M-3 e M-3A1 Anticarro (37 mm)

História e Desenvolvimento.
No início da década de 1930, as unidades de infantaria do Exército dos Estados Unidos (US Army) contavam com metralhadoras de calibre .50 (12,7 mm) como suas armas de maior potência. Embora estudos já estivessem em andamento para desenvolver uma arma de maior calibre, capaz de neutralizar veículos automotores e carros blindados contudo, os estudos iniciais eram embrionários e enfrentavam resistência de oficiais de alta patente, que viam o desenvolvimento de novas armas como uma prioridade secundária.  Embora já houvessem estudos em curso, nesta organização para a adoção de uma arma de maior calibre, para emprego contra veículos automotores e carros blindados, este processo ainda era tido como embrionário gerando pouco interesse por parte dos oficiais militares de alta patente norte-americanos. O eclodir da Guerra Civil Espanhola, em 17 de julho de 1936, levou ao largo emprego de unidades blindadas por ambos os lados, proporcionou o ambiente necessário para o uso de artilharia contra veículos blindados e carros de combate. Neste momento seria revelada  a eficácia de canhões leves anticarro, como o alemão PaK 35/36 de 37 mm, levando o Comitê de Material Bélico do Exército americano, em janeiro de 1937, a recomendar urgentemente o desenvolvimento de uma arma semelhante. Vislumbrava-se a necessidade de se dispor no arsenal norte americano, de uma arma com capacidades anticarro e antitanque, com rápida cadência de fogo e boa capacidade de manobra e movimentação em campo. Em janeiro de 1937 seriam iniciados os estudos preliminares, derivando para análise de modelos de peças de artilharia leve, já disponíveis no mercado, e com base em um modelo exitoso, partir para o desenvolvimento de uma arma própria deste modelo.  Para isso, foram adquiridas duas unidades do canhao alemão  Panzerabwehrkanone 36 (PaK 36) de calibre 37 mm para análise no campo de provas de Aberdeen, servindo assim como base para o desenvolvimento deste projeto. Este programa seria iniciado com supervisão de uma grande equipe de representantes das unidades de infantaria e artilharia do Exército dos Estados Unidos (US Army). Os estudos iniciais descartaram calibres maiores, priorizando uma arma leve e manobrável, operável por uma tripulação, o que resultou na escolha do calibre 37 mm, já popular entre canhões anticarro da época, como o sueco Bofors e o tchecoslovaco vz. 37. Em  09 setembro de 1937, foi autorizada a construção de protótipos, começando com o canhão T3 montado no reboque T1.  Porém divergências, entre as linhas de pensamento diversas dos futuros usuários e a instabilidade conjunto  do levariam a modificações no conjunto de transporte, com a versão aprimorada recebendo a designação de T1E1. 

Já nesta nova configuração os protótipos foram submetidos a um novo programa de teste no campo de provas de Aberdeen, revelando muitos defeitos, em especial a instabilidade do conjunto de transporte. Um novo redesenho levaria concepção de um novo conjunto de transporte, designado como T5, sendo este testado no verão de 1938, com a comissão de desenvolvimento chegando ao consenso que a melhor combinação para emprego envolveria o canhão T10 com conjunto de transporte T5. A combinação ideal definida em novo processo de testes  de campo em Aberdeen. Assim foi oficialmente adotada em 15 de dezembro de 1938, recebendo a designação de M-3 37 mm, para o canhão e M-4 para o conjunto de transporte. Os primeiros contratos de aquisição seriam assinados no inicio do ano seguinte, envolvendo uma pequena quantidade inicial a ser produzida, com o canhão sendo fabricado nas instalações do no Arsenal de Watervliet, e o conjunto de transporte reboque no Arsenal de Rock Island. A aceleração ocorreu em agosto de 1941, após as Manobras da Louisiana e Carolina, onde algumas unidades ainda usaram maquetes de madeira devido à demora na entrega. Embora o M-3 seguisse o conceito do canhão Rheinmetall 37mm PaK 36, e fosse geralmente referido com uma cópia deste, em suma tratava-se algo novo, diferindo significativamente do design alemão, empregando inclusive munição diferente. Seu peso total era de apenas 400 kg, e o cano da arma apresentava construção forjada em uma peça única, com fuzil uniforme (12 ranhuras, torção do lado direito, um giro em 25 calibres).  A extremidade da culatra foi enroscada em um anel, com seu mecanismo dispondo do tipo “deslizante vertical”, com seu cano equipado com um sistema de recuo do tipo hydrospring. O conjunto de transporte M-4, fazia uso do sistema do tipo “split trail”, com pneus pneumáticos, montados no eixo ao lado das rodas, dispondo de suportes escamoteáveis, que podiam assim ser baixados para fornecer mais estabilidade na posição de disparo ou levantados de modo que não impedissem o movimento da arma. A mira telescópica da versão M-6 e os dois controles de elevação e de deslocamento estavam localizados no lado esquerdo, de modo que um artilheiro tinha conseguisse facilmente apontar a arma. A engrenagem transversal tinha um mecanismo de liberação que permitia o livre movimento do cano no caso de ser necessário um avanço rápido. Graças ao seu porte leve, o M-3 podia ser facilmente tracionado por utilitários como os jipes Willys MB e Ford GPW, consolidando-se rapidamente como a arma anticarro padrão da infantaria do Exército dos Estados Unidos (US Army), refletindo uma solução prática e eficaz para as demandas iniciais da Segunda Guerra Mundial.
O canhão M-3 de 37 mm foi introduzido pelo Exército dos Estados Unidos em 1940 como uma arma anticarro leve e foi amplamente utilizado nas primeiras fases da Segunda Guerra Mundial. Na defesa das Filipinas, que começou com o ataque japonês em 8 de dezembro de 1941 (horário local), o M-3 foi empregado pelas forças americanas e filipinas, principalmente pela Força de Defesa das Filipinas (Philippine Scouts) e unidades do Exército dos EUA estacionadas na região, como parte da Força de Luzão. Essas unidades foram surpreendidas pela invasão japonesa, e o M-3 foi uma das principais armas anticarro disponíveis para conter os tanques leves japoneses, como o Type 95 Ha-Go e o Type 97 Te-Ke. O emprego do M-3 nas Filipinas ocorreu em batalhas como a de Lingayen Gulf e nas defesas de Manila e Bataan. Inicialmente, o canhão demonstrou eficácia contra os tanques japoneses, cuja blindagem frontal variava de 6 a 25 mm, permitindo penetração a distâncias de até 500 metros com munição perfurante (AP). No entanto, sua mobilidade — sendo rebocado por jipes ou transportado manualmente por uma tripulação de seis homens — foi prejudicada pelas condições de terreno e pela rápida ofensiva japonesa. Relatos da época destacam seu uso em emboscadas e posições defensivas fixas, mas a falta de munição adequada e a superioridade numérica e logística japonesa limitaram seu impacto. Com o avanço japonês, especialmente na Península de Bataan, os M-3 foram usados também como apoio de infantaria, disparando projéteis de alto explosivo (HE) contra fortificações e tropas inimigas. Apesar disso, a queda de Corregidor em maio de 1942 marcou o colapso da defesa filipina, e muitos M-3 foram capturados ou destruídos.  Os relatos de combate indicam que, embora o canhão tenha recebido elogios por sua portabilidade e manuseio, sua incapacidade de enfrentar tanques mais robustos e a escassez de suprimentos o tornaram insuficiente para alterar o curso da campanha. Os canhoes anticarro seriam ainda extensivamente empregados a invasão da África, especificamente na Operação Tocha (8 de novembro de 1942), durante os desembarques  desembarques aliados em Marrocos e Argélia, enfrentando forças do Eixo, principalmente francesas de Vichy e algumas unidades alemãs e italianas, como parte da campanha para abrir uma frente no Mediterrâneo. Os M-3 foram amplamente utilizados pelas forças americanas, incluindo a 1ª Divisão de Infantaria e a 3ª Divisão de Infantaria, destacando-se nas praias de Casablanca, Oran e Argel

Neste cenário de conflagração o  canhão M-3 ofereceu mobilidade essencial para as unidades em terrenos variados, como dunas e áreas urbanas. Inicialmente, o M-3 demonstrou eficácia contra os tanques leves franceses, como os Renault R-35 e Hotchkiss H-35, cuja blindagem frontal variava de 25 a 40 mm, permitindo penetração a até 500 metros com munição perfurante (APHE). Durante os combates em Port Lyautey e Safi, os M-3 foram posicionados em emboscadas e defesas de linha, contribuindo para neutralizar os blindados inimigos e apoiar a infantaria. No entanto, sua efetividade declinou a partir de 1943, com a  chegada de reforços alemães, incluindo tanques Panzer III e IV, expôs as limitações do M-3. Sua capacidade de penetração era insuficiente contra blindagens frontais mais espessas (50-80 mm), forçando os artilheiros a mirar em flancos ou a distâncias muito curtas (menos de 100 metros), o que aumentava a vulnerabilidade da tripulação de seis homens. Em resposta, os M-3 foram complementados por táticas de emboscada e uso de munição de alto explosivo (HE) contra fortificações e infantaria, como nas batalhas ao redor de Túnez em 1943. Com o avanço da campanha, especialmente após a Batalha de Kasserine (fevereiro de 1943), onde tanques mais robustos do Eixo dominaram, o M-3 foi gradualmente substituído por canhões de 57 mm (M-1) e tanques Sherman. Ainda assim, sua mobilidade e simplicidade o mantiveram em uso secundário até o fim da campanha da Tunísia em maio de 1943, destacando-se como uma ferramenta inicial valiosa, mas rapidamente superada pelas demandas do conflito. Durante a invasão da Sicília  conhecida como Operação Husky (10 de julho de 1943), os canhões M-3 foram desembarcados pelas forças americanas, principalmente pela 1ª e 9ª Divisões de Infantaria, nas praias do setor ocidental da Sicília, como Gela e Licat. Inicialmente, o canhão foi eficaz contra tanques leves italianos, como o Fiat M-13/40 e o L6/40, com blindagens de até 40 mm, permitindo penetrações a distâncias de até 500 metros com munição perfurante (APHE). Em Gela, os M-3 desempenharam um papel crucial na defesa contra contra-ataques italianos no primeiro dia, apoiando a infantaria ao neutralizar blindados e fortificações leves. No entanto, a chegada de reforços alemães, incluindo tanques Panzer IV e o recém-introduzido Tiger I, expôs as limitações do M-3. A blindagem frontal do Tiger (até 100 mm) tornava o canhão ineficaz a menos de 100 metros, mesmo com disparos angulados, resultando em perdas significativas para as tripulações de seis homens.  Porém o teatro italiano, quando analisado pelo comando aliado, representava uma menor prioridade para o reequipamento, do que quando comparado as demandas do noroeste da Europa. Assim ainda existiam muitos canhões M-3 37 mm em uso na Itália até o final do conflito, ao contrário do que o observado nos demais fronts de batalha, ou o canhão M-1 57 mm  já havia substituído seu antecessor completamente até a primavera do ano de 1944.
Durante a invasão da Normandia, em 6 de junho de 1944, o canhão antitanque M-3 de 37 mm desempenhou um papel relevante, embora limitado, nas operações das forças aliadas. Utilizado principalmente por unidades de infantaria dos Estados Unidos, este armamento foi empregado em funções secundárias, oferecendo suporte contra alvos leves, como bunkers, ninhos de metralhadoras e veículos com blindagem menos robusta. Unidades aerotransportadas, como as divisões 82ª e 101ª, fizeram uso do M-3 devido à sua notável portabilidade, uma vez que era uma arma leve e podia ser desmontada para transporte em planadores. Nessas circunstâncias, o canhão foi empregado, por exemplo, na defesa de posições contra contra-ataques alemães com veículos menos blindados, além de proporcionar apoio direto às tropas de infantaria. Entretanto, em 1944, o M-3 de 37 mm já era considerado obsoleto contra os tanques alemães mais avançados, como os Panzer IV, Panther e Tiger, cuja blindagem excedia a capacidade de penetração do canhão. Essa limitação levou muitas unidades a preferirem armamentos alternativos, como bazucas ou canhões de maior calibre, para enfrentar blindados alemães. Apesar disso, a mobilidade e a facilidade de operação do M-3 garantiram sua utilidade em combates urbanos e em terrenos onde tanques pesados eram menos predominantes, como em algumas áreas da Normandia. No teatro do Pacífico, o M-3 de 37 mm demonstrou maior eficácia contra tanques japoneses, como os Type 95 Ha-Go e Type 97 Chi-Ha, que possuíam blindagens mais finas. Sua mobilidade foi particularmente vantajosa em terrenos tropicais, como nas batalhas de Guadalcanal e Leyte, onde o canhão pôde ser rapidamente reposicionado para responder às táticas japonesas. Entre 1940 e 1943, foram produzidos 18.702 canhões M3 de 37 mm, divididos em três modelos principais. Durante a Segunda Guerra Mundial, este armamento foi amplamente distribuído entre as nações aliadas por meio do programa Lend-Lease (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), fortalecendo os arsenais de países alinhados aos Estados Unidos. No período pós-guerra, excedentes desses canhões foram transferidos para nações politicamente alinhadas com os interesses do governo norte-americano, permanecendo em serviço ativo em alguns países até o final da década de 1970. O canhão M-3 de 37 mm, embora superado por armamentos mais modernos ao longo do conflito, deixou um legado significativo como uma arma versátil e adaptável, especialmente em cenários onde sua leveza e facilidade de uso eram cruciais.

