e manuseio, sua incapacidade de enfrentar tanques mais robustos e a escassez de suprimentos o tornaram insuficiente para alterar o curso da campanha. Os canhoes anticarro seriam ainda extensivamente empregados a invasão da África, especificamente na Operação Tocha (8 de novembro de 1942), durante os desembarques  desembarques aliados em Marrocos e Argélia, enfrentando forças do Eixo, principalmente francesas de Vichy e algumas unidades alemãs e italianas, como parte da campanha para abrir uma frente no Mediterrâneo. Os M-3 foram amplamente utilizados pelas forças americanas, incluindo a 1ª Divisão de Infantaria e a 3ª Divisão de Infantaria, destacando-se nas praias de Casablanca, Oran e Argel

Neste cenário de conflagração o  canhão M-3 ofereceu mobilidade essencial para as unidades em terrenos variados, como dunas e áreas urbanas. Inicialmente, o M-3 demonstrou eficácia contra os tanques leves franceses, como os Renault R-35 e Hotchkiss H-35, cuja blindagem frontal variava de 25 a 40 mm, permitindo penetração a até 500 metros com munição perfurante (APHE). Durante os combates em Port Lyautey e Safi, os M-3 foram posicionados em emboscadas e defesas de linha, contribuindo para neutralizar os blindados inimigos e apoiar a infantaria. No entanto, sua efetividade declinou a partir de 1943, com a  chegada de reforços alemães, incluindo tanques Panzer III e IV, expôs as limitações do M-3. Sua capacidade de penetração era insuficiente contra blindagens frontais mais espessas (50-80 mm), forçando os artilheiros a mirar em flancos ou a distâncias muito curtas (menos de 100 metros), o que aumentava a vulnerabilidade da tripulação de seis homens. Em resposta, os M-3 foram complementados por táticas de emboscada e uso de munição de alto explosivo (HE) contra fortificações e infantaria, como nas batalhas ao redor de Túnez em 1943. Com o avanço da campanha, especialmente após a Batalha de Kasserine (fevereiro de 1943), onde tanques mais robustos do Eixo dominaram, o M-3 foi gradualmente substituído por canhões de 57 mm (M-1) e tanques Sherman. Ainda assim, sua mobilidade e simplicidade o mantiveram em uso secundário até o fim da campanha da Tunísia em maio de 1943, destacando-se como uma ferramenta inicial valiosa, mas rapidamente superada pelas demandas do conflito. Durante a invasão da Sicília  conhecida como Operação Husky (10 de julho de 1943), os canhões M-3 foram desembarcados pelas forças americanas, principalmente pela 1ª e 9ª Divisões de Infantaria, nas praias do setor ocidental da Sicília, como Gela e Licat. Inicialmente, o canhão foi eficaz contra tanques leves italianos, como o Fiat M-13/40 e o L6/40, com blindagens de até 40 mm, permitindo penetrações a distâncias de até 500 metros com munição perfurante (APHE). Em Gela, os M-3 desempenharam um papel crucial na defesa contra contra-ataques italianos no primeiro dia, apoiando a infantaria ao neutralizar blindados e fortificações leves. No entanto, a chegada de reforços alemães, incluindo tanques Panzer IV e o recém-introduzido Tiger I, expôs as limitações do M-3. A blindagem frontal do Tiger (até 100 mm) tornava o canhão ineficaz a menos de 100 metros, mesmo com disparos angulados, resultando em perdas significativas para as tripulações de seis homens.  Porém o teatro italiano, quando analisado pelo comando aliado, representava uma menor prioridade para o reequipamento, do que quando comparado as demandas do noroeste da Europa. Assim ainda existiam muitos canhões M-3 37 mm em uso na Itália até o final do conflito, ao contrário do que o observado nos demais fronts de batalha, ou o canhão M-1 57 mm  já havia substituído seu antecessor completamente até a primavera do ano de 1944.
Durante a invasão da Normandia, em 6 de junho de 1944, o canhão antitanque M-3 de 37 mm desempenhou um papel relevante, embora limitado, nas operações das forças aliadas. Utilizado principalmente por unidades de infantaria dos Estados Unidos, este armamento foi empregado em funções secundárias, oferecendo suporte contra alvos leves, como bunkers, ninhos de metralhadoras e veículos com blindagem menos robusta. Unidades aerotransportadas, como as divisões 82ª e 101ª, fizeram uso do M-3 devido à sua notável portabilidade, uma vez que era uma arma leve e podia ser desmontada para transporte em planadores. Nessas circunstâncias, o canhão foi empregado, por exemplo, na defesa de posições contra contra-ataques alemães com veículos menos blindados, além de proporcionar apoio direto às tropas de infantaria. Entretanto, em 1944, o M-3 de 37 mm já era considerado obsoleto contra os tanques alemães mais avançados, como os Panzer IV, Panther e Tiger, cuja blindagem excedia a capacidade de penetração do canhão. Essa limitação levou muitas unidades a preferirem armamentos alternativos, como bazucas ou canhões de maior calibre, para enfrentar blindados alemães. Apesar disso, a mobilidade e a facilidade de operação do M-3 garantiram sua utilidade em combates urbanos e em terrenos onde tanques pesados eram menos predominantes, como em algumas áreas da Normandia. No teatro do Pacífico, o M-3 de 37 mm demonstrou maior eficácia contra tanques japoneses, como os Type 95 Ha-Go e Type 97 Chi-Ha, que possuíam blindagens mais finas. Sua mobilidade foi particularmente vantajosa em terrenos tropicais, como nas batalhas de Guadalcanal e Leyte, onde o canhão pôde ser rapidamente reposicionado para responder às táticas japonesas. Entre 1940 e 1943, foram produzidos 18.702 canhões M3 de 37 mm, divididos em três modelos principais. Durante a Segunda Guerra Mundial, este armamento foi amplamente distribuído entre as nações aliadas por meio do programa Lend-Lease (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), fortalecendo os arsenais de países alinhados aos Estados Unidos. No período pós-guerra, excedentes desses canhões foram transferidos para nações politicamente alinhadas com os interesses do governo norte-americano, permanecendo em serviço ativo em alguns países até o final da década de 1970. O canhão M-3 de 37 mm, embora superado por armamentos mais modernos ao longo do conflito, deixou um legado significativo como uma arma versátil e adaptável, especialmente em cenários onde sua leveza e facilidade de uso eram cruciais.

