Chevrolet - Engesa C-60 e D-60


História e Desenvolvimento
A General Motors Corporation (GM) é uma das maiores e mais influentes fabricantes de veículos do mundo, com uma trajetória marcada por expansões estratégicas, inovações e diversificação. A companhia foi fundada em 16 de setembro de 1908 por William C. Durant, um bem-sucedido fabricante de carruagens, na cidade de Flint, Michigan, Estados Unidos. A visão de William C. Durant era criar uma holding que reunisse diversas marcas automotivas sob uma única estrutura corporativa, promovendo sinergias e ampliando a competitividade no mercado. Logo após sua fundação, a GM iniciou uma série de aquisições estratégicas para fortalecer seu portfólio: Buick Motor Company: Incorporada em 1908, a Buick, fundada pelo escocês David Dunbar Buick, já era uma marca estabelecida, tendo produzido seu primeiro automóvel em 1903. William C. Durant, que havia sido presidente da empresa, trouxe-a como a primeira marca da GM. Oldsmobile Motor Vehicle Company: Em 12 de novembro de 1908, a Oldsmobile, fundada em 1897, tornou-se a segunda marca a integrar a GM, consolidando sua posição no mercado automotivo americano. Oakland Motor Car Company: Adquirida nos anos seguintes, a Oakland evoluiu posteriormente para a marca Pontiac. Cadillac Automobile Company: Comprada em 1909 por US$ 5,5 milhões, a Cadillac, fundada em 1902, adicionou um segmento de luxo ao portfólio da General Motors. Essas aquisições estabeleceram as bases para a diversificação de produtos e a expansão da GM no mercado automotivo. Em 3 de novembro de 1911, William Durant, após divergências com os acionistas que o levaram a deixar a GM, fundou a Chevrolet Motor Company of Michigan, em parceria com o piloto e mecânico suíço Louis Chevrolet. A Chevrolet rapidamente ganhou relevância e, em 1918, foi adquirida pela própria GM, tornando-se uma das marcas mais emblemáticas da empresa. Ainda em 1911, a General Motors Corporation (GM) criou a marca GMC, derivada da aquisição da Rapid Motor Vehicle Company. A General Motors Corporation (GM) focou na produção de caminhonetes e caminhões leves, um segmento que atraiu investimentos significativos e se tornaria um pilar estratégico para a empresa. Nos anos seguintes, a GM buscou oportunidades de crescimento além do mercado automotivo. Em 1918, a empresa deu seus primeiros passos na expansão internacional com o estabelecimento de uma operação comercial no Canadá, marcando o início de sua presença global. Esse movimento abriu caminho para a conquista de mercados em todos os continentes. Em 1919, a General Motors Corporation (GM)  diversificou suas atividades ao incorporar a Frigidaire Company, uma fabricante de refrigeradores. Essa aquisição representou a primeira incursão da empresa em um setor não automotivo, refletindo seu interesse em explorar novos mercados e consolidar sua expansão internacional.

A diretoria comercial da General Motors Corporation (GM) , guiada por uma visão estratégica, identificou o potencial para uma presença global significativa. Essa abordagem resultou em uma série de iniciativas de expansão: 1923: Inauguração da primeira fábrica na Europa, localizada em Copenhague, Dinamarca, marcando a entrada da montadora no continente. 1925: Início de operações orgânicas na Argentina, França e Alemanha, além da aquisição da montadora britânica Vauxhall Motors, fortalecendo a presença da GM no mercado europeu. 1926: Estabelecimento de operações na Austrália, Japão e África do Sul, ampliando a alcance global da empresa. 1928: Entrada no mercado indiano, um passo ousado em um território ainda pouco explorado pela indústria automotiva. 1929: Aquisição da fabricante alemã Opel, consolidando a posição da GM na Europa. No mesmo período, a GM incorporou a Yellow Coach Company nos Estados Unidos, uma fabricante de ônibus escolares amarelos, diversificando seu portfólio no mercado doméstico. Essas iniciativas culminaram na ascensão da corporação como o maior fabricante de veículos do mundo em 1931. A GM voltou sua atenção para o promissor mercado latino-americano, estabelecendo a General Motors do Brasil em 26 de janeiro de 1925. Inicialmente, a empresa operou em instalações alugadas no bairro do Ipiranga, em São Paulo, onde lançou seu primeiro produto no mercado brasileiro: um furgão utilitário leve. O furgão foi produzido utilizando o sistema Completely Knocked Down (CKD), no qual kits importados – compostos por chassis, motores, transmissões e outros componentes – eram montados localmente. As características do processo incluíam: Baixa agregação de componentes nacionais: Apenas algumas partes não metálicas da carroceria eram produzidas localmente. Flexibilidade de entrega: Os veículos eram fornecidos completos ou como conjuntos de chassis nu com capô, permitindo encarroçamento personalizado por terceiros. Esse modelo de produção permitiu à General Motors Corporation (GM) estabelecer uma presença inicial no Brasil, adaptando-se às condições do mercado local. Em 1940, cerca de 75% dos furgões e caminhões aqui vendidos pela General Motors do Brasil, já apresentavam carrocerias fabricadas localmente com quase 90% de nacionalização de componentes básicos. No inicio da década de 1950 novos modelos de caminhões leves como o Opel Blitz II Comercial passariam a ser oferecidos ao mercado nacional. Este cenário sofreria alteração quando em 1953, por decisão do governo federal institui-se uma limitação percentual de importação de componentes para a indústria automobilística, autorizando ainda somente a aquisição de peças que não tivessem similares produzidos localmente, este mesmo processo vetaria por completo a importação de veículos a motor já montados.
A década de 1950 foi um período de consolidação para a indústria automotiva brasileira, impulsionado por políticas governamentais que incentivaram a nacionalização. Em 1956, o governo federal brasileiro criou o Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), um programa que oferecia incentivos fiscais e financeiros para promover a formação de uma indústria automotiva nacional. No mesmo ano, a GM Brasil teve seu plano de fabricação de caminhões com alto índice de nacionalização aprovado pelo GEIA, alinhando-se aos objetivos de reduzir a dependência de importações e fortalecer a economia local. Até junho de 1957, os caminhões Chevrolet produzidos pela GM Brasil já incorporavam cerca de 40% (em peso) de componentes nacionais. Nesse ano, foram fabricadas 5.370 unidades do modelo 6503, projetado para transportar até seis toneladas, demonstrando a capacidade produtiva da empresa e o avanço na integração com fornecedores locais. Em março de 1958, a GM Brasil lançou o Chevrolet 6500 Brasil, um caminhão médio que marcou um marco na nacionalização da indústria automotiva. O projeto abrangia uma linha de três veículos distintos: um caminhão médio, um furgão comercial e uma picape, com o objetivo de alcançar o maior índice de nacionalização já registrado no mercado brasileiro. As principais características do Chevrolet 6500 Brasil incluíam: Índice de nacionalização: 22% dos componentes, incluindo cabine, painel dianteiro, grade do radiador, capô, para-lamas, molas, vidros e banco, foram fabricados pela GM Brasil. O restante foi produzido por fornecedores terceirizados utilizando matéria-prima nacional. Versatilidade: Disponível em versões para carga seca e basculante, o caminhão foi amplamente utilizado para transporte de diversos produtos, conquistando grande aceitação no mercado. O ano de 1958 também foi marcado por dois desenvolvimentos significativos: Picape Chevrolet Brasil 3100: Complementou a linha de utilitários, atendendo à demanda por veículos versáteis no mercado civil e militar. Motor Chevrolet Brasil 261: Fabricado em São José dos Campos, São Paulo, o motor de 6 cilindros em linha, com 4.278 cc, virabrequim apoiado em quatro mancais e potência de 142 cv, representou um avanço na produção nacional de componentes críticos. Entre 1958 e 1964, a GM Brasil implementou melhorias contínuas no Chevrolet 6500 Brasil, aumentando o índice de nacionalização e aprimorando o desempenho. As principais atualizações incluíram: 1962–1964:Substituição do carburador importado por um modelo nacional DFV 226; Adição de chassis reforçado para maior durabilidade;  Redesign da frente com quatro faróis; Novo teto avançado sobre o para-brisa; Vigia dupla na traseira da cabine; Tanque de gasolina externo; Novas fechaduras, limpadores de para-brisa (reposicionados à direita) e quebra-sóis e Introdução de um câmbio opcional Fuller de cinco marchas, aumentando a flexibilidade operacional. Essas modificações reforçaram a competitividade do modelo, mantendo-o alinhado às expectativas do mercado. Apesar do sucesso, a GM Brasil enfrentou desafios crescentes no mercado de caminhões. 

