Ford Engesa F-600 (VTNE)

História e Desenvolvimento.
A Ford Motor Company, uma das mais icônicas e prestigiadas montadoras norte-americanas, foi fundada em 16 de junho de 1903, em modestas instalações situadas no subúrbio de Detroit, no estado de Michigan. Liderada pelo engenheiro e visionário Henry Ford, a empresa teve início com um investimento inicial de US$ 28.000, aportados por doze investidores, entre os quais se destacavam os irmãos John e Horace Dodge, que posteriormente deixariam a companhia para fundar a Dodge Motors Company. Este documento apresenta uma análise formal e estruturada da trajetória inicial da Ford, seu impacto na indústria automotiva e o legado de suas inovações. Nos primeiros anos de operação, a Ford Motor Company produzia veículos de forma quase artesanal em sua fábrica localizada na Avenida Mack, em Detroit. Pequenos grupos de dois ou três trabalhadores montavam cada automóvel, utilizando componentes majoritariamente fornecidos por terceiros. Apesar da escala limitada, os produtos da Ford rapidamente conquistaram a confiança dos consumidores norte-americanos, posicionando a empresa como líder no segmento de carros de passeio. Esse sucesso inicial gerou recursos que viabilizaram a expansão da companhia e o aprimoramento de seus processos industriais. Com o crescimento da demanda, a Ford optou por internalizar a fabricação de componentes críticos, adotando o conceito de integração vertical. Essa estratégia, inovadora para a época, permitiu maior controle sobre a qualidade e os custos de produção, consolidando a eficiência operacional da empresa. A integração vertical tornou-se um modelo funcional e amplamente adotado, contribuindo para a escalabilidade da Ford e sua capacidade de atender a um mercado em rápida expansão. Em 1908, Henry Ford lançou o Ford Modelo T, equipado com o primeiro motor de cabeça de cilindro removível, um marco técnico que elevou os padrões da indústria. Contudo, foi em 1914 que a Ford revolucionou a manufatura com a introdução da linha de montagem contínua, um sistema que implementou a produção em série de forma prática e eficiente. Esse método, conhecido como “Fordismo”, baseava-se na padronização de processos, na verticalização da produção e no aperfeiçoamento contínuo, encapsulado no célebre lema de Henry Ford: “Você pode comprar um Ford de qualquer cor, contanto que seja preto.” Desde seus primeiros anos, a Ford Motor Company demonstrou uma visão estratégica voltada para o mercado internacional. Em 1904, a empresa estabeleceu sua primeira linha de montagem no exterior, no Canadá, para a produção do Modelo C. Essa iniciativa marcou o início de uma política de parcerias globais, que facilitavam a fabricação local e a adaptação dos veículos às necessidades de diferentes mercados. O impacto do Fordismo transcendeu a indústria automotiva, influenciando métodos de produção em diversos setores. A combinação de eficiência, padronização e acessibilidade introduzida por Henry Ford redefiniu os paradigmas da manufatura moderna, estabelecendo um modelo que seria adotado mundialmente. Além disso, a Ford Motor Company consolidou-se como uma das pioneiras na democratização do automóvel, transformando-o de um artigo de luxo em um bem acessível a milhões de pessoas.

A expansão da Ford na América Latina teve início na Argentina, onde, em 1913, foi estabelecida uma filial. Contudo, a montagem de veículos nesse país só foi iniciada em 1921. No Brasil, a produção de automóveis Ford começou de forma pioneira em 1918, por meio de uma iniciativa do industrial baiano Antônio Navarro Lucas. Licenciado pela Ford, Lucas passou a montar, em Salvador, Bahia, dez unidades mensais do Modelo T, marcando o Brasil como o primeiro país latino-americano a fabricar veículos da montadora. Reconhecendo o potencial do mercado brasileiro, a diretoria da Ford Motor Company decidiu, em 24 de abril de 1919, criar uma filial no país. Já no início de maio do mesmo ano, foi instalada, na Rua Florêncio de Abreu, no centro de São Paulo, uma unidade que combinava um escritório administrativo e uma linha de montagem para a produção do Modelo T. Essa instalação tornou-se a primeira indústria automobilística do Brasil, um marco histórico para o setor. O Ford Modelo T destacou-se no Brasil por sua robustez, facilidade de condução e manutenção, características que o tornaram o automóvel mais popular do país na época. Com apenas 20 cavalos de potência, seu projeto simples e funcional permitia sua desmontagem para transporte em caixotes, sendo remontado em galpões próximos a portos ou estações ferroviárias, especialmente em regiões com infraestrutura rodoviária limitada. Essa versatilidade contribuiu para sua ampla aceitação no mercado brasileiro. A crescente demanda por veículos Ford no Brasil impulsionou a expansão das operações em São Paulo. Até 1921, a Ford mudou suas instalações duas vezes, ainda no centro da cidade, até se estabelecer na Rua Sólon, no bairro do Bom Retiro. Nesse endereço, a produção alcançou a capacidade de 40 unidades diárias. Em 1923, a mesma unidade montou o primeiro caminhão fabricado no Brasil, ampliando o portfólio da empresa. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Ford priorizou a produção de veículos e componentes para uso militar. Com o fim do conflito, a montadora acelerou sua produção, atingindo, em 1948, uma cadência de 50 a 60 veículos leves por dia. Nesse período, a fábrica passou a montar uma gama diversificada de produtos, incluindo automóveis Ford, Mercury e Lincoln (de origem norte-americana), Anglia e Prefect (de origem britânica), além de veículos comerciais leves, ônibus e caminhões médios e pesados das marcas Ford e Thames. Aproximadamente 1.200 componentes já eram produzidos localmente, por meio da Ford e de cerca de cem fornecedores nacionais, enquanto cabines e carrocerias continuavam a ser importadas e montadas no Brasil. Ao completar 30 anos de operações no Brasil, em abril de 1949, a Ford já havia montado mais de 200 mil veículos. Em 1953, a empresa inaugurou uma moderna fábrica no bairro do Ipiranga, em São Paulo, com capacidade para produzir 125 veículos por dia. Essa unidade representou um salto em termos de infraestrutura e eficiência produtiva. Nesse contexto, o governo federal começou a considerar políticas de incentivo à nacionalização da indústria automotiva, embora planos concretos só fossem formalizados em 1956, com a criação do Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA).
Com a criação do Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA) em maio de 1956, o Brasil estabeleceu diretrizes para a nacionalização da indústria automotiva, exigindo que as montadoras desenvolvessem planos para a fabricação de veículos com crescente conteúdo local. A Ford do Brasil S/A, alinhada a essas metas, submeteu seu plano ao GEIA próximo ao prazo limite, consolidando um marco na história da indústria automotiva nacional. Eram três tipos: um caminhão médio, um leve e uma picape, prevendo capacidade máxima de trinta mil unidades, em 1960, com a produção de mails de oito mil caminhões já em 1957. Em coerência com as regras vigentes, o índice de nacionalização deveria aumentar progressivamente, saltando de cerca de 40%, em 1957, para 90% (em peso) em 1960. Quando o projeto da Ford foi aprovado, no final de 1956, a quase totalidade dos componentes das cabines já era estampada no Brasil; a produção de algumas partes era terceirizada, caso das caçambas de picapes, fornecidas pelas Máquinas Piratininga, e algumas centenas de itens diversos eram adquiridos junto a outros fabricantes nacionais. Em 26 de agosto de 1957 deixou a linha de montagem do Ipiranga o primeiro caminhão Ford nacional – o F-600, ainda apenas com cerca 40% de conteúdo nacional, em peso. Tratava-se de um modelo convencional, de porte médio (para 6,5 t, entre eixos de 4,37 m) e arquitetura tipicamente norte-americana, com motor V8 a gasolina (4,5 l e 161 cv) e cabine recuada; tinha caixa de quatro marchas e diferencial de duas velocidades, com reduzida de comando elétrico. Dois meses depois foi lançada a picape F-100, para 930 kg, dotada da mesma motorização e igual cabine, porém com três marchas (primeira não sincronizada). Ambos eram modelos descontinuados nos Estados Unidos – um mix de capô, para-lamas e cabine de 1953 com grade de 1956. Exatos 3.454 veículos foram concluídos no primeiro ano, 576 dos quais do modelo picape. Para atender às metas do plano, foram criados os Departamentos de Engenharia do Produto e de Ensaios e Pesquisa (alocados nas antigas instalações do Bom Retiro), construída uma fundição de motores em Osasco (SP), instaladas linhas de usinagem e montagem de motores e ampliada a estamparia do Ipiranga, as três últimas inauguradas em novembro de 1958. Em 1959, a cabine do caminhão e picape foi reestilizada, recebendo novo painel, volante “em cálice” e os para-brisas panorâmicos introduzidos em 1956, nos Estados Unidos. A picape, por sua vez, ganhou caçamba muito mais moderna, com para-lamas integrados, seguindo projeto apenas recentemente adotado na matriz. Para registrar o salto no índice de nacionalização, obtido após a inauguração da fábrica de motores, os emblemas de todos os modelos passaram a vir nas cores verde e amarela.   Em junho daquele mesmo ano seria lançado o caminhão leve F-350 (para 2,7 ton entre eixos de 3,30 m), com a mesma mecânica dos demais (este seria, por muitos anos, o único modelo brasileiro na categoria). No ano seguinte o caminhão médio ganhou a versão F-600-148″, com menor entre eixos (3,77 m), próprio para receber carroceria basculante ou quinta roda, com capacidade de tração de 12 toneladas.