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passou a considerar com extrema preocupação a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Essa ameaça tornou-se ainda mais evidente após a capitulação da França, em junho de 1940, pois, a partir desse momento, a Alemanha Nazista poderia estabelecer bases operacionais nas Ilhas Canárias, em Dacar e em outras colônias francesas, criando um ponto estratégico para uma eventual incursão militar no continente. Nesse contexto, o Brasil foi identificado como o local mais provável para o lançamento de uma ofensiva, devido à sua proximidade com o continente africano, que à época também figurava nos planos de expansão territorial alemã. Além disso, as conquistas japonesas no Sudeste Asiático e no Pacífico Sul transformaram o Brasil no principal fornecedor de látex para os Aliados, matéria-prima essencial para a produção de borracha, um insumo de extrema importância para a indústria bélica. Além dessas possíveis ameaças, a posição geográfica do litoral brasileiro mostrava-se estrategicamente vantajosa para o estabelecimento de bases aéreas e portos militares na região Nordeste, sobretudo na cidade de Recife, que se destacava como o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Dessa forma, essa localidade poderia ser utilizada como uma ponte logística para o envio de tropas, suprimentos e aeronaves destinadas aos teatros de operações europeu e norte-africano. Diante desse cenário, observou-se, em um curto espaço de tempo, um movimento de aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em investimentos estratégicos e acordos de cooperação militar. Entre essas iniciativas, destacou-se a adesão do Brasil ao programa de ajuda militar denominado Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), cujo principal objetivo era promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras. Os termos desse acordo garantiram ao Brasil uma linha inicial de crédito de US$ 100 milhões, destinada à aquisição de material bélico, possibilitando ao país o acesso a armamentos modernos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Esses recursos revelaram-se essenciais para que o país pudesse enfrentar as ameaças impostas pelos ataques de submarinos alemães, que intensificavam os riscos à navegação civil, impactando o comércio exterior brasileiro com os Estados Unidos, responsável pelo transporte diário de matérias-primas destinadas à indústria de guerra norte-americana. A participação brasileira no esforço de guerra aliado logo se ampliaria. A participação brasileira no esforço de guerra aliado logo se ampliaria. O então presidente Getúlio Vargas declarou que o Brasil não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos e sinalizou a possibilidade de uma participação mais ativa de suas forças,  envolvendo o possível envio de tropas brasileiras para algum teatro de operações de relevância

