VU-9 Embraer EMB 121 Xingu

História e Desenvolvimento.
Na década de 1960, a Força Aérea Brasileira (FAB) enfrentava o desafio de modernizar sua frota de aeronaves bimotores, composta principalmente pelos Douglas C-47 Skytrain e Beechcraft C-45, que desempenhavam papéis cruciais no transporte de tropas, suprimentos e missões do Correio Aéreo Nacional (CAN). Essas aeronaves, adquiridas majoritariamente por meio do Lend-Lease Act durante a Segunda Guerra Mundial (1939–1945), eram essenciais para operações logísticas e de assistência médica em regiões remotas do Brasil, como a Amazônia, onde a infraestrutura terrestre era limitada. Contudo, o envelhecimento desses modelos, com mais de duas décadas de uso intensivo, comprometia sua eficiência e confiabilidade, demandando uma substituição urgente. Nesse contexto, em meados da década de 1960, o Coronel Ozires Silva, então oficial da FAB, propôs ao Comando da Aeronáutica o desenvolvimento de uma aeronave bimotora nacional de médio porte, capaz de atender às necessidades militares e civis do país. Essa iniciativa visionária visava não apenas modernizar a frota da Força Aérea Brasileira (FAB), mas também fomentar a indústria aeronáutica brasileira, reduzindo a dependência de importações. Em 1965, o projeto foi estruturado sob o programa IPD-6504, coordenado pelo Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento (IPD) do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos, São Paulo, marcando o início de um esforço pioneiro na aviação nacional. O desenvolvimento do YC-95 Bandeirante, como foi inicialmente designado, envolveu um esforço técnico monumental. Durante três anos e quatro meses, de 1965 a 1968, cerca de 300 colaboradores, incluindo engenheiros, técnicos e militares, dedicaram aproximadamente 110 mil horas de trabalho ao projeto. O protótipo foi equipado com dois motores turboélice Pratt & Whitney PT6A-20, cada um gerando 550 shp, escolhidos por sua confiabilidade e eficiência em operações regionais. Em 22 de outubro de 1968, o YC-95 realizou seu voo inaugural, pilotado pelo Major Mariotto Ferreira e pelo Engenheiro Michel Cury, a partir de uma pista não pavimentada no aeroporto de São José dos Campos. Cinco dias depois, em 27 de outubro, a aeronave, registrada sob a matrícula FAB 2130, foi apresentada oficialmente em uma cerimônia que reuniu autoridades, representantes da imprensa e um público estimado em 15 mil pessoas, celebrando um marco histórico para a aviação brasileira. O sucesso do voo inaugural abriu caminho para a produção em série, mas exigia uma estrutura industrial que o CTA não possuía.  Em 1969, o Coronel Ozires Silva e sua equipe buscaram parcerias com o setor privado para viabilizar a fabricação. Após enfrentar rejeições, uma oportunidade decisiva surgiu em um encontro casual com o Presidente Artur da Costa e Silva, que, convencido da importância do projeto, aprovou a criação de uma empresa estatal de capital mista. 

Em 19 de agosto de 1969, foi fundada a Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A (Embraer), em São José dos Campos, com Ozires Silva como seu primeiro presidente, cargo que ocupou até 1986. O projeto IPD-6504, incluindo seus dois protótipos, foi transferido para a Embraer, e a aeronave foi oficialmente nomeada EMB-100 Bandeirante. Para atender às demandas comerciais e militares, o modelo foi aprimorado, dando origem ao EMB-110 Bandeirante. A variante militar, designada C-95, foi projetada para transportar cargas úteis maiores e incorporar avanços técnicos, enquanto a versão civil, EMB-110C, com capacidade para até 16 passageiros, visava o mercado regional nacional e internacional. A produção do primeiro exemplar pré-série do C-95, registrado sob a matrícula FAB 2133, começou em novembro de 1969. Em 1972, a Embraer firmou um contrato com o Ministério da Aeronáutica (MAer) para a entrega de 80 unidades do C-95, com as primeiras unidades entregues em fevereiro de 1973.  O C-95 Bandeirante demonstrou potencial além do uso militar, atraindo o interesse de operadores regionais. A variante EMB-110C, voltada para o mercado civil, foi adotada pela Transbrasil S/A, que recebeu sua primeira unidade em abril de 1973, seguida pela Vasp S/A. O desempenho confiável em trechos regionais, aliado à capacidade de operar em pistas não pavimentadas, impulsionou a rápida aceitação do Bandeirante. Em 1975, a Força Aérea do Uruguai (FAU) tornou-se o primeiro cliente internacional da versão militar, marcando a estreia da Embraer no mercado global. Em 1977, a companhia francesa Air Littoral adquiriu a versão civil, consolidando a presença do Bandeirante na Europa. Em apenas seis anos, a Embraer S/A se transformou em uma empresa robusta, com cerca de 3.000 funcionários e três linhas de produção bem-sucedidas: o EMB-110 Bandeirante (civil e militar), o jato de treinamento avançado EMB-326GB AT-26 Xavante (licenciado da italiana Aermacchi) e o avião agrícola EMB-202 Ipanema. Esses modelos atenderam consistentemente aos mercados militar, comercial e agrícola, gerando receitas significativas e estabelecendo a Embraer como um player competitivo na indústria aeronáutica. Na década de 1970, a crise do petróleo tornou as aeronaves a jato menos atrativas devido ao alto consumo de combustível, criando uma oportunidade para aeronaves turboélice pressurizadas, que combinavam economia, conforto e desempenho em maiores altitudes. A Embraer S/A identificou esse nicho como estratégico e, apesar dos riscos financeiros, iniciou estudos para o desenvolvimento da família nacional 12X, focada em aeronaves turboélice pressurizadas. Esse programa visava diversificar o portfólio da empresa, atendendo à crescente demanda por transporte executivo e regional, e posicionando a Embraer como uma inovadora no mercado global.
Com o objetivo primordial de melhorar os custos de desenvolvimento e produção, foi estabelecido que todos os modelos da nova família de bimotores deveriam compartilhar elementos estruturais fundamentais, incluindo fuselagem, cabine, leme, seção de asa e uma asa aerodinâmica supercrítica, projetada para reduzir a resistência ao ar e aumentar a eficiência aerodinâmica. As distinções entre as aeronaves do Projeto 12X foram definidas pela potência dos motores e pela inclusão de acréscimos adicionais na cabine, possibilitando diferentes capacidades dos passageiros. Essas partes do projeto visavam criar uma aeronave capaz de operar em altitudes mais elevadas, com desempenho aprimorado e menor consumo de combustível, resultando em uma relação custo-benefício altamente atrativa para o mercado-alvo. O conceito inicial foi baseado na plataforma do bem-sucedido bimotor de transporte regional EMB-110 Bandeirante, sendo desdobrado em três modelos, batizados com nomes de tribos indígenas brasileiras: o EMB-121 Xingu, com capacidade para até nove passageiros; o EMB-123 Tapajós, projetado para até 12 passageiros; e o EMB-120 Araguaia, concebido para transportar até 24 passageiros. Com essa estrutura definida, foram iniciados os estudos de soluções. Contudo, o projeto da EMB-123 Tapajós foi rapidamente descartado. Embora o EMB-120 Araguaia apresente potencial, seu desenvolvimento exigiu investimentos significativos, resultando em uma aeronave com capacidades que não se diferenciavam, auxiliando as variantes intermediárias do EMB-110 Bandeirante, que estavam em fase de projeto na mesma época. Dessa forma, considerando a melhor relação entre investimento e retorno, optou-se por concentrar os esforços no modelo de menor porte, o EMB-121 Xingu, nomeado em homenagem a um dos mais importantes rios brasileiros. Destinado ao mercado de transporte executivo, o EMB-121 Xingu foi projetado para transportar até oito passageiros e marcou a história como a primeira aeronave pressurizada projetada e construída no Brasil. Essa característica permitiu-lhe operar a uma altitude de 28 mil pés, acima de formações de nuvens e perturbações atmosféricas, mantendo uma pressão interna equivalente a 8 mil pés. Tal configuração garantiu maior conforto aos passageiros, posicionando-o como uma solução inovadora no segmento de aviação executiva. Além da introdução da pressurização da cabine, o EMB-121 Xingu trouxe outros avanços tecnológicos inovadores para o setor aeronáutico brasileiro, como a adoção da cauda na configuração “T”. Nesse arranjo, o estabilizador horizontal estava posicionado no topo do estabilizador vertical, uma solução que evitava a interferência do fluxo das hélices sobre o estabilizador horizontal, causando vibrações e ruídos.  

