CAP4 Paulistinha & Taylorcraft Militar

História e Desenvolvimento.
A origem desta vasta linhagem de aeronaves leves de ligação transporte e instrução de grande sucesso mundial, tem início em 1927 com a fundação da empresa Taylor Brothers Aircraft Manufacturing, apresentando como primeiro produto de destaque o Taylor Cub, um pequeno avião biplace de asa alta cuja produção foi iniciada em 1931 atingindo a cifra de mais quatro mil aeronaves produzidas. Em dezembro de 1937 está pujante empresa seria renomeada como Piper Aircraft Company, e rapidamente tornar-se-ia sinônimo de aeronaves leves de treinamento e transporte, com suas vendas sempre se baseando na casa milhares de células comercializadas ao mercado civil. Durante a Segunda Guerra Mundial a companhia teria destaque no esforço de guerra aliado, sendo responsável pela produção de mais cinco mil células das versões militares do Piper J-3 Cub designadas como L-4 Grasshopper, além de produzir diversos componentes para equipamentos de defesa. A simplicidade e a robustez do projeto que o permitia operar em aeroportos com baixa infraestrutura de apoio, levaria a celebração de contratos de exportação para o mundo todo, encontrando um farto mercado nos países em desenvolvimento. Inicialmente as aeronaves eram exportadas prontas sendo montadas nos países de destino, logo em seguida o fabricante começaria a negociar os direitos (licença de produção), permitindo nestes acordos a inclusão de um percentual de componentes produzidos localmente. Esta sistemática iria ampliar o mercado desta notável família de aeronaves, que além do baixo custo de aquisição e operação, apresentavam um grande robustez e simplicidade. A combinação destes fatores permitiria que a aeronave atingisse os países mais distantes e isolados no mundo, entre eles o Brasil. Em 1935, Clarence Gilbert Taylor um dos fundadores da empresa seria destituído da diretoria executiva, e por decisão própria se retiraria do corpo acionário da Piper Aircraft Company, fundando logo em seguida a Taylorcraft Aircraft Co.  Esta nova empresa e passaria a produzir uma aeronave baseada no modelo BC-12 (inspirada em um projeto anterior de sua autoria) e logo galgaria grande êxito em vendas juntos aos mercados civis e militares nos Estados Unidos.

Já em nosso país a carreira das aeronaves inspiradas nos modelos da produzidos pelas empresas Taylorcraft Aircraft Co e Piper Aircraft Company, teria início no final da década de 1930, momento em que o Brasil vivenciava uma grande transformação em seu ciclo de desenvolvimento. Nesta época o entusiasmo do empresário paulista Francisco Pignatari pela aviação, o levaria a associação com o engenheiro italiano Luigi Bresciani, para o desenvolvimento e produção de uma aeronave nacional de pequeno porte. O ponto de partida seriam os modelos norte-americanos de categoria similar, para dois tripulantes com estrutura em metal recobertas por lona. Seriam então produzidos dois protótipos que equipados com motores a pistão Continental A65 com 50 cv. Uma série de voo de testes seriam realizados, e apesar de se mostrar funcional e teoricamente viável, esta iniciativa não projeto não passaria da fase de protótipo, porém experiencias obtidas neste processo serviriam de base para a criação no início do ano de 1942, de uma divisão aeronáutica pertencentes a uma das empresas de Francisco Pignatari, a Laminação Nacional de Metais. Inicialmente esta divisão se destinar-se-ia a produção de planadores para emprego em processos de treinamento e formação de pilotos civis, porém o grande sucesso em vendas destes modelos, vendas encorajaria o empresário a criar uma empresa de construção de aviões independente dos demais negócios do grupo. Desta maneira em agosto do mesmo ano seria fundada a Companhia Aeronáutica Paulista – CAP, apesar de deter o capital para investimento, a empresa necessitava de apoio tecnológico o que levaria a celebração de uma parceria com o Instituto de Pesquisas e Tecnologia (IPT) de São Paulo. Este acordo resultaria no desenvolvimento do primeiro protótipo de uma nova aeronave,  designada como IPT-4,  que posteriormente receberia o nome comercial de CAP-1 "Planalto”, com suas versões subsequentes recebendo as denominações de CAP-2, o CAP-3 e o CAP-3A.
Mas neste mesmo período Francisco Pignatari, não seria o único entusiasta a investir na produção de aeronaves no Brasil, pois por volta de meados de 1931, seria fundada pelos empresários Fritz Roesler, Orthon W. Hoover e Henrique Santos Dumont (sobrinho de Alberto Santos Dumont) a EAY – Empresa Aeronáutica Ypiranga Ltda. Inicialmente esta nova companhia passaria a desenvolver e fabricar planadores, entre eles o modelo EAY-101, estes que seriam as primeiras aeronaves deste tipo a serem 100% projetados no país. No ano de 1934 a empresa resolveria alçar voos maiores,  iniciando assim  o desenvolvimento de uma aeronave motorizada que seria designada como EAY-201 Ypiranga. Este modelo seria totalmente inspirado em seu similar norte-americano, o Taylor Cub, apresentando uma aeronave leve para dois passageiros. O primeiro voo do EAY-201 Ypiranga seria realizado em maio de 1935, estando incialmente equipado com um motor francês Salmson 9 AD radial, de apenas 40 hp que impulsionava uma hélice em madeira. Suas impressões de voo se mostrariam muito positivas, porém o aspecto do desempenho seria insuficiente, levando assim a troca do motor, optando agora pela adoção de um Franklin O-200 com 65 hp de potência. Diversas unidades seriam fabricadas e comercializadas até o ano de 1943,  quando a empresa seria absorvida pela pela Companhia Aeronáutica Paulista – CAP, nesta negociação seriam inclusos todo o ferramental, maquinários, e equipes e direitos de projeto e produção. Durante anos muitas destas aeronaves continuaram a operar pelo pais, com o último voo de um EAY-201 Ypiranga, uma aeronave com a matricula PP-TJR, ocorrendo, no dia 10 de dezembro de 1970, em um transladado realizado pelo Comandante Lucy Lúpia Pinel Balthazar,  entre o  Campo de Marte, em São Paulo, e o Campo dos Afonsos no Rio de Janeiro, oportunidade na qual este avião seria incluso no acervo permanente do Museu Aeroespacial (Musal).

Finalizada a transição, o corpo diretivo da Companhia Aeronáutica Paulista – CAP, firmaria um novo acordo com o Instituto de Pesquisas e Tecnologia (IPT), com o objetivo de revisar e atualizar os planos do projeto do EAY-201 Ypiranga. Neste processo diversas melhorias seriam implementadas unindo soluções existentes em ambas as linhas de desenvolvimento das equipes de engenharia, resultando assim em uma nova aeronave que receberia a designação de CAP-4 Paulistinha.  O primeiro exemplar deste novo avião deixaria as linhas de montagem para iniciar testes e ensaios de voo no dia 2 de abril de 1943, recebendo inúmeros elogios ´pertinentes a suas características de voo. Sem apresentar grande complexidade na sua linha de construção, o CAP-4 Paulistinha se mostrava extremamente robusto, de simples e rápida manutenção, baixo custo de aquisição e operação, além de seu perfil de pilotagem ser assimilado com facilidade. Neste mesmo ano a empresa chegaria a produzir uma aeronave por dia, um feito notável até então para empresas nacionais. A exceção dos motores e principais instrumentos de seu painel importados dos Estados Unidos, praticamente todos os demais componentes eram de fabricação nacional. Sua produção atingiria a cifra de quase oitocentas aeronaves, sendo disposto em três versões destinadas a tarefas de treinamento, duas destinadas a remoção aero médica e uma versão experimental, o “Paulistinha Rádio”, para emprego como aeronave de regulagem de tiro de artilharia. Além das boas qualidades aeronáuticas, o sucesso comercial do CAP-4 Paulistinha deveu-se também à “CNA – Campanha Nacional de Aviação”, ou ainda conhecida como “Campanha para Dar Asas a Juventude Brasileira”, ou pelo slogan “Deem Asas ao Brasil”, idealizada e organizada em 1941, pelo jornalista Assis Chateaubriand, que visava disseminar o conceito do transporte aeronáutico no pais naquele período.
Com o final da Segunda Guerra Mundial, a demanda por aeronaves de treinamento diminuiu. O mercado militar estava abastecido com o excedente de aviões norte-americanos, enquanto o mercado civil ainda não estava suficientemente desenvolvido para gerar demanda, o que levou a Companhia Aeronáutica Paulista – CAP,  a encerrar suas atividades, em 1949, neste momento os direitos de produção seriam transferidos para a propriedade do Ministério da Aeronáutica (MAer). Em 1955 a Sociedade Construtora Aeronáutica Neiva, negociaria a aquisição destes direitos, com o projeto original da aeronave passando a receber uma série de modificações, entre elas o reposicionamento do tanque e a seletora de combustível, que recebeu uma proteção para evitar o fechamento acidental, a alteração das portas da cabine, as janelas, o capô do motor e os instrumentos, além de utilizar um propulsor mais potente, um Continental C90 8F, de 90 hp. Esta aeronave receberia a designação comercial de P-56 (P de Paulistinha e 56 do ano do projeto - 1956), curiosamente não seria possível para a produção em série fazer uso do motor escolhido, com a empresa passando a adorar o Continental C90 14F, também de 90 hp, que apresentava sistema de partida elétrica, que seria alterado para o processo manual em 1957 para permitir sua certificação. Em setembro do mesmo ano, o Ministério da Aeronáutica (MAer) faria uma encomenda de dezenove P-56, que apresentavam como principal exigência a adoção de motores Lycoming O235B, de 100 hp (que se encontravam nos estoques da Força Aérea Brasileira), esta versão receberia a designação de P-56B. Em 1960, seriam resolvidos os problemas que impediam a importação dos motores um Continental C90 8F, com as novas aeronaves passando a ser designadas como P-56C. Em 1961 seria desenvolvido o  P-56C1 equipado com um motor Lycoming de 115 hp, com esta versão sendo destinada a tarefas de pulverização de lavouras. Por fim o P-56C1 destinado como rebocador de planadores seria lançado em 1963, passando a contar com um motor Lycoming O320, de 150 hp. Ao todo seriam produzidas cerca de 260 aeronaves, com a maioria destas sendo adquiridas pelo Ministério da Aeronáutica (MAer), para serem doadas pelos Departamento de Aviação Civil (DAC) a muitos aeroclubes. 