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passou a considerar com extrema preocupação a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Essa ameaça tornou-se ainda mais evidente após a capitulação da França, em junho de 1940, pois, a partir desse momento, a Alemanha Nazista poderia estabelecer bases operacionais nas Ilhas Canárias, em Dacar e em outras colônias francesas, criando um ponto estratégico para uma eventual incursão militar no continente. Nesse contexto, o Brasil foi identificado como o local mais provável para o lançamento de uma ofensiva, devido à sua proximidade com o continente africano, que à época também figurava nos planos de expansão territorial alemã. Além disso, as conquistas japonesas no Sudeste Asiático e no Pacífico Sul transformaram o Brasil no principal fornecedor de látex para os Aliados, matéria-prima essencial para a produção de borracha, um insumo de extrema importância para a indústria bélica. Além dessas possíveis ameaças, a posição geográfica do litoral brasileiro mostrava-se estrategicamente vantajosa para o estabelecimento de bases aéreas e portos militares na região Nordeste, sobretudo na cidade de Recife, que se destacava como o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Dessa forma, essa localidade poderia ser utilizada como uma ponte logística para o envio de tropas, suprimentos e aeronaves destinadas aos teatros de operações europeu e norte-africano. Diante desse cenário, observou-se, em um curto espaço de tempo, um movimento de aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em investimentos estratégicos e acordos de cooperação militar. Entre essas iniciativas, destacou-se a adesão do Brasil ao programa de ajuda militar denominado Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), cujo principal objetivo era promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras. Os termos desse acordo garantiram ao Brasil uma linha inicial de crédito de US$ 100 milhões, destinada à aquisição de material bélico, possibilitando ao país o acesso a armamentos modernos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Esses recursos revelaram-se essenciais para que o país pudesse enfrentar as ameaças impostas pelos ataques de submarinos alemães, que intensificavam os riscos à navegação civil, impactando o comércio exterior brasileiro com os Estados Unidos, responsável pelo transporte diário de matérias-primas destinadas à indústria de guerra norte-americana. A participação brasileira no esforço de guerra aliado logo se ampliaria. A participação brasileira no esforço de guerra aliado logo se ampliaria. O então presidente Getúlio Vargas declarou que o Brasil não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos e sinalizou a possibilidade de uma participação mais ativa de suas forças,  envolvendo o possível envio de tropas brasileiras para algum teatro de operações de relevância

Na década de 1940, a artilharia de campanha do Exército Brasileiro enfrentava desafios significativos, equipada majoritariamente com armamentos ultrapassados, como os canhões alemães Krupp 75 mm Modelo 1908 e franceses Schneider-Canet 75 mm, projetados para tração hipomóvel e fabricados no início do século XX. Esses equipamentos, embora robustos para sua época, não atendiam às exigências do combate moderno. A entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, ao lado dos Aliados, marcou o início de uma transformação profunda, impulsionada pelo programa norte-americano Lend-Lease Act. A partir de meados de 1942, navios de transporte começaram a desembarcar no porto do Rio de Janeiro, trazendo uma gama de equipamentos modernos, incluindo armas de infantaria, canhões antitanque de 37 mm e obuseiros de 105 mm e 155 mm. Essa incorporação representou um salto qualitativo para a artilharia brasileira, dotando-a de maior potência de fogo e precisão. O compromisso do Brasil com o esforço de guerra aliado foi formalizado em  Em 9 de agosto de 1943, por meio da Portaria Ministerial nº 4.744, publicada em boletim reservado no dia 13 do mesmo mês, foi criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Estruturada como a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE), sob o comando do General de Divisão João Batista Mascarenhas de Morais, a FEB incluía, além da divisão principal, diversos órgãos não-divisionários essenciais para sua operação. devendo ao todo ser composta por 25.000 soldados.  A composição da Força Expedicionária Brasileira (FEB) contemplava quatro grupos de artilharia (três equipados com obuses de 105 mm e um com 155 mm), uma esquadrilha de aviação da Força Aérea Brasileira para ligação e observação, um batalhão de engenharia, um batalhão de saúde, um esquadrão de reconhecimento e uma companhia de comunicações. A força contava ainda com um comando próprio, um comando de quartel-general, um destacamento de saúde, uma companhia de manutenção, uma companhia de intendência, um pelotão de sepultamento, um pelotão de polícia e, simbolicamente, uma banda de música.  Após desembarcar em Nápoles e realizar treinamento com instrutores americanos, a artilharia da Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi posicionada para apoiar as operações do V Exército dos Estados Unidos  contra as linhas defensivas alemãs, como a Linha Gustav e a Linha Gótica. Não há registros documentais ou fotográficos precisos que confirmem o uso efetivo dos canhões antitanque M-3 e M-3A1 em combates reais pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a campanha na Itália. Contudo, há indícios de que essas peças de artilharia desempenharam um papel significativo no treinamento conduzido pelo Exército dos Estados Unidos (US Army) para os soldados brasileiros, conhecido como "pracinhas", já em território italiano. Esse treinamento visava preparar as tropas da FEB para as exigências do front europeu, familiarizando-as com o manejo e a operação dessas armas.
Outra hipótese sugere que o teatro de operações italiano não era considerado prioritário para o recebimento de armamentos mais modernos, como o canhão M-1 de 57 mm, que apresentava maior capacidade contra blindados. Assim, o V Exército Americano, sob o comando do General Mark Clark, ao qual a Força Expedicionária Brasileira (FEB) estava subordinada, contava em seu arsenal com uma quantidade significativa de canhões M-3 de 37 mm, em detrimento de modelos mais avançados. Relatórios oficiais indicam que esses canhões permaneceram em uso pelo menos até o final de 1944, refletindo as limitações logísticas e estratégicas enfrentadas pelas forças aliadas na Itália. Em sua obra US Anti-tank Artillery 1941–1945, o renomado pesquisador norte-americano Steven J. Zaloga destaca, no capítulo dedicado ao combate antitanque na Itália, a influência da topografia acidentada e montanhosa do país nas escolhas táticas das unidades antitanque dos Estados Unidos. A natureza do terreno, caracterizada por relevos irregulares e áreas de difícil acesso, favoreceu o uso do canhão antitanque M-3 de 37 mm, que se destacava por sua leveza e facilidade de manobra em comparação com seu sucessor, o M-1 de 57 mm. Zaloga enfatiza que a portabilidade do M-3 permitia sua tração por veículos leves, como jipes, o que conferia às unidades maior agilidade em deslocamentos por terrenos desafiadores. Em contrapartida, o M-1 de 57 mm, embora mais potente, exigia veículos de maior porte e potência para reboque, o que limitava sua mobilidade em cenários montanhosos. Essa característica tornou o M-3 uma escolha preferencial para as unidades norte-americanas no teatro italiano, onde a capacidade de posicionar rapidamente as peças de artilharia era essencial para responder às demandas táticas do combate. A exemplo da formatação original do Exército dos Estados Unidos (US Army) os canhões antitanque M-3 de 37 mm, podem ter sido empregados em conjunto com os M-1 57 mm, sendo operados pelo 1º Regimento de Infantaria – Sampaio, 6º Regimento de Infantaria – Ipiranga e  11º Regimento de Infantaria – Tiradentes, e também pela Companhia Anticarros.  A análise de Zaloga sublinha, portanto, como as condições geográficas da Itália moldaram as estratégias de defesa antitanque, evidenciando a relevância do M-3 de 37 mm como um instrumento versátil e adaptado às particularidades daquele front, apesar de suas limitações contra blindados mais modernos.  Com o fim do conflito, em maio de 1945, os M-1 155 mm e outros equipamentos utilizados pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) foram transferidos ao Comando de Material do Exército dos Estados Unidos, sediado em Roma. Nesse processo, os itens em melhores condições incluindo os  canhões anticarros  M-3 e M-3A1 37 mm, foram cuidadosamente selecionados, acondicionados e enviados ao Brasil por via marítima.  

