Ford Cargo VTE - VTNE

História e Desenvolvimento.
A Ford Motor Company, uma das mais icônicas e prestigiadas montadoras norte-americanas, foi fundada em 16 de junho de 1903, em modestas instalações situadas no subúrbio de Detroit, no estado de Michigan. Liderada pelo engenheiro e visionário Henry Ford, a empresa teve início com um investimento inicial de US$ 28.000, aportados por doze investidores, entre os quais se destacavam os irmãos John e Horace Dodge, que posteriormente deixariam a companhia para fundar a Dodge Motors Company. Este documento apresenta uma análise formal e estruturada da trajetória inicial da Ford, seu impacto na indústria automotiva e o legado de suas inovações. Nos primeiros anos de operação, a Ford Motor Company produzia veículos de forma quase artesanal em sua fábrica localizada na Avenida Mack, em Detroit.  Com o crescimento da demanda, a Ford optou por internalizar a fabricação de componentes críticos, adotando o conceito de integração vertical. Essa estratégia, inovadora para a época, permitiu maior controle sobre a qualidade e os custos de produção, consolidando a eficiência operacional da empresa. A integração vertical tornou-se um modelo funcional e amplamente adotado, contribuindo para a escalabilidade da Ford e sua capacidade de atender a um mercado em rápida expansão. Em 1908, Henry Ford lançou o Ford Modelo T, equipado com o primeiro motor de cabeça de cilindro removível, um marco técnico que elevou os padrões da indústria.  Desde seus primeiros anos, a Ford Motor Company demonstrou uma visão estratégica voltada para o mercado internacional. Em 1904, a empresa estabeleceu sua primeira linha de montagem no exterior, no Canadá, para a produção do Modelo C. Essa iniciativa marcou o início de uma política de parcerias globais, que facilitavam a fabricação local e a adaptação dos veículos às necessidades de diferentes mercados. Desde cedo a empresa buscaria o mercado externo, sempre que possível associando à montagem local dos seus carros. A primeira linha de fabricação no exterior foi instalada em 1904, no Canadá, em 1911 o Modelo T começou a ser produzido na Grã-Bretanha. A expansão da Ford na América Latina teve início na Argentina, onde, em 1913, foi estabelecida uma filial. Contudo, a montagem de veículos nesse país só foi iniciada em 1921. No Brasil, a produção de automóveis Ford começou de forma pioneira em 1918, por meio de uma iniciativa do industrial baiano Antônio Navarro Lucas. Licenciado pela Ford, Lucas passou a montar, em Salvador, Bahia, dez unidades mensais do Modelo T, marcando o Brasil como o primeiro país latino-americano a fabricar veículos da montadora. Reconhecendo o potencial do mercado brasileiro, a diretoria da Ford Motor Company decidiu, em 24 de abril de 1919, criar uma filial no país. Já no início de maio do mesmo ano, foi instalada, na Rua Florêncio de Abreu, no centro de São Paulo, uma unidade que combinava um escritório administrativo e uma linha de montagem para a produção do Modelo T. Essa instalação tornou-se a primeira indústria automobilística do Brasil, um marco histórico para o setor.  A quantidade de veículos aqui montados cresceu rapidamente, obrigando à empresa, até 1921, a mudar mais duas vezes de instalações, sempre no centro de São Paulo.  Nesta última planta, na rua Sólon, bairro do Bom Retiro, com capacidade de produção de quarenta unidades diárias, foi montado em 1923 o primeiro caminhão Ford brasileiro.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Ford priorizou a produção de veículos e componentes para uso militar. Com o fim do conflito, a montadora acelerou sua produção, atingindo, em 1948, uma cadência de 50 a 60 veículos leves por dia. Nesse período, a fábrica passou a montar uma gama diversificada de produtos, incluindo automóveis Ford, Mercury e Lincoln (de origem norte-americana), Anglia e Prefect (de origem britânica), além de veículos comerciais leves, ônibus e caminhões médios e pesados das marcas Ford e Thames. Aproximadamente 1.200 componentes já eram produzidos localmente, por meio da Ford e de cerca de cem fornecedores nacionais, enquanto cabines e carrocerias continuavam a ser importadas e montadas no Brasil. Ao completar 30 anos de operações no Brasil, em abril de 1949, a Ford já havia montado mais de 200 mil veículos. Em 1953, a empresa inaugurou uma moderna fábrica no bairro do Ipiranga, em São Paulo, com capacidade para produzir 125 veículos por dia. Essa unidade representou um salto em termos de infraestrutura e eficiência produtiva. Nesse contexto, o governo federal começou a considerar políticas de incentivo à nacionalização da indústria automotiva, embora planos concretos só fossem formalizados em 1956, com a criação do Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA). Em 26 de agosto de 1957 deixaria a linha de montagem o primeiro caminhão Ford nacional o F-600, contando ainda apenas com cerca 40% de conteúdo nacional, em peso. Tratava-se de um modelo convencional, de porte médio (para 6,5 t, entre eixos de 4,37 m) e arquitetura tipicamente norte-americana, com motor V8 a gasolina (4,5 l e 161 cv) e cabine recuada; tinha caixa de quatro marchas e diferencial de duas velocidades, com reduzida de comando elétrico. Dois meses depois foi lançada a picape F-100, para 930 kg, dotada da mesma motorização e igual cabine, porém com três marchas (primeira não sincronizada). Para atender às metas do plano, foram criados os Departamentos de Engenharia do Produto e de Ensaios e Pesquisa (alocados nas antigas instalações do Bom Retiro), construída uma fundição de motores em Osasco (SP), instaladas linhas de usinagem e montagem de motores e ampliada a estamparia do Ipiranga, as três últimas inauguradas em novembro de 1958. Em 1959, a cabine do caminhão e picape foi reestilizada, recebendo novo painel, volante “em cálice” e os para-brisas panorâmicos introduzidos em 1956, nos Estados Unidos. A picape, por sua vez, ganhou caçamba muito mais moderna, com para-lamas integrados, seguindo projeto apenas recentemente adotado na matriz. Para registrar o salto no índice de nacionalização, obtido após a inauguração da fábrica de motores, os emblemas de todos os modelos passaram a vir nas cores verde e amarela.   Em junho daquele mesmo ano seria lançado o caminhão leve F-350 (para 2,7 ton entre eixos de 3,30 m), com a mesma mecânica dos demais (este seria, por muitos anos, o único modelo brasileiro na categoria). No ano seguinte o caminhão médio ganhou a versão F-600-148, com menor entre eixos (3,77 m), próprio para receber carroceria basculante ou quinta roda, com capacidade de tração de 12 toneladas.
Em 1961 foi também o ano em que a Ford brasileira se dobrou à realidade local, que aceleradamente se afastava dos motores a gasolina no transporte de cargas, e lançou seu primeiro veículo diesel. Equipado com motor Perkins de seis cilindros e 125 cv, o F-600 Diesel recebeu poucas modificações com relação ao modelo a gasolina: apenas reforço da suspensão dianteira e substituição do logotipo “V8”, na grade, por outro, nomeando o novo combustível.  Em abril de 1962 o estilo da linha Ford foi mais uma vez alterado, desta vez assumindo o desenho do modelo norte-americano de 1960. A linha de veículos comerciais seria renovada entre os anos de 1968 e 1976, culminando no lançamento do Ford F-7000, incluindo ainda a versão de cavalo mecânico F-8500, para 30,5 t. No início da década de 1980 a empresa alterou a nomenclatura dos caminhões, apresentando seus substitutos: os médios F-11000, 12000 e 13000 (6,5 a 9 t de capacidade líquida) e os semipesados F-19000 e F-21000, com 3º eixo (tipos tandem ou balancim) e 13 e 15 toneladas de capacidade de carga. Equipados com motor MWM de seis cilindros (com opção de Perkins, para os médios), traziam caixa de cinco marchas (1ª não sincronizada) com redução de acionamento elétrico ou pneumático no diferencial e freios pneumáticos (hidráulico a vácuo, no F-11000). Todos tiveram a suspensão revista e ganharam sistema elétrico de 12 V e tanque de combustível cilíndrico de maior capacidade; direção hidráulica e rodas raiadas podiam ser instaladas, como opcional, em alguns modelos.    Na década de 1980, a Ford do Brasil S/A implementou mudanças significativas em sua linha de caminhões, promovendo a substituição dos modelos tradicionais da Série F por novos veículos mais modernos e adaptados às demandas do mercado. Este documento apresenta, de forma estruturada, a evolução da linha de caminhões Ford Série F, destacando as inovações tecnológicas, as atualizações de design e as estratégias comerciais adotadas pela empresa até o início do século XXI. No início dos anos 1980, a Ford do Brasil reformulou a nomenclatura e a oferta de sua linha de caminhões, introduzindo modelos que atendiam aos segmentos médio e semipesado. As principais novidades incluíram: Modelos Médios: F-11000, F-12000 e F-13000 equipados com modernos motores  MWM de seis cilindros, com maior eficiência e durabilidade Opção de motores Perkins para os modelos médios, oferecendo maior flexibilidade aos clientes Transmissão Nova caixa de cinco marchas, com a primeira marcha não sincronizada. Sistema de redução no diferencial, acionado eletricamente ou pneumaticamente, para melhor desempenho em terrenos variados.  A evolução da linha de caminhões Ford Série F no Brasil reflete a capacidade da Ford do Brasil de se adaptar às demandas do mercado e às condições locais. Desde o lançamento do F-600 Diesel em 1961 até a reformulação dos modelos na década de 1980, a empresa implementou inovações tecnológicas e estratégicas que consolidaram sua posição no setor de transporte de cargas. As atualizações em motores, transmissões e design demonstram o compromisso com a eficiência, durabilidade e competitividade no mercado brasileiro.

