M-102 L/22 105 mm

História e Desenvolvimento.
O calibre 105 mm emergiu como um marco na artilharia de campanha no início do século XX, impulsionado pelas lições aprendidas durante a Primeira Guerra Mundial (1914–1918). Nesse conflito, os exércitos europeus, especialmente o alemão, demonstraram a superioridade de obuseiros de 105 mm, como o leichte Feldhaubitze 16 (leFH 16), que combinava alcance, potência de fogo e relativa mobilidade. Comparados aos canhões de 75 mm, como o francês Canon de 75 modèle 1897, amplamente utilizado pelos Aliados, os obuseiros de 105 mm ofereciam maior impacto e versatilidade, particularmente em combates de trincheiras e no apoio às tropas terrestres. A eficácia dessas armas em cenários de guerra moderna destacou a necessidade de modernização dos arsenais aliados, que ainda dependiam de equipamentos projetados no final do século XIX. Após o armistício de novembro de 1918, a Força Expedicionária Americana (AEF), que participou ativamente da guerra na Europa, capturou um pequeno lote de obuseiros alemães leFH 16. Essas peças foram enviadas aos Estados Unidos para análise detalhada pelo Departamento de Artilharia do Exército dos Estados Unidos (U.S. Army Artillery), responsável pelo desenvolvimento e operação dos sistemas de artilharia.  Esse estudo marcou o início de um esforço sistemático para desenvolver uma nova geração de obuseiros de 105 mm, com o objetivo de substituir as peças de 75 mm e alinhar a artilharia norte-americana aos padrões modernos. Estes esforços culminariam no desenvolvimento do obuseiro M-2A1 105 mm, que passaria a ser distribuído  ao regimentos de artilharia de campanha no inicio do ano de 1941, recebendo seu batismo de fogo  durante a Campanha de Guadalcanal (agosto de 1942 – fevereiro de 1943), no teatro do Pacífico. Neste período o Exército dos Estados Unidos (US Army) implementou uma estrutura padronizada para seus regimentos de artilharia de campanha, visando otimizar o apoio de fogo às divisões de infantaria e blindados. A combinação de obuseiros de 155 mm e 105 mm refletia a necessidade de equilibrar alcance, poder de fogo e mobilidade, permitindo flexibilidade tática em diferentes cenários de combate. O obuseiro M-1 de 155 mm (mais tarde redesignado como M-114) era uma arma de maior calibre, projetada para alvos de maior distância e fortificações, enquanto o obuseiro M-2A1 de 105 mm (posteriormente M-101) era mais leve, móvel e ideal para apoio direto à infantaria. Desta maneira cada regimento  de artilharia passaria a ser constituído por um  Batalhão de Artilharia de 155 mm com doze canhões cada e por três Batalhões de Artilharia de 105 mm com doze armas cada também.  A proporção de três batalhões de 105 mm para um de 155 mm evidencia a necessidade de maior volume de fogo tático, mas a presença do M-1 de 155 mm reforça o papel crítico de ataques de maior impacto.

Ao término da Segunda Mundial, a produção total do M-2A1 105 mm havia atingido a cifra de 8.563 unidades, se tornando a principal peça de artilharia neste calibre das forças aliadas. O eclodir da Guerra da Coréia levaria a retomada de sua produção, com este obuseiro participando ativamente deste conflito, e até o final de 1953 seriam entregues ao Exército dos Estados Unidos (US Army) mais 1.639 peças.  Embora confiável e eficiente, apresentava limitações em termos de peso, mobilidade e capacidade de transporte aéreo. Com o aumento da necessidade de maior mobilidade tática, especialmente para operações aeromóveis e em terrenos difíceis. Dessa maneira suscitava nos altos escalões a necessidade a médio prazo por um substituo, com esta percepção sendo reforçada pelo elevado nível de desgaste observado na maioria destes obuseiros em serviço, tendo em vista seu intenso emprego em cenários de conflagração real. Visando a atender a esta importante demanda, no início ano de 1960, seria lançado um programa para o desenvolvimento de um novo obuseiro de campanha com calibre de 105 mm, com suas especificações básicas seriam definidas em conjunto entre o Exército dos Estados Unidos (US Army) e o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha dos Estados Unidos (US Marine Corps). Seu desenvolvimento seria conduzido pelo Rock Island Arsenal, com o objetivo de criar um obuseiro que mantivesse a potência de fogo do M-2A1 (M-101), mas com peso reduzido e maior facilidade de transporte. A nova peça de artilharia apresentava um peso aproximado de 1.496 kg, quase 1.000 kg a menos que o M-101A1 (cerca de 2.260 kg). Isso foi alcançado com o uso de ligas de alumínio na construção do carro de transporte e um design mais compacto. Mantinha o  calibre de 105 mm e utiliza munição semi-fixa compatível com o M-101A1, incluindo projéteis de alto explosivo (HE), fumígenos, de iluminação e anticarro. O alcance máximo é de cerca de 11.500 metros com munição padrão e até 15.000 metros com projéteis assistidos por foguete. Seria empregado um carro de transporte de duas rodas com uma base triangular de alumínio, permitindo uma rotação de 360 graus para maior flexibilidade no campo de batalha. Esse tipo de design eliminava a necessidade de reposicionamento constante da peça. O M-102 foi projetado para ser transportado por helicópteros como o UH-1 Huey e o CH-47 Chinook, além de aeronaves como o Fairchild C-119, De Havilland C-115 Buffalo e Lockheed C-130 Hercules. Essa capacidade foi um marco para a artilharia de campanha, permitindo rápida implantação em operações aeromóveis. O sistema foi projetado para ser operado por uma equipe de cerca de 8 pessoas, com procedimentos simplificados para montagem, desmontagem e disparo, adequando-se a operações de alta mobilidade.
No primeiro trimestre de 1962, os primeiros protótipos funcionais do obuseiro M-102 105 mm foram concluídos, marcando o início de uma fase intensiva de testes de campo. Esses testes tiveram como objetivo avaliar a capacidade da nova peça de artilharia em operar em terrenos variados e sua adequação ao transporte aéreo, características essenciais para atender às necessidades de mobilidade tática das forças armadas dos Estados Unidos. O obuseiro demonstrou notável robustez, confiabilidade e capacidade de atender às exigências das unidades aerotransportadas e de infantaria leve, consolidando sua posição como uma evolução significativa em relação ao seu antecessor, o M-101A1. Em dezembro de 1963, o M-102 obteve sua homologação operacional, um marco que atestou sua prontidão para o serviço ativo. No início de 1964, foi formalizado um contrato inicial de produção com o Rock Island Arsenal para a fabricação de um lote piloto de 20 unidades, destinadas ao treinamento de multiplicadores nos regimentos de artilharia de campanha do Exército dos Estados Unidos (US Army). Após essa fase inicial, um contrato mais amplo foi celebrado, prevendo a entrega de 1.150 obuseiros a partir de 1966. Essas unidades foram distribuídas às unidades de artilharia de campanha, iniciando a substituição gradual dos obsoletos modelos M-2 e M-2A1 (M-101A1) de 105 mm, que ainda estavam em serviço. Com sua operacionalidade plenamente estabelecida, o M-102 foi enviado com urgência ao teatro de operações da Guerra do Vietnã, sendo empregado pela primeira vez pelo 1º Batalhão do 21º Grupo de Artilharia de Campanha (1st Battalion, 21st Field Artillery), que até então utilizava os veteranos obuseiros M-101A1. No Vietnã, o M-102 desempenhou um papel crucial ao fornecer apoio de fogo direto e indireto às unidades de infantaria, incluindo divisões aeroterrestres e aeromóveis. Sua capacidade de disparar munição semi-fixa de 105 mm, incluindo projéteis de alto explosivo (HE), fumígenos, de iluminação e anticarro, permitia neutralizar posições inimigas, suprimir movimentos do Viet Cong e do Exército do Vietnã do Norte (NVA), além de iluminar campos de batalha durante operações noturnas. Com um alcance máximo de 11.500 metros — ou até 15.000 metros com munição assistida por foguete (RAP) —, o M-102 atendia plenamente às demandas táticas do conflito. Apesar de suas vantagens técnicas, como maior alcance e mobilidade, o M-102 enfrentou resistência inicial por parte de artilheiros mais experientes, habituados ao confiável M-101A1. Esses militares apontavam que o M-101A1, com sua culatra mais baixa, facilitava o carregamento de munição, além de apresentar maior distância do solo quando rebocado, o que simplificava o transporte. Adicionalmente, alguns consideravam o M102 mais complexo para operar e manter em condições de combate, o que gerava certa relutância em adotar a nova peça. 

