M-1 (57 mm) Antitanque

História e Desenvolvimento.
No final da primeira metade da década de 1930 o Exército dos Estados Unidos (US Army) dispunha em suas unidades de infantaria como arma de maior calibre, diversos modelos de metralhadoras de calibre .50 (12,7mm). Embora já houvesse estudos em curso para a adoção de uma arma de maior calibre para emprego contra veículos automotores e carros blindados, ainda não havia uma previsão concreta para sua incorporação. Desta maneira este processo, apesar de fundamental ainda era tido como embrionário, gerando pouco interesse por parte dos oficiais militares de alta patente. Visando reduzir custos de desenvolvimento, os estudos realizados apontariam para a análise de peças de artilharia de calibres semelhantes já disponíveis no mercado. Dentre os modelos avaliados destacava-se um canhão alemão, modelo sobre o qual seria desenvolvido a partir de 1938 do projeto e conceito do primeiro canhão antitanque americano o M-3  de calibre 37 mm.  Esta nova arma receberia seu batismo de fogo contra o Exército do Imperio do Japão, durante a defesa das Filipinas em dezembro de 1941, recebendo elogios por sua atuação. Este canhão antitanque teria ainda destacada participação na Campanha de Guadalcanal, onde seria empregado contra a infantaria japonesa e principalmente contra os carros de combate japoneses, se mostrando extremamente eficiente contra o leve sistema de blindagem destes veículos. Já os resultados amostrados durante a Campanha do Norte da África em 1942, seriam completamente diferentes, com seu pequeno calibre se mostrando insuficiente para fazer frente aos modernos carros de combate alemães dos modelos Panzer III e IV.  Neste contexto, relatórios de inteligência emitidos após a desastrosa Batalha de Kasserine, em fevereiro de 1943, mencionavam que seus projeteis de 37 mm , mal arranhavam os blindados do Exército Alemão (Wehrmacht).  Estes péssimos resultados remeteriam inicialmente a conclusões controversas por parte dos oficiais, com as justificativas se dividindo entre a possibilidade de obsolescência da arma, emprego de táticas não refinadas ou falta de experiência das equipes. No entanto, a avaliações mais detalhadas deste relatório concluíram que o equipamento em questão era completamente inadequado para este novo nível de ameaça, levando a decisão sobre sua emergencial substituição. 

O princípio desta solução, no entanto, já havia sido desenvolvido anteriormente do outro lado do Oceano Atlântico, pois no início do ano de 1940 o comando do Exército Real (Royal Army), lançaria uma demanda a seus arsenais para o desenvolvimento de uma nova arma antitanque destinada a substituir os antigos canhões QF 2 Pounder de 40 mm. Este modelo inglês também se mostraria ineficiente quando confrontando com os carros de combates alemães durante os primeiros meses da Campanha da França neste mesmo ano.  Neste contexto o Woolwich Arsenal seria selecionado para o desenvolvimento de uma nova arma antitanque, como ponto de partida, definiu-se o emprego do calibre de 57 mm. Esta decisão se basearia na experiência da empresa na produção em larga escala no final do século XIX de peças de artilharia semelhantes, assim esta experiencia (know how) aliada a grande parte do ferramental já existente, poderia eliminar várias etapas neste processo, agilizando assim seu prazo para o início de produção em larga escala. Desta maneira sua concepção seria finalizada em meados do mesmo ano, no entanto o desenvolvimento de seu transportador não seria concluído até o fevereiro de 1941, resultando em um grande atraso no cronograma original. Este programa seria afetado também pelos eventos decorrentes da queda da França, onde durante o processo de evacuação das praias de Dunquerque, grande parte dos equipamentos e armamentos da Força Expedicionária Britânica (BEF) seriam abandonados durante a execução da operação Dynamo. Assim com base nas perspectivas de um potencial invasão alemã e na inadequada quantidade de armas de artilharia naquele momento, seria decido focar a produção em massa de armamentos, levando por questões de produtividade, a decisão em se reativar a linha dos canhões antitanque QF 2 Pounder de 40 mm. Esta definição estava embasada na produção em massa de uma arma já em uso, não necessitando também de treinamento e aclimatação das tropas, atrasando assim o lançamento do novo canhão QF 6 Pounder de 57 mm. Assim sua produção somente seria iniciada em novembro de 1941, com sua entrada em serviço ocorrendo somente a partir de maio de 1942. 
O batismo de fogo do modelo QF 6 Pounder em serviço no Exército Real (Royal Army) ocorreria entre os dias  26 de Maio e 21 de Junho de 1942, durante a batalha de Gazala, com estes canhões sendo empregados contra as forças blindadas alemãs e italianas lideradas pelo General Erwin Rommel. Apesar desta arma apresentar grande êxito neste confronto, a batalha terminaria com uma vitória por parte das forças do Eixo. Os relatórios do emprego do QF 6 Pounder 57 mm comprovariam que este canhão antitanque se adequava perfeitamente as necessidades do Exército dos Estados Unidos (US Army) no processo de substituição dos canhões antitanque M-3 37 mm. Assim desta maneira seria celebrado um acordo entre os governos destes dois países, visando a produção sob licença desta arma antitanque.  A versão escolhida para fabricação seria baseada no modelo QF 6 Mark II, com dois canhões deste modelo sendo enviados ao Watervliet Arsenal nos Estados Unidos para confecção dos gabaritos e ferramental. A alta demanda pela obtenção deste tipo a arma, levaria a decisão de estender a produção também para o Rock Island Arsenal, com as primeiras armas agora designadas como M-1 Gun 57 mm sendo entregues a partir de outubro do ano de 1942. Uma variante designada M-1A1, passaria a empregar pneus e rodas do tipo “US Combat", a este se seguiria o modelo M-1A2, que introduziria a prática britânica de travessia livre, o que significava, que a arma poderia ser atravessada pela tripulação empurrando e puxando a culatra, em vez de atravessada apenas por engrenagens. No entanto, visando melhorar a produtividade, no início da primavera de 1943, seria decidido focar os esforços industriais somente na versão padrão M-1. Neste momento pelo menos dois terços desta produção deveriam ser destinadas as divisões do Exército dos Estados Unidos (US Army) baseadas na Inglaterra, visando assim compor alta disponibilidade para seu emprego futuro na invasão da França. O restante da produção seria destinado ao atendimento das demandas previstas nos contratos do programa de ajuda militar aos aliados, o acordo Leand & Lease Act Bill  (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), com a maior parte destas peças sendo fornecidas as forças britânicas, com um pequeno volume devendo ser cedido a União Soviética (URSS), para o emprego pelo  Exército Vermelho. 

Como registrado anteriormente, os canhões M-1 Gun e QF6 Pounder apresentaria resultados extremamente positivos, sendo capaz de penetrar qualquer blindagem dos veículos alemães e italianos. Em sua ação mais célebre, os canhões de QF 6 Pounder do 2º Batalhão, a Brigada de Fuzileiros (juntamente com parte da Artilharia Real de Bateria Antitanque 239), destruiriam mais de quinze tanques inimigos na ação em 'Snipe' durante a Segundo Batalha de El Alamein. Com estes resultados se repetindo posteriormente durante as fases iniciais da invasão da Itália. No entanto ao longo do ano seguinte, os alemães introduziram projetos muito mais pesados e fortemente blindados de carros de combate, especialmente os tanques Tiger I e o Panther, contra os quais a munição de 57 mm se mostraria ineficaz quando empregada contra sua blindagem frontal. Desta maneira as forças aliadas passariam a empregas táticas de engajamento lateral e traseiro, com os canhões QF6 Pounder sendo responsáveis pelos primeiros carros de combate Tiger destruídos no norte da África. A partir de maio de 1944 este cenário começaria a mudar, com os carros de combate alemães de nova geração passando a ser vítimas com a introdução de munições mais sofisticadas como o Armor-Piercing Composite Rigid - APCR (munição perfurante de blindagem), Armor-Piercing e Discarding Sabot - APDS. Próximo a implementação da operação Overlord os canhões M-1 Gun 57 mm se encontravam disponíveis em grande número na Europa, e de acordo Tabela de Organização e Equipamentos (TO&E) de 26 de maio de 1943, uma Companhia Regimental Antitanque, passava a incluir nove canhões de 57 mm e cada batalhão dispunha de um pelotão antitanque com três canhões, totalizando dezoito armas destas por regimento. Em meados de 1944, o M-1 57 mm já representava o equipamento padrão das forças norte-americanas na Frente Ocidental, superando largamente em números os canhões M- 3 Gun 37 mm. Durante a campanha de invasão na Normandia os canhões antitanque M1 57 mm, apresentaram destacada participação no esforço aliado, e neste cenário seriam tracionados pelos veículos Dodge WC-63 1 1⁄2 Toneladas 6x6 e  White M-3 Half-Track.  Após a consolidação da cabeça de ponte nas praias da França, estes canhões antitanque passariam a cedidos as Forças Francesas Livres (France Libre), apresentado destacada participação no esforço aliado naquela fase do conflito. 
Com o fim da Segunda Guerra Mundial em maio de 1945, e a consequente desmobilização das tropas norte-americanas, os canhões M-1 57 mm começariam a ser desativados no Exército dos Estados Unidos (US Army), passando a ser substituídos em menor número por canhões sem recuo ou ainda bazucas. O eclodir da Guerra da Coréia (1950 - 1953), levaria este equipamento a ser mobilizado para o emprego em um cenário de conflagração real, com muitos sendo cedidos ao Exército da Coréia do Sul (Daehanminguk Yuk). Porém anterior a este conflito, as Forças de Defesa de Israel (IDF), fariam extenso uso tanto dos M-1 Gun quanto dos QF 6 Pounder, empregando-os em batalhões antitanques em nível de brigada e pelotões antitanque de batalhão. Este se tornaria um dos maiores operadores pós-guerra deste tipo de canhão antitanque, em fins de 1955 havia cento e cinquenta e sete peças em serviço ativo, e no ano seguinte mais cem seriam adquiridas na Holanda, porém chegariam a tarde demais para entrar em serviço antes da deflagração da Crise do Canal de Suez. O modelo também seria adotado pelas Forças Armadas do Paquistão, servindo durante anos, atualmente muitos ainda podem ser vistos como "guardas do portão" junto as bases do exército daquele país.  Durante a Guerra do Biafra (1967 - 1970), tanto o Exército Federal da Nigéria quanto as Forças Armadas de Biafra faria uso do modelo, chegando serem empregados como canhões embarcados em pequenos navios. Atualmente ainda podem ser encontradas armas antitanque deste modelo em uso em países da África e América do Sul. Entre os anos de 1942 e 1945 seriam produzidos pelos arsenais norte-americanos um total de mais de quinze mil canhoes da família M-1 Gun 57 mm. 