Na década de 1980, a Ford do Brasil enfrentou um cenário de crescente concorrência no mercado de caminhões, impulsionado principalmente pelos novos modelos da Volkswagen e pela forte presença de marcas como Mercedes-Benz. A Chevrolet, embora concorrente, vinha perdendo participação devido à limitada evolução mecânica de seus veículos, culminando no encerramento de suas operações comerciais no Brasil. Diante desse contexto, a direção da filial brasileira realizou um estudo de viabilidade para a produção local da moderna linha de caminhões Ford Cargo, visando: Ampliar o portfólio com caminhões médios e semipesados, com capacidade de carga entre 11 e 15 toneladas. Complementar a gama existente de caminhões leves e picapes da Série F, destinados a cargas menores. Atender a uma nova demanda de mercado, aumentando o volume de clientes potenciais da divisão de caminhões. A Ford do Brasil buscava lançar um veículo que atendesse a requisitos rigorosos de tecnologia, durabilidade e versatilidade, com potencial para competir globalmente. As principais características do projeto incluíam: Concepção Global: O Ford Cargo foi projetado como um modelo global, com foco na exportação para mercados internacionais, especialmente os Estados Unidos. Cabines: Adoção das cabines do modelo europeu, projetadas pela filial britânica da Ford, reconhecidas por sua qualidade e premiadas internacionalmente desde 1981. Chassi: Utilização de um chassi robusto de origem norte-americana, adaptado às condições brasileiras. Motores: Equipado com motores diesel Ford produzidos localmente, garantindo eficiência e conformidade com as necessidades do mercado. A produção do Ford Cargo no Brasil foi planejada para iniciar em 1985, com uma estimativa de 20.000 unidades anuais, das quais uma alta porcentagem seria destinada à exportação. Para viabilizar o projeto, a Ford implementou: Modernização da Planta Fabril: A unidade do Ipiranga passou por um profundo processo de atualização de suas linhas de produção, preparando-as para fabricar a nova família de caminhões. Testes Pré-Produção: Cinco caminhões protótipos foram cedidos em regime de comodato a empresas de diversos segmentos de transporte. Os resultados desses testes permitiram à equipe de engenharia aprimorar características técnicas e operacionais do veículo. A Ford do Brasil tinha metas ambiciosas para o Ford Cargo, projetando um aumento significativo de sua participação no mercado brasileiro de caminhões com capacidade de até 22 toneladas: Crescimento de Market Share: A empresa previa elevar sua participação de 19% para 29% em dois anos, um objetivo desafiador dado o forte cenário competitivo. Sucesso Comercial: A confiança no sucesso do modelo era respaldada pelo desempenho do Ford Cargo na Europa, onde já havia recebido reconhecimento por sua qualidade. Em 1984, a Ford apresentou os primeiros protótipos do Ford Cargo nacionalizado, marcando um passo estratégico na consolidação de sua oferta no segmento de caminhões médios e semipesados. O início da comercialização, previsto para 1985, foi acompanhado de uma campanha que destacava a robustez, a inovação e a versatilidade do modelo.
Em termos de desing, o modelo apresentava grandes avanços, rompendo com o projeto antiquado das Séries F. A cabine incorporava diversas fabricadas em plástico, diminuindo muito seu peso, dispunha igualmente, do sistema basculante, que proporcionava um acesso simples e fácil a parte mecânica. Além disso, o Cargo seria o primeiro caminhão brasileiro a receber um tratamento contra a oxidação, aplicado por meio e um meto de eletrodeposição. Foram inicialmente lançados oito modelos, entre onze e quinze toneladas, com três opções de motor diesel: MWM aspirado (5,9 litros e 130 cv) e Ford aspirado ou turbo (seis cilindros, sete mancais, 6,6 litros com 140 e 165 cv). Oferecidos em três distâncias entre eixos (3,89, 4,34 e 4,80 m) e configurações 4×2 ou 6×2, totalizando vinte diferentes versões. No final do ano de 1985 seria lançado o primeiro modelo com tração 6X4, o Cargo 2217 de vinte e duas toneladas. Estes caminhões apresentavam uma caixa de cinco marchas com dupla redução no eixo traseiro, freios pneumáticos com duplo circuito (opcionalmente a disco na dianteira para modelos de 11 toneladas) e direção hidráulica com assistência variável. Como opcionais eram fornecidos sistemas de freio motor, pneus radiais sem câmara, vidros verdes, banco tipo leito, banco do motorista com amortecimento, rádio e defletores de ar no teto e sob o para-choque.  No final de 1986, a concretização do acordo de cooperação entre a Ford e a Volkswagen, levaria a implementação de novas diretivas estratégicas, visando a priorização das exportações em detrimento ao mercado interno.  Neste momento melhorias seriam feitas com o objetivo de atender a especificações dos mercados almejados, e assim os modelos destinados ao mercado brasileiro se beneficiariam destas significativas melhorias, dentre elas o aumento da capacidade de carga. Assim a gama de caminhões médios e semipesados da empresa passaria a ser composta pelos modelos 1215 (12 toneladas), 1415 e 1422 (14 toneladas), 1617 e 1622 (16 toneladas). Outra melhoria seria o aumento da potência dos motores Ford de 6,6 litros, com modelo aspirado chegando a 155 cv e turboalimentado desenvolvendo até 182 cv de potência. Em 1990 seria lançado o Cargo 3224, com capacidade de carga de 32 toneladas, unicamente destinando a exportação, no ano seguinte estreariam os novos motores Cummins de 8,3 litros, que chegaram para substituir os próprios da Ford. Neste período o portifólio da montadora estava disposto em nove modelos com capacidades entre 12 e 35 toneladas. Ao longo dos anos seguintes novos modelos seriam lançados no mercado brasileiro, se pautando nas famílias de caminhões Leves 4x2, médios 4x2, semipesados 4x2, 6x2, 8x2 e 6x4, pesados 4x2 e 6x4 e Cavalos mecânicos 4x2 e 6x2. Em 2011 a cabine passou por reestilização, passando a apresentar linhas mais arredondadas em relação à geração lançada em 1985, sendo semelhante ao modelo produzido na Turquia. Infelizmente em 2016, mudanças na estratégia global da montadora determinariam o encerramento da produção de caminhões no Brasil, levando inclusive ao fechamento da planta fabril de São Bernardo do Campo, com os últimos Ford Cargo deixando a linha de produção em meados do ano de 2019. 