Na década de 1940, a artilharia de campanha do Exército Brasileiro enfrentava desafios significativos, equipada majoritariamente com armamentos ultrapassados, como os canhões alemães Krupp 75 mm Modelo 1908 e franceses Schneider-Canet 75 mm, projetados para tração hipomóvel e fabricados no início do século XX. Esses equipamentos, embora robustos para sua época, não atendiam às exigências do combate moderno. A entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, ao lado dos Aliados, marcou o início de uma transformação profunda, impulsionada pelo programa norte-americano Lend-Lease Act. A partir de meados de 1942, navios de transporte começaram a desembarcar no porto do Rio de Janeiro, trazendo uma gama de equipamentos modernos, incluindo armas de infantaria, canhões antitanque de 37 mm e obuseiros de 105 mm e 155 mm. Essa incorporação representou um salto qualitativo para a artilharia brasileira, dotando-a de maior potência de fogo e precisão. O compromisso do Brasil com o esforço de guerra aliado foi formalizado em  Em 9 de agosto de 1943, por meio da Portaria Ministerial nº 4.744, publicada em boletim reservado no dia 13 do mesmo mês, foi criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Estruturada como a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE), sob o comando do General de Divisão João Batista Mascarenhas de Morais, a FEB incluía, além da divisão principal, diversos órgãos não-divisionários essenciais para sua operação. devendo ao todo ser composta por 25.000 soldados.  A composição da Força Expedicionária Brasileira (FEB) contemplava quatro grupos de artilharia (três equipados com obuses de 105 mm e um com 155 mm), uma esquadrilha de aviação da Força Aérea Brasileira para ligação e observação, um batalhão de engenharia, um batalhão de saúde, um esquadrão de reconhecimento e uma companhia de comunicações. A força contava ainda com um comando próprio, um comando de quartel-general, um destacamento de saúde, uma companhia de manutenção, uma companhia de intendência, um pelotão de sepultamento, um pelotão de polícia e, simbolicamente, uma banda de música.  Após desembarcar em Nápoles e realizar treinamento com instrutores americanos, a artilharia da Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi posicionada para apoiar as operações do V Exército dos Estados Unidos  contra as linhas defensivas alemãs, como a Linha Gustav e a Linha Gótica. Não há registros documentais ou fotográficos precisos que confirmem o uso efetivo dos canhões antitanque M-3 e M-3A1 em combates reais pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a campanha na Itália. Contudo, há indícios de que essas peças de artilharia desempenharam um papel significativo no treinamento conduzido pelo Exército dos Estados Unidos (US Army) para os soldados brasileiros, conhecido como "pracinhas", já em território italiano. Esse treinamento visava preparar as tropas da FEB para as exigências do front europeu, familiarizando-as com o manejo e a operação dessas armas.
Outra hipótese sugere que o teatro de operações italiano não era considerado prioritário para o recebimento de armamentos mais modernos, como o canhão M-1 de 57 mm, que apresentava maior capacidade contra blindados. Assim, o V Exército Americano, sob o comando do General Mark Clark, ao qual a Força Expedicionária Brasileira (FEB) estava subordinada, contava em seu arsenal com uma quantidade significativa de canhões M-3 de 37 mm, em detrimento de modelos mais avançados. Relatórios oficiais indicam que esses canhões permaneceram em uso pelo menos até o final de 1944, refletindo as limitações logísticas e estratégicas enfrentadas pelas forças aliadas na Itália. Em sua obra US Anti-tank Artillery 1941–1945, o renomado pesquisador norte-americano Steven J. Zaloga destaca, no capítulo dedicado ao combate antitanque na Itália, a influência da topografia acidentada e montanhosa do país nas escolhas táticas das unidades antitanque dos Estados Unidos. A natureza do terreno, caracterizada por relevos irregulares e áreas de difícil acesso, favoreceu o uso do canhão antitanque M-3 de 37 mm, que se destacava por sua leveza e facilidade de manobra em comparação com seu sucessor, o M-1 de 57 mm. Zaloga enfatiza que a portabilidade do M-3 permitia sua tração por veículos leves, como jipes, o que conferia às unidades maior agilidade em deslocamentos por terrenos desafiadores. Em contrapartida, o M-1 de 57 mm, embora mais potente, exigia veículos de maior porte e potência para reboque, o que limitava sua mobilidade em cenários montanhosos. Essa característica tornou o M-3 uma escolha preferencial para as unidades norte-americanas no teatro italiano, onde a capacidade de posicionar rapidamente as peças de artilharia era essencial para responder às demandas táticas do combate. A exemplo da formatação original do Exército dos Estados Unidos (US Army) os canhões antitanque M-3 de 37 mm, podem ter sido empregados em conjunto com os M-1 57 mm, sendo operados pelo 1º Regimento de Infantaria – Sampaio, 6º Regimento de Infantaria – Ipiranga e  11º Regimento de Infantaria – Tiradentes, e também pela Companhia Anticarros.  A análise de Zaloga sublinha, portanto, como as condições geográficas da Itália moldaram as estratégias de defesa antitanque, evidenciando a relevância do M-3 de 37 mm como um instrumento versátil e adaptado às particularidades daquele front, apesar de suas limitações contra blindados mais modernos.  Com o fim do conflito, em maio de 1945, os M-1 155 mm e outros equipamentos utilizados pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) foram transferidos ao Comando de Material do Exército dos Estados Unidos, sediado em Roma. Nesse processo, os itens em melhores condições incluindo os  canhões anticarros  M-3 e M-3A1 37 mm, foram cuidadosamente selecionados, acondicionados e enviados ao Brasil por via marítima.  