Logo após sua chegada ao Brasil, em julho de 1945 , os canhões antitanque M-3 e M-3A1 de 37 mm pertencentes a  Força Expedicionária Brasileira (FEB) foram prontamente distribuídos aos Regimentos de Infantaria (R.I.) do Exército Brasileiro. Esses regimentos já operavam pelo menos 48 peças recebidas nos termos do programa Leand & Lease Act, integrando-as às suas unidades operativas. A mobilidade dessas armas era assegurada por veículos como os blindados  White M-3A1 Scout Car, os jipes Willys MB, Ford GPW e os utilitários médios Dodge WC-51 e WC-52, conhecidos como "Beep", que garantiam o transporte eficiente em diferentes terrenos. No contexto do Exército Brasileiro, o canhão M-3 apresentava uma vantagem significativa: utilizava a mesma munição de 37 mm empregada nos canhões dos carros de combate leves CCL M-3 Stuart, o que facilitava a logística de suprimento. Entre os tipos de munição disponíveis estavam os projéteis de treinamento (sem carga explosiva), os A.P.C. (Armor-Piercing Capped), também sem carga explosiva, projetados para perfurar blindagens, e os H.E. M63, com carga explosiva, destinados a alvos mais leves ou fortificações. O cartucho H.E. M-63, em particular, era composto por um projétil de aço oco, com o interior preenchido por 38,5 gramas de TNT, detonado por uma espoleta de impacto M-58. A carga propelente, composta por 222 gramas de pólvora FNH, conferia ao projétil uma velocidade inicial de 790 metros por segundo (ou 2.600 pés por segundo). Com um peso total de 1,419 kg, o cartucho H.E. alcançava um alcance máximo de 9.500 metros e era capaz de penetrar até 6 cm de blindagem de aço a uma distância de 500 metros. Embora o canhão M-3 de 37 mm já fosse considerado tecnologicamente obsoleto na década de 1950, suas características operacionais, como o peso moderado de aproximadamente 400 kg e a possibilidade de ser rebocado por veículos utilitários leves, garantiram sua longevidade no Exército Brasileiro. A arma exigia uma guarnição mínima de apenas quatro homens, o que a tornava prática e versátil. Essas qualidades permitiram que o M3 permanecesse em serviço ativo por mais duas décadas, até o final dos anos 1960. Em 1960, o Exército Brasileiro recebeu um novo lote de canhões em condiçoes extremamente vantajosas, agora do modelo M-3A1, no âmbito do Acordo Militar Brasil–Estados Unidos. Produzida a partir de 1942, a versão M-3A1 distinguia-se do modelo original por apresentar a extremidade do cano rosqueada, projetada para a instalação de um freio de boca, acessório que, no entanto, nunca foi utilizado no Brasil.
Com a chegada de novas unidades do canhão antitanque M3A1 no início da década de 1960, no âmbito do Acordo Militar Brasil–Estados Unidos, o Exército Brasileiro ampliou significativamente a distribuição dos canhões M-3 e M-3A1. Inicialmente restritos aos Regimentos de Infantaria (R.I.), esses armamentos passaram a equipar também os Esquadrões de Reconhecimento Motorizado (RecMec), expandindo sua presença nas estruturas operativas do Exército. Um exemplo emblemático foi o 4º Esquadrão de Reconhecimento Motorizado (4º RecMec), baseado em Juiz de Fora, Minas Gerais. Essa unidade fez uso dos canhões M-3 de 37 mm durante deslocamentos de blindados, particularmente em operações de demonstração de força no contexto da Revolução de 1964, também referida como Contra-Revolução, movimento iniciado em 31 de março daquele ano. Essas ações refletiram o papel estratégico do Exército Brasileiro em um período de intensas transformações políticas no país, com os canhões M-3 desempenhando uma função de apoio em operações de caráter dissuasório. A partir de meados de 1965, ainda sob os auspícios do Acordo Militar Brasil–Estados Unidos, o Exército Brasileiro começou a receber uma quantidade significativa de equipamentos bélicos modernos, marcando uma nova fase na modernização de seu arsenal. Entre os novos armamentos destacavam-se os canhões sem recuo CSR M-40 de 106 mm, nas versões A1 e A2, destinados a equipar os principais Batalhões de Infantaria (BInf). Esses canhões, mais avançados e eficazes contra blindagens modernas, representaram um salto tecnológico em relação aos modelos anteriores. Nesse contexto, os canhões antitanque M1 de 57 mm passaram a substituir gradativamente os M-3 e M-3A1 de 37 mm, que, apesar de sua versatilidade e mobilidade, já eram considerados obsoletos frente às demandas táticas da época. O processo de substituição culminou na desativação definitiva dos canhões M-3 e M-3A1 até o final de 1967. Muitas dessas peças de artilharia foram preservadas em unidades do Exército Brasileiro como parte de seu acervo histórico, testemunhando a trajetória de modernização militar do país. A partir da década de 1990, algumas unidades desmilitarizadas foram vendidas a colecionadores e entusiastas de história militar, garantindo que o legado dos canhões M-3 e M-3A1 continuasse vivo em acervos privados e museus. Essa transição reflete não apenas a evolução tecnológica do Exército Brasileiro, mas também o esforço contínuo de adaptação às necessidades estratégicas de um país em transformação, marcado por desafios internos e compromissos internacionais. Os canhões M-3 e M-3A1, embora superados por armamentos mais modernos, deixaram uma marca indelével na história militar brasileira, simbolizando a resiliência e a capacidade de adaptação das Forças Armadas em um período de mudanças significativas.

Em Escala.
Para representarmos o canhão anticarro M-3 37 mm, fizemos uso do excelente kit produzido pela Bronco Models na escala 1/35, modelo que prima pela qualidade e detalhamento, combinado peças em metal e photo etched. Para se representar a versão usada pelo Exército Brasileiro, não há necessidade de se realizar nenhuma alteração, bastando montar o modelo diretamente da caixa.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão tático do Exército dos Estados Unidos (US Army) adotado durante a Segunda Guerra Mundial, sendo este o único esquema empregado nos canhões M-3 e M-3A1 de 37 mm do Exército Brasileiro durante seu serviço ativo, mantendo este padrão até sua desativação em fins da década de 1960.


Bibliografia: 
- M3 AntiTank de 37mm - Militaria & Armas- http://militariaearmas.blogspot.com/
- Antigos Equipamentos do Exército Brasileiro -  https://armasonline.org
- Artilharia de Campanha no Exército Brasileiro – Cezar Carriel Benetti - http://www.ecsbdefesa.com.br/fts/ACEB.pdf

Sopwith 7F.1 Snipe no Brasil

História e Desenvolvimento.
A companhia Sopwith Aviation Company (com sede em Brooklands na Inglaterra) foi criada em junho de 1912 por Thomas Octave Murdoch Sopwith(Tommy, mais tarde Sir Thomas), um esportista rico, entusiasta nas áreas de aviação, iatismo e  automobilismo, quando tinha  apenas 24 anos. Imediatamente seus modelos de treinamento logo chamariam a atenção das autoridades militares britânicas, resultando assim nos primeiros contratos governamentais com a Marinha Real (Royal Navy) em novembro do mesmo ano. Com esta nova demanda em mão a empresa mudou-se para instalações maiores, ocupando um grande espaço que anteriormente abrigara uma pista de patinação na região de Canbury Park Road perto da Kingston Railway Station, no sudoeste de Londres. Inicialmente, o próprio Tom Sopwith, auxiliado por seu ex-mecânico pessoal Fred Sigrist, liderou diversos projetos e acordos de colaboração. Uma parceria firmada com o estaleiro S. E. Saunders de East Cowes, na Ilha de Wight, em 1913, resultaria na produção de um aero bote denominado como Sopwith "Bat Boat", construído com um casco laminado que o permitia operar tanto no mar ou na terra, resultando em uma nova instalação fabril em Woolston, Hampshire, que seria iniciada em 1914. O primeiro grande sucesso comercial seria o “Sopwith Tabloid”, um projeto que mostrou pela primeira vez a influência do piloto de testes da empresa, o australiano Harry Hawker, com uma versão customizada ganharia a edição do Troféu Schneider em 1914. Este modelo evoluiria para o “Sopwith Baby” que ocuparia um lugar de destaque na frota do Serviço Aéreo Naval Real Britânico (RNAS) durante o início da Primeira Guerra Mundial. O eclodir do conflito em 28 de julho de 1914 elevaria o papel estratégico da Sopwith Aviation Company no esforço de guerra britânico, com suas aeronaves e aerobotes, passando a dotar também as unidades do Corpo Aéreo Voador (Royal Flying Corps RFC), braço aéreo do Exército Real (Royal Army), além de armas áreas da Bélgica, Países Baixos, Australia, Japão, Romênia, Grécia, Império Russo e Estados Unidos.

Durante a Primeira Guerra Mundial, a Sopwith Aviation Company seria uma das principais fornecedoras de aeronaves para Grã-bretanha, chegando a entregar mais de dezesseis mil aeronaves, entre estes o Sopwith Pup, que entrou em serviço junto as unidades do Serviço Aéreo Naval Real Britânico (RNAS), na Frente Ocidental em outubro de 1916 com o Esquadrão Nº 8 RNAS, incialmente estes novos caças lograram êxito sobre os primeiros biplanos Fokker, Halberstadt e Albatros. No entanto o advento da introdução em serviço dos novos caças alemães Albatros D.III, iriam sobrepujar completamente os novos Sopwith Pup, levando as forças armadas britânicas a adotar provisoriamente em regime emergencial os caças franceses Nieuport 17. Com base neste cenário uma nova aeronave deveria ser desenvolvida, primando por portar um gama de armamento mais pesada com maior velocidade de operação. Este novo avião seria lançado em dezembro de 1916, se tornando o primeiro caça operacional britânico projetado com duas metralhadoras Vickers .303 de calibre 7,7 mm foram montadas diretamente em frente ao cockpit, sincronizadas para disparar para frente através do disco da hélice. O primeiro contrato de produção seria celebrado em maio dos anos seguinte, levando a produção de 5.940 aeronaves. Seu batismo de fogo ocorreria em 04 de julho de 1917 com aeronaves do Esquadrão Nº 4, operando sobre a região de Dunquerque na França, no final deste o modelo passava também a equipar os esquadrões Nº 3 e Nº 4 do Serviço Aéreo Naval Real Britânico (RNAS), se tornando também operacional junto ao Esquadrão Nº 70 do Corpo Aéreo Voador (Royal Flying Corps RFC), Em serviço os Sopwith Camel F1 Camel provaram ter melhor manobrabilidade do que os caças alemães Albatros D.III e D.V, chegando a equipar treze esquadrões de combate. Juntamente com os calas S.E.5a e o SPAD S.XIII, estas aeronaves ajudaram a restabelecer a superioridade aérea aliada que perduraria eficientemente bem até 1918.
À medida que o ano de 1917 se desgastava, parecia não haver perspectiva de que a guerra terminasse naquele ano, ou mesmo no próximo, este cenário motivaria as principais empresas construtoras aeronáuticas britanicas a começar em trabalhar em novos projetos, destinados assim a equipar as armas aérea aliadas a partir de 1919. A Societé A Nieuport-Delage Issy Les produziu o B.N.1; Boulton & Paul, o Bobolink e Austin Motors, o triplane Osprey, enquanto a Sopwith Aviation Company, optou por evoluir radicalmente o Sopwith Camel para o modelo 7F.1, que passaria a ser chamado de “Snipe”. Seu desing inicial era o de biplano de baía única no qual foi dada consideração para melhorar a visão do piloto e, de fato, escreveu Jack Bruce, foi esse detalhe em que o 7F.1 melhorou mais sobre o Sopwith Camel, do qual o campo de visão do piloto era, para os padrões da época, atroz". O motor escolhido foi o rotativo mais potente então disponível, o Bentley B.R.1 de 150 hp. A fuselagem era de formato circular na seção, sem dúvida para fornecer uma medida de simplificação e toda a aeronave era um pouco maior que o Camel. Um segundo design, serial sobre o projeto  “B9963” era  semelhante ao primeiro, foi construído em torno do novo motor B.R.2 de 200 hp da W.O. Bentley, enquanto o terceiro protótipo, “B9964” em série, permanece indescritível. Um quarto protótipo, serial B9965, seguiu-se, que incorporou inúmeras pequenas mudanças, incluindo uma asa superior modificada e uma barbatana e leme revisados. A estrutura do Snipe era mais pesada, mas muito mais forte do que os caças Sopwith anteriores. Embora não fosse uma aeronave rápida para 1918, era muito manobrável, e muito mais fácil de manusear do que o Camel, com uma visão superior do cockpit - especialmente para frente e para cima. O modelo também apresentava uma taxa superior de subida, e desempenho muito melhor em alta altitude em comparação com seu antecessor, permitindo-o lutar contra os mais novos caças da Alemanha em termos mais iguais. 