Esse design também conferia ao EMB-121 Xingu uma estética diferenciada, com um nariz alongado que remetia aos jatos executivos. Adicionalmente, a aeronave se destacou pelo baixo consumo de combustível, equivalente a cerca de um quarto do exigido por aeronaves similares equipadas com motores a jato. Outro atributo notável foi sua capacidade de operar em pistas curtas, herdando as características de pouso e decolagem do EMB-110 Bandeirante – otimizado para pistas de pequeno porte , mas com uma velocidade de cruzeiro superior à de seu antecessor. A construção do primeiro protótipo do EMB-121 Xingu teve início em janeiro de 1976, e ao ser concluído receberia a matrícula PP-ZXI. Esta aeronave equipada com dois motores Pratt & Whitney PT6A-28 de 680 shp cada, alçaria voo em , em 22 de outubro do mesmo ano em 22 de outubro de 1976, na sede da Embraer, em São José dos Campos, São Paulo. Pilotado pelo Major Mariotto Ferreira e pelo Engenheiro Michel Cury, o voo inaugural foi realizado sem o sistema de pressurização ativado, marcando um marco significativo no programa 12X, que visava desenvolver uma família de aeronaves turboélice pressurizadas. A apresentação oficial do protótipo ocorreu semanas depois, em 4 de dezembro, na sede da Embraer, em São José dos Campos, perante autoridades, imprensa e entusiastas, consolidando o avanço da indústria aeronáutica brasileira. Em maio de 1977, o EMB-121 Xingu realizou com sucesso seu primeiro voo com o sistema de pressurização em funcionamento.  Como estratégia de marketing para promover o EMB-121 Xingu no mercado internacional, a Embraer S/A cedeu o protótipo (PP-ZCT) em regime de comodato à equipe de Fórmula 1 Copersucar-Fittipaldi, liderada pelos irmãos Wilson e Emerson Fittipaldi. Fundada em 1974 com patrocínio da cooperativa brasileira de açúcar e álcool Copersucar, a equipe era a única escuderia totalmente brasileira na Fórmula 1, com base inicial em São Paulo, próxima ao autódromo de Interlagos. Em 26 de maio de 1977, o EMB-121 Xingu tornou-se o primeiro avião de fabricação brasileira a cruzar o Oceano Atlântico, em um voo de São José dos Campos a Paris, para exibição no Salão Internacional de Le Bourget. Pilotado pelo Comandante Luiz Carlos Miguez Urbano e por Túlio Silviano Brandão, o Xingu, acompanhado por um EMB-110 Bandeirante (pintado nas cores da Air Littoral), fez escalas técnicas em Fernando de Noronha, Dakar (Senegal) e Sevilha (Espanha). O voo, concluído sem intercorrencias em seis horas e 45 minutos, foi 19 minutos mais rápido que o Bandeirante, beneficiado pela capacidade de voar a 28.000 pés, acima de turbulências, com pressurização que mantinha o conforto equivalente a 8.000 pés
Apesar das expectativas iniciais, o EMB-121 Xingu não alcançou o sucesso comercial projetado no mercado de transporte executivo. A partir de meados da década de 1970, o resfriamento da crise do petróleo, desencadeada em 1973, resultou na redução dos preços do combustível de aviação, diminuindo os custos operacionais de aeronaves a jato. Esse fator favoreceu o lançamento de novos jatos executivos de pequeno porte, como a família Cessna Citation, que capturou a preferência do mercado por oferecer maior velocidade e prestígio, atributos valorizados no segmento executivo. A concorrência também se intensificou com a redução de preços de turboélices concorrentes, como a família Beechcraft King Air, que dominava o mercado com modelos consolidados e maior capacidade de passageiros. Como resultado, poucas unidades do EMB-121 Xingu foram vendidas no mercado civil, colocando em risco o retorno do investimento realizado pela Embraer, que havia dedicado recursos significativos. A produção inicial do Xingu, iniciada após o voo inaugural do protótipo em 22 de outubro de 1976, enfrentou dificuldades para atrair operadores comerciais, limitando sua penetração no mercado executivo doméstico e internacional. A viabilidade econômica do EMB-121 Xingu foi assegurada por meio de um programa de compensação comercial (offset), vinculado à aquisição de helicópteros Aerospatiale AS350B Écureuil, produzidos pela subsidiária brasileira Helibras S/A, para a Força Aérea Brasileira (FAB) e a Aviação Naval da Marinha do Brasil. Nesse contexto, a Embraer negociou a venda de 43 unidades para o governo francês, superando concorrentes como o Beechcraft King Air e o Cessna 425. Essas aeronaves foram destinadas à formação de pilotos de aviões multimotores na Força Aérea Francesa (Armée de l’Air) e na Aviação Naval Francesa (Aéronavale), com entregas concluídas até o final de 1983. As unidades exportadas foram customizadas na linha de produção da Embraer, com aviônicos e sistemas de comunicação militar específicos, atendendo às exigências de treinamento das forças francesas. O Xingu provou ser uma escolha acertada, oferecendo confiabilidade, baixo custo operacional e capacidade de operar em pistas curtas, características que o tornaram ideal para missões de treinamento e ligação. Essas aeronaves permaneceram em serviço na França até o final de 2022, um testemunho de sua durabilidade e eficácia. Em 4 de setembro de 1981, a Embraer realizou o primeiro voo do EMB-121 Xingu II, uma versão aprimorada equipada com motores Pratt & Whitney PT6A-135 de 750 shp (560 kW), que proporcionavam melhor desempenho, incluindo maior velocidade de cruzeiro (cerca de 470 km/h) e eficiência em altitudes elevadas. Após a produção de 29 unidades do modelo original, o Xingu II tornou-se o padrão a partir de 1982, com a Embraer oferecendo um kit de atualização para operadores que desejassem modernizar suas aeronaves. Essa atualização reforçou a competitividade do Xingu, especialmente em mercados militares, onde sua robustez e versatilidade eram valorizadas. A produção do EMB-121 Xingu foi encerrada em maio de 1987, com um total de 106 células construídas, das quais 51 foram exportadas, incluindo as 43 unidades para a França e outras para operadores como a FAB.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
O transporte de autoridades (VIP – Very Important Person) no Brasil teve início em 1937, com a aquisição de quatro aeronaves Lockheed 12A UC-40 Electra Junior pela Aviação Militar do Exército Brasileiro. Essas aeronaves, bimotores leves com capacidade para seis passageiros, foram pioneiras em estabelecer uma doutrina de transporte VIP, atendendo a missões de ligação e transporte de altos oficiais em um contexto de modernização militar pré-Segunda Guerra Mundial. Com a criação da Força Aérea Brasileira (FAB) em 20 de janeiro de 1941, sob o Decreto-Lei nº 2.961, a responsabilidade por essas operações foi transferida para a recém-formada instituição. A FAB instituiu a Seção de Aviões de Comando, sediada no Rio de Janeiro, que passou a operar os Lockheed VC-66 e VC-60 Lodestar, bimotores mais robustos capazes de transportar até 18 passageiros. Esses vetores, adquiridos por meio do Lend-Lease Act durante a Segunda Guerra Mundial (1939–1945), consolidaram as bases da doutrina de transporte de autoridades, garantindo mobilidade para comandantes militares e autoridades governamentais em um país de dimensões continentais. Na década de 1950, os Douglas VC-47 Skytrain, derivados do C-47 militar, tornaram-se os principais meios para missões de transporte VIP, incluindo operações do Correio Aéreo Nacional (CAN) e apoio logístico em regiões remotas, como a Amazônia. Contudo, no início da década de 1960, a obsolescência dessas aeronaves, que acumulavam mais de duas décadas de uso intensivo, tornou-se evidente. A frota apresentava limitações em autonomia, confiabilidade e conforto, inadequadas para as crescentes demandas de transporte de autoridades em um Brasil em transformação. A transferência da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília, inaugurada em 21 de abril de 1960, ampliou significativamente as necessidades logísticas da FAB. Localizada no Centro-Oeste, Brasília exigia aeronaves com maior autonomia para conectar a nova capital às principais cidades brasileiras, como Rio de Janeiro, São Paulo e Recife, além de atender a missões de transporte VIP em rotas regionais e nacionais. A distância média de 1.000 km entre Brasília e as capitais costeiras, combinada com a infraestrutura aeroportuária limitada no interior, destacou a necessidade de aeronaves versáteis, capazes de operar em pistas curtas e não pavimentadas, comuns em regiões menos desenvolvidas do país. Nesse cenário, a FAB identificou a urgência de modernizar sua frota de transporte VIP. Em 1967, o “Plano de Modernização da Força Aérea Brasileira” foi lançado, com o objetivo de substituir os VC-47 e outros modelos obsoletos por aeronaves de nova geração, mais rápidas, confiáveis e adequadas às demandas do transporte de autoridades. O plano priorizou a aquisição de jatos executivos, que ofereciam maior velocidade e conforto, alinhando-se às necessidades de uma capital centralizada e às crescentes responsabilidades internacionais do Brasil.