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
O processo de mecanização das Forças Armadas Brasileiras teve início na década de 1920, com a aquisição dos primeiros caminhões leves Ford Modelo T pelo Exército Brasileiro e pelas Forças Públicas (atualmente Polícias Militares Estaduais). Esses veículos representaram os primeiros passos na modernização do transporte militar no Brasil, atendendo às necessidades logísticas básicas da época. Durante a década de 1930, a Ford consolidou sua posição como principal fornecedora de veículos para as Forças Armadas Brasileiras, com a incorporação de diversos modelos civis, muitos dos quais montados localmente pelo processo CKD (Completely Knocked Down). Os modelos incluíam: Ford TT; Ford V8 ; Ford 131 ½; Ford Barrel-Nose; Ford 157 ½ e Gigante 937 ½. Posteriormente, a frota foi complementada por modelos como: Ford 1/5T Stake Bed ; Ford Modelos 1938/1940/1941 ; Ford G-540 2G8T/G8T ; Ford G-622; Ford G-917; Ford FK G-700 Ford YBH2.  Esses veículos formaram a base da capacidade de transporte militar brasileira, desempenhando um papel central nas operações logísticas até o início da década de 1940.  A adesão do Brasil aos Aliados durante a Segunda Guerra Mundial e a participação no programa norte-americano Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos) proporcionaram acesso a uma nova geração de veículos militares especializados. A partir de 1942, o Brasil recebeu mais de 5.000 caminhões com tração 4x3, 4x4 e 6x6, incluindo: Corbitt 50SD6 G-512; Diamond T 968/969 G-509/980 G-159 ; GMC G-508 CCKW-352/353; Studebaker US6 G-630; GMC 16220 Kodiak; Ward LaFrance G-116 M-1/A1 e G-514 Modelo 666 White Motor. A introdução desses veículos militares modernos marcou uma mudança significativa na composição da frota das Forças Armadas Brasileiras. Os caminhões civis da Ford, previamente adaptados para uso militar, foram redesignados para missões secundárias ou administrativas, com parte do excedente sendo retirada do serviço ativo. O influxo de veículos militares especializados durante a Segunda Guerra Mundial encerrou a liderança de mais de duas décadas da Ford como principal fornecedora de veículos para as Forças Armadas Brasileiras. A transição para uma frota composta por caminhões projetados especificamente para fins militares refletiu as exigências de modernização e as mudanças no contexto estratégico global. Em fins da década de 1950, surgiria a necessidade de substituição de grande parte da frota de caminhões militares recebidos durante a década anterior, que por obsolescência ou falta de peças de peças de reposição começavam a apresentar grandes índices de indisponibilidade.  Este cenário causava extrema preocupação ao comando do Exército Brasileiro, pois afetava perigosamente sua capacidade operacional, gerando assim a necessidade em curto prazo da elaboração de soluções que pudessem atender a esta demanda. Em termos básicos, a solução mais eficaz passava pela aquisição de um número similar de veículos de transporte com tração 4X4 e 6X6, sendo mais indicados os novos caminhões da família REO M-34 e M-35. 

Porém o investimento necessário para uma aquisição deste porte, se apresentava completamente fora da realidade orçamentaria do Exército Brasileiro naquele período. Estudos mais realistas apontavam então para três soluções complementares, sendo a primeira pautada na aquisição de um pequeno número de caminhões militares usados REO M-34 e M-35, a segunda envolvia estudos referentes a possível repotencialização dos caminhões GMC Série CCKW e Studebaker US6G, e pôr fim a terceira focando a adoção de caminhões comerciais militarizados produzido no país para o cumprimento de missões secundárias. A combinação destas três alternativas poderia devolver a Força Terrestre sua operacionalidade.  Infelizmente os estudos referentes a repontencialização dos caminhões GMC CCKW e Studebaker US6G não seriam recomendados, devidos não só, ao alto custo de implantação, bem como a inexistência naquele momento de um corpo técnico de nível adequado para a implementação no país de um programa desta magnitude.  O cancelamento do processo de repotencialização dos caminhões norte-americanos, levaria a necessidade de ampliação das intenções na aquisição de caminhões comerciais militarizados. Pois assim em teoria estes veículos poderiam substituir os caminhões genuinamente militares com tração integral 6X6 em missões básicas de transportes, liberando assim os veículos com tração 6X6 para o emprego em ambientes fora de estrada. Para a materialização deste conceito, seria necessário a aquisição de um grande número de caminhões militarizados produzidos localmente, alternativa esta que sobre esta ótica era extremamente viável devido ao baixo custo de aquisição e operação destes veículos. Buscando fomentar a jovem indústria automotiva nacional o Ministério do Exército optou pela adoção inicial de veículos produzidos pela Fábrica Nacional de Motores - FNM, que mantinha em produção dois modelos de caminhões médios, o FNM D-9500 e o FNM D-11000. No intuito continuar impulsionando a indústria automotiva nacional,  o Governo Federal iniciaria uma série de consultas as empresas visando o fornecimento de mais caminhões para o reequipamento das três forças armadas. Diversas propostas seriam apresentadas pelas montadoras estabelecidas no país, com destaque ao modelo Ford F-600 (com tração 4X2 e 6X2) que acabara de ser lançado no mercado nacional. Nos anos seguintes diversos contratos seriam celebrados para o fornecimento destes veículos a Força Aérea Brasileira e ao Exército Brasileiro, apresentando diversas versões e níveis de militarização. O grande salto se daria em meados da década de 1960, com desenvolvimento de modelos para todo terreno em parceria com a Engesa S/A, e partir deste momento a família de caminhões Ford F-600 passariam a ser o esteio da frota de transporte das Forças Armadas Brasileiras. 
Durante as décadas de 1970 e 1980, as três Forças Armadas Brasileiras (Exército, Marinha e Aeronáutica) adquiriram centenas de caminhões Ford F-600, configurados com diferentes níveis de militarização para atender a uma ampla gama de funções operacionais. Esses veículos estavam disponíveis nas trações 4x2, 4x4 e 6x2, com carrocerias especializadas, incluindo: Carga Seca: Disponível em versões comercial e militar, utilizada para o transporte de suprimentos e equipamentos. Cisterna: Configurada para transporte de combustível ou água, essencial para operações logísticas em campo. Bombeiro: Adaptada para combate a incêndios em instalações militares. Os F-600 desempenharam um papel central nas operações logísticas das Forças Armadas, destacando-se pela versatilidade e robustez em diferentes cenários operacionais. A partir de meados da década de 1980, a frota de caminhões Ford F-600 começou a apresentar sinais de desgaste operacional, resultantes do uso intensivo e da idade avançada dos veículos. Esses fatores evidenciaram a necessidade de modernização da frota militar, com a substituição dos F-600 por modelos mais avançados, capazes de atender às demandas operacionais contemporâneas. Naquele período, a Ford do Brasil S/A enfrentou dificuldades para oferecer um sucessor competitivo para o F-600. A ausência de um modelo moderno em seu portfólio comercial limitou a capacidade da empresa de atender às exigências das Forças Armadas Brasileiras. Essa lacuna comprometeu sua posição como principal fornecedora de caminhões militares, encerrando um ciclo de liderança no fornecimento de veículos para o setor. O vácuo deixado pela Ford abriu espaço para a Mercedes-Benz do Brasil S/A, que implementou uma estratégia eficaz para atender às necessidades de renovação da frota militar. A Mercedes-Benz ofereceu veículos mais modernos, com maior capacidade tecnológica e operacional, conquistando rapidamente a liderança no fornecimento de caminhões médios e pesados, especialmente para o Exército Brasileiro. Os principais modelos fornecidos incluíam: MB L-1111;  MB L-1113;  MB L-1114; MB LG-1519 e MB LG-1819 Esses veículos, entregues em milhares de unidades, estabeleceram a hegemonia da Mercedes-Benz no mercado militar brasileiro. Apesar do declínio no fornecimento de caminhões militares, a Ford do Brasil manteve uma participação limitada no mercado por meio de pequenos contratos. Modelos como o F-6000, F-12000 e F-14000, configurados para transporte especializado, continuaram a ser fornecidos em menor escala, permitindo à empresa uma presença residual no setor. Com o advento do lançamento no Brasil da família Ford Cargo que logo conquistaria grande êxito comercial , a Ford Caminhões apresentaria aos militares brasileiros uma série de propostas de versões de transporte não especializado e especializado. 