Outras modificações foram feitas no Sopwith Snipe durante a guerra e o pós-guerra. O modelo foi construído em torno do motor Bentley BR2 - o último do tipo rotativo a ser usado pela Força Aérea Real (RAF) . Ele apresentava uma velocidade máxima de 196 km/h  a 10.000 pés, em comparação com os 185 km/h do Sopwith Camel na mesma altitude, com uma autonomia de voo de  três horas. Seu armamento fixo consistia de duas metralhadoras Vickers de 7,7 mm, sendo capaz de transportar até quatro bombas de 11 kg para o missões  de ataque terrestre, idêntico ao armamento do Sopwith Camel. O design permitiu que uma única metralhadora de Lewis fosse montada na seção central de forma semelhante à transportada pelo Sopwith 5F.1 Dolphin, no caso de esta não ser montada em aeronaves de produção. O Sopwith Snipe começou a ser produzido em 1918, com mais de 4.500 sendo encomendados. A produção terminou em 1919, com pouco menos de 500 sendo construídas, o restante sendo cancelado devido ao fim da guerra e o corte nos orçamentos militares das nacoes europeias. Havia apenas uma variante, o Sopwith Snipe I, com produção de várias empresas, incluindo Sopwith, Boulton & Paul Ltd, Coventry Ordnance Works, D. Napier & Son, Nieuport e Ruston, Proctor and Company. Em março de 1918, um exemplar foi avaliado pelo “No.1 Aeroplane Supply Depot” (No.1 ASD) em St-Omer, na França. O Tenente L. N. Hollinghurst (mais tarde um ás em Sopwith Dolphins, e Marechal-chefe da Aeronáutica) realizou diversos voos de ensaio a 24.000 mil pés, afirmando que apesar da aeronave ser mais pesada e possuir  "um leme muito pobre", apresentava uma manobrabilidade satisfatória. As primeiras aeronaves a entrarem em serviço em janeiro de 1918 seriam alocadas junto ao Esquadrão Nº 43, da Força Aérea Real (RAF), baseado em Fienvillers, na França, passando a substituir os Sopwith Camel. Estas aeronaves também seriam empregadas pelos Esquadrão Nº 4 do Corpo Aéreo Australiano (Australian Flying Corps - AFC), onde tiveram maior êxito em combate contra as aeronaves alemães, reivindicando oito caças alemães Fokker D.VIIs.
Após o Armistício com a Alemanha que encerrou a Primeira Guerra Mundial em 11 de novembro de 1918, os caças Sopwith Snipes fizeram parte do Exército Britânico de Ocupação, retornando ao Reino Unido somente entre os meses de agosto e setembro de 1919. Neste contexto, este modelo passaria a substituir os Sopwith Camel em quatros esquadrões de defesa domésticos baseados, entretanto no finas deste mesmo apenas um único único esquadrão, o Nº 80 estava equipado com o Sopwith Snipe.  Em 1919, o Sopwith Snipes britânicos participariam da intervenção aliada, aos lado dos “Russos Brancos” contra as forças revolucionárias bolcheviques, com doze aeronaves da Força Aérea Real (RAF) sendo empregados no norte da Rússia. Pelo menos uma destas células seria capturada pelo inimigo e colocado em serviço durante o conflito. Apesar de apresentar não um desempenho excepcional em combate, devido as restrições orçamentarias da época o Sopwith Snipe seria selecionado no pós-guerra como caça monoposto padrão britânico, operando em conjunto com pequenas quantidades do modelo Martinsyde Buzzard F.4., com estas aeronaves chegando a equipar vinte e três esquadrões de caças da Força Aérea Real (RAF), com os últimos Sopwith Snipes, passando a ser desativados a partir de 1926.

Emprego na Marinha do Brasil. 
Da mesma forma que a humanidade deve a um brasileiro o pioneirismo do primeiro voo em um "engenho" mais pesado que o ar, os brasileiros devem à Marinha do Brasil (MB) o significativo esforço por ela realizado, para a implantação da aviação no nosso país. Cinco anos após o voo pioneiro de Santos Dumont, ou seja, em 1911, dois fatos já mostravam o interesse da Marinha do Brasil (MB) sobre as aeronaves, em uma visão prospectiva das potencialidades do seu emprego no campo militar. Tais fatos foram, que em 29/04/1911, recebia o seu "brevet" de piloto, na França, o Tenente da Marinha JORGE HENRIQUE MOLLER, primeiro militar brasileiro a receber tal qualificação; e em 14/10/1911, era fundado o Aeroclube Brasileiro.  A história da Aviação Naval Brasileira se inicia em 23 de agosto de 1916, com a assinatura, pelo Presidente Wenceslau Braz, do Decreto de criação da Escola de Aviação Naval, primeira escola militar de aviação do país e, portanto, o berço da nossa aviação militar e o marco do nascimento da Aviação Naval da Marinha. De suas instalações iniciais no antigo Arsenal de Marinha, a Escola de Aviação Naval (EAvN) foi transferida depois para a ilha das Enxadas.   Esse período inicial de vinte e cinco anos  entre 1916 e 1923, passou a ser conhecido como a primeira fase da Aviação Naval, registrando a ocorrência de diversos fatos marcantes, pelo pioneirismo das atividades desenvolvidas, tais como: realização dos primeiros "raids" aéreos entre as cidades do Rio de Janeiro e Angra dos Reis, e entre o Rio de Janeiro e Campos; transporte da primeira mala aérea civil e da primeira mala aérea militar; primeiro voo de Santos Dumont, como passageiro, em uma aeronave militar brasileira; primeiro voo de um Presidente da República em uma aeronave militar brasileira; e a participação de aviadores navais brasileiros em operações reais de patrulha, durante a Primeira Guerra Mundial, integrando o 10° Grupo de Operações de Guerra  do Corpo Aéreo Real RFC (Royal Flying Corps).

No entanto apesar de todo este pioneirismo, a crônica carência de recursos financeiros e materiais que caracterizavam os anos iniciais da Aviação Naval inibia a natural evolução daquela arma da Marinha do Brasil. No entanto o lançamento do Projeto da Organização Aérea do Litoral, em 1921, iria transformar por completo esta arma aérea. Acompanhado dos recursos financeiros necessários à implementação daquele projeto, o Estado Maio da Armada recomendou, entre outras providencias, a aquisição de aviões de caça, patrulha e reconhecimento que iriam dotar as primeiras unidades de emprego operacional da Aviação Naval. Assim, no dia 23 de maio de 1923, a Marinha do Brasil assinou o contrato “AV. 1.1” com a empresa norte americana Curtiss Aeroplane Export Company, que previa em seu escopo o fornecimento de distintos tipos de aeronaves. Entre essas se encontravam doze exemplares do caça monoposto Sopwith 7F.1 Snipe ao custo unitário de US$ 36.000,00. Estas células foram originalmente fornecidas a empresa norte americana nos termos do programa britânico “Comissão de Eliminação e Liquidação” (War Disposal Commission), destinado a vender a países aliados material excedente de guerra, e se encontravam em ótimas condições de conservação, contando com pouquíssimas horas de voo. Ao chegarem no Brasil por via naval no primeiro semestre deste mesmo ano, passariam a compor a dotação da Flotilha de Caça, composta originalmente por três esquadrilhas com quatro aeronaves cada uma. No entanto, graças a diversos fatore, só foram organizadas a 1º Esquadrilha de Caça (1º EC) e a 2º Esquadrilha de Caça (2º EC) , tendo sido também escolhidos seus componentes. Um dos motivos era a total falta de pessoal para compor os quadros das três esquadrilhas. Conquanto essa deficiência pudesse ser solucionada em um espaço de tempo razoavelmente curto, eventos políticos naquele período colaboraram para a quase total estagnação das atividades de instrução na formação de aviadores navais na Escola de Aviação Naval (EAvN).
Para agravar esta dificuldade, outras surgiram após a montagem dos primeiros quatro Sopwith 7F.1 Snipe. Pois primeiramente foi verificado que não era possível empregar a contento as metralhadoras Vickers .303 que equipavam este modelo de aeronave, visto que estas armas originalmente empregavam munições alimentadas com fitas metálicas, enquanto a munição do calibre 7,56 mm, existentes em estoques naquele período nos paióis da Aviação Naval da Marinha do Brasil faziam uso das tradicionais fitas de pano. Embora este fosse apenas um problema simples de ordem logística, os constantes e maciços cortes nos recursos orçamentários das Forças Armadas Brasileira que afetavam principalmente a Marinha do Brasil, impediram a rápida solução desta deficiência, com a Aviação Naval operando por um bom tempo com uma aeronave de caça desarmada. Porém entre diversos problemas, o mais difícil, porém, era dirimir a pavimentação do campo de pouso do Centro de Aviação Naval do Rio de Janeiro (CAvN RJ). Com grama em algumas poucas áreas de sua extensão, o solo irregular da Ponta do Galeão era predominantemente composto por areia ou terra. Apesar de existirem planos para realizar a pavimentação de trechos da pista, com betume, as áreas destinadas ao taxi e à decolagem das aeronaves, novamente a falta de recursos financeiros impediu a concretização deste importante plano que permitiria um significativa melhora da operação. Como consequência, a irregularidade do piso resultou em diversos acidentes com as aeronaves  Sopwith 7F.1 Snipe da Aviação Naval da Marinha do Brasil, pois a relativamente alta velocidade de pouso e decolagem deste modelo de aeronave, frequentemente resultavam em capotagens e pilonagens, o que afetava fortemente a disponibilidade operacional destes caças aeronavais.

No início de 1924, a 1ª Esquadrilha de Caça (1º EC) contava com uma dotação de seis Sopwith 7F.1 Snipe, porém somente quatro destas aeronaves se encontravam em condições de voo operacional. Por sua vez a 2ª Esquadrilha de Caça (2º EC), já dispunha de seis destes aviões prontos para voo. No entanto passados apenas dois anos, somente três destas aeronaves lograram registrar algum voo operacional. O piso da pista, do Centro de Aviação Naval do Rio de Janeiro (CAvN RJ) na Ponta do Galeão, havia cobrado seu preço, afetando os trens de pouso das aeronaves, principalmente os pneus e rodas dos Sopwith 7F.1 Snipe, levando a necessidade emergencial de substituição destes itens. Porém novamente os parcos resultados destinados a Aviação Naval da Marinha do Brasil, impediam a aquisição de peças de reposiçao mais notadamente a de origem importada, e relatórios daquela época apontavam a crônica falta de câmaras de ar, limitando cada vez mais a operação destas aeronaves de caça. No ano seguinte, os oito Sopwith 7F.1 Snipe da Flotilha de Caça, registraram apenas 20 horas e 46 minutos de voo, distribuídas entre cinquenta e oito surtidas operacionais, registrando acidentes, entre estes três capotagens e uma ocorrência de proporções mais graves, levando novamente a redução da disponibilidade operacional. No ano seguinte, poucos foram os   Sopwith 7F.1 Snipe que voltaram a voar, com uma destas aeronaves, infelizmente sendo perdida em decorrência de uma pane no motor, ocasionada, pela deficiência da qualidade de combustível aeronáutico fornecido à Aviação Naval da Marinha do Brasil, sendo está muito inferior a necessidade destes tipos de motores.
Ao chegar o ano de 1929, existiam ainda onze aeronaves Sopwith 7F.1 Snipe na frota, mas somente quatro se encontravam em condições de voo. Visto que, essencialmente estes aviões estavam em bom estado e que os problemas encontrados na sua operação se deviam a deficiente infraestrutura do aeródromo onde se encontravam sediados, foi cogitada a instalação de motores radiais fixos nos quatros exemplares disponíveis. Porém, os parcos recursos orçamentários á disposição da Aviação Naval da Marinha do Brasil, aliados a evidente obsolescência desse material, acabaram determinando a desativação e a alienação dos caças navais naquele mesmo ano, encerrando assim a curta e pouco operacional carreira dos Sopwith 7F.1 Snipe  no Brasil.

Em Escala.
Para representarmos o Sopwith 7F.1 Snipe da Aviação Naval da Marinha do Brasil com matricula “125”, fizemos uso do kit produzido pela Eastern Express, na escala 1/72, não sendo necessário realizar modificações para se compor a versão brasileira. Fizemos uso de excelentes  decais produzidos pelo modelista Rafael Pinheiro Machado da série “Aviões Militares Brasileiros”.

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa, o segundo padrão de pintura adotado pelos Sopwith 7F.1 Snipe na Aviação Naval da Marinha do Brasil, quando empregados pela Divisão de Combate na Base Naval do Galeao, apresentando com principais diferenças em relação ao primeiro esquema usado,  o capo do motor pintado em preto (e talvez em vermelho também) e as marcação da matricula em branco nas laterais da aeronave.




