Chevrolet Engesa C10 - C14 - C15

História e Desenvolvimento. 
A origem da empresa viria a se tornar uma das maiores produtoras de veículos utilitários e de transporte militares, começou como um empreendimento tímido, exatamente no dia 16 de setembro de 1908 quando William C. Durant, um próspero produtor de carruagens, fundou a General Motors Corporation , na cidade de Flint, estado americano do Michigan. Após a incorporação da montadora Buick Co., fundada pelo escocês David Dunhar Buick da qual havia sido presidente, que viria a produzir seu primeiro carro de passeio no ano de 1903. Pouco depois, no dia 12 de novembro do mesmo ano, a empresa Oldsmobile Co., outra tradicional montadora americana fundada em 1897, se tornaria a segunda marca a integrar a nova empresa. Em seus primeiros anos de atividades, a General Motors Corporation viria a incorporar ainda as marcas Oakland (que mais tarde se tornaria Pontiac) e Cadillac, fundada em 1902, que seria comprada pela soma de US$ 5.5 milhões em 1909. No dia 3 de novembro de 1911, William Durant, que havia deixado a General Motors Corporation, devido a divergências com os outros sócios, criou a Chevrolet Motor Company of Michigan, em parceria com o mecânico e piloto suíço Louis Chevrolet, que futuramente viria a ser comprada pela própria General Motors Corp. em 1918. Ainda em 1911, a empresa criaria a marca GMC (derivada da Rapid Motor Vehicle Company, que a General Motors Corp. havia comprado anos antes), responsável pela produção e venda de caminhonetes e caminhões leve, com este novo segmento que logo nortearia grandes investimentos futuros. Nos anos seguintes, paralelamente aos inúmeros processos de fusões e aquisições, a empresa ainda estudaria oportunidades de expansão em outros mercados, mas somente em 1918 estes planos se tornariam reais com o estabelecimento de uma operação comercial no país vizinho, o Canadá. Esse seria o ponto de partida para que a empresa conquistasse diversos territórios em todos os continentes. Pouco depois, em 1919, a General Motor Corporation incorporaria a companhia Frigidaire, tradicional fabricante de refrigeradores, sendo a primeira empresa não ligada ao ramo automobilístico a fazer parte da empresa, com este processo ligado ao interesse e expansão internacional da marca. Seguindo um posicionamento visionário determinante, sua diretoria comercial logo perceberia que a empresa possui uma vocação global, muito maior do que a atual, esta visão levaria a inauguração no ano de 1923 de sua primeira fábrica no continente europeu, na cidade de Copenhagen na Dinamarca. Em 1925 a montadora iniciaria suas operações orgânicas na Argentina, França e Alemanha, além de adquirir o controle da montadora britânica Vauxhall. 

Já em sua terra natal no mesmo incorporaria a montadora Yellow Coach, tradicionais fabricantes dos populares ônibus amarelos escolares no mercado americano. Mas este processo de expansão não pararia por aí, pois em 1926 viria a estabelecer operações na Austrália, Japão e África do Sul.  Um novo e ousado passo seria dado em 1928, quando a General Motors Corp iniciou suas operações no inexplorado mercado indiano, e logo no ano seguinte a empresa anunciaria a aquisição do controle da fabricante alemã Opel. Neste mesmo período, a empresa voltaria seus olhos novamente para o promissor mercado latino-americano, e neste contexto o mercado brasileiro figurava neste projeto com um dos mais promissores, levando a diretoria da empresa a priorizar o início das atividades, levando assim a criação da General Motors do Brasil em 1925. Suas primeiras instalações estavam localizadas no bairro do Ipiranga na Cidade de São Paulo passando a comercializar veículos importados. Em 1930 a empresa inaugurou sua linha de produção em série, passando a montar, picapes e caminhões leves com componentes importados dos Estados Unidos, produtos estes que em conjunto com carros de passeio importados da marca, logo conquistaram uma ampla fatia do mercado nacional. A General Motors do Brasil, iria atingir maturidade empresarial no país a partir do começo da década de 1960, com o lançamento da segunda geração de picapes e caminhões da marca Chevrolet, que chegaria as concessionarias no ano de 1964, apresentando uma linha totalmente renovada. O carro chefe deste portifólio era o modelo C-1416 era radicalmente diferente dos veículos em produção, e representou o primeiro utilitário esportivo SUV (Sport Utility Vehicle) produzido pela Chevrolet do Brasil. Esta linha compreendia ainda as picapes C-14 de chassis curto, com 2,92 metros entre eixos, e a longa C-15 de 3,23 metros, além do caminhão C-65. Apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo daquele ano com a denominação de fábrica C-1416, este novo veículo era inicialmente derivado da linha de picapes Chevrolet C14, que substituiriam a série de picapes Brasil 3100 (considerado o primeiro veículo utilitário leve a ser fabricado pela General Motors no país, graças ao incentivo do GEIA - Grupo Executivo da Indústria Automobilística, concedido no governo do presidente Juscelino Kubitschek.). 

Além da versão básica que apresentava uma capacidade de transporte de 1.000 kg, a General Motors do Brasil passaria a oferecer ao mercado a inovadora versão com cabine dupla, que podia transportar confortavelmente mais três passageiros, sacrificando, no entanto, a capacidade máxima de transporte de carga que passava a ser de 750 kg. Apesar de inovador este conceito não lograria êxito comercial, pois quando comparado com a versão utilitária o Chevrolet Veraneio, esta proporcionava melhor conforto com uma capacidade de carga de 500 kg, resultando assim em poucas unidades comercializadas. Somente no início da década de 1980, como crescimento das picapes de luxo os modelos de cabine dupla se tornariam um grande sucesso em vendas. Desde o lançamento em 1964, esta nova família de picapes era equipada com o motor a gasolina General Motors Mod. 261 Pol3 com 4.300 cilindradas de cinco mancais, que lhe proporcionavam uma potência final de 142 HP. Este grupo propulsor foi o primeiro a ser fabricado pela montadora no país e originalmente equipava a Serie Brasil 3000 (picape “Marta Rocha” e perua “Amazonas”). Como seu modelo antecessor importado, este motor possuía seis cilindros em linha, comando de válvulas no bloco e válvulas no cabeçote acionado por varetas. Este seria substituído a partir de 1974 em larga escala pelo motor General Motors Mod.250 com 4.100 cilindradas, sendo oferecido ao mercado nas versões a gasolina e diesel. Apesar de tecnologicamente defasado o antigo motor ainda continuaria de forma limitada, a ser oferecido em alguns modelos das picapes C-14 e C-15, muito em virtude apresentar uma relação maior de torque quando comparado a seu sucessor (32 kgfm contra 27 kgfm). Em termos de caixas de mudanças, dois modelos produzidos pela Clark Equipamentos eram oferecidos ao mercado, sendo modelo CLK M1-4 de três marchas (mais produzido) ou CLK M-20 de 4 marchas (opcional).