A Ford do Brasil enfrentou significativa concorrência no segmento de caminhões militarizados com tração integral, logrando êxito na obtenção de apenas contratos de menor escala. Esses contratos envolveram o fornecimento de modelos Ford Cargo configurados para atender às necessidades logísticas específicas das Forças Armadas, com destaque para: Modelos Cargo 712, 814, 815 e 816: Configuração: Equipados com baú padrão de carga em alumínio. Finalidade: Emprego em Depósitos de Suprimentos (DSup) e Batalhões de Suprimentos (BSup) do Exército Brasileiro. Posteriormente, novos contratos foram firmados para ampliar a frota de caminhões Ford Cargo, com modelos adaptados para diversas funções operacionais: Modelos Cargo 1215, 1217, 1218, 1317 e 1319: Configuração: Equipados com baú comercial; dez unidades configuradas com carroceria de madeira.  Finalidade: Uso no Batalhão de Dobragem, Manutenção de Paraquedas e Suprimento pelo Ar (B DOMPSA). Neste momento a Força Aérea Brasileira passaria a incorporar algumas unidades dos modelos Cargo 815, 816 equipados com baú para uso orgânico das bases aérea e ainda doze Ford Cargo 816S configurados na versão de “Cesta Aérea”,  para manutenção e operações específicas. A partir dos anos seguintes, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira continuaram a incorporar novos modelos da linha Ford Cargo, ampliando a variedade de configurações para atender a diferentes demandas operacionais. Os modelos adquiridos incluíam:  Ford Cargo 1415, 1417, 1418, 1517, 1519, 1615, 1717, 1722, 2218, 2422, 4030, 4031 e 4532 Maxton. Estes seriam dispostos na versões : Oficina móvel (truck baú); Caçamba basculante; Veículo de abastecimento de combustíveis móvel (toco); Suprimento de água (truck pipa) e Transporte urbano de viaturas (cavalinho 4x2). Em 2011, as Forças Armadas Brasileiras intensificaram a modernização de sua frota com a aquisição de cavalos mecânicos : Ford Cargo 1932 Tractor Torqshift  na configuração 4x2 equipados com motores Cummins de 6 cilindros. Este teriam por finalidade tracionar  carretas carga seca e carretas frigorificadas, destinadas aos Batalhões de Suprimentos (BSup) e Ford Cargo 1933 Tractor Torqshift  destinados ao transporte de veículos blindados de transporte de pessoal VBTP M-113, utilizados pelos Batalhões de Infantaria Blindada (BIB), sendo deste último incorporados 30 veículos.  Em 2012, a Marinha do Brasil passou a incorporar unidades da linha Ford Cargo, com foco em modelos adaptados para operações específicas: Modelos Ford Cargo 1215 e 1415 nas configurações de Caçamba basculante (Cargo 1215) e Guindaste (munk) (Cargo 1415). Sendo destinados ao suporte  às operações logísticas e de manutenção da Marinha.
A partir de 2013, o PAC, um programa governamental federal de fomento, facilitou a aquisição de uma quantidade significativa de caminhões Ford Cargo pelas Forças Armadas Brasileiras. Essa iniciativa visava modernizar a frota militar, atendendo às demandas logísticas e operacionais das três Forças (Exército, Marinha e Aeronáutica). Os modelos incorporados incluíam: Cargo 2423, 2425, 2428, 2622, 2623, 2628, 2629, 2932 e 3132,  dispostos em várias versões de carroceria, adaptadas para funções específicas. A Força Aérea Brasileira (FAB) foi uma das principais beneficiadas pelo programa, recebendo aproximadamente 400 caminhões de diversos tipos. Dentre esses, destacam-se: Ford Cargo 2629 (pelo  menos 101 unidades) na configuração de  carroceria baú, com capacidade de carga útil de 8.300 kg. Este seriam destinados ao transporte logístico de material de intendência, conforme especificações técnicas elaboradas pela Divisão de Transporte de Superfície da Diretoria de Engenharia (DIRENG). Neste momento o Exército Brasileiro também integrou modelos Ford Cargo em configurações especializadas, com destaque para as seguintes aquisições: Cargo 2622 (2014), limitando a 20  veículos configurados como  Posto de Comando Móvel. Seriam destinados ao emprego  junto aos Batalhões de Comunicação e Guerra Eletrônica (B Com GE) do Comando da 3ª Divisão de Exército. Cargo 2623 (2021) envolvendo 05 caminhões, na configuração  "Shelter" para  operação do Sistema Transportável de Rastreio de Engenhos em Voo (STREV). Seriam destinados ao  Centro de Avaliações do Exército (CAEx) em atividades de pesquisa, desenvolvimento e avaliação de engenhos de voo. Neste contexto seriam dedicados a avaliação  do míssil tático de cruzeiro Avibras MTC-300 e do foguete guiado SS-40G no contexto do  Programa Estratégico do Exército (Prg EE) Astros 2020. Atualmente, grande parte da frota de caminhões Ford Cargo permanece em serviço ativo nas Forças Armadas Brasileiras, especialmente os veículos adquiridos no século XXI. Esses caminhões, com destaque para o modelo Ford Cargo 2629, configurado como Viatura Especializada Oficina/VTE Caminhão Baú Oficina, devem continuar operando em diversas funções logísticas e especializadas pelas próximas duas décadas, refletindo sua robustez e adequação às necessidades militares. A incorporação de caminhões Ford Cargo por meio do Programa de Aceleração do Crescimento representou um marco significativo na modernização da frota das Forças Armadas Brasileiras. A aquisição de modelos como o Cargo 2629 e 2623, configurados para funções logísticas, de comando e de pesquisa avançada, demonstra a versatilidade e a relevância da linha Ford Cargo no contexto militar. Com uma frota ainda ativa e projetada para operar por décadas, esses veículos continuam a desempenhar um papel essencial nas operações das Forças Armadas, consolidando última contribuição da Ford do Brasil ao setor de defesa.

Em Escala.
Para representarmos o Ford Cargo 1415 Cisterna de Combustível “EB34512”, fizemos uso do modelo em die cast produzido pela Axio para a Editora Altaya, na escala 1/43. Para compormos o veículo empregado pelo Exército Brasileiro, desmontamos todo o veículo retirando a carroceria comercial de madeira, aplicando uma carroceira “tanque de combustível” pertencente a outro modelo da Axio na mesma escala. Foram utilizados decais do conjunto “Forças Armadas do Brasil 1983 a 2002”, produzido pela Decals e Books, originalmente na escala 1/35. Esses decais foram adaptados para a escala 1/43, assegurando a autenticidade das insígnias e identificações militares.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático camuflado em dois tons, empregado na maioria dos veículos em uso no Exército Brasileiro a partir do ano de 1983, porém existem ainda muitos modelos configurados no esquema básico de verde oliva. Já os veículos empregados nas tarefas de Posto de Comando Móvel e Sistema Transportável de Rastreio de Engenhos em Voo (STREV), apresentam um terceiro padrão de pintura. As viaturas em usos pela Força Aérea Brasileira e Marinha do Brasil, ostentam esquemas de pintura pertinentes ao restante da frota destas armas. Empregamos tintas e vernizes produzidos pela Tom Colors.

