Hawker Siddeley HS-125 VC-93 e VU-93

História e Desenvolvimento.
No início da década de 1950, o novo segmento de transporte executivo, começava a despontar no mercado de aviação civil, criando assim um novo filho a ser explorado empresas construtoras aeronáuticas  de grande e médio porte ao redor do globo. No entanto ainda pairavam sobre este promissor nicho de mercado, grandes limitações de desempenho, pois a totalidade das aeronaves empregadas neste segmento ainda eram propelidas por hélices e motores a pistão. O grande percussor de uma nova era de aeronaves de transporte executivo a jato, seria representando pelo modelo "Jet Star" do fabricante norte-americano Lockheed Aircraft Co., avião este que realizaria seu primeiro voo em meados do ano de 1957. No ano seguinte chegava ao mercado mundial a primeira aeronave turboélice destinada ao mercado executivo, o também norte-americano Grumman G-159 Gulfstream I. Do outro lado do atlântico a empresa britânica Havilland Aircraft Company, desenvolvedora da excelente aeronave de transporte executivo, o  DH-104 Dove, passaria a desenvolver um novo projeto focado na concepção de uma aeronave com motores reação, a fim de suceder o seu maior sucesso comercial naquele período. Esta aeronave receberia a designação de De Havilland DH-125 Dragon Jet, porém apesar deste projeto se encontrar em estágio avançado de desenvolvimento, seu protótipo original nunca seria produzido, pois em abril de 1960, esta empresa seria adquirida pela também  pela organização britânica Hawker Siddeley Co. Após avaliar os projetos em desenvolvimento, a nova direção optou por manter o programa do novo jato de transporte executivo, passando a designar o programa como "DH-125", abolindo assim o seu nome de batismo comercial. As diretrizes impostas pelos novos acionistas da empresa, direcionariam todos os esforços em desenvolver uma aeronave mais adequada o possível para o promissor mercado norte-americano de aviação executiva. Diferente dos demais concorrentes, o projeto previa um pequeno jato executivo pressurizado com seis lugares, asas baixas enflechadas, com os estabilizadores horizontais colocados no meio do estabilizador vertical e dois motores turbo jatos  inseridos nas laterais traseiras da fuselagem.

Em 13 de agosto de 1962, o primeiro de dois protótipos concluídos realizaria seu primeiro voo, sendo precedido pelo início do programa de ensaios em voo. Já a segunda célula produzida passaria a ser disponibilizada para testes em dezembro do mesmo ano. Os resultados obtidos nestes programas deflagariam a implementação de uma séria de melhorias, com a primeira aeronave pré-série alçando voo em 12 de fevereiro de 1963. Esta versão diferiria dos protótipos iniciais, apresentando um perfil mais robusto, com fuselagem alongada e maior envergadura, resultando em uma aeronave mais veloz e confortável. Estas primícias seriam fundamentais para o atendimento das demandas do exigente mercado norte-americano de aeronaves executivas, o que geraria grandes expectativas em termos de vendas futuras. Diversos pacotes de acabamento interior seriam oferecidos ao mercado, como diferencial competitivo a versão de entrada do modelo apresentaria um alto grau de conforto aos passageiros, sendo muitas vezes superior a seus concorrentes. Já a configuração executiva, apresentava o convés de voo em separado da cabine principal de passageiros, dispondo de uma entrada única, que estava localizada diretamente atrás do cockpit e para a frente da cabine de passageiros, formando uma área de vestíbulo, na qual a bagagem seria também armazenada e as refeições poderiam ser ali preparadas, durante o voo. Logo na fase inicial da produção, os motores seriam alterados para os mais potentes do modelo Bristol Siddeley Viper 521 ou 522, gerando as versões Hawker Siddeley  "HS-125 1A e HS-125 1B" destinadas prioritariamente  ao mercado de exportação. Em 1964, a empresa desenvolveria a pedido da Força Aérea Real (Royal Air Force) o modelo HS-125 Série II, esta seria a primeira versão militar da aeronave, estando especialmente configurada para missões de treinamento de navegação e transporte executivo. Um contrato celebrado entre o Ministério da Defesa e a empresa, acordava a aquisição inicial  de trinta células, com esta versão recebendo o codinome militar de "Dominie". Novos contratos militares seriam firmados, envolvendo agora aeronaves melhoras que receberiam a designação de Hawker Siddeley   HS-125 Série III, IIIA, IIIB , IIIA/RA e IIIB/RB, apresentando todas  maior peso de decolagem e maior capacidade de combustível.
A adequação as demandas de mercado, resultaria no lançamento do modelo Hawker Siddeley HS-125 Série IV, que mais tarde seria redesignado como HS-125 Série 400. Esta nova versão passava a apresentar capacidade de transporte para até sete passageiros, estando equipadas com dois motores turbo jatos Rolls Royce Viper 522 de maior potência, como novidade a célula passava a contar com uma escada embutida na porta na fuselagem, para assim facilitar a operação em aeroportos desprovidos de equipamentos de apoio em solo. Ao todo seriam produzidas cento e dezesseis aeronaves do Hawker Siddeley HS-125 Série 400. Desde o início de sua fabricação em série, no ano de 1962, o Hawker Siddeley HS-125 e suas versões seriam montadas em linhas de produção pertencentes a empresas diferentes, resultando assim em algumas mudanças nas designações dos modelos e versões desta família de aeronaves. Para simplificar o entendimento, citamos que até 1963 a aeronave seria denominada como DH-125, e após a absorção da empresa pela Hawker Siddeley Co., esta aeronave passaria a ser comercial conhecida como HS-125 Dominie. Em 1977 este último grupo empresarial seria transformado na corporação British Aerospace Co, levando assim a redesignação de todos os seus produtos, com a aeronave passando a ostentar a denominação de BAe-125, permanecendo assim até o ano de 1993, quando a empresa norte americana Raytheon Aviation adquiriu a divisão de jatos da British Aerospace Co. e sua designação passou para Raytheon Hawker. Finalmente no ano de 2007, sua montagem seria transferida para a companhia Hawker Beechcraft, com seu modelo Beechcraft Hawker 900XP seguindo em produção até o ano de 2013, quando a empresa acabaria tendo sua falência decretada. Ao todo, no período compreendido entre os anos de 1962 e 2013 cerca de um mil e seiscentas aeronaves desta família de jatos de transporte foram produzidas em várias versões e modelos.

