M-26 e M-25 Dragon Wagon no Brasil

História e Desenvolvimento.
Em setembro de 1939 o eclodir da Segunda Guerra Mundial iria descortinar uma realidade no campo de batalha, o da campanha mecanizada altamente móvel, empregando principalmente em larga escala o enfrentamento de carros de combate. Neste contexto, os observadores militares do Exército dos Estados Unidos (US Army) passariam a acompanhar de perto o desempenho dos blindados britânicos do Exército Real (Royal Army) na campanha do deserto na África do Norte. Uma das principais observações levantadas apontavam a falta de veículo especializado de socorro capaz de recuperar e transportar os carros de combate blindados imobilizados, seja por combate, seja por problemas mecânicos. A ausência deste tipo específico de viatura ocasionaria como consequência a perda desnecessária de numerosos carros de combate que tiveram de ser desnecessariamente deixados para trás ou destruídos por suas próprias equipagens para não caírem em mãos inimigas. Uma solução a esta demanda passaria a ser estudada pelos militares norte-americanos, envolvendo o desenvolvimento de um veículo sob rodas, que deveria ser apto a operar em qualquer terreno, capaz de transportar ou tracionar todos os blindados com peso de até quarenta toneladas em uso nas forças armadas até aquele momento, e, em particular, os carros de combate médios M-4 Sherman. Em meados de 1942, uma concorrência seria aberta, com várias empresas do segmento automotivo e de construção de máquinas pesadas para mineração sendo convidadas a participar deste processo. Diversas propostas seriam apresentadas, se destacando o projeto apresentado pela Knuckey Truck Company de San Francisco. Esta empresa detinha muita experiência no desenvolvimento e construção de caminhões pesados. Em testes comparativos seus concorrentes apresentariam diversas falhas em campo, com seu modelo se mostrando muito superior. O principal diferencial da proposta da Knuckey Truck Company  estava baseado no fato de seu modelo contar com um sistema de ransmissão por corrente dupla nos eixos traseiros. Curiosamente, pressões políticas e um forte lobby com interesses escusos, levariam esta empresa a não receber o contrato de produção, com seu projeto recebendo a chancela de “Segurança Nacional” o mesmo seria legalmente apropriado e direcionado a outro fabricante. 

Contando com grande influência junto aos congressistas, a empresa Pacific Car and Foundry Company de Seattle, Washington, acabaria por receber os contratos de produçao sobre o projeto da Knuckey Truck Company. Os primeiros veículos denominados pelo fabricante como TR-1seriam entregues as unidades operativas do Exército dos Estados Unidos (US Army) a partir de julho de 1942. O conceito de aplicação em campo consistiria no trator sob rodas com tração integral 6X6, designado oficialmente como M-26, operando em conjunto com a carreta M-15 (produzido pela empresa Fruehauf A Trailer Corporation). A conjunção destes dois equipamentos receberia no inventário do exército, a designação de M-25. Devido à sua finalidade operacional e ao seu tamanho imponente (17,48 metros de comprimento), seria popularmente conhecido pelo apelido de "Carroça do Dragão" (Dragon Wagon). O cavalo mecânico estava equipado com uma cabine levemente blindada ( 16 mm a frente e aos lados e 6,4 mm na traseira), eficiente contra o fogo de armas leves e estilhaços de artilharia, que podia transportar com segurança sua tripulação de até sete homens. Seu grupo propulsor podia ser composto pelos robustos motores a gasolina TM 9-1767A ou Hall-Scott 440, ambos com 6 cilindros em linha de 17,86 litros, que produziam cerca de 240 cv em potência máxima (motores projeto marítimos produzidos desde o início da década de 1930, sendo comprovadamente eficientes e de baixa manutenção). Estes operariam em conjunto com uma transmissão automática com quatro marchas à frente e uma ré, atingindo pouco mais de 40 km/h em estradas pavimentas e cerva de 19 km/h em ambiente fora de estrada (off-road).  Apesar de serem empregados mais habitualmente na configuração M-26 para o transporte sobre a prancha de veículos pesados, o M-25 estava equipado com três guinchos hidráulicos, um posicionado à frente, sob o para-choques e ancorado no chassi, que tinham a capacidade de tracionar veículos de até dezoito toneladas.   

Apesar de prover o transporte dos veículos pesados avariados em combate o com problemas técnicos da linha de frente para a retaguarda, o principal objetivo do conjunto M-26 Dragon Wagon  era o de tentar recuperar in loco os carros de combate, e para isso contavam com um amplo leque de ferramentas destinadas a esta missão, incluindo equipamento completo de soldagem, compressor de ar, correntes, cabos de reboque, polias hidráulicas de dez e vinte toneladas e outros acessórios adequados à tarefa de recuperar blindados em campo. Esta suíte de ferramentas podia ainda receber a opção de instalação de um pequeno guindaste na parte traseira da cabine com a finalidade de levantar cargas leves, ou para mudar uma roda. Além disso, na parte traseira, havia uma estrutura dobrável em forma de "A "que podia ser erguida e travada em diferentes posições para facilitar o arraste dos veículos a serem recuperados. Muitas vezes estas missões de socorro poderiam se dar em zonas de conflagração com alto risco, e para autodefesa o M-26 Dragon Wagon dispunha de uma escotilha no teto da cabine com anel deslizante no qual uma metralhadora Browning calibre .50 podia ser instalada. Além disso, a tripulação dispunha de um kit de armamento pessoal como metralhadoras Thompson, carabinas M-1, pistolas, granadas de mão e sinalizadores. Os primeiros M-25 e M-26 Dragon Wagons começariam a ser destacados para o teatro de operações na Europa em maio de 1943 principalmente no teatro italiano, passando a executar com maestria a missão para qual foram desenvolvidos. Curiosamente ao contrário do esperado, observou-se que estes veículos de socorro acabariam não sendo frequentemente utilizados em operações de recuperação durante o calor da batalha, o que tornava complemetamente desnecessária a ampla blindagem de cabine empregada. Assim a este sistema acabaria por ser suprimido na nova versão M-26A1, reduzindo além do peso total, o seu custo de produção final. 