Bibliografia :
- Caminhões Brasileiros de Outros Tempos – Ford Cargo, Editora Altaya
- Ford do Brasil – www.ford.com.br 
- Divisão Encouraçada recebe novo Posto de Comando Móvel: www.defesanet.com.br/
- Exército incorpora o sistema STREV por Paulo Roberto Bastos Jr - https://tecnodefesa.com.br/
- Motorização no Exército Brasileiro 1906 a 1941 - Expedito Carlos Stephani Bastos

Fouga CM170 T-24 Super Magister

História e Desenvolvimento.
Em meados do ano de 1920, o empreendedor Gaston Fouga, fundou na região de Béziers, no sul da França, uma empresa destinada a produção de implementos rodoviários, somente em 1936 a empresa derivaria para o meio aeronáutico, com fabricação de suas primeiras aeronaves leves derivadas de projetos de autoria do engenheiro aeronáutico Pierre Mauboussin, a quem a empresa recrutaria juntamente com um grande equipe de técnicos que anteriormente estavam a serviço da empresa francesa rival Société des Ateliers d'Aviation Louis Bréguet . Participaria também desta equipe o renomado engenheiro Robert Castello, que durante anos conquistou larga experiencia junto a outro concorrente a empresa Construções Aéronautiques Émile Dewoitine. Tanto Pierre Mauboussin como Robert Castello, desempenharam um grande papel de liderança na empresa, assim muito dos projetos de sucesso da Fouga Aviation receberam a designação inicial de “CM” (Castelo-Mauboussin). Durante a ocupação alemã na Segunda Guerra Mundial, suas instalações seriam empregadas para a produção de componente aeronáuticos, com sua retomada ao segmento aeronáutico ocorrendo somente após 1948 com o lançamento de modelos como os planadores Fouga CM.8 e Fouga CM.10, aeronaves experimentais e de série Fouga CM.88 Gemeaux (um birreator, o qual tinha duas fuselagens do CM8, unidas por uma seção de asa, e com os dois lemes em “V” acoplados, na forma de um “W”) e por fim o Fouga CM.100. Neste contexto a companhia já estava imersa na tecnologia de motores a reação, fazendo uso de planadores motorizados com a finalidade de testar turbinas a jato, com o objetivo de desenvolver aeronaves de treinamento avançado para as forças armadas francesas. Em 1949, foram realizados os primeiros vôos do CM8R.13 Sylphe, um planador com cauda em “V” e equipado com uma turbina “Piméné” de 85 kgf de potência, montada acima da asa, em uma configuração parecida com a do jato alemão Heinkel 162 Salamander, utilizado ao final da Segunda Guerra Mundial. 

Neste mesmo período, o comando da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air, AdA), passava a buscar alternativas para seu processo de formação de pilotos, buscando a substituição dos já obsoletos treinadores básicos com motor a pistão do modelo Morane-Saulnier MS.475. Assim em resposta a esta demanda e visando oferecer uma aeronave que além da tarefa de instrução básica poderia realizar também o treinamento intermediário, os renomados projetistas Robert Castello e Pierre Mauboussin, da fabricante francesa de aeronaves Fouga Aviaton, apresentariam o treinador a jato CM130R, uma aeronave equipada com dois motores a reação Turbomeca Palas e com a característica cauda em “V”, baseada no desing original do planador Fouga CM.8. Os testes iniciais logo reprovariam a aeronave muito em função da pouca potência das turbinas, levando a empresa de volta a prancheta de projetos. Deste esforço nasceria uma aeronave de maior porte, que apesar de manter o design original, passava a incorporar os novos motores turbo jato franceses Turboméca Marboré com 880 lb de empuxo cada. Com o conceito aprovado, seria celebrado um contrato entre a empresa e a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air, AdA), para a aquisição de três protótipos do modelo agora designado como Fouga CM170 Magister, com o primeiro voo desta aeronave ocorrendo em 23 de maio de 1952. O segundo protótipo foi equipado com uma empenagem convencional, para fins de testes comparativos, porém os ensaios em voo comprovariam a eficácia superior da cauda em “V”, com a terceira aeronave retornando a configuração original.  A conclusão do deste programa de testes, resultaria em pequenas melhorias a serem implementadas consolidando assim versão final denominada como MMC.170 Magister, que receberia um contrato encomenda em novembro de 1953, de um lote de pré-produção de dez aeronaves para a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air, AdA), com todos estes aviões sendo entregues até outubro de 1955, iniciando assim a formação da doutrina operacional deste novo treinador.
Porém antes mesmo da entrega final do lote de pré-produção, um novo contrato seria celebrado com a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air, AdA) em 13 de janeiro de 1954, envolvendo agora noventa e cinco aeronaves, sendo destinadas principalmente a substituição dos também obsoletos treinadores a reação norte-americanos Lockheed T-33A Thunderbird. para a função de instrução intermediária. A fim de atender esta demanda a Fouga Aviation abriria uma nova linha de montagem em Toulouse-Blagnac , anexa a um complexo industrial recém-construído. Junto a força aérea estas aeronaves seriam distribuídas a Escola do Ar – EA (École de l’Air) em Salon-de-Provence e Escola de Caça – EC (École de Chasse) em Versalhes. Posteriormente o modelo seria empregado como aeronave de demonstração pela esquadrilha acrobática Patrouille de France. Em operação a aeronave seria bem aceita pois seus dois turbo jatos Turboméca Marboré com 880 lb de empuxo cada ofereciam aos cadetes a "segurança de um jato bimotor com características de voo monomotor". A instalação do grupo propulsor colocados perto da linha central, produziam pouco impulso assimétrico como consequência; resultando em um recurso de segurança valioso para uma aeronave treinadora. Além disso o projeto da aeronave primava pela à simplicidade da operação; como tal, um número mínimo de procedimentos era necessário antes da decolagem, era ainda equipado com aviônicos como sistemas de rádio de alta frequência (VHF), bússola de rádio e demais sistemas eletrônicos no padrão da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Os comandos, alavancas, interruptores e mostradores variados estavam dispostos para fácil visualização, fornecendo ainda na cabine climatização e amplo espaço para conforto dos ocupantes. Os pedais eram ajustáveis e tinham limites bastante admissíveis, com a cabine sendo relativamente fácil de acessar, a fim de amenizar a baixa visibilidade dianteira disponível para o banco traseiro, geralmente ocupado pelo instrutor, estava disponível um periscópio. Já o assento dianteiro normalmente utilizado pelo aluno, proporcionava uma excelente visibilidade externa, melhorando a consciência situacional.