O “Plano de Modernização” resultou na incorporação de dois modelos de jatos britânicos: o BAC-111 One Eleven e o Hawker Siddeley HS-125. O BAC-111, um jato bimotor com capacidade para até 89 passageiros, foi adotado pelo Grupo de Transporte Especial (GTE), sediado em Brasília, para substituir os Vickers-Armstrong V-742D/V-789D Viscount (VC-90) em viagens presidenciais. Operado a partir de 1968, o BAC-111, conhecido na FAB como VC-92, oferecia autonomia de cerca de 2.800 km e velocidade de cruzeiro de 870 km/h, permitindo voos diretos entre Brasília e as principais capitais brasileiras, além de rotas internacionais na América do Sul. Os Hawker Siddeley HS-125, designados VU-93 na Força Aérea Brasileira (FAB), foram introduzidos para missões regionais e de médio alcance, com capacidade para até oito passageiros e velocidade de cruzeiro de 800 km/h. Esses jatos executivos, adquiridos a partir de 1968, destacavam-se pela alta performance e confiabilidade, atendendo às necessidades de transporte de autoridades do alto escalão, como ministros e comandantes militares. Contudo, tanto o BAC-111 quanto o HS-125 apresentavam limitações significativas: sua incapacidade de operar em pistas curtas e não pavimentadas, comuns no interior do Brasil, restringia seu uso em regiões remotas, onde autoridades de segundo escalão frequentemente realizavam missões administrativas e de inspeção. A opção por aeronaves a jato para transporte especial para autoridades já havia sido testada anteriormente pelo Grupo de Transporte Especial (GTE) com os jatos franceses Morane-Saulnier MS.760 Paris, introduzidos na década de 1950. Esses jatos, com capacidade para quatro passageiros e autonomia de aproximadamente 1.500 km, apresentavam desafios operacionais significativos. A baixa autonomia limitava sua utilização em rotas mais longas, enquanto a complexidade de seus sistemas de navegação exigia a presença de um copiloto, reduzindo a capacidade de transporte de passageiros. Essas limitações reforçaram a necessidade de aeronaves mais versáteis, capazes de atender às demandas específicas do Brasil, com sua vasta extensão territorial e infraestrutura aeroportuária heterogênea. A solução derivaria para um bimotor turboélice, que além poder operar em aeroportos desprovidos de infraestrutura, poderia apresentar um menor custo operacional, sendo considerado inicialmente a família Beechcraft King Air. Nesse contexto, o início da produção em série do bimotor Embraer EMB-121 Xingu, em 1977, chamou a atenção do Comando da Aeronáutica (COMAER), que passou a avaliar o modelo como uma solução complementar para as missões de transporte VIP (Very Important Person). Um fator adicional que contribuiu para essa escolha foi o interesse do Ministério da Aeronáutica (MAer) em promover o desenvolvimento e as contribuições da indústria aeronáutica nacional, fortalecendo ainda mais os vínculos com a Embraer S/A. 
Nesse cenário, foram iniciadas negociações entre as partes com o objetivo de adquirir um pequeno lote dessas aeronaves, destinado a equipar o Grupo de Transporte Especial (GTE), sediado em Brasília. Em maio de 1978, esse processo foi aprovado na assinatura de um contrato para o fornecimento de seis unidades do modelo EMB-121A Xingu, diretamente da fábrica, ajustados especialmente para o transporte de até oito passageiros em padrão de luxo em termos de acabamento. Essas aeronaves foram equipadas com uma suíte eletrônica avançada, projetada para navegação por instrumentos, que incluía sistemas como ADF Collins 650D, NAV/COM Bendix King KX-165, piloto automático Century III, VOR com ILS e transponder Modo "C". Esse conjunto foi complementado pelo confiável radar monocromático RDR-2100 Bendix-King. Quanto à motorização, as unidades contavam com dois motores Pratt & Whitney PT-6A-28, cada um com 680 SHP, os mesmos usados ​​no Embraer EMB-111 P-95 Bandeirante Patrulha, o que otimizava a cadeia logística de peças e promovia a uma consequente redução de custos junto a  Força Aérea Brasileira (FAB). Após a entrega, as aeronaves receberam a designação oficial de VU-9 Xingu e foram registradas com as matrículas FAB 2650 a FAB 2655, adotando o esquema de pintura padrão das aeronaves de transporte da Força Aérea Brasileira (FAB). O treinamento das tripulações foi realizado nas instalações da Embraer, em São José dos Campos, no interior de São Paulo. Concluído esse processo, as aeronaves foram transladadas por seus tripulantes para a Base Aérea de Brasília, localizadas em um anexo ao Aeroporto Internacional da capital federal. Curiosamente, embora tenham sido adquiridos com o objetivo de atender às missões de transporte executivo no âmbito do Grupo de Transporte Especial (GTE), as aeronaves Embraer VU-9 Xingu foram designadas para operar junto ao 6º Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA) – Esquadrão Guará, unidade subordinada ao 6º Comando Aéreo Regional (COMAR VI).  Após sua incorporação, essas aeronaves passaram a realizar missões de transporte VIP (Pessoa Muito Importante) em resposta às demandas do GTE. Partindo de sua base em Brasília, os VU-9 foram deslocados para diversas localidades no interior do país, com foco principal no transporte de funcionários federais de segundo escalonamento. Além disso, foram empregados em missões de ligação entre comandantes militares, socorro médico aéreo e transporte de órgãos para transplantes. Durante essa fase inicial, as aeronaves aumentaram os índices de disponibilidade, recebendo elogios tanto dos operadores quanto dos passageiros. 

Apesar de seu sucesso em aplicações militares, o Xingu enfrentou desafios no mercado civil devido ao resfriamento da crise do petróleo e à concorrência de jatos executivos, como a família Cessna Citation, e turboélices consolidados, como o Beechcraft King Air. Para manter a competitividade e atender às demandas de operadores existentes, a Embraer lançou, no final de 1981, uma versão aprimorada do modelo, designada EMB-121A Xingu II, que trouxe avanços significativos em desempenho e eficiência. O EMB-121A Xingu II foi introduzido com a substituição dos motores originais PT6A-28 pelos mais potentes Pratt & Whitney PT6A-34, cada um com 750 shp (560 kW), os mesmos utilizados nas variantes C-95C Bandeirante e P-95B Bandeirulha da Força Aérea Brasileira (FAB). Esses motores, combinados com as novas hélices quadripás Hartzell HC-B4TN-3C/T9212B, proporcionavam melhor aproveitamento de potência, maior velocidade de cruzeiro (aproximadamente 470 km/h contra 450 km/h do modelo original) e desempenho aprimorado em altitudes elevadas. A adoção dos motores PT6A-34 também trouxe benefícios logísticos, pois sua utilização em outras aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) otimizava a manutenção, reduzindo custos com peças de reposição e treinamento de mecânicos. Além das melhorias na motorização, o Xingu II incorporou atualizações nos sistemas de comunicação e aviônica, com painéis mais modernos e equipamentos de navegação compatíveis com os padrões militares e civis da época. A Embraer ofereceu essas melhorias não apenas nas novas unidades produzidas, mas também como um kit de atualização, permitindo que operadores do Xingu original convertessem suas aeronaves para o padrão Xingu II. Essa abordagem flexível reforçou a atratividade do modelo, especialmente para forças armadas que valorizavam a longevidade e a versatilidade de suas frotas. A Força Aérea Brasileira (FAB), que operava o EMB-121 Xingu desde 1978 para missões de transporte de autoridades, reconheceu o potencial do Xingu II para modernizar sua frota. Em 1982, a FAB conduziu voos de avaliação com uma célula do Xingu II, testando seu desempenho em missões de transporte VIP, que exigiam alta confiabilidade, autonomia de cerca de 2.300 km, e capacidade de operar em pistas curtas, comuns no interior do Brasil. Os resultados foram altamente satisfatórios, destacando a superioridade do Xingu II em velocidade, eficiência de combustível e conforto em comparação com o modelo original. Em abril de 1983, a FAB assinou um contrato com a Embraer para a aquisição de seis kits de atualização para converter suas aeronaves VU-9 ao padrão Xingu II. O programa de modernização foi executado no Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMA-AF), no Rio de Janeiro, um centro de manutenção referência da FAB. Além da instalação dos novos motores PT6A-34 e hélices Hartzell, todas as células passaram por uma revisão estrutural completa, garantindo a integridade da fuselagem, asas e sistemas pressurizados. As atualizações em aviônica incluíram novos sistemas de comunicação militar e instrumentos de navegação, alinhando o Xingu II às exigências operacionais
Ao longo de seus 32 anos de serviço na FAB (1978–2010), o Xingu foi operado principalmente pelo 6º Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA – Esquadrão Guará), com base em Brasília, e pelo GTE, desempenhando missões críticas de transporte VIP em rotas nacionais e regionais, incluindo aeródromos com infraestrutura limitada. Apesar de sua confiabilidade, o Xingu enfrentou um único acidente significativo, que marcou sua história operacional. Em maio de 1987, durante um translado de duas células VU-9 Xingu entre o Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMA-AF), no Rio de Janeiro, e a Base Aérea de Brasília, ocorreu o único acidente registrado na história operacional da aeronave na Força Aérea Brasileira (FAB). Devido a condições climáticas adversas em Brasília, caracterizadas por baixa visibilidade e chuvas intensas, as aeronaves foram redirecionadas para a Base Aérea de Anápolis, em Goiás, a cerca de 150 km da capital federal. Contudo, as condições meteorológicas em Anápolis também se mostraram desfavoráveis, com nevoeiro e visibilidade reduzida, comprometendo a segurança do pouso. Com a autonomia das aeronaves atingindo o limite mínimo, a tripulação optou por realizar o pouso utilizando o sistema de Radar de Aproximação de Precisão (PAR), que permite guiar a aeronave em condições de baixa visibilidade. Infelizmente, o VU-9 Xingu, registrado sob a matrícula FAB 2655, colidiu com o solo antes de alcançar a cabeceira da pista, em um incidente atribuído às condições adversas e à complexidade da aproximação. Não houve vítimas fatais, mas a célula sofreu danos estruturais irreparáveis, sendo declarada perda total após avaliação técnica. Para recompor a frota, o Ministério da Aeronáutica (MAer) formalizou, em julho de 1987, a aquisição de uma nova aeronave diretamente da Embraer S/A , registrada como FAB 2656. Essa substituição permitiu ao 6º ETA e ao GTE retomarem as operações com a frota completa, mantendo os padrões de segurança exigidos para missões de transporte VIP. A partir de 2004, a introdução do Embraer EMB-135 Legacy 500, designado VC-99C, marcou o início da substituição dos jatos executivos Gates Learjet VU-35, operados pelo GTE desde a década de 1970. O Legacy 500, com maior autonomia (cerca de 6.000 km), velocidade de cruzeiro de 870 km/h, e capacidade para até 12 passageiros, oferecia desempenho superior para missões de longo alcance, como voos internacionais e rotas entre Brasília e capitais distantes. As aeronaves VU-35 Learjet, ainda em excelente estado de conservação e com muitas horas de voo disponíveis, foram transferidas para outras unidades da FAB, incluindo o 1º/6º Grupo de Aviação (Esquadrão Carcará) e o 6º ETA (Esquadrão Guará). No 6º ETA, os Learjets começaram a substituir gradualmente os VU-9 Xingu, cuja frota, no início dos anos 2000, contava com apenas cinco células em condições de voo. O processo de retirada de serviço do Xingu estendeu-se até 2010, quando a última aeronave, registrada como FAB 2654, realizou seu voo final e foi transferida para o Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, onde foi incorporada ao acervo do Museu Aeroespacial (MUSAL). As demais células, armazenadas no PAMA-AF, passaram por revisão e desmilitarização, sendo posteriormente alienadas para o mercado civil e adquiridas por empresas de transporte aéreo regionais.