O emprego militar as aeronaves da família Hawker Siddeley HS-125 Dominie, teria início em 1964 com a introdução da aeronave em serviço junto Força Aérea Real (Royal Air Force). Suas versões militarizadas designadas como HS-125 T.1 e T.2 (para treinamento de navegadores) e  HS-125 CC.1, CC.2 e CC.3 (para ligação e transporte de autoridades, incluindo membros da Família Real), passando a dotar quatro esquadrões operacionais de transporte e treinamento. Algumas aeronaves ainda das versões, HS-125 Séries 3A e Series 3B, seriam incorporadas passando a apresentar motores mais potentes, tendo sido produzidos vinte e nove células. Já as versões, HS-125 Séries 3A/RA e Séries 3B/RA permitiriam transportar mais combustível, estendendo o alcance; ao todo seriam produzidas trinta e seis aeronaves destas subvariantes. O bom desempenho operacional apresentado junto aos esquadrões da Força Aérea Real (Royal Air Force), despertariam o interesse de mais países, com o modelo logrando grande êxito no mercado internacional militar, passando a equipar forças áreas de países como, Estados Unidos, Botswana, Malásia, Paquistão, Nigéria, Arábia Saudita, Coréia do Sul, Turquemenistão (Turkmenistan Airlines a serviço do governo), Biafra, Gana, Nicarágua, Brasil, Irlanda, África do Sul, Malawi e Uruguai. Além de operar predominante em sua função de transporte executivo (VIP – Very Important Person), seriam desenvolvidas versões customizadas pelo fabricante, sendo destinadas ao emprego em missões especializadas, como inspeção em voo, esclarecimento marítimo, busca e salvamento (com sistema de radar APS-134LW), guerra eletrônica e calibragem de sistemas de voo e pouso. Curiosamente o batismo de fogo da aeronave britânica se daria durante a Guerra das Falklands – Malvinas em 1982, quando pilotos da Força Aérea Argentina (Fuerza Aérea Argentina) fazendo uso de uma célula da versão Hawker Siddeley HS-125 700, pertencente ao Esquadrão Fenix - Grupo 1 Aerofotográfico, realizariam um grande gama de missões reais envolvendo tarefas reconhecimento fotográfico e eletrônico, chegando a realizar inúmeras surtidas de esclarecimento sobre a  Força Tarefa da Marinha Real (Royal Navy) e as forças de desembarque britânicas.
Os jatos Hawker Siddeley HS-125 Dominie T.1 e T.2 - CC.1, CC.2 e CC.3, se mantiveram em serviço na Força Aérea Real (Royal Air Force), até fins do ano de 2015, quando última célula da versão de treinamento seria retirada do serviço ativo. Curiosamente o jato britânico seria empregado em tarefas militares relevantes, junto a Força Aérea Americana (USAF). Em 1990 uma grande quantidade destas aeronaves dispostas no modelo British Aerospace BAe 125 800 seriam incorporadas, recebendo a designação militar de C-29A, passando a substituir aeronaves de categoria similar, do modelo Lockheed C-140A. Estes aviões seriam empregados em tarefas, de inspeção e navegação de voo de combate (C-FIN), sendo destacados para o emprego em bases aéreas norte-americanas existentes ao redor do mundo. Os British Aerospace C-29A, tiveram participação ativa durante as operações de combate “Tempestade do Deserto” (1990-1991)e “Escudo do Deserto” (2006) durante as Guerras do Golfo. As células destinadas a tarefas especializadas seriam retiradas do serviço em 2012, com poucas aeronaves de transporte executivo, se mantendo em uso até meados do ano de 2014. Apesar da idade do projeto, atualmente é possível encontrar muitas aeronaves desta família ainda em uso militar e civil, principalmente nos Estados Unidos.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
As missões de transporte de autoridades (VIP – Very Important Person) no Brasil teria início em 1937, quando a Diretoria de Material da Aviação Militar do Exército (DAvM), procedeu a aquisição de quatro aeronaves do modelo Lockheed 12A UC-40 Electra Junior. Em 1941 após a criação da Força Aérea Brasileiras, seria estabelecida a Seção de Aviões de Comando, baseada  no Rio de Janeiro, que passariam a operar também aeronaves dos modelos Lockheed VC-66 e VC-60 Lodestar, vetores estes especializados neste escopo de tarefas, que viriam a construir o alicerce da doutrina das missões de transporte de autoridades no pais. Umas das premissas básicas exigidas, se baseava no emprego de aeronaves equipadas com o que havia de melhor em equipamentos de navegação sempre aliados ao conforto. O fator autonomia seria sempre priorizado, tendo em vista as dimensões continentais do Brasil e as necessidades de viagens para outros países latino-americanos. No final da primeira metade da década de 1960, os Douglas VC-47, eram os principais vetores envolvidos neste escopo de operações e era notária sua obsolescência, principalmente considerando os grandes riscos de potenciais falhas mecânicas que poderiam ser ocasionalmente causadas pelos seus antigos e problemáticos motores radiais a pistão. Outro fator determinante para a substituição desta frota atual, era a mudança da capital federal do Rio de Janeiro, para a nova cidade de Brasília no centro oeste do país, levando assim a necessidade de se dispor de aeronaves de maior autonomia, visando assim proporcionar acesso fácil as principais capitais brasileiras. Neste contexto se fazia necessária a aquisição de aeronaves de nova geração, ou seja, aviões dotados com motores a reação. O objetivo visava selecionar e adquirir para emprego junto ao Grupo de Transporte Especial (GTE) dois modelos de aeronaves, uma aeronave maior porte para o transporte presidencial, e um jato executivo a ser destinado ao transporte de ministros e funcionários de alto escalão do governo federal. Em 1967, a fim de anteder a esta demanda, agora inclusa no “Plano de Modernização da Força Aérea Brasileira”, o Ministério da Aeronáutica (MAer) lançaria uma concorrência internacional visando a aquisição de novos vetores para transporte executivo – VIP (Very Important Person). 

Este programa seria dividido em duas fases, escolheria em maio do mesmo ano seu primeiro vetor, sendo escolhido o jato britânico BAC-111 One Eleven, que teriam por missão substituir os turboélices Vickers-Armstrong V-742D/V-789D Viscount na tarefa de transporte presidencial. O próximo passo seria a definição de um jato para transporte executivo, com o programa sendo conduzido diretamente pelo comando do Grupo de Transporte Especial (GTE). Diversas propostas seriam analisadas em um estudo comparativo, e ao final deste processo a escolha acabaria recaindo sobre o Hawker Siddeley HS-125-3B-RA Dominie. Um contrato seria celebrado com o fabricante no inicio do ano de 1968, envolvendo a aquisição de seis células, definindo a configuração de cinco aeronaves com o interior especialmente configurado para missões de transporte executivo – VIP (very importante person), com estas recebendo a designação de VC-93 e as matriculas “FAB 2120 a FAB 2124”. Já o sexto Hawker Siddeley HS-125-3B-RA com a matrícula “FAB 2125” seria transladada até os Estados Unidos, para a configuração e instalação dos equipamentos e meios para o emprego na calibração de auxílios a navegação aérea. Uma comitiva de oficiais brasileiros seria enviada as instalações do fabricante na Inglaterra a fim de participarem de um programa de treinamento, e após a conclusão desta fase estas aeronaves seriam transladadas em voo. Assim em 19 outubro de 1968, estas aeronaves decolariam da cidade de  Hatfield, operando em escala desde Prestwick (Escócia), Reykjavik (Islândia), Sondre Stromfjord (Groenlândia), Frobisher Bay e Montréal (Canadá), Washington e Miami (Estados Unidos), San Juan (Porto Rico), Piarco (Antilhas Holandesas), Paramaribo (Suriname), Belém (Brasil). Este translado teria de a duração de sete dias, com quase vinte e seis horas de vôo; as tripulações eram compostas por: Major Aviador Garotti, Capitão Aviador Lampert e 1º Sargento Castilho (FAB 2120) e Capitão Aviador Baginski, Capitão Aviador Torrés Jr., 1º Sargento Nobre (FAB 2121). Os outros três Hawker Siddeley VC-93 seriam recebidos na base aérea de Brasília no Distrito Federal em 4 de fevereiro de 1969.
Após o recebimento, estas cinco aeronaves seriam incorporadas ao 2º Esquadrão do Grupo de Transporte Especial (GTE), e seria iniciado um programa de formação das tripulações que em breve iriam compor os efetivos deste esquadrão. Em maio de 1969 seriam iniciadas as atividades operacionais com os novos jatos Hawker Siddeley VC-93, passando a realizar missões de transportes de ministros e funcionários do segundo escalão de governo federal, operando desde a Base Aérea de Brasília, com destino as capitais estaduais. Neste contexto sua autonomia e conforto para o transporte de sete passageiros mais a tripulação o tornava ideal para este tipo de missão. Ao longo dos anos seguintes estas aeronaves apresentariam excelentes resultados em termos de disponibilidade e cumprimento de missões a eles destinados, recebendo ainda inúmeros elogios por parte de suas tripulações e passageiros. Em 1973, os VC-93 e EC-93 seriam redesignados como VU-93 e EU-93, respectivamente. Este cenário motivaria o comando do Ministério da Aeronáutica (MAer) a estudar a aquisição de mais aeronaves desta família, com negociações passando a ser conduzidas junto ao fabricante. Um contrato seria firmado em meados do ano de 1973 junto a Hawker Siddeley Co., para compra de cinco células da versão HS-125 400B, que apresentavam melhor desempenho operacional, quando comparado as versões anteriores. Deste lote quatro seriam configuradas na versão de transporte executivo, recebendo a designação de VU-93 com as matrículas de “FAB 2126 á 2129”, e uma aeronave seria configurada nos Estados Unidos para o emprego em tarefas de calibração de auxílios a navegação aérea, recebendo a designação de EU-93 e matrícula “FAB 2130”. Os VU-93 seriam recebidos em fins deste mesmo ano, sendo também incorporados ao 2º Esquadrão do Grupo de Transporte Especial (GTE), ampliando assim a capacidade na execução deste escopo de missões.