Logo após sua chegada ao Brasil, em julho de 1945 , os canhões antitanque M-3 e M-3A1 de 37 mm pertencentes a  Força Expedicionária Brasileira (FEB) foram prontamente distribuídos aos Regimentos de Infantaria (R.I.) do Exército Brasileiro. Esses regimentos já operavam pelo menos 48 peças recebidas nos termos do programa Leand & Lease Act, integrando-as às suas unidades operativas. A mobilidade dessas armas era assegurada por veículos como os blindados  White M-3A1 Scout Car, os jipes Willys MB, Ford GPW e os utilitários médios Dodge WC-51 e WC-52, conhecidos como "Beep", que garantiam o transporte eficiente em diferentes terrenos. No contexto do Exército Brasileiro, o canhão M-3 apresentava uma vantagem significativa: utilizava a mesma munição de 37 mm empregada nos canhões dos carros de combate leves CCL M-3 Stuart, o que facilitava a logística de suprimento. Entre os tipos de munição disponíveis estavam os projéteis de treinamento (sem carga explosiva), os A.P.C. (Armor-Piercing Capped), também sem carga explosiva, projetados para perfurar blindagens, e os H.E. M63, com carga explosiva, destinados a alvos mais leves ou fortificações. O cartucho H.E. M-63, em particular, era composto por um projétil de aço oco, com o interior preenchido por 38,5 gramas de TNT, detonado por uma espoleta de impacto M-58. A carga propelente, composta por 222 gramas de pólvora FNH, conferia ao projétil uma velocidade inicial de 790 metros por segundo (ou 2.600 pés por segundo). Com um peso total de 1,419 kg, o cartucho H.E. alcançava um alcance máximo de 9.500 metros e era capaz de penetrar até 6 cm de blindagem de aço a uma distância de 500 metros. Embora o canhão M-3 de 37 mm já fosse considerado tecnologicamente obsoleto na década de 1950, suas características operacionais, como o peso moderado de aproximadamente 400 kg e a possibilidade de ser rebocado por veículos utilitários leves, garantiram sua longevidade no Exército Brasileiro. A arma exigia uma guarnição mínima de apenas quatro homens, o que a tornava prática e versátil. Essas qualidades permitiram que o M3 permanecesse em serviço ativo por mais duas décadas, até o final dos anos 1960. Em 1960, o Exército Brasileiro recebeu um novo lote de canhões em condiçoes extremamente vantajosas, agora do modelo M-3A1, no âmbito do Acordo Militar Brasil–Estados Unidos. Produzida a partir de 1942, a versão M-3A1 distinguia-se do modelo original por apresentar a extremidade do cano rosqueada, projetada para a instalação de um freio de boca, acessório que, no entanto, nunca foi utilizado no Brasil.
Com a chegada de novas unidades do canhão antitanque M3A1 no início da década de 1960, no âmbito do Acordo Militar Brasil–Estados Unidos, o Exército Brasileiro ampliou significativamente a distribuição dos canhões M-3 e M-3A1. Inicialmente restritos aos Regimentos de Infantaria (R.I.), esses armamentos passaram a equipar também os Esquadrões de Reconhecimento Motorizado (RecMec), expandindo sua presença nas estruturas operativas do Exército. Um exemplo emblemático foi o 4º Esquadrão de Reconhecimento Motorizado (4º RecMec), baseado em Juiz de Fora, Minas Gerais. Essa unidade fez uso dos canhões M-3 de 37 mm durante deslocamentos de blindados, particularmente em operações de demonstração de força no contexto da Revolução de 1964, também referida como Contra-Revolução, movimento iniciado em 31 de março daquele ano. Essas ações refletiram o papel estratégico do Exército Brasileiro em um período de intensas transformações políticas no país, com os canhões M-3 desempenhando uma função de apoio em operações de caráter dissuasório. A partir de meados de 1965, ainda sob os auspícios do Acordo Militar Brasil–Estados Unidos, o Exército Brasileiro começou a receber uma quantidade significativa de equipamentos bélicos modernos, marcando uma nova fase na modernização de seu arsenal. Entre os novos armamentos destacavam-se os canhões sem recuo CSR M-40 de 106 mm, nas versões A1 e A2, destinados a equipar os principais Batalhões de Infantaria (BInf). Esses canhões, mais avançados e eficazes contra blindagens modernas, representaram um salto tecnológico em relação aos modelos anteriores. Nesse contexto, os canhões antitanque M1 de 57 mm passaram a substituir gradativamente os M-3 e M-3A1 de 37 mm, que, apesar de sua versatilidade e mobilidade, já eram considerados obsoletos frente às demandas táticas da época. O processo de substituição culminou na desativação definitiva dos canhões M-3 e M-3A1 até o final de 1967. Muitas dessas peças de artilharia foram preservadas em unidades do Exército Brasileiro como parte de seu acervo histórico, testemunhando a trajetória de modernização militar do país. A partir da década de 1990, algumas unidades desmilitarizadas foram vendidas a colecionadores e entusiastas de história militar, garantindo que o legado dos canhões M-3 e M-3A1 continuasse vivo em acervos privados e museus. Essa transição reflete não apenas a evolução tecnológica do Exército Brasileiro, mas também o esforço contínuo de adaptação às necessidades estratégicas de um país em transformação, marcado por desafios internos e compromissos internacionais. Os canhões M-3 e M-3A1, embora superados por armamentos mais modernos, deixaram uma marca indelével na história militar brasileira, simbolizando a resiliência e a capacidade de adaptação das Forças Armadas em um período de mudanças significativas.

Em Escala.
Para representarmos o canhão anticarro M-3 37 mm, fizemos uso do excelente kit produzido pela Bronco Models na escala 1/35, modelo que prima pela qualidade e detalhamento, combinado peças em metal e photo etched. Para se representar a versão usada pelo Exército Brasileiro, não há necessidade de se realizar nenhuma alteração, bastando montar o modelo diretamente da caixa.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão tático do Exército dos Estados Unidos (US Army) adotado durante a Segunda Guerra Mundial, sendo este o único esquema empregado nos canhões M-3 e M-3A1 de 37 mm do Exército Brasileiro durante seu serviço ativo, mantendo este padrão até sua desativação em fins da década de 1960.