Em Escala.
Para representarmos o Embraer EMB121 VU-9 Xingu "FAB 2651", fizemos uso do kit em resina do fabricante Duarte Models na escala 1/72, modelo que prima pela qualidade do material utilizado. Por ser desenvolvimento especialmente para a versão empregada pela Força Aérea Brasileira (FAB), não há a necessidade de se promover mudanças no modelo, podendo ser montado diretamente da caixa. Empregamos decais originais confeccionados pela FCM Decals presentes no modelo.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura que passou a ser adotado em todas as aeronaves do Grupo de Transporte Especial a partir de 1985, espelhando o mesmo esquema aplicado nos C-97 Brasília. Apesar das aeronaves pertencerem ao 6º  Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA) os Embraer VU-9 Xingu por serem destinados a missões de transporte  especial VIP empregaram o mesmo padrão do  Grupo de Transporte Especial (GTE).


Bibliografia :
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 / 2015 - Jackson Flores Jr
- Centro Histórico da Embraer http://www.centrohistoricoembraer.com.br
- História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html

Dassault Mirage 2000B RDI



História e Desenvolvimento.
Desde meados da década de 1960 o caça interceptador Marcel Dassault Mirage IIIE representava o sustentáculo Força Aérea Francesa (Armée de l'Air ) na realização de missões de primeira linha, sendo crucias também na missão de repelir prováveis ataques de bombardeiros soviéticos a seu território.  No entanto o rápido evoluir da tecnologia aeronáutica acelerada pela intensificação da Guerra Fria entre as potências ocidentais e orientais, relegaria rapidamente este vetor a obsolescência. Assim o governo francês imbuído na preocupação que este cenario trazia a tona, decidiu derivar por opções diversas de atuação, entre muitas o "Programa ACF -  Avion de Combat Futur" (Avião de Combate do Futuro), um conceito de avançada aeronave multifuncional esta que abordava a configuração com asas em de geometria variável. Este programa fora erigido para que esta se tornasse a médio prazo a aeronave padrão de caça e ataque frances, no entanto os altos custo de desenvolvimento deste projeto levariam ao seu cancelamento no ano de 1972. Neste mesmo período a Marcel Dassault Aviatiom focava todos seus esforços na exportação do seu caça tático Dassault Mirage F1, porém seu desempenho nem de longe se assemelhava ao êxito comercial obtido pela família Dassault Mirage III. Neste contexto seu principal rival passava a ser representado pelo caça norte-americano General Dynamics F-16 Fighting Falcon, que frequentemente derrotava o Dassault Mirage F1 nas concorrências internacionais.  Estes reveses motivaram a direção  a empresa a buscar o desenvolvimento de uma nova aeronave que apesar de objetivar ser um vetor multimissão, ao contrário do programa  ACF deveria apresentar um moderado custo de desenvolvimento e uma excelente relação custo benefício em termos operacionais, para assim substituir na Força Aérea Francesa (Armée de l'Air ), as aeronaves de combate Mirage IIIC e Mirage IIIE , Breguet - BAC Spect Jaguar e  Dassault Mirage F1.

Nascia assim o programa do "Mirage 2000", sendo iniciado um projeto secundário chamado provisoriamente de "Delta 1000" no ano de 1972, período em que a empresa focava seus recursos no programa ACF,  e com cancelamento deste os olhares se voltaram para o projeto “Dov Delta 1000". Visando reduzir os custos do desenvolvimento muito das soluções criadas para o programa “Avião de Combate do Futuro – ACF” seriam incorporados a esta nova aeronave, entre estes o excelente motor SENECMA M53 e slats em todo o bordo de ataque, os quais eram autuados automaticamente através do “software” de controle de voo (sistema Fly By Wire).  A retomada do formato da asa em delta, apresentava algumas vantagens em relação ao sistema de geometria variável, como maior de construção, menor assinatura de radar e melhor capacidade de armazenamento de combustível, porém este perfil exigia uma velocidade mais alta de aterrisagem, distância maior de decolagem e aterrisagem e baixa manobrabilidade a baixa altura. Estas deficiências seriam resolvidas com a incorporação do conceito de instabilidade dinâmica no Dassault Mirage 2000, movendo o centro de pressão para traz do centro de gravidade da aeronave. Com isso, melhorou se a manobrabilidade e reduziu se a distância de decolagem; já a distância de aterrissagem foi reduzida utilizando se um sistema de freios a base de fibra de carbono. Este modelo estava dotado de um sistema de “fly by wire” redundante e o piloto a controla usando o sistema “hands on throttle and stick (HOTAS), com a qual maioria dos sistemas de aeronave são ativados através de botões instalados no manche e no manete de potência do motor.
O primeiro protótipo voou em 10 de março de 1978, apenas 27 meses após do programa ter sido autorizado pelo governo francês e foi oficialmente apresentado ao público no Farnborough Air Show em setembro do mesmo ano. O segundo protótipo voou em outubro, e o terceiro em abril de 1979, após um amplo programa de ensaios em voo foi celebrado um primeiro contrato envolvendo trinta e sete células, com o primeiro exemplar de produção sendo entregue em novembro de 1982, com os primeiros caças interceptadores Dassault Mirage 2000C declarados operacionais em 1984. Estas primeiras aeronaves estavam equipadas com o radar Thomson CSF RDM (Radar Doppler Multifuncion), e foram construídos nos padrões S1 a S3 (este último permite o lançamento de misseis ar ar guiados por radar Matra Super R-350F). O próximo contrato abrangia a produção oitenta e sete  aeronaves configuradas nos padrões S4 a S5 recebendo o radar Thomson CSF RDI (Radar Doppler Impulse), as células entregues a partir de 1987 passara a contar com uma melhor capacidade “look-down”, com a adoção deste novo radar introduziu se também o emprego de misseis ar ar guiados por radar Matra Super R-350D de maior alcance. Nesta variante o armamento utilizado para combate ar ar é composto de um par de canhões DEFA 554 de 30 mm (com 125 cartuchos cada), dois mísseis ar ar com guiagem infravermelho Matra Magic 2, além de dois misseis Super R-530F/D. Em missões de ataque ao solo a aeronave pode ser equipada com bombas convencionais de queda livre e guiadas a laser e foguetes não guiados; com a designação dos alvos podendo ser feita através de um pod  especial ou por outra aeronave especializada nesta tarefa.