Apesar do alto grau de disponibilidade e proficiência em seu processo de manutenção, seu intenso uso infelizmente acarretaria em  acidentes ou falhas técnicas de pequena monta, com o primeira ocorrência relevante sendo registrada em 18 de junho de 1979, com o VU-93 “FAB 2122”, que ao ingressar no procedimento de pouso, provavelmente enfrentou perda de sustentação e o avião chocou-se contra solo, perto da cabeceira da pista do Aeroporto Internacional de Brasília, no Distrito Federal. Os quatro tripulantes sobreviveram e a aeronave ficou parcialmente destruída, não podendo ser recuperada. Desta maneira no início da década de 1980,  visando recompor a dotação e permitir um melhor disponibilidade com o máximo grau de segurança possível, seria determinado a aquisição de mais aeronaves, permitindo inclusive a retirada de serviço das primeira células recebidas a partir de 1968. Este processo se daria através do conceito de compras de oportunidade, com quatro aeronaves do modelo HS-125-400B sendo negociadas e adquiridas pelo Ministério da Aeronáutica (MAer) no mercado civil norte-americano no início do ano de 1983.Após serem revisadas por empresas parcerias de manutenção da British Aerospace Co., nos Estados Unidos, estas aeronaves seriam transladadas ao Brasil entre o final do ano de 1983 e meados do ano seguinte. Já no país estas células receberiam no Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMAAF) o padrão de pintura e identificação do Grupo de Transporte Especial (GTE), passando a ostentar as matrículas “FAB 2114”, “FAB 2117” e “FAB 2118”.  Infelizmente em 08 de outubro de 1987 um grave acidente seria registrado com o VU-93 “FAB 2129”, nas proximidades do aeroporto em Carajás no estado do Pará, quando logo após a decolagem, enquanto estava na subida inicial, a aeronave perdeu altura e caiu em uma enorme explosão. Todos os nove ocupantes foram mortos, entre eles Marcos de Barros Freire, Ministro da Reforma Agrária. Em 1988 durante a aplicação de uma sistemática de remanejamento de equipamentos, o Hawker Siddeley VU-93 "FAB 2121" seria convertido para a versão EU-93, sendo transferido ao Grupo de Especial de Inspeção em Voo (GEIV). 
Em 1990 outras duas células do modelo, matriculadas como “FAB 2127 e 2125”, pertencentes ao Grupo de Transporte Especial (GTE) e ao Grupo de Especial de Inspeção em Voo (GEIV) respectivamente, seriam transferidos para o Centro Técnico da Aeronáutica (CTA) em São Jose dos Campos – SP, para o emprego em missões de ensaio em voo. Em 1998 uma última célula da versão HS-125-400A usada seria adquirida, novamente junto ao mercado civil norte-americano, inicialmente o objetivo desta compra visava proporcionar um novo suprimento de peças de reposição, para a frota atual da Força Aérea Brasileira. Porém após o recebimento das células atestou que ela apresentava um ótimo estado de conservação, sendo então decidido colocar a aeronave em serviço, passando a operar com a matrícula “FAB 2113”, substituindo no Grupo de Transporte Especial o VU-93 “FAB 2114” desativado anteriormente. No final da década de 1990, os VU-93 remanescentes em uso seriam destacados para operação de transporte de funcionários do terceiro escalão, tendo em vista a incorporação dos VU-35 Learjet a partir de 1987, que passariam a assumir a missões mais importantes do esquadrão. Porém neste momento já era claro que as células já apresentavam o peso da idade, e sua substituição a curto prazo se fazia necessária. Esta demanda começaria a ser atendida a partir de 2004 com o recebimento dos Embraer ERJ 145 VC-99 que permitiria alocar os VU-35 Learjet em missões secundárias abrindo o caminho para a desativação dos VU-93, processo este que seria finalizado em fins do ano de 2007.  Apenas uma aeronave,  o VU-93” FAB 2123” permaneceria em uso, sendo convertido para o padrão XU-93, operando até o ano de 2010 junto ao Grupo de Ensaios em Voo (GEEV) no Centro Técnico da Aeronáutica (CTA) em São Jose dos Campos – SP.

Em Escala.
Para representarmos o Hawker Siddeley HS-125 400B EU-93 " FAB 212 ", fizemos uso do antigo kit em resina na escala 1/72 produzido pela GIIC Models. Para se representar a versão operada pelo Grupo de Transporte Especial (GTE) não é necessário proceder nenhuma alteração. Optamos por configurar a aeronave em seu último padrão de pintura, empregando para isto decais com confeccionados pela Phoenix Decals, presentes no Set “HS-125 FAB 1/72”.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo, representa o terceiro padrão de pintura empregado nas aeronaves VU-93, sendo o esquema aplicado a partir de 1990, não só nos jatos britânicos Hawker Siddeley HS-125/AB mas também em todas as aeronaves de transporte executivo (VIP) em serviço na Força Aérea Brasileira.

Bibliografia :

- British Aerospace BAe 125  - Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/British_Aerospace_125
- Conduzindo os que Conduzem - Louis JacksonJ. Costa - Revista Força Aérea Nº 06
- História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Aviação Militar Brasileira 1916 / 1984 - Francisco C. Pereira Netto

Oto Melara M-56 105 mm no Brasil

Historia e Desenvolvimento.
As origens da atual empresa italiana OTO Melara S.p.A. que hoje compõe o grupo empresarial da Leonardo-Finmeccanica S.p.A, tem seu início no ano d 1905, quando a empresa seria fundada como uma joint venture entre as empresas Vickers e Terni Steelworks, Cantiere Navale Fratelli, Orlando e Cantieri Navali Odero. O investimento total também seria fornecido pelos empresários Giuseppe Orlando e Attilio Odero. Durante a Primeira Guerra Mundial, a Vickers Terni produziria muitos modelos canhões de campo com calibre 40 mm e 76 mm, sendo empregadas principalmente pelas forças terrestres de muitos países participantes naquele conflito. Em 1929, a empresa seria renomeada como Odero Terni Orlando com a abreviatura OTO passando a ser sua marca comercial. Durante a Segunda Guerra Mundial, a empresa seria responsável pelo desenvolvimento e produção da maioria dos modelos de canhões navais que passariam a equipar a grande Marinha Italiana (Regia Marina). Após o término do conflito suas instalações industriais seriam recuperadas e passariam a se dedicar a produção de uma variada gama de produtos civis, como tratores, implementos agrícolas e teares. Em 1953 a empresa seria renomeada como Oto Melara, neste mesmo período os países europeus voltavam seus esforços novamente para o fortalecimento das forças de defesa de seu país, muito em virtude de se fazer frente as possíveis ameaças das forças da União Soviética (URSS). Este contexto geopolítico culminaria na adesão do governo italiano a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), e a Oto Melara que anteriormente já estava ensaiando seu retorno a mercado militar, vislumbrou neste movimento uma grande oportunidade no horizonte, voltando assim seus recursos e investimentos para o desenvolvimento de projetos de defesa em sua planta fabril na cidade de La Spezia. Seus primeiros projetos a serem desenvolvidos retornavam a sua principal origem, ou seja, a arma naval, e ao longo dos anos seguintes seus canhões passariam a equipar mais de mil navios de combate, sendo empregados desde navios patrulheiros a contratorpedeiros de todos os portes, sendo adotados em mais de sessenta marinhas ao longo do globo. 

Paralelamente ao desenvolvimento das primeiras armas navais, a empresa também passaria a investir recursos no segmento de obuseiros voltados para a força terrestres, com a primeira grande oportunidade de mercado se materializando após uma consulta por parte do comando do Exército Italiano (Esercito Italiano). Este pleito focava inicialmente o desenvolvimento de uma peça de artilharia capaz de atender à exigência de um obuseiro leve moderno que pudesse ser usado pelos regimentos de artilharia de montanha das brigadas Alpini (infantaria de montanha especializada). Os parâmetros iniciais definam uma arma leve que pudesse ser facilmente montada e desmontada por uma pequena guarnição, sendo composta por no máximo doze peças, que pudessem ser transportadas em conjunto ou individualmente. Deveria ser também facilmente manuseada quando em operação com a capacidade de ser usado no papel de fogo direto. Apesar de que seu projeto visasse o transporte manual (mule-pack) desmontado em terrenos montanhosos e irregulares, esta peça deveria ser facilmente tracionada por um veículo leve, como um jipe ou uma Land Rover. Com o escudo removido, deste obuseiro deveria poder ainda ser facilmente transportado no interior de um veículo blindado de transporte de pessoal como o FMC M-113 APC. O projeto seria logo apresentado pela equipe técnica da OTO Melara S.p.A. e praticamente atendia a todas as especificações previstas no pedido de desenvolvimento do governo italiano, incluindo ainda a capacidade de operar com as munições norte-americanas US M-1 de 105 mm. Este obuseiro estava equipado ainda com um novo modelo de suspensão, que permitia a arma ser ajustada para o alto, deixando espaço para a culatra hidropneumática recuar em altos ângulos de elevação ou baixo para disparar em trajetória plana contra tanques e alvos semelhantes. Seu baixo peso final de 1.290 kg ainda o qualificaria para ser aerotransportado pela maioria das aeronaves de asas rotativas disponíveis nas forças armadas italianas naquele período.   
O projeto logo seria aceito, gerando os primeiros contratos de fornecimento para as forças armadas italianas, com o equipamento recebendo a designação de OTO Melara M-56 (em alusão ao ano de desenvolvimento – 1956). Em fevereiro de 1958 seriam entregues as primeiras peças de artilharia, com estas se tornando plenamente operacionais o Exército Italiano (Esercito Italiano) em meados do mesmo ano. Logo em serviço junto as brigadas de montanha Alpini, este obuseiro se mostraria muito flexível e embora sua amplitude máxima de fogo fosse limitada apenas a 10,5 km, porém podia ser eficazmente ser empregado como uma arma antitanque ou mesmo morteiro, podendo assim lançar projéteis com trajetória parabólica para um próximo acerto vertical. Seu sistema permitia o recuo da peça, concedendo assim capacidade de dezoito graus de travessia tornando-se uma arma perfeita para fogo direto também. Assim estas qualidades operacionais aliadas a seu baixo custo de aquisição, operação e manutenção, começariam a despertar a atenção de outros países, com a empresa OTO Melara S.p.A. passando a celebrar seus primeiros contratos de exportação ainda nesta mesma década, conquistando assim grande popularidade em muitos exércitos em todo o mundo. Em 1959 o modelo participaria de um processo de seleção para uma campanha de padronização de “arma de campo leve” para as forças da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Durante este processo de seleção participariam vários modelos, com o modelo italiano superando todos os seus concorrentes, passando a ser adotado no início do ano de 1960, substituindo em grande parte nos exércitos europeus os antigos canhões US M-1 de 75 mm, sendo adotado inclusive pela Alemanha e Reino Unido, sendo na verdade a primeira ocorrência de adoção de material militar de origem italiana pelas forças armadas britânicas. A arma tornaria-se o equipamento padrão da artilharia do Comando Aliado da Força Móvel da Europa (AMF ACE Mobile Force (Land)) equipando as baterias fornecidas pelo Canadá, Bélgica, Alemanha, Itália e Reino Unido até o ano de 1975.

