Em meados da década de 1930, o intensificar das tensões provocadas pelas políticas expansionistas da Alemanha Nazista e do Império do Japão, deflagrariam um sinal de alerta nas autoridades norte-americanas. Apesar das limitações impostas a Alemanha pelo Tratado de Versalhes (assinado em 1918), era claro que este país estava empenhado em grande processo de rearmamento, focando principalmente o desenvolvimento de uma capacidade efetiva motomecanizada, que visava criar um grande poder de mobilidade para sua força terrestre, um inovador conceito que logo seria apresentado ao mundo, o conceito da "Guerra Relâmpago" ou Blitzkrieg. Estas percepções geopolíticas reforçariam aos comandantes militares, a necessidade premente do fortalecimento de suas forças armadas, e neste contexto a motomecanização seria um dos pilares desta estratégia. Assim em julho de 1939 seria deflagrada uma concorrência para o desenvolvimento de um novo caminhão com tração integral 6X6 , que devia apresentar como parâmetros básicos, dispor de uma área de carga útil de 3,7 metros, apresentando uma capacidade de transporte de até 2.268 kg. Diversas propostas seriam apresentadas a seguir, pelas montadoras Ford Motors, General Motors, Studebaker Corporation, Corbitt Automobile, REO Motors, Federal Motors, Biederman Motors e Kenworth Motors, com estas sendo detalhadamente analisadas por uma equipe técnica do Corpo de Armas do Exército dos Estados Unidos (United States Army Ordnance Corps). Destes seriam considerados como promissores, apenas os projetos apresentados pela Ford Motors e General Motors, montadoras que realmente já apresentavam largo histórico positivo na produção de caminhões militarizados para as forças armadas norte-americanas. Esta concorrência seria finalizada em janeiro de 1940, com a proposta apresentada pela General Motors Company sendo declarada vencedora. O modelo proposto por esta montadora era baseado no modelo GMC ACKWX 353 6X6, que fora desenvolvido em 1939 especialmente para o Exército Frances (Armée de Terre). Este novo modelo diferia de seu progenitor por fazer uso da mesma cabine empregada no caminhão comercial Chevrolet G-506, e por apresentar extensas modificações e melhorias aplicadas na plataforma original, visando assim se adequar aos parâmetros exigidos na concorrência. Logo o evoluir do conflito na Europa confirmaria a importância da logística no campo de batalha, com este mostrando um diferencial, ressuprindo rapidamente a frente de batalha com soldados, munição e combustível, enaltecendo assim a importância, garantido aos força alemães sucessivas e retumbantes vitórias
Essa percepção aceleraria as negociações entre as partes, e no final do mesmo seriam celebrado o primeiro contrato de produção, com este caminhão recebendo a designação de GMC CCKW (com o C se referindo ao ano de 1941, o C de Cabine Simples, K de tração em todas as rodas e por fim o W indicando a composição de eixos traseiros duplos). Em operação o modelo apresentaria um excelente desempenho, levando a contratação de novos lotes de produção, chegando agora à casa de dezenas de milhares de caminhões. Sua produção em larga escala seria inicialmente destinada a planta fabril da Yellow Truck and Coach Division's Pontiac no estado de Michigan, sendo posteriormente estendida as fábricas da General Motors Company e Pontiac Motors na cidade de Saint Louis no estado do Missouri. Como citado anteriormente, as versões iniciais de produção deste caminhão, apresentavam uma cabine comercial designada como modelo A1 (pertencente ao Chevrolet G-506), porém em fins do ano de 1943 seria adotada um novo padrão de cabine, recoberta com lona e desprovida de portas. Esta nova versão receberia a designação de GMC CCKW 352B2, e sua concepção visava prioritariamente reduzir o emprego de materiais estratégicos como o aço, além de otimizar o tempo de montagem possibilitando assim aumentar a capacidade de produção para o atendimento as crescentes demandas de guerra. Paralelamente este novo design reduziria a altura total do veículo, otimizando seu transporte por meios navais, permitindo também como bônus passar a ser equipado com uma metralhadora Browning calibre .50, afixada em um suporte giratório sobre o assento do passageiro para ser empregada como arma autodefesa. Os caminhões desta família estavam equipados com o tradicional motor GMC 270 com 16 válvulas, desenvolvendo 91 cv de potência a 2750 rpm, em conjunto com uma transmissão Warner T-93 de cinco velocidades. Seu sistema de suspensão do tipo Timken permitia perfeito deslocamento em terrenos desfavoráveis, inicialmente sendo empregado nos três eixos, posteriormente na linha de produção seria adotado o sistema General Motors "Banjo". Seria basicamente produzido em configurações de duas distâncias entre eixos, o modelo curto CCKW 352 com 3,68 metros e o longo CCKW 353 com 4,17 metros de comprimento. Seus pneus apresentavam a configuração 7.50-20 com freios eram hidráulicos com assistência a vácuo. Algumas versões de transporte, seriam ainda equipadas com guinchos hidráulicos montados na frente do veículo com capacidade para tracionar cargas ou veículos de até 4.500 kg. Em serviço a família