Bibliografia :
- Sopwith 7F.1 Snipe -  http://www.aircraftinvestigation.info/airplanes/Sopwith_7F.1_%20Snipe.html
- Sopwith  Snipe – Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Sopwith_Snipe
- Asas Sobre os Mares , Prof Rudnei Dias Cunha - http:// asassobreosmares.rudnei.cunha.nom.br
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015  - Jackson Flores Junior

M-102 L/22 105 mm

História e Desenvolvimento.
O calibre 105 mm emergiu como um marco na artilharia de campanha no início do século XX, impulsionado pelas lições aprendidas durante a Primeira Guerra Mundial (1914–1918). Nesse conflito, os exércitos europeus, especialmente o alemão, demonstraram a superioridade de obuseiros de 105 mm, como o leichte Feldhaubitze 16 (leFH 16), que combinava alcance, potência de fogo e relativa mobilidade. Comparados aos canhões de 75 mm, como o francês Canon de 75 modèle 1897, amplamente utilizado pelos Aliados, os obuseiros de 105 mm ofereciam maior impacto e versatilidade, particularmente em combates de trincheiras e no apoio às tropas terrestres. A eficácia dessas armas em cenários de guerra moderna destacou a necessidade de modernização dos arsenais aliados, que ainda dependiam de equipamentos projetados no final do século XIX. Após o armistício de novembro de 1918, a Força Expedicionária Americana (AEF), que participou ativamente da guerra na Europa, capturou um pequeno lote de obuseiros alemães leFH 16. Essas peças foram enviadas aos Estados Unidos para análise detalhada pelo Departamento de Artilharia do Exército dos Estados Unidos (U.S. Army Artillery), responsável pelo desenvolvimento e operação dos sistemas de artilharia.  Esse estudo marcou o início de um esforço sistemático para desenvolver uma nova geração de obuseiros de 105 mm, com o objetivo de substituir as peças de 75 mm e alinhar a artilharia norte-americana aos padrões modernos. Estes esforços culminariam no desenvolvimento do obuseiro M-2A1 105 mm, que passaria a ser distribuído  ao regimentos de artilharia de campanha no inicio do ano de 1941, recebendo seu batismo de fogo  durante a Campanha de Guadalcanal (agosto de 1942 – fevereiro de 1943), no teatro do Pacífico. Neste período o Exército dos Estados Unidos (US Army) implementou uma estrutura padronizada para seus regimentos de artilharia de campanha, visando otimizar o apoio de fogo às divisões de infantaria e blindados. A combinação de obuseiros de 155 mm e 105 mm refletia a necessidade de equilibrar alcance, poder de fogo e mobilidade, permitindo flexibilidade tática em diferentes cenários de combate. O obuseiro M-1 de 155 mm (mais tarde redesignado como M-114) era uma arma de maior calibre, projetada para alvos de maior distância e fortificações, enquanto o obuseiro M-2A1 de 105 mm (posteriormente M-101) era mais leve, móvel e ideal para apoio direto à infantaria. Desta maneira cada regimento  de artilharia passaria a ser constituído por um  Batalhão de Artilharia de 155 mm com doze canhões cada e por três Batalhões de Artilharia de 105 mm com doze armas cada também.  A proporção de três batalhões de 105 mm para um de 155 mm evidencia a necessidade de maior volume de fogo tático, mas a presença do M-1 de 155 mm reforça o papel crítico de ataques de maior impacto.

Ao término da Segunda Mundial, a produção total do M-2A1 105 mm havia atingido a cifra de 8.563 unidades, se tornando a principal peça de artilharia neste calibre das forças aliadas. O eclodir da Guerra da Coréia levaria a retomada de sua produção, com este obuseiro participando ativamente deste conflito, e até o final de 1953 seriam entregues ao Exército dos Estados Unidos (US Army) mais 1.639 peças.  Embora confiável e eficiente, apresentava limitações em termos de peso, mobilidade e capacidade de transporte aéreo. Com o aumento da necessidade de maior mobilidade tática, especialmente para operações aeromóveis e em terrenos difíceis. Dessa maneira suscitava nos altos escalões a necessidade a médio prazo por um substituo, com esta percepção sendo reforçada pelo elevado nível de desgaste observado na maioria destes obuseiros em serviço, tendo em vista seu intenso emprego em cenários de conflagração real. Visando a atender a esta importante demanda, no início ano de 1960, seria lançado um programa para o desenvolvimento de um novo obuseiro de campanha com calibre de 105 mm, com suas especificações básicas seriam definidas em conjunto entre o Exército dos Estados Unidos (US Army) e o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha dos Estados Unidos (US Marine Corps). Seu desenvolvimento seria conduzido pelo Rock Island Arsenal, com o objetivo de criar um obuseiro que mantivesse a potência de fogo do M-2A1 (M-101), mas com peso reduzido e maior facilidade de transporte. A nova peça de artilharia apresentava um peso aproximado de 1.496 kg, quase 1.000 kg a menos que o M-101A1 (cerca de 2.260 kg). Isso foi alcançado com o uso de ligas de alumínio na construção do carro de transporte e um design mais compacto. Mantinha o  calibre de 105 mm e utiliza munição semi-fixa compatível com o M-101A1, incluindo projéteis de alto explosivo (HE), fumígenos, de iluminação e anticarro. O alcance máximo é de cerca de 11.500 metros com munição padrão e até 15.000 metros com projéteis assistidos por foguete. Seria empregado um carro de transporte de duas rodas com uma base triangular de alumínio, permitindo uma rotação de 360 graus para maior flexibilidade no campo de batalha. Esse tipo de design eliminava a necessidade de reposicionamento constante da peça. O M-102 foi projetado para ser transportado por helicópteros como o UH-1 Huey e o CH-47 Chinook, além de aeronaves como o Fairchild C-119, De Havilland C-115 Buffalo e Lockheed C-130 Hercules. Essa capacidade foi um marco para a artilharia de campanha, permitindo rápida implantação em operações aeromóveis. O sistema foi projetado para ser operado por uma equipe de cerca de 8 pessoas, com procedimentos simplificados para montagem, desmontagem e disparo, adequando-se a operações de alta mobilidade.
No primeiro trimestre de 1962, os primeiros protótipos funcionais do obuseiro M-102 105 mm foram concluídos, marcando o início de uma fase intensiva de testes de campo. Esses testes tiveram como objetivo avaliar a capacidade da nova peça de artilharia em operar em terrenos variados e sua adequação ao transporte aéreo, características essenciais para atender às necessidades de mobilidade tática das forças armadas dos Estados Unidos. O obuseiro demonstrou notável robustez, confiabilidade e capacidade de atender às exigências das unidades aerotransportadas e de infantaria leve, consolidando sua posição como uma evolução significativa em relação ao seu antecessor, o M-101A1. Em dezembro de 1963, o M-102 obteve sua homologação operacional, um marco que atestou sua prontidão para o serviço ativo. No início de 1964, foi formalizado um contrato inicial de produção com o Rock Island Arsenal para a fabricação de um lote piloto de 20 unidades, destinadas ao treinamento de multiplicadores nos regimentos de artilharia de campanha do Exército dos Estados Unidos (US Army). Após essa fase inicial, um contrato mais amplo foi celebrado, prevendo a entrega de 1.150 obuseiros a partir de 1966. Essas unidades foram distribuídas às unidades de artilharia de campanha, iniciando a substituição gradual dos obsoletos modelos M-2 e M-2A1 (M-101A1) de 105 mm, que ainda estavam em serviço. Com sua operacionalidade plenamente estabelecida, o M-102 foi enviado com urgência ao teatro de operações da Guerra do Vietnã, sendo empregado pela primeira vez pelo 1º Batalhão do 21º Grupo de Artilharia de Campanha (1st Battalion, 21st Field Artillery), que até então utilizava os veteranos obuseiros M-101A1. No Vietnã, o M-102 desempenhou um papel crucial ao fornecer apoio de fogo direto e indireto às unidades de infantaria, incluindo divisões aeroterrestres e aeromóveis. Sua capacidade de disparar munição semi-fixa de 105 mm, incluindo projéteis de alto explosivo (HE), fumígenos, de iluminação e anticarro, permitia neutralizar posições inimigas, suprimir movimentos do Viet Cong e do Exército do Vietnã do Norte (NVA), além de iluminar campos de batalha durante operações noturnas. Com um alcance máximo de 11.500 metros — ou até 15.000 metros com munição assistida por foguete (RAP) —, o M-102 atendia plenamente às demandas táticas do conflito. Apesar de suas vantagens técnicas, como maior alcance e mobilidade, o M-102 enfrentou resistência inicial por parte de artilheiros mais experientes, habituados ao confiável M-101A1. Esses militares apontavam que o M-101A1, com sua culatra mais baixa, facilitava o carregamento de munição, além de apresentar maior distância do solo quando rebocado, o que simplificava o transporte. Adicionalmente, alguns consideravam o M102 mais complexo para operar e manter em condições de combate, o que gerava certa relutância em adotar a nova peça. 

Apesar das críticas iniciais de artilheiros acostumados ao M-101A1, os comandantes militares dos Estados Unidos consideraram essas objeções secundárias diante das evidentes vantagens técnicas do obuseiro M-102 105 mm. Superior em mobilidade, especialmente em terrenos irregulares, e em eficiência de combate, o M-102 se destacava por seu cano mais longo, que proporcionava maior velocidade de saída aos projéteis, resultando em um alcance ampliado em comparação com seu antecessor. Além disso, sua baixa silhueta dificultava a identificação pelo inimigo no campo de batalha, conferindo uma vantagem tática significativa. Para superar a resistência inicial, o Exército dos Estados Unidos implementou uma campanha de endomarketing, promovendo as qualidades do novo obuseiro e facilitando sua aceitação entre as tropas. Com o tempo, o M-102 substituiu completamente os desgastados M-101A1, consolidando-se como peça essencial de artilharia leve. O emprego em larga escala do M-102 na Guerra do Vietnã revelou, no entanto, algumas falhas de projeto e oportunidades de melhoria. Essas questões foram prontamente identificadas e corrigidas, com aprimoramentos incorporados à linha de produção em contratos subsequentes, garantindo maior confiabilidade e desempenho. Nas décadas seguintes, o M-102 tornou-se o obuseiro padrão de 105 mm do Exército dos Estados Unidos (US Army), operando com uma ampla variedade de munições, incluindo projéteis de alto explosivo, fumígenos, de iluminação e anticarro. Sua versatilidade assegurou sua presença em diversas operações militares conduzidas pelos Estados Unidos. Em maio de 1966, o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (US Marine Corps) formalizou a aquisição de 2.500 unidades do M-102, com entregas realizadas ainda naquele ano. Essas peças substituíram os M-101A1 em suas unidades, reforçando a modernização da artilharia dos fuzileiros. Contudo, a partir do final da década de 1980, estudos indicaram a necessidade de substituição do M-102 no curto e médio prazo. Essa transição se concretizou em 1984, com a assinatura de um contrato com a empresa britânica BAE Systems Land Systems para a produção, sob licença, do obuseiro M-118 de 105 mm. Adaptado às especificações americanas, o modelo resultante, designado M-119, começou a ser incorporado em 1985, marcando o início da aposentadoria gradual do M-102. No final da década de 1980, restavam aproximadamente 520 obuseiros M-102 em serviço ativo no Exército dos Estados Unidos (US Army), muitos dos quais foram transferidos para unidades da Guarda Nacional (National Guard). O último emprego em combate do M-102 ocorreu em 2004, quando 17 obuseiros do 1º Batalhão, 206ª Divisão de Artilharia da Guarda Nacional do Arkansas foram enviados a Camp Taji, no Iraque. Essas peças realizaram operações de contrafogo em apoio à 39ª Brigada de Infantaria e à 1ª Divisão de Cavalaria, demonstrando sua relevância mesmo em conflitos modernos.
Um episódio notável ocorrido durante a Guerra do Iraque (2003–2011) foi a recuperação, por forças americanas, de nove obuseiros M-102 105 mm em posse das forças iraquianas. Presume-se que essas peças tenham sido capturadas durante a Guerra Irã-Iraque, na década de 1980, o que ilustra a ampla disseminação global desse equipamento. O M-102 consolidou-se como um obuseiro confiável e versátil, deixando um legado duradouro em diversos teatros de operações e nas forças armadas de nações aliadas dos Estados Unidos. Atualmente, apenas um número reduzido de obuseiros M-102 permanece em serviço, restrito a algumas unidades da Guarda Nacional (National Guard) dos Estados Unidos, onde são utilizados principalmente para treinamento e cerimônias de salvas. Um uso particularmente singular do M102 é sua adaptação para as aeronaves de ataque Lockheed AC-130 Spectre da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF). Modificado para disparar a partir da porta lateral traseira esquerda, o obuseiro confere à aeronave uma excepcional capacidade de saturação de área. Essa aplicação teve início nos estágios finais da Guerra do Vietnã e permanece em uso nas versões modernas, como o AC-130U Spooky II e o AC-130J Ghostrider, demonstrando a versatilidade e longevidade do equipamento. No Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (US Marine Corps), o M-102 foi completamente retirado do serviço ativo em unidades de artilharia, restando menos de vinte unidades operacionais, destinadas exclusivamente a cerimônias. Além de seu papel na Guerra do Vietnã, o M-102 foi empregado em conflitos como a Guerra Civil do Camboja (1967–1975), a Guerra Civil Libanesa (1975–1990), a Guerra Civil Salvadorenha (1979–1992), a Invasão de Granada (1983), a Guerra do Golfo (1990–1991), a Guerra do Kosovo (1998–1999) e a Guerra do Iraque (2003–2011). Sua presença em múltiplos cenários de conflito reflete sua robustez e adaptabilidade. A partir do final da década de 1980, com o início de sua desativação pelo Exército dos Estados Unidos (US Army), muitos obuseiros M-102 foram transferidos a nações alinhadas com a política externa americana por meio de programas de assistência militar. Países como Jordânia, El Salvador, Malásia, Omã, Vietnã do Sul, Irã, Arábia Saudita, Filipinas, Turquia e Uruguai receberam essas peças, que, em muitos casos, tornaram-se a espinha dorsal de suas capacidades de artilharia. Até os dias atuais, algumas dessas nações mantêm o M-102 em serviço ativo, atestando sua durabilidade e relevância. O obuseiro M-102 105 mm, com sua história marcada por inovação técnica e ampla utilização, permanece como um símbolo da capacidade americana de projetar equipamentos militares confiáveis e de impacto global, influenciando gerações de forças armadas em todo o mundo.