Seu batismo de fogo se daria durante o conflito "Emergência Malaia", também conhecida como a Guerra de Libertação Nacional Anti-Britânica (1948-1960), quando os obuseiros OTO Melara M-56 seriam empregados pelos Exército Australiano (Australian Army) e pelas forças militares da Comunidade das Nações (Commonwealth), contra os combatentes comunistas pró-independência do Exército de Libertação Nacional Malaio (MNLA). Uma nova participação destes obuseiros agora pertencentes ao Exército Real (Royal Army) do 1º Regimento Leve de Artilharia Real a Cavalo e 19º Regimento Leve, seria registrada durante a "Emergência de Áden", também conhecida como a Revolta de Radfan, uma rebelião armada da Frente de Libertação Nacional (Iêmen do Sul), contra a Federação da Arábia do Sul, um protetorado do Reino Unido, que agora faz parte do Iêmen. No entanto esta arma registraria um emprego mais intenso durante as primeiras fases da Guerra do Vietnã (1955 – 1975), quando seriam utilizados pelas forças armadas da Austrália e Nova Zelândia, neste contexto de grande atrito os artilheiros destes dois exércitos, classificariam a arma inadequada para operações contínuas. Verificou-se que as partes do equipamento sofriam grande desgaste e ficavam propensas a mais quebras quando montadas e desmontadas repetitivamente, levando a serem transportados em caminhões por distâncias mais longas fora da zona de combate. Desta maneira os OTO Melara M-56 acabariam sendo retirados deste front de batalha dois anos depois, sendo totalmente substituídos pelo obuseiro norte-americano M-101A1 de 105 mm mais robusto. Em serviço junto as forças da Comunidade das Nações (Commonwealth), esta arma era conhecida como "obuseiro do pacote L-5" com munição L-10. No entanto, sua falta de alcance e a letalidade indiferente de sua munição levariam o Reino Unido a iniciar o desenvolvimento de seu substituto, apenas dois anos após o obuseiro de carga entrar em serviço, gerando assim o L-118 Light Gun AR 105 mm.
Seu penúltimo emprego efetivo em conflitos de grande importância se daria em 1982 durante a Guerra das Falklands – Malvinas, quando obuseiros OTO Melara M-56 pertencentes aos 3º e 4º Grupos de Artilharia do Exército Argentino foram empregados contra as tropas britânicas durante a ousada operação de retomada das ilhas do arquipélago. Neste conflito, grande parte das baixas britânicas acabariam sendo causadas por esta peça de artilharia. Ao todo até o final do ano de 1985 seriam produzidas cerca de três mil obuseiros deste modelo, com sua produção sendo mantida sob licença pela empresa militar estatal chinesa Norinco Group (North Industries Corporation) até o final do século passado. Ao longo dos anos estes canhões  seriam operados pelas forças armadas da Itália, Austrália, Alemanha, Áustria, Argentina, Arábia Saudita,  Bangladesh, Bélgica, Biafra, Burkina Faso, Botsuana, Brasil, Bósnia e Herzegovina, Canada, China, Chipre, Croácia, Djibuti, Chile, Equador, Etiópia, Emirados Árabes Unidos, Federação da Sérvia e Montenegro, França, Gana, Grécia, Índia, Indonésia, Ira, Iraque, Iêmen, Iugoslávia, Kuwait, Quênia, Malásia, Marrocos, Macedônia, Nepal, Nova Zelândia,  Nigéria, Paquistão, Peru,  Portugal, Reino Unido, Filipinas, San Marino, Espanha, Somália, Sudão, Tailândia, Venezuela, Zâmbia e Zimbabué.  Atualmente centenas de obuseiros leves OTO Melara M-56 ainda se mantém em serviço ao redor do mundo, com previsão de se manterem na ativa em varias forças terrestres até meados deste século. Em janeiro de 2023, dezenas destas peças seriam cedidas pelo governo francês para as forças armadas da  Ucrânia, a fim de serem empregados na guerra contra a Rússia, representando um significativo reforço no esforço de guerra daquele pais. 

Emprego no Exército Brasileiro.
A moderna artilharia de campanha, seria estabelecida no Exército Brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial, quando o pais se alinhou ao esforço de guerra aliado, passando a ser signatário do programa de programa de ajuda militar norte-americano Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), permitindo as forças armadas brasileiras, acesso a modernos equipamentos e sistemas de armas. No que tange a arma de artilharia seriam recebidas uma variada gama de armas dispostas entre os calibres de 37 mm a 305 mm, passando assim a substituir nas unidades de primeira linha, os antigos canhões de campanha de origem francesa, alemã e inglesa. Principalmente neste contexto, a introdução dos modernos obuseiros M-1 Howitzer de calibre 105 mm e M-2 Howitzer de calibre 155 mm, representaram grande avanço tecnológico e operacional, para a artilharia da força terrestre brasileira, que até então operavam com equipamento completamente defasado e de questionável efetividade operacional quando empregados no moderno cenário de enfrentamento terrestre. Em termos de formação doutrinaria, está se daria no calor da batalha em emprego real, quando a Artilharia Divisionária pertencente a Força Expedicionária Brasileira (FEB), composta por quatro batalhões de obuseiros (Grupos de Obuses), sendo três deles equipados com doze obuseiros M-2 105 mm cada, e um Batalhão de Artilharia (IV) dotado com doze obuseiros M-1 155mm. Todo este processo seria embasado  pelos ensinamentos ministrados pelo corpo técnico do Exército dos Estados Unidos (US Army), quer participaria ativamente da campanha da Itália. Este poder de dissuasão seria reforçado a partir da segunda metade da década de 1960, quando mais obuseiros destes modelos seriam fornecidos através dos termos do programa do “Acordo de Assistência Militar Brasil Estados Unidos”. Neste contexto mais peças do modelos M-2 e M-2A1 AR de 105 mm e M-1 AR de 155 mm seriam cedidos não só ao Exército Brasileiro, mas também ao Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN). Porém em termos de incorporação de armas de artilharia mais modernas, este movimento seria mínimo, com o Exército Brasileiro recebendo apenas dezenove obuseiros M-102 AR 105 mm Howitzer entre os anos de 1967 e 1968. E o fato destas armas sendo concentradas apenas no  25º Grupo de Artilharia de Campanha - Bagé (25º GAC), sediado na cidade de Bagé no interior do Rio Grande do Sul, limitaria muito o acesso da força terrestre a este tipo de canhão mais moderno.

No início da década de 1980, ficava clara para o comando da Força Terrestre, a necessidade de aquisição de novos obuseiros de 105 mm, tendo em vista que os modelos norte-americanos M-101AR (M-2 e M-2A1) se encontravam em operação há mais de quarenta anos. Apesar da idade, estas veteranas armas de artilharia apresentavam plena disponibilidade operacional, com este status sendo proporcionado pelo por frequentes processos de manutenção e atualização técnica. Destacava-se ainda neste contexto a produção nacional de diversos componentes críticos, garantindo um mínimo patamar de independência. Mesmo assim ficava notório que estes sistemas de artilharia não atendiam mais as às necessidades de mobilidade, alcance e amplitude de campo de tiro exigidas no combate moderno. A fim de atender esta demanda, o comando do Exército Brasileiro iniciou estudos visando a possível aquisição e uma novo obuseiro de campanha com calibre de 105 mm, visando a aquisição inicial de até cinquenta peças. Estas incorporações deveriam substituir as peças mais desgastadas dos obuseiros M-2 AR 105 mm (M101) e complementar o inventário dos Grupo de Artilharia de Campanha Leve, Grupos de Artilharia de Campanha Paraquedista e Brigadas de Infantaria. Inicialmente no início do ano de 1985, seriam adquiridos quarenta novos obuseiros britânicos L-118 Light Gun 105 mm, que viriam a reforçar fortemente a artilharia de campanha do Exército Brasileiro. Faltava ainda neste contexto buscar um obuseiro leve para prover a substituição dos antigos modelos norte-americanos M-1 Pack Howitzer de calibre de 75 mm, que estavam em serviço desde o início da década de 1940 e já se encontravam extremamente obsoletos. Além disto restavam poucas peças deste obuseiro leve em serviço, sendo empregadas principalmente para tarefas de instrução e tiros de salvas cerimoniais, junto ao Curso de Formação de Reservista de 2ª Categoria (CMPA) em Porto Alegre – RS. Neste contexto seriam analisadas diversas opções de obuseiros leves, com escolha sendo definida por características técnicas e econômicas, com a escolha recaindo para o modelo OTO Melara M-56, produzido na Itália, que além de apresentar uma excelente relação de custo- benefício havia obtido grande êxito operacional durante o conflito das Falklands-Malvinas no ano de 1982. 
Desta maneira, seriam conduzidas negociações entre o Ministério do Exército e o fabricante OTO Melara S.p.A., que concretizariam em fins do ano de 1982, na aquisição de noventa e duas peças. Estes obuseiros passariam a ser entregues a partir de meados do ano seguinte, recebendo a designação de Obuseiro M-56 AR 105 mm. Estas armas seriam alocadas inicialmente junto a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) localizada no Rio de Janeiro, a fim de se estabelecer a doutrina operacional e consequente elaboração do Manual de Campanha “Serviço da Peça do Obuseiro M-56” e sua introdução no Curso de Material Bélico. Após a finalização destes processos, estas peças seriam distribuídas ao 2º Grupo de Artilharia de Campanha Leve (2º GAC L), ao 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista (8º GAC Pqdt), ao 10º Grupo de Artilharia de Campanha de Selva (10º GAC Sl), ao 20° Grupo de Artilharia de Campanha Leve – Aeromóvel (20º GAC L – Amv), ao 26° Grupo de Artilharia de Campanha (26º GAC) e ao 32° Grupo de Artilharia de Campanha (32º GAC). Nestes grupos, cada bateria de obuseiros M-56 seria composta por quatro peças, sendo geralmente tracionadas por caminhões Mercedez Bens LAK 1418 VTNE (Viatura de Transporte Não Especializada). Dentre estas unidades o maior destaque operacional seria concedido ao 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista (GAC Pqdt), equipando três baterias que podiam ser lançadas de aeronaves, com o De Havilland C-115 Bufalo e Lockeheed C-130 Hercules da Força Aérea Brasileira, aumentando em muito as capacidades operativas de prontidão da Brigada Aeromóvel (FORPRON Amv) do Exército Brasileiro. Durante anos. os obuseiros M-56 AR 105 mm, apresentariam grande participação na manutenção da capacidade operacional na artilharia de campanha do Exército Brasileiro. E no seu emprego, dentre suas  vantagens naturais de projeto, ressaltava-se  a simplicidade  e  facilidade  de  operação,  bem  como  o  uso  da  munição  nacional (produzida pela empresa estatal Imbel S/A), idêntica  à  dos obuseiros  M-101 AR  e  aos autopropulsados M-108 AP. Apesar disto ressaltava-se o fator limitador de alcance de apenas 10,2 km, tal  fato, contudo, é minimizado pelas características peculiares de seu emprego, particularmente  nas  operações  em  ambiente  de  selva,  nas  quais  o alcance limitado fica relegado a um plano secundário, posto que as vantagens deste material preponderam sobre esta limitação. 

