P-95 Embraer EMB-111 Bandeirulha

História e Desenvolvimento. 
No início da década de 1960, a Força Aérea Brasileira comprometeu-se com um ambicioso programa de integração nacional. Neste contexto, quase toda a sua frota de aeronaves Douglas C-47 e Beechcraft C-45 foi mobilizada, com o intuito de expandir não apenas as linhas do Correio Aéreo Nacional (CAN), mas também de realizar missões de assistência logística e médica nas regiões mais remotas do país.  Contudo, ao longo dos anos, o uso intensivo dessas aeronaves resultou em desgastes estruturais significativos, o que impactou diretamente nos índices de indisponibilidade da frota. Esta situação foi ainda mais exacerbada pelas dificuldades na obtenção de peças de reposição, evidenciando a necessidade premente de substituir integralmente a frota existente. Neste cenário, o Coronel Ozires Silva apresentou ao comando da Aeronáutica uma proposta para o desenvolvimento de uma aeronave bimotora nacional de médio porte. Os esforços para a concretização deste projeto começaram a tomar forma em junho de 1965, em colaboração com o Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento do Centro Técnico Aeroespacial em São José dos Campos, SP, com o lançamento do programa IPD-6504. Sob a supervisão do engenheiro francês Max Holst, que havia projetado diversas aeronaves, incluindo o MH-1521 Broussard, utilizado pela Força Aérea Francesa (Armée de l'Air), uma equipe dedicada foi formada para atender a essa demanda. O projeto envolvia o desenvolvimento de uma aeronave bimotora de asa baixa, com estrutura metálica, medindo 12,74 metros de comprimento, janelas em formato de bolha e capacidade para oito passageiros. A partir do início de 1967, após a elaboração dos cálculos e desenhos necessários, iniciou-se a construção de um mock-up em escala 1:1, com o corte e a moldagem dos painéis realizados manualmente sobre o modelo. Paralelamente, foram selecionados motores turbo-hélice Pratt & Whitney PT6A-20 de 550 shp cada, que garantiriam à aeronave o alcance dos patamares de desempenho desejados. O programa de desenvolvimento e construção se estendeu por três anos e quatro meses, totalizando cento e dez mil horas de trabalho e envolvendo diretamente cerca de trezentos colaboradores. O primeiro protótipo, designado YC-95 Bandeirante (nome dado em  honra aos desbravadores do Brasil, no século XVI), foi concluído no início de outubro de 1968 e preparado para seu primeiro voo. Os motores do Bandeirante funcionaram pela primeira vez no dia 17 de outubro, incrivelmente seis dias antes do primeiro voo. Vários testes de solo foram realizados exaustivamente pelos projetistas e pilotos, para garantir a confiabilidade dos sistemas, um trem de pouso foi danificado durante um taxiamento, mas consertado antes do dia previsto. O grande  momento histórico ocorreu na manhã do dia 22 do referido mês, quando o YC-95 decolou para seu voo de testes. Durante este voo inaugural, foi detectada uma instabilidade direcional na aeronave, que foi prontamente corrigida pela equipe técnica do CTA. 

Após a realização de ajustes menores, em 27 de outubro de 1968, o YC-95 Bandeirante, registrado sob a matrícula FAB 2130, foi oficialmente apresentado em uma cerimônia no aeroporto de São José dos Campos, São Paulo. A cerimônia contou com a presença de autoridades, representantes da imprensa e um público estimado em 15 mil pessoas. Sob os atentos olhares dos presentes, a aeronave decolou de uma pista não pavimentada, pilotada pelo Major Mariotto Ferreira e pelo Engenheiro Michel Cury, celebrando assim os anos de dedicação investidos no programa da aeronave brasileira. Em 1969, devido a divergências de opinião sobre a condução do desenvolvimento do projeto, o engenheiro francês Max Holste deixou a equipe. Nesse mesmo ano, o Coronel Ozires Silva e sua equipe iniciaram esforços para buscar parcerias no setor privado nacional para a produção em série da nova aeronave. Apesar das muitas negativas enfrentadas, o Coronel não se deixou desanimar; uma grande oportunidade surgiu durante um encontro inesperado com o presidente Artur da Costa Silva, no qual ele conseguiu convencê-lo a investir no projeto de produção em série. Esse esforço resultou na criação de uma empresa estatal de capital misto, estabelecida na cidade de São José dos Campos, São Paulo, com sua fundação ocorrendo em 19 de agosto de 1969. A nova empresa recebeu o nome de Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A (Embraer), tendo o Coronel Ozires Silva como seu primeiro presidente, cargo que ocupou até 1986. Assim, o projeto IPD-6504 e seus dois protótipos foram transferidos para a nova empresa, recebendo a designação oficial de EMB-100 Bandeirante. Subsequentemente, iniciaram-se trabalhos focados na melhoria do projeto e no desenvolvimento da engenharia de processo para a futura produção em série da aeronave. Como resultado desse trabalho, foi criado um terceiro protótipo, que recebeu a matrícula PP-ZCN e realizou seu voo inaugural em 29 de junho de 1970. Apesar de seu bom desempenho durante os testes de voo, constatou-se que as condições e os parâmetros operacionais para os quais o projeto havia sido originalmente concebido haviam se modificado. Em particular, a capacidade de transporte de até oito passageiros se tornara insuficiente, pois o mercado passou a preferir modelos com capacidade para até doze passageiros. Essa mudança trazia desafios significativos para o sucesso do EMB-100 nos segmentos comercial nacional e internacional, levando a empresa a um processo de reformulação do projeto. Assim, nasceu o Embraer EMB-110, uma nova versão com maior porte, que atendia à nova demanda por transporte civil e cuja variante militar (C-95) poderia também carregar uma carga útil maior, incorporando avanços técnicos significativos. A partir das novas definições  de projeto estabelecidas, em novembro teve início a produção do primeiro exemplar pré-série da versão militar, designado como C-95, recebendo a matrícula FAB 2133.
Este modelo apresentava uma fuselagem alongada em relação aos primeiros protótipos, com 14,23 metros de comprimento, e passava a incorporar janelas retangulares em vez das ovais originais. Possuía também  um novo estabilizador vertical, naceles de motores redesenhadas e motores turboélices mais potentes do modelo Pratt & Whitney PT6A-27, cada um com 680 hp. O primeiro voo do C-95 FAB 2133 ocorreu em 9 de agosto de 1972, sendo imediatamente destinado a um extenso e detalhado programa de testes e ensaios em voo conduzido pela Força Aérea Brasileira. Posteriormente, a aeronave recebeu homologação operacional oficial do Centro de Tecnologia da Aeronáutica (CTA) e de demais órgãos governamentais responsáveis pelo transporte aéreo. Nesse contexto, foi formalizado um contrato entre a Embraer S/A e o Ministério da Aeronáutica (MAer) para a aquisição de oitenta células, com as primeiras aeronaves previstas para entrega à Força Aérea Brasileira a partir de fevereiro de 1973. Contudo, até o final de 1976, foram produzidas e incorporadas apenas cinquenta e cinco células. Embora tenha sido concebido inicialmente para fins militares, o Embraer C-95 Bandeirante demonstrou também um notável potencial civil. Assim, que foi lançado o modelo EMB-110C, que apresentava capacidade para até dezesseis passageiros o que despertaria o interesse de operadores regionais. O primeiro contrato comercial foi celebrado com a empresa Transbrasil S/A, que recebeu seu primeiro exemplar em abril de 1973, ostentado a matrícula PT-TBA. Em seguida, Vasp S/A, uma empresa estadual paulista de capital misto, tornou-se o segundo operador comercial do modelo, com esta variante atingindo a  produção total de trinta e quatro células. Devido ao seu projeto bem dimensionado para o o atendimento de trechos regionais com considerável desempenho, o EMB-110 Bandeirante rapidamente iniciaria seus primeiros passos no mercado internacional, conquistando vários contratos nos Estados Unidos. Em 1975, foi concretizada a primeira exportação de uma versão militar para a Força Aérea do Uruguai (FAU). Apenas dois anos depois, a companhia aérea francesa Air Littoral se tornou o primeiro cliente internacional da versão civil. Definidos todos os ajustes no projeto, finalmente em novembro 1971 seria iniciada a produção em série, com o primeiro voo da aeronave Embraer EMB-110 Bandeirante “pré-serie” com a matrícula militar C-95 “FAB 2133”, ocorrendo em 9 de agosto de 1972. Esta nova aeronave teve sua fuselagem alongada para 14,23 metros, ampliando assim como planejado a capacidade de transporte de oito para doze passageiros, e passava ao contrário das células dos  YC-95 iniciais a apresentar novas janelas retangulares, estabilizador vertical, naceles dos motores redesenhadas e novos motores turboélices Pratt & Whitney PT6A-27 com 680 hp. Finalizado o processo de ensaios e voo a empresa passaria a se dedicar a produção referente a encomenda de oitenta unidades destinadas a Força Aérea Brasileira, atendendo ao contrato celebrado em maio do ano anterior com o Ministério da Aeronáutica. 