de caminhões General Motors CCKW 352 e CCKW 353, representaria o esteio da força de transporte mecanizada das forças aliadas durante a Segunda Guerra Mundial. Sua confiável plataforma permitiria o desenvolvimento de inúmeras variantes especializadas entre elas, transporte de tropas e carga, basculante, cisterna (2.800 litros), oficina de armas, carro comando, ambulância, centro cirúrgico, oficina de reparos gerais, posto de rádio, descontaminação química, odontológica, transporte de combustível (2.600 litros), antiaéreo, semi-reboque, purificador de água, compressor de ar, central de reprodução de mapas, transporte de gás, plataforma elevatória, posto telefônico, transporte de balsas, socorro, talha e manipulação química. Devido a excelente reputação conquistada no campo de batalha, o modelo seria carinhosamente apelidado no Exército dos Estados Unidos (US Army) de "Jimmy" or Deuce and a Half" (Dois e Meio). Além de seu importante papel na Operação Overlod (invasão da França), os caminhões GMC CCKW teriam destacada participação na operação Red Ball Express, um famoso sistema de comboio de caminhões que abasteceria as forças aliadas que depois de desembarcadas nas praias da costa francesa em junho e julho de 1944 se moviam rapidamente pela Europa. Um dos grandes segredos do sucesso deste projeto, estava baseado na presença de altos índices de componentes comuns na indústria automotiva norte-americana, sendo testados e comprovados em uso comercial ao longo de anos. Este fator concederia aos GMC CCKW ampla confiabilidade resistência e desempenho e facilidade de manutenção, além de que esta opção pelo emprego por itens de linha e comunalidade de ferramental proporcionariam uma produção em série em uma escala jamais vista. Estas características positivas levariam entre os anos de 1940 e 1945 a uma produção total de incríveis 562.750 caminhões de diversas versões e modelos, entregues, com muitos deste fornecidos na forma de kits e montados ao ar livre diretamente nos mais diversos teatros de operações. Ainda no contexto da Segunda Guerra Mundial, esta família de caminhões representaria ainda um dos grandes expoentes do programa de ajuda militar Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), com milhares de unidades sendo fornecidas aos milhares as nações aliadas, com destaque para as Forças Francesas Livres e para o Exército Vermelho Soviético. Pode-se seguramente afirmar que os caminhões GMC CCKW 352 e CCKW 353 foram a grande plataforma que proporcionou a vitória final dos aliados na Segunda Guerra Mundial.
Como dito anteriormente sua flexível plataforma permitiu o desenvolvimento de inúmeras variantes especializadas entre elas surgiram os modelos dedicados ao transporte e abastecimento de combustível seja ele para o consumo aeronáutico ou para veicular. Suas primeiras versões seriam montadas sobre a plataforma básica do GMC CCKW 352 e distribuídos as unidades operacionais forças armadas norte-americanas. Duas versões seriam empregadas, com delas equipada com duas cisternas com capacidade individual para 1.420 litros e a outra dotada de somente uma cisterna para 2.840 litros, estavam ainda dotadas com equipamentos e ferramental de apoio dispostos em compartimentos distribuídos ao longo dos tanques. O advento da produção do modelo CCKW 353, também seria contemplado com a versão tanque, recebendo as designações D1, D2 , E1 e E2, ocupando as linhas de montagem da Yellow Truck and Coach Manufacturing Company e da GMC Truck and Coach Division. Ao todo até julho de 1945 seriam entregues 4.133 caminhões deste tipo. O eclodir da Guerra da Coreia (1950-1953) levaria os caminhões GMC CCW 352 e CCK 353 a atuar novamente em um cenário de conflagração real, com milhares destes sendo deslocados para este teatro de operações, servindo não só ao Exército dos Estados Unidos (US Army) mas também junto ao Exército da Coreia do Sul (대한민국 육군). Apesar da excelente folha de serviços e gigante disponibilidade operacional, ao final da década de 1940, ficava claro que o modelo já estava entrando em um estágio de obsolescência, gerando a necessidade de sua substituição a médio prazo. Esta demanda seria suprida pelo desenvolvimento dos novos caminhões REO M-34 e REO M-35 cisterna de água e combustível, que passariam a entrar em serviço em meados da década de 1950, e tão logo atingiram um patamar representativo em termos de frota, permitiriam iniciar um gradual processo de substituição dos caminhões da família GMC CCKW junto as forças armadas norte-americanas. Este movimento geraria um grande número excedente de veículos em bom estado, que passariam a ser novamente incluídos nos programa de ajuda militar, e seriam comercializados nos mercados civis mexicano, norte-americano e canadense. Os últimos GMC CCKW 352 e 353 somente seriam retirados de serviço no Exército dos Estados Unidos (US Army) em meados da década de 1960, comprovando a versatilidade e robustez do model