Vale destaque ainda para o emprego dos obuseiros leves Oto Melara M-56,  na operação  Marcha para o Combate Fluvial em Ambiente de Selva planejada inicialmente durante o inicio da década de 2000. Este novo modal de operação especializada teria inicio no ano de  2006, o quando 10º Grupo de Artilharia de Campanha de Selva (10º GAC Sl) se tornou a Organização Militar (OM) de artilharia de campanha de selva responsável por dar continuidade à experimentação doutrinária com o obus 105 mm M-56 Oto Melara na região Amazônica.  Nesse processo operacional experimental  este obuseiro seria  tracionado no ambiente e selva por búfalos,  animal  este que  se  adaptaria perfeitamente  às  características  do  ambiente  amazônico, conseguindo transportar esta peça de artilharia desmontada em fardos ou tracioná-lo quando preso em sua “cangalha”. Além do transporte ou tração animal, durante o processo de progressão no  interior da selva;  este obuseiro desmontando e acondicionado em fardos poderia ser transportado  em  embarcações  patrulha de esquadra (EPE), balsas comuns ou em embarcações patrulha de grupo (EPG), operando no deslocamento fluvial, ou ser ainda helitransportado. A flexibilidade do material de artilharia de selva ao ambiente amazônico facilitaria o acompanhamento desta manobra de treinamento,  nos diversos tipos de eixos adotados durante uma marcha para o  combate, sobretudo no eixo fluvial. Após essa experimentação doutrinária, chegou-se a conclusões que confirmam a qualidade e a flexibilidade desse obuseiro em uma marcha para o combate fluvial em área de selva, especialmente pelo fato de esse armamento poder ser  facilmente  desmontado,  embarcado em vários tipos de meios de transporte fluvial. A partir deste processo já se encontrando novamente em uma praia de rio, poderia ser rapidamente montado, para assim poder efetivar a operação de tiro real. Neste meio, este tipo de arma apresentaria grande versatilidade  de  emprego, principalmente em vias de acesso  em que os cursos d’água são predominantes, permitindo com que  o apoio de fogo estivesse sempre em condições de cumprir as missões que lhes fossem impostas naquele hipotético teatro de operações de selva.
O constante emprego deste obuseiros leves aos longos dos anos, resultariam em um acentuado nível de degaste, e ao final da década de 2010, verificaria-se a necessidade de se prover a recuperação destas peças, visando assim manter sua plena operacionalidade. Inicialmente os estudos seriam conduzidos pelo Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP) em parceria com a Diretoria de Material (D Mat), com este processo focando a revitalização de todos os seus componentes críticos, bem como a nacionalização de 80% dos componentes e a instalação de um novo aparelho de pontaria (luneta). Este programa envolveria ainda a elaboração de materiais técnicos necessários para a manutenção em primeiro e segundo escalão, tais como, procedimentos para a desmontagem, montagem, limpeza e lubrificação, que passariam ser executados pelos Batalhões Logísticos que apoiam os Grupos de Artilharia detentores do obuseiro, aumentando, assim, a disponibilidade do armamento. Entre os dias 5 e 7 de julho de 2017, a Diretoria de Material (D Mat), subordinada ao Comando Logístico (COLOG), promoveria em cerimônia junto  1º Grupo de Artilharia de Campanha de Selva, a entrega técnica dos três primeiros obuseiros Oto Melara M-56 Ode calibre 105 mm , revitalizados no Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP). Ao todo estariam envolvidas neste processo um total sessenta e três peças, permitindo assim estender sua vida útil até a conclusão do Subprograma Sistema de Artilharia de Campanha (SPrg SAC), integrante do Programa Estratégico do Exército Obtenção da Capacidade Operacional Plena (Prg EE OCOP), que envolve como uma das possíveis opções, a substituição deste modelo pelos obuseiros norte-americanos M-119A2 de 105 mm, previsos neste plano para serem possivelmente adquiridos futuramente. 

Em Escala.
Para representarmos o obuseiro Oto Melara M-56 AR 105 mm, fizemos uso do excelente kit em resina impresso em 3D pelo militar e modelista  Marcelo Pestana Miniaturas na escala 1/35. Modelo de fácil montagem e bom nível de detalhamento. Para se representar a versão usada pelo Exército Brasileiro, não é necessário proceder nenhuma mudança, com o modelo podendo ser montado direto da caixa.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o primeiro padrão de pintura aplicado nos obuseiros Oto Melara M-56 AR 105 mm, quando de seu recebimento em 1983. Estas peças passaram a ostentar um padrão de pintura total em verde oliva após a implementação do processo de revitalização realizado no pelo Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP). 

Bibliografia: 
- L118 Light Gun 105 mm - https://www.no-regime.com/ru-pt/wiki/L118_light_gun
- O emprego do obuseiro M56 na marcha de combate fluvial - http://ebrevistas.eb.mil.br/REB/article/view/9082/7837
- Revitalização de obuseiros de 105 mm M56 Oto Melara- https://www.forte.jor.br/ 
- Sistema Gênesis GEN-3004 - https://www.imbel.gov.br/index.php/comunicacoes-eletronica-e-sistemas 
- Obuseiro M119A2 para o Brasil? - https://tecnodefesa.com.br/obuseiro-m119a2-para-o-brasil/
- Recuperação de obuseiros de 105mm - Paulo Roberto Bastos Jr. www.tecnodefesa.com.br 

AT-26A Atlas Impala


História e Desenvolvimento.
No início da década de 1950, a introdução de caças supersônicos de alta performance revelou a necessidade de aprimorar os processos de treinamento e conversão de pilotos. A significativa disparidade entre as aeronaves de treinamento avançado disponíveis e os caças de primeira linha demandava a adoção de soluções que facilitassem a transição para os novos vetores a jato. Após análises detalhadas de efetividade operacional e custo-benefício, optou-se pela introdução de aeronaves de transição operacional equipadas com motores a reação, projetadas para preparar pilotos para o desempenho exigido pelos jatos supersônicos. Nesse contexto, diversas nações desenvolveram aeronaves a jato específicas para treinamento avançado e transição operacional. Entre os modelos notáveis, destacam-se o francês Fouga Magister CM-170, o norte-americano Cessna T-37 Tweet, o britânico BAC Jet Provost e o tchecoslovaco Aero L-29 Delfin. Paralelamente, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) abriu uma concorrência internacional de grande relevância para selecionar um treinador avançado que equiparia as forças aéreas de seus países membros na Europa, visando uniformizar capacidades e otimizar recursos. Atenta a essa oportunidade de mercado, a empresa italiana Aermacchi-Aeronautica Macchi iniciou o desenvolvimento de uma aeronave voltada para atender a essa demanda, designada M.B. 326. Apesar de seus méritos, a proposta italiana não foi selecionada na concorrência da OTAN. Contudo, no mesmo período, a Força Aérea Italiana (Aeronautica Militare Italiana – AMI) também buscava uma aeronave com perfil operacional semelhante, planejando a aquisição de um número expressivo de unidades para modernizar seu sistema de treinamento. O Ministério do Ar Italiano estabeleceu requisitos rigorosos para o novo treinador avançado, que deveria atender aos seguintes critérios: - Suportar uma carga máxima de 7G durante manobras de treinamento; - Decolar com uma carga útil máxima de até 1.600 kg em uma pista de apenas 800 metros, superando obstáculos de até 16 metros; - Pousar em uma distância mínima de 450 metros; - Alcançar uma velocidade máxima de 700 km/h; - Apresentar uma taxa de subida de 15 metros por segundo. Além disso, a aeronave deveria oferecer custos reduzidos, tanto em termos de aquisição quanto de operação, garantindo alta disponibilidade e eficiência com o melhor custo-benefício possível. Estes requisitos estabelecidos pela Força Aérea Italiana refletem o compromisso com a eficiência operacional e a preparação de pilotos para os desafios das novas tecnologias aeronáuticas.