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário demandaria logo sem seguida a um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência tanto em termos de equipamentos, armamentos e principalmente doutrina operacional militar. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil e militar que se apresentavam no vasto litoral do país. A participação brasileira no esforço de guerra aliado seria ampliada em breve, pois Getúlio Vargas afirmou que o país não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos para os países aliados, e que “o dever de zelar pela vida dos brasileiros, levaria o governo a  a medir as responsabilidades de uma possível ação fora do continente. 

No que tange a artilharia de campanha, o cenário não era melhor, com a Força Terrestre sendo equipada em sua grande maioria com canhões produzidos no início do século, se destacando os alemães Krupp 75 mm Modelo 1908, e franceses Schneider - Canet 75 mm, preparados para tração hipomóvel. Os primeiros navios de transporte norte-americanos carregados com todo tipo de moderno equipamento militar começariam a ser recebidos no porto do Rio de Janeiro,  a partir de meados do ano de 1942 se destacando principalmente um grande número de armas de infantaria e artilharia. Entre estes se encontravam canhoes antitanque de 37 mm e obuseiros de 105 mm e 155 mm, com sua incorporação representando assim um grande salto qualitativo para a artilharia do Exército Brasileiro. Como esperado, o país tomaria parte em um esforço maior junto aos aliados, com está intensão sendo concretizada no dia 09 de agosto de 1943, quando através da Portaria Ministerial nº 4.744, publicada em boletim reservado de 13 do mesmo mês, foi estruturada a Força Expedicionária Brasileira (FEB), constituída pela 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) e por órgãos não-divisionários. Esta força seria comandada por um general-de-divisão, Joao Batista Mascarenhas de Morais, sendo composta de quatro grupos de artilharia (três de calibre 105 mm e um de calibre 155 mm). A infantaria deveria ser equipada ainda com armas anticarro e antitanque de diversos tipos e aplicações, sendo destinados ao contingente brasileiro a cessão de cinquenta e sete modernos canhões antitanque M-1 Gun de 57 mm, tipo até então inédito no Exército Brasileiro. Em 12 de abril de 1943, através do Decreto-lei nº 5.388-A, seria criada a Companhia de Canhões Anti-Carro. Apesar das tropas brasileiras, destinadas a lutar no teatro de operações na Itália, serem submetidas a intensivo programa de treinamento de combate nos centros de treinamento do Campo dos Afonsos e Gericinó no Rio de Janeiro, faltava-lhes ainda a capacitação para a operação de armas mais complexas como os canhões antitanque e obuses modernos.  Esta deficiência seria sanada somente em solo italiano, através da implantação de um programa de instrução ocorrendo entre os dias 5 e 18 de agosto, de 1944, na localidade de Tarquínia, situada a 60 quilômetros a noroeste de Roma.  Nesta fase os soldados brasileiros, que seriam responsáveis pela operação das armas antitanque, e começariam a se familiarizar com os conceitos e doutrina deste tipo missão, sendo instruídos por seus pares norte-americanos do “V Exército”, que detinham grande experiencia no manejo desta arma.   
Inicialmente este processo seria estabelecido com o uso dos canhões antitanque M-3 37 mm, peça esta que se encontrava presente em maior número na Itália, porém na fase final deste processo toda a instrução seria também ministrada com os canhões M-1 Gun de 57 mm, que nas forças aliadas na Europa passavam a substituir as armas de 37 mm nesta missão.  No dia 15 de setembro de 1944,  clima gelado  já prenunciava os rigores do inverno próximo, e seria nestas condições que a  Força Expedicionária Brasileira (FEB) receberia seu batismo de fogo, quando as tropas lideradas pelos General Zenóbio da Costa, atuariam em coordenação com três companhias norte-americanas, com esta operação enfrentando pouca resistência do inimigo. Dois dias depois seriam conquistadas as localidades de Massarosa, Bozzano e Quiesia, não sendo registrado, no entanto, nenhum encontro com unidades blindadas alemães ou italianas. A exemplo da formatação de emprego doutrinário original do Exército dos Estados Unidos (US Army), os canhões antitanque M-1  Gun de 57 mm podem ter sido empregados em conjunto com os canhões M-3 Gun de 37 mm. Junto ao contingente brasileiro, estas armas equipariam o  1º Regimento de Infantaria – Sampaio, 6º Regimento de Infantaria – Ipiranga e 11º Regimento de Infantaria – Tiradentes e pela Companhia Anti Carros. Existem poucos registros oficiais do emprego destes canhões contra veículos blindados inimigos, com estas peças sendo geralmente utilizadas em ataques contra pontos de defesa ou fortificações inimigas. Após o término do conflito em maio de 1945, todos os canhoes M-1 Gun de 57 mm bem como os demais veículos, armas e equipamentos cedidos pelos norte-americanos seriam entregues ao Comando de Material do Exército dos Estados Unidos (US Army) na cidade de Roma. Nesta unidade todos estes materiais considerados em melhor estado de conservação seriam armazenados e despachados posteriormente ao Brasil por via naval. Após serem recebidos no porto do Rio de Janeiro em julho deste mesmo ano, estas peças de artilharia "italianas", passariam a ser concentradas nas unidades de Infantaria e de Companhias Anti Carro, que já operam o mesmo tipo de armamento recebido anteriormente.   