Em 1974, face a pressão mercadológica oferecida pelo lançamento da nova linha de picapes Ford F-100 que apresentava um conceito e visual mais moderno, a General Motors do Brasil S/A iniciaria um processo de renovação de sua linha de picapes. Esta iniciativa estava focada principalmente na reestilização do design, troca do grupo motor original (passando a dispor do General Motors  Mod. 302 a gasolina com 4,3 litros ou Perkins a Diesel com 3,9 litros) e adoção de uma nova e eficiente suspensão. Porém infelizmente esta família não atenderia a uma demanda primordial, que era  baseada  na segurança, optando ainda em permanecer com ultrapassado sistema de freios a tambor nas quatro rodas (enquanto a concorrência já estava um passo a frente). Paralelamente motivada pelo sucesso do modelo C-1416 Ambulância, a equipe de projetos da montada iniciaria o desenvolvimento de uma versão da picape  Chevrolet C-10 voltada para as tarefas de socorro médico e UTI Móvel. O principal trunfo deste projeto era poder contar com a plataforma comum da picape, que permitiria melhor exploração do espaço interno do modelo em desenvolvimento, o que possibilitava equipar esta nova ambulância (que receberia a designação de modelo C-1503) com mais equipamentos médicos, criando assim um veículo médico mais efetivo e capaz do que a própria Chevrolet C-1416 Ambulância que  no momento lideravas as vendas neste segmento em especifico.

A linha de picapes Chevrolet C-10, C-14 e C-15, gozaria da liderança no mercado brasileiro de veículos utilitários, chegando a ser considerada a família de picapes mais produzidas no Brasil durante o século XX. Infelizmente para a General Motors do Brasil S/A a grave crise do petróleo na década de 1970, abalaria gravemente a venda no segmento de picapes e demais veículos com alto consumo de combustível. Impactando mais notadamente os veículos a gasolina, resultando em um curto espaço de tempo, em um número de unidades vendidas muito abaixo do ponto de equilíbrio desejado pela montadora. Em uma tentativa de ser criar um movimento de retomada de vendas, a montadora apostaria na implementação de melhorias em sua linha de picapes, passando a oferecer como item de série a nova caixa de mudanças manual Clark Equipament de quatro marchas (produzido localmente), e como opcional o tão almejado sistema de freios a disco na quatro rodas. No entanto apesar destas mudanças, as vendas não só não reagiriam, como também continuaram a definhar, motivando assim a decisão da montadora, em se descontinuar a produção de toda esta linha de picapes no início da década de 1980, encerrando assim mais um importante capítulo da história da indústria automobilística brasileira.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras. 
A General Motors do Brasil S/A passaria a suprir as forças armadas brasileiras com produtos produzidos localmente a partir da década de 1960, concentrando neste início ênfase no segmento de caminhões C-60 e D-60. Este mercado seria rapidamente ampliado a partir de 1966, quando o modelo C-1416 Veraneio passou a ser adquirido inicialmente pelo Exército Brasileiro, sendo seguido da versão ambulância C-1410. A boa aceitação desta nova família de veículos levaria o Ministério da Aeronáutica (MAer) a adquirir em 1974 um grande lote de ambulâncias C-1410 e C-1503 a fim de serem operadas pela empresa estatal Infraero a fim de dotar as unidades de  emergências médicas dos principais aeroportos brasileiros. Na sequência desta compra, a General Motors do Brasil S/A conquistaria novos contratos de fornecimento de picapes C-10, sendo formalizados com o Exército Brasileiro, Força Aérea Brasileira e Marinha do Brasil (Corpo de Fuzileiros Navais). Estes veículos eram idênticos a versão comercial oferecida ao mercado, não recebendo nenhuma “militarização”, sendo então empregados em missões de transporte de carga e pessoal. Observando o potencial efetivo da picape, o Ministério do Exército decidiu por empenhar esforços na customização de uma versão dedicada a operar tarefas em um ambiente fora de estrada. Assim mais uma vez, a empresa paulista Engesa (Engenheiros Especializados S/A) seria requisitada para iniciar estudos visando a implementação de um sistema de suspensão especialmente desenvolvido para operações Off Road. Esta empresa paulista além de congregar em quadro técnico profissionais de excelente formação, com muitos deles oriundos do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), detinha grande experiência na customização de veículos básicos, tendo obtido desde o final da década de 1960 grande sucesso comercial com o projeto e fabricação de um sistema de tração integral 4×4 para veículos comerciais produzidos no país por montadoras multinacionais.  Este sistema seria patenteado no Brasil e no exterior, criando interesse também por parte das forças militares brasileiras, 

Em 1967,  eficiente sistema com projeto "Tração Total" seria oficialmente classificado como de "Interesse para a Segurança Nacional" passando a ser adotado em diversos modelos de caminhões militares produzido pela  Ford do Brasil , General Motors do Brasil  e Dodge Chrysler do Brasil. Tendo por base a picape Chevrolet C-10 de produção na versão comercial civil, a equipe de projetos da Engesa S/A,  focaria esforços inicialmente redesenho da suspensão, visando assim fortalecer este sistema a fim de evitar quebras por impacto em situações extremas ou ainda fadiga por uso repetitivo, prevendo assim situações normais de uso de veículos militares fora de estrada (off road). Superada esta etapa passou-se a adaptar o projeto da "Tração Total" versão militarizada no modelo, os resultados iniciais se mostraram extremamente promissores, levando a General Motors a homologar o kit de tração 4X4 da Engesa S/A para uso em sua linha comercial de picapes utilitárias. Coma validação interna do modelo, decidiu-se pela apresentação ao comando do Exército Brasileiro, com protótipo sendo entregue para testes preliminares em março de 1975. O veículo em muito se assemelhava aos grandes jipes utilitários americanos como o Kaiser Jeep M-715. A fim de atender aos parâmetros do exército dispunha de para-choque frontais e traseiros reforçados, com grade de proteção para os faróis, caçamba com piso reforçado, sistema elétrico de 24 volts, cabine aberta com cobertura de lona e para-brisa basculante (possibilitando o transporte aéreo em aeronaves da  Força Aérea Brasileira, como os Lockheed C-130 Hercules e  De Havilland C-115 Bufalo. A exemplo de todo veículo militar possuía suporte para fixação de um galão removível de combustível (localizado na lateral da caçamba entre eixos).  Um amplo programa de testes seria aplicado ao protótipo nos meses seguintes, levando a implementação de um razoável nível de correções e melhorias de projeto, o que resultariam na versão final de produção do novo veículo militarizado.
Nesta mesma época havia no Exército Brasileiro a latente necessidade de renovação da frota dos veículos utilitários leves, classificados como VTNE (Viatura de Transporte Não Especializado), que até então era composta em sua maioria, pelos já obsoletos carros americanos Dodge WC-51, WC-53, WC-56, WC-57 e M-37, que foram recebidos após a segunda metade da década de 1940 através dos acordos de Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimo e Arrendamento). Estes  eram  complementados por veículos da família Rural Willys Overland F-85 que apesar de apresentarem tração integral 4X4 não eram projetos para operar em terrenos adversos. O cenário era critico pois os primeiros modela apresentavam grandes índices de indisponibilidade em função de problemas no fluxo de peças de reposição, com os segundo modelo estando presentes em números inferiores as necessidades da Força Terrestre.  Este contexto afetava diretamente a operacionalidade cotidiana, pois esta frota era destinada a missões de transporte de carga, tropas, remoção médica e telecomunicações em campo. Assim criava-se o cenário perfeito para a incorporação de uma nova família de veículos utilitários militarizados, com negociações sendo conduzidas com este objetivo. Em junho de 1974 seria celebrado o primeiro contrato entre o Ministério do Exército a General Motors do Brasil e a Engesa S/A, visando a aquisição de noventa e cinco viaturas Chevrolet Engesa C-14 e C-15, sendo destinados as tarefas de transporte de carga e pessoal e veículo porta morteiro (para ser empregado no porte e tiro de peças de 81 mm e 60 mm). As primeiras viaturas desta familia começariam a ser entregues em outubro de 1975, passando a ser distribuídos aos Batalhões de Infantaria Blindada (BIB) e aos Batalhões de Infantaria Leve (BIL), substituindo os derradeiros veículos norte-americanos ainda em serviço.