Em 1963, a marca Chevrolet liderava o segmento de caminhões médios a gasolina, com 71,7% de participação de mercado (contra 24,4% da Ford), e ocupava o segundo lugar no mercado total, com 25,6% (atrás da Mercedes-Benz). No entanto, sua presença no segmento de caminhões diesel, especialmente em unidades de maior porte, era limitada. A crescente demanda por veículos diesel revelou uma lacuna estratégica na divisão de caminhões da GM Brasil, que começava a preocupar a empresa diante da concorrência. Na década de 1960, a General Motors do Brasil (GM Brasil) respondeu às demandas do mercado automotivo com o lançamento da família de caminhões Chevrolet C-60, seguida pelos modelos diesel D-60 e D-70 na década de 1970.  Em 1964, a GM Brasil lançou a família de caminhões médios Chevrolet C-60, disponível nas configurações de tração 4x2 e 6x6. Apesar de compartilhar o chassi e o conjunto mecânico do Chevrolet 6500 Brasil, o C-60 foi o primeiro caminhão médio projetado, desenvolvido e totalmente equipado no Brasil, representando um marco na capacidade industrial do país. Suas principais características incluíam: Design nacional: Adaptação às condições locais, com foco em robustez e funcionalidade. Versatilidade: Configurações adequadas para transporte de carga em diversos setores. Na década de 1960, o mercado brasileiro de caminhões passou por uma rápida transformação, com mais de 75% da frota nacional movida a diesel. A GM Brasil, embora tivesse lançado alguns modelos diesel, enfrentava limitações devido ao uso de motores Perkins, baseados em tecnologia desenvolvida no final da década de 1940. Esses motores eram considerados obsoletos frente à concorrência, que oferecia tecnologias mais modernas, impactando a competitividade da GM no segmento diesel. Para superar essas limitações, a direção da GM Brasil decidiu investir na construção de uma fábrica de motores Detroit Diesel, visando produzir propulsores mais avançados e competitivos. Essa iniciativa foi impulsionada pelo aumento da demanda por caminhões diesel, intensificado no início da década de 1970 por fatores como: Crise internacional do petróleo: Aumentou a busca por combustíveis mais econômicos. Subsídios governamentais ao diesel: Incentivaram a conversão de frotas para motores diesel. Em resposta às tendências do mercado, a GM Brasil descontinuou a produção de motores a gasolina para veículos de carga e lançou os caminhões diesel Chevrolet D-60 e D-70, denominados conforme sua capacidade de carga. Esses modelos foram equipados com: Motores Detroit Diesel: Representaram uma evolução tecnológica, oferecendo maior eficiência e potência. Motores Perkins: Mantidos como opção para atender a diferentes demandas do mercado. A linha D-60 e D-70 passou por uma reestilização, que incluiu: Modificação do capô para melhorar a estética e funcionalidade. Atualização do painel de instrumentos, aprimorando a ergonomia. Nova grade com dois faróis tipo sealed-beam, proporcionando melhor iluminação e design moderno. O lançamento dos motores Detroit Diesel resultou em uma recuperação inicial das vendas, com a GM Brasil atingindo um recorde de 23.700 unidades vendidas. 
No entanto, problemas técnicos nos novos motores, apesar dos esforços da empresa para corrigi-los, comprometeram a credibilidade da marca. Como resultado: Queda nas vendas: No ano seguinte, a produção caiu para 11.300 unidades, reduzindo-se ainda mais para uma média de 4.300 unidades anuais na década de 1980 e cerca de 2.000 unidades na década de 1990. Perda de competitividade: A reputação prejudicada dificultou a recuperação da participação de mercado, especialmente no segmento de caminhões diesel de maior porte. O lançamento da família Chevrolet C-60 em 1964 marcou um avanço significativo na indústria automotiva brasileira, sendo o primeiro caminhão médio totalmente projetado e equipado no país. A transição para os modelos diesel D-60 e D-70, impulsionada pela fábrica de motores Detroit Diesel e pela demanda do mercado, buscou atender à crescente preferência por motores diesel. Apesar do sucesso inicial, os problemas técnicos com os motores Detroit Diesel impactaram a credibilidade da GM Brasil, levando a uma queda sustentada nas vendas. Em 1985, a General Motors do Brasil (GM Brasil) implementou mudanças significativas em sua linha de caminhões, buscando revitalizar sua presença no mercado com novos modelos e uma reformulação aguardada da cabine projetada em 1964. Pela primeira vez desde sua entrada no mercado automotivo, a GM Brasil concentrou suas principais inovações de 1985 na linha comercial, com o lançamento de um caminhão leve e a renovação completa da cabine utilizada desde 1964. Todas as versões foram projetadas no Brasil e receberam uma nova nomenclatura baseada no peso bruto total (PBT), refletindo uma abordagem mais clara e funcional. Os modelos incluíam: Caminhões leves: A, C e D-40 (ou 6000, a partir de 1993): Capacidade de 4 toneladas. Caminhões médios: 11000 e 13000 (sucessores dos C-60 e C-70): Capacidades de 7 e 9 toneladas, respectivamente. Caminhões médio-pesados: 19000 (C-80, versão do 11000 com truque traseiro de fábrica): 15 toneladas. 21000 e 22000 (D-90 normal e versão 6x4 canavieira): Projetados para cargas mais pesadas e aplicações específicas. A reformulação da cabine, aguardada há décadas, trouxe melhorias em design, ergonomia e funcionalidade, alinhando os caminhões às demandas contemporâneas do mercado. Apesar dos esforços de inovação, as vendas dos novos modelos não alcançaram os resultados esperados. A GM Brasil enfrentava dificuldades crescentes no segmento de caminhões, agravadas por: Concorrência acirrada: Marcas como Mercedes-Benz dominavam o mercado, especialmente no segmento diesel de maior porte. Problemas de credibilidade: Questões técnicas com motores diesel, como os Detroit Diesel lançados anteriormente, haviam prejudicado a reputação da marca Chevrolet. Mudanças nas preferências do mercado: A crescente demanda por caminhões diesel mais modernos e eficientes contrastava com a oferta limitada da GM Brasil. Esses fatores contribuíram para a incapacidade da empresa de recuperar sua posição no mercado, que já havia declinado significativamente desde os anos 1970. Diante do desempenho insatisfatório, a direção da GM Brasil anunciou planos estratégicos para reestruturar sua operação no segmento de caminhões. Apesar dos planos de reestruturação, a GM Brasil não conseguiu reverter sua posição no mercado. Na década de 1980, a marca Chevrolet, que outrora liderava as vendas de caminhões, caiu para o último lugar no segmento. Melancolicamente, a GM Brasil anunciou sua retirada definitiva do mercado de caminhões, encerrando uma trajetória significativa na indústria automotiva brasileira.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras
Durante o inicio da Segunda Guerra Mundial, preocupado com a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo, o governo norte-americano sob a gestão do presidente Franklin D Roosevelt  incentivou a participação do Brasil no esforço de guerra aliado. Como contrapartida, o Brasil obteve acesso a vantagens estratégicas como : Acordos bilaterais de comércio: Fortalecimento das relações econômicas com os Estados Unidos. Acesso ao programa  Leand & Lease Bill Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos): Uma linha de crédito de US$ 100 milhões para aquisição de equipamentos militares modernos, incluindo armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Entre 1942 e 1945, o Exército Brasileiro recebeu mais de 5.000 caminhões militares de diversos modelos, como GMC CCKW, Diamond T, US White Corbitt Cargo, Ward La France, Chevrolet Série G, e Studebaker US6G. Esses veículos proporcionaram uma capacidade significativa de mobilização de tropas e cargas, modernizando as operações logísticas da  Força Terrestre. Na década de 1950, a frota de caminhões adquirida durante a guerra enfrentou sérios problemas operacionais, decorrentes de: Desgaste natural: O uso intensivo durante e após o conflito comprometeu a condição das viaturas. Dificuldade de manutenção: A produção dos modelos recebidos foi descontinuada nos Estados Unidos, dificultando a importação de peças de reposição essenciais. Essa situação gerou preocupações críticas no comando do Exército Brasileiro, pois a redução da capacidade de transporte ameaçava diretamente a prontidão operacional. A necessidade de soluções emergenciais tornou-se prioritária para manter a funcionalidade das forças terrestres. A aquisição de uma nova frota de caminhões militares, como os modelos REO M-34 e M-35 com tração 4x4 e 6x6, foi considerada a solução ideal para substituir os veículos obsoletos. No entanto, o alto custo de tal investimento estava fora do alcance orçamentário do Exército Brasileiro na época. Estudos mais realistas resultaram em três estratégias complementares: Aquisição limitada de caminhões modernos: Aquisição:  de um pequeno número de caminhões militares modernos como os norte-americanos REO M-34, visando atender às necessidades mais urgentes com equipamentos atualizados -Repotencialização de frotas existentes: Estudos para modernizar e remotorizar os caminhões GMC CCKW e Studebaker US6G, prolongando sua vida útil por meio de reformas e atualizações -Adoção de caminhões comerciais militarizados: Utilização de veículos comerciais adaptados para cumprir missões secundárias, oferecendo uma solução econômica e imediata. Mesmo com esta pauta na mesa,  o Exército Brasileiro enfrentou desafios significativos para manter sua capacidade operacional devido à obsolescência de sua frota de caminhões militares. 

Assim para  recuperar a capacidade logística do Exército Brasileiro, três alternativas foram consideradas: aquisição de novos caminhões militares, repotencialização de veículos existentes, e adoção de caminhões comerciais militarizados. Contudo, os estudos para modernizar os caminhões GMC CCKW e Studebaker US6G foram descartados devido a: Alto custo de implementação: Os investimentos necessários excediam as capacidades orçamentárias. Falta de expertise técnica: O Brasil não dispunha de experiência prévia em programas de modernização de tal escala. O cancelamento dessa iniciativa intensificou a necessidade de ampliar a aquisição de caminhões comerciais militarizados, que poderiam complementar a frota militar, composta majoritariamente por veículos 6x6 projetados para operações fora de estrada. A adoção de caminhões comerciais militarizados visava liberar a frota 6x6 para missões fora de estrada, destinando os novos veículos a funções secundárias, como transporte em ambientes urbanos e rodoviários. Esse conceito já havia sido implementado pelo Exército Brasileiro desde a década de 1930, com o uso de modelos como Chevrolet 112 Tigre, Chevrolet 137 Comercial, Chevrolet Gigante 937, e Opel Blitz II, todos adaptados para operações militares. A introdução em larga escala de caminhões comercialmente militarizados permitiu uma redistribuição eficiente dos recursos logísticos, otimizando a utilização da frota existente e garantindo a continuidade das operações. Para apoiar a indústria automotiva nacional, o Ministério do Exército optou por veículos produzidos pela Fábrica Nacional de Motores (FNM), que fabricava dois modelos de caminhões médios: o FNM D-9500 e o FNM D-11000. Após avaliação, o FNM D-11000 foi selecionado devido às suas características estruturais, que atendiam aos requisitos para militarização. As principais especificações do modelo incluíam: Robustez estrutural: Projetado para transportar cargas pesadas em estradas precariamente pavimentadas e terrenos irregulares -  Chassi reforçado: Equipado com sete travessas de reforço forjadas em aço de alta resistência, garantindo durabilidade e capacidade de suportar condições adversas -  Adequação ao uso militar: A construção robusta do D-11000 oferecia as condições necessárias para adaptações destinadas a operações militares. A estratégia de redistribuir a reduzida frota de caminhões militares 6x6 para missões fora de estrada e utilizar veículos comerciais em funções secundárias demonstrou pragmatismo e eficiência. A escolha do FNM D-11000 reforçou o compromisso do Exército com a modernização logística, ao mesmo tempo em que apoiou o desenvolvimento da indústria automotiva brasileira, garantindo a continuidade de suas operações em um contexto de restrições orçamentárias e desafios técnicos. 
Com a renovação parcial da frota de caminhões médios concluída, o Exército Brasileiro voltou sua atenção para a modernização da frota de caminhões leves, essencial para a estrutura logística das Forças Armadas. Na década de 1950, a frota de caminhões leves do Exército Brasileiro era composta principalmente por modelos Opel Blitz II Comercial e veículos mais antigos, como Chevrolet 157 Gigante 937, GM G7106, G7107 e G-617M, adquiridos entre 1935 e 1942. Esses veículos desempenhavam funções críticas na logística militar, mas sua obsolescência, decorrente do desgaste intensivo e da dificuldade de manutenção, comprometia a operacionalidade. A substituição da frota tornou-se uma prioridade estratégica para garantir a eficiência das operações. A necessidade de renovação da frota de caminhões leves abriu uma oportunidade para a General Motors do Brasil, que já comercializava com sucesso os caminhões médios Chevrolet Brasil 6400 e 6500 no mercado civil. Em 1958, o Exército Brasileiro iniciou a aquisição desses modelos, marcando um marco significativo na modernização de sua frota de transporte. As entregas de um grande número de caminhões, nas versões 6400 e 6500, foram realizadas imediatamente, atendendo às demandas logísticas com maior eficiência. O uso intensivo dos caminhões Chevrolet 6500 Brasil pelas Forças Armadas, especialmente pelo Exército, resultou em desgaste operacional significativo, exigindo a reposição constante da frota. A partir de 1964, o Exército Brasileiro passou a adquirir a nova linha de caminhões Chevrolet C-60, disponíveis nas configurações de tração 4x2 e 6x6. Esses veículos, extraoficialmente denominados “Comercial”, foram projetados para substituir gradualmente os Chevrolet 6500 Brasil, introduzidos no final da década de 1950. Os Chevrolet C-60 foram entregues com uma ampla gama de carrocerias, adaptadas para diversas funções operacionais, incluindo: Carga seca; Cisterna de água; Basculante; Frigorífico; Posto de comando; Cisterna de combustível e Oficina. Posteriormente, a frota foi ampliada com a inclusão dos caminhões D-60 (versão diesel), adquiridos também pela Marinha do Brasil e pela Força Aérea Brasileira, devido à sua robustez, confiabilidade, baixo custo operacional e versatilidade. Reconhecendo a importância de aumentar a capacidade operacional dos caminhões, especialmente em ambientes fora de estrada, o comando do Exército Brasileiro buscou aprimoramentos tecnológicos. Para atender a essa demanda, a empresa paulista Engesa S/A foi contratada para realizar estudos de militarização avançada dos caminhões C-60 e D-60. O objetivo principal era integrar o sistema patenteado de “Tração Total” da Engesa nas configurações 4x4, 6x4 e 6x6, permitindo operações off-road em terrenos desafiadores.