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil passaria a representar no cenário global, uma posição de destaque estratégica dentro do contexto do conflito, representando um importante fornecedor de matérias primas estratégicas (borracha, metais e alimentos). Sendo detentor ainda, de um vasto território continental com pontos estratégicos, extremamente propícios em seu litoral nordeste, para o estabelecimento de bases aérea e operações portuárias. E neste contexto o país, passaria a ser agraciado com diversas contrapartidas comerciais e militares, envolvendo sua adesão ao programa Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), gerando assim para o pais uma linha de crédito da ordem de cem milhões de dólares, destinados a aquisição de material bélico, que permitiria ao pais modernizar suas forças armadas. Neste contexto a aviação passaria a ser muito difundida no pais, principalmente após a criação do Ministério da Aeronáutica (MAer) em janeiro de 1941, neste momento ser faria necessário priorizar a formação de pilotos militares preparando assim a recém criada Força Aérea Brasileira para os desafios que sem mostrariam presentes em um futuro próximo. A fim de atender a esta demanda centenas de aeronaves de treinamento militar como os Fairchild PT-19 e Vultee BT-15 Valiant começariam a ser recebidas no país a partir do ano seguinte. Apesar desta cessão de materiais atender plenamente as necessidades, havia no ar um sentimento de patriotismo exaltado, que motivaria junto a sociedade civil a criação e uma série de movimentos em apoio as forças armadas brasileiras, dentre estas destacam-se as campanhas de arrecadação de fundos que visavam a doação de aviões para a Força Aérea Brasileira. Uma destas iniciativas lideradas pelo Rotary Club do Rio de Janeiro, angariaria junto a comunidade local fundos para a aquisição para doação de uma aeronave CAP-4B Paulistinha, configurada na versão de ambulância para empregos em tarefas de remoção aéreo médica. Após doação a Força Aérea Brasileira esta célula seria batizada como “Anna Nery”, sendo distribuída a Base Aérea do Galeão.

Em maio de 1945, a Subdiretoria Técnica da Aeronáutica (SDTAer), incorporaria um CAP-4A Paulistinha novo de fábrica, com esta aeronave recebendo a designação e matrícula de L-CAP4 3055, passando a ser empregado como aeronave orgânica em tarefas de ligação e transporte. Após o término da Segunda Guerra Mundial a Força Aérea Brasileira dispunha de mais de 1.500 aeronaves dispostas em diferentes tipos de aplicação operacional. Visando maximizar recursos e diminuir custos, buscaria ao máximo padronizar ao máximo os modelos em uso, neste momento haviam somente dois CAP-4 Paulistinha em carga, com este modelo sendo declarado não apropriado para adequação a nova sistemática de racionalização. Desta maneira estas duas aeronaves seriam classificadas como excedentes as necessidades da força área, sendo alienadas para a doação ao segmento civil, assim em 1947 o CAP-4B “Anna Nery”, seria entregue a Fundação Brasil Central, e no ano seguinte no mês de novembro o CAP-4A que pertencia a Diretoria de Material da Aeronáutica (DIRMA) foi transferido ao Departamento de Aviação Civil (DAC) que o repassaria para o aeroclube na cidade de Garça no interior do estado de São Paulo. Já os Taylorcraft BC15 tiveram uma passagem bastante discreta pela Força Aérea Brasileira, com duas aeronaves do modelo civil BC-12 sendo recebidas desmontadas no Parque Aeronáutico dos Afonsos (PqAerAF) com a origem destas células remontando a dúvidas se elas foram  realmente doadas ou foram fruto de apreensão por contrabando. Estas aeronaves seriam montadas e colocadas em condições de voo pelos técnicos do parque, recebendo a designação militar L-2 com as matriculas FAB 3060 e 3061, sendo transferidas as Bases Aéreas do Galeão e Porto Alegre, ficando a disposição do Quartel General da V Zona Aérea,  onde devido a sua baixa capacidade de transporte acabariam  empregadas somente em missões de ligação em prol daquele comando.
Em 1956, estes dois Taylorcraft L-2 seriam retirados do serviço, e após revisão no Parque Aeronáutico dos Afonsos (PqAerAF) foram transferidos ao Departamento de Aviação Civil (DAC), onde foram cedidos a aeroclubes localizados no estado do Rio de Janeiro, se mantendo em uso por muitos anos. Em 1962 uma célula usada do modelo militar Taylorcraft BC12D seria incorporada a Aviação Naval da Marinha, esta aeronave seria adquirida a fim de prover instrução real para a grade do Curso de Observador Aéreo Naval (COAN), porém este programa seria cancelado antes mesmo do recebimento do avião. Assim este Taylorcraft BC12 foi destinado Destacamento Especial de Aeronaves do CIAAN (Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval), onde passaria a passou a realizar missões de ligação e transporte em proveito do pessoal da Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia (BaeNSPA). Em 1964 seria determinado que esta aeronave fosse alocada junto ao 1º Esquadrão Misto de Aeronaves do Núcleo do Comando de Aviação da Força de Fuzileiros da Esquadra juntamente com um CAP-4 Paulistinha, onde permaneceriam em operação até 26 de janeiro de 1966 quando foi assinado o Decreto Presidencial Nº 55.627 que determinava a entrega a Força Aérea Brasileira, de todas as aeronaves de asa fixa. Esta determinação seria atendida na semana seguinte, porém a Diretoria de Material da Aeronáutica (DIRMA), não se interessaria por sua incorporação, sendo a mesma vendida como sucata. Já as duas células do CAP-4 Paulistinha que foram adquiridas também em 1962, seriam também rejeitadas pela Aeronáutica, sendo transferidas ao Departamento de Aviação Civil (DAC) para repasse a aeroclubes.

Na primeira metade da década de 1950, a Força Aérea Brasileira, buscava opções para a substituição de sua frota de aeronaves de ligação leve. Visando fomentar a indústria de defesa nacional, o Ministério da Aeronáutica (MAer) assinaria em 1957, com a Sociedade Aeronáutica Neiva, um contrato para a aquisição de vinte exemplares do modelo P-56B Paulistinha. Esta nova versão apresentava muitas melhorias técnicas quando comparado ao CAP-4 , estando equipado com o motor Continental A-65-8 de 4 cilindros em linha com 90 hp de potência. Deste lote, a primeira aeronave seria destinada ao Centro de Tecnologia da Aeronáutica (CTA), se tratando do primeiro protótipo do modelo, já as doze células seguintes seriam recebidas entre junho de 1959 e janeiro de 1960, sendo destinadas a 3ª Esquadrilha de Ligação e Observação (3º ELO). As aeronaves restantes deveriam distribuídas a 1º Esquadrilha de Ligação e Observação (1ºELO), no entanto os últimos cinco aviões apesar de receberem as matriculas militares, seriam entregues diretamente ao Departamento de Aviação Civil (DAC) onde foram posteriormente destinados a aeroclubes. Em serviço estas aeronaves receberiam a designação militar de L-6 portando as matriculas de FAB 3080 á  FAB 3099. Incialmente tais aviões careciam de equipamentos especializados para as missões de controle aéreo e observação como rádio e lançadores de foguetes de fosforo branco, restringindo assim em muitas suas tarefas a apenas missões de ligação. A partir de meados de 1960 algumas células começaram a ser transferidas para outras unidades entre elas a Escola de Aeronáutica (EAer) e para algumas bases aéreas para emprego como aeronaves orgânicas.
Em  maio de 1963, mais duas células seriam recebidas, ambas entregues ao Grupo de Transporte Especial (GTE), porém tiveram uma vida efêmera, com uma sendo transferida a Base Aérea de Brasília e outra para o Departamento de Aviação Civil (DAC). Neste mesmo ano as últimas aeronaves de modelo seriam retiradas do acervo da 3º Esquadrilha de Ligação e Observação (3ºELO),   e alocadas junto as frotas da Base Aérea de Canoas , Base Aérea de Fortaleza e Base Aérea de Santa Cruz , onde passariam a ser operados por pessoal do 1º/14º Grupo de Aviação - Esquadrão Pampa, 1º/4º Grupo de Aviação - Esquadrão Joker , e 1º Grupo de Aviação de Caça - Esquadrão Jambock. Em agosto de 1965 um P-56D Paulistinha, com motor mais potente seria recebido sendo designado como YL-6A, esta célula seria utilizada como aeronave orgânica pelo pelo Centro de Tecnologia da Aeronáutica (CTA). No ano seguinte quatro aeronaves foram revisadas pelo Parque Aeronáutico dos Afonsos (PqAerAF) e doadas a Força Aérea Paraguaia (FAP). Em meados de 1973 seria iniciado o processo de desativação dos L-6 Paulistinha, passando a ser substituídos pelos novos Neiva L-42 Regente, com as aeronaves remanescentes passando a ser gradativamente transferidas ao Departamento de Aviação Civil (DAC) que procedeu sua doação a diversos aeroclubes brasileiros.