As primeiras unidades de produção em série começaram a ser entregues a Força Aérea Brasileira a partir de fevereiro de 1973.  Apesar da origem militar o Embraer EMB-110 Bandeirante também demonstrava vocação civil, e sua primeira versão de transporte regional para doze passageiros, designada pelo fabricante como Embraer EMB-110C passou a conquistar seus primeiros clientes civis, entre eles a empresa regional Transbrasil que veio a receber em 11 de abril de 1973 sua primeira aeronave matriculada PT-TBA. O emprego operacional desta versão inicial, motivou a Embraer S/A a estudar novas modificações no projeto, visando assim melhorar o a performance do modelo tanto no requisito de desempenho, quanto em capacidade de carga.  O fruto deste estudo se concretizaria em 1975 no desenvolvimento da versão Embraer EMB 110K1 Bandeirante, que tinha como principal alvo mercado de transporte militar, esta aeronave teve sua fuselagem alongada em 0,87 cm, permitindo assim a inclusão de uma porta traseira de carga e uma porta extra para a tripulação e passageiros. Nos anos subsequentes, o Embraer EMB-110 consolidou-se como referência no mercado regional norte-americano, conquistando uma ampla base de clientes composta por empresas renomadas de transporte regional. Buscando diversificar seu portifólio, seria desenvolvida a  versão EMB-110E, derivando diretamente do EMB-110C, destinada ao mercado  de transporte executivo, com seu interior podendo ser customizado para seis ou oito passageiros; apesar de representar um grande diferencial, apenas quatro aeronaves seriam produzidas e comercializadas. Já versão a nova  EMB-110J representou um desenvolvimento do EMB-110E, dos quais foram produzidos apenas doze exemplares. O emprego operacional desta versão inicial, motivaria a equipe de projetos da  Embraer S/A a estudar novas modificações no projeto, visando assim melhorar o a performance do modelo tanto no requisito de desempenho, quanto em capacidade de carga. O fruto deste estudo se concretizaria em 1975 no desenvolvimento da versão EMB 110K1 Bandeirante, que tinha como principal objetivo o mercado de transporte militar (atendendo primordialmente uma demanda da Força Aérea Brasileira), esta aeronave teria sua fuselagem alongada em 0,87 cm, permitindo assim a inclusão de uma porta traseira de carga e uma porta extra para a tripulação e passageiros. Passaria a contar com o novo modelo mais potente do motor Pratt & Whitney PT6A-34 com 750 shp e aprimoramentos na avionica, trens de pouso e sistemas elétricos e de combustível. Esta nova versão receberia a designação de C-95A Bandeirante. Duas versões civis derivaram do modelo militar, sendo o EMB-110P1 para até dezenove passageiros ou carga e o EMB-110P2 para transporte exclusivo de até vinte e um passageiros, que ao invés da porta de carga, dispunha uma porta de serviço. 
Em fins da década de 1970, surgiria a versão militar EMB 110P1(K) que passou a ser conhecida como C-95B Bandeirante, tratava-se de um modelo com uma série de melhorias e aprimoramentos sobre seu modelo antecessor, entre estes destaca-se a adoção de uma porta de serviço de 1,42 X 0,63m, embutida na porta de carga, que podia ser aberta em voo para o lançamento de cargas ou paraquedistas. Dispondo de uma capacidade de transporte de carga de até 1.700 kg o Embraer C-95B Bandeirante se tornaria o esteio das unidades de transporte da Força Aérea Brasileira (FAB) que operariam o modelo. Neste mesmo período os Lockheed P-15 Neptune alocados junto ao 1º/7º Grupo de Aviação - Esquadrão “Orugan”, chegavam no limiar de suas vidas úteis, gerando assim a necessidade de uma substituição urgente, como sucessor natural despontava no mercado a opção do Lockheed P-3 Orion, porém infelizmente os altos custo de aquisição e operação tornavam esta opção proibitiva para a Força Aérea Brasileira (fab). Como alternativa viável do ponto de vista econômico, o Ministério da Aeronáutica (MAer) solicitou a Embraer S/A o desenvolvimento de uma aeronave de patrulha baseada na já consagrada plataforma do EMB-110 Bandeirante, que já contava com quase cento e sessenta células entregues a Força Aérea Brasileira e a diversos operadores civis. A proposta da empresa foi apresentada ao Ministério da Aeronáutica (MAer) em 1975, com a designação de Embraer EMB-111A(A) Bandeirante Patrulha, basicamente as modificações incluíam a instalação de um radar de busca Eaton AN/APS-128 Super Searcher, em um nariz alongado construído em fibra de vidro, contava com uma nova suíte de comunicações, sistemas de navegação inercial Litton LN-33, piloto automático Bendix M-4 e um sistema de contramedidas eletrônicas Thomson CF. As asas eram reforçadas para permitiram a instalação de tanques suplementares de 318 litros cada nas pontas (os mesmos empregados nos jatos Embraer AT-26 Xavante), este reforço estrutural podia conceder a opção de se operar com quatro cabides subalares para o lançamento de foguetes não guiados HVAR de 127 mm ou SBAT-17 e casulos de foguetes de SBAT 70 mm de fabricação nacional. A aeronave ainda dispunha ainda de equipamentos na fuselagem para o lançamento de marcadores navais, granadas fumigenas e botes salva vidas infláveis. A exemplo dos demais aviões de patrulha naval, o modelo seria dotado ainda com um farol de busca de cinquenta milhões de candelas do tipo HIVA (High Intensyty Aircraft Searchlight) instalado no bordo de ataque da asa direita.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
No início dos anos 1970, a Aviação de Patrulha brasileira estava calcada em dois vetores: o Lockheed P-15 Netuno e o Grumman P-16 Tracker. Os P-15 estavam ingressando no final de sua vida operacional e, em poucos anos, seriam desativados. Ciente disso, a Força Aérea Brasileira (FAB) buscou um substituto, definido em 1975 quando a Embraer apresentou seus planos para uma versão de patrulha naval do Bandeirante. Com base no projeto apresentado pela Embraer S/A, seriam aprofundados os estudos sobre a viabilidade da aeronave de transporte customizada para missões de esclarecimento marítimo e patrulha. Contudo inicialmente os relatórios  apresentavam uma série de ressalvas técnicas fundamentadas no conceito que o Embraer EMB-111 Bandeirante Patrulha , seria um vetor bem menos capaz de realizar as missões  que seu antecessor norte-americano,  o Lockheed P-15 Netuno. Entre estes se destacavam parâmetros de desempenho como alcance, autonomia, perfil de missão e capacidade de transporte de armamentos. Porém de acordo com a dotação orçamentária naquele momento do Ministério da Aeronáutica (MAer), seria decidido conceder  ao fabricante sinal verde para a produção do protótipo. O roll out da primeira aeronave produzida, ocorreu em 30 de junho de 1977, com seu primeiro voo ocorrendo em 01 de agosto do mesmo ano, nas instalações da Embraer S/A na cidade São José dos Campos. Imediatamente o modelo seria submetido a um amplo programa de ensaios e voo e aceitação, realizados em conjunto por oficiais da Força Área Brasileira (FAB) e técnicos do fabricante.  Após a implementação de pequenas modificações o projeto do Embraer P-95 foi aprovado para a produção em série, culminado esta decisão com a assinatura de contrato  para a aquisição de 12 células iniciais com este modelo recebendo a designação comercial de EMB-111A(A) . Estas aeronaves seriam destinadas a executar missões de patrulha naval, esclarecimento marítimo e ataque leve.  O primeiro P-95, ainda matriculado como 2260, foi recebido pela FAB em setembro de 1977 para testes de aceitação. A entrada em serviço ocorreu em 10 de abril de 1978, em Salvador, quando o Esquadrão Orungan recebeu seus três primeiros P-95 matriculados FAB 7050/54/55. Entre a desativação do  Lockheed P-15 e a chegada do P-95 Bandeirante Patrulha, o 1º/7º GAV empregou dois C-95 (2187/89) como aeronave de conversão operacional para o P-95. Ainda no ano de 1978, o 1º/7º GAV foi equipado com mais cinco P-95. Até dezembro de 1979 todos os P-95 já haviam sido entregues pela Embraer. Com a linha de voo cheia, foi possível emprestar três P-95 (7050/51/54/45/59) ao 2º/10º GAV entre o final de agosto de 1980 e novembro de 1981. Essas aeronaves cumpriram missões SAR no período que compreende a desativação dos S-16 Albatross, ocorrida em agosto de 1980, e a implantação dos SC-95B, a partir de abril de 1981. Além deles, a Embraer também “pegou emprestado” dois P-95. A primeira célula  o FAB 7060, que, antes da entrega, em junho de 1979, foi rematriculado PP-ZDM, passando a ser o demonstrador do EMB-111 na Feira Internacional de Le Bourget de 1979. No ano seguinte, o FAB 7053, foi emprestado pela Força Aérea Brasileira (FAB) à Embraer para a Feira Internacional de Farnboroug, realizada em setembro de 1980.