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passou a considerar com extrema preocupação a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Essa ameaça tornou-se ainda mais evidente após a capitulação da França, em junho de 1940, pois, a partir desse momento, a Alemanha Nazista poderia estabelecer bases operacionais nas Ilhas Canárias, em Dacar e em outras colônias francesas, criando um ponto estratégico para uma eventual incursão militar no continente. Nesse contexto, o Brasil foi identificado como o local mais provável para o lançamento de uma ofensiva, devido à sua proximidade com o continente africano, que à época também figurava nos planos de expansão territorial alemã. Além disso, as conquistas japonesas no Sudeste Asiático e no Pacífico Sul transformaram o Brasil no principal fornecedor de látex para os Aliados, matéria-prima essencial para a produção de borracha, um insumo de extrema importância para a indústria bélica. Além dessas possíveis ameaças, a posição geográfica do litoral brasileiro mostrava-se estrategicamente vantajosa para o estabelecimento de bases aéreas e portos militares na região Nordeste, sobretudo na cidade de Recife, que se destacava como o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Dessa forma, essa localidade poderia ser utilizada como uma ponte logística para o envio de tropas, suprimentos e aeronaves destinadas aos teatros de operações europeu e norte-africano. Diante desse cenário, observou-se, em um curto espaço de tempo, um movimento de aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em investimentos estratégicos e acordos de cooperação militar. Entre essas iniciativas, destacou-se a adesão do Brasil ao programa de ajuda militar denominado Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), cujo principal objetivo era promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras. Os termos desse acordo garantiram ao Brasil uma linha inicial de crédito de US$ 100 milhões, destinada à aquisição de material bélico, possibilitando ao país o acesso a armamentos modernos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Esses recursos revelaram-se essenciais para que o país pudesse enfrentar as ameaças impostas pelos ataques de submarinos alemães, que intensificavam os riscos à navegação civil, impactando o comércio exterior brasileiro com os Estados Unidos, responsável pelo transporte diário de matérias-primas destinadas à indústria de guerra norte-americana. A participação brasileira no esforço de guerra aliado logo se ampliaria. A participação brasileira no esforço de guerra aliado logo se ampliaria. O então presidente Getúlio Vargas declarou que o Brasil não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos e sinalizou a possibilidade de uma participação mais ativa de suas forças,  envolvendo o possível envio de tropas brasileiras para algum teatro de operações de relevância.

Na década de 1940, a artilharia de campanha do Exército Brasileiro enfrentava desafios significativos, equipada majoritariamente com armamentos ultrapassados, como os canhões alemães Krupp 75 mm Modelo 1908 e franceses Schneider-Canet 75 mm, projetados para tração hipomóvel e fabricados no início do século XX. Esses equipamentos, embora robustos para sua época, não atendiam às exigências do combate moderno. A entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, ao lado dos Aliados, marcou o início de uma transformação profunda, sendo recebidos neste contexto uma variada  gama de equipamentos modernos, incluindo armas de infantaria, canhões antitanque de 37 mm e obuseiros de 105 mm e 155 mm. Essa incorporação representou um salto qualitativo para a artilharia brasileira, dotando-a de maior potência de fogo e precisão. A seguir a artilharia de campanha se faria presente no teatro de operações da Itália, quando os obuseiros de 105mm e 155 mm da Força Expedicionária Brasileira (FEB) seria empregados para apoiar as operações do V Exército dos Estados Unidos  contra as linhas defensivas alemãs, como a Linha Gustav e a Linha Gótica. O batismo de fogo ocorreria no dia 16 de setembro de 1944, no sopé do Monte Bastione, ao norte da cidade italiana de Lucca, na Toscana, um vento gelado já prenunciava os rigores do inverno próximo. Precisamente às 14 horas e 22 minutos foi lançado contra o inimigo nazista o primeiro tiro jamais disparado pela artilharia brasileira fora do continente sul-americano, atingindo com precisão o objetivo previsto: Massarosa.  Ao longo da campanha, os M-2A1 105 mm foram usados para bombardear posições alemãs, neutralizar contra-ataques e proteger flancos aliados, demonstrando precisão e confiabilidade em combates prolongados. Ainda durante o conflito,  mais obuseiros deste modelo seriam recebidos no Brasil , passando a dotar pelo menos mais grupo de Artilharia Divisionária constituída por três grupos de M-2A1 105 mm e um de M-1 155 mm todos sediados no Rio de Janeiro. Na década de 1970, o Brasil intensificou seus esforços para modernizar suas Forças Armadas, consolidando parcerias estratégicas iniciadas durante a Segunda Guerra Mundial (1939–1945) por meio do programa Leand & Lease Bill Act. Um marco significativo nesse processo foi o Acordo de Assistência Militar Brasil-Estados Unidos, firmado em 1952, que facilitou a transferência de equipamentos militares americanos para o Exército Brasileiro e o Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) da Marinha do Brasil. Nesse contexto, a partir do início da década de 1970, o Brasil recebeu pelo menos 160 obuseiros M-101A1 de 105 mm, oriundos dos estoques do Exército dos Estados Unidos (US Army).
Ainda no âmbito dos acordos de assistência militar firmados entre o Brasil e os Estados Unidos, sob o amparo do Acordo de Assistência Militar de 1952, o Exército Brasileiro recebeu, entre 1967 e 1968, um lote de equipamentos que incluía uma quantidade limitada dos modernos obuseiros M1-02 105 mm Howitzer. Esse armamento representava, à época, o padrão de excelência em artilharia de campanha de 105 mm das Forças Armadas dos Estados Unidos, destacando-se por sua leveza, mobilidade e capacidade de operação em diversos cenários táticos. A chegada dessas peças ao Brasil marcou um avanço significativo na modernização da artilharia nacional, alinhando-a às inovações tecnológicas que já se consolidavam no cenário militar global. Os obuseiros M-102, cedidos ao Exército Brasileiro eram  pertencentes à versão inicial de produção, e desembarcaram no porto do Rio de Janeiro em julho de 1968. Após o desembaraço aduaneiro, foram transportados por via rodoviária até o Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro (AGRJ). Nas instalações do arsenal, as peças passaram por um meticuloso processo de montagem e revisão, conduzido nas oficinas especializadas, garantindo que estivessem em plenas condições para o emprego operacional. Esse cuidado refletia o compromisso do Exército Brasileiro em assegurar a máxima eficácia de seus novos equipamentos. Dada a quantidade limitada de obuseiros recebidos, o Comando do Exército Brasileiro optou por concentrar seu uso em uma única unidade, visando otimizar a capacitação técnica e a eficiência operacional. Assim, o lote foi destinado ao 25º Grupo de Artilharia de Campanha (25º GAC), sediado na cidade de Bagé, no Rio Grande do Sul. Essa decisão foi influenciada pela rica tradição e experiência do 25º GAC, uma unidade com raízes históricas profundas, cuja origem remonta ao 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, conhecido como “Boi de Botas”, criado em 1888. O 25º GAC carrega um legado de bravura e relevância na história militar brasileira. Durante a Revolução Federalista (1893–1895), a unidade desempenhou um papel crucial na defesa da cidade de Bagé, consolidando sua reputação como força combativa. Em 1924, o grupo foi mobilizado para São Paulo e Alegrete, participando de operações para conter a revolta que eclodiu em São Paulo. Nos anos de 1930 e 1932, o então regimento esteve novamente envolvido em conflitos internos, apoiando a Revolução de 1930 e combatendo na Revolução Constitucionalista de 1932. Durante a Segunda Guerra Mundial, em 1942, o grupo contribuiu para a defesa do litoral do Rio Grande do Sul, reforçando sua importância estratégica. Em 1944, 23 de seus militares integraram a Força Expedicionária Brasileira (FEB), participando de operações na Itália, onde demonstraram notável competência na operação de artilharia de campanha.