Apesar das críticas iniciais de artilheiros acostumados ao M-101A1, os comandantes militares dos Estados Unidos consideraram essas objeções secundárias diante das evidentes vantagens técnicas do obuseiro M-102 105 mm. Superior em mobilidade, especialmente em terrenos irregulares, e em eficiência de combate, o M-102 se destacava por seu cano mais longo, que proporcionava maior velocidade de saída aos projéteis, resultando em um alcance ampliado em comparação com seu antecessor. Além disso, sua baixa silhueta dificultava a identificação pelo inimigo no campo de batalha, conferindo uma vantagem tática significativa. Para superar a resistência inicial, o Exército dos Estados Unidos implementou uma campanha de endomarketing, promovendo as qualidades do novo obuseiro e facilitando sua aceitação entre as tropas. Com o tempo, o M-102 substituiu completamente os desgastados M-101A1, consolidando-se como peça essencial de artilharia leve. O emprego em larga escala do M-102 na Guerra do Vietnã revelou, no entanto, algumas falhas de projeto e oportunidades de melhoria. Essas questões foram prontamente identificadas e corrigidas, com aprimoramentos incorporados à linha de produção em contratos subsequentes, garantindo maior confiabilidade e desempenho. Nas décadas seguintes, o M-102 tornou-se o obuseiro padrão de 105 mm do Exército dos Estados Unidos (US Army), operando com uma ampla variedade de munições, incluindo projéteis de alto explosivo, fumígenos, de iluminação e anticarro. Sua versatilidade assegurou sua presença em diversas operações militares conduzidas pelos Estados Unidos. Em maio de 1966, o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (US Marine Corps) formalizou a aquisição de 2.500 unidades do M-102, com entregas realizadas ainda naquele ano. Essas peças substituíram os M-101A1 em suas unidades, reforçando a modernização da artilharia dos fuzileiros. Contudo, a partir do final da década de 1980, estudos indicaram a necessidade de substituição do M-102 no curto e médio prazo. Essa transição se concretizou em 1984, com a assinatura de um contrato com a empresa britânica BAE Systems Land Systems para a produção, sob licença, do obuseiro M-118 de 105 mm. Adaptado às especificações americanas, o modelo resultante, designado M-119, começou a ser incorporado em 1985, marcando o início da aposentadoria gradual do M-102. No final da década de 1980, restavam aproximadamente 520 obuseiros M-102 em serviço ativo no Exército dos Estados Unidos (US Army), muitos dos quais foram transferidos para unidades da Guarda Nacional (National Guard). O último emprego em combate do M-102 ocorreu em 2004, quando 17 obuseiros do 1º Batalhão, 206ª Divisão de Artilharia da Guarda Nacional do Arkansas foram enviados a Camp Taji, no Iraque. Essas peças realizaram operações de contrafogo em apoio à 39ª Brigada de Infantaria e à 1ª Divisão de Cavalaria, demonstrando sua relevância mesmo em conflitos modernos.
Um episódio notável ocorrido durante a Guerra do Iraque (2003–2011) foi a recuperação, por forças americanas, de nove obuseiros M-102 105 mm em posse das forças iraquianas. Presume-se que essas peças tenham sido capturadas durante a Guerra Irã-Iraque, na década de 1980, o que ilustra a ampla disseminação global desse equipamento. O M-102 consolidou-se como um obuseiro confiável e versátil, deixando um legado duradouro em diversos teatros de operações e nas forças armadas de nações aliadas dos Estados Unidos. Atualmente, apenas um número reduzido de obuseiros M-102 permanece em serviço, restrito a algumas unidades da Guarda Nacional (National Guard) dos Estados Unidos, onde são utilizados principalmente para treinamento e cerimônias de salvas. Um uso particularmente singular do M102 é sua adaptação para as aeronaves de ataque Lockheed AC-130 Spectre da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF). Modificado para disparar a partir da porta lateral traseira esquerda, o obuseiro confere à aeronave uma excepcional capacidade de saturação de área. Essa aplicação teve início nos estágios finais da Guerra do Vietnã e permanece em uso nas versões modernas, como o AC-130U Spooky II e o AC-130J Ghostrider, demonstrando a versatilidade e longevidade do equipamento. No Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (US Marine Corps), o M-102 foi completamente retirado do serviço ativo em unidades de artilharia, restando menos de vinte unidades operacionais, destinadas exclusivamente a cerimônias. Além de seu papel na Guerra do Vietnã, o M-102 foi empregado em conflitos como a Guerra Civil do Camboja (1967–1975), a Guerra Civil Libanesa (1975–1990), a Guerra Civil Salvadorenha (1979–1992), a Invasão de Granada (1983), a Guerra do Golfo (1990–1991), a Guerra do Kosovo (1998–1999) e a Guerra do Iraque (2003–2011). Sua presença em múltiplos cenários de conflito reflete sua robustez e adaptabilidade. A partir do final da década de 1980, com o início de sua desativação pelo Exército dos Estados Unidos (US Army), muitos obuseiros M-102 foram transferidos a nações alinhadas com a política externa americana por meio de programas de assistência militar. Países como Jordânia, El Salvador, Malásia, Omã, Vietnã do Sul, Irã, Arábia Saudita, Filipinas, Turquia e Uruguai receberam essas peças, que, em muitos casos, tornaram-se a espinha dorsal de suas capacidades de artilharia. Até os dias atuais, algumas dessas nações mantêm o M-102 em serviço ativo, atestando sua durabilidade e relevância. O obuseiro M-102 105 mm, com sua história marcada por inovação técnica e ampla utilização, permanece como um símbolo da capacidade americana de projetar equipamentos militares confiáveis e de impacto global, influenciando gerações de forças armadas em todo o mundo.

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passou a considerar com extrema preocupação a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Essa ameaça tornou-se ainda mais evidente após a capitulação da França, em junho de 1940, pois, a partir desse momento, a Alemanha Nazista poderia estabelecer bases operacionais nas Ilhas Canárias, em Dacar e em outras colônias francesas, criando um ponto estratégico para uma eventual incursão militar no continente. Nesse contexto, o Brasil foi identificado como o local mais provável para o lançamento de uma ofensiva, devido à sua proximidade com o continente africano, que à época também figurava nos planos de expansão territorial alemã. Além disso, as conquistas japonesas no Sudeste Asiático e no Pacífico Sul transformaram o Brasil no principal fornecedor de látex para os Aliados, matéria-prima essencial para a produção de borracha, um insumo de extrema importância para a indústria bélica. Além dessas possíveis ameaças, a posição geográfica do litoral brasileiro mostrava-se estrategicamente vantajosa para o estabelecimento de bases aéreas e portos militares na região Nordeste, sobretudo na cidade de Recife, que se destacava como o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Dessa forma, essa localidade poderia ser utilizada como uma ponte logística para o envio de tropas, suprimentos e aeronaves destinadas aos teatros de operações europeu e norte-africano. Diante desse cenário, observou-se, em um curto espaço de tempo, um movimento de aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em investimentos estratégicos e acordos de cooperação militar. Entre essas iniciativas, destacou-se a adesão do Brasil ao programa de ajuda militar denominado Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), cujo principal objetivo era promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras. Os termos desse acordo garantiram ao Brasil uma linha inicial de crédito de US$ 100 milhões, destinada à aquisição de material bélico, possibilitando ao país o acesso a armamentos modernos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Esses recursos revelaram-se essenciais para que o país pudesse enfrentar as ameaças impostas pelos ataques de submarinos alemães, que intensificavam os riscos à navegação civil, impactando o comércio exterior brasileiro com os Estados Unidos, responsável pelo transporte diário de matérias-primas destinadas à indústria de guerra norte-americana. A participação brasileira no esforço de guerra aliado logo se ampliaria. A participação brasileira no esforço de guerra aliado logo se ampliaria. O então presidente Getúlio Vargas declarou que o Brasil não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos e sinalizou a possibilidade de uma participação mais ativa de suas forças,  envolvendo o possível envio de tropas brasileiras para algum teatro de operações de relevância.