Em Escala.
Para representarmos o CAP-4 Paulistinha N-710 da Aviação Naval da Marinha do Brasil (que posteriormente teve sua matricula alterada para N-505), fizemos uso do antigo kit da Academy na escala 1/48. A similaridade do projeto da Piper com a aeronave nacional nos permite representarmos o modelo em questão, procedendo mínimas alterações. Empregamos decais confeccionados pela FCM Decais presentes no Set 48/07A.

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o primeiro padrão de pintura de alta visibilidade, empregado nas aeronaves de instrução da Aviação Naval da Marinha Brasileira, durante a sua segunda fase. As aeronaves da Força Aérea Brasileira empregaram outros esquemas de pintura, durante sua carreira.



Bibliografia :

- Averonaves Militares Brasileirsa 1916 – 2015 – Jackson Flores Jr
- História da Força Aérea Brasileira, Professor Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Aviação Naval Brasileira, Professor Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/Asas%20sobre%20os%20mares/index.html

M-4A1 High Speed Tractor

História e Desenvolvimento
A Europa, a partir da segunda metade da década de 1930, presenciaria um forte programa de rearmamento por parte Alemanha, que apesar das limitações impostas pelo Tratado de Versalhes (assinado após o término da Primeira Guerra Mundial) avançava em escaramuças a largos passos. O governo alemão, que era regido partido nacional socialista (Partido Nazista) e liderado pelo chanceler Adolf Hitler, começava a esboçar preocupantes ambições em termos de expansão territorial na Europa. O plano secreto de fortalecimento militar alemão, estava focado no desenvolvimento de novos conceitos e doutrinas militares, que acabariam resultando no tática de combate  "Blitzkrieg" (Guerra Relâmpago), um revolucionário método de guerra ofensiva projetado para desferir um golpe rápido e focado em um empregar em conjunto forças móveis e manobráveis, incluindo tanques blindados e apoio aéreo. Este conceito apresentava como um de seus principais pilares o desenvolvimento de carros de combate blindados, que deveriam apresentar como principal característica a combinação de velocidade, mobilidade, blindagem, controle de tiro e poder de fogo. Assim seus modelos deveriam ser desenvolvidos para serem superiores em todos os aspectos aos seus pares disponíveis na época. Do outro lado do atlântico, estas ameaças não passavam desapercebidas aos olhos do comando do  Exército dos Estados Unidos (US Army), levando nesta mesma época a criação de um ambicioso, programa de estudos, que visava o desenvolvimento de carros de combate que pudessem a rivalizar com os novos carros de combate alemães.  Esta iniciativa além de conceber novos carros de combate, previa a criação de  uma variada gama de veículos, evolvendo carros blindados sobre rodas e também modelos de resgate e socorro para apoio em campo a esta nova geração de veículos militares. Nesta época, os carros de combate leves recém introduzidos M-3 Stuarts passivam a representar o esteio da força de carros de combate norte-americanos, e apesar de estarem disponíveis em números satisfatórios, dúvidas seriam levantadas sobre sua real efetividade contra as novas ameaças, com esta ideia estando principalmente baseada no emprego do canhão de 37 mm como arma principal, oque suscitaria o emprego de armas de maior calibre nos projetos em desenvolvimento. 

Apesar destas duvidas, em função das demandas emergências  de reequipamento do Exército dos Estados Unidos (US Army) seria decidido seguir com a ideia de produção em larga escala dos carros de combate leves M-3 Stuart. Neste contexto este modelo seria o primeiro a ser exportados às pressas para os ingleses, a tempo ainda de serem empregados no enfretamento aos blindados alemães e italianos no deserto africano. Como previsto seu desempenho seria sofrível, porém sua   facilidade de produção em larga escala, poderia suprir a necessidades do esforço de guerra Aliado, com o modelo se mantendo em produção durante todo o conflito. Neste contexto em função das características mecânicas da plataforma seria decidido, fazer uso desta para o desenvolvimento de versões especializadas. Logo no início da participação norte-americana na Segunda Guerra Mundial, seria identificada a necessidade de se dotar o Exército dos Estados Unidos (US Army) com veículos capazes de tracionar no campo de batalha peças de artilharia, devendo ter como requisito básico a capacidade de acompanhar os demais veículos blindados em terrenos irregulares. Uma concorrência seria aberta, com a proposta da empresa Allis-Chalmers Corporation (especializada na produção de tratores, transmissões e implementos agrícolas) ganhando destaque.  Este "trator de artilharia"  seria desenvolvido sob a plataforma básica do blindado leve M-3 Stuart. Este processo seria adotado visando otimizar a produção partindo do emprego mesmo ferramental e também facilitar a manutenção, devido a comunalidade de componentes com blindados leves M-3 Stuart empregados em larga escala pelas forças aliadas. Os dois primeiros protótipos seriam completados na fabrica da empresa  em Milwaukee no estado de Wisconsin, em agosto e setembro de 1942, ostentando a designação inicial de High Speed Tractor (Trator de Alta Velocidade), sendo então apresentando aos militares norte-americanos a fim de serem submetidos a um programa de avaliação pré-operacional. 
Este programa seria conduzido por três meses, com o modelo apresentado excelente desempenho, atendendo plenamente as especificações exigidas, recebendo sua homologação operacional logo em seguida. Um primeiro contrato seria celebrado prevendo a produção de sessenta veículos que receberiam a designação oficial de trator de artilharia M-4 High Speed Tractor. Este modelo seria classificado conforme sua capacidade operacional, sendo enquadrado na categoria de dezoito toneladas, sendo homologado primeiramente a  tracionar uma variada gama de peças de artilharia de grande porte, tal como os obuseiros M-1 de 155 mm e Long Ton de 240 mm, canhões antiaéreos M-1A3 de 90 mm e M-3 de 76 mm. Por questões de segurança veicular, o M-4 High Speed Tractor  seria equipado com um sofisticado e eficiente sistema combinado de freios a ar e elétrico, para assim suportar com segurança as cargas a serem tracionadas, mesmos em quaisquer condições adversas de deslocamento ou terrenos. O veículo fora projetado prevendo uma área de armazenamento em sua parte traseira, pois grande parte das cargas de artilharia a serem empregados, deveriam ser transportados pelo próprio veículo, com estes sendo acondicionados em racks modulares  customizáveis para  projeteis de 90 mm, 155 mm, 200 mm e 240 mm. No caso específico de projéteis de maior porte (e grande peso),  sua movimentação dos racks até a culatra da peça de artilharia era feita com o auxílio de um guindaste mecânico integrado ao veiculo. A capacidade de transporte de munição podia chegar a até cinquenta e quatro projeteis de artilharia e quinhentos cartuchos de metralhadora de calibre .50. O amplo espaço da carroceria permitia ainda confortavelmente o transporte interno de até dez soldados pertencentes a guarnição das peças de artilharia, além do condutor do próprio veículo, enfatizando assim a versatilidade deste veículo. O M-4 High Speed Tractor era ainda equipado com uma metralhadora M-2 Browning calibre. 50, que podia ser montada em um anel giratório no teto, para emprego antiaéreo e antipessoal.

As primeiras unidades do trator de artilharia M-4 High Speed Tractor, começariam a entrar em serviço operacional no Exército dos Estados Unidos (US Army) a partir de março de 1943, sendo destinados a equipar os regimentos de artilharia de campanha alocados no teatro de operações no Pacífico. O incremento da produção em série, possibilitaria equipar mais regimentos não só no Pacifico , mas também nas unidades de artilharia que passavam a ficar estacionadas na Inglaterra, que se encontram em processo de treinamento e preparação para participação na Operação Overlord ( Suserano - Dia D), a invasão da França pelas praias da Normandia. Durante todo o conflito, o M-4 High Speed Tractor, seria empregado em todos os fronts de batalha pelas forças norte-americanas e aliadas. Além da modelo original, mais duas evoluções seriam desenvolvidas e produzidas, com a primeira sendo designada como M-4C, que passava a apresentar de rack reprojetados com maior capacidade de transporte de munições internamente, otimizando a operação durante as tarefas de tiro. Já a segunda versão designada como M-4A1, seria equipada com o novo modelo de esteira mais larga do tipo "duck bill" (bico de pato), otimizada para operação e terrenos adversos, seguindo as mesmas modificações implementadas nos carros de combate M-4 Sherman a partir de 1944. Sua extensa folha de serviço não se encerraria com o término da Segunda Guerra Mundial em 1945, com os robustos M-4 High Speed Tractor, sendo empregados novamente em batalha durante a Guerra da Coréia (1950 - 1953), sendo operados não só pelo Exército dos Estados Unidos (US Army), mas também utilizado em pequeno número pelas Forças Armadas da República da Coreia (Hangul).
Em fins da década de 1940, centenas de unidades do trator de artilharia M-4 High Speed Tractor começariam a ser retiradas do serviço ativo e armazenadas como reserva estratégica, sendo posteriormente  incluídas no portifólio de itens militares a serem disponibilizados nos termos do Programa de Assistência Militar (Military Assistance Program - MAP). Dentre os paises a fazerem uso dos vantajosos termos de programa se encontravam nações como Brasil, Portugal, Nova Zelândia, Paquistão, Iugoslávia e Japão, que receberiam alguns veículos desta família. Além disto muitos veículos deste modelo seriam desmilitarizados e comercializados no mercado civil domestico, para o emprego no segmento de construção pesada, atuando como rebocadores de brocas para perfuração de rochas e transporte de carga. Nesta fase os M-4 High Speed Tractor teriam notada participação na exploração de madeira na Colúmbia Britânica. Ainda durante a década de 1960, quinhentas unidades adquiridas do governo norte-americano pela empresa canadense G.M. Philpott Ltd.  de Vancouver, sendo então reconstruídas como tratores civis, com muitos deste permanecendo em serviço até os dias atuais. Entre março 1943 e junho 1945, sairiam da linha de montagem da Allis-Chalmers Corporation, um total de cinco mil quinhentas unidades desta família de tratores  de artilharia sob esteiras. Em seu país de origem o M-4 High Speed Tractor, se manteve em uso no Exército dos Estados Unidos (US Army)  e no Corpo de Fuzileiros Navais (US Marine Corps) até meados da década de 1960, sendo substituídos pelo novo modelo  M-40 Gun Motor Carriage.