Em 1961 foi também o ano em que a Ford brasileira se dobrou à realidade local, que aceleradamente se afastava dos motores a gasolina no transporte de cargas, e lançou seu primeiro veículo diesel. Equipado com motor Perkins de seis cilindros e 125 cv, o F-600 Diesel recebeu poucas modificações com relação ao modelo a gasolina: apenas reforço da suspensão dianteira e substituição do logotipo “V8”, na grade, por outro, nomeando o novo combustível.  Em abril de 1962 o estilo da linha Ford foi mais uma vez alterado, desta vez assumindo o desenho do modelo norte-americano de 1960. A nova série, chamada Super Ford, não mereceu alterações mecânicas significativas. A linha de comerciais foi renovada em maio de 1968: além das novas carrocerias com faróis retangulares para todos os modelos e do novo motor Perkins de 142 cv para o F-600 Diesel (seis cilindros, sete mancais, camisas removíveis e bomba injetora rotativa). Em julho de 1970 já apareciam os primeiros lançamentos para 1971 na linha de caminhões, trazendo faróis redondos para todos os modelos; na picape, freios, suspensão Twin-I-Bean e relação de transmissão foram modificados; a F-350 recebeu freios assistidos e o F-600 opcionalmente, tanque de combustível de maior capacidade e caixa de cinco marchas sincronizadas. Em 1976, a Ford lançou mais um caminhão diesel, o F-7000. Dispondo da mesma capacidade e iguais elementos mecânicos do F-600 Diesel, o F-7000 vinha, porém, equipado com um motor diesel diferente, o novo dois tempos Detroit (quatro cilindros em linha, injeção direta e 145 cv), cuja produção havia sido iniciada pouco antes no Brasil. Novos modelos foram lançados em 1977: em fevereiro, FT-7000, com 3º eixo de fábrica (fabricado pela Hendrickson, porém montado pela Ford); e em julho, mais dois semipesados (F-8000 e FT-8000) e o primeiro pesado da marca, o cavalo mecânico F-8500, para 30,5 t, os três últimos com motor Detroit de seis cilindros em V e 202 cv, filtro de ar montado externamente sobre o para-lama direito, freios pneumáticos, freio de estacionamento com trava de mola, embreagem dupla  e direção hidráulica opcional. Todos eles dividiam a mesma cabine, oriunda dos caminhões médios.  Na década de 1980, a Ford do Brasil S/A implementou mudanças significativas em sua linha de caminhões, promovendo a substituição dos modelos tradicionais da Série F por novos veículos mais modernos e adaptados às demandas do mercado. Este documento apresenta, de forma estruturada, a evolução da linha de caminhões Ford Série F, destacando as inovações tecnológicas, as atualizações de design e as estratégias comerciais adotadas pela empresa até o início do século XXI. No início dos anos 1980, a Ford do Brasil reformulou a nomenclatura e a oferta de sua linha de caminhões, introduzindo modelos que atendiam aos segmentos médio e semipesado. As principais novidades incluíram: Modelos Médios: F-11000, F-12000 e F-13000: Caminhões com capacidade de carga líquida entre 6,5 e 9 toneladas. Projetados para transporte de cargas intermediárias, ofereciam robustez e eficiência operacional. Modelos Semipesados: F-19000 e F-21000: Equipados com terceiro eixo (tandem ou balancim), com capacidades de carga de 13 e 15 toneladas, respectivamente.
Os novos modelos da Série F incorporaram avanços tecnológicos significativos, alinhados às necessidades do mercado brasileiro. Motores Introdução do motor MWM de seis cilindros, com maior eficiência e durabilidade Opção de motores Perkins para os modelos médios, oferecendo maior flexibilidade aos clientes Transmissão Nova caixa de cinco marchas, com a primeira marcha não sincronizada. Sistema de redução no diferencial, acionado eletricamente ou pneumaticamente, para melhor desempenho em terrenos variados..Sistemas de Freios : Freios pneumáticos nos modelos F-12000, F-13000, F-19000 e F-21000, garantindo maior segurança Modelo F-11000 equipado com freios hidráulicos a vácuo, adequados à sua capacidade. Outras Melhorias Suspensão revisada para maior conforto e estabilidade. Sistema elétrico atualizado para 12 volts, alinhado aos padrões da época Tanque de combustível cilíndrico de maior capacidade, aumentando a autonomia. Opcionais como direção hidráulica e rodas raiadas, disponíveis em alguns modelos, para atender a diferentes necessidades operacionais. Diante do aumento da concorrência no mercado brasileiro, a Ford do Brasil planejou a nacionalização da linha europeia Ford Cargo, conhecida por seu design moderno e tecnologia avançada. Em abril de 1985, os primeiros caminhões da família Cargo chegaram ao mercado, marcando uma nova fase para a empresa. A linha Cargo foi posicionada como uma alternativa mais sofisticada, voltada para os segmentos médio e pesado, e rapidamente ganhou aceitação no mercado. Para manter a competitividade da Série F, a Ford do Brasil realizou atualizações significativas ao longo dos anos: 1992 – Modernização da Cabine ("Sapão") A Série F passou por uma reformulação radical nas cabines, com design renovado e melhorias ergonômicas A nova estética, popularmente apelidada de "Sapão", reforçou a identidade visual da linha e prolongou sua relevância no mercado. 1998 – Última Atualização e Introdução do F-16000: A Ford implementou a última modernização das cabines da Série F, aprimorando conforto e funcionalidade. Lançamento do modelo F-16000, ampliando as opções disponíveis no segmento médio. No início dos anos 2000, a Ford do Brasil reavaliou sua estratégia no segmento de caminhões. A Série F, embora histórica, enfrentava dificuldades para competir com modelos mais modernos, como a linha Cargo e os produtos de concorrentes. Como resultado - A produção da Série F foi parcialmente descontinuada, com foco mantido apenas nos modelos leves.- A linha Ford Cargo assumiu a liderança no segmento de caminhões  médios e pesados, sustentando as vendas da empresa nesse mercado. A evolução da linha de caminhões Ford Série F no Brasil reflete o compromisso da Ford do Brasil em atender às demandas do mercado por meio de inovações tecnológicas e estratégias comerciais. Desde a introdução dos modelos F-11000, F-12000, F-13000, F-19000 e F-21000 na década de 1980 até a modernização das cabines nos anos 1990, a Série F desempenhou um papel central no transporte de cargas no país. Apesar de sua substituição gradual pela linha Cargo e do abandono parcial da produção, a Série F deixou um legado significativo na história da indústria automotiva brasileira, marcada por sua robustez, versatilidade e adaptação às necessidades do mercado.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Exército Brasileiro vivenciaria uma experiência única em termos de capacidade de mobilização de suas tropas e cargas. Este processo foi proporcionado pela adesão do país ao esforço de guerra aliado em 1942, passando as forças armadas brasileiras a receber até fins de 1945, mais de cinco mil caminhões militares das séries GMC CCKW , Corbitt, Diamond e Studebaker US6G, fornecidos nos termos programa Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). No entanto em fins da década seguinte, a operacionalidade da frota estaria comprometida não só pelo desgaste natural, mas principalmente pela problemática apresentada no processo de importação e aquisição de peças de reposição fundamentais (muito em função destes modelos terem sua produção descontinuada em seu país de origem há mais de dez anos). Este cenário causava extrema preocupação ao comando do Exército Brasileiro, pois afetava perigosamente sua capacidade operacional, gerando assim a necessidade em curto prazo da elaboração de soluções que pudessem atender a esta demanda. Em termos básicos, a solução mais eficaz passava pela aquisição de um número similar de veículos de transporte com tração 4X4 e 6X6, sendo mais indicados os novos caminhões da família REO M-34 e M-35. Porém o investimento necessário para uma aquisição deste porte, se apresentava completamente fora da realidade orçamentaria do Exército Brasileiro naquele período. Estudos mais realistas apontavam então para três soluções complementares, sendo a primeira pautada na aquisição de um pequeno número de caminhões militares modernos REO M-34 e M-35, a segunda envolvia estudos referentes a possível repotencialização dos caminhões GMC Série CCKW e Studebaker US6G, e pôr fim a terceira focando a adoção de caminhões comerciais militarizados produzido no país para o cumprimento de missões secundárias. A combinação destas três alternativas poderia devolver a Força Terrestre sua operacionalidade.  Infelizmente os estudos referentes a repontencialização dos caminhões GMC CCKW e Studebaker US6G não seriam recomendados, devidos não só, ao alto custo de implantação, bem como a inexistência naquele momento de um corpo técnico de nível adequado para a implementação no país de um programa desta magnitude. 