O bom desempenho da aeronave em operação junto a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air, AdA), despertaria a atenção do comando da Força Aeronaval Francesa (Aéronavale) para emprego, gerando a versão navalizada equipada com gancho de parada e trem de pouso reforçado, recebendo a designação de CM175 Zéphyr, com a produção de trinta e duas aeronaves deste modelo. A primeira aeronave de desenvolvimento deste novo modelo para a Força Aeronaval Francesa (Aéronavale) foi apresentada no Paris Air Show em maio de 1957, com esta versão recebendo uma encomenda de 30 células. Neste contexto uma versão aprimorada seria desenvolvida sendo denominada como Fouga CM170-2 Super Magister, entre as melhorias encontrava-se a adoção das novas e mais potentes turbinas Turboméca Marboré VI com 1.058 lb de empuxo, que concediam a aeronave um novo perfil operacional, podendo ainda operar em pistas não preparadas graças ao trem de pouso reforçado. Esta nova versão podia ser utilizada como plataforma para treinamento armado ou ainda operar em missões de apoio aproximado ser equipada com duas metralhadoras de calibre 7,50 mm instaladas no nariz da aeronave, incluindo caixas de munição de 200 balas para cada arma, quatro pontos duros subalares podiam transportar lançadores de foguetes não guiados ou até duas bombas de 110 libras. O Fouga CM-170 seria o primeiro avião de treinamento do mundo a ser projetado especificamente para essa finalidade e, como tal, gozou de enorme sucesso. Em veloz sucessão, seriam assinados contratos de fornecimento com diversas forças aéreas, como a da Áustria, da Bélgica, do Líbano e da Líbia. As ótimas qualidades da aeronave, levaram ainda a sua montagem sob licença na Alemanha, na Finlândia, e em Israel.  Quando do encerramento da produção em 1969, aproximadamente 916 desses aviões haviam sido produzidos, primeiro pela Etablissements Fouga et Cie. e, após sucessivas reorganizações da indústria aeronáutica francesa pela Potez Aeronautique e pela Sud Aviation.
Além de desempenhar o seu papel como aeronave de treinamento, o CM-170 Magister equipou diversas equipes militares de demonstração aérea, notoriamente a Patrouille de France, o esquadrão francês de demonstração aérea.  Além de tarefas de treinamento armado, o Fouga CM-170 Magister, se mostrou um eficiente vetor de ataque leve, como foi comprovado pela Força Aérea Israelense (Zroa HaAvir VeHahalal) durante a Guerra dos Seis Dias (1967). Armados com metralhadoras leves, foguetes de pequeno calibre e bombas, esses minúsculos jatos lograram destruir mais de cinquenta tanques em território egípcio, um feito que seus projetistas Pierre Mauboussin e Robert Castello jamais poderiam imaginar que seria alcançado por um produto saído de suas pranchetas de desenho. Estas aeronaves ainda veriam açao real também durante a Guerra Civil Salvadorenho, a Guerra do Saara Ocidental e a Crise do Congo. Muitas células desativadas pertencentes a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air, AdA), seriam adquiridos por vários pilotos proprietários privados norte-americanos, sendo empregados na categoria experimental. Ao todo estas aeronaves operariam junto as forças armadas da Argélia, Áustria, Alemanha, Bangladesh, Bélgica, Brasil, Camarões, El Salvador, Finlândia, França, Gabão, Guatemala, Irlanda, Líbano, Líbia, Marrocos, Senegal e Israel, com as aeronaves desta última nação sendo retirados de serviço somente em 2020.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
As origens da famosa Esquadrilha da Fumaça remontam ao início da década de 1940, quando foi criada a Escola de Aeronáutica (EAer) na Base Aérea dos Afonsos, na cidade do Rio de Janeiro. Em suas horas de folga, os pilotos desta instituição treinavam acrobacias em grupo, com o intuito de incentivar os jovens cadetes a confiarem em suas aptidões e na segurança das aeronaves utilizadas na instrução, motivando-os para a vocação da pilotagem militar. Fazendo uso inicial das aeronaves de treinamento North American T-6 Texan, eram executadas manobras de precisão como os tradicionais "Loopings" e "Tounneaux" com duas aeronaves. Posteriormente, após os comentários em terra, onde discutiam todos os detalhes, os aviadores passaram a voar com três aeronaves e, finalmente, com quatro. Em 14 de maio de 1952, foi realizada a primeira demonstração oficial do grupo. Após algumas apresentações, percebeu-se a necessidade de proporcionar ao público uma melhor visualização das manobras executadas. Com isso, em 1953, acrescentou-se aos North American T-6 Texan,  um tanque de óleo exclusivo para a produção de fumaça. Foi assim que os cadetes e o público em geral, carinhosamente, batizaram a equipe de "Esquadrilha da Fumaça". A primeira escrita foi a sigla "FAB", nos céus da praia de Copacabana. Em 1955, a Esquadrilha da Fumaça passou a ter cinco aviões de uso exclusivo, com distintivo especial e um esquema de pintura vistoso e próprio. Diante do elevado número de pedidos de demonstração, dava-se, então, o início da função de Comunicação Social da Esquadrilha, aumentando cada vez mais o número de cidades que passavam a conhecer a arma área por seu intermédio. Assim, a Esquadrilha da Fumaça foi aumentando o número de manobras e se popularizando cada vez mais no Brasil e no exterior, até que em 1963 foi transformada em "Unidade Oficial de Demonstrações Acrobáticas da Força Aérea Brasileira", única no mundo a se apresentar com aviões convencionais, até 1969. Com o tempo, as aeronaves e as acrobacias mudaram, mas a essência da Esquadrilha da Fumaça mantém preservado o espírito de arrojo e determinação do grupo.

Em meados da década de 1960, com o fim da vida útil dos treinadores North American T-6  e AT-6 Texan, já despontando no horizonte, a Força Aérea Brasileira iniciou a busca de uma plataforma que pudesse cumprir o variado leque de missões desempenhado por aquele clássico avião de treinamento. No que se diz respeito à tarefa de instrução avançada, a solução se daria pela aquisição de treinadores a jato norte-americanos Cessna T-37C Tweety Bird, que seriam incorporados a partir de 1967. No esteio desta decisão, para o reequipamento da Esquadrilha da Fumaça, que também a época operava os veteranos North American T-6D Texan, cogitava-se a incorporação dos novos treinadores produzidos pela Cessna Aircraft Co. Apesar de reconhecer a conveniência em dotar aquela unidade com aeronaves a jato (que em seu país de origem já eram operadas como aeronaves de demonstração), considerações operacionais jogariam por terra esta possibilidade. Conquanto a substituição dos North American T-6D Texan da Esquadrilha da Fumaça, não pudesse ser atendida pelo Cessna T-37C, o desejo em reequipá-las com jatos não seria esquecida. A oportunidade para se concretizar esta ambição se daria com a desativação e a venda para o governo francês, dos jatos executivos Morane Saunier MS-760 Paris. Com uma parcela do crédito obtido com a venda daqueles aviões, foi possível adquirir um lote de jatos treinadores Aérospatiale CM-170-2 Super Magister, uma aeronave que naquela época já estava sendo empregada por diversas equipes militares de demonstração aérea ao longo do planeta. Além de apresentar notáveis qualidades de voo que a tornavam uma aeronave de pilotagem dócil e com acentuada manobrabilidade, o pequeno jato francês se constituía em um avião de manutenção razoavelmente simples, características realçadas pelo fato que muito de seus sistemas eram iguais ou semelhantes aos dos Morane Saunier MS-760 Paris, que a Força Aérea Brasileira, havia acabado de desativar.
O contrato de aquisição junto a Societé Nationale Industrielle Aérospatiale, foi assinado em 1968 e, ainda naquele ano, a Força Aérea Brasileira, despachou para Salon Provence (França) três oficiais aviadores. Lá, sob a supervisão do 312 Groupement Instruticion, os aviadores brasileiros realizaram o curso de adaptação com o pessoal pertencente a Patrouille de France, a equipe de demonstração aérea francesa que na época também operava os Aérospatiale CM-170-2 Super Magister. Concluída com sucesso aquela etapa, restou aguardar a chegada das sete aeronaves encomendadas – cinco chegaram no primeiro trimestre de 1969 por via marítima e as duas restantes, no final daquele mesmo ano. Apresentando um chamativo esquema de pintura em verde, amarelo azul e branco, elaborado pelo publicitário uruguaio Eddie Moyona, os cinco aviões iniciais foram montados no Campo dos Afonsos com ajuda do Parque de Material Aeronáutico localizado naquela base. Finalmente, no dia 21 de março de 1969, foi executado o primeiro voo de um Aérospatiale CM-170-2 Super Magister em céus brasileiros e, no dia 18 do mês seguinte, foi realizada a primeira apresentação pública com a nova aeronave. Cinco dias mais tarde, aqueles aviões foram incluídos na carga do Ministério da Aeronáutica e distribuídos ao Quartel General da 3º Zona Aérea, mas colocados a disposição da Esquadrilha da Fumaça. Com a designação de T-24 , mas conhecido simplesmente como Fouga, o CM-170-2 Super Magister mostrou rapidamente que, apesar de suas virtudes como vetor de demonstração aérea, que apresentava deficiências que podiam ser ignoradas. A baixa autonomia – cerca de oitenta minutos em perfil de demonstração aérea impunha diversas restrições. E por se tratar de uma aeronave a reação sua operação estava limitada as pistas pavimentadas, cuja quantidade eram relativamente escassas fora dos grandes centros metropolitanos do território nacional.