O desenvolvimento do sistema de “Tração Total Engesa” representou um avanço significativo na capacidade operacional de caminhões militares no Brasil, conferindo desempenho excepcional em operações fora de estrada. Este conjunto foi projetado para dotar caminhões comerciais modificados com capacidades off-road sem precedentes no Brasil. Um exemplo notável é a Ford F-100 equipada com esse sistema, que teve sua capacidade de carga duplicada e passou a ser capaz de superar rampas com inclinação de até 85%. Essa inovação tecnológica destacou-se pela robustez e versatilidade, tornando os veículos aptos para operações em terrenos desafiadores. O sucesso do sistema levou o Exército Brasileiro a abrir uma concorrência em 1966 para o fornecimento de uma grande quantidade de caminhões militares equipados com tração total Engesa. Protótipos modificados de caminhões de mesma categoria foram apresentados por três montadoras nacionais: Ford Motors do Brasil, Chrysler do Brasil e General Motors do Brasil. Os veículos, configurados com tração 6x6, foram submetidos a testes rigorosos ao longo de 1966. Após a avaliação, os modelos produzidos pela General Motors do Brasil e Ford do Brasil S/A, foram selecionados para aquisição. O novo caminhão Chevrolet C-60 com tração integral, desenvolvido com o sistema Engesa, apresentou diferenciais significativos em relação aos modelos 4x4 já utilizados pelo Exército Brasileiro. Suas principais características incluíam: Carroceria: Construída em metal, no padrão militar, com maior comprimento e reforço estrutural; Eixos traseiros: Equipados com um (4X4) dois eixos traseiros (6X6  - 6X4) utilizando o sistema patenteado de bogies da Engesa; Motor: Nacional, a gasolina, com 151 hp a 3.800 rpm, permitindo operações em terrenos irregulares; Capacidade de carga: Até 5.000 kg em estrada, com possibilidade de tracionar peças de artilharia de peso equivalente. O projeto de “Tração Total” foi oficialmente classificado em 1967 como “De Interesse para a Segurança Nacional”, reforçando sua relevância estratégica. As primeiras unidades do Chevrolet C-60 6x6 começaram a ser entregues às unidades operacionais do Exército Brasileiro em maio de 1967. A partir de 1970, o Exército Brasileiro passou a receber versões a diesel deste modelo de caminhão, equipadas com o novo motor Perkins 3567 de seis cilindros. Esses veículos, designados como Chevrolet D-60 6x6, também foram fornecidos em configurações 4x4, atendendo às necessidades operacionais do Exército Brasileiro, da Marinha Brasil (Corpo de Fuzileiros Navais) e da Força Aérea Brasileira. A adoção do motor diesel aumentou a eficiência e a durabilidade dos caminhões em operações prolongadas.
O desempenho excepcional do Chevrolet C-60 6x6 em operações do Exército Brasileiro motivou a Marinha do Brasil a adotar o modelo em 1969 para uso pelo Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). Um contrato para a aquisição de 120 caminhões foi formalizado, ampliando a capacidade operacional da Força de Fuzileiros de Esquadra (FEE). Esses veículos tornaram-se o principal meio de transporte terrestre durante exercícios de desembarque anfíbio realizados nas décadas de 1970 e 1980, operando a partir de Navios de Desembarque de Carros de Combate, Navios de Desembarque Doca e Embarcações de Desembarque de Carga Geral. A partir de 1976, a Força Aérea Brasileira adquiriu um lote reduzido de caminhões Chevrolet Engesa D-60 para utilização pelos Batalhões de Infantaria da Aeronáutica (BInfA). Esses veículos, equipados com o sistema de tração total Engesa, foram integrados às operações logísticas da Força Aérea, complementando a frota já em uso pelo Exército Brasileiro e pela Marinha do Brasil. Durante a década de 1980, os caminhões Chevrolet Engesa C-60 e D-60 demonstraram excelente desempenho operacional, consolidando sua relevância nas três Forças Armadas Brasileiras. Como resultado, novos contratos de aquisição foram firmados, garantindo a continuidade do uso desses veículos. Sua robustez, confiabilidade e capacidade off-road foram fatores determinantes para a manutenção de sua operação em diversos cenários. Paralelamente, a partir da década de 1980, os caminhões militarizados Mercedes-Benz, incluindo os modelos MB-1111, MB-1113, MB-1114 e a série MB L-1200/L-1300/L-1500, começaram a ganhar destaque, especialmente no Exército Brasileiro. Equipados com sistemas de tração normal e tração integral da Engesa, esses veículos apresentaram desempenho superior em campo, superando as capacidades dos caminhões Chevrolet Engesa em diversas aplicações operacionais. O desempenho excepcional dos caminhões Mercedes-Benz levou o comando do Exército Brasileiro a adotar uma nova política de aquisição. A partir da segunda metade da década de 1980, foi determinado que todos os processos de renovação ou ampliação da frota de caminhões militares seriam supridos exclusivamente por veículos produzidos pela Mercedes-Benz. Essa decisão marcou o início de um processo de substituição dos caminhões Chevrolet Engesa C-60 e D-60 nas unidades operacionais do Exército. Como resultado da nova política, a partir do final da década de 1980, um número significativo de caminhões Chevrolet Engesa C-60 e D-60 foi desativado das unidades do Exército Brasileiro. Em contrapartida, a Marinha do Brasil e a Força Aérea Brasileira mantiveram esses veículos em operação por um período mais prolongado, com registros de uso até o final da década de 1990. Essa diferença reflete as prioridades e necessidades específicas de cada força.

Em Escala.
Para representar o Chevrolet Engesa D-60 6X6 pertencente ao Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN), foi utilizado um modelo artesanal na escala 1/43, produzido sob encomenda pela Fusaro Trucks. A réplica, produzida em metal e madeira, reflete com precisão os detalhes estéticos e funcionais do veículo original, garantindo autenticidade visual e fidelidade histórica. Empregamos decais confeccionados pela Decals e Books presentes no antigo set " Forças Armadas do Brasil".
O padrão de pintura descrito corresponde ao segundo esquema tático adotado até o final da década de 1980  pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN) para sua frota de veículos leves e médios. Para a aplicação do esquema de pintura, foram empregadas tintas e vernizes de alta qualidade produzidos pela Tom Colors. Os veículos empregados pelo Exército do Brasil e Força Aérea Brasileira empregaram outros esquemas durante seu período operacional. 

Bibliografia :

- Caminhões Brasileiros de Outros Tempos – Chevrolet C-60 , editora Altaya

- Veículos Militares Brasileiros – Roberto Pereira de Andrade e José S Fernandes

- Lexicar Brasil – Chevrolet www.lexicar.com.br

- Revista Carga Pesada – Edição 125




Chevrolet C-60 e D-60 (VTE - VTNE)


História e Desenvolvimento
A General Motors Corporation (GM) é uma das maiores e mais influentes fabricantes de veículos do mundo, com uma trajetória marcada por expansões estratégicas, inovações e diversificação. A companhia foi fundada em 16 de setembro de 1908 por William C. Durant, um bem-sucedido fabricante de carruagens, na cidade de Flint, Michigan, Estados Unidos. A visão de William C. Durant era criar uma holding que reunisse diversas marcas automotivas sob uma única estrutura corporativa, promovendo sinergias e ampliando a competitividade no mercado. Logo após sua fundação, a GM iniciou uma série de aquisições estratégicas para fortalecer seu portfólio: Buick Motor Company: Incorporada em 1908, a Buick, fundada pelo escocês David Dunbar Buick, já era uma marca estabelecida, tendo produzido seu primeiro automóvel em 1903. William C. Durant, que havia sido presidente da empresa, trouxe-a como a primeira marca da GM. Oldsmobile Motor Vehicle Company: Em 12 de novembro de 1908, a Oldsmobile, fundada em 1897, tornou-se a segunda marca a integrar a GM, consolidando sua posição no mercado automotivo americano. Oakland Motor Car Company: Adquirida nos anos seguintes, a Oakland evoluiu posteriormente para a marca Pontiac. Cadillac Automobile Company: Comprada em 1909 por US$ 5,5 milhões, a Cadillac, fundada em 1902, adicionou um segmento de luxo ao portfólio da General Motors. Essas aquisições estabeleceram as bases para a diversificação de produtos e a expansão da GM no mercado automotivo. Em 3 de novembro de 1911, William Durant, após divergências com os acionistas que o levaram a deixar a GM, fundou a Chevrolet Motor Company of Michigan, em parceria com o piloto e mecânico suíço Louis Chevrolet. A Chevrolet rapidamente ganhou relevância e, em 1918, foi adquirida pela própria GM, tornando-se uma das marcas mais emblemáticas da empresa. Ainda em 1911, a General Motors Corporation (GM) criou a marca GMC, derivada da aquisição da Rapid Motor Vehicle Company. A General Motors Corporation (GM) focou na produção de caminhonetes e caminhões leves, um segmento que atraiu investimentos significativos e se tornaria um pilar estratégico para a empresa. Nos anos seguintes, a GM buscou oportunidades de crescimento além do mercado automotivo. Em 1918, a empresa deu seus primeiros passos na expansão internacional com o estabelecimento de uma operação comercial no Canadá, marcando o início de sua presença global. Esse movimento abriu caminho para a conquista de mercados em todos os continentes. Em 1919, a General Motors Corporation (GM)  diversificou suas atividades ao incorporar a Frigidaire Company, uma fabricante de refrigeradores. Essa aquisição representou a primeira incursão da empresa em um setor não automotivo, refletindo seu interesse em explorar novos mercados e consolidar sua expansão internacional.