Bibliografia: 
- M3 AntiTank de 37mm - Militaria & Armas- http://militariaearmas.blogspot.com/
- Antigos Equipamentos do Exército Brasileiro -  https://armasonline.org
- Artilharia de Campanha no Exército Brasileiro – Cezar Carriel Benetti - http://www.ecsbdefesa.com.br/fts/ACEB.pdf

Sopwith 7F.1 Snipe no Brasil

História e Desenvolvimento.
A companhia Sopwith Aviation Company (com sede em Brooklands na Inglaterra) foi criada em junho de 1912 por Thomas Octave Murdoch Sopwith(Tommy, mais tarde Sir Thomas), um esportista rico, entusiasta nas áreas de aviação, iatismo e  automobilismo, quando tinha  apenas 24 anos. Imediatamente seus modelos de treinamento logo chamariam a atenção das autoridades militares britânicas, resultando assim nos primeiros contratos governamentais com a Marinha Real (Royal Navy) em novembro do mesmo ano. Com esta nova demanda em mão a empresa mudou-se para instalações maiores, ocupando um grande espaço que anteriormente abrigara uma pista de patinação na região de Canbury Park Road perto da Kingston Railway Station, no sudoeste de Londres. Inicialmente, o próprio Tom Sopwith, auxiliado por seu ex-mecânico pessoal Fred Sigrist, liderou diversos projetos e acordos de colaboração. Uma parceria firmada com o estaleiro S. E. Saunders de East Cowes, na Ilha de Wight, em 1913, resultaria na produção de um aero bote denominado como Sopwith "Bat Boat", construído com um casco laminado que o permitia operar tanto no mar ou na terra, resultando em uma nova instalação fabril em Woolston, Hampshire, que seria iniciada em 1914. O primeiro grande sucesso comercial seria o “Sopwith Tabloid”, um projeto que mostrou pela primeira vez a influência do piloto de testes da empresa, o australiano Harry Hawker, com uma versão customizada ganharia a edição do Troféu Schneider em 1914. Este modelo evoluiria para o “Sopwith Baby” que ocuparia um lugar de destaque na frota do Serviço Aéreo Naval Real Britânico (RNAS) durante o início da Primeira Guerra Mundial. O eclodir do conflito em 28 de julho de 1914 elevaria o papel estratégico da Sopwith Aviation Company no esforço de guerra britânico, com suas aeronaves e aerobotes, passando a dotar também as unidades do Corpo Aéreo Voador (Royal Flying Corps RFC), braço aéreo do Exército Real (Royal Army), além de armas áreas da Bélgica, Países Baixos, Australia, Japão, Romênia, Grécia, Império Russo e Estados Unidos.

Durante a Primeira Guerra Mundial, a Sopwith Aviation Company seria uma das principais fornecedoras de aeronaves para Grã-bretanha, chegando a entregar mais de dezesseis mil aeronaves, entre estes o Sopwith Pup, que entrou em serviço junto as unidades do Serviço Aéreo Naval Real Britânico (RNAS), na Frente Ocidental em outubro de 1916 com o Esquadrão Nº 8 RNAS, incialmente estes novos caças lograram êxito sobre os primeiros biplanos Fokker, Halberstadt e Albatros. No entanto o advento da introdução em serviço dos novos caças alemães Albatros D.III, iriam sobrepujar completamente os novos Sopwith Pup, levando as forças armadas britânicas a adotar provisoriamente em regime emergencial os caças franceses Nieuport 17. Com base neste cenário uma nova aeronave deveria ser desenvolvida, primando por portar um gama de armamento mais pesada com maior velocidade de operação. Este novo avião seria lançado em dezembro de 1916, se tornando o primeiro caça operacional britânico projetado com duas metralhadoras Vickers .303 de calibre 7,7 mm foram montadas diretamente em frente ao cockpit, sincronizadas para disparar para frente através do disco da hélice. O primeiro contrato de produção seria celebrado em maio dos anos seguinte, levando a produção de 5.940 aeronaves. Seu batismo de fogo ocorreria em 04 de julho de 1917 com aeronaves do Esquadrão Nº 4, operando sobre a região de Dunquerque na França, no final deste o modelo passava também a equipar os esquadrões Nº 3 e Nº 4 do Serviço Aéreo Naval Real Britânico (RNAS), se tornando também operacional junto ao Esquadrão Nº 70 do Corpo Aéreo Voador (Royal Flying Corps RFC), Em serviço os Sopwith Camel F1 Camel provaram ter melhor manobrabilidade do que os caças alemães Albatros D.III e D.V, chegando a equipar treze esquadrões de combate. Juntamente com os calas S.E.5a e o SPAD S.XIII, estas aeronaves ajudaram a restabelecer a superioridade aérea aliada que perduraria eficientemente bem até 1918.
À medida que o ano de 1917 se desgastava, parecia não haver perspectiva de que a guerra terminasse naquele ano, ou mesmo no próximo, este cenário motivaria as principais empresas construtoras aeronáuticas britanicas a começar em trabalhar em novos projetos, destinados assim a equipar as armas aérea aliadas a partir de 1919. A Societé A Nieuport-Delage Issy Les produziu o B.N.1; Boulton & Paul, o Bobolink e Austin Motors, o triplane Osprey, enquanto a Sopwith Aviation Company, optou por evoluir radicalmente o Sopwith Camel para o modelo 7F.1, que passaria a ser chamado de “Snipe”. Seu desing inicial era o de biplano de baía única no qual foi dada consideração para melhorar a visão do piloto e, de fato, escreveu Jack Bruce, foi esse detalhe em que o 7F.1 melhorou mais sobre o Sopwith Camel, do qual o campo de visão do piloto era, para os padrões da época, atroz". O motor escolhido foi o rotativo mais potente então disponível, o Bentley B.R.1 de 150 hp. A fuselagem era de formato circular na seção, sem dúvida para fornecer uma medida de simplificação e toda a aeronave era um pouco maior que o Camel. Um segundo design, serial sobre o projeto  “B9963” era  semelhante ao primeiro, foi construído em torno do novo motor B.R.2 de 200 hp da W.O. Bentley, enquanto o terceiro protótipo, “B9964” em série, permanece indescritível. Um quarto protótipo, serial B9965, seguiu-se, que incorporou inúmeras pequenas mudanças, incluindo uma asa superior modificada e uma barbatana e leme revisados. A estrutura do Snipe era mais pesada, mas muito mais forte do que os caças Sopwith anteriores. Embora não fosse uma aeronave rápida para 1918, era muito manobrável, e muito mais fácil de manusear do que o Camel, com uma visão superior do cockpit - especialmente para frente e para cima. O modelo também apresentava uma taxa superior de subida, e desempenho muito melhor em alta altitude em comparação com seu antecessor, permitindo-o lutar contra os mais novos caças da Alemanha em termos mais iguais. 