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário demandaria logo sem seguida a um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência tanto em termos de equipamentos, armamentos e principalmente doutrina operacional militar. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil e militar que se apresentavam no vasto litoral do país. A participação brasileira no esforço de guerra aliado seria ampliada em breve, pois Getúlio Vargas afirmou que o país não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos para os países aliados, e que que “o dever de zelar pela vida dos brasileiros obrigados a medir as responsabilidades de uma possível ação fora do continente. De qualquer modo, não deveremos cingir-nos à simples expedição de contingentes simbólicos”.

Apesar do Exército Brasileiro ser amplamente favorecido neste processo, os acordos de fornecimento de veículos militares, curiosamente não incluiriam a imediata cessão dos modernos tratores de artilharia do modelo M-4 e M-5, o que dificultaria as operações de obuseiros de grande calibre no país. Como esperado, o país tomaria parte em um esforço maior junto aos aliados, com está intensão sendo concretizada no dia 09 de agosto de 1943, quando através da Portaria Ministerial nº 4.744, publicada em boletim reservado de 13 do mesmo mês, seria estruturada a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Curiosamente o modernos M-4 High Speed Tractor não seriam disponibilizados aos efetivos brasileiros que lutariam na Itália , com apenas unidades do trator de artilharia sobre esteiras do modelo M-5 seriam fornecidas as tropas brasileiras  para o emprego junto a sua unidade de artilharia de campanha, o 1º Grupo do 1º Regimento de Artilharia Pesada Curta (1º/1º RAP). Após o término do conflito em maio de 1945, os tratores M-5 bem como os demais veículos, armas e equipamentos pertencentes ao Exército Brasileiro seriam encaminhados ao Comando de Material do Exército dos Estados Unidos (US Army) na cidade de Roma. Nesta organização os veículos em melhor estado de conservação seriam armazenados e despachados posteriormente ao Brasil por via naval. Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano, no objetivo de manter sua influência política e militar junto as nações aliadas, instituiria o Programa de Assistência Militar (Military Assistance Program - MAP). Este programa visava criar linhas de crédito e vantagens econômicas para o fornecimento de material militar de segunda mão, e neste contexto o Brasil seria elencado com uma destas nações a serem beneficiadas. Assim a partir do final do ano de 1948, as Forças Armadas Brasileiras, passariam a receber uma grande quantidade de materiais militares, como armamentos, munições, motores, ferramental e peças de reposição. Em termos de veículos blindados, o Exército Brasileiro receberia um grande lote composto por carros de combate M-3 Sherman e tratores de artilharia do modelo M-4A1 High Speed Tractor.  Este programa englobava a cessão de sessenta e quatro veículos deste modelo. Uma comitiva seria enviada aos Estados Unidos para proceder a escolha dos tratores em melhor estado de conservação, com estes sendo posteriormente submetidos a uma completa revisão mecânica, passando após este processo a serem despachados por via naval ao Brasil, sendo recebidos em lotes entre os anos de 1949 e 1952.
O recebimento e introdução em serviço deste novo modelo de trator de artilharia, viria a melhorar sensivelmente a capacidade de mobilidade da artilharia de campanha do Exército Brasileiro. Neste período a artilharia de campanha brasileira era precariamente tracionada pelos poucos M-5 Tractor veteranos da Campanha da Itália, e dois ou três tratores meia lagarta alemães Hanomag Sd.Kfz-7, recebidos há mais de vinte anos. Estes eram complementados precariamente pelos já  obsoletos de desajeitados tratores de artilharia Mineapolis Monline GTX-147 6X6, que necessitavam ser rapidamente substituídos.  Assim os "novos" M-4 High Speed Tractor seriam destinados inicialmente aos Grupos de Artilharia de Campanha (GAC) e aos Grupos de Artilharia de Costa Motorizado (GACosM), e posteriormente aos Grupos de Canhões Antiaéreo (GC AAe). Entre os principais destinos podemos citar o  5º Grupo de Canhões 90 mm Antiaéreos (5º GCan 90 AAé), 1º Grupo de Canhões 90 mm Antiaéreos (1º GCan 90 AAé) Rio, Escola de Artilharia de Costa (EAC), Escola de Defesa Antiaérea (EsDAAe), 6º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado (6º GACosM), 1º Grupo do 7º Regimento de Obuses 105(1º GA 7º REGOb), 8º Grupo de Artilharia 75 Auto Rebocado (8º GaRec 75), 26º Grupo de Artilharia de Campanha (26º GAC) e o 2º Grupo de Obuses 155 mm (2º GaOb 155 mm). Nestes grupos os M-4 High Speed Tractor, complementariam os M-5 Tractor, passando a substituir finalmente os Mineapolis Monline GTX-147 6X6. Destinados originalmente a tracionar peças de artilharia de grande calibre, estes veículos operariam tracionado  os obuseiros alemães Krupp de 88 mm, ingleses Vickers Armstrong de 152 mm e norte-americanos M-114A2 de 155 mm, além dos pesados canhões antiaéreos M-3 e M-1A3 de 76 mm e 90 mm.

Durante vários anos, os tratores de artilharia M-4A1 High Speed Tractor prestariam grande serviços as unidades de artilharia do Exército Brasileiro, que apesar de apresentarem um grupo motor diferente dos carros de combate leves M-3 Stuart, sempre apresentaram altos índices de disponibilidade operacional. Salientado que estes tratores de artilharia apresentavam grande comunalidade de componentes e peças dos sistemas de suspensão, hidráulica e elétrica com aqueles carros de combate disponíveis em grande quantidade no pais, o que proporcionaria um amplo estoque de peças de reposição,  o que permitiu manter os tratores em constante uso sem afetar capacidade operacional da artilharia de campanha. Esta mesma similaridade de projeto, permitiria o modelo ser incluído nos estudos de modernização e remotorização da frota de carros de combate M-3 Stuart, iniciados em fins da década de 1960 pela equipe técnica do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) em São Paulo.  Este processo tinha como alicerce principal, a troca dos motores originais a gasolina (que além de dispendiosos careciam de peças de reposição no mercado, tendo em vista sua produção havia sido descontinuada há quase trinta anos), por novos motores a diesel de fabricação nacional. A exemplo do programa aprovado e aplicado nos carros de combate M-3 e M-3A1 Stuart, o mesmo seria realizado junto a frota destes tratores de artilharia, recebendo o mesmo motor nacional a diesel Scania Vabis D-11 com 205 hp de potência. Os veículos que emergiam deste processo, apresentavam como única diferencial visual perceptível, o posicionamento do cano de escape do motor, sendo este similar aos escapamentos dos caminhões civis a diesel produzidos por esta mesma montadora. Neste processo diversos componentes críticos seriam nacionalizados,  apresentando como destaque os patins de borracha das esteiras.
A desativação dos antigos canhões ingleses Vickers Armstrong de 152,4 mm pertencentes aos Grupos de Artilharia de Costa Motorizado (GACosM) em meados da década de 1970, reduziria drasticamente necessidade do emprego dos veteranos tratores de artilharia M-4A1 High Speed Tractor. Desta maneira a partir de 1980 seria iniciado um gradativo processo de desativação destas viaturas junto ao Exército Brasileiro, com a maioria dos carros sendo armazenados. Neste contexto cerca de dezessete destes veículos desativados seriam destinados a servir como fonte de peças de reposição, principalmente componentes do seu sistema de suspensão, que seria empregado no desenvolvimento dos protótipos e pré-séries dos novos carros de combate leve nacional Bernardini CCL X1 Pioneiro, ajudando assim a viabilizar este importante programa. Poucos tratores de artilharia M-4A1 High Speed Tractor seriam mantidos ainda em operação junto a alguns Grupos de Artilharia de Campanha (GAC) e Grupos de Canhões Antiaéreo (GC AAe), até meados da década de 1990, quando enfim foram desativadas do serviço ativo. Algumas destas viaturas seriam conservadas em museus militares ou ainda preservados em condições de uso para emprego em datas cerimoniais.

Em Escala.
Para representarmos o M-4A1 High Speed Tractor  “EB31-201” em sua versão original, fizemos uso do excelente kit da Hobby Boss, que prima pelo detalhamento e nos brinda com sets em photo etched que trazem ao modelo um excelente nível de acabamento. Para se representar a versão brasileira podemos montar o modelo direto da caixa sem a necessidade de alterações, apesar de algumas fotos de época apresentarem a roda tratora de coroa sólida. Temos informações que o Exército Brasileiro recebeu modelos dos dois tipos. Empregamos decais Eletric Products pertencentes ao set “Exército Brasileiro 1942 - 1982".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura do Exército Brasileiro aplicado em todos seus veículos militares desde a Segunda Guerra Mundial até a o final do ano de 1982, quando tiveram alterados o brasão do exército e a sistemática de matrículas.  Alguns veículos recebeiram ainda o esquema de camuflagem em dois tons.