Durante toda a sua carreira este canhões antitanques norte-americanos seria tracionados pelos carros blindados M-3A-1 Scout Car, blindados meios lagarta M-2, M-3, M-5, utilitários Dodge WC-63  e WC-62 Beep 6X6 Big Foot e finalmente perto do fim de sua carreira por veículos utilitários nacionais militarizados como os  Ford Willys-Overland Rural F-75 e F-85.  Apesar de ser muito superior aos canhões antitanques M-3 Gun de 37 mm em seu emprego operacional, os M-1 Gun 57 mm , operariam no Exército Brasileiro com grande nível de restrição em termos de tiro prático, muito em função da escassez de munição deste calibre.  Ao contrário deste tipo, a munição de 37 mm era mais comum na Força Terrestre, principalmente por equipar os carros de combate leve M-3 Stuart e os carros blindados sobre M-8 Greyhound, salientando também, que este projetil chegou a ser produzido localmente, algo que nunca ocorreu com a munição de 57 mm.  No início da década de 1960, mais unidades do canhão antitanque M-1 Gun de 57 mm seriam recebidos no país, sendo parte integrante de um grande lote de material militar cedidos as Forças Armadas Brasileiras nos termos do Acordo Militar Brasil – Estados Unidos. Estes canhões antitanque eram oriundos das unidades de infantaria do Exército dos Estados Unidos (US Army), e se mantinham cuidadosamente armazenados desde sua retirada de serviço em fins da década de 1950. Neste mesmo pacote seriam recebido um grande lote de munição de 57 mm de diversos tipo, trazendo um alento, proporcionando uma retomada operacional deste tipo de armento, permitindo uma maior distribuição destes canhões, que até então estavam concentradas nos Regimento de Infantaria (RI) , e Companhias de Canhões Anti Carro (CCAC), passando a compor também o efetivo de alguns Esquadrões de Reconhecimento Motorizado (Esqd Rec Mec). Vale ressaltar o emprego real deste tipo de armamento, durante a implantação da prontidão das forças do Exército Brasileiro nos estados de Sao Paulo e Rio de Janeiro, em sua participação nos esforços de demonstração de força durante a Revolução ou Contra Revolução de 1964, movimento deflagrado no dia 31 de março deste mesmo ano.
A partir de fins do ano 1965, ainda dentro dos termos do  Acordo Militar Brasil – Estados Unidos, as Forças Armadas Brasileiras passariam a receber nos anos seguinte novos lotes de materiais equipamento bélicos mais modernos de origem norte-americana. Neste contexto seriam cedidos ao Exército Brasileiro um considerável número de canhões sem recuo (CSR) M-40, M-40A1 e M-40A2 de 106 mm, desenvolvido especialmente para emprego anti-carro e antitanque. Devido ao seu menor peso, facilidade de manejo e eficiência operacional, estas novas armas passariam a imediatamente substituir os canhões antitanque M-1 de 57 mm junto aos Batalhões de Infantaria, com estes passando a equipar mais unidades que até então faziam uso das peças remanescentes do modelo M-3 Gun de 37mm. Porém seu intenso emprego operacional anterior, levaria a um novo cenário de escassez de munição de 57 mm, levando em 1967  a decisão de se iniciar o processo de desativação desta arma. Os últimos canhões antitanque M-1 Gun de 57 mm seriam retirados em meados do ano de 1972, com muito destes sendo preservados nas sedes de suas unidades operacionais como monumentos ou ainda passando a compor o acervo de diversos museus militares espalhados pelo pais. Algumas destas peças seriam desmilitarizadas e vendidas para a entusiastas ou colecionadores civis. 

Em Escala:
Para representarmos o canhão antitanque M-1 Gum de 57mm, fizemos uso do mediano kit da Riichi Models na escala 1/35, modelo que peca na qualidade de injeção do plástico com muitas rebarbas. Porém como ponto positivo o kit, apresenta um bom set em photo etched. Para se representar a versão usada pelo Exército Brasileiro, não há necessidade de se realizar nenhuma alteração, bastando montar o modelo direto da caixa.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo, representa o único padrão de pintura tático empregado desde o recebimento das primeiras peças em 1942 e nos lotes subsequentes. Este  esquema  seria mantido até sua retirada de serviço até o início da década de 1970.


Bibliografia: 
- M-3 57 mm Gun Wilipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/Ordnance_QF_6-pounder
- US M-1 57 mm Anti-tank gun at Militaria: Weapons - http://efour4ever.com/57mm.htm
- Artilharia de Campanha no Exército Brasileiro – Cezar Carriel Benetti - http://www.ecsbdefesa.com.br/fts/ACEB.pdf

Sistema SARC REMAX

História e Desenvolvimento.
O núcleo do que viria a se tornar o Centro Tecnológico do Exército (CTEx), teria sua gênese enraizada durante a década de 1940, quando durante a Segunda Guerra Mundial, o governo brasileiro acordou o recebimento de missões militares norte-americanas em assistência às nossas Forças Armadas Brasileiras. Neste momento ficaria evidente o despreparo do pais, na tarefa de se enfrentar ameaças e conflitos externos por falta de autonomia na área tecnológica. Isto posto, ficaria claro o quanto a Ciência e a Tecnologia seriam o vetor fundamental para a soberania nacional, nascendo neste momento da necessidade de manutenção destes veículos e equipamentos importados, os primeiros embriões de organizações militares dedicadas a engenharia, pesquisa e desenvolvimento. Durante as décadas seguintes, este processo evoluiria gradativamente, porém em meados da década de 1970, o Exército Brasileiro definiu um grupo de trabalho para implantar um centro capacitado a suprir às necessidades nas áreas de pesquisa e desenvolvimento de materiais militares. Em 16 de outubro de 1979, tal hercúlia missão lograria êxito, através da publicação do Decreto No 84.095 que criaria o Centro Tecnológico do Exército (CTEx). A esta organização seriam subordinadas novas unidades como o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IPD), o Instituto de Projetos Especiais (IPE) e o Campo de Provas da Marambaia (CPrM). Neste momento motivado por demandas relacionadas a renovação da frota de veículos militares de diversos modelos, nasceriam os primeiros projetos nacionais, movimento este que ganharia força após a formalização de parcerias junto a indústria brasileira, se destacando neste contexto as empresas Engesa S/A e Bernardini S.A. Indústria e Comércio. Surgiria assim a era de ouro da Base Industrial de Defesa Nacional, com muitas empresas do setor, logrando êxito em conquistar contratos de exportação envolvendo milhares de viaturas militares projetadas e fabricadas no Brasil.  Entretanto em fins da década de 1980, o término da Guerra Fria, levaria a uma drástica redução da demanda internacional por armas, veículos militares e equipamentos, com este movimento impactando diretamente na indústria nacional, levando ao encerramento das operações de muitas destas empresas privadas. Porém apesar do país não contar mais com um pujante parque industrial de defesa, felizmente o Centro Tecnológico do Exército (CTEx) continuaria sua busca pelo estudo e desenvolvimento de novas tecnologias que pudessem ser incorporadas aos efetivos da Força Terrestre Brasileira 

Entre diversos projetos de grande importância nascidos no seio desta organização, destaca-se o desenvolvimento de um Sistema de Armas Remotamente Controlado (SARC), que deveria ser destinado a equipar viaturas blindadas do Exército Brasileiro. O conceito deste sistema remontaria a meados da década de 1960, com a criação do programa norte-americano “Remote Controlled Weapon Station” (RWCS), ou Estações de Armas Remotamente Controladas. O principal objetivo deste sistema, seria o de proporcionar maior segurança à guarnição no interior das viaturas do Exército dos Estados Unidos (US Army), quando empregados em cenários de conflagração. Deveriam proporcionar além de se segurança ao operador, maior precisão no disparo da metralhadora e maior consciência situacional proporcionadas pelas câmeras externas, devendo poder operar normalmente em um cenário de combate noturno, sendo assim integrado a um conjunto de visão termal. O estágio inicial deste programa previa o desenvolvimento para emprego de para armas leves e de médio calibre, que podiam ser instaladas em veículos de combate terrestres ou plataformas de combate marítimas e aéreas. Os primeiros conjuntos operacionais começariam a ser entregues as unidades operacionais militares, em fins da década seguinte, sobe o codinome de Estação de Armas Operadas Remotamente (CROWS).  No entanto o amadurecimento da tecnologia ao longo dos anos seguintes eliminaria uma série de deficiências do sistema original, resultando no modelo M-101 CROWS, que permitiria ao operador a capacidade de adquirir e engajar alvos enquanto estivesse dentro de um veículo. O conjunto seria projetado para emprego a partir de uma variada gama de plataformas, podendo ser armado com lançadores de granada MK-9, metralhadoras Browning M-2 calibre 12,7 mm,  M-240B  calibre 7,62 mm e  M-249 de calibre 5,56 mm. O sistema seria composto por duas partes: a plataforma que é fixada no exterior do veículo e o grupo de controle, sendo capaz de operar com rotação de 360° e de elevação entre  − 20° a + 60° com emprego de giroscópio para estabilização, com este conjunto sendo completado com uma câmera de vídeo à luz do dia, uma câmera térmica e um rangefinder laser seguro para os olhos. Durante as décadas seguintes, mais nações desenvolveriam seus próprios projetos deste tipo de sistema de armas automáticas, se destacando entre outros o belga  FN Herstal Defender, o finlandês Patria PML 127 OWS, os russos Bumerang-BM -  AU-220M - Arbalet-DM - Сервал  e o israelense Samson RCWS - Katlani. 
Estes sistemas de armas e sua consequente eficiência no emprego em situações reais de combate logo mostrariam seu valor, despertando a atenção do comando do Exército Brasileiro, visando sua possível aquisição seja por desenvolvimento próprio ou importação. No ano de 2005, a Secretaria de Ciência e Tecnologia, passaria a ser comandada pelo General Alberto Mendes Cardoso, que implementaria uma série de mudanças na organização, iniciando a fusão desta com Secretaria de Tecnologia da Informação (STI), originando então a Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT). Desta maneira seriam absorvidas todas a áreas de pesquisa, desenvolvimento e fabricação de Material de Emprego Militar (MEM), atualmente denominados Sistemas e Materiais de Emprego Militar (SMEM). Neste contexto o General Cardoso, com o apoio de seu vice-chefe, o General Ubiratã Athayde Marcondes (atual gerente de sistemas terrestres da empresa ARES Aeroespacial e Defesa), elaboraria o Plano Básico de Ciência e Tecnologia (PBCT), que fixaria ações estratégicas alinhadas ao Planejamento Estratégico do Exército Brasileiro, vigente à época e que atendia à visão de futuro de buscar um patamar tecnológico com valor dissuasório. Entre seus principais projetos, o programa do Morteiro de 120 mm, já se encontrava em fase final de homologação operacional, permitindo assim a alocação de recursos financeiros e humanos em novos projetos. Dentro do escopo do Plano Básico de Ciência e Tecnologia (PBCT) encontrava-se sobre o comando do Capitão Marcello Menezes Eifler do Grupo de Armamento e Munição (GAM), o desenvolvimento de uma torre de 105 mm para Carro de Combate, que seria em em princípio, destinada a Nova Família de Blindados, que em 2007 se transformaria no Programa Estratégico do Exército (Prg EE) GUARANI. Logo de início identificou que, devido à falta de experiência do Centro Tecnológico do Exército (CTEx) com os sistemas eletrônicos embarcados em uma torre desse tipo, não haveria condições, a curto prazo, de se projetar e conceber tal sistema de grande complexibilidade, passando a estudar a possibilidade de partir para uma torre de design e funcionalidades mais simples, como forma de absorver conhecimento der imediato, para o desenvolvimento posterior de conjuntos maiores e mais complexos. 