Combinados, esses dois fatores cercearam a realização de demonstrações aéreas em áreas tradicionalmente cobertas pela Esquadrilha da Fumaça desde sua criação, como localidades no interior do Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul brasileiro. Outra falha apontada nessa aeronave estava baseada na ausência de assentos ejetáveis (apesar do fabricante comercializar este item como acessório), uma deficiência grave em se tratando de uma aeronave a reação, agravada ainda pela sua empenagem em V, que tornava o abandono da aeronave em voo, por meios convencionais uma empreitada das mais perigosas. Contudo, no que dizia respeito aos pilotos a confiabilidade do material aeronáutico desfez quaisquer possíveis óbices contra a falta de assentos ejetáveis. Assim a somatória destes fatos, acabariam por resultar na realização de poucas demonstrações aéreas realizadas pelos Aérospatiale CM-170-2 Super Magister T-24. De fato, seriam registradas apenas quarenta e seis apresentações, quase todas realizadas na região sudeste do país. Mesmo sendo poucas as demonstrações publicas feitas por estes elegantes jatos, os CM-170 deixaram sua marca em face do sibilante som de seus motores e não obstante, sua utilização marcou sobremaneira as demonstrações da Fumaça, pelo bom desempenho e maior velocidade das aeronaves. Além disso, empregou também pela primeira vez fumaça colorida (verde, amarela e azul, além da branca), o que emprestava maior brilho às suas demonstrações. Com os cansados, mais ainda polivalentes North American T-6  e AT-6 Texan, cobrindo a maior parcela das demonstrações áreas registradas entre os anos de 1969 e 1973, ficou claro que não era mais conveniente manter em operação os dispendiosos Aérospatiale CM-170-2 Super Magister T-24. 
Consequentemente, a Força Aérea Brasileira tratou de retirara-los do serviço ativo, desativando-os, negociando assim estas células de volta a Societé Nationale Industrielle Aérospatiale no início do ano de 1974. Assim cinco das sete células originais encontraram um novo lar no continente Africano, sendo vendidos a Força Aérea do Exército do Senegal (Armée de I`Air du Senegal. Desmontados pela equipe técnica do Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMAAF), acabaram sendo embarcados em um avião de transporte Canadair CL-44 da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air, AdA), e levados para aquele país. Uma célula seria, no entanto, preservada, o T-24 FAB 1720 seria em 1975 incorporado ao acervo do Museu Aérospacial (MUSAL) na cidade do Rio de Janeiro.

Em Escala.
Para representarmos o Aérospatiale CM-170-2 Super Magister T-24 “FAB 1724”, empregamos o antigo kit em resina na escala 1/48 produzido pela GIIC Models, único modelo disponível nesta escala até o lançamento do excelente kit Kinetic em 2013.Fizemos uso de decais confeccionados pela FCM decais presente no Set 48/10.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura idealizado pelo publicitário uruguaio Eddie Moyona, representando as cores da bandeira nacional, com este esquema permanecendo até sua desativação em 1974. Empregamos tintas e vernizes produzidos pela Tom Colors.



Bibliografia:
- Esquadrilha da Fumaça – Força Aérea Brasileira https://www2.fab.mil.br/eda/index.php/historico
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores 
- História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html

Mercedes-Benz Sprinter (VTNE - VTE)

História e Desenvolvimento.
Há mais de um século, os engenheiros alemães Gottlieb Daimler e Carl Benz construiriam ao mesmo tempo e período, os primeiros automóveis motorizados funcionais do mundo. O pioneirismo desses homens faria com que colecionassem outras conquistas, como a construção do primeiro ônibus, do primeiro caminhão com motor a gasolina e do primeiro caminhão a diesel do mundo. Em abril de 1900 nasceria um novo motor, que seria denominado como "Daimler-Mercedes", grupo propulsor este que impulsionaria a produção em série dos primeiros carros comerciais por ser simples, eficaz e de baixo custo. Após a Primeira Guerra Mundial, as dificuldades econômicas levaram à fusão da Benz & Cie. com a DMG em 1926, formando a Daimler-Benz AG. O nome "Mercedes-Benz" foi adotado para os veículos, combinando a marca de sucesso da DMG com o prestígio da Benz. O logotipo, a estrela de três pontas (representando mobilidade em terra, mar e ar), tornou-se icônico. Nos anos 1930, a Mercedes-Benz dominou o automobilismo com os carros de corrida conhecidos como Flechas de Prata (Silberpfeile). Modelos como o W25 e W125 estabeleceram a marca como líder em desempenho e tecnologia, vencendo inúmeros Grandes Prêmios. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a produção de carros civis foi suspensa, e a Mercedes-Benz focou na fabricação de veículos militares, como caminhões e motores para aviões. As fábricas sofreram danos significativos devido a bombardeios, mas a empresa conseguiu se recuperar rapidamente no pós-guerra.  Neste contexto surgiriam os primeiros utilitários leves e caminhões, com o modelo Mercedes-Benz MB L-319, conquistando grande sucesso no mercado Europeu. Este novo modelo de pequeno porte apresentava um desenho de cabine avançada, conceito este que possuía vantagens, pois esta configuração permitia um espaço maior para a carga, sem a necessidade de se modificar o comprimento total do chassi, nem a distância entre eixos. Paralelamente seria retomada  a produção de carros de passeio, focando em qualidade e durabilidade. Modelos como o Mercedes-Benz 300 SL "Gullwing" (1954), com suas portas em formato de asa de gaivota, tornaram-se ícones por seu design e desempenho. Paralelamente neste mesmo período a empresa alemã vislumbrava a oportunidade de uma expansão internacional, começando assim a estudar novos potenciais mercados, e entre estes o mercado sul-americano seria considerado como fundamental nesta estratégia. O Brasil seria definido como o ponto inicial deste processo, planejando-se o estabelecimento de uma linha de produção de caminhões e futuramente chassis para ônibus.  Em 1951,  a matriz alemã celebraria um convenio com o governo brasileiro para a fabricação local de caminhões e ônibus com motorização diesel. Dois anos depois, em outubro de 1953, com apenas 25% de capital alemão, foi fundada a Mercedes-Benz do Brasil S.A e imediatamente iniciada a construção da sua fábrica, em São Bernardo do Campo (SP), à beira da via Anchieta. 