Na década de 1940, a artilharia de campanha do Exército Brasileiro enfrentava desafios significativos, equipada majoritariamente com armamentos ultrapassados, como os canhões alemães Krupp 75 mm Modelo 1908 e franceses Schneider-Canet 75 mm, projetados para tração hipomóvel e fabricados no início do século XX. Esses equipamentos, embora robustos para sua época, não atendiam às exigências do combate moderno. A entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, ao lado dos Aliados, marcou o início de uma transformação profunda, sendo recebidos neste contexto uma variada  gama de equipamentos modernos, incluindo armas de infantaria, canhões antitanque de 37 mm e obuseiros de 105 mm e 155 mm. Essa incorporação representou um salto qualitativo para a artilharia brasileira, dotando-a de maior potência de fogo e precisão. A seguir a artilharia de campanha se faria presente no teatro de operações da Itália, quando os obuseiros de 105mm e 155 mm da Força Expedicionária Brasileira (FEB) seria empregados para apoiar as operações do V Exército dos Estados Unidos  contra as linhas defensivas alemãs, como a Linha Gustav e a Linha Gótica. O batismo de fogo ocorreria no dia 16 de setembro de 1944, no sopé do Monte Bastione, ao norte da cidade italiana de Lucca, na Toscana, um vento gelado já prenunciava os rigores do inverno próximo. Precisamente às 14 horas e 22 minutos foi lançado contra o inimigo nazista o primeiro tiro jamais disparado pela artilharia brasileira fora do continente sul-americano, atingindo com precisão o objetivo previsto: Massarosa.  Ao longo da campanha, os M-2A1 105 mm foram usados para bombardear posições alemãs, neutralizar contra-ataques e proteger flancos aliados, demonstrando precisão e confiabilidade em combates prolongados. Ainda durante o conflito,  mais obuseiros deste modelo seriam recebidos no Brasil , passando a dotar pelo menos mais grupo de Artilharia Divisionária constituída por três grupos de M-2A1 105 mm e um de M-1 155 mm todos sediados no Rio de Janeiro. Na década de 1970, o Brasil intensificou seus esforços para modernizar suas Forças Armadas, consolidando parcerias estratégicas iniciadas durante a Segunda Guerra Mundial (1939–1945) por meio do programa Leand & Lease Bill Act. Um marco significativo nesse processo foi o Acordo de Assistência Militar Brasil-Estados Unidos, firmado em 1952, que facilitou a transferência de equipamentos militares americanos para o Exército Brasileiro e o Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) da Marinha do Brasil. Nesse contexto, a partir do início da década de 1970, o Brasil recebeu pelo menos 160 obuseiros M-101A1 de 105 mm, oriundos dos estoques do Exército dos Estados Unidos (US Army).
Ainda no âmbito dos acordos de assistência militar firmados entre o Brasil e os Estados Unidos, sob o amparo do Acordo de Assistência Militar de 1952, o Exército Brasileiro recebeu, entre 1967 e 1968, um lote de equipamentos que incluía uma quantidade limitada dos modernos obuseiros M1-02 105 mm Howitzer. Esse armamento representava, à época, o padrão de excelência em artilharia de campanha de 105 mm das Forças Armadas dos Estados Unidos, destacando-se por sua leveza, mobilidade e capacidade de operação em diversos cenários táticos. A chegada dessas peças ao Brasil marcou um avanço significativo na modernização da artilharia nacional, alinhando-a às inovações tecnológicas que já se consolidavam no cenário militar global. Os obuseiros M-102, cedidos ao Exército Brasileiro eram  pertencentes à versão inicial de produção, e desembarcaram no porto do Rio de Janeiro em julho de 1968. Após o desembaraço aduaneiro, foram transportados por via rodoviária até o Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro (AGRJ). Nas instalações do arsenal, as peças passaram por um meticuloso processo de montagem e revisão, conduzido nas oficinas especializadas, garantindo que estivessem em plenas condições para o emprego operacional. Esse cuidado refletia o compromisso do Exército Brasileiro em assegurar a máxima eficácia de seus novos equipamentos. Dada a quantidade limitada de obuseiros recebidos, o Comando do Exército Brasileiro optou por concentrar seu uso em uma única unidade, visando otimizar a capacitação técnica e a eficiência operacional. Assim, o lote foi destinado ao 25º Grupo de Artilharia de Campanha (25º GAC), sediado na cidade de Bagé, no Rio Grande do Sul. Essa decisão foi influenciada pela rica tradição e experiência do 25º GAC, uma unidade com raízes históricas profundas, cuja origem remonta ao 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, conhecido como “Boi de Botas”, criado em 1888. O 25º GAC carrega um legado de bravura e relevância na história militar brasileira. Durante a Revolução Federalista (1893–1895), a unidade desempenhou um papel crucial na defesa da cidade de Bagé, consolidando sua reputação como força combativa. Em 1924, o grupo foi mobilizado para São Paulo e Alegrete, participando de operações para conter a revolta que eclodiu em São Paulo. Nos anos de 1930 e 1932, o então regimento esteve novamente envolvido em conflitos internos, apoiando a Revolução de 1930 e combatendo na Revolução Constitucionalista de 1932. Durante a Segunda Guerra Mundial, em 1942, o grupo contribuiu para a defesa do litoral do Rio Grande do Sul, reforçando sua importância estratégica. Em 1944, 23 de seus militares integraram a Força Expedicionária Brasileira (FEB), participando de operações na Itália, onde demonstraram notável competência na operação de artilharia de campanha.

A integração dos obuseiros M-102 AR 105 mm ao 25º Grupo de Artilharia de Campanha (25º GAC), sediado em Bagé, Rio Grande do Sul, representou um marco significativo na modernização das capacidades de artilharia do Exército Brasileiro. Essas peças, destinadas às 2ª e 3ª Baterias de Obuses, passaram a operar em conjunto com as baterias equipadas com os obuseiros M-101A1 AR 105 mm e M-114 AR 155 mm, complementando as missões do grupo e reforçando sua capacidade de apoio às operações de campanha. A introdução do M-102 trouxe avanços notáveis, especialmente em mobilidade e eficiência operacional, consolidando o 25º GAC como uma unidade de referência no cenário militar brasileiro. Com um peso de apenas 1.496 kg, o M- 102 era quase mil quilos mais leve que o M-101A1, o que facilitava significativamente sua movimentação em terrenos adversos, como os encontrados em diversas regiões do Brasil. Essa característica, aliada ao seu design inovador, com uma base triangular que permitia rotação de 360 graus, conferia ao obuseiro uma agilidade tática sem precedentes. O M-102 AR foi projetado desde sua concepção nos Estados Unidos para atender às demandas de operações aeromóveis, e sua incorporação pelo Exército Brasileiro marcou o início de uma nova era na mobilidade da artilharia de campanha. Um dos avanços mais significativos proporcionados pelo M-102 foi sua compatibilidade com o transporte aéreo. Inicialmente, os obuseiros foram transportados em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), como o Fairchild C-119 Flying Boxcar, seguido pelos De Havilland C-115 Buffalo e, posteriormente, pelo Lockheed C-130E Hercules. Essa capacidade permitiu ao 25º GAC projetar poder de fogo em âmbito nacional, ampliando sua versatilidade e alcance operacional. A chegada dos helicópteros Aerospatiale SA-330L Puma à Força Aérea Brasileira (FAB), em 1981, abriu novas possibilidades para o transporte helitransportado. Os primeiros ensaios nesse tipo de operação foram realizados com o 3º/8º Grupo de Aviação – Esquadrão Puma, utilizando os M-102 AR 105 mm devido à sua adequação para transporte por helicópteros, uma característica intrínseca ao projeto original do obuseiro. Um aspecto crucial do M102 foi sua compatibilidade com a munição semi-fixa de 105 mm já utilizada pelo M-101A1, que, à época, já era produzida nacionalmente pela Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel). Essa padronização logística trouxe benefícios significativos, reduzindo a dependência de importações e otimizando o abastecimento das unidades de artilharia. O custo unitário da munição produzida pela Imbel era consideravelmente inferior ao Width: System: inferior ao de munições importadas, o que impactava positivamente os custos operacionais do Exército Brasileiro. Essa economia permitiu ampliar os exercícios operacionais com munição real, fortalecendo a capacitação das tropas e a prontidão do 25º GAC.
A introdução do obuseiro M-102 105 mm no 25º Grupo de Artilharia de Campanha (25º GAC), sediado em Bagé, Rio Grande do Sul, representou um avanço significativo na modernização da doutrina de artilharia do Exército Brasileiro. Com sua leveza, mobilidade e capacidade de transporte aéreo, o M102 trouxe inovações que enriqueceram as operações do grupo, especialmente no contexto de uma força terrestre que buscava alinhar-se às tendências globais de mobilidade tática. Contudo, a limitada quantidade de unidades disponíveis comprometeu a viabilidade econômica de sua operação e manutenção, desafiando a plena integração do obuseiro às necessidades operacionais do Exército. Apesar dos esforços meticulosos do Arsenal de Guerra do Rio Grande do Sul para manter os obuseiros M-102 em condições operacionais, a baixa disponibilidade dessas peças revelou-se um obstáculo persistente. A complexidade logística e os custos associados à manutenção de um número reduzido de unidades dificultavam a sustentação do modelo em serviço ativo. Assim, em 1996, o Comando do Exército Brasileiro tomou a decisão de desativar o M-102, restabelecendo o M-101A1 105 mm como a peça padrão de artilharia tracionada de 105 mm. Essa transição, embora necessária do ponto de vista logístico e financeiro, representou um retrocesso em termos de doutrina operacional, uma vez que o M-101A1, embora confiável, carecia das inovações técnicas que caracterizavam o M-102, como maior mobilidade e capacidade de transporte aéreo. A desativação do M-102 refletiu os desafios enfrentados pelo Exército Brasileiro em equilibrar modernização tecnológica com restrições orçamentárias, uma realidade comum a muitas forças armadas em nações em desenvolvimento durante o século XX. O impacto da desativação foi parcialmente mitigado anos mais tarde, com a aquisição de obuseiros mais avançados, como o L-118 Light Gun, produzido pela britânica BAE Systems Land Systems, e o M-56, fabricado pela italiana Oto Melara. Essas peças, incorporadas como parte de iniciativas de modernização do Exército Brasileiro, ajudaram a reduzir a defasagem tecnológica na artilharia de campanha, recuperando parte da capacidade perdida com a retirada do M-102. 

Em Escala.
Para representarmos o obuseiro M-102 L/22 105 mm, fizemos uso do excelente kit da AFV Club na escala 1/35, modelo que prima pela qualidade e detalhamento, combinado peças em metal, e borracha. Para se representar a versão usada pelo Exército Brasileiro, não é necessário proceder nenhuma mudança, com o modelo podendo ser montado direto da caixa.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura (camuflagem tática em dois tons) empregado nos obuseiros M-102 105 mm, seguindo o mesmo esquema aplicado nos veículos militares a partir de 1983, substituindo assim a pintura original totalmente em “olive drab”, com a qual foram recebidos no ano de 1968.