Seu maior emprego no teatro de operações europeu se daria partir dos dias em que seguiram os desembarques da Operaçao Overload na invasão aliada no continente, avançando em conjunto com as divisões blindadas do Exército dos Estados Unidos (US Army) no interior da França, Holanda e Bélgica. Neste cenário teriam um extenso emprego, principalmente em face do alto número de carros de combate M-4 Sherman avariados em batalha contra os modelos superiores do Exército Alemão (Wehrmacht). Vale salientar que os índices de disponibilidade da frota de de carros de combate aliados neste cenário seriam amplamente influenciadas pela pronta resposta em missões de recuperação pelos M-25 Dragon Wagon. Curiosamente registros fotográficos apresentam diversas ocasiões em que estes veículos foram empregados para transportar para as linhas de retaguarda, inúmeros carros blindados alemães capturados a fim se serem enviados para os Estados Unidos e Grã-Bretanha para avaliação de desempenho, visando descobrir fortalezas e fraquezas de seus projetos. Algumas poucas dezenas de veículos do modelo M-25 Dragon Wagon seriam empregados no teatro de operações no pacífico, com destaque durante a Batalha de Okinawa em 1945 (abril-junho). Próximo ao término do conflito, a introdução em serviço no Exército dos Estados Unidos (US Army) de carros de combate com peso de deslocamento superior ao M-4 Sherman, levariam a necessidade de adaptação principalmente da carreta, nascendo assim a versão M-15A1 que expandia a capacidade de transporte para veículos com peso igual ao novo carro de combate M-26 Pershing. O eclodir da Guerra da Coreia (1950-1953) levaria os caminhões M-25 e M-26 Dragon Wagon, a atuar novamente em um cenário de conflagração real, quando seriam deslocados para este teatro de operações. Novamente a introdução de carros de combate mais pesados, levaria a necessidade de melhorias na motorização dos M-26, e a criação de uma nova versão da carreta (trailer) que receberia a designação de M-15A2. 

O M-26 Dragon Wagon continuaria em uso no Exército dos Estados Unidos (US Army) até meados do ano de 1955, quando passariam a ser substituídos novos caminhões semi tratores sob rodas  Mack M- 123 e  Mack M-125 com tração 6X6 de dez toneladas. Curiosamente as antigas carretas (trailer) M-15A2 passariam a operar com estes novos veículos se mantendo em uso ativo até o início da década de 1970, sendo empregado inclusive na Guerra do Vietnã. Com sua retirada do serviço ativo, muitas unidades remanescentes em bom estado de conservação, passariam a ser comercializadas no mercado civil, sendo empregados em tarefas de reboque de veículos pesados em áreas de dificil acesso e trânsito, principalmente em tarefas de reboque de vagões de trem. No entanto seu emprego comercial em rodovias era proibido devido a sua velocidade máxima ser inferior a 50 km/h.  Algumas unidades seriam empregas pela NASA (Administração Nacional do Espaço), transportando conjuntos dos foguetes Saturno durante o programa Apollo. Ao todo até o ano e 1945 seriam produzidos dois mil e cem veículos da família M-26 Dragon Wagon. Algumas dezenas seriam cedidos nos vantajosos termos de programas de ajuda militar a paises como França, Japão, Grã-Bretanha, Brasil, França e Iugoslávia, permanencendo em uso até meados da década de 1970. 

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário demandaria logo sem seguida a um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência tanto em termos de equipamentos, armamentos e principalmente doutrina operacional militar. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil e militar que se apresentavam no vasto litoral do país. 

Entre os anos de 1942 a 1945, o Exército Brasileiro viria a receber nos termos deste acordo, mais de seiscentos modernos carros de combate divididos entre os modelos M-3 Lee, M-3/A1 Stuart e M-4 Sherman. O contínuo emprego destes meios em conjunto com veículos blindados de transporte de tropas, resultariam nos primeiros passos para o o domínio de uma operação efetiva no país de carros de combate. Ocorre, no entanto, que por fatores não divulgados o Exército Brasileiro, jamais receberia neste período, qualquer quantidade de veículos de socorro sobre rodas ou sob esteiras especializados em tarefas de recuperação e transporte de blindados de combate deste porte, como os porte como os M-32 Sherman, M-31B1 Lee ou M-25 Dragon Wagon. Dispondo e operando uma grande frota de carros de combate, a frota de carros de combate brasileira, seria ao longo dos anos acometidas de muito incidentes e falhas mecânicas, quando do emprego em exercícios operacionais em terrenos irregulares e trajetos fora de estrada. Nestas ocorrências, caso não houvesse a a viabilidade do reparo no local devido ao nível da falha mecânica, se fazia necessário remover o carro de combate e transportá-lo até os locais específicos para manutenção. É fato afirmar que sem dispor de veículos de socorro especializados, geralmente estas tarefas representavam desafios hercúleos, levando assim os mecânicos e o corpo de engenheiros a fazer uso de uso de soluções improvisadas, como emprego de carros de combate similares, ou ainda empregar os robustos tratores Minneapolis Moline GTX 147 G-641. Estas soluções paliativas, apesar de lograram relativo êxito, demandavam um tempo de execução muito alto, criando frequentes problemas de indisponibilidade continuada dos carros de combate envolvidos, principalmente se estes fossem dos modelos M-3 Lee e M-4 Sherman que apresentavam um peso de deslocamento superior aos usuais carros de combate leves M-3 Stuart (que compunham naquele período o esteio da frota de carros blindados). 
Já o transporte por via rodoviária em termos práticos, quando em operações de deslocamento da frota com maior rapidez, se mostraria algo praticamente impossível, pois não havia disponíveis caminhões ou pranchas rodoviárias adequadas, e em número suficiente para o emprego neste tipo de missão. Neste contexto na busca de atendimento destas demandas, seriam realizados alguns experimentos, fazendo uso de poucos Tratores sobre Cavalo Mecânico Emprego Geral de oito toneladas (VTTNE) dos modelos Corbitt-White G-512 Model 50SD6 e Diamond T-980 conjugados com carretas produzidas localmente para o transporte de carros de combate, se limitando, porém, a operação com os carros leves M-3 e M-3A1 Stuart.  Até o final da Segunda Guerra Mundial, o Exército Brasileiro viria a receber mais veículos militares nos termos do Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), porém curiosamente nenhum veículo especializado de grande porte, capaz de recuperar e transportar os carros de combate blindados imobilizados. Infelizmente durante os anos seguintes a Força Terrestre não teria esta deficiência atendida, gerando uma grande lacuna na doutrina operacional de recuperação e manutenção de carros de combate com eficiência. No final da década de 1940, os Batalhões de Carros de Combate (BCC), começaram a registrar vários eventos recorrentes de quebra em campo de seus carros de combate, mais notadamente relacionados a frota de carros M4 Sherman, criando como no passado, uma série de transtornos operacionais para sua remoção e transporte até os pontos de manutenção. Ao longo dos anos seguintes estas ocorrências se tornariam mais e mais frequentes devido ao fator de envelhecimento da frota de carros de combate do Exército Brasileiro.   