O cancelamento do processo de repotencialização dos caminhões norte-americanos GMC CCKW 353 - 353 e Studebaker USG6, levaria a necessidade de ampliação das intenções na aquisição de caminhões comerciais militarizados. Pois assim em teoria estes veículos poderiam substituir os caminhões genuinamente militares com tração integral 6X6 em missões básicas de transportes, liberando assim os veículos com tração 6X6 para o emprego em ambientes fora de estrada, concentrando assim a frota remanescente em melhor estado para as tarefas de cunho tático e estratégico. Para a materialização deste conceito, seria necessário a aquisição de um grande número de caminhões militarizados produzidos localmente, alternativa esta que sobre esta ótica era extremamente viável devido ao baixo custo de aquisição e operação destes veículos. Esta solução já era empregada desde a década de 1930, quando caminhões comerciais de pequeno porte foram operados pelo Exército Brasileiro neste perfil de trabalho. Buscando fomentar a jovem indústria automotiva nacional o Ministério do Exército optou pela adoção inicial de veículos produzidos pela Fábrica Nacional de Motores - FNM, que mantinha em produção dois modelos de caminhões médios, o FNM D-9500 e o FNM D-11000, com este último apresentando uma robustez estrutural que poderia atender em teoria aos parâmetros exigidos para o processo de militarização. Resolvida em parte a necessidade de caminhões médios, restava, porém, uma demanda para a substituição da frota de caminhões leves, que estava baseada em um grande número de caminhões Opel Blitz II Comercial e algumas dezenas de veículos mais antigos como os Chevrolet 157 Gigante 937 e GM G7106, G7107 e G-617M que foram recebidos entre os anos de 1935 e 1942. Estes, modelos de veículos detinham grande responsabilidade na estrutura de transporte do Exército Brasileiro e um programa de renovação da frota representaria uma grande oportunidade mercadológica para as montadoras nacionais, que neste momento passavam a ser incentivadas pelo Governo Federal dentro dos termos do Grupo Executivo da Indústria Automobilística – GEIA que fora iniciado ano de 1956. 
A Ford Motors do Brasil S/A, detinha décadas de bom relacionamento com o Exército Brasileiro, tendo tido a primazia de ser o primeiro fornecedor de veículos para emprego militar no país. Com os primeiros caminhões do modelo Ford T, sendo incorporados na década de 1920, e estes se tornariam um dos principais do processo de expansão das nossas fronteiras. Assim naturalmente esta montadora teria grandes chances de amealhar uma significativa parte desta demanda, não só do Exército Brasileiro, mas também da Força Aérea Brasileira e Marinha do Brasil. Neste mesmo período a empresa lançava no mercado comercial, o primeiro caminhão Ford nacional – o F-600, que poderia ser militarizado com razoável sucesso a fim de anteder as demandas da Forças Armadas Brasileiras.  Desta maneira a empresa não tardaria a apresentar ao Exército Brasileiro os primeiros protótipos de modelo F-600 com carroceria militar nas versões 4X2 e 6X2. Estes veículos seriam avaliados, porém infelizmente a escolha acabaria recaindo sobre a versão militarizada do Chevrolet Brasil 6500. Este cenário seria revertido em outubro de 1959, mediante a aquisição pelo Exército Brasileiro de um grande número de caminhões F-600 com tração 4X2 para emprego em tarefas de transporte de tropas de choque e cargas, que seriam enquadrados na classificação de "viaturas de transporte não especializado" VTNE. Estes veículos seriam militarizados, recebendo para-choques reforçados, guincho mecânico na frente e atrás com capacidade de tracionar de pequenas cargas, grades proteção de lentes para os faróis e lanternas, gancho para reboque e carroceria de aço com sistema de coberta de lona no padrão militar com desenho similar aos GMC CCKW 352/353.  Estes caminhões começariam a ser entregues as unidades operativas no início do ano seguinte, e ao longo dos anos vindouros prestariam excelentes serviços ao Exército Brasileiro. No final do ano de 1966, a empresa paulista Engesa – Engenheiros Especializados S.A lançaria no mercado um sistema de tração 4X4, fim de dotar com capacidade off road (fora de estrada) veículos comerciais leves e médios. Esta solução seria oferecida na forma de um kit, composto de caixa de transferência com duas tomadas de força, eixo dianteiro direcional e guincho (opcional), e receberia a denominação comercial de “Tração Total”, permitindo a veículos comuns apresentar um perfil operacional do tipo "fora-de-estrada". Logo em seguida seriam lançadas a opções para os modelos de tração 6X4 e 6X6, ambas aproveitando eixos e feixes de molas traseiros originais dos veículos comerciais em linha naquele momento das marcas Chevrolet, Ford e Dodge.   

Em 1969 a empresa apresentaria novo sistema de tração dupla traseira, ao qual chamou Boomerang, que viria a ser fundamental no desenvolvimento de diversos veículos militares e maior trunfo na penetração internacional de seus produtos na década seguinte. Tratava-se de um projeto a um só tempo de construção simples, resistente e barata, e que dava ao veículo excepcional desempenho fora de estrada, mantendo as quatro rodas traseiras em contato permanente com o solo, por mais irregular que fosse o terreno. Em vez dos dois eixos traseiros suportados por feixes de molas dos sistemas tradicionais, o Boomerang exigia apenas um eixo de tração, nas pontas do qual eram montadas duas caixas de engrenagens (cujo formato lembra os bumerangues australianos), cada uma delas distribuindo o movimento para duas rodas. Eram estas mesmas caixas de engrenagens, independentes entre si e com enorme amplitude de variação do ângulo com o solo, que garantiam o contato das rodas traseiras com pisos irregulares e desagregados. O sistema não se prestava à tração de cargas elevadas (caso em que devia ser utilizado o sistema tradicional), porém era suficiente para as principais aplicações militares. Este projeto ganharia grande notoriedade comercial em âmbito internacional e despertaria interesse por parte do Exército Brasileiro, que passariam a vislumbrar neste produto a solução para a tão necessária renovação em larga escala da frota de caminhões militares com tração integral. Somente em termos de contexto histórico, este programa receberia em 1967 a classificação oficial “De Interesse para a Segurança Nacional".  No início do ano de 1971, dois protótipos do Ford F-600 equipados com o sistema de “Tração Total” e com o novo conjunto de suspensão do tipo “Boomerang” da Engesa S/A, seriam testados no campo de provas da Restinga da Marambaia em um  processo comparativo com caminhões similares  produzidos pela Chrysler do Brasil S.A e pela General Motors do Brasil. Neste processo a motorização a diesel do Ford F-600 e do  seria determinante na escolha, com a montadora passando a receber o primeiro contrato de produção, envolvendo duzentos caminhões com tração 6X6 . Paralelamente a Engesa S/A seria contratada a conversão de um grande número de veículos F-600 da primeira série com tração original 4X2 e  6X2  que se encontravam em serviço desde a década de 1960 no Exército Brasileiro. O advento do recebimento dos novos Ford - Engesa F-600 com tração 6X6 e tração 4X4 em quantidades expressivas principalmente junto as unidades de infantaria motorizada, permitiria iniciar o processo de desativação dos antigos caminhões GMC Série CCKW 352/353 6X6, Studebaker USG6 6X6 e GMC G7107 com tração 4X4 nas tarefas de de transporte de carga e pessoal. 
Na sequência dos modelos Ford Engesa F-600, seriam incorporados a frota do Exército Brasileiro ainda uma grande quantidade de caminhões com nível de militarização reduzido com tração 4X2, 4X4 e 6X2 dispostos em carrocerias nas versões de carga seca (comercial e militar), cisterna de combustível, cisterna de água, bombeiro, basculante, oficina, baú de carga, frigorifico, posto de comando e também socorro mecânico guincho, com esta última carroceria produzida pela empresa paulista Bisseli Viaturas e Equipamentos Ltda. Devido a grande quantidade incorporada ao longo das décadas de 1970 e 1980, os caminhões Ford F-600 formariam o esteio da frota de transporte militar para todo terreno do Exército Brasileiro. Neste contexto os Ford-Engesa F-600 com tração 4X4 passariam a ser empregados também para tracionar peças de artilharia de médio porte dos modelos M-101 AR 105 mm e M-102 105 mm pertencentes aos Grupos de Artilharia de Campanha (GAG). Em seguida os modelos com tração 6X6 também passariam a exercer esta tarefa agora tracionando canhoes mais pesados como os M-114 155 mm. Também seriam empregados durante um curto espaço de tempo pelos Grupos de Artilharia Antiaérea (GAAAe), com o veículo servindo com transporte e plataforma móvel para defesa antiaérea de ponto, empregando os reparos quádruplos M-55M Quadmount, equipados com quatro metralhadoras Browning M-2 calibre .50. Apesar de toda sua importância no Exército Brasileiro, a frota desta família de caminhões a partir de meados da década e 1980 já mostrava sinais de desgaste operacional, o que denotava a necessidade premente de renovação da frota a curto e médio prazo. Porém neste momento a Ford do Brasil S/A não dispunha em seu portifólio comercial de uma modelo que pudesse substituir a altura a família F-600. Este cenário abriria espaço para a Mercedes Benz do Brasil S/A que habilidosamente lograria êxito em se tornar nos anos seguintes no principal fornecedor de caminhões militares para as Forças Armadas Brasileiras. Desta maneira seria dado início a um gradual processo de desativação dos caminhões Ford-Engesa F-600 , com este se estendendo até o ano de 2004, quando foram retirados de serviços as últimas viaturas desta família. 

Em Escala.
Para representarmos a viatura de transporte não especializado Ford Engesa F-600 VTNE “EB21- 4131” empregado pelo Exército Brasileiro, fizemos uso de um excelente modelo artesanal confeccionado em resina, metal e madeira, produzido pela Fusaro Trucks na escala 1/43. Complementamos o conjunto com itens de carga como paletes, confeccionados em resina. Fizemos a aplicação de decais confeccionados pela decais Eletric Products pertencentes ao set "Exército Brasileiro 1942 - 1982".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático do Exército Brasileiro aplicado em todos seus veículos militares desde a Segunda Guerra Mundial, até o final do ano de 1982. Ao longo dos anos, seriam aplicadas pequenas alterações, sempre relacionadas apenas as marcações de identificação e números de frota. Após o ano de 1983, estes caminhões  adotariam o esquema de camuflagem tático de dois tons, mantendo este padrão até a desativação no ano de 2004.  Empregamos tintas e vernizes produzidos pela Tom Colors.