Bibliografia :

- O Stuart no Brasil – Helio Higuchi, Reginaldo Bachi e Paulo R. Bastos Jr.
- M-4 Tractor Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/M4_Tractor
- Blindados no Brasil Volume I, por Expedito Carlos S. Bastos
- Blindados no Brasil Volume II, por Expedito Carlos S. Bastos

Contratorpedeiros Classe Cannon

História e Desenvolvimento.
No final da década de 1930, o mundo testemunhava uma crescente instabilidade geopolítica que anunciava a iminência de um conflito global de proporções devastadoras. Na Europa, as ambições expansionistas da Alemanha nazista, sob a liderança de Adolf Hitler, manifestavam-se em ações como a anexação da Áustria em 1938 (Anschluss) e a ocupação dos Sudetos na Tchecoslováquia no mesmo ano, desafiando diretamente as disposições do Tratado de Versalhes de 1919. Essas ações, combinadas com a Política de Apaziguamento adotada por potências como a Grã-Bretanha e a França, revelavam a fragilidade dos esforços internacionais para manter a paz. No Extremo Oriente, o Império do Japão intensificava sua campanha imperialista, iniciada com a invasão da Manchúria em 1931 e ampliada pela guerra contra a China a partir de 1937. Esses eventos, aliados à incapacidade da Liga das Nações de conter tais agressões, sinalizavam que o mundo se encaminhava inexoravelmente para uma grande conflagração. Diante desse cenário, o governo dos Estados Unidos, sob a administração do presidente Franklin D. Roosevelt, reconheceu a necessidade urgente de fortalecer suas forças armadas. A partir de 1938, programas de modernização militar foram implementados, com foco na preparação para possíveis ameaças futuras. O poder naval, em particular, emergiu como uma prioridade estratégica, dado o papel crítico das rotas marítimas para o comércio global e a defesa nacional. A expansão da Marinha Imperial Japonesa, que na década de 1930 incorporou navios avançados como os porta-aviões Kaga e Akagi e encouraçados da classe Yamato, representava um desafio direto à supremacia naval das potências ocidentais no Pacífico. Na Europa, a Kriegsmarine alemã, apesar das limitações impostas pelo Tratado de Versalhes, desenvolvia uma força significativa de submarinos (U-boats). Relatórios de inteligência britânicos de 1939 estimavam que a Alemanha operava cerca de 57 submarinos, um número que aumentaria para mais de 200 em 1941, com a introdução de modelos como o Tipo VII, amplamente utilizado na Batalha do Atlântico. Essa frota de submarinos representava uma ameaça direta às linhas de abastecimento marítimo da Grã-Bretanha, que dependia de importações de alimentos, combustíveis e matérias-primas provenientes principalmente dos Estados Unidos e do Canadá. A possibilidade de uma campanha coordenada de U-boats para interromper essas rotas vitais colocava em risco a sobrevivência britânica em um eventual conflito. A Marinha Real Italiana, sob o regime de Benito Mussolini, também contribuía para o cenário de tensão, desenvolvendo uma frota de submarinos que, embora menos numerosa que a alemã, ampliava as preocupações aliadas no Mediterrâneo. Esse contexto exigia uma resposta estratégica que combinasse eficiência operacional com a capacidade de expandir rapidamente as frotas navais. Na década de 1930, os contratorpedeiros (destroyers) eram peças centrais das estratégias navais, projetados para combinar alta velocidade e manobrabilidade na escolta de embarcações de maior porte, como encouraçados e porta-aviões, e na proteção de comboios contra ataques de submarinos e torpedeiros. Esse conceito culminou no desenvolvimento da Classe Fletcher, que, a partir de 1942, com a construção de 175 unidades, destacou-se por sua versatilidade em missões que incluíam combate antissubmarino, apoio a operações anfíbias e defesa antiaérea durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto, a necessidade de aumentar rapidamente o número de navios disponíveis, sem comprometer os recursos industriais e financeiros, levou os comandantes navais a buscar alternativas mais econômicas. A Marinha Real Britânica (Royal Navy) já havia implementado uma solução eficaz com as corvetas, navios menores e de baixo custo projetados para escolta de comboios mercantes. 

A Classe Flower, com cerca de 267 unidades construídas entre 1939 e 1945, tornou-se um pilar da Batalha do Atlântico, oferecendo proteção antiaérea e antissubmarino a um custo significativamente inferior ao dos contratorpedeiros. Embora menos armadas e mais lentas, as corvetas provaram ser eficazes em operações de escolta, inspirando outras marinhas aliadas, incluindo a dos Estados Unidos. Nesse contexto, os especialistas do corpo de engenharia naval da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) desenvolveram os contratorpedeiros de escolta (Destroyer Escorts), uma categoria de navios projetada para combinar eficiência operacional com custos reduzidos, liberando assim os contratorpedeiros para a proteção de comboios intercontinentais, ou ainda a compor os sistemas defensivos de frota de navios mais valiosos, como os porta-aviões. Essas embarcações foram concebidas para proteger comboios de navios mercantes em áreas litorâneas e reforçar os sistemas defensivos de frotas que incluíam navios estratégicos, como porta-aviões. Entre os modelos desenvolvidos, a Classe Cannon destacou-se por suas expectativas operacionais promissoras, tornando-se um pilar da estratégia naval americana durante a Segunda Guerra Mundial. Este conceito básico derivaria para o desenvolvimento e produção de diversos modelos de contratorpedeiros de escolta, se destacando a Classe Cannon, que apresentava excelentes expectativas operacionais. A fim de atender as demandas emergenciais, no final do ano de 1942, seria celebrado com os estaleiros Dravo Corporation Federal Shipbuilding & Drydock Company,  ambos situados em Newark, New Jersey, contratos envolvendo a aquisiçao de cento e dezesseis navios. Os navios desta classe seriam construídos com chapas de aço médio preto e decapado, de espessura variável de 1/8” até 2”, sistema de construção transversal, sendo longitudinal o travamento o principal, 171 cavernas transversais, dividido em 73 compartimentos estanques e um convés corrido. Possuía as seguintes características principais: 1512 toneladas de deslocamento normal; 1600 toneladas de deslocamento máximo 93,33 m de comprimento total; 90,0 m de comprimento entre perpendiculares; 11,14 m de boca máxima;3,60 m de calado máximo. Deveriam ser equipados com um sistema de propulsão diesel elétrica, distribuída por quatro praças de máquinas, a saber: dois motores diesel principais, General Motors, 16-278A, dois tempos, oito cilindro sem “V”, injeção sólida, 1700 hp de potência cada, 750 rpm, 3.400 hp de potência total, localizados um em cada praça.  Cada motor acionaria diretamente um gerador tipo D.C.2, excitação separada, corrente contínua (CC), 750 rpm, 1.200 kW, 525 volts, 2.290 amperes, que alimentavam quatro motores elétricos principais, dois para cada eixo, ligados em série, modelo D.C.814,5, corrente contínua, 600 rpm, 525 volts, 1.500 hp de potência cada, 3.000 hp de potência total. Em cada praça ficava localizado um motor elétrico e acionavam dois hélices de três pás; dois lemes compensados e conjugados com comando elétrico hidráulico automático, desempenhando 20,2 nós de velocidade máxima em emergência, 19,2 nós de velocidade máxima sustentável, 17 nós a toda força, 15 nós de velocidade padrão e 11 nós de velocidade econômica. 
O sistema de propulsão da Classe Cannon era baseado em uma configuração diesel-elétrica, projetada para garantir eficiência e confiabilidade. A propulsão era fornecida por quatro motores elétricos principais de corrente contínua, modelo QVDC-8145, fabricados pela Westinghouse, com excitação separada. Cada motor, com potência de 1.500 HP a 600 RPM, era disposto em pares por eixo, totalizando 3.000 HP, acionando duas hélices de três pás. Esses motores eram alimentados por dois dínamos principais por eixo, garantindo redundância e robustez operacional. A energia elétrica era gerada por quatro grupos de motores diesel-geradores General Motors, divididos em dois modelos: 8-268A (200 kW) e 3-268A (100 kW), que acionavam alternadores Westinghouse. O sistema de propulsão conferia ao navio um desempenho notável, com velocidades que variavam de 11 nós (econômica) a 20,2 nós (emergência). O raio de ação era igualmente impressionante: 13.000 milhas náuticas na velocidade econômica e 8.500 milhas náuticas na velocidade máxima sustentável, possibilitado por tanques com capacidade de 32 toneladas de óleo combustível diesel e 18 toneladas de óleo lubrificante. A Classe Cannon contava com um sistema de destilação de baixa pressão, capaz de produzir 4.000 galões de água potável por dia, com capacidade de atingir 5.000 galões em situações de emergência. Esse recurso era essencial para a autonomia das tripulações em longas missões de escolta. Os paióis de munição, projetados com ventilação em vez de refrigeração, garantiam a segurança e a acessibilidade do armamento, que incluía cargas de profundidade, torpedos e munições para canhões antiaéreos e de superfície. As comunicações eram um aspecto crítico para a coordenação das operações navais. A Classe Cannon era equipada com um conjunto avançado de equipamentos de rádio, incluindo: Transmissores: TBL-7, TDE e CRV 52093 (ondas curtas); Receptores: CRV 46068 (ondas ultracurtas), RBE-1, RAO-2, RAL-6, RAK-6 e RBO; Comunicações visuais: Dois holofotes de 12 polegadas, bandeiras, lâmpadas Aldis e escote na verga do mastro principal. Esses sistemas permitiam comunicações confiáveis com outras embarcações, bases terrestres e forças aéreas, essenciais para a coordenação de comboios e respostas a ameaças. A Classe Cannon incorporava tecnologias avançadas para detecção e navegação, cruciais para operações em ambientes hostis. Para o combate antissubmarino, os navios eram equipados com o sistema QCT-1, semelhante a um sonar, capaz de detectar submarinos inimigos submersos. Para alvos de superfície, utilizavam o Radar SL, fabricado pela Western Electric & Co., com alcance de 60 milhas náuticas. A detecção de alvos aéreos era realizada pelo Radar SA, produzido pela RCA Manufacturing Co., com alcance de 375 milhas náuticas. A identificação de alvos aliados era assegurada pelo sistema IFF (Identification Friend or Foe) modelo BL-5, complementado por um respondedor ABK-7. A navegação era suportada por uma agulha giroscópica mestre Arma MK X Mod. 0, localizada na Sala de Controle de Informações de Combate (PCI), com repetidoras distribuídas pelo navio. Outros instrumentos incluíam um calculador e traçador de derrota (CTD), duas agulhas magnéticas (um padrão no tijupá e outra de governo no passadiço), um radiogoniômetro DP13 e um ecobatímetro NJ-9, fabricado pela Submarine Signal Company, para medição de profundidade.