A oportunidade para um projeto mais simples surgiria a seguir, com a participação das Forças Armadas Brasileiras, da Missão de Paz das Nações Unidas no Haiti MINUSTAH (Mission des Nations Unies pour la Stabilisation en Haïti). Nesta operação multinacional, muitas vezes ocorreriam enfrentamento contra ex-militares das forças armadas haitianas (extintas em 1994, por Jean Bertrand Aristide), ex-policiais e bandidos comuns, que organizados em miliciais se dedicavam a controlar algumas áreas na capital Port au Prínce. Estas forças irregulares estavam armadas com os mais variados tipos de armas leves, desde carabinas M-1 Carbine a fuzis M-1 Garand e AK-47 Kalashnikov, forçando as tropas brasileiras a adaptar-se um novo e peculiar tipo de confronto assimétrico. Este cenário levaria a implementação de novas táticas, e a adaptação das viaturas com o intuito de fornecer um mínimo de proteção adequada a seus ocupantes.  Neste contexto um dos principais pontos críticos era a exposição do operador da metralhadora de apoio das viaturas blindadas de transporte de tropas Engesa EE-11 Urutu a tiros deflagrados por estes milicianos. Como solução seriam desenvolvidos estudos entre o Centro Tecnológico do Exército (CTEx) e o Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP), visando inicialmente a construção de uma torre mecânica blindada. Este processo evoluiria para o estudo de emprego de um Sistema de Armas Remotamente Controlado (SARC), havendo inclusive, no final de 2007, a instalação de um SARC CWS 30, da israelense RAFAEL Advanced Defense Systems, com uma metralhadora de calibre 7,62 mm MAG, em um EE-11 Urutu, a fim de ser submetidos a testes de campo. Os resultados seriam promissores, porém os custos envolvidos em um processo de importação seriam demasiados altos para o momento, gerando a oportunidade para a possibilidade em se desenvolver um Sistema de Armas Remotamente Controlado (SARC), nacional. É importante frisar que, nos últimos conflitos armados, principalmente em áreas urbanas, houve uma intensa utilização deste tipo de sistema, sendo denominado internacionalmente pela sigla RWCS (Remote Controlled Weapon Station), na qual o atirador fica posicionado no interior da viatura, onde realiza as operações remotas de pontaria e disparo do armamento. No exterior da viatura permanece somente o armamento, o reparo e os sistemas de observação de alvos, constituídos principalmente por câmeras diurna e noturna. A versão mais moderna desses sistemas incorpora também um sistema de estabilização, permitindo a realização do tiro com a viatura em movimento. 
Devido a uma demanda de aparelho de pontaria para os novos morteiros de 120 mm produzidos nacionalmente, o comando do Grupo de Armamento e Munição (GAM), estabeleceu conversações com a empresa Periscópio Equipamentos Optrônicos Ltda, no intuito de se aprofundar no conhecimento de seu Sistema de Pontaria para Tiro Indireto de Morteiros (SPOTIM). Durante uma reuniao, seria apresentado aos oficiais o sistema IVERA (Indicador Visual Estabilizado de Rampa de Aproximação), desenvolvido para fornecer aos pilotos de helicópteros a indicação visual estabilizada da rampa de aproximação para pouso em embarcações. Curiosamente este conjunto preencheria adequadamente lacuna de capacidade tecnológica que faltava ao Centro Tecnológico do Exército (CTEx), para a criação de um sistema de armas remotamente controlado nacional. Negociações de parceria em desenvolvimento seriam estabelecidas, resultando no segundo semestre do ano e 2006 na criação do  “Projeto básico de pesquisa, desenvolvimento e produção de um protótipo de Reparo de Metralhadora Automatizado X (REMAX)”, sendo que esse acrônimo foi criado pelo General Ribeiro Souto. Já nos requisitos iniciais do projeto do SARC REMAX, ficou claro o pragmatismo empregado pelo Exército Brasileiro, buscando concentrar seus poucos recursos em sistemas para seu Teatro de Operação (TO), pois este sistema seria desenvolvido inicialmente para utilizar apenas como armamento as metralhadoras Browning M-2HB de calibre .50 (12,7×99 mm) e FN MAG de calibre 7,62×51 mm. Como premissa básica, esta torre deveria ser projetada desde sua concepção inicial envolvendo uma arquitetura modular, que permitisse a implementação de componentes que agregassem diferentes funcionalidades, e multiplataforma, para poder ser integrado em quaisquer viaturas blindadas com teto rígido (EE-11 Urutu, Iveco Guarani, M-113 e  Leopard  A5BR) com um mínimo de modificações. 

Emprego no Exército Brasileiro.
Com os parâmetros definidos, em dezembro de 2006, seria celebrado entre o Ministério da Defesa e a empresa nacional Ares Aeroespacial e Defesa Ltda (antiga Periscópio Equipamentos Optrônicos Ltda), o contrato nº 004/2006-CTEx, para pesquisa, desenvolvimento e produção de um protótipo experimental, designado como REMAX 1 (Reparo de Metralhadora Automatizado X), no valor de R$ 1.245.000,00 e com prazo para conclusão do processo até dezembro de 2008. Esse seria um contrato firmado por inexigibilidade de licitação, em virtude da singularidade do objeto (primeiro Sistema de Armas Remotamente Controlado) a ser desenvolvido no hemisfério sul fazendo uso tecnologias não totalmente dominadas na época. Apesar da notória especialização da empresa, que detinha a tecnologia para o desenvolvimento do sistema de estabilização terrestre, é importante destacar que, toda a propriedade intelectual do REMAX 1, estabelecida no citado contrato, seria totalmente do Exército Brasileiro. No primeiro semestre de 2009 seria apresentado um modelo de exposição (mock-up) do sistema REMAX, já integrado no modelo da Viatura Blindada de Transporte de Pessoal – Média Sobre Rodas (VBTP-MSR) Iveco 6×6 Guarani, durante a edição da feira Latin America Aero & Defence (LAAD) no Rio de Janeiro. Esta seria o primeiro estágio de integração do protótipo não funcional a uma viatura. Já o desenvolvimento do protótipo experimental seria concluído no segundo semestre de 2009, porém infelizmente o VBTP-MSR 6×6 Guarani ainda não havia sido entregue pelo fabricante para a execução este processo. Para evitar mais atrasos no cronograma original, seria solicitado junto ao Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) a cessão de uma viatura Engesa EE-11 Urutu, com o objetivo de que o sistema pudesse ser integrado a uma plataforma veicular sobre rodas, dando início as atividades da apreciação a cargo do Centro de Avaliações do Exército (CAEx). Este conjunto seria extensamente testado em campo verificando suas condições básicas de funcionalidade, apresentando resultados promissores. Desta maneira seria validada a continuidade do projeto, avançando para a próxima fase de desenvolvimento técnico e operacional.   