Outras modificações foram feitas no Sopwith Snipe durante a guerra e o pós-guerra. O modelo foi construído em torno do motor Bentley BR2 - o último do tipo rotativo a ser usado pela Força Aérea Real (RAF) . Ele apresentava uma velocidade máxima de 196 km/h  a 10.000 pés, em comparação com os 185 km/h do Sopwith Camel na mesma altitude, com uma autonomia de voo de  três horas. Seu armamento fixo consistia de duas metralhadoras Vickers de 7,7 mm, sendo capaz de transportar até quatro bombas de 11 kg para o missões  de ataque terrestre, idêntico ao armamento do Sopwith Camel. O design permitiu que uma única metralhadora de Lewis fosse montada na seção central de forma semelhante à transportada pelo Sopwith 5F.1 Dolphin, no caso de esta não ser montada em aeronaves de produção. O Sopwith Snipe começou a ser produzido em 1918, com mais de 4.500 sendo encomendados. A produção terminou em 1919, com pouco menos de 500 sendo construídas, o restante sendo cancelado devido ao fim da guerra e o corte nos orçamentos militares das nacoes europeias. Havia apenas uma variante, o Sopwith Snipe I, com produção de várias empresas, incluindo Sopwith, Boulton & Paul Ltd, Coventry Ordnance Works, D. Napier & Son, Nieuport e Ruston, Proctor and Company. Em março de 1918, um exemplar foi avaliado pelo “No.1 Aeroplane Supply Depot” (No.1 ASD) em St-Omer, na França. O Tenente L. N. Hollinghurst (mais tarde um ás em Sopwith Dolphins, e Marechal-chefe da Aeronáutica) realizou diversos voos de ensaio a 24.000 mil pés, afirmando que apesar da aeronave ser mais pesada e possuir  "um leme muito pobre", apresentava uma manobrabilidade satisfatória. As primeiras aeronaves a entrarem em serviço em janeiro de 1918 seriam alocadas junto ao Esquadrão Nº 43, da Força Aérea Real (RAF), baseado em Fienvillers, na França, passando a substituir os Sopwith Camel. Estas aeronaves também seriam empregadas pelos Esquadrão Nº 4 do Corpo Aéreo Australiano (Australian Flying Corps - AFC), onde tiveram maior êxito em combate contra as aeronaves alemães, reivindicando oito caças alemães Fokker D.VIIs.
Após o Armistício com a Alemanha que encerrou a Primeira Guerra Mundial em 11 de novembro de 1918, os caças Sopwith Snipes fizeram parte do Exército Britânico de Ocupação, retornando ao Reino Unido somente entre os meses de agosto e setembro de 1919. Neste contexto, este modelo passaria a substituir os Sopwith Camel em quatros esquadrões de defesa domésticos baseados, entretanto no finas deste mesmo apenas um único único esquadrão, o Nº 80 estava equipado com o Sopwith Snipe.  Em 1919, o Sopwith Snipes britânicos participariam da intervenção aliada, aos lado dos “Russos Brancos” contra as forças revolucionárias bolcheviques, com doze aeronaves da Força Aérea Real (RAF) sendo empregados no norte da Rússia. Pelo menos uma destas células seria capturada pelo inimigo e colocado em serviço durante o conflito. Apesar de apresentar não um desempenho excepcional em combate, devido as restrições orçamentarias da época o Sopwith Snipe seria selecionado no pós-guerra como caça monoposto padrão britânico, operando em conjunto com pequenas quantidades do modelo Martinsyde Buzzard F.4., com estas aeronaves chegando a equipar vinte e três esquadrões de caças da Força Aérea Real (RAF), com os últimos Sopwith Snipes, passando a ser desativados a partir de 1926.