Embora, como mencionado anteriormente, o P-95 Bandeirante Patrulha não alcançasse o mesmo perfil operacional dos consagrados Lockheed P-15 Neptune, sua incorporação representou um marco significativo na modernização da aviação de patrulha marítima no Brasil. Esse avanço foi impulsionado, em grande parte, pelas capacidades do radar de busca marítima compacto Eaton (anteriormente Cutler-Hammer) AN/APS-128 Super Searcher, um equipamento de alta performance com alcance de 160 quilômetros, operando na faixa X e com taxa de varredura ajustável entre 15 e 60 rotações por minuto. Esse sistema se destacou por sua versatilidade, sendo utilizado em missões de vigilância costeira, busca e salvamento, navegação e apoio à elaboração de cartas meteorológicas. Notavelmente, o radar era capaz de detectar alvos de 150 m² a uma distância de até 100 quilômetros, mesmo em condições de mar agitado. Diferentemente de outros radares da época, o AN/APS-128 utilizava um display tipo televisão de 8x8 polegadas para exibir imagens, integrando-se de forma eficiente com sistemas de navegação inercial, Omega e outros instrumentos. A aeronave contava ainda com um conjunto avançado de equipamentos de comunicação e navegação, incluindo um transceptor Collins 618T-3B em HF/AM/SSB/CW, dois transceptores VHF Collins 618M-3, duas bússolas giromagnéticas Sperry C-14, dois receptores de ADF Bendix DFA-74A, dois receptores VOR/ILS/Marker Beacon Collins VIR-31A, um transponder de IFF Collins AN/APX-92, um VHF/DF Collins DF-301E, um rádio-altímetro Bendix ALA-51, um sistema de navegação inercial Litton LN-33 e um piloto automático Bendix M4-C. Esse conjunto representava um notável salto tecnológico em aviônica em comparação com o antecessor norte-americano, o P-15 Neptune. As antenas do sistema ADF estavam estrategicamente posicionadas, com duas localizadas na fuselagem e uma embutida na extensão da empenagem vertical. O cabo que conectava a cabine ao topo da empenagem funcionava como antena para comunicações em HF. A grande antena em forma de barbatana, situada na parte superior da fuselagem, era destinada às comunicações em VHF. Já as antenas do sistema VOR, apontando para trás, estavam instaladas em ambos os lados do topo da cauda, otimizando a funcionalidade de navegação da aeronave. Neste momento além de contar com a possibilidade de operar com foguetes não guiados como sistema de armas ofensivo, seus cabides subalares foram modificados pelo fabricante  para portar cargas de profundidade disponíveis nos paióis da Força Aérea Brasileira (FAB).  Durante esse período, toda a frota de Embraer P-95 Bandeirulha encontrava-se concentrada na Base Aérea de Salvador, com exceção de quatro aeronaves cedidas temporariamente ao 2º/10º Grupo de Aviação, Esquadrão Pelicano, entre os anos de 1980 e 1981. Essas unidades foram destinadas a missões de busca e salvamento, enquanto aguardava-se a chegada da versão especializada, o SC-95 Bandeirante SAR, projetada especificamente para esse tipo de operação.
Em 11 de setembro de 1981 a Portaria Reservada nº 298/GM3 criou a segunda unidade de P-95. O 2º/7º GAV foi ativado em 15 de fevereiro de 1982, na Base Aérea de Florianópolis, e recebeu quatro Bandeirulha (FAB 7053/55/57/61), que chegaram em 31 de janeiro, vindos de Salvador. No mesmo ano, dois P-95 da Força Aérea Brasileira (FAB) seriam transferidos ao Comando de Aviação Naval Argentino (CANA) por empréstimo para cumprir missões de esclarecimento marítimo durante a Guerra das Malvinas/Falklands. Os FAB 7058 (1º/7º GAV) e 7060 (2º/7º GAV) foram levados a São José dos Campos para serem configurados nas cores da Armada Argentina pela Embraer. Foram trasladados em 22 de maio de 1982 com as cores argentinas e matriculados 4-VM-1 e 4VM-2, respectivamente. Na Argentina foram rematriculados 2-P-201 (7058) e 2-P-202 (7060), operando na Escuadrilla Aeronaval de Exploración. Retornaram ao Brasil em 14 de julho de 1982 como PP-ZQT (7058) e PP-ZQV (7060) rumo à Embraer, que os reconfigurou e devolveu às suas unidades de origem. Dois acidentes ocorreram com o P-95. O primeiro com o FAB 7054, em 11 de julho de 1984, em Recife (PE), sem vítimas, e o segundo com o FAB 7053, em Mucuripe (CE), em 27 de junho de 1985, com quatro vítimas. Ambas caíram no mar, com perda total das aeronaves, que pertenciam ao 1º/7º GAV. Para repor perdas operacionais e modernizar a frota, o Ministério da Aeronáutica (MAer) celebrou , em dezembro de 1987 um contrato prevendo a aquisição de mais 10 células da aeronave.  A fim de atender a esta demanda a Embraer S/A  ofereceria a Força Aérea Brasileira (FAB)  uma versão melhorada que teria como base o Bandeirante C-95C que visualmente diferiria dos primeiros P-95 por possuir os estabilizadores horizontais com diedro de 10 graus, esta nova variante receberia a designação do fabricante de EMB-111A(C) e militar como P-95B. Em termos de sistemas esta nova versão representava uma nova classe de aeronave, o  radar AN/APS-128 Super Searcher foi substituído  por um moderno radar THORN EMI Super Searcher que fora lançado no mercado internacional em 1986. Este novo sistema apresentava a capacidade Track While Scan (TWS - acompanhando o alvo sem ter de interromper a buscar no restante do espaço aéreo), contava ainda com uma nova suíte avionica dispondo de sistemas Thomson-CSF DR 2000A Mk II /Dalia 1000A Mk II (MAGE - Medidas de Apoio à Guerra Eletrônica), Collins EFIS-74, ADI-84, Piloto-automático APS-65 e o Sistema de navegação Omega Canadian Marconi CMA 771 Mk III. Designados como P-95B e matriculados de 7100 a 7109, eles foram distribuídos às unidades de Salvador e Florianópolis. A primeira entrega ocorreu em 6 de novembro de 1989 na sede da Embraer S/A, em São José dos Campos, quando o FAB 7101 foi recebido pelo 1º/7º GAV. O 2º/7º GAV recebeu o seu primeiro P-95B em janeiro de 1990. Até setembro de 1991, todos os P-95B já haviam sido entregues, tendo cada unidade recebido cinco exemplares.  

Em paralelo ao recebimento destas novas células, seria conduzido o retrofit dos P-95 originais, com processo sendo realizado pela área técnica da  TAM Linhas Aéreas S/A (que era um dos grandes operadores da versão civil). Neste processo tanto a fiação quanto as cambagens das aeronaves tiveram de ser refeita, resultando na instalação dos novos módulos aviônicos, sendo inseridos nas estantes internas pré-existentes nos P-95. A adoção do sistema de Guerra Eletrônica ESM Thomson-CSF (hoje Thales) DR2000/Dalia no modelo P-95B modificou o emprego da aeronave e deu um novo fôlego ao Bandeirulha, agora como plataforma ELINT/SIGINT (Electronic - Signals Intelligence – Monitoramento de emissões eletromagnéticas). Este programa representava o casamento das células dos P-95 com a moderna eletrônica embarcada P-95B, resultando na criação da versão P-95A.  O incremento na quantidade de aeronaves disponíveis para a Força Aérea Brasileira (FAB) culminou, em 27 de setembro de 1990, na ativação do 3º/7º Grupo de Aviação, conhecido como Esquadrão Netuno, sediado em Belém. Com a chegada dos mais avançados Embraer P-95B às bases de Salvador e Florianópolis, as aeronaves Embraer P-95A foram transferidas para Belém, fortalecendo significativamente a capacidade de patrulha marítima na região Norte do Brasil. Essa redistribuição estratégica ampliou a cobertura operacional e reforçou o compromisso da FAB com a segurança e vigilância de áreas críticas do território nacional. Posteriormente, em 1992, o 2º/1º Grupo de Aviação Embarcada (GAE) recebeu quatro aeronaves Embraer P-95A. Inicialmente, essas unidades foram destinadas a complementar os Grumman UP-16 e P-16 Tracker, com o objetivo de, futuramente, substituí-los. Com a desativação dos Grumman P-16 Tracker em dezembro de 1996, o 1º GAE passou a operar exclusivamente com os P-95A. Essa transição marcou um momento de renovação tecnológica, embora temporária, pois, em 31 de julho de 1998, a portaria R-452/GM3 determinou a desativação do 1º GAE e a criação do 4º/7º Grupo de Aviação, conhecido como Esquadrão Cardeal. Esta unidade permaneceu em operação até novembro de 2011, quando foi desativado. Sua última missão operacional ocorreu no dia 30 deste mesmo mês, sendo realizada pelo P-95B FAB 7057. Suas quatro aeronaves P-95A foram redistribuídas entre as demais unidades operacionais da Força Aérea Brasileira (FAB), garantindo a continuidade do legado de patrulha marítima e o uso eficiente dos recursos disponíveis. O ano de 2011 também presenciou o fim da vida operacional dos P-95B em Salvador, com estas aeronaves sendo substituídas no  1º/7º GAV Esquadrão Orugan  pelo "novos" Lockheed P-3AM Orion, com a unidade recuperando a autonomia e capacidade ofensiva perdida desde a desativação dos P-15 (P2V-5) Netuno em 1976.
Em 30 de maio de 2011 teve o inicio a desativação dos P-95A, sendo o FAB 7050 sendo preservado no Museu Aeroespacial (Musal) em 02 de agosto de 2013, ostentando as cores do 4º/7º Grupo de Aviação. O último P-95A, FAB 7057, foi desativado em dezembro de 2014, quando operava junto ao 2/7º Grupo de Aviação.  A título de curiosidade, os P-95/A/B tiveram nomes de batismo de aves marinhas brasileiras. Herança dos P-15, os P-95 saíam da fábrica batizados. Os nomes foram usados até meados de 2005, quando a FAB retirou-os das aeronaves. Alguns nomes eram repetidos e nem sempre eram usados. Os nomes conhecidos são: 7050 - Gavião de Urua, depois Gaivota; 7051 - Ariramba, depois Pelicano; 7052 - Taiaçu; 7053 - Petrel; 7054 - Martin-pescador; 7055 - Talha-mar; 7056 - Albatroz; 7057 - Falcão Pescador, depois Martin-pescador; 7058 - Alca, depois Maguari; 7059 - Biguá; 7060 - Arapapá; 7061 - Alcatraz, depois Andorinha-do-mar; 7100 - Atobá; 7101 - Batuíra; 7102 - Cormorão; 7103 - Flamingo; 7104 - Fragata; 7105 - Guará; 7106 - Jaçanã; 7107 - Maguari, depois Alca; 7108 - Socó e 7109 - Tacha. Entre 2007 e 2008, o Comando da Aeronáutica (COMAER) deu início a estudos detalhados com o objetivo de modernizar parte de sua frota de aeronaves Embraer C-95 Bandeirante e P-95 Bandeirulha, buscando prolongar a vida útil dessas aeronaves por até duas décadas. Esse ambicioso programa não se limitava à revitalização estrutural, mas incluía uma completa renovação da suíte aviônica, com a introdução de um moderno painel glass cockpit, alinhando as aeronaves às exigências tecnológicas contemporâneas. A execução do projeto foi conduzida pelo Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMA AF), com início em janeiro de 2012. Para a modernização da eletrônica embarcada, foi firmado um contrato de R$ 89,9 milhões com a empresa israelense AEL Sistemas, por meio de sua subsidiária brasileira, contemplando a atualização de 50 células. Inicialmente, o plano previa a modernização de doze aeronaves do modelo Embraer P-95. Contudo, em 2013, a decisão foi ajustada para modernizar apenas nove unidades do P-95B Bandeirulha. No ano seguinte, um acidente com a aeronave FAB 7107 reduziu esse número para oito unidades. O marco do primeiro voo da aeronave modernizada ocorreu em 18 de dezembro de 2013, seguido pela certificação em outubro de 2014. A primeira entrega foi realizada em 2015, destinada ao 2º/7º Grupo de Aviação (GAv). A principal inovação do programa foi a instalação do radar de abertura sintética Selex Seaspray 5000E (AESA - Active Electronically Scanned Array), acompanhado de avançados sistemas de navegação e comunicação. Essas melhorias reforçaram significativamente as capacidades operacionais da frota, garantindo maior eficiência e precisão em missões de patrulha marítima, busca e salvamento.