Bibliografia :
- Ford do Brasil Lexicar - www.lexicar.com.br/ford
- História da Ford no Brasil - www.ford.com.br
Primórdios da Motorização no Exército Brasileiro 1919-1940 - Expedito Carlos Stephani Bastos
- Motorização no Exército Brasileiro 1906 a 1941 - Expedito Carlos Stephani Bastos

Bell Model 205 SH-1D Huey

História e Desenvolvimento.
A Bell Helicopter Company uma divisão especializada na produção de helicópteros, teria suas origens fundamentadas no início da década de 1940, quando as forças armadas norte-americanas passariam a demonstrar interesse nos possíveis potenciais operacionais de aeronaves de asas rotativas. Uma proposta neste âmbito seria apresentada em 03 de setembro de 1941 pela diretoria da Bell Aircraft Company ao comando da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF). Este programa receberia um pujante financiamento governamental, que envolvia inicialmente a produção de dois protótipos da aeronave, agora designada como Bell Model 30. Seu primeiro voo ocorreria no dia 26 de junho de 1943, e logo seria submetido a um extenso programa de ensaios e testes de voo. Os resultados obtidos deste processo serviriam para o desenvolvimento de uma aeronave aprimorada, que receberia a designação de Bell Model 47. Seu projeto logo despertaria o interesse das forças armadas norte-americanas, com este programa um novo orçamento governamental para seu desenvolvimento final. Assim em abril de 1945, seria estabelecida na sede da empresa em Forte Worth no estado do Texas, uma nova unidade de negócios dedicada a produção de helicópteros. O primeiro modelo Bell Model 47 de pré-produção alçaria voo no dia 8 de junho de 1945, com as primeiras versões militares, como o Bell  OH-13, entrando em serviço nas forças armadas norte-americanas em fins do ano seguinte. Durante a década seguinte a companhia registraria um grande sucesso comercial tanto no mercado civil quanto militar, com sua produção atingindo a casa de mais de cinco mil células. Durante a Guerra da Coréia (1950-1953) estas aeronaves seriam empregadas em larga escala no conflito, atuando em missões de ligação, observação e principalmente no transporte de feridos da linha de frente diretamente para os centros médicos de campanha, recebendo esta tarefa a denominação de MEDEVAC (Medical Evacuation – Evacuação Aero médica). Em 1952, o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) identificaria a necessidade de um novo helicóptero para atuar em missões de Evacuação Médica, no intuito de suprir as deficiências dos primeiros modelos de asas rotativas empregados anteriormente. Umas das principais exigências desta concorrência, era que este novo helicóptero fosse propelido com rotor bipá acionado por turbina, substituindo assim o conceito de aeronaves de asas rotativas com motor a pistão, como o próprio Bell H-13 ou ainda os helicópteros de médio porte como o Sikorsky UH-34.  

Os parâmetros do projeto seriam revisados novamente em novembro de 1953, resultando no lançamento de uma concorrência nacional, que receberia propostas técnicas e comerciais de vinte fabricantes aeronáuticos.  Estudos comparativos seriam realizados, resultando em uma seleção de apenas dois potenciais projetos, sendo liberados recursos governamentais para a produção de seus respectivos protótipos. Desenvolvido com base nestes parâmetros, o primeiro protótipo do Bell XH-40 alçaria voo em 20 de outubro de 1956, sendo equipado com um rotor principal bipá semirrígido, acionado por uma única turbina Lycoming T53-L1, de 700 shp de potência. Assim em abril de 1954 seria iniciado um programa comparativo de testes entre os modelos Bell Model 204 e Kaman H-43, com modelo da Bell Helicopter Company sendo declarado vencedor em  23 de fevereiro de 1955. Com o modelo sendo designado como  XH-40 pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) e XHU-1 pelo Exército dos Estados Unidos (US Army). Desta maneira seria celebrado um primeiro contrato, envolvendo a produção de três protótipos,  que deveriam ser empregados em um programa de desenvolvimento.  Os primeiros resultados obtidos após a realização de um novo programa de testes em voo, se mostrariam muito promissores, levando a contratação para a produção de mais três células da aeronave que apresentariam grandes modificações e melhorias, com estas sendo entregues e empregadas entre os anos de 1957 e 1959. Seu primeiro contrato de produção em série, acabaria sendo celebrado incialmente com o Exército dos Estados Unidos (US Army) em março de 1960, com o modelo recebendo a denominação militar de HU-1A, e o nome de batismo de  “Iroquis” em alusão as tribos indígenas do meio oeste dos Estados Unidos. No entanto ao longo dos anos seguintes este helicoptero se tornaria mais popularmente conhecido como “Huey”. Os primeiros helicópteros designados como HU-1A começariam a ser entregues a diversas unidades aviação do exército em janeiro de 1961, iniciando o processo de substituição dos modelos Sikorsky UH-34 e H-19D.  Já as versões especializadas na missão de evacuação aero médica MEDEVAC (Medical Evacuation) designadas como SHU-1A seriam alocadas junto a 101º Divisão Aerotransportada, a 82º Divisão Aerotransportada e ao 57º Destacamento Médico. Seu primeiro emprego em um cenário de conflagração real se daria em meados de 1964, durante as fases iniciais da participação norte-americana na guerra do Vietnã. Desta experiencia seriam identificadas algumas deficiências operacionais do helicóptero, entre esta sua insatisfatória potência nominal, o que limitava em muito seu emprego tático. 
Com vistas a atender a esta deficiência, seria adotado um motor turboeixo mais robusto, o Lycoming T53-L-5 que chegava a proporcionar 960 shp de potência, nascia assim a versão Bell UH-1B. Esta modificação no grupo propulsor permitiria ainda estender as dimensões da fuselagem aumentando capacidade de transporte da aeronave para até sete soldados totalmente equipados ou quatro macas e um médico. A primeira aeronave de produção seria entregue em março de 1965, e neste interim seria decido também elevar uma grande parte das células produzidas anteriormente a esta nova versão. Apesar da significativa melhoria em desempenho apresentada, no entanto, o ciclo de aprimoramento da aeronave estava apenas começando. No segundo semestre do mesmo ano, o corpo técnico da aviação do Exército dos Estados Unidos (US Army), apresentaria ao fabricante, uma relação envolvendo inúmeras sugestões de opções de melhorias, com muitas destas demandadas da necessidade de se corrigir deficiências aerodinâmicas do modelo Bell UH-1B, apresentadas em sua versão especializada de plataforma de armas. Neste contexto, novamente o grupo propulsor seria alvo de estudos para melhoria de performance, com a aeronave passando a receber o motor um Lycoming  T53-L-11 com 1.100 shp de potência. Seria adotado também um novo desenho de cauda com estabilizador destinado a fornecer a energia necessária para elevar todos os sistemas de armas em uso ou em desenvolvimento. O aumento da potência e um rotor de diâmetro maior exigiram que os engenheiros da Bell Helicopter Company projetassem uma nova lança traseira de cauda, este componente passaria a incorporar uma aleta vertical de corda mais larga no pilão do rotor de cauda e elevadores sincronizados maiores.  Esta nova versão receberia a designação de UH-1C e seu novo sistema de rotor permitiria a aeronave dispor de velocidades de ar de cruzeiro mais altas, reduzindo incidência de estolagem de lâminas em retirada durante atividades de mergulho. Esta modificação ainda resultaria em uma melhor manobrabilidade e um ligeiro aumento de velocidade final.  Além de receber novas encomendas de produção a empresa seria agraciada ainda com contratos de atualização dos primeiros UH-1B para esta nova configuração. Apesar de satisfeitos com os resultados operacionais, os militares norte-americanos ainda almejavam por uma aeronave com maior capacidade de transporte de tropas, levando a apresentação formal desta demanda ao fabricante. Assim em atendimento a este pedido, o corpo técnico da empresa, optaria por estender em 104 cm a fuselagem da versão Bell UH-1C, passando a adotar portas maiores deslizantes com duas janelas, com esta variante passando a dispor de quinze assentos.    