A integração dos obuseiros M-102 AR 105 mm ao 25º Grupo de Artilharia de Campanha (25º GAC), sediado em Bagé, Rio Grande do Sul, representou um marco significativo na modernização das capacidades de artilharia do Exército Brasileiro. Essas peças, destinadas às 2ª e 3ª Baterias de Obuses, passaram a operar em conjunto com as baterias equipadas com os obuseiros M-101A1 AR 105 mm e M-114 AR 155 mm, complementando as missões do grupo e reforçando sua capacidade de apoio às operações de campanha. A introdução do M-102 trouxe avanços notáveis, especialmente em mobilidade e eficiência operacional, consolidando o 25º GAC como uma unidade de referência no cenário militar brasileiro. Com um peso de apenas 1.496 kg, o M- 102 era quase mil quilos mais leve que o M-101A1, o que facilitava significativamente sua movimentação em terrenos adversos, como os encontrados em diversas regiões do Brasil. Essa característica, aliada ao seu design inovador, com uma base triangular que permitia rotação de 360 graus, conferia ao obuseiro uma agilidade tática sem precedentes. O M-102 AR foi projetado desde sua concepção nos Estados Unidos para atender às demandas de operações aeromóveis, e sua incorporação pelo Exército Brasileiro marcou o início de uma nova era na mobilidade da artilharia de campanha. Um dos avanços mais significativos proporcionados pelo M-102 foi sua compatibilidade com o transporte aéreo. Inicialmente, os obuseiros foram transportados em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), como o Fairchild C-119 Flying Boxcar, seguido pelos De Havilland C-115 Buffalo e, posteriormente, pelo Lockheed C-130E Hercules. Essa capacidade permitiu ao 25º GAC projetar poder de fogo em âmbito nacional, ampliando sua versatilidade e alcance operacional. A chegada dos helicópteros Aerospatiale SA-330L Puma à Força Aérea Brasileira (FAB), em 1981, abriu novas possibilidades para o transporte helitransportado. Os primeiros ensaios nesse tipo de operação foram realizados com o 3º/8º Grupo de Aviação – Esquadrão Puma, utilizando os M-102 AR 105 mm devido à sua adequação para transporte por helicópteros, uma característica intrínseca ao projeto original do obuseiro. Um aspecto crucial do M102 foi sua compatibilidade com a munição semi-fixa de 105 mm já utilizada pelo M-101A1, que, à época, já era produzida nacionalmente pela Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel). Essa padronização logística trouxe benefícios significativos, reduzindo a dependência de importações e otimizando o abastecimento das unidades de artilharia. O custo unitário da munição produzida pela Imbel era consideravelmente inferior ao Width: System: inferior ao de munições importadas, o que impactava positivamente os custos operacionais do Exército Brasileiro. Essa economia permitiu ampliar os exercícios operacionais com munição real, fortalecendo a capacitação das tropas e a prontidão do 25º GAC.
A introdução do obuseiro M-102 105 mm no 25º Grupo de Artilharia de Campanha (25º GAC), sediado em Bagé, Rio Grande do Sul, representou um avanço significativo na modernização da doutrina de artilharia do Exército Brasileiro. Com sua leveza, mobilidade e capacidade de transporte aéreo, o M102 trouxe inovações que enriqueceram as operações do grupo, especialmente no contexto de uma força terrestre que buscava alinhar-se às tendências globais de mobilidade tática. Contudo, a limitada quantidade de unidades disponíveis comprometeu a viabilidade econômica de sua operação e manutenção, desafiando a plena integração do obuseiro às necessidades operacionais do Exército. Apesar dos esforços meticulosos do Arsenal de Guerra do Rio Grande do Sul para manter os obuseiros M-102 em condições operacionais, a baixa disponibilidade dessas peças revelou-se um obstáculo persistente. A complexidade logística e os custos associados à manutenção de um número reduzido de unidades dificultavam a sustentação do modelo em serviço ativo. Assim, em 1996, o Comando do Exército Brasileiro tomou a decisão de desativar o M-102, restabelecendo o M-101A1 105 mm como a peça padrão de artilharia tracionada de 105 mm. Essa transição, embora necessária do ponto de vista logístico e financeiro, representou um retrocesso em termos de doutrina operacional, uma vez que o M-101A1, embora confiável, carecia das inovações técnicas que caracterizavam o M-102, como maior mobilidade e capacidade de transporte aéreo. A desativação do M-102 refletiu os desafios enfrentados pelo Exército Brasileiro em equilibrar modernização tecnológica com restrições orçamentárias, uma realidade comum a muitas forças armadas em nações em desenvolvimento durante o século XX. O impacto da desativação foi parcialmente mitigado anos mais tarde, com a aquisição de obuseiros mais avançados, como o L-118 Light Gun, produzido pela britânica BAE Systems Land Systems, e o M-56, fabricado pela italiana Oto Melara. Essas peças, incorporadas como parte de iniciativas de modernização do Exército Brasileiro, ajudaram a reduzir a defasagem tecnológica na artilharia de campanha, recuperando parte da capacidade perdida com a retirada do M-102. 

Em Escala.
Para representarmos o obuseiro M-102 L/22 105 mm, fizemos uso do excelente kit da AFV Club na escala 1/35, modelo que prima pela qualidade e detalhamento, combinado peças em metal, e borracha. Para se representar a versão usada pelo Exército Brasileiro, não é necessário proceder nenhuma mudança, com o modelo podendo ser montado direto da caixa.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura (camuflagem tática em dois tons) empregado nos obuseiros M-102 105 mm, seguindo o mesmo esquema aplicado nos veículos militares a partir de 1983, substituindo assim a pintura original totalmente em “olive drab”, com a qual foram recebidos no ano de 1968.


Bibliografia: 
- M-102 howitzer Wilipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/M102_howitzer
- 25º Grupo de Artilharia de Campanha - http://www.25gac.eb.mil.br/
- M-102 Army Guide  http://www.army-guide.com/eng/product1194.html

Westland WS-55 Whirlwind Series 1

História e Desenvolvimento.
A gênese desta importante fabricante de aeronaves do Reino Unido, tem origem em 1915, com a fundação da Westland Aircraft Works, uma divisão das empresas Petters Limited, que atuava no segmento de produção de motores pesados para indústria metal mecânica. Este movimento ocorreria em virtude ao atendimento de uma demanda governamental relacionada ao vencimento de uma concorrência para a produção de doze hidroaviões Short Type 184. Em seguida neste  mesmo contexto, um novo contrato seria celebrado, envolvendo agora a produção de mais vinte aeronaves de reconhecimento naval e bombardeiro designados como Short Admiralty Type 166.   O nome fantasia  da companhia “Westland” seria escolhido pela esposa do fundador o senhor William (Teddy) Petter, no momento de aquisição de um terreno para a expansão da planta industrial na região de West Hendford. O intensificar das operações aérea da Primeira Guerra Mundial demandaria um grande incremento por aeronaves militares, levando a assinatura de novos contratos entre a empresa e  governo britânico. Neste momento a Westland Aircraft Work ampliaria sua capacidade fabril, passando a produzir aeronaves desenvolvidas por outro fabricantes como os Sopwith 11/2 Strutter,  Havilland Airco DH.4, Havilland Airco DH.9, Havilland Airco DH.9A e o Vickers Vimy. Como resultado da experiência adquirida na fabricação de aeronaves sob licença durante a Primeira Guerra Mundial , a  Westland Aircraft Works, começaria a projetar e construir sua própria linha de aeronaves, tendo como pioneiro o Westland N.1B em 1917, que seria seguido em 1918 pelos modelos Westland Wagtail e Weasel. Logo após o término do conflito, a empresa passaria a desenvolver uma linha de aeronaves de transporte de pequeno porte destinados ao mercado civil, com destaque para  os modelos WS Limousine e WS Woodpigeon. Neste mesmo período,  a Força Aérea Real (RAF) promovia o lançamento da concorrência “M 26/27”, destinada a substituir os antigos treinadores Airco DH.9A. Após apresentação das propostas a Westland Aircraft Works, seria declarada vencedora em maio de 1927, com seu Westland Wapiti.  No ano de 1935 William (Teddy) Petter, Limited segmentaria seus negócios separando a produção de motores e aeronaves, nascia assim a Westland Aircraft Ltd. com sede na cidade de Yeovil, Somerset, passando a produzir nos anos seguinte inumeros modelos de aeronaves destinados aos mercados civil e militar. 

Durante a Segunda Guerra Mundial , a companhia passaria a desenvolver e produzir uma variada gama de aeronaves, que apresentariam grande importância ao esforço de guerra aliado, dentre estes podemos destacar o Westland Whirlwind, que além de apresentar uma velocidade final superior aos demais modelos em uso naquele pais, representaria o primeiro caça armado com um canhão de 30 mm a entrar em serviço na Força Aérea Real (Royal Army). Também o destacamos o  Westland Lysander, uma aeronave dedicada a tarefas de transporte leve e ligação, que seria notabilizada por seu emprego em missões de infiltração de agentes especiais em território inimigo. Porém a exemplo do ocorrido na Primeira Guerra Mundial, grande parte de seu esforço  da empresa daria na fabricação em larga escala de aeronaves de projeto pertencentes a outras construtoras  aeronáuticas,  com destaque para a produção da família do caça Spitfire, com estas operações se intensificando após a destruição da planta fabril da Supermarine em Southampton em setembro de 1940,  durante o transcorrer da Batalha da Inglaterra.  Em suma a Westland Aircraft Ltd.,  entre os anos de 1940 e 1945,  produziria mais Spitfires do que qualquer outro fabricante. Caberia ainda a  equipe de projetos da empresa, ser responsável pelo desenvolvimento da versão navalizada da aeronave o Supermarine Seafire. Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, a Westland Aircraft Ltd., vislumbraria o potencial mercadológico a ser proporcionado pelas novas aeronaves de asas rotativas, e neste contexto buscaria uma parceria estratégica para produção e transferência de tecnologia ( know how.) Seu primeiro acordo neste sentindo seria celebrado com a empresa norte-americana Sikorsky Aircraft Division,  visando  a produção sob licença do helicóptero Sikorsky S-51 Dragonfly, que receberia a designação local de Westland WS-51 Dragonfly. Seu primeiro protótipo alçaria voo em maio de 1948, e após ser submetido a um extenso programa de ensaios de voo, receberia sei primeiro contrato de produção. Este modelo, a partir de meados do ano de 1950, passaria a ser o principal modelo de helicóptero a estar em serviço na Marinha Real (Royal Navy) e na  Força Aérea Real (Royal Air Force).
Rapidamente o Westland WS-51 Dragonfly conquistaria grande sucesso comercial no segmento civil, que somado aos contratos militares elevaria a empresa a uma posição de destaque no Grã-Bretanha, em um momento em que as aeronaves de asas rotativas começam a ganhar mais expressão no mercado aeronáutico. Visando aproveitar este movimento favorável a diretoria da empresa passaria a considerar o desenvolvimento de um helicóptero de maior porte e capacidade de carga, podendo assim ampliar sua participação neste nicho. Assim seriam elaborados os primeiros estudos para o desenvolvimento desta nova aeronave, sendo dimensionados grandes investimentos para a elaboração do projeto, criação de ferramental, fabricação de protótipos e implantação de variados programas de ensaios em voo. Em virtude de se otimizar estes recursos, novamente a decisão da empresa derivaria para a possível celebração de um novo acordo de produção sob licença com a Sikorsky Aircraft Division, envolvendo agora seu modelo de médio porte o Sikorsky S-55 (H-19 Chickasaw). Negociações seriam conduzidas, culminado em março de 1951, na celebração de um contrato de licenciamento de fabricação e comercialização com exclusividade na Europa. Neste acordo caberia ao corpo de engenheiros da empresa britânica, customizar os projetos técnicos e conceituais norte-americanos, as especificações de ferramental e confecção de gabaritos. Uma célula original do Sikorsky S-55 seria fornecida como base para a elaboração do processo de fabricação em série, sendo montada nas linhas de produção em solo britânico, realizando seu primeiro voo em novembro de 1951. No entanto o processo de customização relativo ao ferramental e gabaritos de montagem para produção em série, se mostraria mais complexo do que o esperado,  com o primeiro protótipo da nova aeronave (matricula G-AMJT) alçando voo somente em 23 de agosto de 1953.