Com esta demanda se tornando cada mais emergencial, a direção da Escola de Motomecanização (EsMM) no Rio de Janeiro, começaria a desenvolver estudos visando solicitar ao Ministério do Exército a disponibilização de pelo menos o mínimo necessário em termos de equipamento, para assim iniciar o desenvolvimento da doutrina operacional de recuperação e transporte de carros de combate em campo. A oportunidade de ser atender a esta importante demanda começaria a se materializar no início da década de 1950, quando o governo brasileiro fazendo uso dos termos do programa de ajuda militar norte-americano MAP (Militay Assistence Program – Programa de Assistência Militar) iniciou um gradual processo de ampliação e modernização de suas forças armadas. Neste primeiro estágio, o Exército Brasileira seria beneficiado com o recebimento de trinta carros de combate M-4 Sherman, juntamente com cinquenta motores radiais de reposição. O pacote abrangeria também uma limitada quantidade de veiculos e apoio e socorro em campo de carros de combate, incluindo um M-32 Recovery Vehicle, três M7-4 Recovery Vehicle, um M-39 (para transporte da equipe de manutenção) e por fim um conjunto M-25 Dragon Wagon (composto por um cavalo mecânico sobre rodas M-26 e uma carreta M15A1).  Tanto o M-26 quanto a prancha rodoviária M-15A1 recebidos, eram oriundos dos estoques do Exército dos Estados Unidos (US Army), representando a primeira versao deste conjunto a entrar em operaçao durante a Segunda Guerra Mundial. Não existem registros oficiais quanto a operação do único M-25 Dragon Wagon no Brasil, mas acredita-se que tenha sido mantido na Escola de Motomecanização (EsMM) durante sua carreira operacional, infelizmente não existem dados sobre e quando o cavalo mecânico e a carreta foram retirados do serviço ativo. 
Apesar de sua breve carreira no Exército Brasileiro, o emprego do "conjunto" M-25 Dragon Wagon, acabaria por fornecer subsídios para o desenvolvimento de veículos de produção nacional destinados a esta tarefa, a exemplo dos modelos FNM D-11000 e Scania 110 Super 6x6 17 toneladas (militarizado pela Engesa S/A). Quanto ao destino final do M-26 Dragon Wagon brasileiro, pairam diversos mistérios, com sua última aparição registrada como parte do acervo do Museu do Forte Copacabana no Rio de Janeiro, infelizmente acabaria por ser removido juntamente com outros veículos em fins da década de 1970. Especula-se que o M-26 foi levado para as instalações da empresa Avibras S/A na cidade de Sao José dos Campos - SP, a fim de ser empregado como objeto de estudo no desenvolvimento da carroceria e cabine blindada do veículo lançador do sistema de foguetes Astros II. Porém também não podemos descartar o fato de ter sido vendido como sucata ou ainda repousar perdido em alguma unidade do Exército Brasileiro. Quanto a prancha rodoviária M-15A1 existem informações que a mesma é parte integrante do acervo do Museu Militar Brasileiro na cidade de Panambi, no interior do estado do Rio Grande do Sul. 

Em Escala.
Para representarmos o M-26 Dragon Wagon “EB30-120” pertencente a Escola de Motomecanização (EsMM), empregamos o excelente kit produzido pela Tamiya na escala 1/35.  Modelo este que apresenta um excelente nível de detalhamento e grande quantidade de acessórios. Empregamos decais confeccionados pela decais Eletric Products pertencentes ao set  "Exército Brasileiro - Veículos Militares Brasileiros 1944 - 1982 ".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático do Exército dos Estados Unidos (US Army),  aplicado durante a Segunda Guerra Mundial, recebendo como alteração somente as marcações nacionais. Durante toda sua carreira o M-26 Dragon Wagon ostentaria este padrão com suas últimas fotos coloridas realizadas no Museu do Forte Copacabana na década de 1970, atestando esta informação.

 




Bibliografia : 

- M-26 Tank Transporter – Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/M25_Tank_Transporter 

- M2-6 Dragon Wagon Walk Around – David Doyle 

- Veiculos Militares  do Brasil – EB e CFN https://www.facebook.com/groups/blindadosbrasil  

Spad XIII na Aviação Militar

História e Desenvolvimento.
A empresa francesa SPAD (Société Pour L'Aviation et ses Dérivés), foi criada em 1911 como Aéroplanes Deperdussin, tornando-se a Société de Produção des Aéroplanes Deperdussin no ano seguinte. Seu fundador Armand Deperdussin iniciou sua vida profissional como vendedor ambulante e cantor de cabaré nas cidades de Liège e Bruxelas, seu viés comercial iria lhe trazer no futuro uma grande fortuna no negócio da seda.  Deperdussin tornou-se fascinado pela aviação em 1908, decidindo assim a partir do ano seguinte investir no segmento de aeronaves, contratando para isso o engenheiro Louis Béchereau para atuar como diretor técnico. Béchereau seria responsável pelos projetos de várias aeronaves, entre estas o Deperdussin TT que se mostrou como foi um considerável sucesso de exportação, com sessenta e três sendo construídos pela empresa Lebedev na Rússia e outros em Highgate, em Londres, pela British Deperdussin Company. A partir de 1911, a empresa passou a produzir aeronaves em uma nova fábrica em Grenelle, nos subúrbios de Paris. Porém em 1913 seu fundador seria preso por fraude fiscal e financeira o que levaria a paralização das atividades. Armand Deperdussin , apesar apresentar de aguerrida defesa jurídica acabou sendo condenado, isto lhe traria um grande impacto em sua saúde mental, o que o motivaria a tirar sua própria vida. Com o financiamento desonrado e seu fundador preso a empresa foi paralisada, ameaçando assim futuro desta empresa. Detentora de um grande potencial tecnológico, o espolio da empresa passou a ser disputado por várias empresas nacionais, com um consórcio liderado por Louis Blériot arrematando os ativos da empresa em 1913, passando a reorganizar a empresa como Société Pour L'Aviation et ses Dérivés, mantendo a sigla SPAD.