O protótipo do novo modelo agora designado como Bell UH-1D, realizaria seu primeiro voo em 16 de agosto de 1965, e logo seria submetido a um completo programa de ensaios em voo, que resultaria em sua homologação operacional, validando sua produção em série. Desta maneira, em dezembro deste mesmo ano seria celebrado um contrato envolvendo a produção de duzentas células, com as primeiras aeronaves sendo entregues a partir de março de 1966, sendo destinadas as principais unidades de asas rotativas do Exército dos Estados Unidos (US Army). Neste contexto a seguir a aeronave também seria adotada pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) e pelo Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (US Marine Corps). A partir de meados de 1967, os novos Bell UH-1D começariam a ser empregados maciçamente no conflito do Vietnã, chegando a ser destacadas mais de três mil células do modelo, operando inclusive junto a Força Aérea do Vietnã do Sul (VNAF). Esta experiencia operacional iria consolidar uma nova doutrina operacional em aeronaves de asas rotativas, envolvendo desde missões de evacuação aero médica (MEDEVAC), busca e salvamento (SAR), assalto aéreo, transporte de tropas, apoio aéreo aproximado, comando, controle e até transporte de cargas. No entanto caberia ao modelo ser o difusor em definitivo do emprego de aeronaves de asas rotativas, como plataforma de ataque e apoio aproximado. Neste emprego estas aeronaves passariam a ser equipadas com um par de metralhadoras M-60D com calibre .50 instaladas nas portas laterais, duas metralhadoras M-60 de tiro frontal no casulo M-59, um canhão de 20 mm, lançadores de foguetes na guiados de 70 mm ou 40 mm ou ainda lançadores de misseis guiados por fio M-11 ou M-22. Nesta configuração armada, os Bell UH-1D seriam primordialmente empregados em missões de apoio aproximado, abrindo caminho e protegendo o desembarque das tropas aerotransportadas. Estas aeronaves seriam imortalizadas no imaginário popular neste perfil operacional, principalmente nos filmes e séries com a temática militar produzidos durante as décadas seguintes. Apesar de uma longa lista de qualidades e êxitos operacionais, ainda recaia sobre a aeronave problemas relacionados a potência, que continuavam a limitar o desempenho do Bell UH-1D. Novamente estudos seriam conduzidos pela equipe de engenharia da Bell Helicopter Company, resultando na adoção do novo modelo um novo modelo de motor, o  Lycoming T53-L-13 (LTC1K-4) que passava a oferecer 1.400 shp de potência ao helicóptero. Neste mesmo processo, o tubo de pitot seria transferido do nariz da aeronave para o teto da cabine, no intuito de se evitar danos durante as operações de pouso em terrenos de difícil acesso. 
Estas mudanças gerariam uma nova versão, que passaria a ser designada como Bell UH-1H, que além de apresentar maior potência, passava a dispor maior capacidade de transporte de carga útil. Neste momento a existência de muitas células da versão do Bell UH-1D em carga nas forças armadas norte-americanas, seria criado um programa de modernização elevando assim todas as aeronaves para o modelo UH-1H.  Até o ano de 1987, seriam produzidas mais de dezesseis mil células dispostas desta família de aeronaves, dispostas em várias versões, incluindo aeronaves montadas sob licença pelas empresas italiana Augusta Spa., alemã Dornier Flugzeugwerke e japonea Fuji Heavy Co. Apesar da excelente e longa folha de serviços, em meados da década de 1970 seria lançado pelo comando do Exército dos Estados Unidos (US Army), o programa “Sistema de Aeronave de Tático Utilitário e Transporte UTTAS” (Utility Tatical Transport Aircraft System), que visava desenvolver um substituto, que culminaria na criação do projeto Sikorsky S-70A Black Hawk. Estes novos helicópteros passariam a ser entregues na primeira metade da década de 1980, gerando assim uma grande quantidade de aeronaves excedentes do modelo Bell UH-1H, que passariam a ser disponibilizadas em programa de ajudas militar a diversos países como Argentina, Brasil, Alemanha, El Salvador, Israel, Líbano, Nova Zelândia, Filipinas, Rodésia, Espanha, Portugal e Yemen. Já no início do ano de 1989, o Exército dos Estados Unidos (US Army), daria início ao processo de retirada destas aeronaves das unidades de primeira linha, transferindo cerca de setecentas células para o emprego em tarefas de treinamento. Com os Bel UH-1H se mantendo em operação neste escopo de missão até o início do ano de 2005, quando foram substituídos pelos Eurocopeter UH-72 Lakota.  Junto a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) o modelo se manteria em operação até meados do ano de 2016 sendo totalmente substituídos pelos novos Sikorsky UH-60L Blackhawk. Atualmente somente o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC), mantém em operação, algumas centenas de células da versão UH-1N. Muitas aeronaves do modelo UH-1H ainda se encontram em operação ao redor do mundo, porém dificilmente deverão estar se manter em uso ainda nos primeiros anos da década de 2030.   

Emprego na Força Aérea Brasileira.
A utilização de aeronaves de asas rotativas na Força Aérea Brasileira teve seu início no mês de março de 1952, quando seria celebrado o primeiro contrato junto a Bell Helicopter Company para a aquisição de quatro células do modelo Bell Model 47 D1 H-13D. Estes helicópteros na época, representava a versão mais avançada da aeronave em produção, trazendo ao país o emprego de um modelo no estado da arte naquele momento. Apesar de comporem uma minúscula frota, estas aeronaves seriam empregadas em um variado leque de missões, como ligação, transporte especial (VIP) e busca e salvamento SAR (Searching and Rescue). Neste último pacote de missão podiam operar ainda no ambiente naval, tendo em vista que as células brasileiras vieram equipadas com kits especiais de flutuação, com este perfil de missão resultando na criação na força de um embrião doutrinário para a realização deste tipo de missão em todos os ambientes. Estes esforços seriam muito importantes, pois desde o ano de 1944 nosso país passava a ser signatário da "Convenção sobre Aviação Civil Internacional”, com os termos deste acordo determinando que o Brasil deveria dispor de uma completa infraestrutura especializada em missões de busca e salvamento – SAR (Searching and Rescue), para cobertura das áreas geográficas continentais e marítimas de sua responsabilidade. Para atendimento a esta demanda, em 16 de novembro de 1950, o Ministério da Aeronáutica (MAer), procederia a criação oficial do "Serviço de Busca e Salvamento". Como braço aéreo deste serviço, seriam incorporadas aeronaves especializadas neste tipo de missão como os quadrimotores Boeing SB-17G e os anfíbios bimotores  Consolidated PBY5A Catalina.  Apesar de serem aeronaves com grande raio de ação e capacidade de operação naval, havia ainda uma lacuna a ser preenchida, a de aeronaves de asas rotativas, vetor considerado indispensável para o emprego com sucesso deste tipo de missão. Em 1958 seriam incorporadas quatro células do Sikorsky H-19D, passando assim a substituir os limitados Bell Model 47 D1 H-13D nas missões de busca e salvamento SAR (Searching and Rescue). Neste mesmo período seria criada primeira unidade brasileira a ser dedicada especial para este escopo de missão, o 2º/10º Grupo de Aviação – Esquadrão Pelicano, estabelecido em  6 de dezembro de 1957.

Ao longo dos anos seguintes os Sikorsky H-19D apresentariam destacado papel na consolidação da doutrina operacional das missões de busca e salvamento – SAR (Searching and Rescue) junto a Força Aérea Brasileira. No entanto seu limitado número de células e seu intensivo emprego, logo cobrariam um alto preço em termos de desgaste, reduzindo em muito a capacidade operacional da unidade. Neste contexto se fazia necessário a curto prazo, prover a aquisição de um novo vetor de asas rotativas para o leque de missões especializadas desenvolvidas pelo 2º/10º Grupo de Aviação – Esquadrão Pelicano. Paralelamente o comando do Ministério da Aeronáutica (MAer)  passava a desenvolver estudos referentes a aquisição de modernas aeronaves de asas rotativas, que deveriam ser empregadas em missões de transporte de tropa, ligação e ataque. Assim nada mais natural, do que se buscar um modelo de helicóptero que pudesse em uma unica plataforma atender a todas estas finalidades, criando assim um vetor comum de asas rotativas na Força Aérea Brasileira. Desta maneira em meados do ano de 1965, uma concorrência internacional seria aberta pela Diretoria de Material da Aeronáutica (DIRMA), visando a aquisição de uma nova aeronave de asas rotativas de médio porte, devendo obrigatoriamente ser equipada com motores turbo eixo. Diversas propostas seriam apresentadas, de destacando a oferecida pela empresa norte-americana Bell Helicopter Company, apresentando o Modelo 205, disposto na variante militar mais moderna, o UH-1D Huey. Esta proposta englobava ainda soluções de financiamento e um pacote mais atrativo em termos de custo-benefício.  Tratativas seriam então realizadas, culminando em maio de 1964 na assinatura de um contrato para a aquisição de seis células novas de fábrica, especialmente configuradas para missões de busca e salvamento – SAR (Searching and Rescue) e evacuação aero médica (MEDVAC). Estas aeronaves seriam recebidas a partir de 1967, recebendo a designação de SH-1D e as matrículas de FAB 8530 a 8535, sendo destinadas ao 2º/10º Grupo de Aviação – Esquadrão Pelicano com sede na Base Aérea de São Paulo em Cumbica. Estes helicópteros seriam recebidos ostentado um padrão de pintura de alta visibilidade com atendendo as marcações internacionais padrão para este tipo de missão. 
Esta incorporação permitiria ao Ministério da Aeronáutica (MAer) realocar as aeronaves de asas rotativas remanescentes dos modelos Bell H-13D e H-13H e Sikorsky H-19D junto ao recém-criado CIEH (Centro de Instrução e Emprego de Helicópteros), baseado na cidade Santos – SP. Em operação a partir de meados do ano de 1967, os Bell SH-1D proporcionaram a Força Aérea Brasileira um salto qualitativo operacional muito significativo, pois seria a primeira aeronave de asas rotativas com propulsão turbo eixo a ser incorporada. Pois além de apresentar um melhor desempenho e confiabilidade, era dotado de nova avionica  e sistemas de comunicação muito superiores ao encontrados em modelos antecessores. O binômio operacional composto pelas aeronaves anfíbias  Grumman G-64 Albatroz e helicópteros Bell SH-1D Huey marcariam época na Força Aérea Brasileira, recebendo grande reconhecimento popular. O 2º/10º Grupo de Aviação – Esquadrão Pelicano assumiria o protagonismo nas buscas que seguiram ao acidente com o Douglas C-47 “FAB 8068”, que desapareceu na floresta amazônica no dia 17 de junho de 1967, com vinte e quatro pessoas a bordo. Para localizar a aeronave e os sobreviventes, uma grande estrutura de busca seria organizada, com esta missão de busca e salvamento, podendo ser considerada como uma das mais extensas e incessantes missões já realizadas no mundo no século passado, nas quais todo o efetivo do Esquadrão “Pelicano” seria engajado, contando ainda com o concurso de outras trinta e três aeronaves pertencentes a outras unidades da Força Aérea Brasileira.  A aeronave acidentada seria localizada onze dias depois, no dia 26 de junho pela tripulação do SA-16 Albatroz ‘6539’, sendo acionada uma equipe do Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (EAS), mais conhecido como PARA-SAR, seria acionada e transportada pelo SH-1D FAB 8530, a fim realizar o pronto socorro e o resgate dos sobreviventes. Infelizmente somente cinco sobreviventes seriam encontrados junto aos destroços do avião Douglas C-47 ‘FAB 2068’.  Assim, o dia 26 de junho passaria a ser comemorado como o Dia da Aviação de Busca e Salvamento na Força Aérea Brasileira. 