Esta célula e mais dois protótipos agora comercialmente denominados como Westland WS-55 Whirlwind,  seriam submetidos a um complexo programa de ensaios em voo, visando assim sua certificação para operação civil e militar, com este processo sendo finalizado com êxito até novembro do ano seguinte. Logo em seguida a aeronave obteria seu primeiro contrato militar, mediante uma encomenda de dez aeronaves celebrada com Marinha Real (Royal Navy), para o emprego em missões de busca e salvamento – SAR (Searching and Rescue). As primeiras células denominadas pela aviação naval britânica como Whirlwind HAR.1 seriam entregues em janeiro de 1954 ao 848º Esquadrão Aéreo Naval, passando a operar imediatamente. Estas helicópteros estavam equipados com mesmo motor radial empregado nos Sikorsky H-19 Chickasaw,  o Pratt & Whitney Wasp R-1340-40 com 600 shp, no entanto a experiencia de operação junto ao ambiente naval denotariam a necessidade da aeronave desenvolver maior potência. Esta demanda seria atendida com o desenvolvimento da versão Whirlwind  HAR.3., que passaria a estar equipada com o motor radial  Wright R-1300-3 Cyclone 7 de 800 shp de potência. Esta solução agradaria o comando da Marinha Real (Royal Navy), gerando um contrato para produção de trinta e cinco novas células, que seria seguido agora por um pedido para a  Força Aérea Real (Royal Air Force) englobando setenta e uma aeronaves. A aviação naval da Marinha Francesa (Aeronávele) se tornaria o primeiro cliente de exportação militar da aeronave mediante uma compra de trinta e sete helicópteros. Caberia ainda ao modelo escrever uma nova página da história da guerra área, pois em novembro de 1956 durante a Crise do Canal de Suez, os Westland Whirlwind  HAR.3., participariam ativamente das operações  do desembarque anfíbio anglo-francês em Port Saind no Egito.
Análises posteriores novamente classificariam como limitada a capacidade de geração de potência dos motores a pistão norte-americanos, levando a empresa a buscar uma nova solução, optando assim pela adoção de um projeto apresentado pela empresa inglesa Alvis Car and Engineering Company Ltd. Uma nova versão seria desenvolvida, o  Whirlwind HAR.5, que passaria a fazer uso do motor radial Alvis Leonides Major 755/1com 14 cilindros com 900 cv de potência. Esta seria a base para o desenvolvimento da versão naval Whirlwind HAS, que se tornaria o primeiro helicóptero britânico projetado para as tarefas de guerra antissubmarino (ASW). Este modelo apresentava uma autonomia em patrulha de 334 milhas a uma velocidade média de 86 mph, podendo ser equipado com um sistema de sonar de mergulho para detecção de submarinos ou com torpedos. No entanto não podia ser configurado simultaneamente para esta duas tarefas, operando então em pares de aeronaves.  Apesar ter obtido relativo sucesso comercial com esta família de aeronaves de asas rotativas, Westland Aircraft Ltd, já começava a ensaiar seus próximos passos, agora fazendo uso de uma nova tecnologia destinada aos motores a reação do tipo turbo eixo, que permitiria o desenvolvimento de grupos motopropulsores de reduzidas dimensões, mas capazes de gerar considerável potência. Estudo seriam realizados, com a empresa optando pela adoção do novo motor turbo eixo Rolls Royce Gnome, nascendo assim o modelo Westland Whirlwind Série 3, neste mesmo momento as células anteriores seriam modernizadas recebendo este mesmo motor passando a ser designadas como Whirlwind HAR.9.

Emprego na Marinha do Brasil.
A operação de aeronaves de asas rotativas para emprego militar teve início no Brasil na primeira metade da década de 1950 com a aquisição pela Força Aérea Brasileira de quatro células do modelo Bell 47D1. Esta movimentação foi observada de perto pela Marinha do Brasil, que já ambicionava a implementação de sua aviação naval desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Após estudos, alocação de recursos e definição do plano estratégico, seria iníciado o programa de reativação da Aviação Naval, com o primeiro passo sendo dado em 1952 pela criação a Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), que teria por missão criar a doutrina de emprego deste novo braço militar aeronaval. Como segundo estágio deste processo, em 1955 seria formado o Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN), passando a ser baseado no km 11 da Avenida Brasil, na cidade do Rio de Janeiro – RJ (onde atualmente se encontra o Centro Recreativo da Casa do Marinheiro), sendo esta organização focada no treinamento e formação e todo o pessoal aero navegante da Marinha do Brasil. As primeiras aeronaves de instrução a serem recebidas foram três Bell 47J, aeronaves estas que foram adquiridas por intermédio da Missão Naval Americana. Sua operação marcaria o início da era da aviação de asas rotativas na Marinha do Brasil. A estes se juntariam logo em seguida em 1956, dois helicópteros Westland WS-51/2 Widgeon, que passariam a ser empregados em tarefas de transporte e ligação. No final desta mesma década, as altas autoridades militares da Aviação Naval da Marinha do Brasil, prontamente identificaram a necessidade de se dispor de uma aeronave de asas rotativas de maior porte do que até as em uso naquele período. Estudos seriam conduzidos junto ao adido militar naval em Washington nos Estados Unidos, visando a aquisição de aeronaves de asas rotativas junto aquele governo, com preferência ao modelo Sikorsky S-55, que vinham desempenhando um excelente papel como aeronaves navais junto a Marinha Americana (US Navy).

Apesar deste anseio, em face ao cenário de reduzidíssimo orçamento militar em que se deu o ressurgimento da Aviação Naval, os recursos destinados a aquisição de material aeronáutico eram muito escassos, eliminando assim a opção pela aquisição de aeronaves novas do modelo norte-americano Sikorsky S-55. No entanto, em vista da boa relação estabelecida entre Ministério da Marinha a empresa Westland Aircraft Ltd. e o Almirantado Britânico durante as etapas de aquisição e modernização do Navio Aeródromo Ligeiro A-11 Minas Gerais, seria possível á Comissão Fiscal de Construção de Navios na Europa (CFCNE) acertar a compra de três helicópteros usados do modelo Westland WS-55 Whirlwind Série I. Este contrato seria assinado em julho de 1960, ao valor unitário de US$ 141.366,00 por aeronave, e apresentaria como principal vantagem a brevidade oferecida no prazo de entrega, com o primeiro helicóptero sendo disponibilizado para inspeção em outubro do mesmo ano, seguido ainda dos dois restantes já no mês seguinte. Apesar de pertencerem orginalmente a versão civil,  o modelo Westland WS-55 Séries 1, as três aeronaves brasileiras apresentavam muitas características presentes nas versões militares Whirlwind HAR Mk1 e HAR Mk2, respectivamente operadas pela Marinha Real (Royal Navy) e Força Aérea Real (Royal Air Force). As células destinadas a Aviação Naval da  Marinha do Brasil seriam entregues em uma configuração que permitia o transporte de até dez soldados totalmente equipados ou a instalação de seis macas para o emprego em tarefas de remoção aero médica, dispondo ainda de um sistema de guincho elétrico para cargas leves ou pessoal instalado na lateral da cabine, semelhante aos instalados em seus  pares militares no Reino Unido.
Este contrato além do fornecimento das aeronaves e peças de reposiçao, contemplaria ainda um programa de treinamento de operação e manutenção, assim prontamente logo após sua formalização uma comitiva formada por aviadores navais e oficiais brasileiros seria despachada para as instalações da Westland Aircraft Ltd., na cidade de Yeovil. Este programa seria concluído rapidamente e sem dificuldades e no dia 19 de outubro, o Capitão de Fragata Roberto Mário Monnret e o Capitão Tenente Hercel Ahrends Teixeira executariam o primeiro pouso de uma aeronave brasileira a bordo do Navio Aeródromo Ligeiro A-11 Minas Gerais (que havia acabado de concluir suas provas áreas com um grupo aéreo embarcado britânico). Após serem oficialmente aceitos, ensaios e aprovados para recebimento em 4 de novembro, os dois últimos Westland WS-55 Séries 1 se juntariam a primeira aeronave. No início do mês de dezembro estes helicópteros seguiriam em voo até Rotterdam (Holanda), onde seriam embarcados no NAel A-11 Minas Gerais, que se encontrava as vésperas de partir para o Brasil. Nesse interim, as autoridades da Marinha do Brasil já estavam negociando a aquisição de outros dois Westland Whirlwind WS-55 Séries 1. Entretanto os limitados recursos orçamentários destinados a Aviação Naval impediram a efetivação desse plano, que acabaria sendo postergado para 1963. Já no pais operando a partir de terra ou do próprio porta aviões os Whirlwind WS-55 Séries 1, ampliariam consideravelmente o leque de missões que podiam ser cumpridas pela Aviação Naval, muito em função de sua capacidade de transporte e autonomia de voo superior as demais aeronaves de asas rotativas em carga na Marinha do Brasil até então.

Transitoriamente subordinados ao Destacamento Aéreo Embarcado do NAel A-11 Minas Gerais, os três Whirlwind WS-55 Séries 1, já com a designação militar de HU2W, seriam transferidos para o 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1), no momento quem esta unidade seria criada durante mês de junho de 1961. Inicialmente operando a partir das modestas instalações desta nova unidade, localizadas no km 11 da Avenida Brasil na cidade do Rio de Janeiro – RJ, os HU2W Whirlwind prontamente passariam a desempenhar os mais variados trabalhos em benefício de distintas organizações da Marinha do Brasil e de entidades civis. Contudo, uma das principais tarefas atribuídas aos 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1), seria o de prestar apoio as diversas campanhas hidrográficas anualmente organizadas pela Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN). A volumosa cabine da aeronave, não somente permitia acomodar até dez passageiros, mas possibilitava o transporte dos mais variados tipos de materiais e equipamentos. Seu desempenho aliado à sua respeitável a capacidade de carga, tornariam o HU2W Whirlwind uma ferramenta imprescindível para o sucesso de muitas campanhas hidrográficas executadas durante a década de 1960. Estas mesmas capacidades permitiriam ainda a execução de operações aerotransportadas com tropas do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), bem como o lançamento de paraquedistas em missões de infiltração. Ademais em diversas ocasiões, os HU2W Whirlwind foram convocados a realizar tarefas de evacuação aero médica, missões de misericórdia e trabalhos em apoio a flagelados de calamidades públicas, como as chuvas torrenciais que atingiram o Rio de Janeiro no início do ano de 1966.
No entanto, o intenso emprego destas aeronaves acabaria por cobrar um alto preços, duas células, o HU2W N-7012 e HU2W 7008 seriam perdidos em acidentes ocorridos no litoral do Rio de Janeiro e nas vizinhanças de Nazaré (BA), sendo respectivamente registrados no dia 4 de novembro de 1963 e em 17 de agosto de 1964. O recebimento de mais duas aeronaves em meados do ano de 1963 permitiria o pleno restabelecimento da capacidade operacional do 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1). Porém logo em seguida, a  carência de recursos materiais para a execução de serviços de revisão geral, e o agravamento da falta crônica de recursos financeiros, acabaria resultando em uma grande queda em seus índices de disponibilidade de voo. Em 1966 uma célula já havia sofrido uma extensa canibalização para permitir que os outros dois HU2W Whirlwind continuassem voando. Este cenario só seria aliviado a partir de 1967, com a definição pela aquisição de três células  novas de fábrica do  modelo Westland Whirlwind Série 3, equipados com motores turboeixo. Em 1968 seria decidido modernizar os dois HU2W Whirlwind, o elevando ao patamar da versão modernizada Whirlwind HAR.9. Estes trabalhos que incluíam a instalação do motor Rolls – Royce Gnome, seriam conduzidas nas instalações do fabricante na Grã-Bretanha, com este processo sendo concluído no ano seguinte quando as aeronaves foram reincorporadas a Aviação Naval. Já a terceira célula em carga, que havia sido escolhida para canibalização acabaria sendo classificada como “economicamente inviável” para recuperação, sendo então em 1970 alienada e vendida como matéria prima. 

Em Escala.
Para representarmos Westland WS-55 Whirlwind Série 1 HU2W matricula “N-7029”, fizemos uso do antigo kit produzido pela Airfix na escala 1/72. Não há necessidade de se promover nenhuma alteração para compormos a versão empregada pela Aviação Naval da Marinha do Brasil. Fizemos uso de decais produzidos pela FCM Decais presentes no antigo set 72/10.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura empregado pelos Westland Whirlwind HU2W, sendo o mesmo esquema aplicado as demais aeronaves de asas rotativas em uso na Aviação Naval da Marinha do Brasil, mantendo esta sistemática até a implementação de seu programa de modernização realizado em 1968.


Bibliografia :
- Westland Whirlwind – Wikipedia  https://en.wikipedia.org/wiki/Westland_Whirlwind_(helicopter)
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015  por  Jackson Flores 
- 100 anos da Aviação Naval – Marinha do Brasil
- Asas sob os Mares Aviação Naval , Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br