Para o comando da força expedicionária seria escolhido o general-de-divisão, Joao Batista Mascarenhas de Morais, que teria a sua disposição três Regimentos de Infantaria (6º Regimento de Infantaria de Caçapava, 1º Regimento de Infantaria e o 11º Regimento de Infantaria), quatro grupos de artilharia (três de calibre 105 mm e um de calibre 155 mm); uma esquadrilha de aviação destinada à ligação e à observação (pertencente a Força Aérea Brasileira); um batalhão de engenharia; um batalhão de saúde; um esquadrão de reconhecimento, e uma companhia de transmissão (na verdade, de comunicações). Sua estrutura organizacional incluiria ainda o comando do quartel-general, um destacamento de saúde, uma companhia do quartel-general, uma companhia de manutenção, uma companhia de intendência, um pelotão de sepultamento, um pelotão de polícia e uma banda de música. O contingente estimado a ser enviado, seria da ordem de vinte e cinco mil soldados, e deveria atuar dentro do conceito operacional do Exército dos Estados Unidos (US Army), e desta maneira a Força Expedicionária Brasileira, deveria apresentar alta capacidade de mobilidade, devendo assim ser dotada de muitos veículos de transporte de pessoal de todos os modelos, sendo os mesmos em uso nas forças aliadas naquele momento. Atendendo ao cronograma estabelecido, o primeiro contingente brasileiro desembarcaria na cidade de Nápoles na Itália 16 de julho de 1944, e após um breve período de treinamento passariam a integrar os efetivos do V Corpo do Exército dos Estados Unidos, sob o comando do general Mark Wayne Clark. Neste momento as forças brasileiras receberiam. Nesta etapa a Força Expedicionária Brasileira (FEB) receberia todo o seu armamento, equipamentos e veículos, sendo estes retirados do estoque estratégico de recomplemementação do Exército dos Estados Unidos (US Army), baseado na cidade italiana de Tarquinia. No que tange a caminhões de transporte de carga e pessoal seriam disponibilizados aos efetivos brasileiros um total de novecentos e cinquenta veículos dispostos entre as versões GMC CCKW-352 A1 e B2 (cabine aberta e fechada). Uma pequena parcela desta numerosa frota seria composta ainda por caminhões cisterna de combustível para transporte e abastecimento de combustível (gasolina comum e de aviação) e para o transporte de água potável, item tão fundamental em uma área de conflagração real. As versões destinadas as forças brasileiras, estariam dispostas nas versões CCKW 353 C2 D1 “cabine aberta” e CCKW 353 C2 D2 “cabine fechada”, e seriam empregados pelo Exército Brasileiro no abastecimento em trânsito dos caminhões, jipes e blindados leves M-8 Greyhound. Estes modelos também seriam utilizados pela Força Aérea Brasileira para o abastecimento na pista de aeronaves de caça e observação pertencentes ao 1º Grupo de Aviação de Caça (1ºGAvC) e a 1º Esquadrilha de Ligação e Observação (1º ELO).
Porém o investimento necessário para uma aquisição de um significativo lote destes modelos de caminhões genuinamente militares, se apresentava naquele momento se pautava completamente fora da realidade orçamentaria do Exército Brasileiro. Estudos mais realistas apontavam, para três soluções complementares, sendo a primeira baseada na aquisição de um pequeno número de caminhões militares modernos como os REOs M-34 e M-35, a segunda envolvia estudos referentes a possível repotencialização dos caminhões GMC Série CCKW 352 - 353 e Studebaker US-6G e pôr fim a terceira previa a incorporação de caminhões comerciais militarizados para o cumprimento de missões secundarias. A combinação destas três alternativas poderia devolver ao Exército Brasileiro um mínimo de capacidade operacional, infelizmente a segunda opção logo seria descartada, pois estudos mais aprofundados realizados pela equipe do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) não recomendariam sua implementação em larga. Neste contexto o emprego de caminhões militarizados produzidos nacionalmente passaria a ganhar força, com esta solução sendo potencializada pelo governo brasileiro, que intensificava seu apoio ao estabelecimento de uma indústria automotiva nacional, atraindo ao país diversas montadoras internacionais, inclusive de caminhões. Um certo alívio só viria a ocorrer a partir do ano de 1958, quando seriam recebidos os primeiros caminhões com tração 6X6 do modelo REO M-34, porém as quantidades incorporadas se apresentavam muito inferior as demandas exigidas pela Força Terrestre. No que tange a continuidade de operação dos caminhões cisternas de combustível, a maior parte dos CCKW 353, começariam a ser complementados e substituídos por veículos similares produzidos localmente pela Fábrica Nacional de Motores - FNM, Mercedes Benz do Brasil e Ford do Brasil. No final da década de 1960, advento da terceirização do serviço de abastecimento de querosene de aviação para as aeronaves da Força Aérea Brasileira, viria a abreviar a carreira deste modelo, porém no Exército Brasileiro e no Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, os GMC CCKW 353, iriam se manter na ativa até meados da década de 1970, quando passariam a ser substituídos pelo modelo REO M-49. Em 2015 oficiais e mecânicos do 19º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RC Mec) promoveriam a recuperação e restauração do CCKW 353 C2 D2 "EB22-6396", com objetivo de serem empregados em cerimoniais. 
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