Bibliografia: 
- M-102 howitzer Wilipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/M102_howitzer
- 25º Grupo de Artilharia de Campanha - http://www.25gac.eb.mil.br/
- M-102 Army Guide  http://www.army-guide.com/eng/product1194.html

Westland WS-55 Whirlwind Series 1

História e Desenvolvimento.
A gênese desta importante fabricante de aeronaves do Reino Unido, tem origem em 1915, com a fundação da Westland Aircraft Works, uma divisão das empresas Petters Limited, que atuava no segmento de produção de motores pesados para indústria metal mecânica. Este movimento ocorreria em virtude ao atendimento de uma demanda governamental relacionada ao vencimento de uma concorrência para a produção de doze hidroaviões Short Type 184. Em seguida neste  mesmo contexto, um novo contrato seria celebrado, envolvendo agora a produção de mais vinte aeronaves de reconhecimento naval e bombardeiro designados como Short Admiralty Type 166.   O nome fantasia  da companhia “Westland” seria escolhido pela esposa do fundador o senhor William (Teddy) Petter, no momento de aquisição de um terreno para a expansão da planta industrial na região de West Hendford. O intensificar das operações aérea da Primeira Guerra Mundial demandaria um grande incremento por aeronaves militares, levando a assinatura de novos contratos entre a empresa e  governo britânico. Neste momento a Westland Aircraft Work ampliaria sua capacidade fabril, passando a produzir aeronaves desenvolvidas por outro fabricantes como os Sopwith 11/2 Strutter,  Havilland Airco DH.4, Havilland Airco DH.9, Havilland Airco DH.9A e o Vickers Vimy. Como resultado da experiência adquirida na fabricação de aeronaves sob licença durante a Primeira Guerra Mundial , a  Westland Aircraft Works, começaria a projetar e construir sua própria linha de aeronaves, tendo como pioneiro o Westland N.1B em 1917, que seria seguido em 1918 pelos modelos Westland Wagtail e Weasel. Logo após o término do conflito, a empresa passaria a desenvolver uma linha de aeronaves de transporte de pequeno porte destinados ao mercado civil, com destaque para  os modelos WS Limousine e WS Woodpigeon. Neste mesmo período,  a Força Aérea Real (RAF) promovia o lançamento da concorrência “M 26/27”, destinada a substituir os antigos treinadores Airco DH.9A. Após apresentação das propostas a Westland Aircraft Works, seria declarada vencedora em maio de 1927, com seu Westland Wapiti.  No ano de 1935 William (Teddy) Petter, Limited segmentaria seus negócios separando a produção de motores e aeronaves, nascia assim a Westland Aircraft Ltd. com sede na cidade de Yeovil, Somerset, passando a produzir nos anos seguinte inumeros modelos de aeronaves destinados aos mercados civil e militar. 

Durante a Segunda Guerra Mundial , a companhia passaria a desenvolver e produzir uma variada gama de aeronaves, que apresentariam grande importância ao esforço de guerra aliado, dentre estes podemos destacar o Westland Whirlwind, que além de apresentar uma velocidade final superior aos demais modelos em uso naquele pais, representaria o primeiro caça armado com um canhão de 30 mm a entrar em serviço na Força Aérea Real (Royal Army). Também o destacamos o  Westland Lysander, uma aeronave dedicada a tarefas de transporte leve e ligação, que seria notabilizada por seu emprego em missões de infiltração de agentes especiais em território inimigo. Porém a exemplo do ocorrido na Primeira Guerra Mundial, grande parte de seu esforço  da empresa daria na fabricação em larga escala de aeronaves de projeto pertencentes a outras construtoras  aeronáuticas,  com destaque para a produção da família do caça Spitfire, com estas operações se intensificando após a destruição da planta fabril da Supermarine em Southampton em setembro de 1940,  durante o transcorrer da Batalha da Inglaterra.  Em suma a Westland Aircraft Ltd.,  entre os anos de 1940 e 1945,  produziria mais Spitfires do que qualquer outro fabricante. Caberia ainda a  equipe de projetos da empresa, ser responsável pelo desenvolvimento da versão navalizada da aeronave o Supermarine Seafire. Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, a Westland Aircraft Ltd., vislumbraria o potencial mercadológico a ser proporcionado pelas novas aeronaves de asas rotativas, e neste contexto buscaria uma parceria estratégica para produção e transferência de tecnologia ( know how.) Seu primeiro acordo neste sentindo seria celebrado com a empresa norte-americana Sikorsky Aircraft Division,  visando  a produção sob licença do helicóptero Sikorsky S-51 Dragonfly, que receberia a designação local de Westland WS-51 Dragonfly. Seu primeiro protótipo alçaria voo em maio de 1948, e após ser submetido a um extenso programa de ensaios de voo, receberia sei primeiro contrato de produção. Este modelo, a partir de meados do ano de 1950, passaria a ser o principal modelo de helicóptero a estar em serviço na Marinha Real (Royal Navy) e na  Força Aérea Real (Royal Air Force).
Rapidamente o Westland WS-51 Dragonfly conquistaria grande sucesso comercial no segmento civil, que somado aos contratos militares elevaria a empresa a uma posição de destaque no Grã-Bretanha, em um momento em que as aeronaves de asas rotativas começam a ganhar mais expressão no mercado aeronáutico. Visando aproveitar este movimento favorável a diretoria da empresa passaria a considerar o desenvolvimento de um helicóptero de maior porte e capacidade de carga, podendo assim ampliar sua participação neste nicho. Assim seriam elaborados os primeiros estudos para o desenvolvimento desta nova aeronave, sendo dimensionados grandes investimentos para a elaboração do projeto, criação de ferramental, fabricação de protótipos e implantação de variados programas de ensaios em voo. Em virtude de se otimizar estes recursos, novamente a decisão da empresa derivaria para a possível celebração de um novo acordo de produção sob licença com a Sikorsky Aircraft Division, envolvendo agora seu modelo de médio porte o Sikorsky S-55 (H-19 Chickasaw). Negociações seriam conduzidas, culminado em março de 1951, na celebração de um contrato de licenciamento de fabricação e comercialização com exclusividade na Europa. Neste acordo caberia ao corpo de engenheiros da empresa britânica, customizar os projetos técnicos e conceituais norte-americanos, as especificações de ferramental e confecção de gabaritos. Uma célula original do Sikorsky S-55 seria fornecida como base para a elaboração do processo de fabricação em série, sendo montada nas linhas de produção em solo britânico, realizando seu primeiro voo em novembro de 1951. No entanto o processo de customização relativo ao ferramental e gabaritos de montagem para produção em série, se mostraria mais complexo do que o esperado,  com o primeiro protótipo da nova aeronave (matricula G-AMJT) alçando voo somente em 23 de agosto de 1953.

Esta célula e mais dois protótipos agora comercialmente denominados como Westland WS-55 Whirlwind,  seriam submetidos a um complexo programa de ensaios em voo, visando assim sua certificação para operação civil e militar, com este processo sendo finalizado com êxito até novembro do ano seguinte. Logo em seguida a aeronave obteria seu primeiro contrato militar, mediante uma encomenda de dez aeronaves celebrada com Marinha Real (Royal Navy), para o emprego em missões de busca e salvamento – SAR (Searching and Rescue). As primeiras células denominadas pela aviação naval britânica como Whirlwind HAR.1 seriam entregues em janeiro de 1954 ao 848º Esquadrão Aéreo Naval, passando a operar imediatamente. Estas helicópteros estavam equipados com mesmo motor radial empregado nos Sikorsky H-19 Chickasaw,  o Pratt & Whitney Wasp R-1340-40 com 600 shp, no entanto a experiencia de operação junto ao ambiente naval denotariam a necessidade da aeronave desenvolver maior potência. Esta demanda seria atendida com o desenvolvimento da versão Whirlwind  HAR.3., que passaria a estar equipada com o motor radial  Wright R-1300-3 Cyclone 7 de 800 shp de potência. Esta solução agradaria o comando da Marinha Real (Royal Navy), gerando um contrato para produção de trinta e cinco novas células, que seria seguido agora por um pedido para a  Força Aérea Real (Royal Air Force) englobando setenta e uma aeronaves. A aviação naval da Marinha Francesa (Aeronávele) se tornaria o primeiro cliente de exportação militar da aeronave mediante uma compra de trinta e sete helicópteros. Caberia ainda ao modelo escrever uma nova página da história da guerra área, pois em novembro de 1956 durante a Crise do Canal de Suez, os Westland Whirlwind  HAR.3., participariam ativamente das operações  do desembarque anfíbio anglo-francês em Port Saind no Egito.
Análises posteriores novamente classificariam como limitada a capacidade de geração de potência dos motores a pistão norte-americanos, levando a empresa a buscar uma nova solução, optando assim pela adoção de um projeto apresentado pela empresa inglesa Alvis Car and Engineering Company Ltd. Uma nova versão seria desenvolvida, o  Whirlwind HAR.5, que passaria a fazer uso do motor radial Alvis Leonides Major 755/1com 14 cilindros com 900 cv de potência. Esta seria a base para o desenvolvimento da versão naval Whirlwind HAS, que se tornaria o primeiro helicóptero britânico projetado para as tarefas de guerra antissubmarino (ASW). Este modelo apresentava uma autonomia em patrulha de 334 milhas a uma velocidade média de 86 mph, podendo ser equipado com um sistema de sonar de mergulho para detecção de submarinos ou com torpedos. No entanto não podia ser configurado simultaneamente para esta duas tarefas, operando então em pares de aeronaves.  Apesar ter obtido relativo sucesso comercial com esta família de aeronaves de asas rotativas, Westland Aircraft Ltd, já começava a ensaiar seus próximos passos, agora fazendo uso de uma nova tecnologia destinada aos motores a reação do tipo turbo eixo, que permitiria o desenvolvimento de grupos motopropulsores de reduzidas dimensões, mas capazes de gerar considerável potência. Estudo seriam realizados, com a empresa optando pela adoção do novo motor turbo eixo Rolls Royce Gnome, nascendo assim o modelo Westland Whirlwind Série 3, neste mesmo momento as células anteriores seriam modernizadas recebendo este mesmo motor passando a ser designadas como Whirlwind HAR.9.