Vale salientar também que a aquisição destes novos modelos, vieram a complementar também a frota de veículos utilitários com tração 4X4 Rural Willys e Toyota Bandeirante, resultando pela primeira vez no Exército Brasileiro na predominância de modelos utilitários produzidos nacionalmente, reduzindo assim a perigosa dependência externa. Além de que este novo cenário provia uma significativa redução de custos em termos de manutenção, bem como simplificação da linha de suprimentos logística, em face da operação de outros veículos produzidos nacionalmente pela General Motors do Brasil S/A e demais montadoras aqui estabelecidas. Em 1976 a montadora assinaria um contrato com o Ministério da Marinha para produção de um pequeno lote de carros da versão Chevrolet C-14 Porta Morteiro para uso junto as tropas de infantaria do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN). Logo em seguida a Força Aérea Brasileira passaria a fazer uso do veículo nas versões ambulância C-1503 e utilitário C-14, com esta última sendo destinada aos Batalhões de Infantaria da Aeronáutica (BINFAE). Em 1975 a Policia Militar do Estado de São Paulo procederia a aquisição de pelo menos uma dezena de picapes do  modelo C-15 Chevrolet Engesa 4X4 C1-4 para o emprego inicial junto ao 1º Batalhão de Polícia (1º B.P) – Batalhão Tobias de Aguiar. Em 1977 seria realizada a aquisição de mais dois lotes destinados a unidade especial de Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA) e as Companhias de Operações Especiais (COE). Tradicional usuário do modelo de viatura policial C-1416 Veraneio, o Governo do Estado de São Paulo encomendaria  a General Motors do Brasil S/A uma variante do veículo para o transporte de tropas dos Batalhões de Choque da Policia Militar. Tratava-se de uma picape Chevrolet C-10 simplificada com cabine aberta com cobertura de lona e para-brisa basculante, estando desprovida de portas dianteiras e dotada com dois bancos traseiros na caçamba para até oito policiais completamente equipados para as missões urbanas de pronta resposta e garantia de lei e ordem (GLO).

O êxito da operação dos modelos Chevrolet Engesa 4X4 C-14 e C-15 junto as Forças Armadas Brasileiras, motivaria a diretoria da Engesa S/A a estudar o desenvolvimento de um novo veículo especializado para atuação no segmento militar. Assim em 1981 nasceria como fruto de uma parceria entre Engesa S/A e a empresa paulista Envemo - Engenharia de Veículos e Motores Ltda,  o utilitário EE-34. Baseado nas plataformas dos modelos Chevrolet C-10 e C-15 este novo utilitário trazia uma série de melhorias em relação a versões militarizadas anteriores, seu conceito seria desenvolvido para aplicação militar pura. Após avaliação o Ministério do Exército, formalizou a contratação para a produção de 858 unidades que foram entregues entre os anos de 1981 e 1985, vindo a complementar as picapes  Chevrolet C-14 e C-15 em uso.  A partir do início da segunda metade da década de 1990, estes três modelos ainda uso nas Forças Armadas Brasileiras, já apresentavam  evidentes sinais de desgaste,  após quase vinte anos de operação continua, levando ao estabelecimento de um planejamento para a renovação da frota.  Um processo de concorrência seria criado com a solução sendo pautada pela aquisição de diversos modelos de utilitários com tração integral como JPX Montez, Toyota Bandeirante e Land Rover Defender, com as primeiras viaturas destas sendo incorporadas ao Exército Brasileiro a partir de 1996. O mesmo destino ocorreria junto as forças policiais miliares estaduais , com as últimas viaturas sendo retiradas do serviço ativo ao final desta mesma década. 

Em Escala.
Para representarmos o Chevrolet Engesa C-15  na versão porta morteiro “EB21-1840”, empregamos um modelo em die cast produzido pela Axio, para a Salvat Editora na escala 1/43. Fizemos uso deste artificio por não existir um kit ou modelo em die cast no mercado para esta picape. Desta maneira é necessário proceder muitas alterações em scratch para assim compormos o veículo empregado pelo Exército Brasileiro. Procedemos a retirada da cabine original em metal, alteração de para choques frontais, instalação de luzes e faróis de comboio no padrão militar, inclusão de para-brisa basculante com lona de cabine e confecção em scratch de um morteiro de 81 mm. Empregamos decais confeccionados pela decais Eletric Products pertencentes ao set "Exército Brasileiro 1942 á 1982".

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura do Exército Brasileiro em todos seus veículos militares desde a Segunda Guerra Mundial até a o final do ano de 1982. Os veículos da família Chevrolet Engesa 4X4, passaram a empregar no novo esquema tático de camuflagem em dois tons e novas marcações militares a partir do ano seguinte, permanecendo nesta nova sistemática até a desativação dos últimos veículos em meados da década de 1990.


Bibliografia : 
- Chevrolet Colection – C-10 Salvat Editora
- Grandes Brasileiros: Engesa EE-34 – Chevrolet C-15 Revista Quatro Rodas 201
- Manual Técnico – Exército Brasileiro 1976


Corbitt US White 666 Cargo

História e Desenvolvimento. 
A origem da The Corbitt Company remonta o ano de 1895, quando seu fundador o empreendedor Richard Corbitt, se estabeleceu na região de Henderson no nordeste do Estado da Carolina do Norte. Neste período seu principal ramo de atividade envolvia a comercialização de tabaco, um segmento de mercado que estava em pleno crescimento, denotando um tendencia de que as grandes empresas  norte-americanas logo iriam dominar este pujante mercado. Este cenário levaria a geração de uma onde de riqueza e prosperidade, que poderia trazer uma série de oportunidades para ousados empreendedores que entendessem este movimento em particular. Aproveitando este cenário promissor, Richard Corbitt decidiria por investir pesado no  segmento de construção de carruagens de luxo, com seu primeiro modelo sendo lançado em 1899. Os bons resultados em vendas, trariam motivação e recursos para ir além, levando ao desenvolvimento e produção em 1907, de  seu primeiro automóvel, chamado naquele momento de "carruagem sem cavalos". Apesar dos tímidos resultados em vendas, ele continuaria aprimorando seu produto, inclusive recorrendo a mão de obra de trabalhadores de Detroit, a capital automotiva norte-americana,  que detinham mais experiência no recente segmento automotivo. Em 1912 a empresa lograria êxito em comercializar apenas doze automóveis, patamar este de venda, que infelizmente no  gerava o esperado e necessário retorno financeiro. Este péssimo resultado se dava devido a competição extremamente acirrada no mercado junto aos grandes montadoras como a Ford Motors Company e General Motors Company, que detinham maior confiança junto aos consumidores. Este cenário levaria a The Corbitt Company a reduzir seus preços de venda, se aproximando de margens de lucro negativas. Após analisar as tendências futuras do mercado automotivo norte-americano, seu presidente decidiria por não mais competir diretamente com as grandes montadoras de Detroit no segmento de carros de passeio. Assim no inicio do ano de 1913, a empresa passaria a derivar para a produção de caminhões comerciais, o que lhe parecia ser mais razoável em termos de possibilidade de concorrência. Com base nesta decisão o corpo de engenharia da empresa se debruçaria sobre as pranchetas de projeto, resultando em uma série de propostas de veículos comerciais.   