Atendendo às especificações estabelecidas pelo Ministério da Aeronáutica Italiano (AMI), a equipe de engenharia da Aermacchi, sob a liderança do renomado engenheiro Ermanno Bazzocchi, desenvolveu uma aeronave de treinamento a jato que se destacava pela simplicidade, robustez e eficiência operacional. O projeto resultou em uma aeronave monomotora de asas baixas, equipada com tanques de combustível na fuselagem e tanques suplementares nas pontas das asas. O cockpit (cabine) em tandem, com assentos ejetáveis, era coberto por um único canopy em forma de bolha, proporcionando excelente visibilidade para ambos os tripulantes.​ A propulsão era fornecida pelo motor turbojato britânico Armstrong Siddeley Viper Mk 8, que desenvolvia 1.750 libras de empuxo. Originalmente concebido para uso em drones-alvo descartáveis, o turbojato Viper Mk 8, demonstrou ser mais confiável e eficiente do que o previsto, sendo adaptado para uso em aeronaves tripuladas. A estrutura da aeronave, inteiramente metálica, era leve e de fácil manutenção, características que contribuíram para sua adoção em diversas forças aéreas ao redor do mundo.​ Em 1954, o engenheiro Ermanno Bazzocchi apresentou os primeiros conceitos da aeronave ao Ministério da Aeronáutica Italiano, que rapidamente demonstrou interesse no projeto. Isso levou à assinatura de um contrato para a construção de três protótipos destinados a ensaios em voo. O primeiro protótipo, matriculado como MM.57-1, realizou seu voo inaugural em 10 de dezembro de 1957, sob o comando do piloto de testes Guido Carestiato. Durante os testes, a aeronave superou as expectativas, destacando-se por sua capacidade de suportar cargas de até +7,6 G e -3,3 G, proporcionando um ambiente de treinamento eficaz para os futuros pilotos da Aeronautica Militare Italiana (AMI).​ O sucesso do Aermacchi MB-326 consolidou a reputação de Ermanno Bazzocchi como um dos principais engenheiros aeronáuticos da Itália. Ao longo de sua carreira, ele contribuiu significativamente para o desenvolvimento de diversas aeronaves, incluindo o MB-308, MB-323, MB-339 e outros modelos que desempenharam papéis importantes na aviação italiana.​ A combinação de design eficiente, desempenho confiável e facilidade de manutenção fez do Aermacchi MB-326 uma das aeronaves de treinamento a jato mais bem-sucedidas de sua época, sendo adotada por várias forças aéreas ao redor do mundo.
Apesar das elevadas expectativas iniciais, as análises finais do programa de ensaios em voo revelaram a existência de falhas a serem corrigidas e a necessidade de diversas melhorias. Dentre as modificações realizadas, destaca-se a substituição do motor turbojato original pelo novo modelo Rolls-Royce Viper 9 MK-22 540, com empuxo de 2.500 libras, cujo objetivo era sanar as deficiências de desempenho observadas na aeronave. Outras alterações significativas incluíram a eliminação do ângulo diedro negativo nas superfícies horizontais da cauda e a substituição do sistema de freios aerodinâmicos duplos, anteriormente instalados nas asas, por um único freio localizado na parte ventral da fuselagem. O segundo protótipo, já incorporando essas melhorias, realizou seu voo inaugural em 22 de setembro de 1958. Contudo, enfrentava a concorrência direta do Fiat G.80, um modelo com desempenho superior ao da aeronave desenvolvida pela Aermacchi (Aeronautica Macchi). O Fiat G.80 detinha ainda a distinção de ser o primeiro jato genuinamente italiano, tendo realizado seu primeiro voo cinco anos antes do Aermachi MB-326. Entretanto, o Fiat G.80 apresentava diversas desvantagens relevantes, como maior peso, dimensões significativamente superiores e um custo mais elevado em comparação ao MB-326. Esses fatores foram determinantes para a escolha do modelo da Aeronautica Macchi. Como resultado, em 15 de dezembro de 1958, o governo italiano firmou um contrato para a produção de um lote inicial de quinze aeronaves pré-série, que seriam montadas nas novas instalações da empresa na cidade de Masnago, em Varese, no norte da Itália. A entrega dessas aeronaves ocorreu logo em seguida, permitindo a homologação oficial do modelo para operação. Neste momento seria realizadas as negociações comerciais entre o governo e o fabricante, e  posteriormente, em setembro de 1959, foi celebrado o primeiro contrato de produção em série, envolvendo um pedido inicial de cinquenta aeronaves a fim de todas as unidades de formação e treinamento. No ano seguinte, foi aprovado um aditivo para a fabricação de mais cem células, tendo em vista as excelentes expectativas operacionais apresentadas. A primeira aeronave de série destinada à Força Aérea Italiana (Aeronautica Militare Italiana – AMI) realizou seu voo inaugural em 5 de outubro de 1960.