Na primeira metade da década de 1970, os Bell SH-1D Huey dariam mais uma importante contribuição a modernização da operacionalidade da Força Aérea Brasileira, se tornando o vetor precursor responsável pela implementação da doutrina de Combate – Busca e Salvamento C-SAR (Combat SAR). Este papel lhe seria concedido, pois era o único modelo de aeronaves rotativas existente no inventario nacional que poderia ser operado como plataforma de armas, recebendo uma configuração mista composta por metralhadoras de tiro frontal e lateral M-60 de calibre 7,62mm e lançadores de foguetes não guiados). Este pacote concederia a aeronave e a sua tripulação uma melhor capacidade de autodefesa e consequente sobrevivência em espaço aéreo inimigo durante a realização de missões de resgate atras das linhas inimigas. Este processo seria tao exitoso, que motivaria a partir do ano de 1970 na aquisição de mais células do Bell UH-1D, que permitiria estender esta doutrina operacional, quando da ativação dos novos Esquadrões Mistos de Reconhecimento e Ataque (EMRA), tarefas que perpetuariam quando da ativação posterior do 1º/8º Grupo de Aviação – Esquadrão “Falcão, 2º/8º Grupo de Aviação – Esquadrão “Poti”, 3º/8º Grupo de Aviação – Esquadrão “Puma”, 5º/8º Grupo de Aviação – Esquadrão “Pantera” e do 7º/8º Grupo de Aviação – Esquadrão “Harpia”. Dentre as inúmeras missões humanitárias efetuadas pelos Bell SH-1D Huey  pertencentes ao 2º/10º Grupo de Aviação – Esquadrão Pelicano,  destacam-se as de auxílio às vítimas do terremoto no Peru, em 1970; ajuda às populações de Tubarão-SC e Florianópolis-SC, durante as enchentes de 1971 e 1973, respectivamente; a busca da aeronave Boeing 737-200 da Varig acidentada em setembro 1989, em meio à selva amazônica ; salvamento no mar de quatro tripulantes de um avião monomotor Cessna, o qual se acidentou ao largo da costa sul brasileira; busca de sobreviventes do naufrágio do veleiro “Nagô”, ao largo do litoral catarinense, em 1995; busca dos sete tripulantes do barco pesqueiro “Verde Vale II”, localizados em um bote à deriva nas águas geladas no litoral rio-grandense, realizada com o auxílio de aeronaves Northrop F-5E do 1º/14º Grupo de Aviação – Esquadrão Pampa e C-95 do 5º Esquadrão de Transporte Aéreo (ETA). 
Na execução de suas atividades, o 2º/10º Grupo de Aviação – Esquadrão Pelicano manteria seus Bell SH-1D em alerta, 24 horas por dia, prontos para saírem em missões onde não havia margem para erros – pois vidas humanas sempre estariam em jogo. Treinadas exaustivamente, suas tripulações estariam sempre dispostas a se arriscarem, sempre que houvesse assim a mais remota possibilidade de salvamento das vítimas de acidentes. Estas aeronaves seriam imortalizadas no imaginário do povo brasileiro durantes as catástrofes humanitários decorrentes dos incêndios dos edifícios Joelma e Andraus na cidade de São Paulo entre os anos de 1972 e 1974 quando os helicópteros da Força Aérea Brasileira operariam brilhantemente para resgatar vítimas no telhado destes prédios.  Em 1972 a Força Aérea Brasileira viria a receber trinta e duas células usadas da versão mais recente, o Bell UH-1H, e neste momento o 4º Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque (EMRA) cederia suas aeronaves para o 5º esquadrão, pois sua menor potência de motor o classificaria como ideal para operar no clima frio do Rio Grande do Sul. A partir do ano seguinte seria decido aplicar as células remanescentes dos Belll SH-1D e UH-1D, um elaborado processo de modernização, que abrangeria além de uma atualização de aviônicos e sistemas de comunicações, a adoçao do motor Lycoming  T53-L-13B com 1.400 shp, elevando o modelo para a versão UH-1H. As últimas células operacionais se mantiveram em operação até finais da década de 1990, quando seriam substituídos por um novo lote de aeronaves usadas do modelo Bell UH-1H adquiridas diretamente dos efetivos do Exército dos Estados Unidos (US Army) estacionados na Alemanha. 

Em Escala.
Para representarmos o Bell SH-1D Huey "FAB 8531” pertencente ao  2º/10º Grupo de Aviação – Esquadrão Pelicano, fizemos uso do antigo kit AMT, na escala 1/48 na versão “MEDVAC" (socorro médico). Este modelo já apresenta um completo detalhamento interior, compatível com os opcionais constantes nas aeronaves recebidas pela Forca Aérea Brasileira. Empregamos decais confeccionados pela FCM Decals presentes no set 72/13 (somente matriculas) e decais oriundos de diversos outros sets.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o terceiro padrão de pintura empregado, pelas aeronaves pertencentes ao 2º/10º Grupo de Aviação – Esquadrão Pelicano, o primeiro padrão não portava faixas de alta visibilidade, sendo as mesmas acrescidas na cor amarela e posteriormente em laranja. Um novo padrão seria implementado logo após a conversão para a versão Bell UH-1H empregando as cores branca e laranja, mais tarde estas aeronaves adotariam o padrão de camuflagem tática norte-americano “Sudeste Asiático” .



Bibliografia:

- Bell UH-1D/H   Wikipédia - https://en.wikipedia.org/wiki/Bell_UH-1_Iroquois
- 2º/10º GAV Esquadrão Pelicano 50 anos, por Mauro Lins de Barros e Oswaldo Claro Junior
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015, por Jacson Flores Jr
- História da Força Aérea Brasileira por, Prof. Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html

Renault FT-17 Carro Combate Leve

História e Desenvolvimento.
Em 15 de setembro de 1916, um tanque de guerra seria usado pela primeira vez na história militar em uma frente de batalha, no norte da França.  O primeiro modelo deste tipo a entrar em serviço pertencia ao modelo inglês Mark I, levado para combate pelo Capitão H. W. Mortimore da Marinha Real Britânica para Delville Wood durante a batalha do Somme. Neste cenário alemães e aliados enfrentaram-se durante semanas numa frente de combate com mais de quarenta quilômetros de extensão. Nesta mesma manhã, os alemães aguardavam os costumeiros ataques das tropas inglesas de infantaria. Para surpresa geral, no lugar de combatentes, surgiram à distância o que alguns soldados acreditaram tratar-se de tratores, estes novos veículos desencadeariam a situação mais fatídica ocorrida até então numa frente de combate. Os "monstros" superavam obstáculos, em função dos quais milhares de soldados tinham morrido antes. Armas, trincheiras ou cercas de arame farpado, nada conseguia deter os poderosos blindados. Os primeiros “tanques de guerra” eram no consideravelmente lentos, perfazendo apenas seis quilômetros por hora, além de serem bastantes difíceis de manobrar. Dos quarenta e nove tanques de guerra da primeira geração envolvidos nas primeiras batalhas, poucos retornariam a seus postos de origem. Grande parte deles seria abandonada no caminho em função de panes no motor ou na esteira de rodagem ou acabou atolada em algum buraco ou lamaçal profundo. Nove tanques foram destruídos corajosamente pelo Exército Imperial Alemão nesta primeira fase. Neste contexto a França se destacaria no desenvolvimento e produção de carros de combate, este programa seria supervisionado pelo coronel Jean-Baptiste Eugène Estienne. e em um dado momento em julho de 1915 se reuniria com Louis Renault, visando que a montadora projetasse um novo modelo baseado no trator Holt. inicialmente esta empresa recusou a demanda, com os argumentos que sua empresa estava operando a plena capacidade na produção de componentes e armamentos bélicos e que também não detinha experiência em veículos de lagarta. Assim Estienne levaria seus planos para a empresa Schneider, culminando no nascimento do primeiro carro de combate operacional moderno francês o Schneider CA, com estes sendo empregados em combate na frente ocidental pela primeira vez a 16 de abril de 1917.