A manobrabilidade era assegurada por dois lemes compensados e conjugados, controlados por um sistema eletro-hidráulico automático, que proporcionava precisão em operações complexas. Para ancoragem, os navios dispunham de dois ferros tipo Dunn, sistema Hall, com 1.360 kg cada, talingados a duas amarras de sete quartéis, garantindo estabilidade em portos ou durante paradas estratégicas. Para garantir a segurança de suas tripulações em situações de emergência, os navios da Classe Cannon eram equipados com recursos robustos de salvamento. Cada embarcação dispunha de: Uma lancha motorizada a diesel, com capacidade para 24 homens; Quatro balsas de cortiça, capazes de acomodar até 100 homens; Cinco redes flutuantes, com capacidade total para 125 homens. Esses equipamentos asseguravam a evacuação segura da tripulação em caso de danos críticos, refletindo o compromisso da  Marinha dos Estados Unidos (US Navy) com a preservação de vidas em operações de alto risco. A Classe Cannon foi projetada com um conjunto de armamentos balanceado para enfrentar ameaças aéreas, de superfície e submarinas. Cada navio era equipado com cinco canhões, distribuídos da seguinte forma: Bateria principal: Três canhões de 76,2 mm (3”/50), fabricados pela Michele PP & MFG Co., com alcance máximo de 12.200 jardas (aproximadamente 11.000 metros) e alcance eficaz de 4.000 jardas (aproximadamente 3.650 metros). Esses canhões eram ideais para engajar alvos de superfície e oferecer apoio antiaéreo moderado. Bateria secundária: Dois canhões de 40 mm, montados em reparo duplo, com alcance máximo de 11.000 jardas (aproximadamente 10.000 metros) e alcance eficaz de 2.800 jardas (aproximadamente 2.550 metros), voltados principalmente para defesa antiaérea. Metralhadoras antiaéreas: Oito metralhadoras Oerlikon de 20 mm, com alcance máximo de 4.800 jardas (aproximadamente 4.400 metros) e alcance eficaz de 2.000 jardas (aproximadamente 1.800 metros), amplamente utilizadas contra aeronaves de baixa altitude. Além disso, os navios contavam com um reparo aéreo triplo de tubos lança-torpedos, fabricado pela Nordberg Mfg-Co., projetado para lançar torpedos Bliss Lewitt de 21 polegadas (533 mm). Esse armamento conferia à Classe Cannon a capacidade de enfrentar uma ampla gama de ameaças, desde submarinos até aeronaves inimigas, garantindo sua eficácia em missões de escolta. O primeiro navio da Classe Cannon, o USS Cannon (DE-99), foi comissionado em 26 de setembro de 1943, marcando o início de uma série de embarcações que desempenhariam papéis vitais na Segunda Guerra Mundial. Os seis primeiros navios da classe — USS Cannon (DE-99), USS Christopher (DE-100), USS Alger (DE-101), USS Thomas (DE-102), USS Bostwick (DE-103) e USS Breeman (DE-104) — foram rapidamente alocados para operações no Oceano Atlântico, protegendo comboios mercantes em rotas cruciais entre os Estados Unidos e a Europa. Essas missões, executadas com notável bravura, foram essenciais para manter o fluxo de suprimentos vitais para os aliados, especialmente durante a intensificação da Batalha do Atlântico. Um destaque operacional foi a atuação do USS DE-189, que recebeu a prestigiosa Citação da Unidade Presidencial por sua campanha antissubmarino entre fevereiro e março de 1944, ao largo das Bermudas, no Caribe. Essa condecoração reconheceu a eficiência da Classe Cannon no combate aos U-boats alemães, que representavam uma ameaça constante aos comboios aliados.
Com o comissionamento de mais navios, a Classe Cannon foi distribuída tanto no Atlântico quanto no Pacífico, apoiando operações anfíbias e a proteção de frotas estratégicas. Em 1944, a classe foi incluída no programa Lend-Lease (Lei de Arrendamento e Empréstimo), uma iniciativa americana que fornecia equipamentos militares aos aliados. Nesse contexto, oito contratorpedeiros de escolta foram transferidos para a Marinha do Brasil, com o objetivo de reforçar a proteção de comboios mercantes que transportavam matérias-primas essenciais do Brasil para os Estados Unidos. Esses navios, redesignados pela Marinha Brasileira, desempenharam um papel significativo na defesa das rotas marítimas no Atlântico Sul, fortalecendo a cooperação entre as nações aliadas. . À medida que o conflito se aproximava do fim, a Classe Cannon continuou a demonstrar sua relevância, com seis navios comissionados diretamente para as Forças Francesas Livres, lideradas pelo General Charles de Gaulle, para apoiar as operações complementares à invasão da Normandia.  O último navio da Classe Cannon, o USS Sutton (DE-771), foi lançado ao mar em 6 de agosto de 1944. Nesse momento, a ameaça de submarinos inimigos havia diminuído significativamente, tanto no Oceano Atlântico quanto no Pacífico, devido à superioridade naval aliada e à redução da capacidade operacional da Kriegsmarine alemã e da Marinha Imperial Japonesa. Com base nesse cenário, a US Navy decidiu cancelar a construção dos 44 navios restantes da classe, encerrando a produção após a entrega de 72 unidades. Ao término da Segunda Guerra Mundial a grande maioria destes navios seria colocada na reserva da Marinha dos Estados Unidos (US Navy). Contudo, esses navios encontraram nova vida por meio do Programa de Defesa e Assistência Mútua (MDAP, Mutual Defense Assistance Program), instituído em 1949 para fortalecer as marinhas de nações aliadas durante a Guerra Fria. Sob esse programa, a Classe Cannon foi transferida para diversas forças navais ao redor do mundo, reforçando a cooperação militar internacional.  Em 1950 seis navios seriam cedidos a Marinha da Real da Holanda (RNN), quatro para a Marinha da República da China - Taiwan  (ROCN). Ao longo dos anos seguintes oito seriam transferidos a Marinha Nacional Francesa (Marine Nationale), dois para a Marinha da República da Coreia (ROK), quatro para a Marinha Helênica (ΠΝ), três para a Marinha Militar Italiana (Marina Militare), dois para a  Força de Autodefesa Marítima do Japão (JMSDF), três para a Marinha de Guerra do Peru (MGP), cinco para a  Marinha das Filipinas (PN), dois para a Armada Nacional do Uruguai e por fim um navio para a Marinha Real da Tailândia (RTN).  A maioria dos navios da Classe Cannon transferidos permaneceu em serviço ativo até a segunda metade da década de 1960, quando começaram a ser gradualmente desativados devido ao avanço tecnológico e à introdução de embarcações mais modernas. Nos Estados Unidos, os últimos navios ainda em reserva foram retirados da lista ativa em 1973 e posteriormente sucateados, marcando o fim de sua operação sob a bandeira americana. Notavelmente, a Classe Cannon demonstrou uma longevidade excepcional em algumas marinhas estrangeiras. Em 2018, a Marinha das Filipinas descomissionou o BRP Rajah Humabon (PS-11, ex-USS Atherton DE-169), um dos últimos navios da classe ainda em operação. Surpreendentemente, o HTMS Pin Klao (DE-413, ex-USS Hemminger DE-746), operado pela Marinha Real da Tailândia, permanece em serviço ativo até o presente, em 2025, destacando a durabilidade e a adaptabilidade do projeto da Classe Cannon

Emprego na Marinha do Brasil
No início da Segunda Guerra Mundial, a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas potências do Eixo — Alemanha, Itália e Japão — tornou-se uma preocupação crescente para o governo dos Estados Unidos. A capitulação da França em junho de 1940 intensificou esses temores, especialmente com a possibilidade de que a Alemanha nazista estabelecesse bases operacionais em territórios coloniais franceses, como as Ilhas Canárias, Dacar (atual Senegal) e outras possessões na África Ocidental. Nesse cenário, o Brasil emergiu como um ponto estratégico vulnerável devido à sua proximidade geográfica com o continente africano, que, após a campanha alemã no Norte da África iniciada em 1940, figurava nos planos expansionistas do Terceiro Reich. Além disso, as conquistas japonesas no Sudeste Asiático e no Pacífico Sul, incluindo a ocupação de territórios como a Indochina em 1940 e as Filipinas em 1942, transformaram o Brasil no principal fornecedor de látex para os Aliados, uma matéria-prima essencial para a produção de borracha, indispensável na indústria bélica para pneus, vedações e outros componentes. A costa nordeste brasileira, particularmente, adquiriu relevância estratégica devido à sua posição como o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Essa localização favorecia o estabelecimento de bases aéreas e portos para o translado de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves destinados aos teatros de operações na Europa e no Norte da África, especialmente durante campanhas cruciais como a Operação Tocha (invasão aliada do Norte da África em novembro de 1942). Diante dessas ameaças, o governo brasileiro, sob a liderança do presidente Getúlio Vargas, intensificou a aproximação política e econômica com os Estados Unidos. Essa colaboração resultou em uma série de acordos estratégicos, com destaque para a adesão do Brasil ao Lend-Lease Act (Lei de Arrendamento e Empréstimo), promulgada pelo Congresso americano em março de 1941. O programa tinha como objetivo fornecer apoio militar às nações aliadas, promovendo a modernização de suas forças armadas para enfrentar as potências do Eixo. No caso do Brasil, o acordo garantiu uma linha de crédito inicial de US$ 100 milhões (equivalente a cerca de US$ 2 bilhões em valores ajustados para 2025), destinada à aquisição de armamentos modernos, incluindo aeronaves, veículos blindados, carros de combate e equipamentos navais. Na época, as Forças Armadas Brasileiras enfrentavam um estado de quase obsolescência, com equipamentos defasados e uma doutrina operacional militar inadequada para os desafios de um conflito global. Os recursos do Lend-Lease foram cruciais para reequipar e capacitar o Exército, a Força Aérea Brasileira (FAB) e a Marinha do Brasil, permitindo que o país desempenhasse um papel ativo na defesa do continente americano e na proteção das rotas marítimas no Atlântico Sul. Um dos maiores desafios enfrentados pelo Brasil durante a Segunda Guerra Mundial foi a campanha de guerra antissubmarino (ASW, Anti-Submarine Warfare). Submarinos alemães, particularmente os U-boats da Kriegsmarine, intensificaram seus ataques contra a navegação civil no Atlântico Sul a partir de 1941, visando interromper o comércio exterior brasileiro, que transportava matérias-primas essenciais, Ascensão de 1942, após o Brasil declarar guerra à Alemanha, intensificou esses esforços, com a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) liderando operações aeronavais para proteger os comboios mercantes. A partir do final de 1942, a Força Aérea Brasileira, equipada com aeronaves especializadas, como os bombardeiros Lockheed Hudson, assumiu uma parcela significativa dessas missões, realizando patrulhas costeiras e ataques a submarinos.