As primeiras células do Aermacchi MB-326 foram entregues no final do ano de 1961 à Escola de Voo Básico Inicial em Jatos – SVBIA "Lecce-Galatina", passando a equipar o 214º Gruppo, unidade encarregada da formulação da doutrina operacional do novo modelo. Inicialmente, todo o efetivo do grupo foi temporariamente alocado na Base Aérea de Brindisi, localizada na região da Apúlia. Em 22 de março de 1962, o Aermacchi MB-326 foi oficialmente incorporado ao serviço ativo, sendo empregado em tarefas de instrução junto ao 43º Gruppo de Instrução, onde passou a substituir os já obsoletos treinadores North American T-6 Texan. Pouco tempo depois, novas unidades foram adicionadas à frota, possibilitando a ampliação do escopo de instrução para missões de treinamento intermediário e avançado. Como treinador, o MB-326 era consideravelmente mais caro, mas foi recebido com entusiasmo entre os alunos; além disso, quando usado em combinação com o treinador avançado Fiat G.91T, permitiu a promulgação de um curso de treinamento "totalmente a jato" para pilotos italianos, além disso, eram aeronaves projetadas e produzidas nacionalmente De acordo com a publicação aeroespacial Flight International, durante o início dos anos 1960, o programa de treinamento de voo da Força Aérea Italiana (Aeronautica Militare Italiana – AMI) foi fortemente influenciado pela iminente entrada em serviço do Lockheed F-104G Starfighter.  Destaca-se que, ao menos cinco aeronaves pertencentes ao último lote de produção foram entregues configuradas para instrução de ataque equipados com o   motor  Viper 11 Mk 200 e não o Viper 20 Mk 540 original. Essas aeronaves estavam equipadas com quatro pontos duros sob as asas, permitindo o emprego de armamentos como casulos de metralhadoras, bombas de queda livre e foguetes não guiados. Essa configuração ampliava a versatilidade do MB-326, possibilitando seu uso também como aeronave de ataque ao solo. As excelentes características de desempenho, manobrabilidade e confiabilidade operacional do MB-326 despertaram amplo interesse internacional, levando à sua adoção por diversas forças aéreas ao redor do mundo, em distintas versões. O primeiro contrato de exportação foi firmado com o governo da Tunísia, envolvendo a aquisição de oito aeronaves configuradas para ataque a solo. Em seguida, novas exportações foram realizadas: nove unidades MB-326F para a Força Aérea de Gana e oito aeronaves da versão MB-326GG para a Aviação Naval da Marinha Argentina (ARMADA). 
As condições favoráveis à produção sob licença abriram caminho para a fabricação em larga escala do Aermacchi MB-326 por diversos países. Neste período a África do Sul passava a enfrentar o ápice de sansões internacionais, seja de ordem econômica ou politica, com este processo decorrente da politicas raciais em vigor naquele pais, o conhecido regime Apartheid. A partir da década de 1970, vários países impuseram embargos à venda de armas para a África do Sul, incluindo os Estados Unidos, a União Europeia e outros países. Esses embargos visavam pressionar o governo sul-africano a desmantelar o sistema de apartheid e a promover a igualdade racial, porém este movimento levava a fragilização de sua estrutura de defesa, criando um complexo cenário, tendo em vista que o pais frequentemente estava envolvido em conflitos regionais. Neste contexto buscava-se o máximo de independência em sua indústria de defesa, e campo aeronáutico buscou o desenvolvimento de uma aeronave de ataque, que pudesse ser fabricado localmente, com estudos derivando para uma versão do treinador avançado Impala MK1 (MB-326M) que fora montado sob licença pela Atlas Aircraft Corporation a partir do ano de 1966. Este processo resultaria no modelo Aermacchi MB-326K um jato monoplace de ataque, equipado com  dois canhões orgânicos de DEFFA 553  de 30 mm e com capacidade para até 1814 kg de carga útil, dispostas em seis pontos duros sob as asas. A aeronave seria ainda equipada sistema de defesa passiva como  receptores de aviso de radar (radar warning receiver - RWR)  e lançadores de chaff e flares. Esta configuração concederia ao Atlas Impala MK2 um excelente poder de fogo  para o emprego em missões de ataque a solo ou interceptação. Um contrato seria então celebrando entre as partes em 1974, envolvendo 13 células que seriam produzidas na Itália e 86 a serem montados na África do Sul. Em serviço foram extensivamente empregados pela Força Aérea Sul Africana (SAAF), dotando seis esquadrões em missões de combate as guerrilhas de Angola e Namíbia. Fora usados também esporadicamente  em missões de interceptação, e ao longo do ano de 1985 lograram êxito abatendo seis helicópteros  Mi-8 e Mi-24. Nesta configuração além de fazerem uso de seus dois canhoes orgânicos também era armados com mísseis ar-ar Matra R550 Magic para autodefesa, para eventuais confrontos contras caças Mig 19 e Mig 21. Durante a década de 1990 estas aeronaves seriam retiradas das missões de ataque passando a atuar juntamente com os Atlas MK1 biplaces  na Escola de Treinamento de Vôo em Langebaanweg e na 85 Escola de Combate. Esta aeronave seriam desativadas a partir de 2002 com a introdução dos treinadores avançados  BAE Systems Hawk 127.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Na segunda metade da década de 1960, a Força Aérea Brasileira (FAB) atravessava uma grave crise operacional, decorrente, sobretudo, da desativação precoce de sua frota de caças de primeira geração, os Gloster Meteor F-8 e TF-7, entre os anos de 1966 e 1968. Tal desmobilização gerou uma lacuna preocupante na capacidade de defesa aérea do país, restando somente poucos Lockheed F-80C Shooting Star que equipavam o  1º/4º Grupo de Aviação (1º/4º GAv) – Esquadrão “Pacau” que se encontrava baseado no nordeste do pais. Diante das persistentes limitações orçamentárias, a aquisição de caças supersônicos modernos revelou-se inviável, e no  intuito de suprir essa deficiência, o Ministério da Aeronáutica (MAer), valendo-se dos dispositivos do Programa de Assistência Militar (Military Assistance Program - MAP), solicitou ao governo dos Estados Unidos a cessão de mais células de Lockheed AT-33A e TF-33A Thunderbird, aeronaves de treinamento adaptadas para missões de ataque. Além de serem modelos usados (oriundas dos estoques da Força Aérea dos Estados Unidos - USAF), já apresentavam sinais claros de obsolescência e aproximavam-se do final de sua vida útil, tornando evidente a necessidade de uma substituição em curto prazo. Paralelamente a esse cenário, o país encontrava-se no processo de aquisição de sua primeira aeronave supersônica, que culminaria na escolha do Dassault Mirage IIIEBR (designado F-103E na Força Aérea Brasileira), cuja introdução exigiria a implementação de novos padrões de treinamento. Diante disso, tornou-se imprescindível selecionar uma aeronave intermediária que viabilizasse a transição operacional dos pilotos brasileiros para os modernos interceptadores franceses, em especial no que tange ao domínio de aeronaves de alta performance. Além da demanda por uma aeronave de transição, as condições de segurança nacional vigentes naquele período também impunham a necessidade de substituição dos monomotores North American AT-6 Texan. Esses modelos equipavam as Esquadrilhas de Reconhecimento e Ataque (ERA) e os Esquadrões Mistos de Reconhecimento e Ataque (EMRA), envolvidos em operações de combate a movimentos de guerrilha interna de orientação comunista. A soma desses fatores levou à especificação de uma aeronave versátil, capaz de cumprir missões de ataque leve e reconhecimento, com baixa complexidade operacional e que exigisse mínima adaptação por parte de pilotos recém-formados nos jatos de treinamento Cessna T-37C da Academia da Força Aérea (AFA). Em resposta a essas necessidades, foi lançada, em 1968, uma concorrência internacional visando à aquisição de uma aeronave com tais características. De forma inédita, o edital previa como critério diferenciador a apresentação, por parte dos fabricantes, de propostas que incluíssem condições econômicas e contratuais favoráveis podendo até serem eventualmente produzidas sob licença no Brasil. Tal possibilidade visava fomentar a autonomia tecnológica nacional, transferir tecnologia de engenharia de processos em produção seriada  e consolidar a capacidade industrial aeronáutica brasileira, representada pela recém criada empresa estatal Embraer S/A. 

A concorrência internacional aberta pelo Ministério da Aeronáutica (MAer), em 1968, atraiu ampla atenção da indústria aeronáutica global, dada sua magnitude e potencial estratégico. O processo previa a aquisição de 10 a 20 interceptadores supersônicos e até 100 aeronaves de treinamento avançado, o que motivou diversos fabricantes a apresentarem propostas, compondo um amplo leque de opções a serem avaliadas pelas autoridades brasileiras. Dentre os modelos avaliados no processo, figuravam os seguintes pares de aeronaves: o Saab 35 Draken e o treinador Saab SK 60, o Dassault Mirage IIIE e o Fouga CM.170 Super Magister, o English Electric Lightning F.6 e o BAC Jet Provost, bem como o Aeritalia F-104S Starfighter em conjunto com o Aermacchi MB-326. Desde as fases iniciais da análise, tornou-se evidente que a aquisição de dois modelos distintos de um mesmo país fornecedor não atenderia, de forma eficaz, às necessidades operacionais integradas da Força Aérea Brasileira (FAB). Assim, a escolha do interceptador recaiu sobre o Mirage IIIE, de origem francesa, em razão de sua superioridade técnica e alinhamento com os objetivos estratégicos da defesa aérea brasileira. No que se refere à seleção do treinador avançado, a proposta apresentada pela Aermacchi mostrou-se particularmente atraente. O plano italiano previa uma abordagem em duas etapas para a produção sob licença: na primeira fase, seriam fornecidos kits para montagem local das aeronaves; na segunda, ocorreria a nacionalização progressiva da fabricação das células e de seus componente. A aeronave em questão atendia satisfatoriamente aos requisitos operacionais estipulados pela Força Aérea Brasileira (FAB), sendo considerada ideal para as necessidades da época em razão de suas características aerodinâmicas e versatilidade de emprego. O modelo permitia o transporte de dois tripulantes em configuração tandem (com os assentos dispostos em linha, um atrás do outro), e era capaz de operar com cargas externas em até seis pontos de fixação sob as asas, totalizando uma capacidade máxima de 2.500 kg de armamentos. Adicionalmente, havia a possibilidade de instalação de um casulo para reconhecimento fotográfico sob a asa direita. O desempenho da aeronave incluía uma velocidade máxima de Mach 0.82 e capacidade de suportar cargas estruturais de +7,5G e -3G, atributos que, aliados à sua longa vida útil, consolidavam sua adequação ao cenário operacional brasileiro. A primeira unidade operacional da Força Aérea Brasileira (FAB) a empregar o AT-26 Xavante foi o 1º Grupo de Aviação de Caça (GAvC), que começou a receber suas aeronaves em 1972. Isso possibilitou a substituição gradual dos desgastados Lockheed AT-33A e TF-33, que foram desativados até o final de 1975, quando o esquadrão passou a operar os novos caças bombardeiros supersônicos Northrop F-5E Tiger II. A segunda unidade a adotar o AT-26 Xavante foi o 1º/4º Grupo de Aviação – Esquadrão Pacau, que, a partir de 1973, passou a utilizá-lo em substituição aos Lockheed AT-33A e TF-33, desempenhando funções de instrução e formação de pilotos de caça. Em seguida, o Centro de Aplicações Táticas e Recompletamento de Equipagens (CATRE) incorporou o modelo, voltando-se para a formação específica de pilotos de ataque. 
O AT-26 Xavante, fabricado pela Embraer sob licença da Aermacchi, consolidou-se como uma plataforma fundamental na doutrina de formação de pilotos de combate da Força Aérea Brasileira (FAB), desempenhando também papéis cruciais em missões de patrulha armada, dissuasão aérea e segurança nacional. Durante a primeira metade da década de 1970, o modelo foi distribuído aos 3º, 4º e 5º Esquadrões Mistos de Reconhecimento e Ataque (EMRA), com foco em operações de contrainsurgência. Posteriormente, o 1º/10º Grupo de Aviação – Esquadrão Poker substituiu os bombardeiros Douglas A-26 Invader pelo Xavante, que foi adaptado para missões de reconhecimento fotográfico com a integração de um casulo equipado com quatro câmeras Vinten, marcando a introdução da capacidade de reconhecimento aéreo a jato na Força Aérea Brasileira (FAB). A partir de 1988, com a entrada em serviço das aeronaves Embraer A-1A AMX, os Xavante remanescentes foram realocados para o 1º/4º Grupo de Aviação – Esquadrão Pacau e o 2º/5º Grupo de Aviação – Esquadrão Joker. Contudo, na década de 1990, o modelo começou a apresentar obsolescência técnica e dificuldades de manutenção, agravadas pela escassez crônica de peças de reposição. Muitos componentes, incluindo os motores turbojatos Rolls-Royce Viper 20 MK540, haviam sido descontinuados, com produção encerrada na Inglaterra há mais de duas décadas, resultando na ausência de estoques no mercado internacional. Para manter a frota operacional, o Parque de Material Aeronáutico de Recife (PAMARF) recorreu frequentemente ao canibalismo de células, utilizando peças de aeronaves inativas para manter outras em condições de voo. Esse cenário comprometeu a disponibilidade das aeronaves, ameaçando a eficiência do treinamento de pilotos de caça, especialmente porque os novos treinadores avançados Embraer EMB-314 AT-29 Super Tucano, embora em processo de entrega, ainda não estavam plenamente integrados para assumir as funções do Xavante. A cada dia, os índices de disponibilidade do AT-26 diminuíam, projetando uma desativação prematura antes da chegada de substitutos em quantidade suficiente. Diante desse contexto, o Comando da Força Aérea Brasileira (FAB) priorizou a restauração da capacidade operacional do Xavante, iniciando consultas com nações que haviam operado versões semelhantes da aeronave Aermacchi MB-326. Nesse período, a Força Aérea Sul-Africana (SAAF) estava concluindo a desativação de sua frota de Atlas Impala MB-326K, nas versões MK-1 e MK-2, o que abriu oportunidades para a aquisição de peças ou soluções que poderiam prolongar a vida útil do AT-26 Xavante no Brasil.