Em outubro de 2009 seria celebrado outro contrato com a Ares Aeroespacial e Defesa Ltda, o nº 004/2009-CTEx, para a obtenção de um segundo protótipo operacional, chamado REMAX 2, cujo objetivo era de permitir o início das atividades de integração do sistema REMAX na viatura blindada Iveco Guarani, em paralelo à apreciação do protótipo experimental que estava sendo realizada pelo Centro de Avaliações do Exército (CAEx). A configuração desse protótipo agregaria também algumas características e funcionalidades ao projeto do protótipo experimental, resultado da experiência obtida com os testes de desenvolvimento realizados em laboratório e no campo, e que contribuiriam para aumentar a segurança e o desempenho do sistema. Seu valor seria estabelecido em R$ 893.582,00 e o prazo para conclusão do serviço estava previsto para conclusão até agosto de 2010. A propriedade intelectual do protótipo operacional do REMAX 2, estabelecida no contrato, também seria de 100% para o Exército Brasileiro. Em junho de 2010, depois de um período de treinamento de pessoal, para operação do sistema realizado pelo Centro Tecnológico do Exército (CTEx) e manutenção da VBTP Engessa EE-11 Urutu (disponibilizado pelo Arsenal de Guerra de São Paulo - AGSP), seria iniciada apreciação do protótipo experimental. Os testes da apreciação do REMAX 1 seriam divididos em quatro grupos principais: testes funcionais, testes em estativa, testes com REMAX integrado no EE-11 Urutu (viatura parada/alvo fixo e viatura em movimento/alvo fixo) e testes ambientais. Em setembro de 2011, seria concluída a produção do protótipo operacional (REMAX 2) que, em fevereiro de 2012, seria instalada na Viatura Blindada de Patrulhamento e Emprego Dual (VBPED), para os testes iniciais para apreciação do protótipo e, com os resultados sendo considerados satisfatórios, em 25 de julho de 2012, foi homologado o Relatório de Apreciação do Centro de Avaliação do Exército (CAEx), através da Portaria nº 024/DCT. Em 2013, o REMAX 2 foi finalmente integrado no protótipo do VBTP-MSR 6×6 Guarani, após várias tratativas junto a Gerência do Projeto e a IVECO Veículos de Defesa, que desenvolveu o projeto com o Exército, e esta foi oficialmente apresentada ao público na edição da feira internacional de defesa na edição LAAD 2013. 
Em outubro de 2012, seria celebrado o contrato nº 001/2012-DF, entre a Diretoria de Fabricação e a Ares Aeroespacial e Defesa Ltda, para a produção do lote piloto de setenta e seis unidades de produção, chamadas REMAX 3, sendo que as duas primeiras seriam cabeças de série (CS1 e CS2) para testes estáticos, no valor de R$ 49.418.088,00. Posteriormente esse valor seria corrigido, através de um Termo Aditivo nº 2, em virtude de a empresa ser isenta de impostos como PIS e COFINS, sendo devolvida a diferença para a União (algo em torno de R$ 1.800.00,00). Como a contratada ainda não tinha uma a estrutura para a fabricação capaz de produzir na escala desejada, solicitou ao Exército Brasileiro uma antecipação de parte do valor do contrato para poder edificar sua linha de montagem, o que foi prontamente atendido, e, como contrapartida (offset), doaria mais cinco unidades do REMAX, o que elevou o total desse contrato para oitenta e um conjuntos. O desenvolvimento do projeto REMAX 3 apresentaria a duração aproximada de um ano. Em 2013, o Centro de Avaliação do Exército (CAEx) iniciaria os testes de desempenho nas duas cabeças de série, passando também a avaliar os manuais de operação e o de manutenção fornecidos pelo fabricante. Em 2014, a Ares Aeroespacial e Defesa Ltda realizaria a qualificação da integração do Lote Piloto do REMAX 3 na VBTP-MSR 6x¨6 Guarani (chassi 83, LED 67) e habilitou a montadora a proceder à instalação, sendo que para sua integração a empresa ficou responsável por componentes do kit de instalação e a montadora brasileira pelo anel de interface, caixa de distribuição de potência e realização da integração final. A Experimentação Doutrinária seria realizada na 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada (15ª Bda Inf Mec), que como já havia realizado a Experimentação da VBTP-MSR 6×6 Guarani e estava habilitada como Infantaria Mecanizada. Assim, já possuía uma infraestrutura preparada e pessoal especializado para receber as atividades. O REMAX 3 foi exposto na edição LAAD 2015, instalado em uma viatura VBTP-MSR 6×6 Guarani e nas viaturas experimentais VBMT-LSR 4×4 RTD/AVIBRAS Sherpa - Tupi, Iveco LMV e Inbra Gladiador II, todas elas com instalações plenamente operacionais. 

O Centro de Avaliação do Exército (CAEx) em conjunto com a  Ares Aeroespacial e Defesa Ltda e o 33° Batalhão de Infantaria Motorizado (33º BI Mtz) realizariam avaliações complementares no REMAX integrado na VBPT-MR 6×6 Guarani e encontraram algumas não conformidades, principalmente em relação ao módulo optrônico que, para soluciona-lo, uma equipe com membros da Diretoria de Fabricação (DF) e da Ares Aeroespacial e Defesa Ltda foram à fábrica da OIP Sensor Systems, na Bélgica, a fim de acompanhar os testes com este módulo e adquirir os conhecimentos necessários para a integração do REMAX à viatura. Após as avaliações realizadas dentro do escopo da Experimentação Doutrinária, foi publicada a Portaria Nº 065-EME, de 8 de marco 2016, adotando oficialmente o Sistema de Armas Reparo de Metralhadora Automatizado X, versão 3 (REMAX 3). Em dezembro de 2016 foi celebrado o contrato nº 186/2016-COLOG, para a produção do lote primeiro lote de produção, de 215 unidades, no valor de R$ R$ 328.057.657,39, com validade inicial de 5 anos, e que seria atendido conforme dotação orçamentária. Já em operação regular há mais de 6 anos, o Sistema de Armas Remotamente Controlado REMAX, vem consolidando plenamente seu conceito dentro das tropas do Exército Brasileiro, possibilitando dar mais suporte de fogo às unidades mecanizadas brasileiras ao mesmo tempo que garantiria a proteção de seu atirador, que é considerado um ponto crítico na guerra moderna, substituindo os reparos manuais de metralhadoras. Até o presente momento já foram entregues mais de 150 unidades, e mais dezenas se encontram no momento, no 4º Depósito de Suprimentos (4º D Sup), em Juiz de fora/MG, em processo de instalação em viaturas VBTP-MSR Iveco 6×6 Guarani. O grande êxito operacional levaria o Comando do Exército Brasileiro a estudar o emprego deste sistema junto ao programa da Viatura Blindada Multitarefa, Leve de Rodas (VBMT-LR) Iveco LMV. Com os testes sendo conduzidos a partir do mês de abril do ano de 2020 contando com o apoio da 9ª Brigada de Infantaria Motorizada (9ª Bda Inf Mtz), do Centro de Avaliações do Exército (CAEx) e das empresas Iveco Veículos de Defesa e ARES Aeroespacial e Defesa. Com o sistema sendo homologado em maio do mesmo ano, gerando um contrato para o fornecimento de oito torres deste sistema para equipar um número similar destes veículos blindados com tração 4X4. 
Em novembro de 2021 o Centro Tecnológico do Exército (CTEx), foi formalizado o desenvolvimento do novo sistema de armas remotamente controlado (SARC) REMAX 4 e um pacote de atualização dos REMAX 3 atualmente em uso, através do acordo de cooperação nº 21-DCT-005-00, entre o Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) do Exército e a empresa Ares Aeroespacial e Defesa. O REMAX 4 é uma evolução do atual REMAX 3, desenvolvido entre o Exército e a empresa Ares, cujas principais mudanças são, além da atualização dos eletrônicos, hardware e arquitetura de software, terá seu módulo de optrônicos desacoplado do berço, permitindo graus de liberdade independentes (azimute e elevação) à linha de visada; capacidade do cofre de munição aumentada em três vezes, indo de 100 para 300 para cartuchos 12,7x99mm, e de 200 para 600 para 7,62x51mm; e possibilidade de adicionar uma estação de trabalho para o comandante de viatura, permitindo o controle total da estação de armas, podendo ser integrada ao sistema de gerenciamento de missão (SGM), aumentando sua consciência situacional. Com essas modificações, além de manter o sistema no chamado “estado-da-arte”, permitirá a uma integração mais fácil com outros armamentos, como lançadores automáticos de granadas (LAG) e mísseis anticarro (“anti-tank guided missile” – ATGM). Também poderá ser integrado um sistema de alerta laser (“laser warning systems” – LWS), sendo que no protótipo foi instalado o ELAWS 2, da Elbit Systems. O pacote de atualização dos SARC em operação, cuja denominação é REMAX 3A1, deverá ter as mesmas características à exceção do sistema optrônico desacoplado e das menores dimensões.
Bibliografia :

Em Escala
Para representarmos o Sistema de Armas Remotamente Controlado REMAX – 3 em uso pelo Exército Brasileiro nas viaturas blindadas Iveco VBTP-MR 6×6 Guarani, fizemos uso do novo e excelente  kit (set de detalhamento) impresso em 3D na escala 1/35, produzido pela Oficina do Aquino, modelo de alta qualidade e detalhamento. Fizemos uso de parte de decais oriundos de outros modelos para representar alguns detalhes de marcações na torre.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático no verde oliva empregado pelo Exército Brasileiro, existem vários registros fotográficos indicando também o emprego da camuflagem padrão em  dois tons (verde e marrom terra), em uso nos veículos militares da Força Terrestre  desde o ano de 1983. Empregamos tintas, vernizes e washes produzidos pela Tom Colors.