Seu primeiro caminhão comercial de categoria leve, seria lançado no inicio do ano 1914, obtendo um grande sucesso comercial, gerando a motivação necessária que levaria a The Corbitt Company  a ampliar seu mix de produtos, passando a explorar também o segmento de transporte intermunicipal, lançando em 1916 seu primeiro modelo ônibus. No inicio do seguinte em 1917, a montadora lançaria seu primeiro caminhão de lixo, passando a conquistar os primeiros contratos governamentais que contribuiriam em muito para reforçar o  caixa da empresa.  As tensões crescentes na Europa durante o intensificar da Primeira Guerra Mundial, acabaria levando a um envolvimento mais direto dos Estados Unidos no conflito, representando mais  oportunidades de crescimento. Este movimento levaria a celebração de um contrato com o governo norte-americano, prevendo a produção de mais de quatro mil caminhões, que seriam empregados pela Força Expedicionária Americana - AEF (American Expeditionary Force) no front de batalha europeu. Os lucros resultantes deste período de guerra concederam a The Corbitt Company, reservas financeiras suficientes para a empresa poder sobreviver durante a grande depressão a partir do ano de 1929. Quatro anos mais tarde em uma jogada estratégica Richard Corbitt, passaria a adquirir toda a operação da montadora Auburn Automobile Company que estava em processo de encerramento de atividades, com este processo envolvendo  além do ferramental, todo o estoque de matéria prima e peças acabadas. Assim desta maneira seus caminhões médios  dos modelo Corbitt GVW de 11.000 libras e 13.000 libras, passaria a incorporar em sua produção para-choques, capôs e grades oriundos de projetos anteriores da Auburn Automobile Company. Estes caminhões representariam um grande sucesso comercial, passando a ser adotado pela maiores transportadoras do estado da Carolina do Norte.  Caberia ainda a montadora, uma menção honrosa, quando um caminhão pesado de sua marca foi empregado na operação de movimentação em via terrestre do gigantesco hidroavião "Spruce Goose" projeto e construído pelo lendário engenheiro Howard Hughes,  até a praia de Long Beach na Califórnia, sendo considerado na época a maior carga a granel já movida sobre a rodovia, trazendo a marca "Corbitt" uma grande notoriedade de imagem de marca, enaltace a capacidade de transporte pesado de seus veiculos de transporte. 
A partir do ano de fins do ano 1937, ficava cada vez mais evidente que o aumento das tensões politicas motivadas pelos interesses expansionistas da Alemanha Nazista e do Império do Japão, poderiam  as principais potenciais mundiais a ingressarem em larga escala em um novo conflito de ordem mundial. Neste hipotético cenário o governo norte-americano decidiria promover em regime de urgência, uma série de estudos que culminaram na elaboração e execução de um amplo programa de modernização e reequipamento de suas forças armadas. Entre as principais demandas estava o aumento da mobilidade da força terrestre, com o comando do Corpo de Artilharia do Exército dos Estados Unidos (US Army) demandando o desenvolvimento de uma linha completa de caminhões pesados táticos que poderiam operar em todas as estradas e terrenos transversais em todo o tempo, tracionando peças de artilharia de grande calibre.  Dentre os tipos e modelos listados se destacava a necessidade de um estava um caminhão com tração integral  6X6 com capacidade de até de seis toneladas (5.400 kg) que além de missões de transporte de pessoal e material, seria destinado prioritariamente a tracionar peças de artilharia antiaérea e de campanha. Uma concorrência seria aberta em setembro de 1938, com varias propostas sendo apresentadas ao comando de material do exército, dentre estas um projeto apresentado pela The Corbitt Company, seria declarado vencedor. Um primeiro contrato seria celebrado em dezembro do mesmo ano, envolvendo a produção de cinco protótipos para avaliações e testes de campo e duzentos caminhões pré-série, com as entregas devendo ser iniciadas em janeiro de 1940. O programa de testes levaria a aplicação de uma série de melhorias no projeto original, resultando no modelo de produção em série, que receberia a designação de Corbitt 50SD-6 que apresentava um novo desing de cabine e grupo propulsor mais potente representado, pelo motor Hércules HXD 6 cilindros a gasolina  com 202 cv (151 kW) a 2.100 rpm e 642 lbf⋅ft (870 N⋅m) de torque a 900 rpm. Este conjunto operava  acoplado a uma  transmissão manual de quatro velocidades não sincronizada com uma marcha 1ª e 4ª velocidade muito baixa, em conjunto com uma caixa de transferência Timken com um alto e baixo alcance, e um neutro para a operação de decolagem de energia (INCO). Seus  eixos traseiros eram do modelo  "Timken" duplo tipo de redução "abóbora"; já as versões cavalo mecânico possuíam eixos traseiros mais pesados. A maioria dos modelos tinha uma estrutura de chassis em  escada com três eixos vivos, a frente em molas de folha, as molas traseiras da folha em  tandem com braços localizados. A exceção a este padrão seria empregado na versão de guindaste (wrecker truck), que fazia uso de uma suspensão traseira de feixe ambulante para estabilidade

Um novo contrato seria celebrado prevendo o fornecimento de mais de cinco mil caminhões, demanda esta que seria reforçada pela entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial em dezembro de 1941, porém infelizmente a The Corbitt Company, não dispunha da capacidade industrial adequada ao atendimento destes contratos. Assim seria decido ceder os projetos e os direitos de produção para a montadora White Motor Company, futuramente se transformaria no maior fornecedor desta linha de caminhões. No inicio do ano de 1943, a  Brockway Motor Company seria contratada pelo governo norte-americano para ampliar a capacidade produtiva deste modelo, com esta decisão no inicio do ano de 1945 sendo estendida a montadora The Four Wheel Drive Auto Company (FWD). Neste mesmo período a Ward LaFrance Corporation seria responsável pela produção do chassi, que era posteriormente encaminhado as montadoras. Este caminhões  seriam produzidos em sete versões básicas, apresentando diversos modelos de carrocerias especializadas. Todos os modelos produzidos ao longo destes anos, não importando a montadora era praticamente idênticos, com variações muito pequenas entre si. Os primeiros lotes entregues ao Exército dos Estados Unidos (US Army), apresentavam o modelo de cabine comercial com teto rígido, sendo a partir de 1943 as versões com teto de lona e meia porta, destinadas a melhorar a capacidade de transporte destes caminhões entre os Estados Unidos e a Europa. O modelo mais produzido receberia a designação de Corbitt  "Prime Mover” , que além de dispor de carroceria para o transporte de cargas e pessoal, estava equipado com um engate na parte traseira para rebocar cargas ou veículos de até 18.000 kg. Possuía ainda  guincho  hidráulico com capacidade para 11.000 kg disposto em um tambor  no lado direito do chassis. A segunda versão mais produzida o "Cavalo Mecânico", era destinado a tracionar peças de artilharia mais pesadas ou ainda rebocar pranchas para o transporte de blindados, este modelo estava equipado ainda com um guincho hidráulico com capacidade de até 11.000 kg montado na parte frontal do veiculo. A fim de proporcionar meios para os batalhões de engenharia seriam desenvolvidas duas versões especializadas, uma destinada ao transporte de pontões, que além de contar com todo os sistema para a movimentação das peças do pontão flutuante, dispunha ainda de um compressor de ar auxiliar e grandes tanques de reservatório, usados para inflar boias de pontão. Já o outro modelo era do tipo “Guindaste” (Wrecker Truck) equipado com um dispositivo rotativo alimentado por um motor auxiliar IHC 334 in (5.5 L) em linha de 4 cilindros desenvolvendo 35 hp.
Por fim produzidos em menor numero durante o conflito, se encontravam as versões de Cisterna de Agua, Tanque de Combustível, Comunicação ( usados para rebocar e alimentar o conjunto de radares antiaéreo SCR-545-A) e por fim a versão bombeiro para bases aéreas equipados com sistemas de motores auxiliares para os dispersores de espuma química. Ao todo seriam produzidas até julho de 1945,  a impressionante cifra de mais de duzentos mil caminhões, estando em  operação junto as forças armadas norte americanas em todos os fronts de combate durante a Segunda Guerra Mundial. Esta família de caminhões pesados seriam inclusos com item de fornecimento no programa de ajuda militar  Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), sendo disponibilizados as nações aliadas durante o conflito.  Após o final do conflito seriam empregados novamente em um cenário de conflagração real durante a Guerra da Coréia (1950 – 1953) sendo empregados em tarefas de socorro e resgate de veículos e tração de peças de artilharia. Devido a enorme quantidade de veículos disponíveis, milhares de caminhões desta família  permaneceriam em serviço nas forças armadas norte americanas até meados da década de 1950, quando começaram a ser substituídos inicialmente no Exército dos Estados Unidos (US Army) por novas versões especializadas dos caminhões  REO M-34 e  REO M-35. Já nas demais nações mais especificadamente as em desenvolvimento,  estes caminhões pesados se mantiveram em operação pelo menos até meados década de 1970. 