Paralelamente ao processo de ensaios em voo realizado com o primeiro protótipo no ano de 1978, a equipe de projetos da Dassault Aviation trabalhava no desenvolvimento de uma versão de treinamento, equipada com dois assentos que estavam posicionados em tanden para ser empregado no processo de conversão dos pilotos. Seguindo o mesmo conceito de projeto do Mirage IIID, esta nova aeronave receberia um extensão de fuselagem na ordem de vinte e dois centímetros, visando assim fornecer o espaço para a acomodação de um segundo assento que seria destinado ao instrutor. O primeiro protótipo designado como Dassault Mirage 2000B realizaria seu primeiro voo no dia 11 de outubro de 1980, com esta aeronave já estando equipada com a motorização final escolhida para a versão Mirage 2000C, o motor turbo jato Snecma M53-5. Divergindo do conceito de seu antecessor o fabricante francês optou por manter na versão biplace capacidade de combate do modelo monoplace, mantendo o radar Thomson CSF, seus canhões DEFA 554 de 30 mm (com 125 cartuchos cada) e a possibilidade de operar com dois dois mísseis ar ar com guiagem infravermelho Matra Magic 2, além de dois misseis Super R-530F/D. Em missões de ataque ao solo, o novo Mirage 2000B podia ser equipado com bombas convencionais de queda livre, foguetes de 70 mm e bombas inteligentes guiadas a laser, com a designação dos alvos podendo ser feita através de um pod ou por outra aeronave. A partir da versão de treinamento e conversão surgiria a variante destinada a missões de ataque nuclear tático foi desenvolvida, recebendo a designação de Mirage 2000N e estava destinada a transportar o míssil nuclear stand-off Air-Sol Moyenne Portée (ASMP). O programa de ensaios em voo teve início em 3 de fevereiro de 1983, e durante um primeiro voo de 65 minutos a aeronave atingiu uma velocidade de Mach 1,5, mais um protótipo foi completado se juntando ao programa em 1984. 
Um total de trinta células da versão Dassault Mirage 2000B seriam produzidas até o ano de 1988, e passaram a ser distribuídas as unidades de caça da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air), entrando em serviço ativo no início de 1984. A base deste modelo iria servir para a criação de duas versões de ataque, sendo uma destinada a missões de ataque nuclear tático, recebendo a designação de Mirage 2000N, estando apta a transportar e lançar o míssil nuclear stand-off Air-Sol Moyenne Portée (ASMP), modelo este que passou a operar entre 1988 e 1991, se mantendo em operação até 2008, quando da entrada de versão similar do Dassault Rafale. A segunda versão de ataque convencional denominada Dassault Mirage 2000D voou pela primeira vez em 19 de fevereiro de 1991, e após validação um contrato foi firmado para a produção de setenta e cinco células do Dassault Mirage 2000N e oitenta e seis Dassault Mirage 2000D, com as primeiras unidades deste último modelo passando a ser entregues em 31 de março de 1993, com sua entrada em serviço operacional ocorrendo em abril de 1995. Quanto a versão de conversão a Armée de l'Air (Força Aérea Francesa) optou por concentrar as células remanescentes na Base Aérea de 155 Orange-Caritat em Vauclus, melhorando assim o processo de formação dos novos pilotos , reduzindo inclusive os custos neste processo.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Desde o início da década de 1990 a Força Aérea Brasileira tinha plena consciência que a vida útil da frota de aviões Dassault Mirage IIIEBR e IIIDBR e  Northrop F-5E e F-5F Tiger II se aproximavam do fim. Os interceptadores franceses deveriam sair de operação entre os anos  de 2004 e 2005, já os caças norte-americanos entre os anos de 2007 e 2010. Desta maneira em fins de 1991, seriam iniciados os planos para substituí-los com a criação do "Programa FX BR" que fazia parte do Plano Fênix, um ambicioso programa de renovação dos meios da Força Aérea Brasileira (FAB). O objetivo inicial era equipar os atuais esquadrões de caça de primeira linha com uma nova aeronave supersônica, com um número total que poderia chegar a mais de cem aeronaves, para substituir de uma vez só todas as aeronaves em operação junto 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA) – Esquadrão Jaguar, 1º/1º Grupo de Aviação Caça – Esquadrão Jambock, 2º/1º Grupo de Aviação Caça – Esquadrão Pif Paf e 1º/14º Grupo e Aviação – Esquadrão Pampa. Cada esquadrão seria composto de doze a dezesseis aeronaves, devendo ser criados ainda, novos grupos de combate como o 2º Grupo de Defesa Aérea. Os estudos e análises das propostas transcorreram normalmente, porém o cenário político no pais levaria a sucessivos atrasos na escolha do novo vetor, o que levaria a estudos de processos alternativos como o programa de modernização dos Northrop F-5E e F-5F Tiger II. Porém decidiu-se não replicar esta solução a frota de interceptadores Dassault Mirage IIIEBR F-103E, em função da obsolescência das células que já estavam em serviço há mais de trinta anos e estavam próximos ao limiar da vida útil estrutural das células. Alternativas para a aquisição de um caça tampão seriam estudadas, como propostas de leasing de doze caças Kfir C-10 israelenses, aluguel de doze caças russos Sukhoi Su-27SK  ou ainda a compra de dezoito caças usados norte-americanos  General Dynamics F-16 Fighting Falcon usados da Força Aérea Holandesa (RNLAF). No entanto infelizmente por diversos motivos estas propostas não passariam das fases preliminares de estudo.

O programa de aquisição de novas aeronaves de caça só seria retomado no ano de 2003, recebendo a designação de FX2-BR. Diversas propostas atualizadas seriam recebidas, com as análises sendo totalmente reiniciadas, e o cronograma previa a definição do vencedor prevista para março de 2004, mediante decisão em sessão específica do Conselho de Defesa Nacional (CDN). Porém o passar dos anos agravava ainda mais a situação operacional da combalida frota de interceptadores Dassault Mirage IIIEBR e IIIDBR - F-103E/D, e este consequente adiamento geraria um atraso de no mínimo cinco anos entre a escolha do vencedor e as primeiras entregas, o que seria inadmissível, pois deixaria a defesa aérea desfalcada por um período muito extenso. Visando amenizar esta problemática o comando da Força Aérea Brasileira (FAB) retomaria estudos com o intuito de se buscar uma solução temporária, optando por uma aquisição ou aluguel de novos vetores de caça. Novamente possíveis opções seriam analisadas, incluindo uma nova proposta oferecida pela empresa francesa Dassault Aviaton, que participava da concorrência do programa "FX2" com seu caça multimissão Rafale C. Esta proposta consistia na venda de dez células da versão Mirage 2000C e duas da versão biplace Mirage 2000B, aeronaves estas que ainda se encontravam em operação nos esquadrões operacionais da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air). Como esta solução apresentava uma excelente relação de custo-benefício, com estas condições sendo teoricamente subsidiadas pela Dassault Aviation que mantinha grande interesse na concorrência brasileira. Desta maneira o Ministro da Defesa validaria a proposta, levando em 12 de julho de 2003 na cidade de Paris a assinatura de um contrato de aquisição entre os presidentes Luis Inácio Lula da Silva e Jacques Chirac.
Este contrato avaliado no valor de oitenta milhões de Euros (de acordo com o Decreto nº 5.625, de 22 de dezembro de 2005), previa a transferência de doze caças Dassault Mirage 2000 (dez “C” e dois “B”), provenientes de unidades de primeira linha de combate da Força Aérea Francesa (Armée de l’Air), treinamento operacional e suporte técnico. Uma comissão formada por oficiais da Força Aérea Brasileira, seria enviada a França para proceder a escolhas das células em melhor estado de conservação. Desta maneira seriam destacas dez aeronaves da versão Mirage 2000C, fabricadas no ano de 1984, equipadas com os motores turbo jatos SNECMA M53-5 com 8.998 Kg de empuxo, radar RDI Thales S 5.2 C Pulse Doppler com capacidade llok down/shoot down, sistema de alerta de radar RWR Serval e lançadores de chaffs - flares Eclair.  Juntamente com um amplo suprimento de peças de reposição foram adquiridos um pacote de um pacote de armamentos composto por misseis ar ar BVR Matra Super 530D, misseis Matra Magic 2, cartuchos de munição de calibre 30 mm, chaffs e flares, também foram fornecidos tanques suplementares de combustível ventrais de 1.300 litros e 2.000 litros (fixados nos pontos internos de cada asa). Desta maneira foram selecionados pilotos e mecânicos brasileiros a fim de serem enviados a França para treinamento e conversão para o novo vetor na base aérea da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) de Orange no interior do pais. Após este processo definiu-se um cronograma com as entregas e transladados sendo feitas por pilotos do 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA) em três lotes distintos de quatro aeronaves cada, sendo os primeiros entregues em 2006, outros quatro em 2007 e os últimos em 2008.

As aeronaves foram declaradas operacionais já no ano de 2006, substituindo os jatos de treinamento avançado Embraer AT-26 Xavante que se encontravam provisoriamente em uso junto ao 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA) desde dezembro de 2005, quando os últimos F-103E IIIEBR Mirage foram desativados.  Apesar de ser um modelo de terceira geração com tecnologia da segunda metade da década de 1980, o Mirage 2000C era muito superior a seu antecessor F-103E IIIEBR Mirage, tanto em termos de desempenho operacional e eletrônica embarcada, sendo ainda a primeira aeronave de combate da Força Aérea Brasileira (FAB) a dispor de sistemas de controle por computador das superfícies móveis de um avião “Fly By Wire”. Todos estes avanços aliados a capacidade de combate "além do alcance visual" BVR (Before Visual Range), com os misseis Matra Super 530D possibilitaram as equipagens do 1º GDA (Grupo de Defesa Aérea)  uma significativa evolução na doutrina operacional, não só da unidade, mas também de toda a Força Aérea Brasileira (FAB) pois possibilitou a realização de treinamentos de combate dissimilar BVR, contra as aeronaves  Northrop F-5EM Tiger II, proporcionando embates entre aeronaves de diferentes parâmetros de desempenho. Vale salientar também que os misseis ar ar de curto alcance Magic 2 apresentavam performance muito superior ao Rafael Python 3 que equipavam o Dassault F-103E Mirage e Northrop F-5E Tiger II, trazendo a tona uma dificuldade maior no enfrentamento, melhorando a capacitação técnica nos treinamentos. Em sua curta carreira na Força Aérea Brasileira, os agora designados como Dassault F-2000C Mirage tiveram destacada participação em inúmeros exercícios multinacionais de defesa, entre eles CRUZEX 2006.
Apesar de recebidos a partir de 2006, estas aeronaves tinham tempo definido de operação na Força Aérea Brasileira (FAB), compreendendo seu uso até fins de 2013 (pois quando adquiridas da Força Aérea Francesa- Armée de l'Air, estavam no limiar de sua vida útil contando com somente mais 1.000 horas de voo por célula). Análises preliminares efetuadas se mostrariam completamente desfavoráveis a qualquer processo de retrofit das aeronaves ou modernização, com base nestes dados decidiu se pela desativação do modelo em 31 de dezembro de 2013. Como as primeiras células do modelo SAAB Gripen NG F-39E (vencedor do processo FX-2), seriam somente entregues a partir do ano de 2022, sendo que novamente o 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA) passou a ser equipado provisoriamente com aeronaves tampão, agora os Northrop F-5EM Tiger II modernizados. Em 2013 apenas seis aeronaves F-2000C/B Mirage estavam em operação, sendo as demais desmontadas para servir com fonte de peças de reposição. O último voo foi realizado em 20 de dezembro de 2013 quando o F-2000C Mirage FAB 4948 , partiu da base aérea de Anápolis, em Goiás, às 10h42, com destino ao Museu Aerospacial (MUSAL) no Rio de Janeiro, onde passaria a fazer parte do acervo daquela organização.