Emprego na Marinha do Brasil.
A operação de aeronaves de asas rotativas para emprego militar teve início no Brasil na primeira metade da década de 1950 com a aquisição pela Força Aérea Brasileira de quatro células do modelo Bell 47D1. Esta movimentação foi observada de perto pela Marinha do Brasil, que já ambicionava a implementação de sua aviação naval desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Após estudos, alocação de recursos e definição do plano estratégico, seria iníciado o programa de reativação da Aviação Naval, com o primeiro passo sendo dado em 1952 pela criação a Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), que teria por missão criar a doutrina de emprego deste novo braço militar aeronaval. Como segundo estágio deste processo, em 1955 seria formado o Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN), passando a ser baseado no km 11 da Avenida Brasil, na cidade do Rio de Janeiro – RJ (onde atualmente se encontra o Centro Recreativo da Casa do Marinheiro), sendo esta organização focada no treinamento e formação e todo o pessoal aero navegante da Marinha do Brasil. As primeiras aeronaves de instrução a serem recebidas foram três Bell 47J, aeronaves estas que foram adquiridas por intermédio da Missão Naval Americana. Sua operação marcaria o início da era da aviação de asas rotativas na Marinha do Brasil. A estes se juntariam logo em seguida em 1956, dois helicópteros Westland WS-51/2 Widgeon, que passariam a ser empregados em tarefas de transporte e ligação. No final desta mesma década, as altas autoridades militares da Aviação Naval da Marinha do Brasil, prontamente identificaram a necessidade de se dispor de uma aeronave de asas rotativas de maior porte do que até as em uso naquele período. Estudos seriam conduzidos junto ao adido militar naval em Washington nos Estados Unidos, visando a aquisição de aeronaves de asas rotativas junto aquele governo, com preferência ao modelo Sikorsky S-55, que vinham desempenhando um excelente papel como aeronaves navais junto a Marinha Americana (US Navy).

Apesar deste anseio, em face ao cenário de reduzidíssimo orçamento militar em que se deu o ressurgimento da Aviação Naval, os recursos destinados a aquisição de material aeronáutico eram muito escassos, eliminando assim a opção pela aquisição de aeronaves novas do modelo norte-americano Sikorsky S-55. No entanto, em vista da boa relação estabelecida entre Ministério da Marinha a empresa Westland Aircraft Ltd. e o Almirantado Britânico durante as etapas de aquisição e modernização do Navio Aeródromo Ligeiro A-11 Minas Gerais, seria possível á Comissão Fiscal de Construção de Navios na Europa (CFCNE) acertar a compra de três helicópteros usados do modelo Westland WS-55 Whirlwind Série I. Este contrato seria assinado em julho de 1960, ao valor unitário de US$ 141.366,00 por aeronave, e apresentaria como principal vantagem a brevidade oferecida no prazo de entrega, com o primeiro helicóptero sendo disponibilizado para inspeção em outubro do mesmo ano, seguido ainda dos dois restantes já no mês seguinte. Apesar de pertencerem orginalmente a versão civil,  o modelo Westland WS-55 Séries 1, as três aeronaves brasileiras apresentavam muitas características presentes nas versões militares Whirlwind HAR Mk1 e HAR Mk2, respectivamente operadas pela Marinha Real (Royal Navy) e Força Aérea Real (Royal Air Force). As células destinadas a Aviação Naval da  Marinha do Brasil seriam entregues em uma configuração que permitia o transporte de até dez soldados totalmente equipados ou a instalação de seis macas para o emprego em tarefas de remoção aero médica, dispondo ainda de um sistema de guincho elétrico para cargas leves ou pessoal instalado na lateral da cabine, semelhante aos instalados em seus  pares militares no Reino Unido.
Este contrato além do fornecimento das aeronaves e peças de reposiçao, contemplaria ainda um programa de treinamento de operação e manutenção, assim prontamente logo após sua formalização uma comitiva formada por aviadores navais e oficiais brasileiros seria despachada para as instalações da Westland Aircraft Ltd., na cidade de Yeovil. Este programa seria concluído rapidamente e sem dificuldades e no dia 19 de outubro, o Capitão de Fragata Roberto Mário Monnret e o Capitão Tenente Hercel Ahrends Teixeira executariam o primeiro pouso de uma aeronave brasileira a bordo do Navio Aeródromo Ligeiro A-11 Minas Gerais (que havia acabado de concluir suas provas áreas com um grupo aéreo embarcado britânico). Após serem oficialmente aceitos, ensaios e aprovados para recebimento em 4 de novembro, os dois últimos Westland WS-55 Séries 1 se juntariam a primeira aeronave. No início do mês de dezembro estes helicópteros seguiriam em voo até Rotterdam (Holanda), onde seriam embarcados no NAel A-11 Minas Gerais, que se encontrava as vésperas de partir para o Brasil. Nesse interim, as autoridades da Marinha do Brasil já estavam negociando a aquisição de outros dois Westland Whirlwind WS-55 Séries 1. Entretanto os limitados recursos orçamentários destinados a Aviação Naval impediram a efetivação desse plano, que acabaria sendo postergado para 1963. Já no pais operando a partir de terra ou do próprio porta aviões os Whirlwind WS-55 Séries 1, ampliariam consideravelmente o leque de missões que podiam ser cumpridas pela Aviação Naval, muito em função de sua capacidade de transporte e autonomia de voo superior as demais aeronaves de asas rotativas em carga na Marinha do Brasil até então.

Transitoriamente subordinados ao Destacamento Aéreo Embarcado do NAel A-11 Minas Gerais, os três Whirlwind WS-55 Séries 1, já com a designação militar de HU2W, seriam transferidos para o 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1), no momento quem esta unidade seria criada durante mês de junho de 1961. Inicialmente operando a partir das modestas instalações desta nova unidade, localizadas no km 11 da Avenida Brasil na cidade do Rio de Janeiro – RJ, os HU2W Whirlwind prontamente passariam a desempenhar os mais variados trabalhos em benefício de distintas organizações da Marinha do Brasil e de entidades civis. Contudo, uma das principais tarefas atribuídas aos 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1), seria o de prestar apoio as diversas campanhas hidrográficas anualmente organizadas pela Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN). A volumosa cabine da aeronave, não somente permitia acomodar até dez passageiros, mas possibilitava o transporte dos mais variados tipos de materiais e equipamentos. Seu desempenho aliado à sua respeitável a capacidade de carga, tornariam o HU2W Whirlwind uma ferramenta imprescindível para o sucesso de muitas campanhas hidrográficas executadas durante a década de 1960. Estas mesmas capacidades permitiriam ainda a execução de operações aerotransportadas com tropas do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), bem como o lançamento de paraquedistas em missões de infiltração. Ademais em diversas ocasiões, os HU2W Whirlwind foram convocados a realizar tarefas de evacuação aero médica, missões de misericórdia e trabalhos em apoio a flagelados de calamidades públicas, como as chuvas torrenciais que atingiram o Rio de Janeiro no início do ano de 1966.
No entanto, o intenso emprego destas aeronaves acabaria por cobrar um alto preços, duas células, o HU2W N-7012 e HU2W 7008 seriam perdidos em acidentes ocorridos no litoral do Rio de Janeiro e nas vizinhanças de Nazaré (BA), sendo respectivamente registrados no dia 4 de novembro de 1963 e em 17 de agosto de 1964. O recebimento de mais duas aeronaves em meados do ano de 1963 permitiria o pleno restabelecimento da capacidade operacional do 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1). Porém logo em seguida, a  carência de recursos materiais para a execução de serviços de revisão geral, e o agravamento da falta crônica de recursos financeiros, acabaria resultando em uma grande queda em seus índices de disponibilidade de voo. Em 1966 uma célula já havia sofrido uma extensa canibalização para permitir que os outros dois HU2W Whirlwind continuassem voando. Este cenario só seria aliviado a partir de 1967, com a definição pela aquisição de três células  novas de fábrica do  modelo Westland Whirlwind Série 3, equipados com motores turboeixo. Em 1968 seria decidido modernizar os dois HU2W Whirlwind, o elevando ao patamar da versão modernizada Whirlwind HAR.9. Estes trabalhos que incluíam a instalação do motor Rolls – Royce Gnome, seriam conduzidas nas instalações do fabricante na Grã-Bretanha, com este processo sendo concluído no ano seguinte quando as aeronaves foram reincorporadas a Aviação Naval. Já a terceira célula em carga, que havia sido escolhida para canibalização acabaria sendo classificada como “economicamente inviável” para recuperação, sendo então em 1970 alienada e vendida como matéria prima. 

Em Escala.
Para representarmos Westland WS-55 Whirlwind Série 1 HU2W matricula “N-7029”, fizemos uso do antigo kit produzido pela Airfix na escala 1/72. Não há necessidade de se promover nenhuma alteração para compormos a versão empregada pela Aviação Naval da Marinha do Brasil. Fizemos uso de decais produzidos pela FCM Decais presentes no antigo set 72/10.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura empregado pelos Westland Whirlwind HU2W, sendo o mesmo esquema aplicado as demais aeronaves de asas rotativas em uso na Aviação Naval da Marinha do Brasil, mantendo esta sistemática até a implementação de seu programa de modernização realizado em 1968.