Os primeiros projetos Béchereau-SPAD foram representados por aviões biplanos incomuns de dois lugares com o piloto instalado logo atrás das asas, como em um projeto convencional, enquanto o observador - artilheiro estava sentado em uma nacele, ou púlpito, em frente à hélice, conjunto este afixado no trem de pouso. Este projeto conceitual foi implementado na série SPAD A, nos modelos S.A.1, S.A.2, S.A.3 e S.A4, sendo exportado em pequenos lotes para a arma aérea francesa (principalmente S.A.2) e russa (principalmente S.A.4). No entanto a disponibilidade do novo caça Nieuport 11 e o desenvolvimento subsequente de um sincronizador eficaz de metralhadoras pelos franceses tornaram esta configuração incomum rapidamente obsoleta. Nesta fase da construção aeronáutica, o desempenho nos primeiros projetos de aeronaves dependia diretamente dos motores, ciente deste cenário o designer suíço Marc Birkigt estudou o desenvolvimento de um grupo propulsor aeronáutico com base no motor automotivo Hispano-Suiza V8, resultando em conjunto de 330 libras capaz de produzir 140 cv a 1.400 rpm, no ano seguinte um refinamento trouxe a potência para 150 cv. Dado o potencial do motor, as autoridades francesas ordenaram que a produção fosse configurada o mais rápido possível e chamaram os projetistas de aeronaves para criar um novo caça de alto desempenho em torno do motor, chamado Hispano-Suiza 8A. Assim Louis Béchereau, rapidamente produziu desenhos para um protótipo de caça equipado com o novo motor, gerando assim o modelo SPAD V, que era uma versão menor do SPAD S.A de dois lugares.
Uma das muitas características de design comum entre o novo SPAD V e o S.A-2 foi o uso da configuração de asa biplano com baía única com suportes de luz adicionais montados no meio da baía no ponto de junção dos fios de sustentação e de pouso. Este projeto simplificaria o sistema de cabos, levando a redução de vibração, reduzindo o arrasto. A fuselagem apresentava a construção padrão da época, consistindo em uma estrutura de madeira coberta com tecido, enquanto a parte dianteira estava coberta com chapas metálicas. Uma metralhadora refrigerada a agua Vickers .303 calibre 7,7 mm, seria instalada acima do motor, sincronizada para disparar através do arco da hélice. O protótipo inicial foi equipado com um grande spinner na hélice que seria abandonado nos modelos de série. Outra característica de design comum dos caças da época que seria empregado tanto no SPAD VII como no seu sucessor o SPAD XIII era a conexão dos controles dos aileirons com sistema pushrod em conjunto com um par de bellcranks expostos de 90º nas saliências dos painéis da asa inferior para operar flexões verticais. O primeiro protótipo alçou voo em abril de 1916, com os testes revelando. Os testes de voo revelaram excelente velocidade máxima de 192 km/h, e taxa de subida de 4,5 min a 2.000, revelando também grande capacidade de mergulho. A combinação de alta velocidade e boa capacidade de mergulho prometeu dar aos pilotos aliados a iniciativa de se envolver ou sair do combate. Se o novo caça era uma plataforma de tiro robusta e estável, alguns pilotos lamentaram sua falta de manobrabilidade, especialmente quando comparados a tipos mais leves como o Nieuport 17, podendo assim ser facilmente sobrepujado em voo.

Diante de tal desempenho, um contrato inicial de produção foi feito em 10 de maio de 1916, exigindo que as 268 aeronaves, fossem designadas SPAD VII C.1 (C.1, de avion de chasse em francês, indicando que a aeronave era um caça, enquanto a 1 indicava que era um único assento). As aeronaves do primeiro lote de produção apresentaram uma série de defeitos, que em face do processo de correção iriam impor atrasos e limitar as taxas de entrega as unidades no front. Poucas células chegariam as unidades de linha de frente no último semestre de 1916, com esta situação sendo normalizada somente a partir dos primeiros meses de 1917. O emprego operacional evidenciaria uma série de falhas de projeto que seriam provisoriamente resolvidas em campo, porém clarificaria a necessidade de se implementar melhorias no projeto, inclusive seguindo as demandas de usuários de exportação do modelo como Inglaterra e Rússia. O primeiro resultado seria o SPAD XII armado com um canhão de 37 mm e motor HS.8B de redução de marcha, infelizmente este modelo não seria bem aceito, levando a equipe de projetos novamente a repensar o modelo. Nascia assim o novo SPAD XIII que realizaria seu primeiro voo em 4 de abril de 1917. O novo modelo era um avião biplano monomotor compartilhando com seu antecessor o processo de estrutura e materiais, apresentando como novidade o potente motor HS.8Be V8 com 200 cv de potência e armamento renovado com um par de metralhadoras Vickers. Durante maio de 1917, apenas um mês após o voo inaugural do tipo, as entregas para a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) começaram. A nova aeronave rapidamente se tornou um elemento importante nos planos franceses para sua força de caça, sendo esperado para substituir o SPAD S.VII, bem como os poucos caças Nieuport restantes no serviço de linha de frente.
No entanto, esses planos sofreram atrasos, sendo que no final de março de 1918, apenas 764 caças haviam sido entregues em comparação com uma força planejada de 2.230. Mesmo assim o SPA XIII equiparia praticamente todos os esquadrões de caças franceses, compreendendo setenta e quatro Esquadrilhas durante a Primeira Guerra Mundial, permanecendo em serviço até fins de 1923. O modelo seria empregado em larga escala pelo Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), chegando a equipar quinze dos dezesseis esquadrões operacionais no front. Também o  Corpo Voador Real (Royal Flying Corps RFC) britânico faria uso do SPAD XIII durante o conflito, e por fim o Corpo Aeronáutica Militar Italiano (Corpo Aeronautico Militare) seria o último operador do modelo durante a Primeira Guerra Mundial. A aeronave seria ainda exportada a partir de 1919 para a Argentina, Bélgica, Brasil, Grécia, Japão, Rússia, Servia, Siam, Espanha, Turquia, Uruguai e Tchecoslováquia. Um total de 8.772 aeronaves seriam produzidas até meados de 1920, com as últimas células sendo retiradas do serviço ativo no início da década de 1930.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
O Brasil teve uma participação modesta na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), já que não possuía neste momento grandes recursos bélicos. Assim sendo, o país limitou-se a fornecer apoio pontual, em colaboração nos combates aéreos e marítimos, bem como no auxílio aos feridos nos campos de batalha. Em 3 de abril de 1917, um navio mercante dos Estados Unidos foi torpedeado por submarinos alemães e, no mesmo dia, um navio brasileiro também o foi no Canal da Mancha na costa do Reino Unido. Isso provocou o rompimento das relações diplomáticas dos dois países com o Império Alemão. Pouco tempo depois, os Estados Unidos entraram na guerra contra a aliança entre austríacos e alemães. Depois de outros navios brasileiros serem torpedeados novamente, na costa do Mar Mediterrâneo, o então presidente Venceslau Brás assinou após aprovação no Congresso Brasileiro a declaração de guerra contra a Tríplice Aliança no dia 26 de outubro de 1917. Apesar de limitada, a participação brasileira evidenciou a total obsolescência do Exército Brasileiro perante a nova realidade militar mundial, mostrando uma necessidade fundamental de atualização, não só em termos de material, mas também de doutrina e cultura.  No intuito de reverter este cenário, o governo brasileiro no segundo semestre do ano de 1918 iniciou tratativas junto ao governo francês a fim de estudar o desenvolvimento de consultoria e assessoria militar no intuito de modernizar as forças do Exército Brasileiro. As negociações para o contrato ocorreram em Paris, entre o adido militar brasileiro na França, coronel Malan d’Angrogne, e o ministro da Guerra francês, Georges Clemenceau. Já naquele momento o chefe designado, general Maurice Gamelin, se encontrava em missão de reconhecimento no Brasil. O contrato foi assinado poucos meses depois na capital francesa e ratificado logo em seguida no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, criando assim oficialmente a “Missão Militar Francesa”. 