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário demandaria logo sem seguida a um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência tanto em termos de equipamentos, armamentos e principalmente doutrina operacional militar. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil e militar que se apresentavam no vasto litoral do país. 

Naquele período o Exército Brasileiro e Marinha do Brasil apresentavam como principal carência, a falta de caminhões militares com tração integral 6X6 existentes em quantidade suficiente para o atendimento de suas demandas. Suas fileiras estavam neste momento equipadas com antigos caminhões civis leves militarizados, como os Chevrolet Gigante (Flatbed Truck) e Tigre, Dodge T-203 e Ford V8, que eram sendo complementados por poucos veículos de transporte genuinamente militares como   alemães 6X6 Henschel & Son e norte-americanos Thornycroft Tartar 6X4. Nos termos do programa de Leand & Lease estava prevista a cessão inicial de mil quatrocentos e quarenta e cinco caminhões  da família GMC CCKW A1 e B2 (cabine aberta e fechada), que seriam complementados nos anos seguintes por centenas de caminhões da família Studebaker G-630 US-6. Nos meses seguintes seriam recebidos mais caminhões agora dispostos em versões especializadas como cisterna de água , tanque de combustível, oficina, veículo socorro sob rodas, compressor de ar, telemetro, holofote, guindaste e cavalo de mecânico, produzidos por vária montadoras norte-americanas entre elas a The Corbitt Company e White Motor Company. Esta variada gama de modelos formou uma nova e notável frota, trazendo até então inédita capacidade de mobilidade para as forças armadas brasileiras, levando a criação de inúmeras unidades motomecanizadas de transporte apoio e engenharia.  No entanto a frota não seria limitada a estes números somente, pois a participação brasileira no esforço de guerra aliado seria ampliada em breve, pois anteriormente o presidente Getúlio Vargas havia afirmado que a participação brasileira no conflito, não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos para os países aliados, e que “O dever de zelar pela vida dos brasileiros obrigados a medir as responsabilidades de uma possível ação fora do continente. De qualquer modo, não deveremos cingir-nos à simples expedição de contingentes simbólico.
Entre os modelos produzidos pelas montadoras The Corbitt Company e White Motors Company, encontravam-se mais de cem caminhões pesados,  dispostos nas versões G-512 model 50SD6 Corbitt (cavalo mecânico), G-532 Mack Truck, G-547 Brockway, G-514 Model 666 White, G-556 model 40SD6 Corbitt. Apesar não existirem registro oficiais, fotos de época comprovam que foram cedidos caminhões das versões com com teto rígido (hard top) e teto de lona (soft top). Estes seriam empregados no Exército Brasileiro em tarefas de transporte de tropas, transporte de cargas, socorro e tração de peças pesadas de artilharia. Destes veículos recebidos nove pertenciam a versão de cavalo mecânico G-512 Model 50SD6 Corbitt e estavam equipados com o motor mais potente Hercules HXD de 202 cv de potencia, apresentando assim grande capacidade de tração. Assim por esta capacidade, seriam  inicialmente empregados para a movimentação de peças de artilharia de grande porte, como os canhões ingleses Vickers-Armstrongs M-1917  de calibre 152,4 mm, sendo empregado junto aos Grupos Móveis de Artilharia de Costa (GMAC), cuja  principal missão era o de proteger os principais portos estratégicos do pais. Posteriormente seriam substituídos nesta tarefa pelos tratores sobre rodas Minneapolis Moline GTX 147 G-641 dos quais seriam recebidos noventa e nove unidades, passando a oferecer uma melhor capacidade de movimentação da força de artilharia. Alguns destes caminhões seriam também destinados aos Regimentos de Artilharia Antiaérea (RAAAé), tracionando os pesados canhoes norte-americanos M-1A3 AA de 90 mm. Curiosamente os caminhões pesados da família Corbitt – White Motors não seriam cedidos ao contingente do Exército Brasileiro que compunha a Força Expedicionária Brasileira (FEB) que combateria no front italiano, salientando que as demais forças aliadas em operação na Europa faziam emprego frequente dos modelos  G-512 Model e  50SD6 Cargo, que se faziam presentes em grande número. 