Bibliografia :
- Westland Whirlwind – Wikipedia  https://en.wikipedia.org/wiki/Westland_Whirlwind_(helicopter)
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015  por  Jackson Flores 
- 100 anos da Aviação Naval – Marinha do Brasil
- Asas sob os Mares Aviação Naval , Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br

M-1 Pack Howitzer 75 mm

História e Desenvolvimento.
Após o fim da Primeira Guerra Mundial, o Exército dos Estados Unidos (US Army) reconheceu a necessidade de modernizar sua artilharia, que dependia majoritariamente de equipamentos franceses e britânicos, como o canhão M-1897 75 mm. A necessidade de desenvolver armas mais adequadas às demandas de uma guerra moderna, com ênfase em mobilidade, potência e versatilidade, levou à criação, em 1919, do Westervelt Board, uma comissão estratégica que marcou um ponto de inflexão na história militar americana. Presidida pelo General de Brigada William I. Westervelt, esse comitê teve a missão de avaliar as lições aprendidas na guerra e propor diretrizes para o futuro da artilharia do Exército dos Estados Unidos (US Army). Sua missão era ambiciosa: recomendar o desenvolvimento de novas armas que atendessem às exigências de mobilidade, potência de fogo e capacidade de operar em terrenos variados, como montanhas, selvas e campos abertos. O Westervelt Board também considerou a possibilidade de transporte por meios não convencionais, como mulas ou aviões, antecipando as demandas de operações aerotransportadas e em terrenos acidentados. A Primeira Guerra Mundial revelou tanto os avanços quanto as limitações da artilharia da época. Embora os canhões franceses e britânicos, como o 75 mm Schneider e o QF 18-pounder, fossem eficazes, seria reconhecida a necessidade de se desenvolver um obuseiro leve de 75 mm, capaz de disparar projéteis de 6,8 kg a uma distância mínima de 10.090 metros e ser desmontado em cargas transportáveis por mulas.  Esse requisito visava atender operações em terrenos montanhosos e facilitar o transporte em regiões de difícil acesso, onde veículos motorizados não eram práticos. O desenvolvimento do M-1 Pack Howitzer começou em 1920, mas enfrentou desafios iniciais. Uma primeira versão, testada naquele ano, foi rejeitada por não atender completamente aos requisitos de peso e mobilidade. Após revisões, um projeto aprimorado foi apresentado em 1922, culminando na padronização do Howitzer, Pack, 75 mm M-1 on Carriage M-1 em agosto de 1927.  O primeiro protótipo seria rapidamente concluído, sendo então enviado para testes  de campo no inicio do ano seguinte. Este programa de ensaios resultaria em excelentes e promissores resultados, no entanto a partir de 1929 uma grande crise a crise econômica iniciada com a quebra da Bolsa de Valores, se abateria sobre os Estados Unidos. Entre cenário levaria ao imediato contingenciamento de todo o orçamento militar, adiando assim entre tantos projetos, o início da produção deste novo obuseiro.  Este programa só seria retomado no inicio da década seguinte, porém ainda sobre o efeito de restrições orçamentárias, até o inicio de 1933 somente 32 peças foram fabricadas.  

O M-1 75 mm Pack Howitzer foi projetado com foco na portabilidade e versatilidade. Com um peso de aproximadamente 653 kg, o obuseiro podia ser desmontado em seis a nove cargas, dependendo da configuração, com cada carga variando entre 73 e 107 kg. Essas cargas incluíam componentes como o tubo, o mecanismo de culatra, o reparo, a base de tiro e as rodas, permitindo transporte por mulas, paraquedas ou até mesmo por tripulações em situações emergenciais. O canhão utilizava um sistema de recuo hidropneumático, posicionado sob o tubo, e um mecanismo de culatra de cunha deslizante horizontal, operado manualmente, que garantia rápida montagem e desmontagem. O reparo original M1 Carriage, com rodas de madeira, era projetado para tração animal ou reboque em baixa velocidade. Contudo, a necessidade de maior mobilidade, especialmente para operações aerotransportadas, levou ao desenvolvimento do M-8 Carriage na década de 1930.  Esse reparo incorporava rodas metálicas com pneus pneumáticos, reduzindo o peso e facilitando o transporte por veículos leves, como jipes de ¼ de tonelada, ou por aviões Douglas C-47  e planadores, como o CG-4 Waco. O M-8 tornou-se o padrão para unidades aerotransportadas, sendo capaz de ser desmontado em nove cargas para paraquedas (incluindo 18 munições) ou sete cargas para mulas. Além do transporte aéreo convencional o M-1 Pack Howitzer 75 mm poderia ser lançado de paraquedas, podendo já em solo ser facilmente montado e movido. Em  operação, uma equipe de 6 soldados bem treinada conseguia realizar de 3 a 6 disparos por minuto com satisfatória precisão, apenas  como ponto negativo seu curto canhão proporcionava um alcance limitado máximo de 8,7 km. Apesar de promissor o projeto ainda recebia poucos recursos e até meados do ano de 1940 apenas 91 peças haviam sido entregues as unidades operativas do Exército dos Estados Unidos (US Army). O cenário mudou drasticamente com a intensificação das tensões na Europa e no Pacífico no final da década de 1930. O início da Segunda Guerra Mundial e a necessidade urgente de equipar as forças aliadas, incluindo por meio do programa Lend-Lease Act, impulsionaram um ambicioso programa de rearmamento nos Estados Unidos. O M-1 75 mm Pack Howitzer foi priorizado devido à sua versatilidade, e a produção em massa foi iniciada em setembro de 1940, liderada pelo Rock Island Arsenal, um dos principais centros industriais do Exército dos Estados Unidos (US Army) para armamentos de artilharia. Outros fabricantes foram contratados para atender à crescente demanda, garantindo a escalabilidade da produção. Entre 1940 e dezembro de 1944, foram fabricadas 4.939 unidades do M-1/M1A1, um feito notável considerando as restrições iniciais e a necessidade de produzir simultaneamente outros armamentos, como o obuseiro M-2A1 105 mm.
No inicio de 1942, um versão aprimorada do obuseiro, a M-1A1, foi introduzida com pequenas modificações no anel de culatra e no bloco de culatra, oferecendo maior confiabilidade, neste contexto passariam a ser distribuídas as unidades operativas do Exército dos Estados Unidos (US Army), principalmente as unidades de montanha e divisões de paraquedistas.  O batismo de fogo do M-1 75 mm Pack Howitzer ocorreu no contexto da entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, após o ataque a Pearl Harbor em dezembro de 1941. Sua estreia em combate foi registrada no Teatro do Pacífico, particularmente durante a Campanha das Ilhas Salomão em 1942, com destaque para a Batalha de Guadalcanal (agosto de 1942 – fevereiro de 1943). Operado pelos Fuzileiros Navais, o M-1 foi amplamente utilizado em operações em selva, onde sua portabilidade e facilidade de montagem foram cruciais para superar as dificuldades logísticas impostas pelo terreno. Na Batalha de Guadalcanal, o M-1 75 mm Pack Howitzer, apelidado de “Tiny Tim” pelos Fuzileiros Navais, provou sua eficácia contra posições fortificadas japonesas, como bunkers e ninhos de metralhadoras. Transportado por mulas ou desmontado para ser carregado por soldados em trilhas estreitas, o obuseiro ofereceu suporte de fogo preciso e contínuo, permitindo às tropas americanas neutralizar defesas inimigas em um ambiente hostil de selva tropical. Sua capacidade de ser rapidamente montado e operado por uma equipe de seis soldados, com uma cadência de três a seis disparos por minuto, garantiu flexibilidade tática em combates intensos.  Em 22 de janeiro de 1944, o obuseiro foi empregado de maneira significativa durante a Operação Shingle, o desembarque anfíbio aliado em Anzio, Itália, pelas unidades do 39º Regimento de Artilharia de Campo, do 504º Regimento de Infantaria de Paraquedistas e da 82ª Divisão Aerotransportada. Esta operação teve como objetivo abrir uma nova frente na Itália, contornando as fortificações alemãs da Linha Gustav e acelerando o avanço aliado em direção a Roma. O desembarque em Anzio, liderado pelo VI Corpo do V Exército dos Estados Unidos, envolveu forças americanas e britânicas, incluindo unidades de elite como a 82ª Divisão Aerotransportada. O terreno costeiro e pantanoso de Anzio, combinado com a resistência alemã, exigia armas que fossem móveis, fáceis de posicionar e capazes de fornecer suporte de fogo imediato. O 39º Regimento de Artilharia de Campo, parte do VI Corpo, utilizou o M-1 75 mm Pack Howitzer para fornecer apoio de fogo às tropas desembarcadas em Anzio. Transportado em cargas leves, o obuseiro foi rapidamente posicionado nas praias e áreas adjacentes, oferecendo disparos de alto explosivo (HE) contra posições alemãs fortificadas, como ninhos de metralhadoras e bunkers.