Embora Louis Renault, tenha recusado a ideia inicial, ele ficaria intrigado com a temática, iniciando os primeiros estudos visando a elaboração de um projeto de um tanque leve, que deveria atender a primícia básica de ser relativamente simples de produzir. Avaliando o cenário da época, ele concluiria que os motores existentes não tinham a relação potência peso necessária para permitir que veículos blindados transpassassem com sucesso as trincheiras, buracos de projéteis e outros obstáculos. Assim desta maneira seria autoimposta, uma limitação de sete toneladas para este veículo. Em julho de 1916, o coronel Jean-Baptiste Eugène Estienne se reuniria novamente com o empresário, pois passava a compactuar da ideia de que carros de combate menores e mais leves, poderiam sobrecarregar os defensores de maneiras mais eficazes que os tanques maiores e mais pesados, o que ia de encontro com projeto em desenvolvimento. Embora esse apoio tenha se mostrado crítico, Louis Renault lutaria com afinco para obter a aceitação de seu projeto por parte do Ministro de Munições Albert Thomas e do alto comando francês. Semanas depois, após um extenso trabalho de convencimento lhe seriam concedidos a permissão e os recursos para a construção de um único protótipo. Trabalhando com seu talentoso designer industrial Rodolphe Ernst-Metzmaier, a Renault procurou trazer suas teorias à realidade. A fim de se atender as demandas de desempenho, seria desenvolvido um novo grupo propulsor, o modelo Renault 4 cilindros de 4.5 litros refrigerado a água com 32 hp de potência, com este sendo projetado para funcionar normalmente sob qualquer inclinação, operando normalmente em declives muito íngremes, levando o veículo a transpassá-los, sem perda de potência. A fim de proporcionar uma ventilação interna eficaz para a tripulação, seria instalado um ventilador no radiador do motor, puxando o ar através do compartimento da frente do tanque e forçando o para fora através do compartimento do motor traseiro. O design resultante definiu o padrão para todos os carros de combate futuros. Embora torres totalmente giratórias tenham sido usadas em uma variedade de carros blindados franceses, este seria o primeiro tanque a incorporar esse recurso. Isso permitiu que o tanque menor utilizasse totalmente uma única arma, em vez de precisar de várias armas montadas com campos de tiro limitados. Seria equipado normalmente com um canhão Puteaux SA18 de 37 mm ou uma metralhadora Hotchkiss de 7,92 mm.
Este projeto também estabeleceria o precedente de alocação do motorista, o posicionando na parte frontal do veículo e seu grupo propulsor na traseira. A somatória destas criativas soluções de engenharia, faria que este novo carro de combate se afastasse radicalmente dos projetos franceses anteriores, como o Schneider CA1 e o St. Chamond, que eram pouco mais que tratores em caixas blindadas. Os ensaios de campo com o protótipo começariam em abril de 1917, e os resultados obtidos levariam ao refinamento do projeto durante a segunda metade de 1917, com o modelo recebendo a designação oficial de Renault FT-17. Apesar das promissoras qualidades identificadas no programa de avaliação, este carro de combate encontraria uma série de dificuldades iniciais para que sua produção em larga escala fosse aprovada. Este entrave se dava, pois neste período, muitos dos oficiais franceses ainda ponderavam se muitos tanques leves seriam preferíveis e efetivos quando comparados aos resultados de menos tanques superpesados. Novamente o apoio do coronel Jean-Baptiste Eugène Estienne seria de vital importância, enviando ao comandante francês um memorando pessoal propondo a adoção imediata e a fabricação em massa do modelo. Um primeiro contrato seria celebrado, e até o final de 1917 um total de oitenta blindados seriam produzidos e entregues para o Exército Frances (Armée de Terre). Sua produção seria acelerada no início do ano seguinte, com o novo blindado passando a dotar cada vez mais unidades, principalmente na frente ocidental. Seu batismo de fogo ocorreria no dia 31 de maio de 1918 a leste da Floresta de Retz, em  Chaudun, entre Ploisy e Chazelles, durante a Segunda Batalha do Marne, contribuindo  decisivamente junto ao 10º Exército na desaceleração da investida alemã em Paris.  A partir desta experiencia, um número cada vez maior dos Renault FT-17 passaria a ser empregado em conjunto com os modelos mais antigos e pesados como os tanques Schneider CA1 e Saint-Chamond, representando assim as bases da motomecanizaçao do combate. Como a guerra havia se tornado um conflito de alta mobilidade, os Renault FT-17 por serem leves, eram frequentemente transportados em caminhões pesados e reboques especiais em vez das vulneráveis plataformas ferroviárias, a exemplo do ocorrido em grande escala durante a Ofensiva dos Cem Dias, entre agosto e novembro de 1918.

Quando os Estados Unidos entraram na guerra, em abril de 1917, seu exército não dispunha de carros de combate blindados, e decidiu-se que a maneira mais rápida de equipar as forças norte-americanas, era a de conceder a licença para produção em seu país. Assim seria desenvolvida uma versão customizada que receberia a designação de M-1917, que deveria ser produzida em regime de urgência na ordem de mais de quatro mil veículos. Porém este planejamento esbarraria na baixa disponibilidade ociosa das linhas de produção da indústria norte-americana, que já estavam empenhadas no esforço de guerra, este fator levaria a suspensão deste programa. A fim de se atender a esta demanda, o governo francês cederia em regime de comodato ao governo dos Estados Unidos, um total de cento e quarenta e quatro carros Renault FT-17. Este seriam suficientes para a dotação completa de dois batalhões, porém nenhum destes entraria em combate junto as Força Expedicionária Americana - AEF (American Expeditionary Force) até o término do conflito. A partir do final do ano de 1917, os aliados tencionavam aumentar expressivamente sua frota de carros de combate, neste aspecto a expectativa francesa englobava dispor no curto prazo de mais de doze mil tanques FT-17 (incluindo os norte-americanos M-1917), antes do final de 1919, porém e função do término do conflito em novembro de 1918, este número nunca seria atingido. Amplamente empregados pelas forças aliadas, os Renault FT-17 participariam de mais de quatro mil combates, com setecentos e quarenta e seis sendo perdidos para a açao inimiga. Ao todo seriam entregues ao Exército Frances (Armée de Terre) antes do Armistício em 1918, um total de dois mil seiscentos e noventa e sete carros de combate deste modelo. Destes cerca da metade sairiam das linhas de montagem da Renault em Boulogne-Billancourt, perto de Paris, com o restante subcontratado para diversas empresas. No período pós-guerra os contratos pendentes de aquisição seriam reorganizados, muito em virtude dos excelentes resultados durante o conflito, com um total de sete mil duzentos e oitenta carros sendo distribuídos para a Renault (52%), Somua- Schneider & Cie (23%), Berliet (23%) e Delaunay-Belleville (8%), com a concordância prévia de Louis Renault, em renunciar aos royalties para todos os fabricantes franceses deste carro de combate.

A partir de meados de 1919 uma grande quantidade seria exportada, passando a equipar as forças armadas Bélgica, Brasil, Checoslováquia, Estônia, Finlândia, Irã, Japão, Lituânia, Holanda, Polônia, Romênia, Espanha, Suíça, Turquia, Uniao Soviética e Iugoslávia. E durante os anos seguintes se manteria como o esteio da força blindada do Exército dos Estados Unidos (US Army). Os Renault FT-17 veriam açao real ainda em muitas ocasiões como Guerra Civil Russa, a Guerra Polaco-Soviética, a Guerra Civil Chinesa, a Guerra Rif, a Guerra Civil Espanhola e a Guerra da Independência da Estónia. Sua longevidade seria notória, com milhares de modelos permanecendo em serviço ativo nas unidades de primeira linha em diversos países até o final da década de 1930. No início do ano de 1940, o exército francês ainda dispunha de oito batalhões, cada um equipado com sessenta e três Renaut FT-17, além de três divisões independentes, cada uma com dez blindados, com uma força orgânica totalizando quinhentos e trinta e quatro veículos, todos equipados com metralhadoras. Além destes havia ainda uma grande quantidade mantida como reserva técnica. Os efeitos da devastadora campanha Blitzkrieg reduziria rapidamente a frota de modernos carros de combate franceses, levando a reativação os Renault FT-17 que se encontravam na reserva, porém pouco podiam fazer para deter o avanço alemão. Com a queda da França, o Exército Alemão capturaria mil e setecentos Reunault FT-17, com uma grande parte destes sendo redistribuídos em toda a Europa ocupada, para serem empregados na defesa de bases aéreas e campos de prisioneiros da Força Aérea Alemã (Luftwaffe). Pelo menos quinhentos destes seriam empregados pelas forças armadas francesas de Vichy dispostas no norte da África. Estes seriam empregados contra as forças norte-americanas e britânicas durante os desembarques decorrente da Operação Tocha no Marrocos e na Argélia no final do ano de 1942. No entanto não seriam páreo para os carros de combate M-3 Lee, M-3 Stuart e M-4 Sherman, sendo facilmente destruídos.

Emprego no Exército Brasileiro
Durante a Primeira Guerra Mundial, o Ministério da Guerra enviaria a França em um processo de intercambio militar e educacional, o 1º Tenente de cavalaria José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, onde iniciaria seus estudos voltados as especialidades de motorização e mecanização na Escola de Carros de Combate de Versalhes. Posteriormente em abril de 1919, dentro deste programa seria designado para servir como observador junto ao 503ª Regimento de Artilharia de Carros-de-Assalto, onde teria a oportunidade de ter contato próximo junto a rotina operacional dos carros de combate Renault FT-17. Quando de seu retorno ao Brasil, a experiencia do Tenente José Pessoa geraria grande influência junto ao comando do Exército Brasileiro para a aquisição de carros de combate. Neste contexto sobre a influência política demandada por uma maior aproximação em temas militares entre os governos brasileiros e francês, seria definida a escolha pelo modelo Renault FT-17, muito embora o próprio capitão não achasse que este seria o modelo ideal de carro-de-combate para equipar a futura força blindada brasileira. Cabe ainda a ele ser o autor de um verdadeiro tratado sobre o desenvolvimento e emprego da arma blindada no teatro de operações europeu durante a Primeira Guerra Mundial, intitulado Os Tanks na Guerra Europeia (publicado em 1921 no Rio de Janeiro). Posteriormente, seria um dos idealizadores da AMAN (Academia Militar das Agulhas Negras) na cidade de Resende no Rio de Janeiro, também, o fundador do Centro de Instrução de Artilharia de Costa (transformado em escola em 1942). A negociação para a aquisição se daria antes da chegada dos primeiros representantes da Missão Militar Francesa, contratada para a modernização e restruturação das Forças Armadas Brasileiras. Atendendo ao cronograma previsto no contrato, em abril de 1920 seriam recebidos no porto do Rio de Janeiro, doze carros de combate Renault FT-17, novos de fábrica recém-saídos das linhas de produção da  Delaunay Belleville. Destes seis estavam configurados com a torre fundida Berliet armados com o canhão Puteaux de 37 mm e cinco com a torre octogonal rebitada Renault, armada com metralhadoras Hotchkiss de calibre 7 mm. E por fim um veículo de Telegrafia sem Fio – TSF, desprovido da torre giratória equipado com sistemas de comunicação para emprego em campo em conjunto com as forças de ataque.