Os termos do contrato estipulavam que oficiais franceses comandariam durante quatro anos as escolas de Estado-Maior (EEM), de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), de Intendência e Veterinária; e que o Brasil se comprometia a privilegiar a indústria francesa em suas compras de armas e equipamentos militares com a condição de que o material oferecido, o prazo de entrega e os preços fossem no mínimo equivalentes aos de outros países fornecedores. Neste escopo havia destaque para a aérea de aviação, com a contratação de oficiais aviadores e mecânicos franceses que iriam auxiliar no estabelecimento de uma escola de aviação para o Exército Brasileiro. Além da contratação de pessoal, as negociações incluíram a aquisição de aeronaves e de material de apoio destinados a equipar a futura Escola de Aviação Militar (EAvM). Entre as muitas aeronaves encomendadas, encontrava-se um lote de aeronaves SPAD XIII, os primeiros aviões de caça da arma de aviação do Exército Brasileiro. Conquanto seja difícil por falta de registros oficiais, estabelecer com exatidão o período em que os caixotes com esses aviões chegaram ao Brasil, existem evidências de que um grupo de dez células SPAD XIII foi montado e ensaiado por pessoal francês, no Campo dos Afonsos durante o mês de agosto de 1920.  As dez células remanescentes permaneceram desmontadas e abrigadas nos caixotes nos quais chegaram até o mês de agosto de 1921, quando também foram montadas e colocadas em condições de voo.  Tendo em vista que neste período a Escola de Aviação Militar (EAvM), mal havia completado um ano de existência, com a decisão de se disponibilizar apenas parte das aeronaves possivelmente foi influenciada devido a total falta de pessoal brasileiro devidamente capacitado.
De igual forma, a falta de pessoal inibiu a imediata formação de uma unidade aérea específica para operar essas aeronaves recém incorporadas. Distribuídos a Escola de Aviação Militar (EAvM), foi somente no final de 1920 que os SPAD XIII que se encontravam montados foram reunidos numa subunidade, criando assim a Esquadrilha de Aperfeiçoamento (Esqda. Aperf.), que, ao receber os pilotos diplomados do Curso de Pilotos Aviadores da Escola de Aviação Militar (EAvM), tinha como principal tarefa a transformação daqueles pilotos em aviadores militares, por meio de um curso ministrado por um oficial francês e focalizado nas diversas formas de emprego do avião como um instrumento de guerra. O nível de desenvolvimento das aptidões dos novos aviadores militares brasileiros permitiu que dois segundos tenentes do exército, realizassem o primeiro voo militar brasileiro entre Rio de Janeiro e São Paulo. Fazendo uso de duas células do SPAD XIII, os dois oficiais decolaram do Campo dos Afonsos no dia 11 de junho de 1921 e regressaram no dia 13 do mesmo mês. Em decorrência da decisão de desdobrar elementos da Aviação Militar para o sul do Brasil, em agosto de 1921, foram montados os dez SPAD XIII que ainda se encontravam encaixotados. Paralelamente, o Ministro da Guerra determinaria naquele mesmo mês, que fossem adquiridos terrenos em distintos pontos do Rio Grande do Sul, que não somente deveriam ser preparados, como deveriam contar com hangares e oficinas para apoiar as aeronaves.

A extensão dos trabalhos a serem realizados nas cidades rio-grandenses de Alegrete, Santa Maria e Pelotas para prover o mínimo de infraestrutura demandaria um tempo superior ao estimado inicialmente, muito em função do baixo desenvolvimento destas regiões. Entre as principais alterações era o prolongamento das instalações e vias de acesso até os ramais férreos mais próximos (pois era o melhor modal a ser empregado para o translado das aeronaves e material de apoio). Foi somente em dezembro de 1921 que as composições férreas que levaram a dotação inicial de material para as unidades aéreas que iriam operar no Rio Grande do Sul partiram do Rio de Janeiro (RJ). Finalmente, com o mínimo de instalações já prontas e adequadas para a realização de missões aérea, o ministro da Guerra João Pandiá Calógeras, criou provisoriamente via decreto um novo Grupo de Esquadrilhas de Aviação, sendo estas unidades subordinadas a 3º Região Militar. Com três esquadrilhas e um parque de aviação para apoiar as atividades das unidades aéreas, essas foram repartidas entre as bases aéreas de Alegrete e Santa Maria. Nove aviões SPAD XIII foram enviados para o sul, passando a integrar a 1ª Esquadrilha de Caça, que repartiu sua sede em Santa Maria com a 3ª Companhia Provisória de Parque de Aviação. Muito pouco se sabe das atividades que a 1ª Esquadrilha de Caça realizou durante sua existência, que, juntamente com as demais unidades do Grupo de Esquadrilhas de Aviação, foi dissolvida no dia 12 de março de 1928. Conquanto algo do material aeronáutico lá tenha permanecido até janeiro de 1930, algumas informações indicam que os SPAD XIII regressaram ao Campo dos Afonsos no transcorrer de 1929.
Por sua vez, os SPAD XIII que permaneceram no Campo dos Afonsos continuaram a ser usados na formação final dos aviadores diplomados pela Escola de Aviação Militar (EAvM). Porém, a fragilidade do material, cujos motores precisavam de revisão geral a cada cinquenta horas de voo, resultou em índices de disponibilidade cada vez mais baixos. Ao chegar ao fim do ano de 1924, somente dois SPAD XIII estavam disponíveis; os demais se encontravam em péssimo estado e precisavam de extensos reparos. A chegada de material aeronáutico mais moderno em 1927 fez com que o uso dos SPAD XIII fosse gradativamente reduzido. Finalmente, em janeiro de 1930, foram excluídos da carga da Escola de Aviação Militar (EAvM). os dois últimos SPAD XIII, que aparentemente não voavam desde o ano anterior.

Em Escala.
Para representarmos o SPAD XIII da Aviação Militar do Exército, empregamos o excelente kit na 1/48 da Eduard, modelo este que apresenta um excelente nível de detalhamento, sendo muito superior aos demais kits deste modelo no mercado. Fizemos uso de decais confeccionados pela FCM Decais retirados de diversos sets.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura empregado pelos SPAD XIII quando em uso pela Aviação Militar do Exército Brasileiro. Infelizmente existem poucas fotos de época com qualidade aceitável para podermos afirmar que as cores e marcações no modelo apresentado são iguais as aeronaves reais.