Bibliografia :
- Remote Controlled Weapon Station - https://en.wikipedia.org/wiki/Remote_controlled_weapon_station
- Especial SARC REMAX Tecnologia e Defesa por Paulo R. Bastos Jr - https://tecnodefesa.com.br
- EB homologa o SARC REMAX nas VBMT-LR 4×4 Iveco LMV-BR - https://tecnodefesa.com.br
- REMAX 4 entra em produção e é integrado ao LMV-BR - https://tecnodefesa.com.br

Douglas B-18 e B-18A Bolo

História e Desenvolvimento.
A Douglas Aircraft Company, uma das principais fabricantes de aeronaves dos Estados Unidos no século XX, foi fundada por engenheiro Donald Wills Douglas em 22 de julho de 1921, em Santa Mônica, Califórnia, após a dissolução da Davis-Douglas Company. Reconhecida por produzir algumas das aeronaves mais icônicas da aviação civil e militar, a empresa no ano seguinte marcou seu início com o desenvolvimento do Douglas DT, seu primeiro avião militar. Este bombardeiro torpedeiro biplano, projetado no início da década de 1920 para a Aviaçao Naval da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), foi concebido para operar a partir de navios de guerra e, posteriormente, porta-aviões, estabelecendo as bases para o conceito de aviação embarcada de ataque, que evoluiria nas décadas seguintes. Em 1923, a Douglas alcançou notoriedade com o programa "World Flight", iniciativa do Serviço Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USASS) que visava realizar a primeira circum-navegação aérea global. Para atender a essa demanda, a empresa desenvolveu o Douglas World Cruiser (DWC), uma versão modificada do Douglas DT, sob a liderança do talentoso engenheiro Jack Northrop. Quatro aeronaves foram encomendadas, com a última entregue em 11 de março de 1924. Apesar de desafios operacionais e acidentes, a missão foi concluída com sucesso, consolidando o lema da empresa: First Around the World (Primeira Volta ao Mundo). Na década de 1930, a Douglas diversificou sua produção com a série BT, uma linha de aviões de treinamento primário desenvolvida para o United States Army Air Corps (USAAC). O BT-2B, uma variante aprimorada do BT-2, incorporava melhorias no motor e nos controles, otimizando confiabilidade e manutenção. Embora simples, o BT-2B desempenhou um papel crucial na formação de pilotos militares, servindo como uma transição entre treinadores primários e aeronaves táticas mais avançadas que começavam a operar naquele periodo. Paralelamente, a empresa expandiu suas operações para incluir aviões anfíbios e de transporte de médio porte, transferindo suas instalações para Clover Field, em Santa Mônica. Em 1933, a Douglas lançou o DC-1, seguido pelo DC-2 em 1934. O ápice veio em 1935 com o Douglas DC-3, uma aeronave que revolucionou o transporte aéreo comercial e tornou-se uma das mais bem-sucedidas da história. Sua versão militar, o C-47 Skytrain, foi amplamente utilizada durante a Segunda Guerra Mundial, destacando-se por sua versatilidade e confiabilidade. A Douglas Aircraft Company consolidou-se como uma referência na aviação, combinando inovação em projetos militares e comerciais. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, a Douglas Aircraft tornou-se uma das principais fornecedoras de aeronaves para as forças armadas dos Estados Unidos e seus aliados. A empresa operava múltiplas fábricas e chegou a empregar mais de 160 mil trabalhadores no auge do esforço de guerra. Entre os modelos mais emblemáticos da era estão: A-20 Havoc, SBD Dauntless,  DC-3 e o C-47.