No Exército Brasileiro ao longo de sua longa carreira, estes caminhões pesados da família Corbitt – US White Cargo,  receberiam as designações de “VTNE Carga Emprego Geral 6 Toneladas 6x6 EB-21 Truck, 6-Ton" - Prime Mover para os modelos de carga, com estes sendo destinados as unidades motomecanizadas,  posteriormente devido a sua grande capacidade para tracionar cargas seriam distribuídos aos Grupos de Artilharia de Campanha (GAC), operando em conjunto com outros modelos de origem norte-americana tracionando obuseiros M-1 de 155 mm. Já os nove veículos recebidos na configuração de cavalo mecânico, receberiam a designação de “VTTNE Trator s/ rodas Cavalo Mecânico Emprego Geral 8 toneladas 6x4 (EB-30 Truck), e seriam alocados inicialmente junto aos Batalhões Engenharia de Combate (BEC), onde em conjuntos com plataformas de transporte rodoviários seriam empregados na movimentação dos tratores de campo e moto niveladoras,  pertencentes a estes grupamentos. Estes  seriam reforçadas também por caminhões Corbitt – White “VTNE Carga Emprego Geral 6 Ton 6x6 EB-21 Truck, 6-Ton, Prime Mover” chegando a dotar também  1º  Batalhão de Engenharia de Combate – Villagran Cabrita (1º B E Cmb), o  2º  Batalhão de Engenharia de Combate – Borba Gato (2º B E Cmb), o  3º Batalhão de Engenharia de Combate - Conrado Bittencourt (3º B E Cmb), o 4º Batalhão de Engenharia de Combate - Juarez Távora (4º B E Cmb) e por fim o 7º  Batalhão de Engenharia de Combate - Visconde de Taunay (7º B E Cmb). Nestas unidades estes caminhões pesados teriam grande importância na realização das atividades a eles destinados, comprovando sua extrema robustez operacional.
Apesar de sua excelente ficha de serviços, no início da década de 1960, as viaturas remanescentes desta pequena frota começariam a apresentar altos índices de indisponibilidade operacional, com este cenário sendo causado por graves dificuldade na aquisição de peças de reposição no mercado internacional, tendo em vista que a The Corbitt Company havia encerrado suas atividades industriais em meados da década passada. Estes status seria agravado também pela escassez de componentes destinados aos antigos e dispendiosos motores a gasolina Hercules HXD de 6 cilindros, que se apresentavam cada vez mais raros em todas as forças militares, eliminando assim possíveis fornecedores de conjuntos usados. Desta maneira a partir do ano de 1966 o comando de material do Exército Brasileiro optaria por iniciar um gradual processo de retirada de serviço, se iniciando pelos modelos VTNE Carga Emprego Geral 6 Ton 6x6 , que passariam a ser substituídos pelos "novos" REO M-35. Estes caminhões após descarga teriam seus componentes críticos retirados e armazenados, com seus chassis, cabines e carroceria sendo leiloados como sucata. Já os nove caminhões do modelo  “VTTNE Trator s/ rodas Cavalo Mecânico Emprego Geral 8 ton 6x4” teriam sua  vida útil estendida principalmente pelo uso de peças de reposição dos Corbitt G-512 Model 50SD6. Assim estes cavalos mecânicos seriam transferidos aos Regimentos de Carro de Combate (RCC),  operando no transporte de carros de combate leves M-3 e M-3A1 Stuart em plataformas rodoviárias. Se manteriam nesta missao até fins da década de 1970, quando seriam enfim  substituídos pelos novos “VTE-Cavalo Mecânico 17ton 6x6 Scania LT110-38S.

Em Escala.
Para representarmos o “VTNE Carga Emprego Geral 6 Ton 6x6” Corbit-White 666 Cargo, empregamos o excelente kit da Hobby Boss, na escala 1/35.  Modelo este que prima pelo nível de detalhamento, incluindo um primoroso set de photo etched. Incluímos em resina artefatos que simulam a carga em formato de caixas de suprimentos,  paletes de madeira e lonas de campanha. Fizemos uso de decais produzidos pela Eletric Products pertencentes ao set “Exército Brasileiro 1942 - 1982".

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura do Exército dos Estados Unidos (US Army) durante a campanha na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, sendo adotado também pela Exército Brasileiro neste teatro de operações no período de 1944 a 1945.  A este esquema seriam inclusos apenas as marcações nacionais, com este padrão sendo empregado até desativação da frota dos caminhões Corbitt – White em fins da década de 1970.


Bibliografia : 

 

- White 666 Cargo - Corbitt Truck 6X6 – Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/6-ton_6%C3%976_truck 

- Pesquisa Acordo Leand & Lease ActEvilésio Pedro da Costa 

- Manual Técnico – Exército Brasileiro 1976 

 

Chevrolet Veraneio C-1416 e C-1410

História e Desenvolvimento. 
A origem da empresa viria a se tornar uma das maiores produtoras de veículos utilitários e de transporte militares, começou como um empreendimento tímido, exatamente no dia 16 de setembro de 1908 quando William C. Durant, um próspero produtor de carruagens, fundou a General Motors Corporation , na cidade de Flint, estado americano do Michigan. Após a incorporação da montadora Buick Co., fundada pelo escocês David Dunhar Buick da qual havia sido presidente, que viria a produzir seu primeiro carro de passeio no ano de 1903. Pouco depois, no dia 12 de novembro do mesmo ano, a empresa Oldsmobile Co., outra tradicional montadora americana fundada em 1897, se tornaria a segunda marca a integrar a nova empresa. Em seus primeiros anos de atividades, a General Motors Corporation viria a incorporar ainda as marcas Oakland (que mais tarde se tornaria Pontiac) e Cadillac, fundada em 1902, que seria comprada pela soma de US$ 5.5 milhões em 1909. No dia 3 de novembro de 1911, William Durant, que havia deixado a General Motors Corporation, devido a divergências com os outros sócios, criou a Chevrolet Motor Company of Michigan, em parceria com o mecânico e piloto suíço Louis Chevrolet, que futuramente viria a ser comprada pela própria General Motors Corp. em 1918. Ainda em 1911, a empresa criaria a marca GMC (derivada da Rapid Motor Vehicle Company, que a General Motors Corp. havia comprado anos antes), responsável pela produção e venda de caminhonetes e caminhões leve, com este novo segmento que logo nortearia grandes investimentos futuros. Nos anos seguintes, paralelamente aos inúmeros processos de fusões e aquisições, a empresa ainda estudaria oportunidades de expansão em outros mercados, mas somente em 1918 estes planos se tornariam reais com o estabelecimento de uma operação comercial no país vizinho, o Canadá. Esse seria o ponto de partida para que a empresa conquistasse diversos territórios em todos os continentes. Pouco depois, em 1919, a General Motor Corporation incorporaria a companhia Frigidaire, tradicional fabricante de refrigeradores, sendo a primeira empresa não ligada ao ramo automobilístico a fazer parte da empresa, com este processo ligado ao interesse e expansão internacional da marca. Seguindo um posicionamento visionário determinante, sua diretoria comercial logo perceberia que a empresa possui uma vocação global, muito maior do que a atual, esta visão levaria a inauguração no ano de 1923 de sua primeira fábrica no continente europeu, na cidade de Copenhagen na Dinamarca. Em 1925 a montadora iniciaria suas operações orgânicas na Argentina, França e Alemanha, além de adquirir o controle da montadora britânica Vauxhall. Já em sua terra natal no mesmo incorporaria a montadora Yellow Coach, tradicionais fabricantes dos populares ônibus amarelos escolares no mercado americano. Mas este processo de expansão não pararia por aí, pois em 1926 viria a estabelecer operações na Austrália, Japão e África do Sul. Um novo e ousado passo seria dado em 1928, quando a General Motors Corp iniciou suas operações no inexplorado mercado indiano, e logo no ano seguinte a empresa anunciaria a aquisição do controle da fabricante alemã Opel. 