A diretoria comercial da General Motors Corporation (GM) , guiada por uma visão estratégica, identificou o potencial para uma presença global significativa. Essa abordagem resultou em uma série de iniciativas de expansão: 1923: Inauguração da primeira fábrica na Europa, localizada em Copenhague, Dinamarca, marcando a entrada da montadora no continente. 1925: Início de operações orgânicas na Argentina, França e Alemanha, além da aquisição da montadora britânica Vauxhall Motors, fortalecendo a presença da GM no mercado europeu. 1926: Estabelecimento de operações na Austrália, Japão e África do Sul, ampliando a alcance global da empresa. 1928: Entrada no mercado indiano, um passo ousado em um território ainda pouco explorado pela indústria automotiva. 1929: Aquisição da fabricante alemã Opel, consolidando a posição da GM na Europa. No mesmo período, a GM incorporou a Yellow Coach Company nos Estados Unidos, uma fabricante de ônibus escolares amarelos, diversificando seu portfólio no mercado doméstico. Essas iniciativas culminaram na ascensão da corporação como o maior fabricante de veículos do mundo em 1931. A GM voltou sua atenção para o promissor mercado latino-americano, estabelecendo a General Motors do Brasil em 26 de janeiro de 1925. Inicialmente, a empresa operou em instalações alugadas no bairro do Ipiranga, em São Paulo, onde lançou seu primeiro produto no mercado brasileiro: um furgão utilitário leve. O furgão foi produzido utilizando o sistema Completely Knocked Down (CKD), no qual kits importados – compostos por chassis, motores, transmissões e outros componentes – eram montados localmente. As características do processo incluíam: Baixa agregação de componentes nacionais: Apenas algumas partes não metálicas da carroceria eram produzidas localmente. Flexibilidade de entrega: Os veículos eram fornecidos completos ou como conjuntos de chassis nu com capô, permitindo encarroçamento personalizado por terceiros. Esse modelo de produção permitiu à General Motors Corporation (GM) estabelecer uma presença inicial no Brasil, adaptando-se às condições do mercado local. Em 1940, cerca de 75% dos furgões e caminhões aqui vendidos pela General Motors do Brasil, já apresentavam carrocerias fabricadas localmente com quase 90% de nacionalização de componentes básicos. No inicio da década de 1950 novos modelos de caminhões leves como o Opel Blitz II Comercial passariam a ser oferecidos ao mercado nacional. Este cenário sofreria alteração quando em 1953, por decisão do governo federal institui-se uma limitação percentual de importação de componentes para a indústria automobilística, autorizando ainda somente a aquisição de peças que não tivessem similares produzidos localmente, este mesmo processo vetaria por completo a importação de veículos a motor já montados. 
A década de 1950 foi um período de consolidação para a indústria automotiva brasileira, impulsionado por políticas governamentais que incentivaram a nacionalização. Em 1956, o governo federal brasileiro criou o Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), um programa que oferecia incentivos fiscais e financeiros para promover a formação de uma indústria automotiva nacional. No mesmo ano, a GM Brasil teve seu plano de fabricação de caminhões com alto índice de nacionalização aprovado pelo GEIA, alinhando-se aos objetivos de reduzir a dependência de importações e fortalecer a economia local. Até junho de 1957, os caminhões Chevrolet produzidos pela GM Brasil já incorporavam cerca de 40% (em peso) de componentes nacionais. Nesse ano, foram fabricadas 5.370 unidades do modelo 6503, projetado para transportar até seis toneladas, demonstrando a capacidade produtiva da empresa e o avanço na integração com fornecedores locais. Em março de 1958, a GM Brasil lançou o Chevrolet 6500 Brasil, um caminhão médio que marcou um marco na nacionalização da indústria automotiva. O projeto abrangia uma linha de três veículos distintos: um caminhão médio, um furgão comercial e uma picape, com o objetivo de alcançar o maior índice de nacionalização já registrado no mercado brasileiro. As principais características do Chevrolet 6500 Brasil incluíam: Índice de nacionalização: 22% dos componentes, incluindo cabine, painel dianteiro, grade do radiador, capô, para-lamas, molas, vidros e banco, foram fabricados pela GM Brasil. O restante foi produzido por fornecedores terceirizados utilizando matéria-prima nacional. Versatilidade: Disponível em versões para carga seca e basculante, o caminhão foi amplamente utilizado para transporte de diversos produtos, conquistando grande aceitação no mercado. O ano de 1958 também foi marcado por dois desenvolvimentos significativos: Picape Chevrolet Brasil 3100: Complementou a linha de utilitários, atendendo à demanda por veículos versáteis no mercado civil e militar. Motor Chevrolet Brasil 261: Fabricado em São José dos Campos, São Paulo, o motor de 6 cilindros em linha, com 4.278 cc, virabrequim apoiado em quatro mancais e potência de 142 cv, representou um avanço na produção nacional de componentes críticos. Entre 1958 e 1964, a GM Brasil implementou melhorias contínuas no Chevrolet 6500 Brasil, aumentando o índice de nacionalização e aprimorando o desempenho. As principais atualizações incluíram: 1962–1964:Substituição do carburador importado por um modelo nacional DFV 226; Adição de chassis reforçado para maior durabilidade;  Redesign da frente com quatro faróis; Novo teto avançado sobre o para-brisa; Vigia dupla na traseira da cabine; Tanque de gasolina externo; Novas fechaduras, limpadores de para-brisa (reposicionados à direita) e quebra-sóis e Introdução de um câmbio opcional Fuller de cinco marchas, aumentando a flexibilidade operacional. Essas modificações reforçaram a competitividade do modelo, mantendo-o alinhado às expectativas do mercado. Apesar do sucesso, a GM Brasil enfrentou desafios crescentes no mercado de caminhões. 

Em 1963, a marca Chevrolet liderava o segmento de caminhões médios a gasolina, com 71,7% de participação de mercado (contra 24,4% da Ford), e ocupava o segundo lugar no mercado total, com 25,6% (atrás da Mercedes-Benz). No entanto, sua presença no segmento de caminhões diesel, especialmente em unidades de maior porte, era limitada. A crescente demanda por veículos diesel revelou uma lacuna estratégica na divisão de caminhões da GM Brasil, que começava a preocupar a empresa diante da concorrência. Na década de 1960, a General Motors do Brasil (GM Brasil) respondeu às demandas do mercado automotivo com o lançamento da família de caminhões Chevrolet C-60, seguida pelos modelos diesel D-60 e D-70 na década de 1970.  Em 1964, a GM Brasil lançou a família de caminhões médios Chevrolet C-60, disponível nas configurações de tração 4x2 e 6x6. Apesar de compartilhar o chassi e o conjunto mecânico do Chevrolet 6500 Brasil, o C-60 foi o primeiro caminhão médio projetado, desenvolvido e totalmente equipado no Brasil, representando um marco na capacidade industrial do país. Suas principais características incluíam: Design nacional: Adaptação às condições locais, com foco em robustez e funcionalidade. Versatilidade: Configurações adequadas para transporte de carga em diversos setores. Na década de 1960, o mercado brasileiro de caminhões passou por uma rápida transformação, com mais de 75% da frota nacional movida a diesel. A GM Brasil, embora tivesse lançado alguns modelos diesel, enfrentava limitações devido ao uso de motores Perkins, baseados em tecnologia desenvolvida no final da década de 1940. Esses motores eram considerados obsoletos frente à concorrência, que oferecia tecnologias mais modernas, impactando a competitividade da GM no segmento diesel. Para superar essas limitações, a direção da GM Brasil decidiu investir na construção de uma fábrica de motores Detroit Diesel, visando produzir propulsores mais avançados e competitivos. Essa iniciativa foi impulsionada pelo aumento da demanda por caminhões diesel, intensificado no início da década de 1970 por fatores como: Crise internacional do petróleo: Aumentou a busca por combustíveis mais econômicos. Subsídios governamentais ao diesel: Incentivaram a conversão de frotas para motores diesel. Em resposta às tendências do mercado, a GM Brasil descontinuou a produção de motores a gasolina para veículos de carga e lançou os caminhões diesel Chevrolet D-60 e D-70, denominados conforme sua capacidade de carga. Esses modelos foram equipados com: Motores Detroit Diesel: Representaram uma evolução tecnológica, oferecendo maior eficiência e potência. Motores Perkins: Mantidos como opção para atender a diferentes demandas do mercado. A linha D-60 e D-70 passou por uma reestilização, que incluiu: Modificação do capô para melhorar a estética e funcionalidade. Atualização do painel de instrumentos, aprimorando a ergonomia. Nova grade com dois faróis tipo sealed-beam, proporcionando melhor iluminação e design moderno. O lançamento dos motores Detroit Diesel resultou em uma recuperação inicial das vendas, com a GM Brasil atingindo um recorde de 23.700 unidades vendidas. 
No entanto, problemas técnicos nos novos motores, apesar dos esforços da empresa para corrigi-los, comprometeram a credibilidade da marca. Como resultado: Queda nas vendas: No ano seguinte, a produção caiu para 11.300 unidades, reduzindo-se ainda mais para uma média de 4.300 unidades anuais na década de 1980 e cerca de 2.000 unidades na década de 1990. Perda de competitividade: A reputação prejudicada dificultou a recuperação da participação de mercado, especialmente no segmento de caminhões diesel de maior porte. O lançamento da família Chevrolet C-60 em 1964 marcou um avanço significativo na indústria automotiva brasileira, sendo o primeiro caminhão médio totalmente projetado e equipado no país. A transição para os modelos diesel D-60 e D-70, impulsionada pela fábrica de motores Detroit Diesel e pela demanda do mercado, buscou atender à crescente preferência por motores diesel. Apesar do sucesso inicial, os problemas técnicos com os motores Detroit Diesel impactaram a credibilidade da GM Brasil, levando a uma queda sustentada nas vendas. Em 1985, a General Motors do Brasil (GM Brasil) implementou mudanças significativas em sua linha de caminhões, buscando revitalizar sua presença no mercado com novos modelos e uma reformulação aguardada da cabine projetada em 1964. Pela primeira vez desde sua entrada no mercado automotivo, a GM Brasil concentrou suas principais inovações de 1985 na linha comercial, com o lançamento de um caminhão leve e a renovação completa da cabine utilizada desde 1964. Todas as versões foram projetadas no Brasil e receberam uma nova nomenclatura baseada no peso bruto total (PBT), refletindo uma abordagem mais clara e funcional. Os modelos incluíam: Caminhões leves: A, C e D-40 (ou 6000, a partir de 1993): Capacidade de 4 toneladas. Caminhões médios: 11000 e 13000 (sucessores dos C-60 e C-70): Capacidades de 7 e 9 toneladas, respectivamente. Caminhões médio-pesados: 19000 (C-80, versão do 11000 com truque traseiro de fábrica): 15 toneladas. 21000 e 22000 (D-90 normal e versão 6x4 canavieira): Projetados para cargas mais pesadas e aplicações específicas. A reformulação da cabine, aguardada há décadas, trouxe melhorias em design, ergonomia e funcionalidade, alinhando os caminhões às demandas contemporâneas do mercado. Apesar dos esforços de inovação, as vendas dos novos modelos não alcançaram os resultados esperados. A GM Brasil enfrentava dificuldades crescentes no segmento de caminhões, agravadas por: Concorrência acirrada: Marcas como Mercedes-Benz dominavam o mercado, especialmente no segmento diesel de maior porte. Problemas de credibilidade: Questões técnicas com motores diesel, como os Detroit Diesel lançados anteriormente, haviam prejudicado a reputação da marca Chevrolet. Mudanças nas preferências do mercado: A crescente demanda por caminhões diesel mais modernos e eficientes contrastava com a oferta limitada da GM Brasil. Esses fatores contribuíram para a incapacidade da empresa de recuperar sua posição no mercado, que já havia declinado significativamente desde os anos 1970. Diante do desempenho insatisfatório, a direção da GM Brasil anunciou planos estratégicos para reestruturar sua operação no segmento de caminhões. Apesar dos planos de reestruturação, a GM Brasil não conseguiu reverter sua posição no mercado. Na década de 1980, a marca Chevrolet, que outrora liderava as vendas de caminhões, caiu para o último lugar no segmento. Melancolicamente, a GM Brasil anunciou sua retirada definitiva do mercado de caminhões, encerrando uma trajetória significativa na indústria automotiva brasileira.