Em Escala.
Para a representação do Embraer P-95B Bandeirulha, identificado como "FAB 7106" pertencente ao 2º/7º Grupo de Aviação - Esquadrão Phoenix em uso durante a década de 1990, utilizamos o excepcional kit em resina na escala 1/72 produzido pela Liberty Quality Kits, fabricante artesanal reconhecido pela alta qualidade e precisão no acabamento de suas peças. Complementamos o modelo com decais originais, cuidadosamente confeccionados pela FCM Decais, garantindo autenticidade e fidelidade aos detalhes da aeronave real.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura empregado nas aeronaves Embraer  P-95  Bandeirante Patrulha, sendo adotado a partir da década de 1980 pelos P-95A e P-95B. As células modernizadas designadas como Embraer P-95BM passaram a ostentar um novo padrão de cinza, empregando marcações de baixa visibilidade.

Bibliografia :
- Aviação Militar Brasileira 1916 – 2016 por Jackson Flores Jr
- História da Força Aérea Brasileira , Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Bandeirulha o Patrulheiro da Embraer – Alide http://www.alide.com.br/artigos/emb111/index.htm
- Os Cardeais 1º Grupo de Avião Embarcada e 4º/7º Grupo de Aviação - Mauro Lins de Barros - Editora Adler

Canhões Krupp 75 mm

História e Desenvolvimento.
Em 20 de novembro de 1811, Friedrich Krupp, junto com os irmãos Georg Karl Gottfried e Wilhelm Georg Ludwig von Kechel, fundou a Friedrich Krupp em Essen, inicialmente focada na produção de aço fundido inglês. As forjas de Essen, operadas por trabalhadores dedicados que enfrentavam o calor escaldante das fundições, produziam materiais de alta qualidade, estabelecendo as bases para a futura gigante industrial. Após a morte de Friedrich em 1826, seu filho Alfred Krupp assumiu a liderança por volta de 1830, com apenas 18 anos, e transformou a empresa em um colosso industrial. Sob sua visão, a Krupp desenvolveu inovações como o aro de roda inteiriço para trens, revolucionando as ferrovias globais e facilitando o transporte de tropas e suprimentos. A verdadeira transformação veio com a produção de canhões de aço fundido, um avanço técnico que superava os frágeis canhões de bronze da época. Esses canhões, testados em campos de batalha, ofereceram maior durabilidade e precisão, contribuindo para as vitórias prussianas contra a Áustria na Guerra Austro-Prussiana (1866) e contra a França na Guerra Franco-Prussiana (1870-1871). Para os engenheiros da Krupp, cada canhão produzido era o resultado de longas horas de cálculos e testes, enquanto para os artilheiros prussianos, era uma ferramenta de confiança que mudava o curso das batalhas. A liderança da família Krupp consolidou a empresa como a principal fornecedora de armas do Império Alemão, exportando canhões para exércitos como o russo, o austríaco e, especialmente, o otomano durante a década de 1860. Em 1897, a Krupp lançou o canhão de campanha de 75 mm (Field Gun), um projeto revolucionário que serviu de base para uma família de canhões que marcaram os campos de batalha do século XX. Com alcance de até 8.500 metros e alta cadência de tiro, o canhão combinava mobilidade e potência, ideal para as táticas de guerra modernas.  Seu sucesso levou ao desenvolvimento do modelo Krupp 1903, lançado no mercado europeu com melhorias em estabilidade e precisão. O Exército Alemão (Reichswehr) adotou o canhão em grande escala, validando seu desempenho em exercícios rigorosos, onde artilheiros enfrentavam longas jornadas para calibrar as armas sob condições adversas. O desempenho do Krupp 1903 em exercícios do Reichswehr garantiu um grande contrato governamental na Alemanha, validando seu design e impulsionando seu sucesso comercial. A Krupp exportou o canhão para diversos países, consolidando sua liderança no mercado bélico.  O Krupp 75 mm Field Gun Modelo 1903 foi um canhão de campanha projetado como um "stock gun", ou seja, uma arma produzida em série para exportação, com adaptações mínimas para atender às necessidades de diferentes clientes, levando assim a adoção deste modelo por outras nações.

Seu primeiro grande cliente seria o Império Otomano que adquiriu 558 unidades do Krupp 1903, projetadas sob especificações turcas, com escudo de proteção e culatra de bloco deslizante horizontal. Estas centenas de peças de artilharia seriam extensamente utilizadas,  com destaque para oS eventos decorridos durante a Primeira Guerra dos Balcãs (1912-1913), quando 126 unidades otomanas adquiridas anteriormente foram capturadas pelo Exército Real Sérvio, que as reutilizou na Primeira Guerra Mundial, demonstrando a durabilidade do projeto. A Dinamarca e a Holanda incorporaram o canhão, com os holandeses adquirindo 120 unidades e os direitos de produção, e logo seriam modernizados com a adaptação de  rodas de aço e pneus pneumáticos, para serem tracionados por  por veículos automotores. Os canhoes destinados a Dinamarca seriam designados como  "03 L/30", sendo inclusive  usados nas fases iniciais da Segunda Guerra Mundial, compondo a  resistência  à invasão alemã em 1940. Em termos de usuários, o  caso mais notável foi a Romênia, que adquiriu 636 unidades, a maior importação de um único tipo de canhão em sua história. Localmente seriam designados como "Tunul de câmp Krupp, cal. 75 mm, md. 1904" e se diferenciavam por estarem equipados  com a mira Ghenea-Korodi, produzida nacionalmente, com este sistema se mostrando mais avançado e preciso que seu similar  original alemão. Esses canhões formaram a espinha dorsal da artilharia romena na Primeira Guerra Mundial, equipando todos os regimentos de artilharia das divisões de infantaria. Para os artilheiros romenos, operar o Krupp 1903 era uma tarefa de precisão e resistência. Em campos de batalha como os dos Cárpatos, enfrentavam lama, frio e combates intensos, carregando projéteis de 6,5 kg e ajustando a mira para atingir alvos a longas distâncias.  O atrito e as perdas em combate reduziriam em 1926 este acervo para apenas 321 peças, porém apesar de já ser considerado obsoleto, seriam mantidos em serviço ativo até o ano de 1942. A Bélgica adquiriu uma licença para produzir o Krupp 1903 na Fonderie Royale des Canons, sob a designação Canon de 7c5 M 1905 TR et TRA. Esses canhões foram usados nas duas guerras mundiais, com os alemães designando os capturados como 7.5 cm Feldkanone 235(b). O número exato de unidades produzidas não é detalhado, mas a licença sugere uma produção significativa. No Japão, o governo comprou os direitos do  Krupp 1903, desenvolvendo localmente  o canhão Tipo 38 de 75 mm, que foi amplamente utilizado pelo Exército Imperial do Japão  na guerra contra a China Nacionalista na década de 1930.
Na primeira década do século XX , quando a grande corrida armamentista europeia teve seu início em função  do intensificar das tensões geopolíticas, o governo belga fecharia um grande contrato para produção sob licença diretamente junto ao fabricante alemão, envolvendo mais especificamente uma versão aprimorada do  Krupp 7.5 cm Field Gun Modelo 1903. A nova arma de artilharia receberia a designação de Canon de 7c5 M 1905 TR et TRA e seria fabricada localmente pela Fonderie Royale des Canons (FRC). O "TR" (Traction Roulante) referia-se à versão tracionada por cavalos, enquanto o "TRA" (Traction Automobile) indicava uma modernização para tração motorizada, implementada na década de 1920. O canhão utilizava uma culatra de cunha horizontal deslizante e era equipado com um escudo de proteção, oferecendo maior segurança às tripulações.  Inicialmente os primeiros lotes apresentavam um baixo índice de conteúdo local, com este processo evoluindo até atingir um índice de nacionalização de quase 90% excetuando apenas o barril que ainda era produzido pela Friedrich Krupp AG.  Tratava-se de um projeto convencional para a época , fazendo uso de  um sistema de recolhimento de mola hidráulica e uma culatra horizontal do tipo bloco deslizante. A pistola pesava 1.070 kg quando utilizada, uma elevação de –8 ° a + 16 ° e poderia disparar um projétil de estilhaço de 6,5 kg a um alcance máximo impressionante de 8.000 metros. Em 1914, o Exército Belga (Armée belge) possuía dezoito brigadas de artilharia de campanha , e cada uma delas composta por três baterias de 75 mm, equipadas com o Modelo  Krupp 1905. A produção do Canon de 7c5 M 1905  na Bélgica não tem números exatos documentados, mas, considerando a capacidade industrial da FRC e o uso do canhão por divisões de infantaria belgas, estima-se que algumas centenas de unidades foram fabricadas, possivelmente entre 100 e 200, com base em práticas de produção licenciada da época. O Canon de 7c5 M 1905 foi amplamente utilizado pelo Exército Belga durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), apoiando divisões de infantaria em batalhas como a defesa de Antuérpia e a Frente Ocidental. Com uma cadência de 15 a 20 disparos por minuto e projéteis de 6,5 kg, o canhão oferecia suporte eficaz contra posições fortificadas e tropas inimigas. A maioria dessas armas acabaria sendo perdida durante o avanço inicial das forças armadas alemães. A parir deste momento o esteio da artilharia de campo da Bélgica passaria a ser composta por canhões de calibre de 75 mm produzidos na França. 