Bibliografia :

Brasil na Primeira Guerra Mundial - www.historiadomundo.com.br

SPAD S.XIII - https://en.wikipedia.org/wiki/SPAD_S.XIII

Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores 

Chevrolet Engesa C10 - C14 - C15

História e Desenvolvimento. 
A origem da empresa viria a se tornar uma das maiores produtoras de veículos utilitários e de transporte militares, começou como um empreendimento tímido, exatamente no dia 16 de setembro de 1908 quando William C. Durant, um próspero produtor de carruagens, fundou a General Motors Corporation , na cidade de Flint, estado americano do Michigan. Após a incorporação da montadora Buick Co., fundada pelo escocês David Dunhar Buick da qual havia sido presidente, que viria a produzir seu primeiro carro de passeio no ano de 1903. Pouco depois, no dia 12 de novembro do mesmo ano, a empresa Oldsmobile Co., outra tradicional montadora americana fundada em 1897, se tornaria a segunda marca a integrar a nova empresa. Em seus primeiros anos de atividades, a General Motors Corporation viria a incorporar ainda as marcas Oakland (que mais tarde se tornaria Pontiac) e Cadillac, fundada em 1902, que seria comprada pela soma de US$ 5.5 milhões em 1909. No dia 3 de novembro de 1911, William Durant, que havia deixado a General Motors Corporation, devido a divergências com os outros sócios, criou a Chevrolet Motor Company of Michigan, em parceria com o mecânico e piloto suíço Louis Chevrolet, que futuramente viria a ser comprada pela própria General Motors Corp. em 1918. Ainda em 1911, a empresa criaria a marca GMC (derivada da Rapid Motor Vehicle Company, que a General Motors Corp. havia comprado anos antes), responsável pela produção e venda de caminhonetes e caminhões leve, com este novo segmento que logo nortearia grandes investimentos futuros. Nos anos seguintes, paralelamente aos inúmeros processos de fusões e aquisições, a empresa ainda estudaria oportunidades de expansão em outros mercados, mas somente em 1918 estes planos se tornariam reais com o estabelecimento de uma operação comercial no país vizinho, o Canadá. Esse seria o ponto de partida para que a empresa conquistasse diversos territórios em todos os continentes. Pouco depois, em 1919, a General Motor Corporation incorporaria a companhia Frigidaire, tradicional fabricante de refrigeradores, sendo a primeira empresa não ligada ao ramo automobilístico a fazer parte da empresa, com este processo ligado ao interesse e expansão internacional da marca. Seguindo um posicionamento visionário determinante, sua diretoria comercial logo perceberia que a empresa possui uma vocação global, muito maior do que a atual, esta visão levaria a inauguração no ano de 1923 de sua primeira fábrica no continente europeu, na cidade de Copenhagen na Dinamarca. Em 1925 a montadora iniciaria suas operações orgânicas na Argentina, França e Alemanha, além de adquirir o controle da montadora britânica Vauxhall. 

Já em sua terra natal no mesmo incorporaria a montadora Yellow Coach, tradicionais fabricantes dos populares ônibus amarelos escolares no mercado americano. Mas este processo de expansão não pararia por aí, pois em 1926 viria a estabelecer operações na Austrália, Japão e África do Sul.  Um novo e ousado passo seria dado em 1928, quando a General Motors Corp iniciou suas operações no inexplorado mercado indiano, e logo no ano seguinte a empresa anunciaria a aquisição do controle da fabricante alemã Opel. Neste mesmo período, a empresa voltaria seus olhos novamente para o promissor mercado latino-americano, e neste contexto o mercado brasileiro figurava neste projeto com um dos mais promissores, levando a diretoria da empresa a priorizar o início das atividades, levando assim a criação da General Motors do Brasil em 1925. Suas primeiras instalações estavam localizadas no bairro do Ipiranga na Cidade de São Paulo passando a comercializar veículos importados. Em 1930 a empresa inaugurou sua linha de produção em série, passando a montar, picapes e caminhões leves com componentes importados dos Estados Unidos, produtos estes que em conjunto com carros de passeio importados da marca, logo conquistaram uma ampla fatia do mercado nacional. A General Motors do Brasil, iria atingir maturidade empresarial no país a partir do começo da década de 1960, com o lançamento da segunda geração de picapes e caminhões da marca Chevrolet, que chegaria as concessionarias no ano de 1964, apresentando uma linha totalmente renovada. O carro chefe deste portifólio era o modelo C-1416 era radicalmente diferente dos veículos em produção, e representou o primeiro utilitário esportivo SUV (Sport Utility Vehicle) produzido pela Chevrolet do Brasil. Esta linha compreendia ainda as picapes C-14 de chassis curto, com 2,92 metros entre eixos, e a longa C-15 de 3,23 metros, além do caminhão C-65. Apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo daquele ano com a denominação de fábrica C-1416, este novo veículo era inicialmente derivado da linha de picapes Chevrolet C14, que substituiriam a série de picapes Brasil 3100 (considerado o primeiro veículo utilitário leve a ser fabricado pela General Motors no país, graças ao incentivo do GEIA - Grupo Executivo da Indústria Automobilística, concedido no governo do presidente Juscelino Kubitschek.). 

Além da versão básica que apresentava uma capacidade de transporte de 1.000 kg, a General Motors do Brasil passaria a oferecer ao mercado a inovadora versão com cabine dupla, que podia transportar confortavelmente mais três passageiros, sacrificando, no entanto, a capacidade máxima de transporte de carga que passava a ser de 750 kg. Apesar de inovador este conceito não lograria êxito comercial, pois quando comparado com a versão utilitária o Chevrolet Veraneio, esta proporcionava melhor conforto com uma capacidade de carga de 500 kg, resultando assim em poucas unidades comercializadas. Somente no início da década de 1980, como crescimento das picapes de luxo os modelos de cabine dupla se tornariam um grande sucesso em vendas. Desde o lançamento em 1964, esta nova família de picapes era equipada com o motor a gasolina General Motors Mod. 261 Pol3 com 4.300 cilindradas de cinco mancais, que lhe proporcionavam uma potência final de 142 HP. Este grupo propulsor foi o primeiro a ser fabricado pela montadora no país e originalmente equipava a Serie Brasil 3000 (picape “Marta Rocha” e perua “Amazonas”). Como seu modelo antecessor importado, este motor possuía seis cilindros em linha, comando de válvulas no bloco e válvulas no cabeçote acionado por varetas. Este seria substituído a partir de 1974 em larga escala pelo motor General Motors Mod.250 com 4.100 cilindradas, sendo oferecido ao mercado nas versões a gasolina e diesel. Apesar de tecnologicamente defasado o antigo motor ainda continuaria de forma limitada, a ser oferecido em alguns modelos das picapes C-14 e C-15, muito em virtude apresentar uma relação maior de torque quando comparado a seu sucessor (32 kgfm contra 27 kgfm). Em termos de caixas de mudanças, dois modelos produzidos pela Clark Equipamentos eram oferecidos ao mercado, sendo modelo CLK M1-4 de três marchas (mais produzido) ou CLK M-20 de 4 marchas (opcional).