Neste mesmo período, a empresa voltaria seus olhos novamente para o promissor mercado latino-americano, e neste contexto o mercado brasileiro figurava neste projeto com um dos mais promissores, levando a diretoria da empresa a priorizar o início das atividades, levando assim a criação da General Motors do Brasil em 1925. Suas primeiras instalações estavam localizadas no bairro do Ipiranga na Cidade de São Paulo passando a comercializar veículos importados. Em 1930 a empresas inaugurou sua linha de produção em série, passando a montar, picapes e caminhões leves com componentes importados dos Estados Unidos, produtos estes que em conjunto com carros de passeio importados da marca, logo conquistaram uma ampla fatia do mercado nacional. A General Motors do Brasil, iria atingir maturidade empresarial no país a partir do começo da década de 1960, com o lançamento da segunda geração de picapes e caminhões da marca Chevrolet, que chegaria as concessionarias no ano de 1964, apresentando uma linha totalmente renovada. Este novo portfolio compreendia as picapes C-14 de chassis curto, com 2,92 metros entre eixos, e a longa C-15 de 3,23 metros, além do caminhão C-65. Apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo daquele ano com a denominação de fábrica C-1416, este novo veículo era inicialmente derivado da linha de picapes Chevrolet C14, que substituiriam a série de picapes Brasil 3100 (considerado o primeiro veículo utilitário leve a ser fabricado pela General Motors no país, graças ao incentivo do GEIA - Grupo Executivo da Indústria Automobilística, concedido no governo do presidente Juscelino Kubitschek.). A C-1416 era radicalmente diferente dos veículos em produção, e representou o primeiro utilitário esportivo SUV (Sport Utility Vehicle) produzido pela Chevrolet do Brasil. Seu design foi desenvolvido pelo projetista Luther Stier, sendo inspirado na Chevrolet Suburban americano. Possuía inovadoras linhas retas que abusavam de vincos no capô, na lateral e na traseira inclinada, com as usuais quinas arredondadas estando presentes somente no para-brisa e no recorte das duas primeiras janelas laterais. O teto era mais baixo, transparecendo um visual compacto, porém apresentava dimensões imponentes com 5,16 metros de comprimento, 1,97 metros de largura e 1,73 metros de altura. Suas quatro portas facilitavam o acesso ao veículo e representavam um grande avanço, pois neste período os veículos similares dispunham apenas duas.   
Logo este novo modelo apresentaria um rápido sucesso comercial, já que era o único veículo desse porte produzido no país, com este cenário sendo profundamente impulsionado por seu emprego como viatura policial, o que traria grande notoriedade ao veículo quando de uso principalmente pelas Polícias Militares estaduais, recebendo posteriormente os jocosos apelidos de "Camburão" e "Veraneio Vascaína" . O novo Chevrolet  C-1416 apresentava o mesmo grupo propulsor aplicado na linha de caminhões leves, picapes e do utilitário Chevrolet  Amazonas, o confiável motor General Motors de seis cilindros em linha, 4.3 litros (2.478 cm³ ou 261 polegadas) com 142 cavalos de potência bruta. Suas primeiras versões contavam com uma caixa de câmbio manual de apenas três marchas a frente e uma a ré, dispondo da alavanca de mudanças na coluna de direção. Entre as inovações de projeto estavam presentes o sistema de sincronização da primeira marcha (relações: 2,667:1 / 1,602:1 / 1:1 / ré 3,437:1), suspensão dianteira independente e molas helicoidais nos dois eixos, que apesar do porte garantiam um comportamento de carro de passeio, com extrema suavidade, e uma grande melhoria na estabilidade. Apesar de não contar com o sistema de tração integral, para em ambientes fora de estrada (off road) como presente seus principais rivais na época, a exemplo do Toyota Bandeirante e Rural Willys F-85,  a Chevrolet C-1416 dispunha como item opcional de fábrica, o modo de “tração positiva”, que nada mais era que o bloqueio de diferencial que podia lhe conceder uma melhor capacidade de operação em terrenos irregulares. No ano de 1966, as vendas governamentais destinadas ao emprego como viatura policial atingiam um elevado patamar comercial, o que motivaria a direção comercial da montadora e buscar mais oportunidades mercadológicas no segmento público. Além de veículos de serviço destinados a empresas estatais, figuravam também planos para o desenvolvimento de uma versão de ambulância. 

A escolha obvia de plataforma para desenvolvimento seria a Chevrolet C-1416, mantendo o mesmo conjunto mecânico original, porém adotando um nível de acabamento externo mais espartano. Já a parte interna no veículo seria foco de um grande número de modificações e customizações, envolvendo a adição de uma maca padrão hospitalar de 1,98 metros por 0,58 metros, suporte e instalação para cilindro de oxigênio, divisória integral, armário para medicamentos e banco para assistente no interior. Possuía ainda sistema de sirene com luz intermitente no teto e vidros traseiros translúcidos. O novo modelo designado como C-1410 conquistaria nos primeiros meses, grandes contratos advindos de licitações de governos estaduais e municipais, que ansiavam por um modelo ambulância que pudessem atender melhor suas demandas principalmente em termos de espaço interno. Em 1969 a linha Chevrolet C-1416 receberia seu primeiro “face lift’ que também foi aplicado no modelo C-1410, basicamente mantinham-se os dois pares de faróis originais, com uma grande redesenhada, apresentando frisos cromados, sem a tradicional assinatura Chevrolet. Pequenas alterações seriam aplicadas no interior do veículo em termos de acabamento, incluindo um novo quadro de instrumentos. A partir deste novo modelo, oficialmente a C-1416 e C-1410 receberiam o nome de batismo comercial de "Chevrolet Veraneio", e neste contexto sua capacidade, de poder acomodar até nove pessoas levaria o modelo da General Motors a obter um grande êxito no mercado de carros de passeio de luxo. Em 1970, seria lançada a versão "De Luxo" para este modelo, trazendo um novo padrão de acabamento que envolviam apliques no painel, imitando madeira jacarandá, painéis de portas redesenhados, rádio AM FM, porta-malas acarpetado, faixas pintadas nas laterais, garras nos para-choques e calotas integrais. A nova lista de opcionais trazia ainda bancos dianteiros reclináveis, pintura metálica e revestimento do teto em vinil. 
Em 1979 os modelos passariam, a contar com a mesmo motor a gasolina General Motors 4.1 cc com seis cilindros e 171 cv empregados na linha Chevrolet Opala, com a versão a diesel sendo equipada com o motor Perkins 4 cilindros Modelo 4236 que equipava também a picape modelo D-10. Uma versão a álcool seria lançada no ano seguinte, porém não obteria o mesmo sucesso das demais motorizações, muito em virtude do excessivo consumo de combustível. A partir de 1985, duas décadas depois de seu lançamento, a plataforma da família de modelos da Chevrolet Veraneio, picapes C-10, C-14 e C-15 , já eram consideradas dentro do portifólio da montadora itens mais longevos, e sua plataforma já envelhecida clamava por uma renovação. Atendo a esta demanda a General Motors do Brasil S/A lançaria as novas picapes Série 10 e 20, com estas baseadas na plataforma das camionetes das séries C e K norte-americanas (modelo 1983) que seriam customizadas para o mercado brasileiro, incluindo uma nova versão da Veraneio, que da geração passada restaria apenas o nome. A produção desta nova linha se manteve até meados da década de 1990, quando a crise econômica que abateu sobre o país impactou severamente na  curva de demanda no segmento de grandes utilitários. Ao todo seriam produzidas quase 70.000 unidades da família Veraneio, sendo que destas 12.054 foram da versão ambulância.  