Neste momento a  equipe de projetos da Friedrich Krupp AG, sempre se dispunha livremente a customizar o desing de seus produtos destinados ao mercado de exportação, visando assim atender a necessidades especificadas de cada novo cliente. A exemplo podemos citar o Modelo 1908, que teve seu projeto fundamentalmente alterado para atender aos requisitos apresentados pelo Exército Imperial do Japão.  O Krupp 75 mm Modelo 1908 foi projetado como uma evolução do bem-sucedido Field Gun de 75 mm Modelo 1903, que alcançou exportações significativas para países como Romênia, Império Otomano e Holanda. A pedido do Exército Imperial do Japão, a equipe de projetos da Krupp realizou alterações substanciais para atender às especificações japonesas, demonstrando a flexibilidade que caracterizava a empresa. O Modelo 1908, designado como Type 38 no Japão após aquisição dos direitos de produção, apresentava um cano mais longo, com comprimento de 30 calibres (L/30, cerca de 2,25 metros), em comparação com os modelos anteriores, como o Krupp 1903. Essa modificação aumentava o alcance máximo para aproximadamente 9.000 metros, superando os 8.500 metros do Modelo 1903, embora tornasse o canhão ligeiramente mais pesado, com cerca de 1.100 kg. A carruagem de transporte foi completamente redesenhada, rompendo com o padrão da Krupp. Em vez da típica caixa aberta usada no Krupp 7.5 cm Gebirgskanone M.1904 (canhão de montanha), o Modelo 1908 adotou elementos tubulares, assemelhando-se a um grande diapasão no plano horizontal. A seção traseira da trilha, que suportava a pá de ancoragem, podia ser dobrada sobre os tubos dianteiros, facilitando o transporte em terrenos acidentados. Esse design inovador, inspirado em projetos da concorrente Ehrhardt Rheinmetall AG, conferia maior mobilidade e robustez, ideais para as operações do Exército Imperial Japonês em terrenos variados da Manchúria e da China. Na fábrica da Krupp em Essen, engenheiros e operários trabalhavam com precisão artesanal, moldando o aço em forjas escaldantes e testando cada componente para garantir durabilidade e desempenho.  Adquiridos as centenas pelo governo do Império do Japão, logo se tornaria  a espinha dorsal de sua artilharia de campanha. Durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937-1945), o canhão foi amplamente utilizado, oferecendo suporte às divisões de infantaria com sua cadência de 15 a 20 disparos por minuto e projéteis de 6,5 kg. Sua mobilidade, garantida pela carruagem tubular, permitia deslocamentos rápidos em terrenos difíceis, enquanto o alcance ampliado era crucial para atingir posições fortificadas. Este modelo seria considerado para exportação há outros países mantendo o calibre 75mm L/30, se tornando um grande sucesso comercial na primeira década do século vinte. 
O Tratado de Versalhes impôs duras sanções à Alemanha, incluindo indenizações financeiras e limites rigorosos à produção industrial. Para a Friedrich Krupp AG, que havia se tornado sinônimo de armamentos desde as guerras prussianas de 1866 e 1870, as restrições foram particularmente severas: a empresa foi proibida de fabricar armas e munições, e a produção de aço foi limitada por cotas máximas. Essas medidas afetaram profundamente os trabalhadores de Essen, que, após anos moldando canhões em forjas escaldantes, enfrentaram a incerteza de um futuro sem a principal atividade da empresa. Para muitos, a transição foi um teste de adaptação, com famílias inteiras dependentes da Krupp para sua subsistência. Sob a liderança de Gustav Krupp, a empresa se reinventou, voltando-se para a produção de ferramentas, máquinas agrícolas e materiais para a indústria de base, como locomotivas e componentes ferroviários. Nas oficinas de Essen, operários que outrora forjavam canhões agora fabricavam arados e peças industriais, mantendo viva a tradição de precisão da Krupp. Esse período de paz forçada foi marcado por um espírito de resiliência, com engenheiros e técnicos buscando soluções inovadoras para sustentar a empresa em um cenário de restrições. A ascensão de Adolf Hitler ao poder em 1933, consolidada em 1934, marcou o início de um ambicioso programa de rearmamento alemão, desafiando as restrições do Tratado de Versalhes. A Friedrich Krupp AG foi convocada a retomar sua produção bélica, reacendendo as forjas de Essen com um novo propósito. Para os trabalhadores, o retorno à fabricação de armas era tanto uma oportunidade de recuperação econômica quanto um lembrete do papel central da Krupp na história militar alemã. Engenheiros, muitos dos quais haviam preservado seus conhecimentos durante o período de restrições, voltaram a projetar canhões e munições, adaptando-se às demandas do regime nazista. Entre os projetos de destaque estava o Schwerer Gustav, um colossal canhão ferroviário de 800 mm, projetado para destruir fortificações massivas. No entanto, o volume de negócios da Krupp concentrou-se em peças de artilharia de médio e leve calibre, mais práticas para produção em massa e uso em campo. Os canhões de campanha de 75 mm, como os modelos Krupp 75 C-26 M e C-28 M, foram desenvolvidos para atender a essas necessidades, com designs simplificados que priorizavam eficiência e baixo custo. Equipados com rodas de madeira para tração animal, esses canhões combinavam mobilidade e robustez, pesando cerca de 1.000 kg e alcançando até 9.000 metros com projéteis de 6,5 kg.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
A artilharia brasileira, enraizada nas lutas coloniais e consolidada após a Independência de 1822, é um pilar da história militar do país, marcada por momentos de bravura, inovação e resiliência. As origens da artilharia brasileira remontam ao período colonial, quando brasileiros se mobilizaram em conflitos como as Batalhas de Guararapes, enfrentando forças holandesas em Pernambuco com táticas rudimentares, mas corajosas. Após a Independência, em 1822, a artilharia de campanha começou a se estruturar como uma arma organizada, ganhando prestígio no Império do Brasil. Diferentemente da infantaria e da cavalaria, que exigiam menos anos de formação, a artilharia demandava treinamento completo na Academia Militar do Império, refletindo sua complexidade técnica. Os artilheiros, muitas vezes jovens oficiais, dedicavam-se a dominar cálculos balísticos e manobras táticas, forjando uma tradição de excelência que marcaria gerações. O auge desse período foi a Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870), onde a artilharia brasileira, sob o comando do Marechal Emílio Luís Mallet, se destacou na Batalha de Tuiuti (1866), a maior batalha campal da América do Sul. Apelidada de “Artilharia Revólver” por sua precisão e rapidez, a força brasileira, protegida por um fosso tático inovador, resistiu a ataques paraguaios com uma determinação eternizada na frase de Mallet: “Eles que venham! Por aqui não passam!”. Nascido na França em 1801 e naturalizado brasileiro, Mallet comandou com destreza, sendo promovido a brigadeiro por mérito e agraciado com o título de Barão de Itapevi em 1878, ascendendo a marechal em 1885. Sua liderança transformou a artilharia em um símbolo de orgulho nacional, inspirando gerações de artilheiros. A influência da Friedrich Krupp AG no Brasil começou em 1872, com a aquisição dos primeiros canhões de campanha de 75 mm, destinados aos Regimentos de Artilharia a Cavalo. Essas peças, fabricadas em Essen, Alemanha, representavam o auge da tecnologia bélica, superando os canhões franceses La Hitte, que até então equipavam o arsenal brasileiro. Na década de 1880, o Exército Imperial recebeu mais três dezenas de canhões Krupp 75 mm Modelo 1895, recomendados pelo Conde d’Eu, Comandante Geral da Artilharia e presidente da Comissão de Melhoramento de Material do Exército. Como genro do Imperador Dom Pedro II, o Conde d’Eu desempenhava um papel central como conselheiro militar, defendendo a superioridade dos canhões alemães, que alcançavam até 12.000 metros, uma melhoria significativa em relação aos modelos anteriores. A adoção em larga escala dos canhões Krupp marcou uma virada na modernização do Exército Brasileiro, recuperando o potencial militar após anos de estagnação. Para os artilheiros, operar essas armas era um desafio que exigia precisão e treinamento. Em exercícios nos campos de treinamento do Rio de Janeiro, equipes de cinco a sete homens carregavam projéteis de 6,5 kg, ajustavam sistemas de mira e disparavam sob o calor carioca, fortalecendo a camaradagem. Ironicamente, os canhões recomendados pelo Conde d’Eu foram usados contra uma rebelião monarquista na Guerra de Canudos (1896-1897), onde provaram sua eficácia em combates reais, apesar das condições adversas do sertão baiano.