Emprego na Marinha do Brasil. 
Da mesma forma que a humanidade deve a um brasileiro o pioneirismo do primeiro voo em um "engenho" mais pesado que o ar, os brasileiros devem à Marinha do Brasil (MB) o significativo esforço por ela realizado, para a implantação da aviação no nosso país. Cinco anos após o voo pioneiro de Santos Dumont, ou seja, em 1911, dois fatos já mostravam o interesse da Marinha do Brasil (MB) sobre as aeronaves, em uma visão prospectiva das potencialidades do seu emprego no campo militar. Tais fatos foram, que em 29/04/1911, recebia o seu "brevet" de piloto, na França, o Tenente da Marinha JORGE HENRIQUE MOLLER, primeiro militar brasileiro a receber tal qualificação; e em 14/10/1911, era fundado o Aeroclube Brasileiro.  A história da Aviação Naval Brasileira se inicia em 23 de agosto de 1916, com a assinatura, pelo Presidente Wenceslau Braz, do Decreto de criação da Escola de Aviação Naval, primeira escola militar de aviação do país e, portanto, o berço da nossa aviação militar e o marco do nascimento da Aviação Naval da Marinha. De suas instalações iniciais no antigo Arsenal de Marinha, a Escola de Aviação Naval (EAvN) foi transferida depois para a ilha das Enxadas.   Esse período inicial de vinte e cinco anos  entre 1916 e 1923, passou a ser conhecido como a primeira fase da Aviação Naval, registrando a ocorrência de diversos fatos marcantes, pelo pioneirismo das atividades desenvolvidas, tais como: realização dos primeiros "raids" aéreos entre as cidades do Rio de Janeiro e Angra dos Reis, e entre o Rio de Janeiro e Campos; transporte da primeira mala aérea civil e da primeira mala aérea militar; primeiro voo de Santos Dumont, como passageiro, em uma aeronave militar brasileira; primeiro voo de um Presidente da República em uma aeronave militar brasileira; e a participação de aviadores navais brasileiros em operações reais de patrulha, durante a Primeira Guerra Mundial, integrando o 10° Grupo de Operações de Guerra  do Corpo Aéreo Real RFC (Royal Flying Corps).

No entanto apesar de todo este pioneirismo, a crônica carência de recursos financeiros e materiais que caracterizavam os anos iniciais da Aviação Naval inibia a natural evolução daquela arma da Marinha do Brasil. No entanto o lançamento do Projeto da Organização Aérea do Litoral, em 1921, iria transformar por completo esta arma aérea. Acompanhado dos recursos financeiros necessários à implementação daquele projeto, o Estado Maio da Armada recomendou, entre outras providencias, a aquisição de aviões de caça, patrulha e reconhecimento que iriam dotar as primeiras unidades de emprego operacional da Aviação Naval. Assim, no dia 23 de maio de 1923, a Marinha do Brasil assinou o contrato “AV. 1.1” com a empresa norte americana Curtiss Aeroplane Export Company, que previa em seu escopo o fornecimento de distintos tipos de aeronaves. Entre essas se encontravam doze exemplares do caça monoposto Sopwith 7F.1 Snipe ao custo unitário de US$ 36.000,00. Estas células foram originalmente fornecidas a empresa norte americana nos termos do programa britânico “Comissão de Eliminação e Liquidação” (War Disposal Commission), destinado a vender a países aliados material excedente de guerra, e se encontravam em ótimas condições de conservação, contando com pouquíssimas horas de voo. Ao chegarem no Brasil por via naval no primeiro semestre deste mesmo ano, passariam a compor a dotação da Flotilha de Caça, composta originalmente por três esquadrilhas com quatro aeronaves cada uma. No entanto, graças a diversos fatore, só foram organizadas a 1º Esquadrilha de Caça (1º EC) e a 2º Esquadrilha de Caça (2º EC) , tendo sido também escolhidos seus componentes. Um dos motivos era a total falta de pessoal para compor os quadros das três esquadrilhas. Conquanto essa deficiência pudesse ser solucionada em um espaço de tempo razoavelmente curto, eventos políticos naquele período colaboraram para a quase total estagnação das atividades de instrução na formação de aviadores navais na Escola de Aviação Naval (EAvN).
Para agravar esta dificuldade, outras surgiram após a montagem dos primeiros quatro Sopwith 7F.1 Snipe. Pois primeiramente foi verificado que não era possível empregar a contento as metralhadoras Vickers .303 que equipavam este modelo de aeronave, visto que estas armas originalmente empregavam munições alimentadas com fitas metálicas, enquanto a munição do calibre 7,56 mm, existentes em estoques naquele período nos paióis da Aviação Naval da Marinha do Brasil faziam uso das tradicionais fitas de pano. Embora este fosse apenas um problema simples de ordem logística, os constantes e maciços cortes nos recursos orçamentários das Forças Armadas Brasileira que afetavam principalmente a Marinha do Brasil, impediram a rápida solução desta deficiência, com a Aviação Naval operando por um bom tempo com uma aeronave de caça desarmada. Porém entre diversos problemas, o mais difícil, porém, era dirimir a pavimentação do campo de pouso do Centro de Aviação Naval do Rio de Janeiro (CAvN RJ). Com grama em algumas poucas áreas de sua extensão, o solo irregular da Ponta do Galeão era predominantemente composto por areia ou terra. Apesar de existirem planos para realizar a pavimentação de trechos da pista, com betume, as áreas destinadas ao taxi e à decolagem das aeronaves, novamente a falta de recursos financeiros impediu a concretização deste importante plano que permitiria um significativa melhora da operação. Como consequência, a irregularidade do piso resultou em diversos acidentes com as aeronaves  Sopwith 7F.1 Snipe da Aviação Naval da Marinha do Brasil, pois a relativamente alta velocidade de pouso e decolagem deste modelo de aeronave, frequentemente resultavam em capotagens e pilonagens, o que afetava fortemente a disponibilidade operacional destes caças aeronavais.