Emprego nas Forças Armadas Brasileiras
Durante o inicio da Segunda Guerra Mundial, preocupado com a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo, o governo norte-americano sob a gestão do presidente Franklin D Roosevelt  incentivou a participação do Brasil no esforço de guerra aliado. Como contrapartida, o Brasil obteve acesso a vantagens estratégicas como : Acordos bilaterais de comércio: Fortalecimento das relações econômicas com os Estados Unidos. Acesso ao programa  Leand & Lease Bill Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos): Uma linha de crédito de US$ 100 milhões para aquisição de equipamentos militares modernos, incluindo armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Entre 1942 e 1945, o Exército Brasileiro recebeu mais de 5.000 caminhões militares de diversos modelos, como GMC CCKW, Diamond T, US White Corbitt Cargo, Ward La France, Chevrolet Série G, e Studebaker US6G. Esses veículos proporcionaram uma capacidade significativa de mobilização de tropas e cargas, modernizando as operações logísticas da  Força Terrestre. Na década de 1950, a frota de caminhões adquirida durante a guerra enfrentou sérios problemas operacionais, decorrentes de: Desgaste natural: O uso intensivo durante e após o conflito comprometeu a condição das viaturas. Dificuldade de manutenção: A produção dos modelos recebidos foi descontinuada nos Estados Unidos, dificultando a importação de peças de reposição essenciais. Essa situação gerou preocupações críticas no comando do Exército Brasileiro, pois a redução da capacidade de transporte ameaçava diretamente a prontidão operacional. A necessidade de soluções emergenciais tornou-se prioritária para manter a funcionalidade das forças terrestres. A aquisição de uma nova frota de caminhões militares, como os modelos REO M-34 e M-35 com tração 4x4 e 6x6, foi considerada a solução ideal para substituir os veículos obsoletos. No entanto, o alto custo de tal investimento estava fora do alcance orçamentário do Exército Brasileiro na época. Estudos mais realistas resultaram em três estratégias complementares: Aquisição limitada de caminhões modernos: Aquisição:  de um pequeno número de caminhões militares modernos como os norte-americanos REO M-34, visando atender às necessidades mais urgentes com equipamentos atualizados -Repotencialização de frotas existentes: Estudos para modernizar e remotorizar os caminhões GMC CCKW e Studebaker US6G, prolongando sua vida útil por meio de reformas e atualizações -Adoção de caminhões comerciais militarizados: Utilização de veículos comerciais adaptados para cumprir missões secundárias, oferecendo uma solução econômica e imediata. Mesmo com esta pauta na mesa,  o Exército Brasileiro enfrentou desafios significativos para manter sua capacidade operacional devido à obsolescência de sua frota de caminhões militares. 

Assim para  recuperar a capacidade logística do Exército Brasileiro, três alternativas foram consideradas: aquisição de novos caminhões militares, repotencialização de veículos existentes, e adoção de caminhões comerciais militarizados. Contudo, os estudos para modernizar os caminhões GMC CCKW e Studebaker US6G foram descartados devido a: Alto custo de implementação: Os investimentos necessários excediam as capacidades orçamentárias. Falta de expertise técnica: O Brasil não dispunha de experiência prévia em programas de modernização de tal escala. O cancelamento dessa iniciativa intensificou a necessidade de ampliar a aquisição de caminhões comerciais militarizados, que poderiam complementar a frota militar, composta majoritariamente por veículos 6x6 projetados para operações fora de estrada. A adoção de caminhões comerciais militarizados visava liberar a frota 6x6 para missões fora de estrada, destinando os novos veículos a funções secundárias, como transporte em ambientes urbanos e rodoviários. Esse conceito já havia sido implementado pelo Exército Brasileiro desde a década de 1930, com o uso de modelos como Chevrolet 112 Tigre, Chevrolet 137 Comercial, Chevrolet Gigante 937, e Opel Blitz II, todos adaptados para operações militares. A introdução em larga escala de caminhões comercialmente militarizados permitiu uma redistribuição eficiente dos recursos logísticos, otimizando a utilização da frota existente e garantindo a continuidade das operações. Para apoiar a indústria automotiva nacional, o Ministério do Exército optou por veículos produzidos pela Fábrica Nacional de Motores (FNM), que fabricava dois modelos de caminhões médios: o FNM D-9500 e o FNM D-11000. Após avaliação, o FNM D-11000 foi selecionado devido às suas características estruturais, que atendiam aos requisitos para militarização. As principais especificações do modelo incluíam: Robustez estrutural: Projetado para transportar cargas pesadas em estradas precariamente pavimentadas e terrenos irregulares -  Chassi reforçado: Equipado com sete travessas de reforço forjadas em aço de alta resistência, garantindo durabilidade e capacidade de suportar condições adversas -  Adequação ao uso militar: A construção robusta do D-11000 oferecia as condições necessárias para adaptações destinadas a operações militares. A estratégia de redistribuir a reduzida frota de caminhões militares 6x6 para missões fora de estrada e utilizar veículos comerciais em funções secundárias demonstrou pragmatismo e eficiência. A escolha do FNM D-11000 reforçou o compromisso do Exército com a modernização logística, ao mesmo tempo em que apoiou o desenvolvimento da indústria automotiva brasileira, garantindo a continuidade de suas operações em um contexto de restrições orçamentárias e desafios técnicos. 
Resolvida em parte a necessidade de caminhões médios, restava focar na renovação da frota dos caminhões leves, que neste período era composta principalmente por modelos Opel Blitz II Comercial, além de veículos mais antigos, como Chevrolet 157 Gigante 937, GM G7106, G7107 e G-617M, recebidos entre 1935 e 1942. Esses veículos desempenhavam um papel crítico na estrutura logística do Exército, mas sua obsolescência, decorrente do desgaste e da dificuldade de manutenção, exigia um programa de renovação para garantir a operacionalidade. A necessidade de substituição da frota de caminhões leves representou uma oportunidade estratégica para a General Motors do Brasil, que já comercializava com sucesso os caminhões médios Chevrolet Brasil 6400 e 6500 no mercado civil. Reconhecendo o potencial de atender às demandas do Exército, a GM Brasil desenvolveu uma proposta para fornecer versões adaptadas desses modelos, aproveitando sua robustez, confiabilidade e aceitação no mercado. Perto do final da década de 1950, a General Motors do Brasil S/A formalizou uma proposta ao Ministério do Exército, oferecendo duas versões dos caminhões Chevrolet Brasil 6400 e 6500.  O contrato foi rapidamente formalizado, prevendo a aquisição inicial de pelo menos 300 caminhões destinados ao transporte de tropas e carga. Os veículos foram divididos em dois tipos de carroceria, projetados para otimizar custos e atender às necessidades específicas: Transporte de tropas: Equipado com carroceria comercial de madeira, adaptada para o transporte de pessoal - Transporte de carga: Equipado com carroceria padrão militar (semelhante a empregada  nos GMC G7107), construída em madeira e metal, projetada para suportar cargas variadas. Essa divisão estratégica reduziu os custos globais do pacote de aquisição, mantendo a funcionalidade operacional dos veículos. A aquisição dos caminhões Chevrolet 6400 e 6500 Brasil pelo Exército Brasileiro, iniciada em 1958, representou um marco na modernização de sua frota de transporte, com as entregas de um grande numero de veículos (dispostos nos dois modelos) sendo realizada imediatamente. A família de caminhões Chevrolet C-60 e D-60 desempenhou um papel crucial nas operações logísticas das Forças Armadas Brasileiras a partir da década de 1960, substituindo gradualmente os Chevrolet 6500 Brasil.  O uso intensivo dos caminhões Chevrolet 6500 Brasil pelas Forças Armadas Brasileiras, especialmente pelo Exército, gerou significativo desgaste operacional, exigindo a reposição constante da frota. A partir de 1964, o Exército Brasileiro começou a adquirir a nova linha de caminhões Chevrolet C-60, disponíveis nas configurações de tração 4x2 e 6x6.  