No início do século XX, o Exército Brasileiro enfrentava a obsolescência de seus armamentos e doutrinas, um legado das limitações técnicas evidenciadas desde a Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870) e confirmadas na Campanha de Canudos (1896-1897). Os canhões Krupp de 75 mm, adquiridos em 1872 e 1895, embora revolucionários em sua época, não acompanhavam os avanços tecnológicos, como os sistemas de recuo hidropneumático e a maior mobilidade exigidos pela guerra moderna. Sob a liderança visionária dos Marechais João Nepomuceno de Medeiros Mallet, Francisco de Paula Argolo e, sobretudo, Hermes da Fonseca, com o apoio do Barão do Rio Branco, o Brasil empreendeu uma transformação profunda conhecida como Reforma Hermes (1900-1908). A Reforma Hermes envolveu a reestruturação organizacional do Exército, com a divisão do território nacional em 21 regiões para alistamento militar e 13 para inspeção, além da criação e regulamentação do Estado-Maior. Inspirado pelo Exército Prussiano, particularmente pelo modelo de Estado-Maior de Helmuth von Moltke, Hermes defendia publicamente a necessidade de elevar o Exército Brasileiro ao nível das forças germânicas, conhecidas por sua disciplina e tecnologia de ponta. A reforma também revisou o sistema de ensino militar, capacitando oficiais com formação técnica avançada, e priorizou a aquisição de armamentos modernos, especialmente da Alemanha, devido à ausência de uma indústria bélica nacional. Em agosto de 1908, Hermes da Fonseca realizou uma viagem à Alemanha, movido por sua admiração pelo Exército Prussiano e pelo desejo de adquirir conhecimentos técnico-profissionais e equipamentos de ponta. A visita resultou em contratos significativos com empresas alemãs, incluindo a Friedrich Krupp AG, que reforçaram a modernização do Exército Brasileiro. Esses acordos incluíram a aquisição de 400.000 fuzis Mauser de 7 mm para a infantaria, 10.000 lanças Ehrhardt, 20.000 espadas e 10.000 mosquetões para a cavalaria, refletindo a escala da renovação armamentista. Para a artilharia, a Krupp forneceu 27 baterias de canhões de campanha de 75 mm Modelo 1908, seis baterias de canhões de montanha de 75 mm e cinco baterias de obuses de 105 mm. Esses canhões, com sistemas de recuo hidropneumático e alcance de até 9.000 metros (75 mm) e 6.500 metros (105 mm), representavam o auge da tecnologia bélica. O Modelo 1908, já customizado para o Japão como Type 38, era conhecido por sua carruagem tubular, que aumentava a mobilidade, e por sua construção simplificada, ideal para produção em massa. Além disso, foram encomendados canhões Krupp de 305 mm, destinados às torres do Forte de Copacabana, em construção no Rio de Janeiro, então Capital Federal, para fortalecer a defesa costeira. Para os artilheiros brasileiros, operar essas novas armas era um desafio que exigia treinamento intensivo. Em campos de treinamento como os de Valença (RJ) e Rio Pardo (RS), equipes de cinco a sete homens ajustavam sistemas de mira, carregavam projéteis de 6,5 kg (75 mm) ou 15 kg (105 mm) e disparavam sob condições adversas.
Em fins do ano de 1909 seriam recebidos no porto do Rio de Janeiro, um total de cento e setenta canhões  Krupp 75 mm C-26 e C-28 dos modelos 1908 e 1909, sendo logo colocados em imediatamente em serviço. Estas armas de calibre 75mm/L28 apresentavam um alcance de 6.000 metros, disparando projeteis de 5,5 kg (estilhaços 245 balas de 11 gramas) a uma velocidade de 490m/s. Sua guarnição era de nove homens, com o conjunto sendo geralmente tracionados por nove cavalos ou mulas, sua munição composta de 36 granadas era transportada em um um "carro de munição" também fabricado pela Friedrich Krupp AG. O canhão apresentava um peso total de 1.436 kg, o o carro de transporte de munição pesava 1.415 kg totalmente carregado e 792 kg quando vazio. A robustez da construção da arma e sua facilidade de operação e manutenção, agradaria muito os comandantes das unidades de artilharia de campanha. O primeiro emprego real dos novos canhões Krupp 75 mm ocorreria durante a Guerra do Contestado (1912 - 1916), em uma localidade situada entre os estados do Paraná e Santa Catarina. Esta região seria marcada por essas disputas em razão da presença de uma rica floresta e uma grande região dedicada à plantação de erva-mate. Este conflito teria como partes beligerantes posseiros e pequenos proprietários de terras contra os governos dos estados de Santa Catarina e Paraná, além do Governo Federal brasileiro. O palco foi uma região rica em erva-mate e madeira, disputada por ambos os estados e que ficou conhecida como Contestado. Preocupados com a formação de rebeliões, os governos estadual e federal passaram a partir de 1912 a enviar expedições militares contra a população do Quadrado Santo, com unidades de artilharia de campanha sendo muito empregadas em ataques decisivos, com este conflito se estendendo pelo menos o mês de agosto de 1916.   Satisfeitos com os resultados do emprego desta família de canhões, o comando do Exército Brasileiro decidiria por adquirir mais armas de artilharia desta família, assim negociações bilaterais seriam conduzidas entre os governos brasileiro e a alemão. Em agosto de 1913, o seria celebrado um contrato junto a Friedrich Krupp AG, prevendo a aquisição imediata de duzentos canhões de campo de 75 mm, que deveriam ser entregues em até dez meses a partir da assinatura do acordo. A primeira remessa seria realizada dentro do cronograma previsto, pertencendo ao modelo Krupp C-28 1911, e apresentavam como diferença básica em relação à pistola Modelo 1909 ser representada pela maior espessura da culatra com o mecanismo semelhante ao modelo FK 96. Nesta mesma remessa seriam entregues também recebidos canhões de montanha Krupp de  Modelo 24 C14 de 75 mm.
No entanto em julho de 1914 ao eclodir da Primeira Guerra Mundial, pelo menos cento e oito peças destinadas ao contrato brasileiro se encontravam prontas nas instalações do fabricante na cidade de Essen. Porém estas seriam confiscadas arbitrariamente pelo governo alemão, e possivelmente seriam destinadas a equipar as divisões de artilharia no front oriental. Os registros do fabricante classificavam estas peças como pertencentes a versão  Feldkanonen C-30 de 75 mm, um modelo aprimorado, podendo ser este o motivo que levaria a esta decisão de confisco. Durante a segunda metade da década de 1930, o Exército Brasileiro se encontrava em uma situação complicada, pois este era um período sacudido por inúmeros conflitos de ordem regional espalhados no mundo. Olhando o cenário sul-americano, muitos países vizinhos ao Brasil dispunham de equipamentos bélicos superiores, chegando a preocupante definição que nosso país estava completamente despreparado para enfrentar possíveis ameaças externas. Para resolver esta deficiência em 1936 o general Eurico Gaspar Dutra, então Ministro da Guerra, determinou que uma comissão de compras, visitasse na Europa principalmente, vários fabricantes de armamentos, visando assim iniciar um processo de reaparelhamento das Forças Armadas Brasileiras.  Em atendimento a estas demandas, em 25 de março de 1938, seriam assinados diversos contratos com a empresas alemães como a Daimler Benz, Kraus Maffei, Fried Krupp AG. AG Matra Werke, Bussing-NAG, Henschel & Sohn, Car Zeiss e Eletroacoustic GmBh, resultando na compra de uma quantidade substancial de material militar. O fornecedor principal nesta fase, novamente, seria a Fried Krupp AG, se destacando pelo volume de negócios celebrados com esta, assim por este motivo este acordo passaria a ser conhecido como “O Grande Contrato Krupp. Em setembro de 1939 o início da Segunda Guerra Mundial implicaria em bloqueios nas rotas comerciais entre a Alemanha e os demais países, atrasando a entrega dos materiais pertencentes ao contrato brasileiro. O intensificar do conflito na Europa iria interromper de vez o fornecimento de materiais militares previstos neste contrato, com o restante do material estocado sendo absorvido pelas forças armadas alemães. Somente 64 canhões Krupp dos modelos C-26 e C-28 seriam recebidos, incluindo equipamentos de apoio e reboque de munição. Durante o conflito estas armas em conjuntos com outros modelos fabricados pela Fried Krupp AG seriam empregados em diversas manobras e exercícios de defesa equipando os regimentos de artilharia a cavalo. Os canhões Krupp de 75 mm estiveram em ação em quase todos os grandes conflitos regionais ocorridos no país no início do século vinte incluindo as revoluções de 1930, a Constitucionalista de 1932, curiosamente os canhões de 75 mm Krupp (e também Schneider) foram empregados como arma orgânica dos seis trens blindados (TB) denominados TB-1 a TB-6, construídos na Oficinas Ferroviárias. Com a ampliação da motorização do exército, a partir de 1954 uma parte destes canhões mais novos, seriam modernizados nos arsenais de guerra no Rio de Janeiro (RJ) e General Câmara (RS) recebendo novas rodas com pneus no lugar das rodas de madeira passando a dotar vários Grupos de Artilharia de Campanha (GAC) permanecendo em operação até a primeira metade da década de 1980.   

Em Escala:
Diversos modelos e versões dos canhões Krupp 75 mm seriam empregados no Exército Brasileiro  e na Força Publica de São Paulo ao longo dos anos, desta maneira optamos por representar o modelo Krupp 1895 calibre 75 mm do tipo retrocarga. O kit produzido pela empresa Artesania Latina é composto por peças produzidas em madeira, latão e metal, e apresenta nível de detalhamento e acabamento aceitável.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura que pode ter sido empregado nos canhões Krupp 75 mm e demais peças de artilharia de origem alemã, se baseando no esquema adotado no Exército Alemão (Reichswehr) durante a década de 1910. Presume-se desta maneira  que as peças de artilharia pertencentes ao Exército Brasileiro neste período foram repintados neste esquema. Esta tonalidade de pintura representa também as peças preservadas atualmente em museus militares.


Bibliografia: 
- História Militar - http://darozhistoriamilitar.blogspot.com/
- Canhões antiaéreos Krupp 88 mm no EB – Helio Higuchi e Paulo R. Bastos Jr – Tecnologia & Defesa
- Arquivos do Museu Militar de Conde de Linhares – Rio de Janeiro
- Krupp Gun – Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Krupp_gun
- Arquivos do Museu Militar do Comando Sul – Porto Alegre

AS555 F2 Esquilo VH-55 e CH-55

História e Desenvolvimento.
O renascer da indústria de defesa francesa que fora dizimada pela ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial, viria começar a ocorrer logo após o término do conflito, durante o processo de reconstrução da indústria de manufatura nacional. Este movimento levaria além do restabelecimento das tradicionais empresas, o surgimento de novos conglomerados industriais e principalmente produtos de renome mundial, com grande destaque no segmento aeronáutico, onde destacamos a produção de aeronaves de asas rotativas. Além de grandes incentivos e investimentos por parte do governo francês, grande parte do know how foi transferido a partir da produção de aeronaves sob licença de origem norte-americana e britânica, com estes projetos sendo capitaneados pelas empresas Société Nationale de Constructions Aéronautiques du Sud-Quest  (SNCASE) e Société Nationale de Constructions Aéronautiques du Sud-Ouest  (SNCASO). Assim logo em pouco tempo a capacidade da indústria aeronáutica francesa se materializaria no desenvolvimento de diversos projetos nacionais. Desses, de longe o de maior sucesso culminaria no modelo Alouette II, um helicóptero projetado pela Société Nationale de Constructions Aéronautiques du Sud-Quest  (SNCASE), equipado com motor turbo eixo, que faria sua estreia operacional em março de 1955. Este helicoptero e suas versões posteriores se manteriam em produção até o ano de 1975, levando os franceses a conquistar uma significativa parcela do mercado internacional de aeronaves de asas rotativas. Em 1 de março de 1957 estas duas empresas pioneiras, seriam fundidas, formando o grupo  Sud Aviation, um novo movimento deste ocorreria em 1970 quando uma nova fusão de empresas estatais de defesa resultaria na criação da Société Nationale Industrielle Aérospatiale  - Aérospatiale. Apesar da atuação da empresa em campos tão dispares como satélites, mísseis e jatos executivos, o desenvolvimento e a produção de helicópteros ainda permaneceria como o principal sustentáculo financeiro da empresa. De fato, a empresa empenharia consideráveis recursos para desenvolver uma variada família de aeronaves de asas rotativas, principalmente na missão de se desenvolver um sucessor para os consagrados modelos Alouette II e III.