Em Escala.
Para representarmos o F-2000B "FAB 4933" fizemos uso do kit do fabricante Airfix na escala 1/48, apesar de nos depararmos com um nível de detalhamento equivalente aos modelos atuais da Italeri, a qualidade de plástico injetado deixou a desejar apresentando um grande número de peças empenadas e quebradiças. Empregamos decais confeccionados pela FCM Decais presentes no recente Set 48/40.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático empregado pelas aeronaves francesas, apesar de receberam as marcações e matriculas nacionais na França, os Mirage F-2000B mantiveram os estêncis orientativos em francês até sua desativação em 31 de dezembro de 2013.


Bibliografia :

- Mirage 2000 Mudança de Vetores, Marcelo Mendonça - Revista Força Aérea Nº 40
- Anápolis a Toca dos Jaguares, Luciano R Melo – Revista Força Aérea Nº 61
- História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html

McDonnel Douglas A-4KU AF-1A

História e Desenvolvimento. 
No início da década de 1950, as aeronaves a reação começaram a substituir os caças e aeronaves de ataque equipados com motores a pistão nas forças aéreas das principais potencias militares, tendência também enfatizada pelo comando da aviação naval da  Marinha dos Estados Unidos (US Navy). Nesse período, a força naval norte-americana contava com dezenas de porta-aviões de médio e pequeno porte, enquanto projetos para a construção de porta-aviões de grande porte já estavam em andamento, que apresentariam capacidade para operar aeronaves de grande porte. Nesse contexto, o comando da aviação naval lançou uma concorrência para o desenvolvimento de uma nova aeronave de ataque de pequeno porte, destinada a operações embarcadas que pudesse equipar seus navios aeródromos de pequeno e médio porte. Os requisitos estabelecidos para o projeto incluíam: raio de ação mínimo de 555 km, velocidade máxima de até 805 km/h, peso máximo de 13.600 kg e capacidade de transportar até 1.908 kg de carga útil, convencional ou nuclear. Além disso, a aeronave deveria apresentar baixo custo de aquisição e operação, com o objetivo de substituir os monomotores a pistão Douglas A-1 Skyraider nas missões de ataque. Em janeiro de 1952, a Douglas Aircraft Company apresentou sua proposta, desenvolvida sob a liderança do renomado engenheiro-chefe Edward Henry Heinemann. O projeto consistia em uma aeronave compacta, projetada para operar em porta-aviões de médio e pequeno porte. Com peso de apenas 5.440 kg — metade do especificado —, a aeronave alcançava uma velocidade máxima de 950 km/h e podia transportar uma carga útil de 2.250 kg, incluindo variada gama armamentos, inclusive nucleares. Sua área alar, de apenas 8,38 m², eliminava a necessidade de asas dobráveis para armazenamento em porta-aviões, reduzindo a complexidade de sistemas hidráulicos e elétricos e barateando o custo de manutenção. O primeiro protótipo, equipado com o motor turbojato Curtiss-Wright J65, realizou seu voo inaugural em 22 de junho de 1954, na Base da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) em Edwards, Califórnia. Após um programa inicial de ensaios em voo bem-sucedidos, foi assinado um contrato para a produção de 18 aeronaves de pré-série, designadas YA4D-1, que foram destinadas ao desenvolvimento final do projeto. Concluída essa etapa, celebrou-se um contrato para a aquisição de 500 aeronaves, ao custo unitário de US$ 860.000, valor inferior ao teto estipulado originalmente na concorrência, de US$ 1.000.000.

A primeira versão de produção da aeronave, designada A-4A Skyhawk, era equipada com dois canhões Colt Mk 12 de 20 mm, com capacidade para 100 disparos por arma. A aeronave podia ser configurada com uma ampla variedade de armamentos, incluindo bombas de queda livre, foguetes não guiados, mísseis ar-terra e ar-ar, além de uma bomba termonuclear de pequeno porte. As unidades iniciais foram destinadas aos esquadrões aeronavais VA-72 e VMA-224 da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), com o objetivo de facilitar a adaptação e a conversão dos pilotos para a nova aeronave. Após a conclusão desse processo, as aeronaves foram alocadas diretamente às unidades embarcadas em porta-aviões de pequeno porte, equipando esquadrões de ataque leve. Essa integração conferiu a esses navios uma capacidade de ataque até então inexistente, uma vez que não podiam operar aeronaves de maior porte, como o McDonnell Douglas F-4 Phantom II ou o Vought F-8 Crusader. As primeiras missões dos A-4A Skyhawk concentraram-se na proteção aérea de aeronaves de guerra antissubmarino (ASW) baseadas em porta-aviões médios da classe Essex. As versões A-4A e A-4B não possuíam sistema de radar, sendo direcionadas aos alvos por meio de vetoração realizada a partir de navios da frota ou por aeronaves de alerta aéreo antecipado Grumman E-1 Tracer AEW. O A-4 Skyhawk também foi pioneiro na implementação de um sistema de reabastecimento aéreo tático, reduzindo a dependência de aviões-tanque dedicados de grande porte. Nesse sistema, uma aeronave A-4B configurada para reabastecimento, equipada com um “buddy store” — um tanque externo de combustível com um carretel de mangueira e uma caçamba de reabastecimento extensível —, era lançada sem armamento. Já as aeronaves de ataque eram configuradas com carga máxima de armamentos e recebiam combustível até o limite de peso máximo de decolagem, inferior à capacidade total do tanque. O batismo de fogo do A-4 Skyhawk ocorreu no Sudeste Asiático, onde a aeronave se destacou como o principal vetor de ataque leve da Marinha dos Estados Unidos durante os primeiros anos da Guerra do Vietnã, sendo empregada em missões contra alvos no Vietnã do Norte. Em 1º de maio de 1967, um A-4C Skyhawk do esquadrão VA-76, embarcado no porta-aviões USS Bon Homme Richard, abateu um MiG-17 da Força Aérea do Vietnã do Norte utilizando um foguete Zuni não guiado, marcando a única vitória aérea da aeronave nesse conflito. Posteriormente, os A-4 Skyhawk começaram a ser substituídos pelo Vought A-7 Corsair II nas missões de ataque da Marinha. Contudo, a aviação do Corpo de Fuzileiros Navais (USMC) manteve a aeronave em serviço em todos os seus esquadrões de ataque. Notavelmente, um A-4E Skyhawk foi responsável pelo lançamento das últimas bombas norte-americanas na Guerra do Vietnã.
O McDonnell Douglas A-4 Skyhawk passou a atrair o interesse de diversas nações, especialmente aquelas que operavam porta-aviões menores e mais antigos, remanescentes da Segunda Guerra Mundial, o que resultou na assinatura dos primeiros contratos de exportação para a Argentina e Austrália que operavam navios aeródromos britânicos. Dentre os operadores internacionais, Israel destacou-se como o maior usuário externo, processo iniciado em 1966, quando a França, até então principal fornecedora de equipamentos militares do país, impôs severas restrições à venda de material bélico. Esse cenário levou o governo israelense a intensificar sua aproximação com os Estados Unidos, culminando na implementação de um programa de assistência militar mais robusto. Nesse contexto, o McDonnell Douglas A-4 Skyhawk foi a primeira aeronave oferecida à Força Aérea de Israel (IAF), com as entregas ocorrendo logo após a Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967. Localmente designadas como Ayit (termo hebraico para "Águia"), essas aeronaves apresentavam um custo de aquisição equivalente a apenas um quarto do valor de um McDonnell Douglas F-4 Phantom II, com a capacidade de transportar uma carga bélica superior. Essa relação custo-benefício levou Israel a adquirir mais de 200 unidades, consolidando o A-4 como a espinha dorsal de sua força de ataque ao solo. Durante a Guerra do Yom Kippur, em 1973, os A-4 Skyhawk desempenharam um papel central, executando o maior número de missões de ataque terrestre da campanha. Contudo, a alta exposição resultou em perdas significativas, com pelo menos nove aeronaves abatidas por caças MiG-21 e MiG-17 da coalizão árabe e por fogo antiaéreo. Para recompor essas perdas, os Estados Unidos implementaram, no final de 1973, a Operação Nickel Grass, que envolveu a transferência de aeronaves usadas da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) para Israel. Uma versão específica, designada A-4H, foi desenvolvida para atender às necessidades de Israel. Essa variante incorporava aviônicos mais avançados, o motor Pratt & Whitney J52-P-8A com maior empuxo e canhões DEFA de 30 mm, substituindo os Colt Mk.12 de 20 mm. Visualmente, o A-4H distinguia-se por uma "corcova" que abrigava os novos sistemas eletrônicos e por um tubo de escape estendido, modificação local destinada a aumentar a proteção contra mísseis terra-ar guiados por calor. Ao todo, 90 unidades dessa versão foram entregues e empregadas em diversos conflitos. Em 2008, foi iniciado um processo de desativação gradual dos A-4 Skyhawk, que foram substituídos nas missões de ataque pelos caças General Dynamics F-16 Fighting Falcon. Temporariamente, as aeronaves remanescentes foram destinadas a missões de treinamento, até serem definitivamente retiradas de serviço a partir de 2014, quando foram substituídas pelos aviões italianos Alenia Aermacchi M-346 Master.