No início de 1924, a 1ª Esquadrilha de Caça (1º EC) contava com uma dotação de seis Sopwith 7F.1 Snipe, porém somente quatro destas aeronaves se encontravam em condições de voo operacional. Por sua vez a 2ª Esquadrilha de Caça (2º EC), já dispunha de seis destes aviões prontos para voo. No entanto passados apenas dois anos, somente três destas aeronaves lograram registrar algum voo operacional. O piso da pista, do Centro de Aviação Naval do Rio de Janeiro (CAvN RJ) na Ponta do Galeão, havia cobrado seu preço, afetando os trens de pouso das aeronaves, principalmente os pneus e rodas dos Sopwith 7F.1 Snipe, levando a necessidade emergencial de substituição destes itens. Porém novamente os parcos resultados destinados a Aviação Naval da Marinha do Brasil, impediam a aquisição de peças de reposiçao mais notadamente a de origem importada, e relatórios daquela época apontavam a crônica falta de câmaras de ar, limitando cada vez mais a operação destas aeronaves de caça. No ano seguinte, os oito Sopwith 7F.1 Snipe da Flotilha de Caça, registraram apenas 20 horas e 46 minutos de voo, distribuídas entre cinquenta e oito surtidas operacionais, registrando acidentes, entre estes três capotagens e uma ocorrência de proporções mais graves, levando novamente a redução da disponibilidade operacional. No ano seguinte, poucos foram os   Sopwith 7F.1 Snipe que voltaram a voar, com uma destas aeronaves, infelizmente sendo perdida em decorrência de uma pane no motor, ocasionada, pela deficiência da qualidade de combustível aeronáutico fornecido à Aviação Naval da Marinha do Brasil, sendo está muito inferior a necessidade destes tipos de motores.
Ao chegar o ano de 1929, existiam ainda onze aeronaves Sopwith 7F.1 Snipe na frota, mas somente quatro se encontravam em condições de voo. Visto que, essencialmente estes aviões estavam em bom estado e que os problemas encontrados na sua operação se deviam a deficiente infraestrutura do aeródromo onde se encontravam sediados, foi cogitada a instalação de motores radiais fixos nos quatros exemplares disponíveis. Porém, os parcos recursos orçamentários á disposição da Aviação Naval da Marinha do Brasil, aliados a evidente obsolescência desse material, acabaram determinando a desativação e a alienação dos caças navais naquele mesmo ano, encerrando assim a curta e pouco operacional carreira dos Sopwith 7F.1 Snipe  no Brasil.

Em Escala.
Para representarmos o Sopwith 7F.1 Snipe da Aviação Naval da Marinha do Brasil com matricula “125”, fizemos uso do kit produzido pela Eastern Express, na escala 1/72, não sendo necessário realizar modificações para se compor a versão brasileira. Fizemos uso de excelentes  decais produzidos pelo modelista Rafael Pinheiro Machado da série “Aviões Militares Brasileiros”.

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa, o segundo padrão de pintura adotado pelos Sopwith 7F.1 Snipe na Aviação Naval da Marinha do Brasil, quando empregados pela Divisão de Combate na Base Naval do Galeao, apresentando com principais diferenças em relação ao primeiro esquema usado,  o capo do motor pintado em preto (e talvez em vermelho também) e as marcação da matricula em branco nas laterais da aeronave.




Bibliografia :
- Sopwith 7F.1 Snipe -  http://www.aircraftinvestigation.info/airplanes/Sopwith_7F.1_%20Snipe.html
- Sopwith  Snipe – Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Sopwith_Snipe
- Asas Sobre os Mares , Prof Rudnei Dias Cunha - http:// asassobreosmares.rudnei.cunha.nom.br
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015  - Jackson Flores Junior