Estes caminhões foram entregues com uma ampla gama de carrocerias, adaptadas para diversas funções operacionais, incluindo: VTNE Carga Emprego Geral 2 ½ Ton 4x4 , VE Lubrificação de Comboio, VTE Basculante Emprego Geral Trivellato/Sanvas CBR-40 4 m³ 4X4 o 4x2, VE Furgão Marco Polo Laboratório Instrumentos Elétricos 4 ton 4x2 , VTE Basculante Emprego Geral 3,5 m³,  VTNE Carga Emprego Geral Comercial Carroceria de Madeira 7 Ton 4x2, VTNE Carga Emprego Geral 2 ½ Ton 4x4, VTE Cisterna Combustível 7000L 4x2, VTNE Carga Emprego Geral Comercial Carroceria de Madeira 7 Ton 4x2, VTNE Carga Emprego Geral Comercial Munck 7 Ton 6x6, VTE Cisterna Combustível 7000 L 4x2, TE Engenharia Cavalete 2 ½ Ton 4x4,  VTE Carro Oficina D-65P 1974 CO Bat. de Eng. e Construção, VTE Cisterna de agua 5000 L 4X2, VTE Socorro 1975 CS Bat. de Eng. e Construção. Essas configurações atenderam às necessidades logísticas do Exército, garantindo versatilidade em missões de transporte e suporte. Posteriormente, outras configurações foram incorporadas, ampliando a aplicação dos caminhões C-60 e D-60 (versão diesel) nas Forças Armadas Brasileiras: Versão bombeiro: Baseada na plataforma original do C-60, equipada com uma carroceria especializada fabricada pela Argos Carros de Bombeiros e Veículos Especializados Ltda, de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro. Inspirada em modelos norte-americanos, essa versão foi projetada para combate a incêndios.  VE Socorro Leve de Rodas 4 Ton: Configurada com tração 4x2 e carroceria em aço produzida pela Bisseli Viaturas e Equipamentos Ltda, de São Paulo, destinada a operações de recuperação de veículos. Versão policial VTP Choque 38 Psg 4x2: Desenvolvida para transporte de tropas de reação rápida em operações de controle de distúrbios urbanos, foi adquirida por diversos governos estaduais, com destaque para a Polícia Militar do Estado de São Paulo. Além do Exército, a Marinha do Brasil e a Força Aérea Brasileira (FAB) também encomendaram versões específicas do D-60, reforçando a adoção generalizada desses caminhões nas Forças Armadas. O desempenho excepcional da família Chevrolet C-60 e D-60 em aplicações militares demonstrou um significativo potencial de evolução técnica. Sua robustez, confiabilidade e versatilidade incentivaram o comando do Exército Brasileiro a explorar aprimoramentos que aumentassem a capacidade operacional dos caminhões, especialmente em ambientes fora de estrada. Para atender a essa demanda, o Exército Brasileiro solicitou à empresa paulista Engesa S/A estudos para uma militarização mais avançada dos caminhões C-60 e D-60. O objetivo era integrar o sistema patenteado de “Tração Total” da Engesa, permitindo operações off-road em terrenos desafiadores. 
Esse projeto resultou no desenvolvimento de uma nova família de caminhões com sistemas de tração integral 4x4 e 6x6, projetada para: Transporte de carga: Capacidade de até 5.000 kg de carga útil. Tração de artilharia: Mobilização de peças de artilharia de médio calibre. Oficina de reparos gerais: Suporte técnico em campo. Posto de comando: Coordenação de operações táticas. Essa nova linha ampliou significativamente a capacidade operacional do Exército, atendendo às exigências de mobilidade em terrenos variados. Durante a década de 1970 e o início da década de 1980, as Forças Armadas Brasileiras mantiveram a aquisição de lotes sucessivos dos caminhões Chevrolet C-60 e D-60 “Comercial”, fabricados pela General Motors do Brasil (GM Brasil). Esses veículos, disponíveis em diversas configurações, como carga seca, cisterna, basculante, e versões especializadas, foram essenciais para os ciclos de modernização das frotas do Exército Brasileiro, da Força Aérea Brasileira (FAB), e da Marinha do Brasil. A continuidade das encomendas refletiu a confiabilidade e versatilidade desses caminhões em operações logísticas e de suporte.  A partir de 1984, o Exército Brasileiro começou a incorporar modelos militarizados de desempenho superior, notadamente os Mercedes-Benz Engesa MB 1111 e MB 1213. Esses veículos, projetados para atender às exigências operacionais mais rigorosas, elevaram a importância estratégica da montadora alemã no planejamento militar brasileiro. Esse movimento marcou o início de uma transição significativa, caracterizada por:  Aumento da preferência pela Mercedes-Benz: Os novos modelos ofereceram maior robustez e capacidade, alinhando-se às demandas modernas do Exército. Redução das aquisições da GM Brasil: A crescente adoção dos caminhões Mercedes-Benz levou à diminuição gradual dos contratos para aquisição de caminhões Chevrolet “comerciais” e “militarizados”. Essa mudança refletiu a necessidade de modernização da frota militar e a busca por tecnologias mais avançadas, que a GM Brasil, à época, enfrentava dificuldades para fornecer, especialmente no segmento diesel. Com a incorporação dos modelos Mercedes-Benz, grande parte da frota original de Chevrolet C-60 e D-60 do Exército Brasileiro, já envelhecida devido ao uso intensivo, começou a ser desativada. O processo de substituição foi gradual, à medida que os novos caminhões assumiam as funções logísticas primárias. A desativação foi motivada por: Desgaste operacional: Décadas de uso intensivo comprometeram a funcionalidade dos veículos. Obsolescência tecnológica: A incapacidade dos modelos Chevrolet de competir com os novos padrões de desempenho exigidos pelo Exército. As últimas viaturas Chevrolet C-60 e D-60 a serem desativadas pertenciam às configurações especializadas de bombeiro e socorro mecânico, utilizadas pelo Exército Brasileiro e pela Força Aérea Brasileira. Essas unidades permaneceram em serviço até meados da década de 1990, devido à sua adequação a funções específicas e à falta de substitutos imediatos para essas aplicações. A retirada definitiva dessas viaturas marcou o fim da operação da família Chevrolet C-60 e D-60 nas Forças Armadas Brasileiras.

Em Escala.
Para representar o Chevrolet C-60 4x4 EB22-35164 na configuração de cisterna de combustível, foi selecionado um modelo em die-cast na escala 1/43, produzido pela Axio para a coleção Caminhões de Outros Tempos da Editora Altaya. Este kit foi escolhido devido à sua alta fidelidade ao design original do Chevrolet C-60, incluindo detalhes específicos da versão comercial que correspondem à configuração utilizada pelo Exército Brasileiro. A versão militar do Chevrolet C-60 4x4 na configuração de cisterna de combustível apresenta mínimas diferenças em relação ao modelo comercial. Como resultado, não foi necessário realizar customizações ou modificações no kit base. Para representar as marcações do Exército Brasileiro, foram utilizados decais do conjunto "Exército Brasileiro 1942–1982", produzido pela Decais Eletric Products. 
O esquema de cores (FS) descrito abaixo, representa o padrão de pintura tático do Exército Brasileiro aplicado em todos seus veículos militares desde a Segunda Guerra Mundial, sendo este somente alterado a partir do ano de 1983. Desta maneira é possível encontrar registros fotográficos envolvendo dois esquemas de pintura, havendo a convivência destes até o final da primeira metade da década de 1990.


Bibliografia :
- Caminhões Brasileiros de Outros Tempos – Chevrolet C-60  - Editora Altaya
- Veículos Militares Brasileiros – Roberto Pereira de Andrade e José S Fernandes
- Lexicar Brasil – Chevrolet www.lexicar.com.br
- Revista Carga Pesada – Edição 125

Contratorpedeiros Classe Amazonas

História e Desenvolvimento.
A origem do primeiro projeto de contratorpedeiros de médio porte construídos no Brasil, tem sua gênese remetida a fundação de uma das mais antigas empresas de construção naval britânica, a “J. Samuel White”  estaleiro este que iniciaria suas atividades de produção de navios  em fins do século XVII, no condado de Kent, no sudeste da Inglaterra.  Assim  construindo entre os anos de 1763-1764 o contratorpedeiro HMS Lapwing para a Marinha Real Britânica (Royal Navy). A este projeto se seguiriam outros não só para uso militar, mas também modelos civis destinados ao mercado de pesca, com muitos navios sendo construídos para a Companhia das Índias Orientais. Pelo menos três gerações do negócio da família “White” empreenderiam no segmento de construção naval, antes de Thomas White, (1773-1859), avô de John Samuel White, mudar´se  de Broadstairs, para East Cowes, na costa norte da Ilha de Wight, em 1802, onde adquiriria um novo local de construção naval na margem leste do rio Medina, região esta detentora de mais de um  século de tradição neste setor. Ao longo do século XVIII e XIX a empresa entraria em grande momento de expansão, tornando-se assim rapidamente líder mundial no projeto e construção de pequenos e médios navios militares e mercantes.  Já no início do século XX a J. Samuel White passaria a  conquistar grandes contratos de construção de navios para a Marinha Real Britânica (Royal Navy), entre estes um acordo de exportação para o fornecimento de seis contratorpedeiros para a Marinha do Chile. Esta demanda levaria a necessidade de ampliação de  instalações industriais, incluindo neste processo a instalação de um  guindaste de oitenta toneladas produzido pela Babcock & Wilcox de Renfrew. Estes navios seriam equipados com seu  próprio projeto de propulsão,  as caldeiras White-Forster, que foram empregadas pela primeira em cruzadores leves e contratorpedeiros construídos para a Marinha Real (Royal Navy) a partir de 1906. Este conjunto propulsor ganharia  notoriedade internacional, com a empresa passando a desenvolver, projetar e construir diversos navios de guerra para o mercado de exportação, principalmente durante as décadas de 1910 e 1920. Com estes navios tendo participado a serviço de diversas marinhas, ativamente nos embates navais durante a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918).

Na Polônia em 1932, os eventos decorridos da crise de “Danzig” contra a Alemanha, levariam o comando da Direção Naval (KMW) a pleitear junto ao seu governo, estudos visando o direcionamento de investimentos mais robustos para a sua marinha, com o objetivo assim  de  fortalecer sua força de projeção naval para fazer frente a possíveis ameaças futuras. Desta maneira em novembro do mesmo ano, o Contra Almirante da Direção Naval (KMW) Jerzy Świrski obteve, após uma audiência com o Marechal Piłsudski, o firme compromisso de investimentos que seriam destinados a expansão da frota em atividade naquele período. Como resultado, em maio de 1933, uma licitação para o fornecimento de dois contratorpedeiros modernos seria  direcionada a estaleiros franceses. As propostas apresentadas pelos construtores franceses, no entanto, não atendiam as demandas polonesas, com este processo sendo reiniciado em meados do ano seguinte. Durante este período, a tecnologia e as técnicas de combate sofreriam grandes avanços, entre estes a consolidação do uso do calibre de 120 mm como arma principal, levando assim a alterações nas especificações constantes da licitação original. Desta vez empresas britânicas seriam convidadas a participar deste processo, com propostas sendo apresentadas pelos construtores navais Swan Hunter e J. Samuel White. A primeira empresa fazia em sua proposta, uso do projeto do estaleiro francês Ateliers et Chantiers de la Loire (que já havia sido rejeitado na primeira concorrência), sendo este vencido pela proposta da J. Samuel White. Assim em 29 de março de 1935 seria celebrado entre o governo polonês a o construtor naval britânico um contrato para o desenvolvimento e construção de dois contratorpedeiros de grande porte, com esta nova classe de navios sendo batizadas como “Grom”. Durante o período de construção,  estes contratorpedeiros figuravam entre os mais rápidos e fortemente armados navios deste tipo. O primeiro contratorpedeiro batizado como Błyskawica, apresentava 114 metros de comprimento e 109 metros entre perpendiculares, com um feixe de 11,3 metros e um calado de 3,1 metros. O deslocamento foi de 2.011 toneladas (2.043 t) padrão e 2.520 toneladas de carga completa. Estava equipado com três caldeiras de três tambores que alimentavam de  vapor  dois conjuntos de turbinas engrenadas,  que juntas proporcionavam cerca 54.500 cavalos de potência (40.600 kW), dirigindo dois eixos de hélice para dar uma velocidade de projeto de 39 nós (72 km/h; 45 mph).
Estes dois navios seriam completados e lançados ao mar entre os aos de 1935 e 1936,  passando imediatamente a serem submetidos ao programa de testes estáticos e marítimos. Após o encerramento deste processo seriam comissionados para serviço ativo a partir do inicio do  1937. Melhorias seriam implementadas a estes dois navios ao longo dos dois próximos anos, e seu bom desempenho serviria de base para o aprimoramento dos projetos em curso dos contratorpedeiros britânicos da Classe G e Classe H,  ordenados anteriormente no Programa de Construção Naval,  entre os anos de 1933 e 1934. Estes navios seriam  originalmente  baseados na classe F, apresentando uma série de melhorias, como a eliminação das turbinas de cruzeiro e a inclusão de um sistema propulsor mais compacto. Estas mudanças permitiriam que suas dimensões e deslocamentos fossem ligeiramente reduzidos. Estes contratorpedeiros  apresentavam um deslocamento de 1.340 á 1.370 toneladas em carga padrão e 1.854 á 1.890 toneladas em carga total, possuíam um comprimento total de 98,5 metros um feixe de 10,1 metros e um calado de 3,8 metros. Sua tripulação em tempos de paz seria composta de 137 militares, devendo chegar a 146 militares em tempos de guerra. O armamento padrão destas duas classes podia ser composto por quatro canhões de 120 mm em torres individuais, dois lançadores quádruplos de torpedos de 533 mm, dois lançadores de cargas de profundidade e por fim para defesa antiaérea estariam equipados  com duas montagens quadruplas de metralhadoras Vickers de 7,7 mm (com este sistema sendo substituídos a partir de 1940 por conjuntos de quatro a oito canhoes QF 20 mm Oerlikon). Estes navios estariam equipados com  um sistema de sonar ASDIC e equipamento de varredura de minas TSDS (Two-Speed Destroyer Sweep, varredura de duas velocidades). As armas principais seriam controladas e direcionadas pelo sistema de “Mesa de Controle de Fogo do Almirantado” MK1 (A.F.C.T.), com este sendo um sistema de computador análogo eletromecânico para calculo da elevação e deflexão corretas do armamento. Durante a década de 1930 dezoito destes navios seriam encomendados e construídos para a Marinha Real Britânica (Royal Navy), sendo designados em serviço para a Frota Britânica do Mediterrâneo.