Aproveitando esta possível oportunidade, negociações foram conduzidas entre o Ministério da Defesa Brasileiro e o governo Sul Africano, resultando na aquisição de um lote de vinte e duas células do Atlas Impala MK1 e MK2 e quarenta e oito motores Rolls Royce Viper 20 MK540.  Estas aeronaves foram desmontadas e juntamente com os motores e componentes de reposição, foram transportados por aeronaves Lockheed C-130H Hercules da Força Aérea Brasileira, sendo recebidos em lotes a partir de maio de 2002. Estas células seriam remontadas pela equipe do Parque de Manutenção Aeronáutica do Recife (PAMARF), e logo em seguida foram submetidas a uma completa e detalhada análise estrutural e mecânica. Nesta oportunidade verificou-se então que muitas destas aeronaves apresentavam ainda excelentes condições de conservação com poucas horas de voo, algo em torno de cerca de duas mil a três mil horas, gerando assim pelo Comando da Aeronáutica (COMAER), a decisão de colocar em condições de voo, dez células da versão Impala MK2 (monoplace). Inicialmente a primeira aeronave Atlas Impala MK-2 a ser posta em serviço receberia as marcações nacionais, mantendo a pintura original sul africana, recebendo a designação de AT-30 Impala e a matrícula "FAB 4628" (dando sequência as matrículas do Embraer AT-26 Xavante). Porém logo seria decidido que a aeronave, não se tratava de um tipo totalmente novo no inventário da Força Aérea Brasileira, mas sim de uma versão de modelo já em uso, alterando a designação oficial para AT-26A Impala, com suas matrículas sendo iniciadas a partir do numeral “FAB 4630”. O plano de manutenção também seria adequado e padronizado às exigências brasileiras, e em as modificações básicas estavam relacionadas as alterações nos sistemas de voo e avionica, passando pela retirada do sistema de navegação original do tipo Tactical Air Navigation (TACAN) e instalação dos sistemas completos de pouso por instrumentos padrão de emprego no Brasil como ILS, navegação aérea VOR - LSVOR , GPS, transponder e um novo equipamento de rádio. Após a implementação deste processo junto ao Parque de Manutenção Aeronáutica do Recife (PAMARF), as aeronaves foram preparadas e disponibilizadas para uso junto ao 1º/4º Grupo de Aviação - Esquadrão Pacau, sediado na Base Aérea de Natal, no estado do Rio Grade do Norte. Como citado anteriormente, os Atlas MK-326 K2 Impala adquiridos receberam as matrículas "FAB 4630 á 4643", porém somente as aeronaves de matrículas "FAB 4630, FAB 4631, FAB 4632 e FAB 4635" seriam destinadas ao serviço ativo no Esquadrão Pacau. Curiosamente os AT-26A Impala com as matrículas de "FAB 4637 e FAB 4639", apesar de serem submetidos a voos de ensaio, não chegaram a ser disponibilizados para serviço, por fim a última aeronave a ser montada o "FAB 4634”, nem chegaria a voar, sendo logo armazenada. Inicialmente a primeira aeronave Atlas Impala MK-2 a ser posta em serviço receberia as marcações nacionais, mantendo a pintura original sul africana, recebendo a designação de AT-30 Impala e a matrícula "FAB 4628" (dando sequência as matrículas do Embraer AT-26 Xavante).
Porém logo seria decidido que a aeronave, não se tratava de um tipo totalmente novo no inventário da Força Aérea Brasileira, mas sim de uma versão de modelo já em uso, alterando a designação oficial para AT-26A Impala, com suas matrículas sendo iniciadas a partir do numeral “FAB 4630”. O plano de manutenção também seria adequado e padronizado às exigências brasileiras, e em as modificações básicas estavam relacionadas as alterações nos sistemas de voo e avionica, passando pela retirada do sistema de navegação original do tipo Tactical Air Navigation (TACAN) e instalação dos sistemas completos de pouso por instrumentos padrão de emprego no Brasil como ILS, navegação aérea VOR - LSVOR , GPS, transponder e um novo equipamento de rádio. Após a implementação deste processo junto ao Parque de Manutenção Aeronáutica do Recife (PAMARF), as aeronaves foram preparadas e disponibilizadas para uso junto ao 1º/4º Grupo de Aviação - Esquadrão Pacau, sediado na Base Aérea de Natal, no estado do Rio Grade do Norte. Como citado anteriormente, os Atlas MK-326 K2 Impala adquiridos receberam as matrículas "FAB 4630 á 4643", porém somente as aeronaves de matrículas "FAB 4630, FAB 4631, FAB 4632 e FAB 4635" seriam destinadas ao serviço ativo no Esquadrão Pacau. Curiosamente os AT-26A Impala com as matrículas de "FAB 4637 e FAB 4639", apesar de serem submetidos a voos de ensaio, não chegaram a ser disponibilizados para serviço, por fim a última aeronave a ser montada o "FAB 4634”, nem chegaria a voar, sendo logo armazenada. As aeronaves Atlas Impala MK- 2 AT-26A que foram disponibilizadas para o uso junto ao 1º/4º Grupo e Aviação - Esquadrão Pacau (1º/4º GAv) tiveram curiosamente uma vida operacional efêmera na Força Aérea Brasileira. Registra-se que diversos fatores levariam a decisão da suspensão do seu emprego após pouquíssimas horas de voo. Extraoficialmente comenta-se que várias falhas mecânicas acometiam os motores, sendo estas as mesmas identificadas nos Embraer AT-26 Xavante, não sendo recomendada assim sua manutenção em uso. Após este processo de desativação gradual ser concluído, uma célula da versão monoplace Atlas Impala MK-2 seria preservada Museu Aerospacial - Musal, no Rio de Janeiro, outras seis aeronaves da versão biplace  Atlas Impala MK-1 foram transformadas em monumentos, sendo dispostas na ordem de duas aeronaves no Rio de Janeiro - RJ, uma em Brasília - DF, uma em Boa Vista - RO, uma em Recife - PE e uma em Vinhedo, no interior de São Paulo. Estas aeronaves receberam matrículas fictícias, que originalmente foram aplicadas anteriormente nos caças britânicos Gloster Meteor F8.  Já as demais células bem como os motores sobressalentes foram armazenadas junto ao Parque de Manutenção Aeronáutica do Recife (PAMARF), servindo como fonte de peças de reposiçao, o que possibilitaria a contento a extensão da vida útil dos Embraer EMB-326 AT-26 Xavante até o ano de 2013.

Em Escala.
Para representarmos o Atlas Impala MK-2 AT-26A "FAB 4635", empregamos o antigo kit produzido pela ESCI na escala 1/48 (salientando que a Italeri relançou este modelo em 2012 já contando com decais para a versão brasileira). Para se configurar a versão operada pela Força Aérea Brasileira é necessário proceder a troca dos tanques auxiliares das asas, pelos utilizados no kit Italeri do Aermacchi MB-326A. Empregamos decais confeccionados pela FCM Decais presentes no Set 48/37.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático da Força Aérea Sul Africana (SAAF), quando do recebimento das células dos Atlas Impala MK-1 e MK-2 no Brasil. Algumas aeronaves mantiveram este padrão durante seu período inicial de avaliação em voo, e posteriormente receberam o mesmo esquema de pintura tático com camuflagem em três tons, empregado nos Embraer  EMB-326 AT-26 Xavante.



Bibliografia :

- Aermacchi MB-326 Wikipédia - https://en.wikipedia.org/wiki/Aermacchi_MB-326
- História da Força Aérea Brasileira por :  Prof. Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- AT-26A Atlas Impala - http://freepages.military.rootsweb.ancestry.com/~otranto/fab/impala.htm
- Breve Relato Sobre Compra dos Impalas pela FAB - http://www.gpformodelismo.com