Em 1974, face a pressão mercadológica oferecida pelo lançamento da nova linha de picapes Ford F-100 que apresentava um conceito e visual mais moderno, a General Motors do Brasil S/A iniciaria um processo de renovação de sua linha de picapes. Esta iniciativa estava focada principalmente na reestilização do design, troca do grupo motor original (passando a dispor do General Motors  Mod. 302 a gasolina com 4,3 litros ou Perkins a Diesel com 3,9 litros) e adoção de uma nova e eficiente suspensão. Porém infelizmente esta família não atenderia a uma demanda primordial, que era  baseada  na segurança, optando ainda em permanecer com ultrapassado sistema de freios a tambor nas quatro rodas (enquanto a concorrência já estava um passo a frente). Paralelamente motivada pelo sucesso do modelo C-1416 Ambulância, a equipe de projetos da montada iniciaria o desenvolvimento de uma versão da picape  Chevrolet C-10 voltada para as tarefas de socorro médico e UTI Móvel. O principal trunfo deste projeto era poder contar com a plataforma comum da picape, que permitiria melhor exploração do espaço interno do modelo em desenvolvimento, o que possibilitava equipar esta nova ambulância (que receberia a designação de modelo C-1503) com mais equipamentos médicos, criando assim um veículo médico mais efetivo e capaz do que a própria Chevrolet C-1416 Ambulância que  no momento lideravas as vendas neste segmento em especifico.

A linha de picapes Chevrolet C-10, C-14 e C-15, gozaria da liderança no mercado brasileiro de veículos utilitários, chegando a ser considerada a família de picapes mais produzidas no Brasil durante o século XX. Infelizmente para a General Motors do Brasil S/A a grave crise do petróleo na década de 1970, abalaria gravemente a venda no segmento de picapes e demais veículos com alto consumo de combustível. Impactando mais notadamente os veículos a gasolina, resultando em um curto espaço de tempo, em um número de unidades vendidas muito abaixo do ponto de equilíbrio desejado pela montadora. Em uma tentativa de ser criar um movimento de retomada de vendas, a montadora apostaria na implementação de melhorias em sua linha de picapes, passando a oferecer como item de série a nova caixa de mudanças manual Clark Equipament de quatro marchas (produzido localmente), e como opcional o tão almejado sistema de freios a disco na quatro rodas. No entanto apesar destas mudanças, as vendas não só não reagiriam, como também continuaram a definhar, motivando assim a decisão da montadora, em se descontinuar a produção de toda esta linha de picapes no início da década de 1980, encerrando assim mais um importante capítulo da história da indústria automobilística brasileira.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras. 
A General Motors do Brasil S/A passaria a suprir as forças armadas brasileiras com produtos produzidos localmente a partir da década de 1960, concentrando neste início ênfase no segmento de caminhões C-60 e D-60. Este mercado seria rapidamente ampliado a partir de 1966, quando o modelo C-1416 Veraneio passou a ser adquirido inicialmente pelo Exército Brasileiro, sendo seguido da versão ambulância C-1410. A boa aceitação desta nova família de veículos levaria o Ministério da Aeronáutica (MAer) a adquirir em 1974 um grande lote de ambulâncias C-1410 e C-1503 a fim de serem operadas pela empresa estatal Infraero a fim de dotar as unidades de  emergências médicas dos principais aeroportos brasileiros. Na sequência desta compra, a General Motors do Brasil S/A conquistaria novos contratos de fornecimento de picapes C-10, sendo formalizados com o Exército Brasileiro, Força Aérea Brasileira e Marinha do Brasil (Corpo de Fuzileiros Navais). Estes veículos eram idênticos a versão comercial oferecida ao mercado, não recebendo nenhuma “militarização”, sendo então empregados em missões de transporte de carga e pessoal. Observando o potencial efetivo da picape, o Ministério do Exército decidiu por empenhar esforços na customização de uma versão dedicada a operar tarefas em um ambiente fora de estrada. Assim mais uma vez, a empresa paulista Engesa (Engenheiros Especializados S/A) seria requisitada para iniciar estudos visando a implementação de um sistema de suspensão especialmente desenvolvido para operações Off Road. Esta empresa paulista além de congregar em quadro técnico profissionais de excelente formação, com muitos deles oriundos do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), detinha grande experiência na customização de veículos básicos, tendo obtido desde o final da década de 1960 grande sucesso comercial com o projeto e fabricação de um sistema de tração integral 4×4 para veículos comerciais produzidos no país por montadoras multinacionais.  Este sistema seria patenteado no Brasil e no exterior, criando interesse também por parte das forças militares brasileiras, 

Em 1967,  eficiente sistema com projeto "Tração Total" seria oficialmente classificado como de "Interesse para a Segurança Nacional" passando a ser adotado em diversos modelos de caminhões militares produzido pela  Ford do Brasil , General Motors do Brasil  e Dodge Chrysler do Brasil. Tendo por base a picape Chevrolet C-10 de produção na versão comercial civil, a equipe de projetos da Engesa S/A,  focaria esforços inicialmente redesenho da suspensão, visando assim fortalecer este sistema a fim de evitar quebras por impacto em situações extremas ou ainda fadiga por uso repetitivo, prevendo assim situações normais de uso de veículos militares fora de estrada (off road). Superada esta etapa passou-se a adaptar o projeto da "Tração Total" versão militarizada no modelo, os resultados iniciais se mostraram extremamente promissores, levando a General Motors a homologar o kit de tração 4X4 da Engesa S/A para uso em sua linha comercial de picapes utilitárias. Coma validação interna do modelo, decidiu-se pela apresentação ao comando do Exército Brasileiro, com protótipo sendo entregue para testes preliminares em março de 1975. O veículo em muito se assemelhava aos grandes jipes utilitários americanos como o Kaiser Jeep M-715. A fim de atender aos parâmetros do exército dispunha de para-choque frontais e traseiros reforçados, com grade de proteção para os faróis, caçamba com piso reforçado, sistema elétrico de 24 volts, cabine aberta com cobertura de lona e para-brisa basculante (possibilitando o transporte aéreo em aeronaves da  Força Aérea Brasileira, como os Lockheed C-130 Hercules e  De Havilland C-115 Bufalo. A exemplo de todo veículo militar possuía suporte para fixação de um galão removível de combustível (localizado na lateral da caçamba entre eixos).  Um amplo programa de testes seria aplicado ao protótipo nos meses seguintes, levando a implementação de um razoável nível de correções e melhorias de projeto, o que resultariam na versão final de produção do novo veículo militarizado.
Nesta mesma época havia no Exército Brasileiro a latente necessidade de renovação da frota dos veículos utilitários leves, classificados como VTNE (Viatura de Transporte Não Especializado), que até então era composta em sua maioria, pelos já obsoletos carros americanos Dodge WC-51, WC-53, WC-56, WC-57 e M-37, que foram recebidos após a segunda metade da década de 1940 através dos acordos de Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimo e Arrendamento). Estes  eram  complementados por veículos da família Rural Willys Overland F-85 que apesar de apresentarem tração integral 4X4 não eram projetos para operar em terrenos adversos. O cenário era critico pois os primeiros modela apresentavam grandes índices de indisponibilidade em função de problemas no fluxo de peças de reposição, com os segundo modelo estando presentes em números inferiores as necessidades da Força Terrestre.  Este contexto afetava diretamente a operacionalidade cotidiana, pois esta frota era destinada a missões de transporte de carga, tropas, remoção médica e telecomunicações em campo. Assim criava-se o cenário perfeito para a incorporação de uma nova família de veículos utilitários militarizados, com negociações sendo conduzidas com este objetivo. Em junho de 1974 seria celebrado o primeiro contrato entre o Ministério do Exército a General Motors do Brasil e a Engesa S/A, visando a aquisição de noventa e cinco viaturas Chevrolet Engesa C-14 e C-15, sendo destinados as tarefas de transporte de carga e pessoal e veículo porta morteiro (para ser empregado no porte e tiro de peças de 81 mm e 60 mm). As primeiras viaturas desta familia começariam a ser entregues em outubro de 1975, passando a ser distribuídos aos Batalhões de Infantaria Blindada (BIB) e aos Batalhões de Infantaria Leve (BIL), substituindo os derradeiros veículos norte-americanos ainda em serviço.