Para operar estes novos veículos blindados de combate de forma efetiva, seria criada pelo Decreto 15.235, de 31 de dezembro de 1921, a Companhia de Carros de Assalto, baseada na Vila Militar, na cidade do Rio de Janeiro – RJ. Desta forma o Exército Brasileiro ser tornaria o pioneiro no emprego da arma blindada na América do Sul, muito embora ela já se encontrasse operacional mesmo antes da sua formalização. No entanto esta nova companhia a apresentava algumas deficiências operacionais, conforme descrito no Boletim número 55 de 7 de dezembro de 1921, neste documento seu comandante o Capitão José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque informava diretamente ao Ministro da Guerra, que dispunha naquele momento de sete oficiais e cento e vinte e três praças (com metade deles em véspera de licenciamento), o que prejudicaria seriamente sua operacionalidade e efetividade bélica. É curioso ressaltar que estes carros de combate foram entregues ao Chefe da Missão Militar Brasileira em Paris em maio de 1919 e chegaram ao Brasil no início do ano seguinte, sendo então armazenados no 1º Regimento de Infantaria, no Rio de Janeiro, permanecendo lá até o dia 28 de setembro de 1921. Nesta data seriam disponibilizados ao Capitão José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, que mediante o Boletim nª 223 de 01 de outubro iniciaria a organização da Companhia de Carros de Assalto. Porém apesar dos Renault FT-17 representarem uma novidade do âmbito do Exército Brasileiro, o blindado não teria uma boa receptividade entre os oficiais mais antigos. Esta reação negativa resultaria na criação de deficiências originarias deste problema de doutrina e falta de cultura de inovação junto as fileiras do Exército Brasileiro.  E ao que tudo indica estas nunca seriam sanadas, dificultando desta forma o emprego da Companhia de Carros-de-Assalto nas importantes crises políticas e militares que viriam ocorrer no Brasil durante as conturbadas décadas de 1920 e 1930. Em 3 de novembro de 1921, seria realizado o primeiro exercício de carros-de-combate, operando em conjunto com Aviação Militar do Exercito no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, na colina Boscosa, na Vila Militar, iniciando assim o embrião uma nova era operacional militar no pais. 
Em 3 de novembro de 1921, seria realizado o primeiro exercício de carros-de-combate, operando em conjunto com Aviação Militar no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, na colina Boscosa, na Vila Militar. Sua primeira aparição pública se daria em 25 de agosto de 1922, quando toda a Companhia se apresentou no Campo de São Cristóvão, Rio de Janeiro, ocasião em que recebeu o Pavilhão Nacional e foi aberta à visitação pública, gerando grande interesse por parte da população em conhecer a novidade chamada de “carros de combate”. Em registros fotográficos de época, observa-se sempre no máximo seis carros operacionais, nunca mais do que isso o que pode denotar uma frequente baixa disponibilidade. Sobre o modelo de Telegrafia Sem Fio (TSF), tudo indica que nunca foi totalmente operacional, tendo sido retirado do serviço ativo em 1925 e armazenado pelo menos até o ano de 1932. Seu primeiro emprego operacional real, ocorreria durante os eventos decorrentes da Revolução de 1924, quando a Companhia de Carros de Assalto, seria destacada para ocupar a cidade de São Paulo após a retirada das forças rebeldes. Em 18 de maio de 1925, o aviso nª 254, mudou a designação para Companhia de Carros-de-Combate, porém ainda o emprego dos Renault FT-17 ainda não havia conseguido motivar a oficialidade da Força Terrestre, com os carros de combate sendo negligenciados não só na operação, mas também nos processos de manutenção. Assim em 21 de janeiro de 1932, o Decreto nª 20.986, de 21 de janeiro de 1932, extinguiria oficialmente a Companhia de Carros-de-Combate; com seus veiculos em precário estado de conservação sendo transferidos para o Batalhão Escola de Infantaria. Meses mais tarde, estes seriam recolocados em operação para serem empregados em virtude da eclosão da Revolução Constitucionalista levada a cabo por São Paulo em 9 de julho. Vale ressaltar que alguns foram recuperados na Oficina Ferroviária de Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, onde também modelo de Telegrafia sem Fio (TSF) seria incluso neste processo, porém estranhamente não seria reincorporado ao serviço ativo. Estes veículos, provavelmente meia dúzia deles, foram empregados separadamente ou em duplas, em alguns setores onde ocorreram combates entre tropas rebeldes e legalistas, sendo usados para manter pontes, atacar ninhos de metralhadoras e em locais montanhosos, como a divisa de Minas Gerais com São Paulo. Estes cenários de emprego, no entanto não eram apropriados para seu uso e desta forma não foram decisivos como instrumento para definir a superioridade e até mesmo garantir a vitória das forças legalistas naquele conflito.   

Em 1935, pelo Aviso nª 248, de 22 de abril, seria criada a Seção de Carros-de-Combate no Batalhão de Guardas, que aproveitaria os carros-de-combate existentes no Batalhão Escola de Infantaria. Também seria criada neste momento a Seção de Motomecanização no Estado-Maior do Exército, por influência direta do chefe da Missão Militar Francesa, General Paul Noel, o que sem dúvida representaria um grande avanço. Em um contexto geral a criação da Companhia de Carros-de-Assalto no Exército Brasileiro representaria uma tentativa isolada e pioneira do Capitão José Pessoa, porém infelizmente acabaria caindo no abandono, por falta de visão da velha oficialidade do Exército Brasileiro, e infelizmente não tendo continuidade. As motivações internas contrárias à sua sobrevivência da motomecanizado de combate serviriam de alerta, uma tendencia que deveria ser mudada evitando assim o atraso da doutrina operacional na Força Terrestre brasileira. Estes dogmas seriam habilmente contornados em nova oportunidade, quando, em 1938, o General Waldomiro Castilho de Lima, depois de ter observado o desenvolvimento das operações de guerra realizadas pelos italianos na Abissínia, voltaria a esta temática junto ao Ministério da Guerra. Assim seria decidido substituir os velhos carros-de-combate Renault FT-17, já obsoletos, por modernos carros de combate Fiat - Ansaldo CV-3/35 II, modelos operados com relativo sucesso, no terreno montanhoso em que se desenvolveu a Guerra Civil Espanhola e nas terras áridas da Etiópia. Assim as ideias iniciais do Capitão Jose Pessoa Cavalcante de Albuquerque, seriam retomadas com grande entusiasmo pelo Capitão Carlos Flores de Paiva Chaves, que culminaria na implantação da arma blindada no Brasil. Em 25 de maio de 1938, pelo aviso nª 400, é criado o Esquadrão de Autometralhadoras do Centro de Instrução de Motorização e Mecanização, no Rio de Janeiro, onde, além dos novos carros adquiridos na Itália, deveria contemplar todo o pessoal e equipamento pertencente anteriormente a  Seção de Carros-de-Combate no Batalhão de Guardas.
A introdução dos novos carros de combate italianos, não decretaria a total desativação dos Renault FT-17 no Exército Brasileiro, assim os últimos cinco veiculos deste modelo seriam agregados a Seção de Carros-de-Combate do Batalhão de Guardas, que neste momento passaria a denominar-se Seção de Carros-de-Combate do Batalhão de Guardas, onde seguiriam em operação porém enfrentando as mesmas restrições de operacionalidade em função de problemas de manutenção adequada e falta de peças de reposição. Em 1941 o movimento de aproximação entre os governos brasileiros e norte-americano proporcionaria um salto evolutivo nas Forças Armadas Brasileiras, principalmente pela adesão ao programa de Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Antes disso mesmo em fins de agosto deste mesmo ano seriam recebidos os primeiros dez carros de combate leves M-3 Stuart. Em 26 de fevereiro de 1942 o Decreto-Lei Reservado n.ª 4.130, transformaria o Pelotão de Carros-de-Combate do Centro de Instrução de Motorização e Mecanização na Companhia Escola de Carros-de-Combate. Neste momento seria efetivada a desativação dos últimos Renault FT-17 que ainda se encontravam em condições operacionais, sendo substituídos pelos carros de combate leves M-3 e M3A1 Stuart. Os carros remanescentes seriam armazenados e posteriormente preservados. Em 2011 uma iniciativa combinada entre Centro de Instrução de Blindados (CIBld) e o Parque Regional de Manutenção/3 (Santa Maria), resultaria na restauração total de um destes veículo, recolocando em condição operacional para ser empregados em solenidades e comemorações. 

Em Escala.
Para representarmos o carro de combate leve Renault FT-17, fizemos uso do excelente kit da Meng  na escala 1/35, modelo este que prima pelo detalhamento, apresentando set em photo etched para refinamento. Não há necessidade de se promover nenhuma alteração para se representar a versão empregada pelo Exército Brasileiro, podendo se optar pela versão armada com canhão Puteaux de 37 mm ou equipada com metralhadoras Hotchkiss de calibre 7 mm. 
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura aplicado aos Renault FT-17, inicialmente os carros foram recebidos em um esquema na cor marrom terra (Flat Earth), momento no qual receberam algumas identificações especificas. Este padrão se manteria até o ano de 1925, quando foram repintados nas cores normativas adotadas pelo Exército Brasileiro naquele período, mantendo este esquema até sua desativação em 1942.

Bibliografia :

- O Brasil na Era dos Blindados  por Expedito Carlos S. Bastos - http://www.ecsbdefesa.com.br/fts/DC2.PDF
- Renault Ft-17 O Primeiro Carro De Combate Do Exército Brasileiro - por Expedito Carlos S. Bastos
- Consolidação dos Blindados no Brasil - Expedito Carlos Stephani Bastos - www.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/DC3.PDF