A partir de fevereiro de 1944, uma nova normativa organizacional do Exército dos Estados Unidos (US Army) estabeleceu que cada divisão aerotransportada deveria ser equipada com três batalhões de artilharia, totalizando 36 peças do M-1/M-1A1 75 mm Pack Howitzer. Dois desses batalhões eram transportados por planadores Waco CG-4, enquanto o terceiro, um batalhão de artilharia de campo, utilizava peças lançadas por paraquedas a partir de aeronaves Douglas C-47 Skytrain. Essa configuração garantia suporte de fogo imediato em operações aerotransportadas, como a Operação Shingle em Anzio (janeiro de 1944) e a Operação Overlord na Normandia (junho de 1944). Em alguns casos, o M-1 podia ser substituído pelo mais potente M3 105 mm Howitzer, refletindo a flexibilidade tática das divisões aerotransportadas. Nas divisões de montanha, como a 10ª Divisão de Montanha, cada unidade contava com três batalhões equipados com 12 obuseiros M-1/M-1A1, totalizando 36 peças por divisão. Essas unidades se destacaram em terrenos acidentados, como os Apeninos na Itália. Além disso, o M-1 foi amplamente utilizado em batalhões de artilharia de campo no Teatro do Pacífico, especialmente na Birmânia, onde mulas de carga transportavam as peças desmontadas por trilhas irregulares, garantindo suporte de fogo em ambientes onde veículos motorizados eram inviáveis. A partir de 1943, uma variante do obuseiro, designada M-2 75 mm, foi adotada pelas unidades de artilharia divisional do Corpo de Fuzileiros Navais (US Marine Corps). Apelidado de “Tiny Tim”, o M-1/M2 foi empregado em operações anfíbias no Pacífico, como em Guadalcanal, Iwo Jima e Okinawa, onde sua leveza e precisão foram cruciais para neutralizar posições fortificadas japonesas. Entre 1944 e 1945, no entanto, os Fuzileiros Navais começaram a substituir o M-1 por obuseiros mais potentes de 105 mm e 155 mm, refletindo a necessidade de maior alcance e poder de fogo contra defesas mais robustas.  Um dos usos mais singulares do M-1 75 mm Pack Howitzer ocorreu em abril de 1945, durante a Operação Tombola, na Itália. Uma única peça foi lançada de paraquedas para equipar o 2º Regimento Italiano do SAS (Serviço Aéreo Especial), uma unidade heterogênea composta por partisans italianos, ex-prisioneiros de guerra russos e desertores do Exército Alemão (Wehrmacht). Operando entre Modena e Florença, ao longo da Rota 12, o obuseiro foi utilizado para atacar comboios alemães, demonstrando sua versatilidade em operações de guerrilha.  Esse feito destacou a capacidade do M-1 de ser empregado por forças não convencionais em missões táticas complexas, reforçando sua reputação como uma arma adaptável. 
Após a Segunda Guerra Mundial, o M-1 75 mm Pack Howitzer continuou em serviço em diversos exércitos. Na China, sua longevidade se estendeu até a Guerra do Vietnã, onde foi operado pelo Viet Minh contra forças francesas e, posteriormente, americanas. Nos Estados Unidos, o obuseiro foi redesignado como M-116 em 1962 e permaneceu em uso até a década de 1980, inclusive em funções cerimoniais, disparando salvas em eventos militares, prática que persiste em algumas unidades até hoje. Em 1960, 153 peças do M-116 75 mm Howitzer foram transferidas dos estoques do Exército dos Estados Unidos (US Army) para as Forças de Autodefesa do Japão (Jieitai), como parte de acordos de cooperação militar no pós-guerra. Essas unidades, projetadas para serem desmontadas em cargas transportáveis por mulas, paraquedas ou veículos leves, foram integradas às operações japonesas, permanecendo em serviço ativo até o final da década de 1980. A longevidade do M-116 no Japão destaca sua confiabilidade e adaptabilidade, especialmente em terrenos montanhosos e em operações que exigiam mobilidade e suporte de fogo preciso. Surpreendentemente, o M-116 retomou um papel operacional em 2010, quando o Exército Turco (Türk Kara Kuvvetleri) empregou dezenas dessas peças em operações contra grupos separatistas curdos no sudeste da Turquia. A capacidade do obuseiro de operar em terrenos acidentados, aliada à sua facilidade de transporte, tornou-o adequado para conflitos assimétricos, onde a mobilidade era essencial. Nos Estados Unidos, o M-116 75 mm Howitzer continua a desempenhar um papel cerimonial, preservando sua importância histórica. O Exército Americano mantém três peças na Bateria de Artilharia Norwich, localizada na Universidade de Norwich, e duas peças na Universidade do Norte da Geórgia, ambas instituições reconhecidas entre as seis principais faculdades militares do país. Nessas unidades, o obuseiro é utilizado para disparar salvas em cerimônias oficiais, honrando tradições militares e conectando gerações de cadetes à história da artilharia americana. O M-116 permanece como um símbolo da colaboração aliada e da resiliência militar, conectando gerações de soldados que, em diferentes épocas e contextos, confiaram em sua precisão e mobilidade. Seja em campos de batalha históricos ou em cerimônias que honram a tradição militar, o M-116 75 mm Howitzer continua a inspirar respeito, preservando o legado de coragem e inovação que marcou sua história.

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passou a considerar com extrema preocupação a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Essa ameaça tornou-se ainda mais evidente após a capitulação da França, em junho de 1940, pois, a partir desse momento, a Alemanha Nazista poderia estabelecer bases operacionais nas Ilhas Canárias, em Dacar e em outras colônias francesas, criando um ponto estratégico para uma eventual incursão militar no continente. Nesse contexto, o Brasil foi identificado como o local mais provável para o lançamento de uma ofensiva, devido à sua proximidade com o continente africano, que à época também figurava nos planos de expansão territorial alemã. Além disso, as conquistas japonesas no Sudeste Asiático e no Pacífico Sul transformaram o Brasil no principal fornecedor de látex para os Aliados, matéria-prima essencial para a produção de borracha, um insumo de extrema importância para a indústria bélica. Além dessas possíveis ameaças, a posição geográfica do litoral brasileiro mostrava-se estrategicamente vantajosa para o estabelecimento de bases aéreas e portos militares na região Nordeste, sobretudo na cidade de Recife, que se destacava como o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Dessa forma, essa localidade poderia ser utilizada como uma ponte logística para o envio de tropas, suprimentos e aeronaves destinadas aos teatros de operações europeu e norte-africano. Diante desse cenário, observou-se, em um curto espaço de tempo, um movimento de aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em investimentos estratégicos e acordos de cooperação militar. Entre essas iniciativas, destacou-se a adesão do Brasil ao programa de ajuda militar denominado Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), cujo principal objetivo era promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras. Os termos desse acordo garantiram ao Brasil uma linha inicial de crédito de US$ 100 milhões, destinada à aquisição de material bélico, possibilitando ao país o acesso a armamentos modernos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Esses recursos revelaram-se essenciais para que o país pudesse enfrentar as ameaças impostas pelos ataques de submarinos alemães, que intensificavam os riscos à navegação civil, impactando o comércio exterior brasileiro com os Estados Unidos, responsável pelo transporte diário de matérias-primas destinadas à indústria de guerra norte-americana. A participação brasileira no esforço de guerra aliado logo se ampliaria. A participação brasileira no esforço de guerra aliado logo se ampliaria. O então presidente Getúlio Vargas declarou que o Brasil não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos e sinalizou a possibilidade de uma participação mais ativa de suas forças,  envolvendo o possível envio de tropas brasileiras para algum teatro de operações de relevância.

Na década de 1940, a artilharia de campanha do Exército Brasileiro enfrentava desafios significativos, equipada majoritariamente com armamentos ultrapassados, como os canhões alemães Krupp 75 mm Modelo 1908 e franceses Schneider-Canet 75 mm, projetados para tração hipomóvel e fabricados no início do século XX. Neste contexto ainda pesava a já defasada doutrina operacional, fundamentada durante a permanência da "Missão Militar Francesa” no pais.  Esses equipamentos, embora robustos para sua época, não atendiam às exigências do combate moderno. A entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, ao lado dos Aliados, marcou o início de uma transformação profunda, a partir de meados de 1942, navios de transporte começaram a desembarcar no porto do Rio de Janeiro, trazendo uma gama de equipamentos modernos, incluindo armas de infantaria, canhões antitanque de 37 mm e obuseiros de 75 mm, 105 mm e 155 mm.  Neste contexto inicialmente um total de 36 obuseiros do modelo M-1 75 mm Howitzer Pack foram cedidos nos primeiros contratos do programa Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), sendo dispostos em duas versões de carro reboque, o M-1 com rodas de madeira (primeiro lote de produção) e o M-8 com pneus de borracha convencionais, no entanto não se sabe com exatidão a real quantidade recebida destes dois modelos. Essa incorporação representou um salto qualitativo para a artilharia brasileira, dotando-a de maior potência de fogo e precisão. O compromisso do Brasil com o esforço de guerra aliado foi formalizado em  Em 9 de agosto de 1943, por meio da Portaria Ministerial nº 4.744, publicada em boletim reservado no dia 13 do mesmo mês, foi criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Estruturada como a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE), sob o comando do General de Divisão João Batista Mascarenhas de Morais, a Força Expedicionária Brasileira (FEB incluía, além da divisão principal, diversos órgãos não-divisionários essenciais para sua operação, devendo ao todo ser composta por 25.000 soldados. Não existem registros oficiais ou fotográficos do emprego dos M-1 75 mm Howitzer Pack pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a campanha na Itália. Especula-se no entanto que como a organização do Exército Brasileiro, foi espelhada nos mesmos moldes das unidades que compunham o V Exército Americano, comandado pelo General Mark Clark, existe a possibilidade de algumas destas peças possam ter sido as entregues juntamente com os obuseiros M-1 de 155 mm , M-2 de 105 mm e M-3 também de 105 mm. Esta teoria se reflete pelo fato de 10ª Divisão de Montanha norte-americana, que  era uma das principais unidades que participaram deste front de batalha , era especializada em operações nos terrenos adversos. Representava assim a primeira e única divisão norte-americana de Alpinos, sendo formada por esquiadores experientes, alpinistas e montanhistas com formação concluída no Texas, e por operar neste nível de especialização estava equipada com peças de artilharia de pequeno porte como os canhões antitanque M-3 37 mm e obuseiros M-1 75 mm Howitzer Pack. Assim a Força Expedicionária Brasileira (FEB) por operar nesta mesma região, possa ter vindo a operar este modelo de peça de artilharia, no entanto reforçamos que trata-se de uma especulação.
No período pós-Segunda Guerra Mundial, o Exército Brasileiro passou por um processo de modernização de suas capacidades operacionais, com a incorporação de equipamentos recebidos durante o conflito, como os obuseiros leves M-1 75 mm Howitzer Pack. Essas peças, inicialmente alocadas aos Grupos de Artilharia de Campanha, operavam em conjunto com outros armamentos adquiridos por meio do programa Lend-Lease Act, sendo transportadas por veículos leves, como os Ford e Willys Jeeps e os Dodges WC-51 e WC-52 Beep. A mobilidade e a versatilidade desses obuseiros os tornavam ideais para as demandas táticas da época, marcando um avanço significativo em relação aos antigos canhões de tração hipomóvel. Uma transformação significativa no emprego operacional dos M-1 75 mm Howitzer Pack ocorreu com a criação, em 26 de dezembro de 1946, do Núcleo de Formação e Treinamento de Paraquedistas, que deu origem ao Núcleo da Divisão Aeroterrestre. Essa nova estrutura organizacional foi concebida para desenvolver uma força aerotransportada de elite, composta por batalhões de infantaria paraquedista, esquadrões de cavalaria paraquedista, companhias de comando, comunicações, engenharia, apoio logístico e grupos de artilharia paraquedista. A doutrina operacional desses grupos de artilharia previa a formação de uma bateria de obuses de 75 mm e outra de 105 mm, sendo o M-1 75 mm Howitzer Pack a peça mais adequada para equipar essa unidade. Projetado originalmente para operações aerotransportadas pelas forças norte-americanas durante a Segunda Guerra Mundial, esse obuseiro era leve, desmontável e compatível com lançamento por paraquedas, características que o tornavam ideal para as necessidades de uma força de projeção rápida. O Núcleo da Divisão Aeroterrestre concentrou esforços no desenvolvimento de uma doutrina operacional inovadora, voltada para o emprego de artilharia de campanha aerotransportada. Esse trabalho culminou na criação de uma unidade independente e altamente profissional, capaz de operar em cenários de alta mobilidade. Um marco histórico nesse processo ocorreu em 26 de dezembro de 1950, quando o Capitão Dickson Melges Grael, pioneiro do paraquedismo militar no Brasil e primeiro comandante dessa unidade, realizou o primeiro tiro de bateria com um obuseiro M-1 75 mm Howitzer Pack. Esse evento simbolizou a consolidação da artilharia paraquedista como uma arma de apoio de fogo, ampliando a capacidade operacional da recém-formada unidade. As operações aerotransportadas iniciaram-se imediatamente após esse marco, embora enfrentassem limitações logísticas. As aeronaves disponíveis na Força Aérea Brasileira, como os Douglas C-47, não eram ideais para o transporte de cargas pesadas, devido à sua capacidade limitada e ao uso exclusivo de portas laterais para lançamento. Apesar dessas restrições, a unidade demonstrou resiliência e adaptabilidade, características essenciais para sua missão.