O excelente desempenho desta classe de navios quando em serviço na Marinha Real (Royal Navy), geraria novos contratos de construção,  agora de exportação, com o primeiro contrato sendo celebrado com a  Marinha Helenica Real (Πολεμικό Ναυτικό)  para tres navios, e na sequência para as  marinhas da Argentina, Polonia, Canadá e Brasil, totalizando assim vinte e quatro navios construídos e completados ao todo. No início da década de 1930 o governo brasileiro almejava modernizar sua força naval e para isto buscaria alternativas para a construção de modernos vasos de guerra, com uma parte deste programa abrangendo a aquisição de modernos contratorpedeiros.  Assim em 1936 seria celebrado junto ao estaleiro britânico J. Samuel White & Company, um contrato para a construção de seis navios da classe H, que seriam designados para exportação como classe J ou Javary. Estes navios deveriam ser batizados como Juruá, Javary, Jutahy, Juruena, Jaguaribe, Japarua. O primeiro desta classe o Javary, teve sua quilha batida em 31 de março de 1938, sendo lançado ao mar em 17 de julho de 1939, sendo seguido pelo Jutahy em 31 de maio de 1938, Juruá em 3 de junho de 1938 e pelo Japurá em 3 de julho e Juruena em 6 de julho do mesmo ano. No entanto o intensificar das tensões na Europa que prenunciavam um iminente conflito com a Alemanha nazista, levariam o Almirantado Britânico a fortalecer cada vez mais sua frota naval, levando assim a requisitar no dia 4 de setembro de 1939, a propriedade dos seis contratorpedeiros brasileiros em processo de construção. Salientando que neste mesmo processo, navios ainda e construção e pertencentes a outras nações como a Turquia, também seriam requisitados a compor os efetivos da Marinha Real Britânica (Royal Navy). Estes contratorpedeiros após  serem concluídos receberiam a designação de classe Havant, e sob a bandeira britânica teriam destacada atuação no conflito, com o HMS Havant - H 32 (Ex Javary), sendo perdido em combate em 1 de junho de 1940, o HMS Harvester H-19 (Ex Juruá), HMS Hurricane H-06 (Ex Japura) atacado pelo submarino alemão  U-415 em 24 de dezembro de 1943 e afundado no dia seguinte.
Como contrapartida a esta decisão emergencial  em se assumir a propriedade dos contratorpedeiros da classe Javary destinados ao Brasil, o governo britânico ofereceria a Marinha do Brasil a possibilidade de se construir localmente,  com um elevado grau de transferência de tecnologia,  um número igual de navios baseados na classe “H” , incluindo o mesmo um pacote de armamento destinado a guerra antissubmarino (ASW). Esta proposta seria inicialmente bem aceita pelo governo brasileiro, pois tal processo permitiria ao país absorver certo nível de tecnologia de construção naval moderna, com esta classe representando no momento projeto  de construção naval mais complexo já executado localmente. Seria decidido entao que estes novos navios deveriam construídos em parceria com uma delegação do estaleiro  J. Samuel White & Company e o Arsenal de Marinha das Cobras (AMIC) e do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), ambos estes, localizados na Ilha das Cobras, na cidade do Rio de Janeiro. Este projeto deveria contar um elevado grau de nacionalização de componentes, que a exceção das caldeiras, turbinas e armamentos deveria ser inteiramente produzido e montado no país. Caberia a empresa britânica apoiar tecnicamente a construção destas embarcações, implementando processos e ferramental adequado a esta tarefa. Após serem refinados os termos negociais e estabelecido um cronograma de implementação, as duas partes envolvidas celebrariam o contrato em  novembro de 1939.

Emprego na Marinha do Brasil. 
Esta nova classe de contratorpedeiros receberia a  denominação de “Classe Amazonas”, sendo ordenados seis navios : Amazonas A-1, Araguari A-2, Ajuricaba A-3, Acre A-4, Araguaia A-5 e Apa A-6.  Assim atendendo ao cronograma contratual, imediatamente os trabalhos de construção destes navios seriam iniciados junto ao Arsenal de Marinha das Cobras (AMIC) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), dividindo entre sim varias etapas do processo. Assim o primeiro navio desta classe o Amazonas A 12 teve sua quilha batida em 20 de julho de 1940. Apesar deste rápido processo, neste mesmo momento a  Grã-Bretanha  já em guerra contra a Alemanha e Itália, passava a demandar cada vez mais recursos técnicos, materiais e pessoais em sua industria de construção naval, levando assim o gradativo abandono da consultoria britânica no processo de construção dos contratorpedeiros brasileiros. Esta movimentação resultaria no atraso de todo o cronograma de construção dos contratorpedeiros da classe Amazonas, com o demais navios avançando  apenas no estágio estrutural básico. Isto se daria principalmente  devido à fraca base técnica de pessoal especializado e à falta de experiência do estaleiro militar brasileiro neste tipo de embarcação complexa. Este problema frustraria os planos brasileiros para o fortalecimento de sua esquadra, a fim de poder fazer frente as possíveis ameaças que se avizinhavam no cenário do Atlântico Sul, com a força naval antissubmarino sendo composta somente por seis navios mineiros da Classe Carioca complementados por três contratorpedeiros da Classe Marcílio Dias. Este processo de estagnação começaria a ser solucionado  a partir de meados do ano de 1941, quando ocorreria uma maior aproximação com os Estados Unidos, que resultaria no estabelecimento de programas de cooperação militar. Desta maneira a partir de 1943 com o apoio de técnicos norte-americanos o programa de construção dos contratorpedeiros da Classe Amazonas seria recomeçado. Caberia ao Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (Ilha das Cobras)  adaptar os desenhos do casco inglês aos meios de propulsão de desenho norte-americano e seus complementos, instalações elétricas, armamento, etc. Este processo resultaria em navios híbridos em sua disposição final, com redução de espaços disponíveis, do raio de ação e prejuízo da estabilidade. Seriam construídos  em aço galvanizado nas partes mais sujeitas a corrosão, aço médio preto nas partes comuns e aço de alta-tensão nas zonas sujeitas a maiores esforços. O sistema geral de construção era transversal com reforços longitudinais distribuídos entre os diversos conveses em quase toda a extensão do navio com 175 cavernas e dividido em compartimentos estanques. Apresentavam: 2.102 toneladas de deslocamento a plena carga; 1.805 tonelada de deslocamento normal; 1.516 toneladas de deslocamento leve; 98,5 metros de comprimento total; 95,04 metros de comprimento entre perpendiculares; 10,06 metros de boca extrema;10,5 metros de boca moldada; 6,096 metros  de pontal a meio-navio; 5,864 metros de pontal a meio-navio nos bordos; 2,80 metros de calado médio com deslocamento máximo; 2,54 metros de calado médio com deslocamento normal; 2.28 metros de calado médio com deslocamento leve.

Estes contratorpedeiros preservariam algumas características comuns do projeto original, mas passariam a se assemelhar visualmente aos navios norte-americanos da Classe Craven. Estariam equipados com dois grupos propulsores Westinghouse Elet & MFG Co., 17.300 HP cada um, 34.600 HP de potência total, um a bombordo e outro a boreste, dispondo cada grupo, de duas turbinas, uma de alta pressão tipo ação, dez estágios, e uma de baixa pressão. Parte das turbinas de baixa pressão era destinada ao funcionamento da marcha atrás e acionavam dois hélices de 3,126 metros de diâmetro e passo constante 3,927 metros, através de engrenagens redutoras de dupla ação General Eletric Co. Deveriam possuir três caldeiras B&W Co de três tubulões, tipo expresso, dupla caixa de fumaça com fornalha simples, queimando óleo combustível. Cada caldeira era situada em praça separada, com o grupo destilatório de duplo efeito e baixa pressão, 45.500 l/dia. Existiam dois compressores de alta pressão, acionados por turbinas a vapor de 560 dm3 /hora e 210 kg/cm2 de pressão. Possuía um compressor de baixa pressão acionado por motor elétrico, que desempenhava 13,5 nós de velocidade econômica, 20 nós de velocidade padrão e 33,5 nós de velocidade máxima abrangendo um raio de ação de 3.800 milhas em velocidade padrão e 900 milhas em velocidade máxima. O seu leme era hidroelétrico e podia ser manobrado do passadiço, da estação de governo à ré e do compartimento da máquina do leme. Seu armamento seria padronizado ao mesmo empregado na Classe Marcílio Dias, incluindo como arma principal quatro canhões Mk12 de 127 mm, com montagem fechada para a arma frontal, quatro canhões Bofors L/60 de 40 mm em dois reparos duplos Mk-1 mod.6; seis metralhadoras Oerlikon de 20 mm; dois reparos triplos de tubos lança torpedos Mk-14 mod.12 de 21 pol. (533 mm); duas calhas de cargas de profundidade Mk 3 e dois  projetores laterais do tipo K Mk 6 mod.1 para cargas de profundidade Mk 6 ou Mk 9.  Para defesa, o navio dispunha de Centro de Informações de Combate (CIC) composto dos seguintes equipamentos principais: radar de busca de superfície AN-SPS-4; radar de busca aérea AN-SPS-6C; repetidora mestra do radar de busca aérea AN-SPA-4B; repetidora do radar de superfície VJ-1; equipamento de derrota estimada; indicador de distância e coordenador de IFF que era associado ao radar de busca aérea; controle a distância dos transceptores de UHF. Possuía ainda dois conjuntos de radiofones e amplificadores para controle dos transmissores de MF, HF, UHF e escuta de qualquer receptor Radio I; mesa de plotagem de superfície; quadro de plotagem sumária; repetidora de anemômetro; decompositor de vetores do rumo com agulha giroscópica; repetidora do odômetro de fundo. Para navegação, o navio era equipado com sonar QCR-1; indicador de desvio de marcação BDI-CQA 55098; registrador de distância CAN 55134-A; ecobatímetro ET-SQN1; radiogoniômetro RCA DP12; repetidora do odômetro de superfície e controle do Degauss; repetidora de giro; agulha magnética de governo; repetidora do odômetro de fundo e repetidora do radar AN-SPA-4A (podendo repetir os dois radares). Para comunicações, dispunha de estação de comunicações visuais, situada fora do passadiço com recursos de bandeiras, escote e holofotes; duas estações de rádio com equipamento de transmissão e recepção nas faixas de média, alta, muito alta e ultra-alta frequência.