A primeira resposta a esta demanda seria materializada em 1965 na concepção do projeto do modelo anglo-francês Aérospatiale Gazelle, porém o alto custo de aquisição deste helicóptero iria inibir neste momento sua penetração no mercado civil internacional. Assim desta forma, munidos de toda a experiencia obtida no desenvolvimento do Aérospatiale Gazelle, a equipe de projetos da empresa se debruçaria sobre a prancheta de projetos, com o objetivo de conceber uma nova uma nova aeronave de asas rotativas, voltada ao atendimento de exigentes especificações relatadas pelos potenciais usuários, entre estas destacavam reduzidos índices de ruido e vibrações, capacidade de transporte e baixo custo operacional.  Estas premissas seriam fundamentais, pois almejava-se que a nova aeronave fosse extremamente competitiva quando comparado ao seu principal concorrente internacional, o norte-americano Bell 206 Jet Ranger. Assim o projeto final compreendia um helicóptero mono turbo eixo com capacidade para transportar até cinco passageiros e tripulantes, empregando alta tecnologia em termos de avionica e ainda assim apresentar custos de aquisição e operação significativamente mais baixos que o Aérospatiale Gazelle. Ao adaptar os processos de produção empregados na indústria automotiva, incluindo até o uso de componentes comuns em carros da linha Citroen e Renault, o fabricante lançaria mão do novíssimo sistema Starflex para o rotor principal, resultando assim em um eficiente e econômico helicóptero de porte leve capaz de atender as múltiplas tarefas e missões típicas dos setores civil e militar. O primeiro protótipo da aeronave designado como Aérospatiale AS350-001, estava equipado com um motor turbo eixo Lycoming Avco LTS -101 com 592 shp de potência, e realizaria seu voo inaugural em 27 junho de 1974, sendo conduzido pelo piloto de testes Daniel Bernard Certain Bauchart. Os primeiros ensaios em voo seriam realizados e os resultados iniciais apontavam para a baixa potência dos motores norte-americanos, optando assim pela substituição, fazendo uso para isso do motor nacional Turbomeca Arriel 1B que entregava 641 shp desenvolvido especialmente para helicópteros de pequeno porte . O segundo protótipo já equipado com este novo motor alçaria voo em 14 de fevereiro de 1975.
Este protótipo seria extensamente ensaiado em voo, com o projeto passando a receber melhorias, e após a finalização deste programa passaria a ser submetido aos processos de certificação internacional. Em 1977 após a obtenção das devidas certificações, o agora denominado Aérospatiale AS350B Écureuil (Esquilo), seria lançado nos europeus e norte-americanos, passando rapidamente a receber grandes pedidos de compra no final deste mesmo ano. Além de vendas as empresas a Aérospatiale conquistaria grande pedidos governamentais para emprego no segmento policial e de socorro aero médico. O sucesso observado do mercado civil e paramilitar,  motivou a empresa francesa a desenvolver uma versão para o mercado militar, tendo como foco primordial o treinamento e conversão de pilotos, apresentando como missões secundarias transporte VIP (Very Important Person), ligação e observação. Este novo modelo inicialmente passaria a contar com o motor Turbomeca Arriel 1D que entregava uma potência nominal de 684 shp, resultando em um perfil de desempenho ligeiramente superior a versão civil. Os primeiros contratos da versão militar AS350 BB, seriam celebrados com a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) e  com Aviação Leve do Exército Francês (ALATP), sendo empregados no treinamento e formação de pilotos de asas rotativas passando a substituir as primeiras versões do Aérospatiale Gazelle. No entanto seu contrato mais representativo seria firmado com o governo britânico, com a compra de sessenta aeronaves para emprego junto a Defence Helicopter Flying School (Escola de Voo de Helicópteros de Defesa), organização militar destinada a formação conjunta dos pilotos de asas rotativas da Força Aérea Real (Royal Air Force), Exército Real (Royal Army) e Marinha Real (Royal Navy). O quarto cliente militar seria a Marinha do Brasil, com um contrato para a produção sob licença no pais , com um contrato sendo celebrado em  1978. Posteriormente um grande número de helicópteros desta família seriam exportados para emprego em tarefas de treinamento e transporte na Argentina, Arabia Saudita, Botswana, Benin, Burkina Faso, Burundi, Austrália, Canadá, Chile, Camarões, Gabão, Camboja, Paquistão e República Centro-Africana.

Tao logos os protótipos do Aérospatiale AS 350 Ecuriel (Esquilo) iniciariam seu programa de ensaios em voo e certificação, a equipe de projetos do fabricante francês começaria a esboçar o conceito de uma versão desta aeronave de asas rotativas a ser propulsionado por dois motores turbo eixo. O objetivo seria o de atingir este importante nicho de mercado que além um melhor desempenho buscava oferecer a segurança que só uma aeronave bimotora poderia proporcionar. Partindo da célula básica da versão monomotora a nova aeronave seria concebida, com seu primeiro protótipo alçando voo no dia 28 de setembro de 1979. Logo em seguida esta aeronave seria imersa em um amplo programa de ensaios em voo para validação do projeto, resultando assim em pequenas melhorias que seriam logo implementadas. A primeira versão de produção denominada como AS-355E Ecureuil 2 ou Twin Squirrel (nome comercial para o mercado norte-americano), estava equipada com dois motores turbo eixo Allison 250-C20F desenvolvendo 420 shp cada, e fazia uso de um sistema hidráulico de controle simples. A segunda versão de produção em série designada como AS-355F passava a apresentar um duplo sistema hidráulico de controle, no intuito de melhorar o desempenho e segurança em voo. Ao final década de 1980, a família de helicópteros AS350B e AS355B já era um grande sucesso comercial, operando em vários países tanto no mercado civil como no militar, e o grande número de aeronaves disponíveis cada vez mais impactava positivamente na cadeia de custos de peças de reposiçao e processos de manutenção, o que valorizava cada vez mais o emprego do modelo. Neste momento a diretoria da empresa vislumbraria um grande mercado potencial para o uso militar da aeronave, agora passando a ser dedicada a missões mais especializadas, entre elas ataque a solo, apoio aproximado, patrulha marítima, guerra antissubmarino (ASW), ataque anti-superficie (ASM) e busca e salvamento de combate (Combat-SAR). Duas células das versões civis das aeronaves mono e bi turbina seriam empregadas para o desenvolvimento, sendo acrescidos reforços estruturais, blindagem para o grupo motriz e para os tripulantes (piso e assentos blindados), nova avionica embarcada mais adequada a missões de combate, preparação para instalação de sistemas de imageamento diurno e noturno, óculos de visão noturna (OVN/NVG) e dispositivos de defesa passiva, porém  uma das melhorias mais importantes seria a troca da motorização original por um novo motor Turbomeca Arriel 2B turboshaft com 847 hp. Em termo de pacotes de armas ambas as versões poderiam ser equipadas com um canhão automático de 20 mm Giat M621, casulos com metralhadoras FN Herstal de calibre 7,62 mm ou 12,7 mm, lançadores de foguetes não guiados com sete de 70 mm ou doze de 68 mm e misseis antitanque norte-americanos TOW BGM-71. 
Em termos de performance a versão bimotora, tornaria a aeronave ideal  para o emprego em missões de busca e salvamento, patrulha e esclarecimento marítimo, entre outras que necessitassem exigir um maior nível confiabilidade em termos de operacionalidade , porém este modelo nunca conseguiu desenvolver um volume de vendas semelhante a versão monomotora. Em 1 de janeiro de 1990, a Aérospatiale mudaria o sistema de designação de produção, com aeronaves militares passando a ser identificadas pelo número, assim o modelo monomotor AS350 tornar-se-ia o AS550, e o bimotor AS355 se tornaria o AS555, com estas aeronaves passando a ser oferecidas no mercado internacional de defesa. Em 1992 um processo de fusão englobaria as divisões de produção de aeronaves de asas rotativas das empresas Aérospatiale e Messerschmitt-Bölkow-Blohm, nascendo assim a European Aeronautic Defence and Space Company (EADS), que renomearia esta família de helicópteros militares como Fennec, distinguindo assim da versão civil Écureuil (Esquilo). Os modelos militares estariam dispostos nas versões AS50 C2 Fennec, AS550 U2 Fennec e AS550 C3 Fennec. Os primeiros contratos de exportação seriam celebrados ainda no ano de 1990, envolvendo entregas para as forças armadas da França, Argentina, Brasil, Colômbia, Argélia, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Malásia, México, Singapura, Paquistao, Uberquistao e China (versão produzida localmente do Z-11). Esta família de aeronaves designada comercialmente em 2005 como H125, permanece em produção contínua pela Airbus Helicopters até os dias atuais, acumulando mais de três mil e setecentas células entregues ao mercado civil forças de segurança e também mais de quarenta forças armadas militares ao redor do mundo. Apesar da idade das aeronaves, constantes programas de retrofit estrutural e modernizações garantem que esta família de aeronaves de asas rotativas ainda se manterá na ativa por mais pelo menos  vinte e cinco anos neste século.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras
A carreira dos helicópteros Helibras Esquilo,  nas forças armadas brasileiras, tem início em fins da década de 1970 quando o comando da Aviaçao Naval da Marinha do Brasil iniciou estudos visando a aquisição de aeronaves rotativas de porte leve para emprego em tarefas utilitárias, visando assim aumentar sua frota que neste momento era composta pelos modelos Westland SH-2 Wasp e Bell UH-6 e IH6 Jet Ranger. Uma concorrência internacional seria lançada no início do ano de 1978, com diversas propostas sendo apresentadas, curiosamente o uma das mais interessantes se baseava na produção sob licença pela Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A - Embraer do modelo Aérospatiale Gazelle. No entanto avaliações de ordem técnica indicavam que as linhas de montagem do fabricante estatal e seus processos não seriam adequadas a produção de helicópteros. Neste interim o Instituto de Fomento Industrial do Centro de Tecnologia da Aeronáutica (CTA) em conjunto com a Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM) passariam a estabelecer contatos com diversos fabricantes de helicópteros, solicitando-os a apresentar propostas para produção no Brasil, formando assim uma parceria com o governo brasileiro para o estabelecimento de uma planta industrial no pais. Entres as empresas interessadas a francesa Aérospatiale demonstraria maior iniciativa, propondo inicialmente a produção de uma versão customizada do AS-315B Lama, que seria logo descartada em detrimento a escolha do modelo mais recente o AS-350 Écureuil. Negociações seriam conduzidas entre o governo federal e a empresa, resultando em abril do ano de 1978 em um acordo para a formação de uma estatal de capital misto para produção de helicópteros no pais, seria assim então constituída a Helicópteros do Brasil S/A - Helibras , uma empresa formada com 45% de capital da Aérospatiale e 55% de capital brasileiro, tendo sua planta fabril se estabelecido na cidade de Itajubá no interior do estado de Minas Gerais. Assim podemos considerar que o Ministério da Marinha do Brasil foi um dos principais impulsionadores da iniciativa de estabelecimento da produção nacional de helicópteros, representando assim um dos primeiros clientes de peso da empesa. Este apoio seria concretizado, com a assinatura em 30 de março de 1979, de um contrato de fornecimento de seis células do modelo Aerospatiale AS350B Écuriel, que no Brasil receberia a designação comercial de Helibras HB-350B Esquilo.