A trajetória da artilharia aerotransportada do Exército Brasileiro alcançou um marco significativo em 31 de março de 1953, quando o Núcleo da Divisão Aeroterrestre foi elevado à condição de Grupo de Obuses 75 mm Aeroterrestre. Essa reestruturação centralizou todas as peças M-1 75 mm Howitzer Pack disponíveis no Brasil, reforçando a especialização da unidade em operações aerotransportadas. Sob a liderança de oficiais visionários, como o Capitão Dickson Melges Grael, pioneiro do paraquedismo militar brasileiro, o grupo consolidou-se como símbolo de inovação e profissionalismo, lançando as bases para o que se tornaria a Brigada de Infantaria Paraquedista (Bda Inf Pqd), uma das forças de elite mais prestigiadas do Exército Brasileiro. Um salto qualitativo nas capacidades operacionais da unidade ocorreu a partir de janeiro de 1956, com a chegada dos primeiros aviões de transporte Fairchild C-82 Packet à Força Aérea Brasileira. Projetada especificamente para missões de lançamento de paraquedistas e cargas, essa aeronave oferecia maior capacidade de transporte em comparação com os antigos Douglas C-47, até então utilizados. A introdução do C-82 foi determinante para o aprimoramento da doutrina aeroterrestre do Exército Brasileiro, proporcionando o suporte logístico necessário para a consolidação do Grupo de Obuses 75 mm Aeroterrestre e da própria Brigada de Infantaria Paraquedista. Esse progresso culminou, em 1955, no primeiro lançamento em larga escala de peças de artilharia M-1 75 mm Howitzer Pack, um feito que demonstrou a capacidade da unidade de integrar artilharia leve em operações aerotransportadas. A partir de 1962, a incorporação dos aviões Fairchild C-119 Flying Boxcar intensificou os exercícios operacionais de maior envergadura. Com maior capacidade de carga e portas traseiras adequadas para lançamento de equipamentos, o C-119 permitiu a adoção de peças de artilharia mais pesadas, como os obuseiros M-2 e M-3 de 105 mm, que complementaram os M-1 75 mm. Essa evolução marcou a transição do grupo para novas denominações, como Grupo de Obuses 105 mm Aeroterrestre, e, posteriormente, 8º Grupo de Artilharia Paraquedista, estruturado nos moldes que persistem até hoje. A criação da Brigada Aeroterrestre em 1968, a partir da reestruturação do Núcleo da Divisão Aeroterrestre, representou um momento decisivo no desenvolvimento das forças aerotransportadas brasileiras. Essa reorganização fortaleceu a capacidade da unidade de operar em cenários de alta complexidade, com uma estrutura modular que incluía batalhões de infantaria paraquedista, esquadrões de cavalaria, companhias de comando, comunicações, engenharia, apoio logístico e grupos de artilharia. Em 1971, a redesignação oficial para Brigada de Infantaria Paraquedista consolidou sua identidade como uma tropa de elite, sediada no Rio de Janeiro e subordinada ao Comando Militar do Leste.
Na década de 1970, os obuseiros M-1 75 mm Howitzer Pack, que haviam desempenhado um papel fundamental na modernização da artilharia aerotransportada do Exército Brasileiro, começaram a exibir sinais evidentes de obsolescência e desgaste. Após décadas de serviço, essas peças, originalmente recebidas na década de 1940, enfrentavam limitações impostas pela idade e pela necessidade de padronização logística. O calibre de 105 mm foi adotado como padrão para a artilharia de campanha do Exército Brasileiro, refletindo a busca por maior eficiência operacional e uniformidade nos estoques de munição. Nesse contexto, muitos dos obuseiros M1 75 mm passaram a ser utilizados em funções secundárias, como instrução militar e disparos de salvas cerimoniais, especialmente no âmbito do Curso de Formação de Reservistas de 2ª Categoria (CMPA). Essas atividades, embora importantes para a formação de reservistas e para a preservação de tradições militares, indicavam o declínio do papel operacional dessas peças, que já não atendiam às exigências das operações modernas. Diante desse cenário, o Comando do Exército Brasileiro tomou a decisão estratégica de substituir os obuseiros M-1 75 mm por equipamentos mais avançados. A escolha recaiu sobre o modelo italiano Oto Melara C/14 M-56R de 105 mm, cuja aquisição teve início em 1977. Esse obuseiro, reconhecido por sua leveza, mobilidade e compatibilidade com operações aerotransportadas, representou um avanço significativo para a artilharia brasileira, alinhando-se às necessidades táticas da época e consolidando o calibre de 105 mm como padrão.  Com o fim de sua carreira operacional, alguns obuseiros M-1 75 mm Howitzer Pack foram realocados para o Colégio Militar do Rio de Janeiro (CMRJ), onde passaram a ser empregados em atividades de instrução e em disparos de salvas de honra, ao lado dos antigos obuseiros franceses Schneider de 75 mm. Nessas funções, as peças continuaram a desempenhar um papel simbólico e educativo, preservando a memória histórica da artilharia brasileira e contribuindo para a formação de jovens cadetes. Esse uso, contudo, foi temporário. No início da década de 1990, os M-1 75 mm foram completamente desativados do serviço ativo.

Em Escala.
O kit da Vision Models na escala 1/35 é ideal para representar o M1 75 mm Howitzer Pack do Exército Brasileiro. Apesar de limitações na injeção plástica, o modelo oferece bom detalhamento, com peças em metal e photo-etched, que garantem realismo a elementos como o cano, suportes e grades. O kit não requer modificações para representar a versão usada pelo Brasil, recebida via Lend-Lease Act. A pintura em verde-oliva, com marcações discretas, reflete o uso pelo Núcleo da Divisão Aeroterrestre e pela Brigada de Infantaria Paraquedista.
O esquema de pintura adotado para o M-1 75 mm Howitzer Pack consistia predominantemente no Verde-Oliva Fosco, correspondente ao padrão FS 34087 (Federal Standard 595), amplamente utilizado em equipamentos militares brasileiros e aliados durante e após a Segunda Guerra Mundial. As marcações eram minimalistas, geralmente restritas a numerações ou insígnias discretas do Exército Brasileiro, aplicadas em preto fosco (FS 37038) ou, em alguns casos, branco fosco (FS 37875), dependendo do contexto operacional ou cerimonial.


Bibliografia: 
- M116 75 mm  Wikipédia - https://en.wikipedia.org/wiki/M116_howitzer
- Technical Manual TM 9-1320, 75mm Howitzers and Carriages. War Department, 1944
- Veículos Militares do Brasil - EB e CFN – Facebook Edição colaborativa do artigo
-  Exército Brasileiro - http://www.bdainfpqdt.eb.mil.br/oms/60-organiza%C3%A7%C3%B5es-militares/110-8-gac-pqdt.html