Assim o primeiro navio desta classe a ser incorporado  o Amazonas A-1, seria lançado ao mar em 29 de novembro de 1943, em cerimonia oficial, tendo madrinha a Sra. Rosa Mendonça de Lima. E somente seria  submetido a Mostra de Armamento e incorporado à Armada pelo Aviso Ministerial nº 1176, em 11 de junho de 1949. Naquela ocasião assumiu o comando o Capitão-de-Fragata Waldemar de Figueiredo Costa. Seu primeiro emprego em treinamento ocorreu entre os dias 6 e 9 de junho realizando exercícios de guerra e tática antissubmarino. Em 31 de janeiro de 1953 seria incorporado ao Comando do 1º Esquadrão de Contratorpedeiros (Comesqd-CT-1). Entre os anos de 1957 e 1958 o Amazonas A-1 seria submetido a um amplo processo de modernização de seus sistemas eletrônicos e direcionamento de tiro. Em 1960 participaria pela primeira vez do exercício multinacional UNITAS, registrando sua última participação durante a Operação UNITAS XII em 1971. Em 19 de junho de 1973 daria baixa do Serviço Ativo da Armada e foi submetido à Mostra de Desarmamento, completando vinte e quatro anos de atividade, atingindo as marcas de 721,5 dias de mar e 187.646,97 milhas marítimas navegadas. O segundo navio dessa classe o Araguaia, foi lançado ao mar em 29 de novembro de 1943 e incorporado à Armada em 3 de setembro de 1949 (Aviso no1.711) com indicativo visual A5, posteriormente alterado para D14. Seria o segundo navio a ostentar este nome na Marinha do Brasil. Em 1953 passaria também a compor 1º Esquadrão de Contratorpedeiros (Comesqd-CT-1). Este navio seria submetido ao mesmo processo de modernização aplicado ao Amazonas A-1 entre os anos de 1957 e 1958. Em 31 de janeiro passou a pertencer ao Comando do 2º Esquadrão de Contratorpedeiros (ComEsqd-CT-2). No dia 22 de maio de 1974, em cumprimento ao Aviso Ministerial no 0218, da mesma data, foi realizada a Mostra de Desarmamento, sendo o navio entregue ao Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro para venda como sucata, tendo em seus 25 anos de existência totalizado 183.000 milhas navegadas e 815 dias de mar. O Contratorpedeiro Apa - A 6, foi o terceiro navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem a esse Rio no Mato Grosso, na divisa do Brasil com o Paraguai. O Apa foi construído pelo Arsenal de Marinha da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. Teve sua quilha batida em 28 de dezembro de 1940, foi lançado ao mar e batizado em 30 de maio de 1945, em cerimônia conjunta com o CT Acre - A 4., tendo como madrinha a Sra. Marcondes Filho, esposa do então Ministro do Trabalho Alexandre Marcondes Machado Filho. Em 10 de dezembro foi incorporado a Armada pelo Memorando nº 1619 do Chefe do Estado-Maior da Armada ao 1º Distrito Naval, em cumprimento ao Aviso nº 2431 do Ministro da Marinha. Seu primeiro comandante foi o Capitão-de-Fragata Nilo de Figueiredo Costa. Em 30 de maio de 1958, passou à condição de “Navio em Reserva”, sendo reincorporado ao serviço ativo em junho de 1961. Em 22 de julho de 1964 foi submetido a Mostra de Desarmamento, dando baixa do serviço ativo da Armada, sendo o casco entregue ao Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. Até essa data atingiu as marcas de 195,5 dias de mar e 50.879,4 milhas marítimas. 

O Contratorpedeiro Acre - A 4, foi o segundo navio a ostentar esse nome(1) na Marinha do Brasil em homenagem ao antigo território do Acre e ao rio do mesmo nome localizados no extremo noroeste do país. O Acre foi o quarto de uma serie de seis da classe Amazonas, construídos pelo Arsenal de Marinha da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. Teve sua quilha batida em 28 de dezembro de 1940, foi lançado ao mar e batizado em 30 de maio de 1945 em cerimônia conjunta com o CT Apa - A 6. Foi incorporado e submetido a Mostra de Armamento em 10 de dezembro de 1949, em cumprimento ao Aviso Ministerial n.º 2.431. Naquela ocasião, assumiu o comando o Capitão-de-Fragata Edgard Serra do Vale Pereira. Em 1960 seria submetido ao Período de Manutenção e Atualização. Dentre as modificações que sofreu estava a substituição do radar de busca aérea SF-1 pelo AN/SPS-6C; do radar de busca de superfície VJ-1 pelo AN/SPS-4 e AN/SPS-6 com IFF; instalação do radar de DT Mk-28 mod.3 acoplado ao sistema de DT Mk-33 mod.38; remoção das seis metralhadoras Oerlikon de 20 mm; remoção do reparo 02 de 5 pol./38 (127 mm); instalação de quatro canhões Bofors L/60 de 40 mm em dois reparos duplos Mk 1 mod.6, um a vante do passadiço no lugar da torreta 02 de 5 pol. e outro a ré atrás dos reparos 03 e 04 de 5 pol.; instalação de duas diretoras Mk-51 mod.2 e duas alças giroscópicas Mk-14 mod.8 para os canhões de 40mm; instalação de dois reparos triplos de tubos de torpedo Mk-14 mod.12 de 21 pol. (533 mm), um a BE e outro a BB a meio navio; instalação de duas alças Mk-5 para os tubos lança torpedos; remodelação do mastro de combate para receber novas antenas; modernização do CIC; modificação nos camarotes dos oficiais para receber adequadamente 15 oficiais; substituição do transmissor de 500w do tipo Cacique S/A AB 500 FI, pelo transmissor TBI-6; instalação de 2 transceptores AN/ACL. Em 26 de julho de 1974 foi realizada a cerimônia de baixa e Mostra de Armamento. Em vinte e quatro anos e meio de serviço atingiu as marcas de 1056 dias de mar e 295.431 milhas navegadas. O Contratorpedeiro Ajuricaba - A 3, foi o segundo navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil em homenagem a um tuxaua guerreiro da tribo Manaós que resistiu aos colonizadores portugueses. O Ajuricaba foi o terceiro de uma serie de seis da classe Amazonas, construídos pelo Arsenal de Marinha da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. Teve sua quilha batida em 28 de dezembro de 1940, foi lançado e batizado em 14 de julho de 1946, tendo como madrinha a Sra. Maria Vicentina Novelli, neta do então Presidente da República General Eurico Gaspar Dutra. Foi incorporado a Armada pelo Aviso Ministerial n.º 3.234 de 17 de dezembro de 1957 e foi submetido a Mostra de Armamento em 21 de dezembro de 1957. Foi seu primeiro comandante o Capitão-de-Fragata Didio Santos de Bustamante, que assumiu em 6 de julho de 1955. O Ajuricaba entrou em serviço já com as modificações a que foram submetidos os outros navios da classe que haviam entrado em serviço antes. Assim sendo ao invés de quatro canhões de 127 mm, tinha três e também já contava com os canhões de 40 mm e com novos radares e equipamentos eletrônicos. Em 22 de julho de 1964, foi realizada a cerimônia de baixa e Mostra de Armamento, passando a subordinação do AMRJ para venda como sucata. Nesses quase 7 anos de serviço ativo atingiu a marca de 61.977 milhas navegadas.
O Contratorpedeiro Araguari - A 2, foi o terceiro navio a ostentar esse nome em homenagem a cidade localizada em Minas Gerais e ao Rio do mesmo nome, na Marinha do Brasil. O Araguari foi construído pelo Arsenal de Marinha da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. Teve sua quilha batida em 20 de julho de 1940, em cerimônia conjunta com o Contratorpedeiro  Amazonas - A 1. Foi incorporado em 21 de julho de 1960Em 31 de janeiro de 1963 seria criado pelo Aviso n.º 0191/63 o Comando do 2º Esquadrão de Contratorpedeiros (ComEsqd-CT-2), com a 21ª Divisão com os Contratorpedeiros Amazonas, Araguaia e Acre e 22º Divisão com os CT Apa, Ajuricaba e Araguari. Sua última participação em operações de destaque ocorreu em 1969, quando da realização da Operação SPRINGBOARD 69 e VERITAS II, realizadas com a U.S.Navy no Caribe. Depois de escalar em Recife-PE e Belém-PA, o GT-12.1, composto também pelos contratorpedeiros Piauí - D 31 (capitânia), Santa Catarina - D 32, Pará - D 27, Paraná - D 29, Mariz e Barros - D 26 e Acre - D 10, Navio Oficina Belmonte - G 24, Navio Tanque Marajó - G 27, e, o Navio de Transporte  Ary Parreiras - G 21, chegou a San Juan (Puerto Rico) no dia 21. Retornou ao Rio de Janeiro em 29 de março. Em 12 de agosto de 1974 foi realizada sua cerimônia de baixa e Mostra de Armamento.  Durante mais de vinte e quatro anos, os controversos contratorpedeiros da Classe Amazonas (A) cumpririam a contento sua missão quando a serviço da Marinha do Brasil. Seu  demorado e complexo processo de construção, que foi influenciado pela alternância de diretrizes (Britânica e norte-americana), resultaria em um  razoável nível de aprendizado e  capacitação técnica por parte do Arsenal de Marinha da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, criando assim as bases que trariam no futuro uma considerável capacidade construção naval em nosso pais. 

Em Escala.
Para representarmos o contratorpedeiro da classe Amazonas D-15 Araguari, pertencente a Comando do 2º Esquadrão de Contratorpedeiros (ComEsqd-CT-2), fizemos uso de uma conversão em scratch, partindo como base do kit Mirage Hobby na escala 1/400 do destroier polonês ORP Błyskawica. As principais mudanças se basearam na remoção das vigias no casco, alteração dos sistemas de armas e seu posicionamento, fazendo uso de peças oriundas de outros modelos em escalas próximas. Completando este processo fizemos a construção de um novo mastro principal com suas antenas de radar, similar ao empregado nos contratorpedeiros da classe Fletcher. Infelizmente não é possível obter um resultado 100% fiel aos navios desta classe, tendo em vista diversas diferenças existentes entre as unidades e a baixa qualidade de fotos disponíveis. Empregamos decais produzidos sobre encomenda pela Duarte Models nesta mesma escala.

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão aplicado em todos os navios da Marinha do Brasil entre as décadas de 1940 a 1970. As alterações se limitarem a mudança da identificação dos navios, sendo o Amazonas sendo redesignado como D-12, o Araguari como D- 15, Ajuricaba D-11, Acre D-10, Araguaia D-15 e o Apa como D-13, mantendo esta sistemática até a Mostra de Desarmamento do último navio em fins do ano de 1974.


Bibliografia : 

- J. Samuel White -  Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/J._Samuel_White

- Destroiers Classe G e H – https://en.wikipedia.org/wiki/G_and_H-class_destroyer 

- Navios de Guerra Brasileiros – Poder Naval https://www.naval.com.br 

- Marinha do Brasil - https://www.marinha.mil.br/