Em meados da década de 1930, o Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) identificou a necessidade urgente de modernizar sua frota de bombardeiros médios, visando substituir os obsoletos Martin B-10. Para atender a essa demanda, em julho de 1934, foi lançada uma concorrência para o desenvolvimento de um novo bombardeiro médio, com especificações técnicas rigorosas. O projeto exigia uma aeronave monoplana, bimotora, capaz de transportar até uma tonelada de carga útil, atingir uma velocidade máxima de 354 km/h a 3.000 metros de altitude, possuir um raio de ação superior a 3.218 km e uma autonomia de missão superior a dez horas de voo. Diversas empresas aeronáuticas responderam ao edital, apresentando propostas conceituais. Entre as mais destacadas estavam: Martin Model 146: Uma versão aprimorada do bombardeiro Martin B-10, descartada rapidamente por basear-se em uma plataforma considerada obsoleta. Boeing 299: Precursor do bombardeiro de longo alcance Boeing B-17, esta proposta era inovadora, mas foi rejeitada devido ao alto custo, que excedia as expectativas orçamentárias conservadoras do USAAC, e a um acidente fatal ocorrido com o protótipo durante os voos de avaliação. Douglas DB-1 (Douglas Bomber 1): Desenvolvida pela Douglas Aircraft Company, esta proposta destacou-se por sua viabilidade técnica e econômica, sendo selecionada para avançar no processo. O Douglas DB-1 foi projetado com base na plataforma da bem-sucedida aeronave comercial Douglas DC-2, adaptada para atender às exigências militares. Suas principais características incluíam: Estrutura e Design: O DB-1 manteve o design monoplano de asa baixa do DC-2, com asas e cauda ligeiramente ampliadas. A fuselagem foi redesenhada para uma configuração de meia altura, permitindo a inclusão de um compartimento de bombas sob a seção central. A fuselagem apresentava construção circular, com um nariz arredondado e sem corte, otimizado para a instalação de um sistema de mira de bombardeio na parte inferior. Armamento Defensivo: O sistema defensivo era composto por três metralhadoras Colt M-2 calibre 7,62 mm, posicionadas no nariz, em uma torreta elétrica superior retrátil e na posição ventral da aeronave. A proposta da Douglas foi favorecida por sua combinação de tecnologia comprovada, derivada do DC-2, e adaptações específicas que atendiam às necessidades do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC). Diferentemente das propostas da Martin, limitada por sua base ultrapassada, e da Boeing, inviabilizada por questões orçamentárias e um acidente, o DB-1 representou uma solução prática e eficiente, consolidando neste processo a preferência do comite respósavel pela avaliação das propostas.   Em setembro de 1934, a  Douglas Aircraft Company foi selecionada como vencedora da concorrência lançada pelo Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) para o desenvolvimento de um novo bombardeiro médio. 
Em setembro de 1934, a Douglas Aircraft Company firmou um contrato com o Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) para a produção de duas aeronaves de pré-produção do bombardeiro médio Douglas B-18, 133 unidades iniciais de série e um compromisso total de 370 aeronaves. O voo inaugural da primeira aeronave de pré-produção ocorreu em 1º de abril de 1935, seguido por um rigoroso programa de testes e avaliações em voo. Durante os ensaios, constatou-se que os motores originais Wright R-1820-G45 Cyclone, com 850 hp, não atendiam aos requisitos de desempenho. Como solução, foram substituídos na linha de produção pelos motores Curtiss-Wright R-1820-45, com 930 hp cada, permitindo que a aeronave alcançasse uma velocidade máxima de 350 km/h, um alcance de 3.000 km, um teto de serviço de 3.700 metros e uma capacidade de carga de até 2.200 kg de bombas. As primeiras unidades do Douglas B-18 começaram a ser entregues às unidades operacionais do USAAC em janeiro de 1937, consolidando-se como o principal bombardeiro de longo alcance do arsenal norte-americano após a entrega do primeiro lote. Em maio de 1938, teve início a produção da versão aprimorada, o Douglas B-18A, equipada com motores Wright R-1820-53 de 1.000 hp e modificações no nariz para otimizar o visor de bombardeio e ampliar a área envidraçada. Até o final de 1938, 217 unidades do B-18A foram entregues, cumprindo o cronograma contratual. Durante o período de operação, uma célula do B-18 foi equipada experimentalmente com um canhão de 75 mm para testes de ataque a alvos terrestres e navais. Embora considerado operacionalmente inviável na época, o experimento estabeleceu parâmetros técnicos que influenciaram projetos futuros, como as versões especializadas do North American B-25 Mitchell. Além disso, em janeiro de 1940, o B-18 protagonizou o primeiro teste de operação de tropas aerotransportadas do Exército dos Estados Unidos, quando 38 aeronaves do 7º Grupo de Bombardeio transportaram um batalhão de tropas, marcando o início do desenvolvimento dessa doutrina militar. Paralelamente aos contratos com o governo norte-americano, a Douglas Aircraft Company identificou o mercado de exportação como uma oportunidade estratégica. A empresa lançou uma campanha de marketing voltada para clientes europeus, iniciando negociações com a Força Aérea Real (Royal Air Force - RAF). Contudo, as tratativas não avançaram, devido ao compromisso da RAF com a aquisição de aeronaves Lockheed A-28 Hudson. Apesar desse obstáculo, a Douglas obteve sucesso ao exportar 20 aeronaves customizadas para a Real Força Aérea Canadense (RCAF), onde foram designadas como Douglas Digby Mk.I.
Em 7 de dezembro de 1941, o ataque surpresa do Império do Japão às bases norte-americanas em Pearl Harbor, Havaí, resultou na destruição da maioria das 33 aeronaves Douglas B-18A estacionadas no Campo Hickam, atingidas no solo. Esse evento acelerou a substituição dos B-18A pelos bombardeiros Boeing B-17A e B-17B, que superaram a aeronave da Douglas Aircraft Company, vencedora da concorrência contra o protótipo do B-17 em 1935. Ainda em dezembro de 1941, outras 12 células do B-18 foram destruídas em solo durante ataques japoneses ao Campo Clark, nas Filipinas. As aeronaves Douglas B-18 remanescentes no continente norte-americano foram redistribuídas para os 7º, 5º, 19º e 2º Grupos de Bombardeio, além dos 38º e 21º Esquadrões de Reconhecimento. Contudo, ficou evidente que o B-18 estava obsoleto e inadequado para enfrentar caças de alta performance alemães, italianos e japoneses. Dadas essas limitações, o Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) restringiu seu uso a missões locais, proibindo sua transferência para teatros de operações ativos. Devido à sua limitada capacidade de autodefesa, o Douglas B-18 Bolo foi inicialmente empregado em missões de treinamento, formando tripulações para os novos bombardeiros Boeing B-17 e Consolidated B-24 Liberator. Essa transição refletiu a inadequação do B-18 para operações de combate em cenários de alta intensidade. Com o intensificar da Batalha do Atlântico e a ameaça de submarinos alemães ao litoral norte-americano, o USAAC e a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) enfrentaram escassez de aeronaves de patrulha marítima. O Douglas B-18 Bolo, com sua grande autonomia e capacidade de carga, incluindo cargas de profundidade, revelou-se ideal para essa função. A partir de janeiro de 1942, 122 células foram convertidas para missões de patrulhamento marítimo, recebendo a designação Douglas B-18B. Essas aeronaves foram equipadas com um radar de busca Western Electric SCR-517-T4 no nariz e um sistema de detecção de anomalias magnéticas. O Douglas B-18B teve seu batismo de fogo em 2 de outubro de 1942, quando uma aeronave do 99º Grupo de Bombardeio, em patrulha ao largo da costa de Caiena, Guiana Francesa, avistou o submarino alemão U-512 (Tipo IXC). O B-18B atacou, lançando cargas de profundidade que resultaram no afundamento do submarino, demonstrando a eficácia da aeronave nessa nova função. A partir de meados de 1943, os Douglas B-18B começaram a ser gradualmente substituídos pelos quadrimotores Consolidated PBJ-24 Liberator em missões de patrulha marítima. Relegados a tarefas de treinamento multimotor e transporte, os B-18B foram completamente retirados do serviço ativo ao final da Segunda Guerra Mundial, com todas as células remanescentes sendo sucateadas. Embora obsoleto para missões de bombardeio, o Douglas B-18 encontrou uma nova utilidade na patrulha marítima, contribuindo significativamente para a defesa do litoral norte-americano durante a Batalha do Atlântico. Sua trajetória reflete a capacidade da Douglas Aircraft Company de adaptar suas aeronaves a contextos emergentes, mesmo diante de limitações tecnológicas e operacionais.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo dos Estados Unidos passou a considerar com grande preocupação a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Essa ameaça tornou-se mais evidente após a capitulação da França em junho de 1940, que abriu a possibilidade de a Alemanha nazista estabelecer bases operacionais em territórios coloniais franceses, como as Ilhas Canárias e Dacar. Nesse cenário, o Brasil foi identificado como o ponto mais vulnerável para uma potencial ofensiva, devido à sua proximidade geográfica com o continente africano, que também integrava os planos de expansão territorial alemã. Adicionalmente, as conquistas japonesas no Sudeste Asiático e no Pacífico Sul posicionaram o Brasil como o principal fornecedor de látex para os Aliados, uma matéria-prima essencial para a produção de borracha, indispensável à indústria bélica. A localização geográfica do Brasil, particularmente o litoral nordeste, com destaque para a cidade de Recife, revelou-se estrategicamente vantajosa. Essa região representava o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano, tornando-se ideal para o estabelecimento de bases aéreas e portos militares. Essas instalações eram cruciais para o translado de tropas, suprimentos e aeronaves destinados aos teatros de operações na Europa e no Norte da África, funcionando como uma ponte logística essencial para o esforço de guerra dos Aliados. Diante desse cenário, observou-se uma rápida aproximação política e econômica entre Brasil e Estados Unidos, resultando em acordos de cooperação militar e investimentos estratégicos. Um marco significativo foi a adesão do Brasil ao Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), um programa de ajuda militar voltado para a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que enfrentavam obsolescência em equipamentos, armamentos e doutrina operacional. O acordo proporcionou uma linha de crédito inicial de US$ 100 milhões, destinada à aquisição de armamentos modernos, incluindo aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Esses recursos foram fundamentais para capacitar o Brasil a enfrentar as ameaças impostas por submarinos alemães e italianos, que intensificavam os ataques à navegação civil e militar, impactando o comércio exterior brasileiro, especialmente o transporte de matérias-primas para a indústria bélica norte-americana. A recém-criada Força Aérea Brasileira (FAB), estabelecida em 20 de janeiro de 1941, herdou um parque aéreo obsoleto proveniente da Aviação Militar do Exército Brasileiro e da Aviação Naval da Marinha do Brasil. Essas aeronaves eram inadequadas para enfrentar ameaças modernas, especialmente os submarinos do Eixo. O Lend-Lease Act desempenhou um papel vital ao fornecer aeronaves mais avançadas e promover a atualização da doutrina operacional, permitindo que a FAB se preparasse para proteger o litoral brasileiro e contribuir para o esforço de guerra dos Aliados.  No início da Segunda Guerra Mundial, as aeronaves mais modernas à disposição da Força Aérea Brasileira (FAB), como os monomotores Vultee V-11, AT-6B, V-65B Corsair e os bimotores Focke-Wulf FW-58 Weihe, revelaram-se inadequadas para missões de patrulha marítima e guerra antissubmarino. 