mbora o Douglas A-4 Skyhawk tenha desempenhado um papel significativo na Força Aérea de Israel (IAF), o primeiro cliente de exportação foi a Argentina, que assinou, em 1965, um contrato para a aquisição de 25 aeronaves da versão A-4B para operação embarcada. Em 1970, um novo acordo resultou na entrega de igual quantidade de unidades. Todas essas aeronaves, provenientes de unidades ativas da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), foram revisadas pela Lockheed Service Company e redesignadas como A-4P. Em 1976, um terceiro contrato foi firmado para a compra de 25 unidades da versão A-4C, destinadas a substituir os caças North American F-86 Sabre em missões de intercepção. Essa foi a primeira variante argentina equipada para operar mísseis ar-ar AIM-9B Sidewinder. Devido ao seu porte compacto e agilidade, o A-4 Skyhawk foi selecionado para substituir os caças Grumman F9F Panther e Grumman F9F Cougar no porta-aviões ARA Veinticinco de Mayo V2 (Ex HMS Venerable) , da Marinha Argentina (Armada). Para atender a essa demanda, foram adquiridas 16 unidades da versão A-4Q, entregues a partir de 1971. Apesar dos embargos impostos pelos Estados Unidos ao governo militar argentino a partir do final da década de 1970, essas aeronaves tiveram destacada atuação no conflito das Malvinas (Falklands), entre abril e junho de 1982. Durante o conflito, 48 aeronaves das versões A-4P, A-4C e A-4Q foram empregadas em missões de ataque contra a frota britânica, resultando no afundamento do destróier Tipo 42, HMS Coventry e das fragatas Tipo 21, HMS Antelope e HMS Ardent, além de causar sérios danos a outros navios. Contudo, 22 dessas aeronaves foram abatidas por caças BAE Sea Harrier FRS1 da Marinha Real Britânica (Royal Navy), Harrier GR.3 da Força Aérea Real (RAF), artilharia antiaérea e mísseis terra-ar britânicos instalados nas ilhas após o desembarque. Depois do término do conflito, as celulas remanescentes foram modernizadas por meio do programa Halcón, permanecendo em serviço até 1999, quando foram substituídas por 36 aeronaves modernizadas da versão Lockheed Martin OA/A-4AR Fightinghawk. Além da Argentina, outras nações com porta-aviões de pequeno porte de origem britânica, como Austrália e Nova Zelândia, também operaram versões do Douglas A-4 Skyhawk em seus grupos aéreos embarcados durante as décadas de 1970 e 1980.
A última variante produzida especificamente para as forças armadas dos Estados Unidos, composta pelos modelos A-4M e TA-4M Skyhawk, representou o ápice tecnológico da família A-4. Essas aeronaves foram operadas principalmente pelos esquadrões de ataque da aviação do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (US Marine Corps). A produção final da linha destinou-se a uma encomenda da Força Aérea do Kuwait (al-Quwwat al-Jawwiya al-Kuwaitiya), que incluiu 30 unidades monoplaces A-4KU Skyhawk e seis unidades biplaces TA-4KU. A fabricação do A-4 Skyhawk foi encerrada em fevereiro de 1979, com um total de 2.960 aeronaves monoplaces e 565 unidades da versão de treinamento entregues a operadores em países como Estados Unidos, Argentina, Brasil, Singapura, Austrália, Indonésia, Israel, Kuwait, Malásia e Nova Zelândia. Seguindo o exemplo do pioneiro programa de modernização conduzido em Israel pela empresa estatal Israel Aircraft Industries (IAI), diversos outros programas de atualização foram implementados em centenas de células da família A-4 Skyhawk. Destacam-se as modernizações realizadas por Indonésia, Singapura e Argentina, que elevaram a aeronave a um nível tecnológico avançado, prolongando significativamente sua vida útil. Nos Estados Unidos, as últimas unidades empregadas em missões de conversão operacional, treinamento de combate (como aeronaves "agressoras") e reboque de alvos foram retiradas do serviço ativo em 2003. Notavelmente, as qualidades de voo, agilidade em combate e baixa assinatura de radar do A-4 Skyhawk proporcionaram à aeronave uma sobrevida singular. Essas características levaram à sua adoção por empresas privadas, como a Draken International e a Aero Group, que passaram a utilizá-la em contratos com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos para programas de treinamento para as forças armadas norte-americanas.

Emprego na  Marinha do Brasil
Em 26 de janeiro de 1965, o Decreto-Lei nº 55.627 proibiu a Aviação Naval da Marinha do Brasil de operar aeronaves de asa fixa, determinando a transferência de seus vetores e pessoal para o Ministério da Aeronáutica (MAer). Essa restrição permaneceu em vigor até o final da década de 1990, quando os últimos Grumman S-2E Tracker (P-16E) da Força Aérea Brasileira (FAB) foram desativados. A retirada dessas aeronaves gerou uma lacuna operacional nas atividades de aviação embarcada, criando uma oportunidade para que o almirantado buscasse a revogação da chamada “Lei da Asa Fixa”. Os esforços nesse sentido culminaram em 8 de abril de 1998, com a promulgação do Decreto Presidencial nº 2.538, que restaurou à Marinha do Brasil o direito de operar aeronaves de asa fixa. A única condição estipulada era que essas aeronaves fossem empregadas primariamente a bordo de um navio-aeródromo da esquadra. Nesse novo contexto, o navio-aeródromo brasileiro A-11 Minas Gerais, embora modernizado diversas vezes ao longo de sua carreira, havia sido projetado com base em conceitos da década de 1940, voltados para o embarque de aeronaves de pequeno porte equipadas com motores a pistão. Essas características impunham limitações significativas para a operação de jatos de alto desempenho, devido ao tamanho reduzido da pista e à capacidade limitada das catapultas. Tais restrições operacionais influenciaram diretamente a escolha de aeronaves adequadas. Inicialmente, o comando da Aviação Naval demonstrou preferência pelos jatos de ataque franceses (novos ou mesmo usados) Dassault-Breguet Super Étendard, que se adequavam às limitações operacionais do A-11 Minas Gerais e possuíam comprovada experiência em combate. Contudo, a proposta francesa excedia a capacidade orçamentária da Marinha do Brasil, tornando a aquisição de cinco a dez aeronaves totalmente inviável. Diante desse cenário, a alternativa mais viável recaiu sobre a família Douglas A-4 Skyhawk, que já contava com um histórico bem-sucedido de operação em navios-aeródromos de pequeno porte semelhantes ao brasileiro. Foram realizadas consultas internacionais para identificar oportunidades de aquisição, resultando em uma concorrência prontamente atendida pela The Boeing Company. A empresa ofereceu um lote de aeronaves McDonnell Douglas A-4KU e TA-4KU Skyhawk em bom estado de conservação, provenientes do governo do Kuwait, que as devolveu como parte do pagamento por um lote de caças multifuncionais McDonnell Douglas F/A-18 Hornet. 