Este contrato previa que a primeira célula deveria ser produzida nas instalações da Aérospatiale na cidade de Marignane, na França, mesmo em virtude que a linha de produção da Helibras S/A ainda não havia sido finalizada. A primeira aeronave, agora designada militarmente com UH-12 e portando a matrícula N-7051, após testes de voo seria entregue oficialmente a representantes da Marinha do Brasil maio de 1979. Esta aeronave seria desmontada e transportada por via aérea ao Brasil em junho de 1979, sendo recebida por oficiais do Grupo de Fiscalização e Recebimento de Helicópteros (GFRH) no aeroporto de Viracopos, em Campinas no interior do estado de São Paulo. Deste local, a aeronave seria transportada por via terrestre até o Centro de Tecnologia da Aeronáutica (CTA) em São José dos Campos (onde funcionavam as instalações provisórias da Helibras), sendo então montada por técnicos da Helibras S/A e da Aérospatiale. Estas aeronaves pertencentes ao  1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (UH1) gradativamente entrariam na exigente rotina daquela unidade aérea. Na primeira metade da década de 1980 apesar de já operar com uma frota razoável destas aeronaves, o comando da Aviação Naval identificaria a necessidade de aquisição de aeronaves de asas rotativas bimotoras, para o uso em tarefas de transporte e emprego geral.  Esta decisão visava sanar as deficiências de potenciais apresentadas pelos Westland UH-2 Wasp e Helibras UH-12 Esquilo, principalmente na execução das missões pertinentes ao Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), onde as inóspitas condições ambientais e meteorológicas exigiam em termos de segurança o emprego de uma  aeronave bimotora. Com base nesta demanda a Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), passaria a examinar as alternativas existentes no mercado, este estudo transcorria em paralelo com um processo de aquisição para um lote de helicópteros de transporte de médio porte, e neste processo seria concedia a preferência pela proposta comercial e técnica que pudesse oferecer um pacote completo de soluções para o atendimento desta demandas.
Em setembro de 1984 seria apresentado pela Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), um relatório final que indicava como preferencial a proposta apresentada pela empresa francesa Aeropastiale, que oferecia o modelo AS332 Super Puma na categoria de transporte médio e o AS355 F2 Ecureuil 2 como a proposta para a aeronave bimotora. As negociações com o fabricante resultariam na assinatura de um contrato em março de 1985 para a aquisição de um lote de helicópteros seis AS332 Super Puma e onze AS355 F2 Ecureuil 2, que deveriam ser entregues equipadas com uma moderna aviônica, incluindo o  radar meteorológico Bendix 1400C e avançados sistemas de rádio VHF/UHF e AM/FM AN/ARC-182. O primeiro AS355 F2 já designado na aviação naval como UH-13 seria recebido nas instalações do fabricante em Marignane (França) em agosto de 1986, e entregues para inspeção pelo Grupo de Fiscalização e Recebimento de Helicópteros (GFRH).  Posteriormente as células seriam enviadas ao Brasil por via naval, onde seriam transportados até a Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia, sendo então montados por técnicos da Helibras e HU-1. Todas as onze aeronaves foram declaradas operacionais em fins de junho de 1987.  Apesar da perda de um UH-13 envolvido em um acidente na lagoa de Ararauma – RJ em agosto do mesmo ano, pode se considerar que o novo modelo se adaptou plenamente as missões da unidade. Sua primeira missão no continente gelado ocorreu durante a Operação Antártica IV, quando os UH-13 operaram embarcados nos navios H-42 Barão de Teffé e H-44 Ary Rangel H. Ao longo de sua carreira os Esquilos birreatores também seriam empregados em missões de apoio a Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) nos mais variados pontos do território nacional. A aeronave passou também a executar tarefas de busca e salvamento, remoção aero médica, transporte logístico. Na década de 1990 em função do programa de modernização dos helicópteros Westland SAH-11 Sea Lynx, os UH-13 foram temporariamente embarcados nas fragatas da classe Niterói atuando em missões de esclarecimento marítimo e a observação de tiro dos navios. Em dezembro de 1989 um segundo UH-13 foi perdido em um acidente, porém anos mais tarde esta célula seria reconstruída nas instalações da Helibras em Itajubá (MG) e entregue ao 1 º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral como um UH-12 (HB350 BA). Uma outra aeronave o UH-13  de matricula MB 7061 seria doada a Armada Nacional Uruguaia em 8 de dezembro de 2005.

Tendo em vista o êxito na operação dos Helibras UH-13 pela Marinha do Brasil, em 1986 o  Ministério da Aeronáutica (MAer) passaria a negociar junto ao fabricante francês Aérospatiale um acordo de aquisição de lote  helicópteros AS355F2 que deveriam ser montados no Brasil pela Helibras S/A. Este processo culminaria em um contrato para a compra de dez células deste modelo, com duas células sendo configuradas na versão de transporte VIP (very Important person) que foram designadas como VH-55 com as matrículas “FAB 8818 a 8819”, já as demais seriam empregadas em tarefas de transporte e emprego geral passando a receber a designação de CH-55 e as matrículas “FAB 8810 a 8817”. Estas últimas aeronaves podiam ser equipadas com uma variada gama sistemas ofensivos e defensivos como casulos de metralhadoras FN Herstal   de calibre 12,7 mm, lançadores de foguetes não guiados de fabricação nacional Avibras SBAT 70/7 e metralhadoras laterais instaladas nas portas. Os oito Helibras CH-55 por contarem com dois motores e com capacidade de voo por instrumentos (IFR) seriam alocados junto ao 7º/8º Grupo de Aviação – Esquadrão Harpia , sediado na Base Aérea de Manaus (AM), onde passariam a cumprir missões de emprego geral na região amazônica, em complemento aos CH-34 Super Puma. Visando ampliar o número de base de aeronaves de asas rotativas, uma esquadrilha do Esquadrão Harpia seria  transferida para a Base Aérea de Belém (PA). Posteriormente estas aeronaves também seria provisoriamente empregadas no processo de reativação do 1º/8º Grupo de Aviação - Esquadrão Falcão, até sua substituição pelos Bell UH-1H em 1997. Infelizmente durante o período de operação na região amazônica, cinco Helibras CH-55 Esquilo seriam perdidos e acidentes aéreos, inviabilizando assim sua permanência como uma unidade aérea operacional. Das três aeronaves restantes, os CH-55 FAB 8811 e 8816 acabariam sendo transferidos para o Grupo de Ensaios e Voo (GEEV) baseado na cidade de São José dos campos, já o CH-55  FAB 8810 que já não apresentava mais condições de voo seria estocado no Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMAAF).
Já as duas células configuradas para transporte executivo – VIP (very Important person) Helibras VH-55 “FAB 8818 a 8819”, seriam alocadas no 3º Esquadrão do Grupo de Transporte Especial (GTE), passando a atender a partir de 12 de dezembro de 1988 ao transporte do Presidente da República de funcionários federais de primeiro escalão em deslocamentos rotineiros nas regiões próximas ao Distrito Federal na capital do país. Porém estas aeronaves teriam uma carreira efêmera neste esquadrão, sendo retiradas desta operação em 4 de março de 1989, sendo substituídos pelos novos Eurocopter EC-135 Colibri – VH-35. Neste momento os dois Helibras VH-55 seriam transferidos para a Base Aérea dos Afonsos (BAAF) se juntado a frota do 3º/8º Grupo de Aviação – Esquadrão Puma, onde se manteriam em operação até o mês de fevereiro de 2010. A seguir estes helicópteros seriam transladados a cidade de São José dos Campos para o emprego junto ao Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV), e novamente apresentariam um leve passagem operacional por esta organização. Em 2012 estas aeronaves passariam a ser estocadas juntamente com outras duas células do mesmo modelo no Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMAAF), onde seriam posteriormente revisadas, colocadas em condições de voo e doadas ao Governo do Estado do Rio de Janeiro para o emprego pela Secretaria de Segurança do Estado, onde continuam em operação até os dias atuais.

Em Escala.
Para representarmos o Helibras UH-13 “MB 7065“ empregamos um modelo artesanal confeccionado em resina (ver review completo) que apresenta uma das versões do AS355  Twin Squirrel na escala 1/48 (ou 1/50 como aparenta ser) sendo o mesmo derivado do kit original da Heller. Para adequação a versão operada pela Aviaçao Naval da Marinha do Brasil,  procedemos a alteração dos exaustores laterais das turbinas incluindo também dois na parte superior da aeronave, também substituímos os esquis de pouso, pelos contidos no modelo original da Heller. Empregamos decais confeccionados pela FCM Decais presentes no set 48/07B, efetuando a alteração dos numerais de matrícula por decais originários de outros sets.

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo e atual padrão de pintura empregado nas aeronaves Helibras UH-13 Esquilo em operação na Marinha Brasileira, porém estas marcações de alta visibilidade em laranja são empregadas ocasionalmente em células destinadas a operação no PROANTAR (Programa Antártico Brasileiro). As células utilizadas pela Força Aérea Brasileira  na versão CH-55 operaram com o padrão de pintura tático em tons de verde, já os  VH-55 empregaram o esquema de pintura das aeronaves executivo  do Grupo de Transporte Especial (GTE).


Bibliografia :

- Eurocopter AS 355  Wikipédia - http://en.wikipedia.org/wiki/Eurocopter_AS355
- O Tudão Esquadrão HU-1 – Revista Força Aérea Nº 70
Aeronaves Militares Brasileiras 1916 / 2015  - Jackson Flores Jr