Essas tarefas eram essenciais para o esforço de guerra nacional, especialmente no combate aos submarinos alemães e italianos, que representavam uma séria ameaça à navegação civil e militar ao longo do litoral brasileiro.Para enfrentar essa deficiência, foi necessário um esforço emergencial de modernização dos meios aéreos da FAB, com foco em patrulha marítima e guerra antissubmarino.  Na fase inicial de suas operações, a Força Aérea Brasileira (FAB) restringiu suas atividades a voos de presença ao longo do litoral brasileiro. Essa dinâmica começou a se alterar no início de 1942, quando, sob incentivos econômicos e pressões diplomáticas, o governo brasileiro autorizou o uso de bases aéreas nacionais por unidades de patrulha da Marinha dos Estados Unidos (US Navy). Esse marco possibilitou os primeiros confrontos contra submarinos alemães e italianos, missões que contaram com a observação atenta de oficiais brasileiros. A solução começou a se materializar por meio da Comissão de Compras de Material Aeronáutico, sediada em Washington, D.C., nos Estados Unidos. Essa comissão tinha como objetivo identificar e adquirir aeronaves modernas no âmbito do programa Lend-Lease Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), priorizando equipamentos que atendessem às necessidades operacionais do Brasil.  A partir de Abril de 1942, a FAB começou a receber diversas aeronaves militares, incluindo dois bombardeiros Douglas B-18 Bolo, transladados em voo por tripulações norte-americanas. Após sua chegada, essas aeronaves foram destinadas ao Agrupamento de Aviões de Adaptação (AAA), criado em 4 de fevereiro de 1942, em Fortaleza, Ceará. O AAA, sob supervisão de militares do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), foi estabelecido para transferir doutrina operacional e capacitar tripulações brasileiras para missões reais de combate. No AAA, os Douglas B-18 Bolo foram inicialmente empregados em missões de instrução de tripulantes brasileiros e em operações de patrulhamento marítimo nas regiões litorâneas dos estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. Durante os primeiros meses de envolvimento do Brasil no conflito, as aeronaves foram operadas por tripulações mistas, compostas por militares norte-americanos experientes e pilotos brasileiros em fase final de formação. Esse modelo visava assegurar a plena assimilação das táticas de patrulha e guerra antissubmarino, com o objetivo de que o AAA fosse desativado assim que as tripulações brasileiras estivessem aptas a operar de forma autônoma. Após o período de treinamento, as duas aeronaves Douglas B-18 Bolo foram redistribuídas: O Douglas B-18 Bolo “FAB 6300” foi destinado ao Grupo de Aviões Bimotores (GAB), sediado na Base Aérea de Natal, Rio Grande do Norte. O Douglas B-18 Bolo “FAB 7032” foi alocado ao Grupo de Aviões Bimotores (GAB), baseado em Recife, Pernambuco.
Equipadas com visores de bombardeio Stopey D-8 e derivômetros B-3, essas células não contavam com radares Western Electric SCR-517-T4 ou detectores de anomalias magnéticas, diferentemente das versões especializadas em guerra anti submarino utilizadas pelo Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), limitando assim seu poder de patrulha apenas ao campo de observação visual Como armamento ofensivo, os B-18 Bolo utilizavam cargas de profundidade MK17 Mod 1, fornecidas diretamente pelos estoques da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) que ja se encontravam em territorio nacional. Essa dependência perdurou até que a Base Aérea de Fortaleza estivesse equipada para armazenar essas e outras munições utilizadas pela Aeronáutica. Neste momento as operações de patrulha seriam reforçadas pelo recebimento dos primeiros North American B-25B e logo em seguida de aeronaves especializadas neste escopo de missão, os Lockheed A-28A Hudson.  O primeiro registro de um ataque realizado por um Douglas B-18 contra um submarino inimigo ocorreu em 8 de maio de 1943, às 12:10, no litoral de Maceió, Alagoas. A aeronave “FAB 6300”, pertencente ao Grupo de Aviões Bimotores (GAB) sediado na Base Aérea de Natal, era tripulada pelo 1º Tenente-Aviador Zamir de Barros Pinto, Aspirante-Aviador Geraldo Labarthe Lebre e os Sargentos Castro e Jayme. Durante a missão, a tripulação avistou o submarino alemão U-154 (Tipo IX), que havia atacado o navio-tanque mercante norte-americano Motorcarline às 05:45 do mesmo dia. Ao perceber a aproximação da aeronave brasileira, o U-154 mergulhou rapidamente. O B-18 lançou duas cargas de profundidade e uma carga de instrução, que atingiram a área à frente da esteira de espuma deixada pelo submarino, resultando no surgimento de uma grande mancha de óleo na superfície. A aeronave permaneceu sobrevoando o local por uma hora, mas não houve confirmação do afundamento do submarino.  Neste mesmo período ano determinado que a Força Aérea Brasileira deveria começar a assumir uma significativa parcela das atividades de patrulhamento e guerra antissubmarino em seu mar territorial, como movimento resultando de recebimento de mais aeronaves especializadas como os Lockheed PV-1 Ventura, Consolidated PBY-5A Catalina e Lockheed PV-2 Harpoon. Mesmo assim  duas células do Douglas B-18 Bolo continuaram a realizar missões de patrulha marítima e guerra antissubmarino até o final da Segunda Guerra Mundial, em maio de 1945.  Após o término da Segunda Guerra Mundial, em maio de 1945, as duas aeronaves Douglas B-18 Bolo da Força Aérea Brasileira (FAB), concentradas na Base Aérea de Recife, Pernambuco, foram destinadas principalmente a missões de treinamento e transporte. Ressalta-se que, em algum momento de 1945, uma das células foi temporariamente transferida para o Parque de Aeronáutica dos Afonsos (PAMAAF), no Rio de Janeiro, onde operou como aeronave orgânica. Em julho de 1945, o Ministério da Aeronáutica (MAer) implementou um novo sistema de matrículas de quatro dígitos para suas aeronaves. Nesse contexto, os Douglas B-18 Bolo receberam as designações FAB 5026 (anteriormente 6300) e FAB 5027 (anteriormente 7032). 
Em 18 de outubro de 1946, a Diretoria de Material da Aeronáutica (DIRMA) determinou a transferência das aeronaves Douglas B-18 Bolo, matrículas FAB 5026 e FAB 5027, para o Parque de Aeronáutica de São Paulo (PASP), com o objetivo de utilizá-las em missões de transporte. Contudo, ambas as células apresentavam significativo desgaste estrutural decorrente de seu uso intensivo durante a Segunda Guerra Mundial, comprometendo sua operacionalidade. FAB 5026: Considerada inapta para o voo até São Paulo, a aeronave foi desativada em 10 de fevereiro de 1947 pelo Núcleo do Parque de Aeronáutica de Recife (NuPARF). A célula foi desmontada para aproveitamento de peças, e sua estrutura foi sucateada. FAB 5027: Translada com êxito ao PASP, a aeronave passou por uma revisão estrutural que confirmou seu avançado estado de deterioração, levando à decisão de sua desativação. Em vez de ser alienada, foi destinada à Escola Técnica de Aviação (ETAv), no bairro da Mooca, São Paulo. Desmontada e transportada por caminhões, a célula passou a ser utilizada como ferramenta de instrução prática para os alunos da instituição. A Força Aérea Brasileira (FAB) recebeu uma terceira célula, pertencente à versão Douglas B-18A, que se diferenciava das anteriores por contar com motores Wright R-1820-53 mais potentes e uma estação de bombardeio realocada. Essa aeronave foi transladada em voo de San Antonio, Texas, Estados Unidos, partindo em 8 de agosto de 1944 e chegando ao Rio de Janeiro em 16 de agosto. Apesar de estar em condições de voo, a célula foi classificada pela Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF) como “War Weary” (cansada de guerra), sendo inadequada para operações intensivas de combate. Assim, foi destinada ao 1º Grupo Misto de Instrução (1º GMI) da Escola Técnica de Aviação (ETAv), em São Paulo, onde foi empregada em atividades de instrução no solo para os alunos do Curso de Formação de Sargentos Especialistas. Em fevereiro de 1945, uma quarta aeronave Douglas B-18 foi cedida à FAB, também destinada a atividades de instrução no solo. Contudo, durante o voo de translado para o Brasil, a aeronave sofreu uma pane que obrigou a tripulação a realizar um pouso de emergência em uma praia a poucos quilômetros ao sul de San José, Guatemala. Embora o pouso tenha causado danos mínimos, a chegada da maré cheia ao entardecer danificou irreparavelmente a célula, inviabilizando sua recuperação. Com a chegada da terceira célula, a ETA, localizada no Hipódromo da Mooca, São Paulo, passou a contar com duas aeronaves Douglas B-18 (FAB 5027 e a B-18A) para fins educacionais. Em 1949, uma dessas aeronaves foi desmontada e sucateada, reduzindo o número de células ativas na instituição. Com a fusão de recursos materiais e humanos da ETA com a Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAr), em Guaratinguetá, São Paulo, a última célula remanescente do Douglas B-18 foi transferida para as novas instalações. Alguns anos depois, provavelmente com a chegada de múltiplas células do recém-desativado Douglas A-20K, o último Douglas B-18 foi sucateado, marcando o fim de sua utilização no Brasil.

Em Escala.
Para representar o Douglas B-18 Bolo, matrícula “FAB 7032”, foi utilizado o kit da Special Hobby na escala 1/72. Este modelo, caracterizado por detalhes em baixo relevo, oferece um elevado nível de detalhamento, incluindo peças em resina e componentes photo-etched. Sua concepção permite uma montagem fácil e rápida, atendendo às expectativas de modelistas que buscam precisão e qualidade. Foram empregados os decais originais fornecidos com o kit. No entanto, foi necessária a correção dos cocares da FAB aplicados na fuselagem, uma vez que os decais do modelo apresentavam incorreções. Na aeronave real, o cocar nacional era sobreposto à estrela do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), detalhe que exigiu ajustes para garantir a fidelidade histórica da representação.
O esquema de cores (FS) descrito a seguir corresponde ao padrão de pintura original adotado pelo Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) para o Douglas B-18 Bolo. Este mesmo padrão foi mantido pela Força Aérea Brasileira (FAB) durante toda a operação da aeronave, até sua retirada de serviço. Destaca-se que, no final de sua carreira operacional, a célula em questão passou a portar a matrícula “FAB 5027”. Essa mudança decorreu da implementação de um novo sistema de marcações adotado pelo Ministério da Aeronáutica em julho de 1945, que introduziu matrículas de quatro dígitos para as aeronaves da FAB.





Bibliografia:
- Bombardeiros Bimotores da FAB, Aparecido Camazano Alamino - C&R Editorial
- História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- B-18 o Primeiro Grande da FAB – Revista Asas Nº 3
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 - 2015  - Jackson Flores Junior