Nesta fase a  Marinha do Brasil enfrentava desafios significativos para contribuir com o esforço de guerra aliado, particularmente na campanha de guerra antissubmarino (ASW, Anti-Submarine Warfare). A ameaça dos submarinos alemães (U-boats) e italianos no Atlântico Sul, intensificada após a entrada do Brasil no conflito em agosto de 1942, exigia uma frota naval moderna e equipada para proteger os comboios mercantes que transportavam matérias-primas essenciais, como látex, para os Estados Unidos. No entanto, a Marinha brasileira dispunha de recursos limitados, contando apenas com seis navios mineiros da Classe Carioca, construídos no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, na Ilha das Cobras, entre as décadas de 1930 e 1940. Esses navios, reclassificados como corvetas após o início do conflito, estavam equipados com sensores e radares adequados para detecção de submarinos, mas seu armamento — um único canhão de 102 mm e lançadores de minas marítimas — era insuficiente para enfrentar os modernos U-boats da Kriegsmarine alemã e os submarinos italianos da Regia Marina. A obsolescência da frota brasileira, tanto em termos de equipamentos quanto de doutrina operacional, demandava uma modernização urgente para que o país pudesse desempenhar um papel efetivo na defesa do Atlântico Sul. Assim dentro dos termos de cooperação, seria determinada a transferência de navios pertencentes a Marinha dos Estados Unidos (US Navy), sendo inclusos caça submarinos das Classes PC-461, SC-497 e por fim de oito contratorpedeiros de escolta da classe Cannon. A transferência dos contratorpedeiros de escolta da Classe Cannon representou um marco na modernização da Marinha do Brasil. Esses navios, projetados para missões de escolta costeira e combate antissubmarino, introduziram novos equipamentos, táticas e conceitos operacionais, tornando-se a espinha dorsal da esquadra brasileira durante o conflito. Equipados com sistemas de propulsão diesel-elétrica, que permitiam ajustes graduais de velocidade para acompanhar comboios, os navios da Classe Cannon eram extremamente manobráveis e versáteis, capazes de enfrentar submarinos tanto em operações submersas quanto na superfície. Seu armamento, que incluía canhões de 76,2 mm, metralhadoras antiaéreas Oerlikon de 20 mm e tubos lança-torpedos, conferia-lhes a capacidade de responder a ameaças aéreas, de superfície e submarinas. Em 1º de agosto de 1944, o Contratorpedeiro de Escolta Bertioga (Be-1), ex-USS Pennewill (DE-175), foi entregue à Marinha do Brasil em uma cerimônia realizada na Base Naval de Natal, Rio Grande do Norte, presidida pelo Vice-Almirante Jonas H. Ingram, comandante da Quarta Esquadra da US Navy. O navio foi oficialmente incorporado à Força Naval do Nordeste em 3 de agosto de 1944, por meio do Aviso Ministerial nº 1276, com sua Mostra de Armamento realizada no dia seguinte, 4 de agosto.  Entre 21 de agosto de 1944 e 18 de setembro de 1945, o Bertioga desempenhou um papel crucial em missões de escolta de comboios, operações de caça antissubmarino e apoio ao serviço aéreo de evacuação de tropas americanas provenientes da Europa. Durante esse período, o navio navegou impressionantes 211.977,4 milhas náuticas e permaneceu 921,5 dias no mar, demonstrando sua robustez e confiabilidade. Após o término do conflito, o Bertioga continuou em serviço ativo. Em 29 de dezembro de 1946, por meio do Aviso Ministerial nº 1918, o navio foi incorporado à 2ª Flotilha de Contratorpedeiros da Esquadra, ao lado de outros navios da Classe Cannon. A partir de 1º de janeiro de 1963, passou a integrar o 1º Esquadrão de Contratorpedeiros de Escolta (DivCTE 11). Sua carreira na Marinha do Brasil chegou ao fim em 7 de fevereiro de 1964, quando o Aviso Ministerial nº 219 determinou sua baixa do Serviço Ativo da Armada. A Mostra de Desarmamento foi realizada em 22 de julho de 1964, no Porto do Rio de Janeiro, encerrando quase 20 anos de serviço.
O Contratorpedeiro de Escolta Beberibe (Be-2), ex-USS Herzog (DE-178), foi o segundo navio da Marinha do Brasil a receber esse nome, em homenagem ao rio homônimo em Pernambuco. Construído pelo estaleiro Federal Shipbuilding & Drydock Co., em Newark, Nova Jersey, o Beberibe foi transferido por empréstimo à Marinha do Brasil em 1º de agosto de 1944, durante uma cerimônia realizada na Base Naval de Natal, Rio Grande do Norte. Na ocasião, o comando do navio foi assumido pelo Capitão-de-Corveta Mário Pinto de Oliveira, que liderou a tripulação em suas primeiras missões. Incorporado à Força Naval do Nordeste, o Beberibe desempenhou missões de escolta de comboios e patrulha antissubmarino no Atlântico Sul até 18 de setembro de 1945, contribuindo para a proteção de rotas marítimas cruciais para o transporte de matérias-primas, como látex, destinadas ao esforço de guerra aliado. Com a reestruturação da Esquadra Brasileira pelo Decreto nº 8.273, de 4 de dezembro de 1945, o Beberibe foi designado para a 2ª Flotilha de Contratorpedeiros, ao lado de outros navios da Classe Bertioga. Em 20 de julho de 1953, o navio foi definitivamente transferido para o Brasil sob os termos do Programa de Assistência Mútua (MDAP, Mutual Defense Assistance Program), que visava fortalecer as marinhas de nações aliadas durante a Guerra Fria. Em 1955, com a padronização dos indicativos de casco da Marinha do Brasil, o Beberibe teve seu indicativo alterado para D-19. No início da década de 1960, foi reclassificado como Aviso Oceânico, com a remoção de seu armamento original, incluindo canhões de 76,2 mm e metralhadoras Oerlikon de 20 mm, e seu indicativo visual foi alterado para U-29. O navio permaneceu em operação até 1968, quando foi desativado e vendido para desmanche, encerrando quase 24 anos de serviço. O Contratorpedeiro de Escolta Bracuí (Be-3), ex-USS Reybold (DE-177), foi o primeiro navio da Marinha do Brasil a ostentar esse nome, em referência ao rio Bracuí, no estado do Rio de Janeiro. Também construído pelo estaleiro Federal Shipbuilding & Drydock Co., em Newark, Nova Jersey, o Bracuí foi transferido por empréstimo à Marinha do Brasil em 15 de agosto de 1944, na Base Naval de Natal. O comando inicial foi assumido pelo Capitão-de-Corveta Alberto Jorge Carvalhal, que liderou o navio em suas missões durante a Segunda Guerra Mundial. Assim como o Beberibe, o Bracuí foi integrado à Força Naval do Nordeste, participando de operações de escolta de comboios e patrulhas antissubmarino até o fim do conflito, em 18 de setembro de 1945. Com a reestruturação da Esquadra Brasileira pelo Decreto nº 8.273, de 4 de dezembro de 1945, o Bracuí foi alocado à 2ª Flotilha de Contratorpedeiros. Em 1955, seu indicativo de casco foi alterado para D-23, conforme a nova padronização da Marinha. No início da década de 1960, o navio foi reclassificado como Aviso Oceânico, com a remoção de seu armamento, e seu indicativo visual passou a ser U-23. O Bracuí permaneceu em serviço até 1972, quando foi desativado e vendido para desmanche, encerrando 28 anos de operação.