Negociações entre o governo brasileiro e a The Boeing Company resultaram em uma proposta de US$ 70 milhões, abrangendo a aquisição de 20 aeronaves monoplaces A-4KU Skyhawk e três biplaces TA-4KU, além de um amplo estoque de peças sobressalentes, treinamento e um pacote de armamentos, incluindo mísseis ar-ar Raytheon AIM-9L Sidewinder. As versões A-4KU e TA-4KU estavam entre as mais avançadas da família A-4, sendo derivadas do A-4M Skyhawk II, desenvolvido para missões de ataque do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC). Embora desprovidas de capacidades para ataque nuclear, lançamento de mísseis antirradiação ou uso de bombas guiadas por TV, essas aeronaves incorporavam o moderno sistema Hughes ARBS (Angle Rate Bombing System), para designação de alvos no solo, e podiam operar mísseis AGM-65 Maverick. Equipadas com o motor turbojato Pratt & Whitney J52-P408, que fornecia 11.200 libras de empuxo, as unidades haviam sido produzidas entre 1977 e 1979, com uma média de apenas 1.700 horas de voo, o que as classificava como relativamente novas e com significativa vida útil remanescente. Algumas dessas aeronaves participaram ativamente da Primeira Guerra do Golfo, operando a partir de bases na Arábia Saudita contra forças iraquianas. Uma comissão de oficiais da Marinha do Brasil foi enviada ao Kuwait para selecionar, entre a frota disponível, as 20 unidades monoplaces e três biplaces. Após a escolha, as aeronaves foram revisadas, desmontadas e preparadas para transporte marítimo, chegando ao porto do Rio de Janeiro em 5 de setembro de 1998. Paralelamente, foi determinada a criação de uma unidade especializada para operar os novos jatos de ataque, culminando, em 2 de outubro de 1998, na ativação do 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1), sediado no complexo militar de São Pedro da Aldeia, no Rio de Janeiro. O treinamento dos pilotos foi estruturado em duas fases. A primeira etapa envolveu a participação da Força Aérea Brasileira, utilizando suas unidades de instrução. A segunda etapa foi conduzida nos Estados Unidos, na Estação Aeronaval de Kingsville (Naval Air Station Kingsville), no Texas. Nesse período, os oficiais aviadores brasileiros realizaram qualificações para pouso em porta-aviões e treinamento no emprego de sistemas de armamento, utilizando aeronaves de treinamento avançado McDonnell Douglas T-45 Goshawk.
Em 26 de maio de 2000, foi realizado o primeiro voo de um Douglas A-4KU Skyhawk pilotado por um oficial aviador da Marinha do Brasil. Entre 11 e 13 de setembro do mesmo ano, ocorreram os primeiros procedimentos de toque e arremetida no convoo do navio-aeródromo A-11 Minas Gerais. Posteriormente, entre 18 e 21 de janeiro de 2001, foram executados os primeiros pousos e catapultagens a bordo desse navio. Contudo, as operações do 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1) com o A-11 Minas Gerais foram breves, pois, no final de 2001, o governo brasileiro adquiriu do governo francês o navio-aeródromo R-99 Foch, com o objetivo de substituir o veterano A-11, que contava com mais de 50 anos de serviço. As aeronaves, redesignadas como AF-1 Skyhawk, passaram a operar a bordo do novo navio-aeródromo A-12 São Paulo assim que este foi declarado operacional. Em dezembro de 2001, dois AF-1A Skyhawk partiram da Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia com destino à Base Aérea de Natal, onde realizaram os primeiros disparos reais com mísseis AIM-9H Sidewinder. Esses mísseis haviam sido revisados e revalidados pelas empresas brasileiras Mectron S/A, Avibrás S/A e Imbel, e todos os lançamentos foram bem-sucedidos. Com isso, o VF-1 foi homologado para operações plenas. A Marinha do Brasil planejava manter 15 aeronaves operacionais para compor o Grupo Aéreo Embarcado. Em determinado momento, até 20 unidades estavam em condições de voo. Contudo, ao longo dos anos, a disponibilidade operacional foi gradualmente reduzida, principalmente devido às limitações orçamentárias impostas às Forças Armadas pelo governo federal. Como consequência, os pilotos enfrentaram dificuldades para manter suas qualificações, e as operações embarcadas tornaram-se cada vez menos frequentes. Para mitigar esse problema, o comando do esquadrão optou por manter em operação constante as três aeronaves biplaces AF-1B Skyhawk, permitindo que dois aviadores navais compartilhassem as poucas horas de voo disponíveis. Curiosamente, essas aeronaves não foram empregadas em operações embarcadas. Essa decisão foi justificada pela existência de apenas três unidades desse modelo na frota, levando a Marinha a priorizar sua preservação e evitar riscos de acidentes que pudessem resultar na perda dessas valiosas células ao operar no navio-aeródromo A-12 São Paulo.

Após treze anos da incorporação das aeronaves McDonnell Douglas A-4KU e TA-4KU Skyhawk, o Comando da Força Aeronaval (ComForAerNav) determinou a implementação de um amplo programa de modernização das células remanescentes, com o objetivo de estender sua vida util até que houvesse tempo habil para a aquisição de um modelo mais atualizado.  Para atender a essa demanda, foi assinado, em 14 de abril de 2000, um contrato com a Embraer S/A, prevendo inicialmente a modernização de 12 aeronaves que se encontravam em melhor estado de conservação. O projeto incluía a revitalização estrutural, a atualização do piloto automático — permitindo maior concentração do piloto na missão ao gerenciar os sistemas da aeronave — e a integração de novos sistemas de defesa ativa e passiva, como o Radar Warning Receiver (RWR). Esse dispositivo possibilitava a detecção e evasão de ameaças, como mísseis e caças inimigos, aumentando a sobrevivência da aeronave e a probabilidade de êxito nas missões. Além disso, foram incorporados os seguintes avanços: - Um terceiro rádio VHF com capacidade de transmissão de dados via data-link, utilizando equipamentos Rohde & Schwarz; - Integração de radar altímetro e TACAN, permitindo ao piloto centralizar informações em uma única tela (Conformal Multi-Function Display - CMFD), o que aprimorava a consciência situacional durante operações em porta-aviões e voos por instrumentos; - Atualização dos instrumentos do motor, com avisos aurais sobre limites operacionais, consolidação de dados em uma única tela e melhor visualização dos indicadores; - Estações de briefing e debriefing, que proporcionavam melhor planejamento das missões, economia no uso de equipamentos aviônicos, otimização das informações geradas em voo e suporte ao treinamento e avaliação das tripulações. O primeiro protótipo modernizado, registrado como AF-1B N-1011, realizou seu voo inaugural em 17 de julho de 2013. Após ensaios bem-sucedidos, foi autorizado o envio das demais aeronaves à Embraer S/A, com a primeira unidade modernizada entregue formalmente em 26 de maio de 2014. Contudo, restrições orçamentárias atrasaram a entrega das aeronaves restantes, e a em fevereiro de 2017 a desativação precoce do navio-aeródromo A-12 São Paulo levou o Comando da Força Aeronaval a reavaliar o número total de células  a serem modernizadas.
Em 20 de abril de 2022, a Embraer S/A entregou à Marinha do Brasil a última aeronave modernizada do modelo AF-1C. O programa de modernização contemplou um total de sete aeronaves, sendo cinco unidades monoplaces AF-1B e duas unidades biplaces AF-1C. Essas aeronaves proporcionaram à Aviação Naval um vetor aéreo de tecnologia avançada, capaz de executar missões de inteligência, incluindo o acompanhamento de alvos de superfície. Entre os principais avanços, destacou-se a integração do radar israelense EL/M 2032, que oferece múltiplos modos de operação: ar-ar, ar-mar, ar-solo e navegação. Esse sistema permite detectar e rastrear alvos aéreos e de superfície, além de determinar a distância ar-solo para o subsistema de pontaria de armamentos. No modo TWS (Track While Scan), é possível localizar e rastrear automaticamente até 64 alvos terrestres ou de superfície simultaneamente, enquanto o modo SAR (Synthetic Aperture Radar) viabiliza o mapeamento terrestre em missões de reconhecimento. Essas capacidades, combinadas aos radares 997 Artisan instalados no Porta-Helicópteros Multipropósito Atlântico, reforçam a eficiência da Força Naval em missões de interceptação, ataque e defesa aérea. Apesar da desativação do navio-aeródromo A-12 São Paulo e da operação de uma frota reduzida, a manutenção das aeronaves modernizadas visa preservar a doutrina operacional da aviação de ataque com aeronaves de asa fixa. Esse esforço busca assegurar a continuidade dessas capacidades até que os jatos AF-1C Skyhawk sejam substituídos por novos vetores no futuro próximo.

Em Escala.
Para representarmos o McDonnell Douglas A-4KU AF-1  Skyhawk "MB 1005" optamos pelo kit da Hobbycraft na escala 1/48, modelo este que apresenta bom nível de detalhamento, incluindo amplo leque de configuração de cargas externas semelhantes as adotadas em sua operação no Brasil. Vale salientar que  recentemente a Hasegawa lançou uma edição especial e limitada com os  A-4KU da Marinha do Brasil  Empregamos decais confeccionados pela FCM Decais , presentes no Set 48/44, mesclados com decais originais do modelo.
O esquema de cores  (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático empregado em todos  McDonnell Douglas A4-KU e TA-4KU recebidos pela Marinha do Brasil, somente o AF-1 1001 recebeu um padrão de pintura diferenciado na cor  cinza FS-26187, aplicado para a cerimônia  de apresentação das aeronaves no dia 2 de outubro de 1998 durante as comemorações do 82º Aniversário da Aviação Naval. Já as aeronaves modernizaras apresentam um padrão de pintura de baixa visibilidade com as marcações em  low wiz.


Bibliografia :

- Revista Força Aérea Número 13   - Luciano Melo Ribeiro
- Revista Força Aérea Número 21 - Eduardo Baruffi Valente
- Asas Sobre o Mares - Aviação Naval Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha
- McDonnell Douglas A-4 Skyhawk - Wikipedia - http://pt.wikipedia.org/wiki/McDonnell_Douglas_A-4_Skyhawk
- Poder Naval - www.naval.com.br , Alexandre Galante