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Apresentada ao mercado brasileiro na edição de 1964 do Salão Internacional do Automóvel em São Paulo, o novo utilitário de grande porte Chevrolet C-1416 da General Motors do Brasil, logo conquistaria o grande êxito e simpatia no mercado comercial. Este novo veículo também despertaria de imediato grande interesse dos órgãos de segurança governamentais, que ano analisarem suas características do modelo, como espaço interno, capacidade de transporte de pessoas e potência, vislumbrariam a possibilidade do modelo ser empregado como viatura policial. Atentos a esta nova demanda a equipe de projetos da General Motors do Brasil S/A, iniciaria o desenvolvimento de uma versão especializada para este tipo de tarefa. O primeiro modelo de uma versão customizada para o emprego de forças policiais seria apresentado no início do ano de 1965. Basicamente considerava-se o emprego do veículo original, com a implementação de grandes alterações em seu interior, apresentando como destaque a eliminação do porta-malas, para a instalação de um habitáculo para transporte de presos e substituição das duas últimas janelas de vidro por placas de ferro reforçado com orifícios para ventilação. Nascia assim o famoso “Camburão” que seria eternizado na lembrança do imaginário popular brasileiro. Com o protótipo pronto, a diretoria comercial da General Motors do Brasil S/A passaria a empreender uma campanha para a divulgação e apresentação de seu produto para as secretarias de segurança dos governos estaduais. Neste contexto, o governo do Estado de São Paulo se tornaria o primeiro cliente, sendo celebrado em julho de 1965 um primeiro contrato que englobava a aquisição de mais de cem veículos do modelo C-1416 "Viatura Policial". Os primeiros carros seriam entregues no mesmo ano, passando a equipar as unidades da Polícia Civil e Polícia Militar, com seu emprego operacional passando a render elogios por parte das corporações. Este sucesso levaria a montadora a celebrar na sequência contratos com outros governos estaduais desejosos de modernizar suas frotas policiais. Assim em apenas cinco anos, a Chevrolet Veraneio, passaria a ser o principal carro policial no país, chegando a representar durante gerações um símbolo no combate a marginalidade, principalmente por sua atuação junto a  ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), a polícia militar de elite de São Paulo. 

O grande êxito obtido pelo Chevrolet C-1416 Veraneio em operação junto as frotas das polícias militares e civis em todo o Brasil, despertaria também o interesse do Ministério do Exército, que em e meados da década de 1960, estava imbuído em um programa de renovação da frota de veículos utilitários de grande porte, voltadas principalmente par o emprego urbano. Neste período, no Exército Brasileiro, estas tarefas eram realizadas por modelos de produção nacional como o Chevrolet Amazonas e a Rural Willys (sendo este último mais indicado para operações fora de estrada), sendo complementados por utilitários de origem norte-americana (recebidos durante a Segunda Guerra Mundial), como os veteranos Dodge WC-53 Carryal. Além da versão básica utilitária, destinada ao transporte orgânico, o modelo de viatura policial, se encaixaria perfeitamente para o emprego junto aos Batalhões de Polícia do Exército (PE), com este sendo também incluso na pauta de estudos. A montadora então realizaria uma apresentação oficial das versões em análise, com ambas sendo imediatamente validadas para emprego operacional. Desta maneira no início do ano de 1966 seria celebrado um contrato entre o Ministério do Exército e a General Motors do Brasil S/A, envolvendo a aquisição inicial de oitenta viaturas. Estas passariam a ser entregues logo em seguida, pois por se tratarem de modelos já em linha na montadora não necessitaram de nenhuma customização, bastando ser aplicado apenas a pintura padrão militar na cor verde oliva. Assim os primeiros carros começaram a ser distribuídos as unidades a partir de abril do mesmo ano, onde foram classificadas como “Viatura de Transporte TNE 3X4 Ton Cabine Fechada”, onde passariam a ser empregadas em missões administrativas. 

A incorporação do Chevrolet C-1416 Veraneio no Exército Brasileiro a partir de 1966, viria a  preencher uma importante lacuna no segmento de veículos utilitários de grande porte para emprego urbano junto as unidade operativas, permitindo assim retirar de serviço modelos obsoletos e de manutenção problemática, ampliar a frota e principalmente poder concentrar os veículos Rural Willys F-75 e F-85, em tarefas a serem realizadas em ambientes fora de estrada, mais indicados a sua robusta configuração e tração integral do tipo 4X4. Seu bom desempenho e facilidade de condução logo conquistaram os motoristas, levando a celebração de novos contratos de compra ao longo dos anos ampliando assim a disposição destes carros. Satisfeito com o emprego da versão básica do Chevrolet C1416 Veraneio em missões utilitárias. Em fins do ano de 1967 seriam encomendadas as primeiras setenta viaturas da versão policial (internamente dispensando o porta-malas para a instalação de um habitáculo para transporte de presos, eliminado também as duas últimas janelas de vidro, sendo substituídas por placas de ferro reforçado com orifícios para ventilação). Estas passariam a ser entregues no início do ano seguinte, primeiramente ao 1º BPE - Batalhão de Polícia do Exército, sediado na cidade do Rio de Janeiro – RJ. Por sequência, as demais viaturas entregues começariam a ser destacadas aos demais batalhões espalhados por todo território nacional. Paralelamente o Ministério da Aeronáutica (MAer), também passaria a incorporar o Chevrolet Veraneio, com pelo menos trinta carros na versão básica para uso como viaturas orgânicas das bases aéreas e parques de aeronáutica, e vinte viaturas na versão policial, para emprego junto aos batalhões da Polícia da Aeronáutica (PA). 

Por fim, partir de 1970, o Ministério da Marinha também passaria a fazer uso dos veículos da família Chevrolet Veraneio, após a aquisição de noventa carros disposto nas versões C-1410 e C-1416 ambulância que seriam empregados em bases navais e hospitais da Marinha do Brasil e do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). Em 1971, seriam compradas vinte viaturas da versão policial para uso junto aos efetivos das Capitanias dos Portos em tarefas de combate e repressão a contrabando e contravenções legais. Ao longo dos anos seguintes estes veículos desempenhariam a contento suas tarefas, junto as três forças armadas brasileiras. A partir de 1986 seria conduzido um novo programa de renovação das frotas de veículos utilitários para emprego militar, que culminaram em contratos junto a montadora para o fornecimento de grandes lotes das novas séries Chevrolet 10 e 20 Veraneio. Este movimento determinaria o início de um gradual processo de substituição, sendo envolvidos primeiramente as viaturas com mais e vinte anos de idade. Esta sistemática perduraria até fins da década de 1980, quando as últimas viaturas pertencentes a versão ambulância foram desativadas, encerrando assim a carreira militar da primeira geração do Chevrolet Veraneio no Brasil.  


Em escala.
Para representarmos o Chevrolet C-1416 Ambulância “EB22-3516”, empregamos um modelo em die cast produzido pela Axio para a editora Altaya na escala 1/43. Fizemos uso deste artificio por não existir um kit deste veículo no mercado. Para compormos a versão ambulância empregada pelo Exército Brasileiro, desmontamos o modelo e preparamos para a pintura nas cor  padrão "verde oliva".  Após a pintura remontamos o mesmo e fizemos a aplicação de decais confeccionados pela decais Eletric Products pertencentes ao set  "Exército Brasileiro 1942/1982". 

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura do Exército Brasileiro em suas ambulâncias, modelos utilitários e viaturas policiais. No caso específico das ambulâncias, as alterações no padrão de identificação se resumiriam as dimensões aplicadas na cruz vermelha. Já nas versões utilitárias a cor  "verde oliva" predominou em todo o período de emprego, recebendo apenas a inclusão do novo brasão da Exército Brasileiro a partir de 1983. 



Bibliografia :
- Primórdios da Motorização no Exército Brasileiro 1919-1940 - Expedito Carlos Stephani Bastos
- Chevrolet Veraneio 50 anos - www.novoguscar.blogspot.com.br/2014/11/historia-chevrolet-veraneio-50-anos.html
- Chevrolet Transporte e Comércio – Editora Salvat 2019
- General Motors do Brasil – www.generalmotors.com.br
- Manual Técnico - Exército Brasileiro 1976