O Contratorpedeiro de Escolta Bauru (Be-4), ex-USS McAnn (DE-179), foi o primeiro navio da Marinha do Brasil a ostentar o nome em homenagem à progressista cidade de Bauru, no estado de São Paulo. Construído pelo estaleiro Federal Shipbuilding & Drydock Co., em Newark, Nova Jersey, o Bauru foi transferido por empréstimo à Marinha do Brasil em 15 de agosto de 1944, conforme o Aviso Ministerial nº 1326, durante uma cerimônia na Base Naval de Natal, Rio Grande do Norte. O comando foi assumido pelo Capitão-de-Corveta Sylvio Borges de Souza Motta, que liderou a tripulação em suas primeiras operações. Incorporado à Força Naval do Nordeste em 3 de agosto de 1944, por meio do Aviso Ministerial nº 1276, o Bauru teve sua Mostra de Armamento realizada no dia seguinte, 4 de agosto. Durante a Segunda Guerra Mundial, o navio destacou-se em missões de caça antissubmarino, escolta de comboios e apoio ao serviço aéreo de evacuação de tropas aliadas provenientes da Europa, especialmente no período entre agosto de 1944 e 18 de setembro de 1945. Após o fim do conflito, com a dissolução da Força Naval do Nordeste, o Bauru foi integrado à 2ª Flotilha de Contratorpedeiros e, posteriormente, ao 2º Esquadrão de Contratorpedeiros. Em 5 de junho de 1964, o Bauru foi reclassificado como Aviso Oceânico e transferido para o Esquadrão de Avisos Oceânicos, recebendo o indicativo visual U-28. Ao longo de seus 37 anos, 6 meses e 16 dias de serviço ativo, o navio percorreu 295.428,9 milhas náuticas, totalizando 1.423 dias no mar. Diferentemente dos outros navios da Classe Bertioga, que foram desmanchados após suas baixas, o Bauru recebeu um destino singular: tornar-se o primeiro navio-museu do Brasil. Após uma reforma minuciosa para restaurar seu aspecto da Segunda Guerra Mundial, o Navio-Museu Bauru foi inaugurado em 21 de julho de 1982, na Marina da Glória, no Rio de Janeiro. Em 20 de janeiro de 1996, passou a integrar o Espaço Cultural da Marinha, onde permanece até hoje, em 2025, como um símbolo vivo da história naval brasileira.  O Contratorpedeiro de Escolta Baependi (Be-5), ex-USS Cannon (DE-99), foi o primeiro navio da Marinha do Brasil a homenagear a cidade de Baependi, em Minas Gerais. Construído pelo estaleiro Dravo Corporation, em Wilmington, Delaware, o Baependi foi transferido por empréstimo e incorporado à Marinha do Brasil em 19 de dezembro de 1944, na Base Naval de Natal, recebendo o indicativo de casco Be-5. O comando inicial foi assumido pelo Capitão-de-Corveta Raimundo da Costa, que liderou o navio em suas operações durante o final da Segunda Guerra Mundial. Integrado à Força Naval do Nordeste, o Baependi participou de missões de escolta e patrulha no Atlântico Sul. Após o término do conflito, o navio foi incorporado à 2ª Flotilha de Contratorpedeiros, conforme o Decreto nº 8.273, de 4 de dezembro de 1945. Em 1955, com a padronização dos indicativos de casco, seu indicativo foi alterado para D-23. Em 1963, o Baependi destacou-se durante a chamada Guerra da Lagosta, um conflito diplomático com a França envolvendo a pesca de lagostas na costa do Nordeste brasileiro, demonstrando sua versatilidade em operações de patrulhamento. Em 1965, o Baependi foi reclassificado como Aviso Oceânico, com a remoção de seu armamento original, incluindo canhões de 76,2 mm e metralhadoras Oerlikon de 20 mm, e seu indicativo visual foi alterado para U-27. O navio permaneceu em serviço até 1973, quando foi desativado e vendido para desmanche, encerrando quase 29 anos de operação.
O Contratorpedeiro de Escolta Benevente (Be-6), ex-USS Christopher (DE-100), foi o primeiro navio da Marinha do Brasil a ostentar o nome em homenagem ao rio Benevente, no Espírito Santo. Construído pelo estaleiro Dravo Corporation, em Wilmington, Delaware, o Benevente foi transferido por empréstimo e incorporado à Marinha do Brasil em 19 de dezembro de 1944, na Base Naval de Natal, Rio Grande do Norte, recebendo o indicativo de casco Be-6. O comando inicial foi assumido pelo Capitão-de-Corveta Jorge Campello Maurício de Abreu. Subordinado à Força Naval do Nordeste por meio do Aviso do Estado-Maior da Armada nº 1.896, de 19 de dezembro de 1944, o Benevente integrou a Força-Tarefa 27, participando de operações de escolta de comboios e apoio ao transporte aéreo durante a Segunda Guerra Mundial. Após a dissolução da Força Naval do Nordeste, o navio tornou-se uma unidade solta, subordinada diretamente ao Estado-Maior da Armada. Pelo Aviso Ministerial nº 1.918, de 29 de dezembro de 1945, foi incorporado à 2ª Flotilha de Contratorpedeiros. Em 7 de fevereiro de 1964, foi reclassificado como Aviso Oceânico, recebendo o indicativo visual U-30, conforme o Aviso Ministerial nº 221 e a Ordem do Dia nº 0008/64 do Comando em Chefe da Esquadra. Durante seus quase 30 anos de serviço, o Benevente percorreu 265.846 milhas náuticas e permaneceu 1.132 dias no mar, destacando-se em missões de escolta e apoio logístico durante a guerra. Sua baixa do serviço ativo ocorreu em 22 de dezembro de 1974, conforme o Aviso Ministerial nº 1.394, de 5 de novembro de 1974, com a Mostra de Desarmamento realizada na mesma data. O Contratorpedeiro de Escolta Babitonga (Be-7), ex-USS Alger (DE-101), foi o primeiro navio da Marinha do Brasil a homenagear a Baía de Babitonga, em Santa Catarina. Construído pelo estaleiro Dravo Corporation, em Wilmington, Delaware, teve sua quilha batida em 2 de janeiro de 1943 e foi lançado ao mar em 8 de julho de 1943. Transferido por empréstimo, o Babitonga foi incorporado à Marinha do Brasil em 10 de março de 1945, na Base Naval de Natal, por meio do Aviso Ministerial nº 503A, com sua Mostra de Armamento realizada em 13 de março de 1945. Inicialmente, recebeu o indicativo de casco Be-7, posteriormente alterado para D-16 em 1955, conforme a padronização dos indicativos da Marinha. Subordinado à Força Naval do Nordeste pelo Aviso Ministerial nº 507, de 12 de março de 1945, o Babitonga participou de operações de escolta de comboios e apoio a transporte aéreo no final da Segunda Guerra Mundial. Com a criação do Grupamento Naval do Sul, pelo Aviso Ministerial nº 2.106, de 8 de setembro de 1967, o navio foi a ele incorporado. Durante seu serviço, percorreu 265.846 milhas náuticas e acumulou 1.132 dias no mar. O Babitonga foi desativado em 22 de dezembro de 1974, conforme o Aviso Ministerial nº 1.394, com sua Mostra de Desarmamento realizada na mesma data, sendo posteriormente vendido para desmanche. O Contratorpedeiro de Escolta Bocaina (Be-8), ex-USS Marts (DE-174), foi o primeiro navio da Marinha do Brasil a ostentar o nome em homenagem à serra, rio e vila de Bocaina, no litoral de São Paulo. Construído pelo estaleiro Federal Shipbuilding & Drydock Co., em Newark, Nova Jersey, o Bocaina foi transferido por empréstimo e incorporado à Marinha do Brasil em 20 de março de 1945, na Base Naval de Natal, recebendo o indicativo de casco Be-8. Em 1955, seu indicativo foi alterado para D-22, conforme a padronização da Marinha. No início da década de 1960, o navio foi reclassificado como Aviso Oceânico, com a remoção de seu armamento, e seu indicativo visual passou a ser U-32. O Bocaina participou de missões de escolta e patrulha no Atlântico Sul durante o final da Segunda Guerra Mundial, contribuindo para a segurança do transporte de matérias-primas vitais. Permaneceu em serviço até o início de 1975, quando foi retirado do serviço ativo e alienado para desmanche, encerrando cerca de 30 anos de operação.

Em Escala.
Para representar o Contratorpedeiro de Escolta Bertioga (D-18 Bauru) no período pós-guerra, foi utilizado o kit da Revell na escala 1/249, uma escolha incomum, mas significativa para modelistas que buscam precisão histórica. Este kit, originalmente projetado para representar navios da Classe Cannon, foi adaptado para retratar o Bertioga em sua configuração após 1945, quando o navio foi integrado à 2ª Flotilha de Contratorpedeiros e, posteriormente, ao 1º Esquadrão de Contratorpedeiros de Escolta (DivCTE 11) da Marinha do Brasil. Para refletir a configuração pós-guerra foram realizadas pequenas alterações em scratch na estrutura da ilha do navio. Essas modificações incluíram ajustes na superestrutura para representar as mudanças feitas pela Marinha do Brasil, como possíveis reconfigurações nos sistemas de radar, antenas de comunicação e layout do passadiço, que diferiam da configuração original. Os decais, produzidos sob encomenda pela Special Signs na escala 1/249, foram essenciais para garantir a autenticidade visual do modelo. 
No período pós-guerra, a Marinha do Brasil adotou um esquema de cores padrão para seus navios, incluindo o Bauru, que foi mantido até sua desativação em 1964. Esse padrão, baseado no sistema de cores Federal Standard (FS), refletia a necessidade de uniformidade estética e funcional, garantindo visibilidade, proteção contra intempéries e conformidade com as práticas navais internacionais da época. O esquema de cores incluía tons específicos para diferentes partes do navio, como casco, superestrutura e convés, projetados para combinar camuflagem residual de tempos de guerra com a estética de tempos de paz. Esse padrão foi aplicado ao Bauru a partir de sua incorporação à 2ª Flotilha de Contratorpedeiros em 1945 e mantido durante sua reclassificação como Aviso Oceânico em 1964.





Bibliografia : 
- Cannon Class Destroyer Wikipedia - https://enacademic.com/dic.nsf/enwiki/2942971
- Navios de Guerra Brasileiros – Poder Naval https://www.naval.com.br
- Marinha do Brasil - https://www.marinha.mil.br/