Vale salientar também que a aquisição destes novos modelos, vieram a complementar também a frota de veículos utilitários com tração 4X4 Rural Willys e Toyota Bandeirante, resultando pela primeira vez no Exército Brasileiro na predominância de modelos utilitários produzidos nacionalmente, reduzindo assim a perigosa dependência externa. Além de que este novo cenário provia uma significativa redução de custos em termos de manutenção, bem como simplificação da linha de suprimentos logística, em face da operação de outros veículos produzidos nacionalmente pela General Motors do Brasil S/A e demais montadoras aqui estabelecidas. Em 1976 a montadora assinaria um contrato com o Ministério da Marinha para produção de um pequeno lote de carros da versão Chevrolet C-14 Porta Morteiro para uso junto as tropas de infantaria do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN). Logo em seguida a Força Aérea Brasileira passaria a fazer uso do veículo nas versões ambulância C-1503 e utilitário C-14, com esta última sendo destinada aos Batalhões de Infantaria da Aeronáutica (BINFAE). Em 1975 a Policia Militar do Estado de São Paulo procederia a aquisição de pelo menos uma dezena de picapes do  modelo C-15 Chevrolet Engesa 4X4 C1-4 para o emprego inicial junto ao 1º Batalhão de Polícia (1º B.P) – Batalhão Tobias de Aguiar. Em 1977 seria realizada a aquisição de mais dois lotes destinados a unidade especial de Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA) e as Companhias de Operações Especiais (COE). Tradicional usuário do modelo de viatura policial C-1416 Veraneio, o Governo do Estado de São Paulo encomendaria  a General Motors do Brasil S/A uma variante do veículo para o transporte de tropas dos Batalhões de Choque da Policia Militar. Tratava-se de uma picape Chevrolet C-10 simplificada com cabine aberta com cobertura de lona e para-brisa basculante, estando desprovida de portas dianteiras e dotada com dois bancos traseiros na caçamba para até oito policiais completamente equipados para as missões urbanas de pronta resposta e garantia de lei e ordem (GLO).

O êxito da operação dos modelos Chevrolet Engesa 4X4 C-14 e C-15 junto as Forças Armadas Brasileiras, motivaria a diretoria da Engesa S/A a estudar o desenvolvimento de um novo veículo especializado para atuação no segmento militar. Assim em 1981 nasceria como fruto de uma parceria entre Engesa S/A e a empresa paulista Envemo - Engenharia de Veículos e Motores Ltda,  o utilitário EE-34. Baseado nas plataformas dos modelos Chevrolet C-10 e C-15 este novo utilitário trazia uma série de melhorias em relação a versões militarizadas anteriores, seu conceito seria desenvolvido para aplicação militar pura. Após avaliação o Ministério do Exército, formalizou a contratação para a produção de 858 unidades que foram entregues entre os anos de 1981 e 1985, vindo a complementar as picapes  Chevrolet C-14 e C-15 em uso.  A partir do início da segunda metade da década de 1990, estes três modelos ainda uso nas Forças Armadas Brasileiras, já apresentavam  evidentes sinais de desgaste,  após quase vinte anos de operação continua, levando ao estabelecimento de um planejamento para a renovação da frota.  Um processo de concorrência seria criado com a solução sendo pautada pela aquisição de diversos modelos de utilitários com tração integral como JPX Montez, Toyota Bandeirante e Land Rover Defender, com as primeiras viaturas destas sendo incorporadas ao Exército Brasileiro a partir de 1996. O mesmo destino ocorreria junto as forças policiais miliares estaduais , com as últimas viaturas sendo retiradas do serviço ativo ao final desta mesma década. 

Em Escala.
Para representarmos o Chevrolet Engesa C-15  na versão porta morteiro “EB21-1840”, empregamos um modelo em die cast produzido pela Axio, para a Salvat Editora na escala 1/43. Fizemos uso deste artificio por não existir um kit ou modelo em die cast no mercado para esta picape. Desta maneira é necessário proceder muitas alterações em scratch para assim compormos o veículo empregado pelo Exército Brasileiro. Procedemos a retirada da cabine original em metal, alteração de para choques frontais, instalação de luzes e faróis de comboio no padrão militar, inclusão de para-brisa basculante com lona de cabine e confecção em scratch de um morteiro de 81 mm. Empregamos decais confeccionados pela decais Eletric Products pertencentes ao set "Exército Brasileiro 1942 á 1982".

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura do Exército Brasileiro em todos seus veículos militares desde a Segunda Guerra Mundial até a o final do ano de 1982. Os veículos da família Chevrolet Engesa 4X4, passaram a empregar no novo esquema tático de camuflagem em dois tons e novas marcações militares a partir do ano seguinte, permanecendo nesta nova sistemática até a desativação dos últimos veículos em meados da década de 1990.


Bibliografia : 
- Chevrolet Colection – C-10 Salvat Editora
- Grandes Brasileiros: Engesa EE-34 – Chevrolet C-15 Revista Quatro Rodas 201
- Manual Técnico – Exército Brasileiro 1976