Na década de 1960 e início dos anos 1970, a Mercedes-Benz consolidava-se como referência em veículos comerciais pesados, como caminhões e ônibus, mas sua presença no segmento de vans era limitada. Modelos como a L319 (1955-1968), uma van de tamanho médio, e a Harburger Transporter (baseada na L206/L306, lançada em 1967) atendiam ao mercado, mas apresentavam limitações tecnológicas frente à concorrência de marcas como Volkswagen, com sua Transporter, e os modelos mais modernos de Fiat e Ford. O crescimento das economias europeias no período pós-guerra impulsionou a demanda por veículos comerciais leves, ideais para transporte urbano, entregas e serviços especializados. Diante desse cenário, a Mercedes-Benz identificou a oportunidade de desenvolver uma van que combinasse a robustez e a qualidade de seus caminhões com a agilidade necessária para ambientes urbanos, capaz de competir diretamente com a Volkswagen Transporter e atender a uma ampla gama de aplicações, desde transporte de carga até conversões para passageiros e usos especializados. No início dos anos 1970, a Mercedes-Benz deu início ao desenvolvimento de uma nova van, internamente designada T1. O projeto, liderado pela fábrica de Bremen, na Alemanha, que se tornaria o principal centro de produção, tinha como objetivo criar um veículo inovador, funcional e versátil. Outras unidades fabris, como a de Düsseldorf, também contribuíram para a manufatura. A proposta era clara: oferecer um transporte comercial leve que unisse durabilidade, confiabilidade e eficiência, mantendo o padrão de excelência da marca. Em abril de 1977, a Mercedes-Benz apresentou ao mercado a TN, ou Transporter Neu (Transportador Novo, em alemão), marcando sua entrada definitiva no segmento de vans modernas. Conhecida comercialmente como T1 e popularmente chamada de "Bremer Transporter" devido à sua produção em Bremen, a TN destacou-se por sua robustez, funcionalidade e versatilidade. A TN foi projetada com um design funcional, caracterizado por linhas retas e uma carroceria quadrada que otimizava o espaço interno. Suas portas traseiras de abertura total e portas laterais deslizantes facilitavam o acesso, tornando-a ideal para diversas aplicações. Disponível em múltiplas configurações, incluindo furgão, van de passageiros, chassis-cabina e microônibus, a TN oferecia opções de entre-eixos (3.050 mm, 3.350 mm e 3.700 mm), tetos baixo, médio e alto, e pesos brutos totais (PBT) que variavam de 2,55 a 3,5 toneladas, com algumas versões posteriores alcançando até 4,6 toneladas.
A TN era equipada com motores confiáveis para a época: Motores Diesel: OM616, de 2.4 litros e 4 cilindros, com potência entre 65 e 72 cv e a Gasolina: M115, de 2.3 litros, com 85 cv, Câmbio manual de 4 ou 5 marchas, com tração traseira. Versões posteriores incluíram tração integral como opcional. Em termos de segurança e dirigibilidade, a TN contava com freios a disco na dianteira, suspensão independente na frente e eixo rígido traseiro com molas parabólicas, garantindo estabilidade e capacidade de carga. Embora tecnologias como airbags e ABS não estivessem disponíveis na década de 1970, a estrutura reforçada da TN oferecia segurança passiva superior para os padrões da época. A TN foi projetada para atender a uma ampla gama de necessidades: Furgão: Ideal para entregas urbanas e transporte de mercadorias. Van de Passageiros: Configurações de 8 a 12 assentos, usadas em transporte escolar, executivo e de trabalhadores. Chassi-Cabina: Base para conversões como ambulâncias, motorhomes e veículos de bombeiros. Microônibus: Empregado em serviços de transporte público e turismo. Seria  produzida principalmente em Bremen e Düsseldorf, Alemanha. Também foi montada em CKD (Completely Knocked Down) em outros países, como a Espanha (pela fábrica de Vitoria) e a Argentina, para atender mercados regionais.  A TN competiu com a Volkswagen Transporter (T2/T3), Fiat Ducato e Ford Transit. Embora fosse mais cara, sua qualidade superior, confiabilidade e durabilidade a tornaram a escolha preferida para frotistas e aplicações especiais, como ambulâncias e veículos policiais. Apesar de apresentar grandes inovações ao mercado neste segmento , a resposta da concorrência rápida e eficiente e logo no inicio da década seguinte  ela estava desatualizada frente ao novos modelos produzidos pela  Renault e Volkswagen. Neste momento em especifico este o nicho de utilitários leves urbanos na Europa se mostrava em plena  ascensão representando uma grande oportunidade mercadológica, com segmento segmento sendo liderado por de veículos de origem francesa.Visando reverter esta cenário, a equipe de engenharia da empresa  promoveria atualizações na família, envolvendo em 1981 a introdução do motor diesel de 5 cilindros (OM617, 88 cv) e melhorias na suspensão. A seguir em 1988 seria feita a adoção do  novo motor diesel OM602 (2.9 litros, 98 cv), mais eficiente, e opções de tração integral (4x4) para mercados específicos, como áreas rurais e montanhosas. Por fim em 1990 seria realizada uma atualização estética com novos faróis, grade frontal e interior mais ergonômico. Introdução de versões de maior capacidade (PBT até 4,6 toneladas). Apesar desta melhorias, ficava claro que o modelo se encontrava no estágio final aprimoramento, levando a montadora a iniciar estudos para o desenvolvimento de um novo modelo.

Em 1995 a montadora apresentaria ao mercado sua nova linha a  Mercedes Sprinter MB 180 D e 310 D, uma “Van Full-size”, monovolume para transporte de carga e passageiros, criando o segmento de Large Vans (PBT de 3,5 a 5 toneladas). Foi a primeira van da marca com um nome próprio, destacando-se por segurança (freios a disco com ABS), versatilidade e motores diesel eficientes.  Apresentava  um motor a diesel de quatro cilindros em linha Mercedes-Benz OM 601 de 2.148 cc com potência de 74 cv á 4.400 rpm, câmbio manual MB 313 02/11 de cinco marchas sincronizadas a frente e uma a ré. Seu peso líquido era na ordem de 1954 kg e bruto de 3.500 kg, e ainda dimensões de 4,97 metros de comprimento na versão SWB a 6,68 metros na versão LWB, com uma largura de 1,88 metros, em termos de altura, as dimensões variavam por versão, sendo de 2,36 metros na versão 2500 High Ceiling SWB á 2,59 metros na versão 2500 Super High Ceiling SWB. A distância entre eixos, apresentava-se na versão SWB 2,99 metros, na MWB 3,55 mm e por fim 4,01 metro no modelo LWB. Posteriormente a montadora lançaria na mesma plataforma, uma versão de camionete, com o cliente podendo optar por qualquer tipo de carroceira para instalação posterior, seja aberta, fechada ou frigorificada. Sendo inicialmente produzidos na linha de montagem da fábrica da Mercedes-Benz em Dusseldorf, na Alemanha, a família de utilitários leves urbanos passaria a conquistar expressivo sucesso comercial, não só em seu país de origem, mas também em outros países do continente europeu. Este movimento, levaria a matriz alemã a expandir a produção desta família de utilitários urbanos leves para as linhas de montagem da subsidiaria espanhola, em sua planta fabril na cidade de Barcelona. Neste mesmo momento o mercado brasileiro de utilitário leves, até então dominado pelas já obsoletas Volkswagen Kombi, passava ser invadido por novos competidores de origem asiática, representado pelos modelos Kia Besta e Asia Topic, com seu desempenho e capacidade de transporte se mostrando muito superiores ao líder de mercado. Rapidamente estes novos veículos passariam a compor a paisagem das grandes cidades brasileiras, sendo empregas em tarefas de transporte de passageiros (lotação), carga e ambulância. Atentos a esta tendencia de mercado, a diretoria comercial da Mercedes-Benz do Brasil S/A, decidiria oferecer ao mercado uma nova alternativa. A escolha em 1993 recairia sobre o modelo Sprinter MB-180D com peso bruto total de 3.500 kg, sendo este veículo importado da Espanha. Assim como as concorrentes asiáticas, esta van tinha a vantagem, perante a Volkswagen Kombi, de ser a diesel e, perante as demais, de ser de uma montadora gabaritada no cenário internacional. Trazendo o motor OM-616 originário do automóvel 240D muito utilizado como táxi na Europa, Oriente Médio e África, este era movido a diesel e trabalhava com pré-câmara de combustão e com seus 2.4 litros possuía apenas 75cv de potência a 4.400rpm. 
Embora o custo de aquisição do modelo fosse superior, a linha Mercedes-Benz Sprinter conquistou notável prestígio no mercado brasileiro, permanecendo em produção até 1997, quando foi sucedida pela moderna Sprinter. Este modelo, que continua sendo comercializado até os dias atuais, alcançou a marca de mais de 130.000 unidades vendidas no Brasil. No âmbito militar, a família Sprinter destacou-se em diversas aplicações, como ambulância e transporte de passageiros, incluindo pilotos em bases aéreas. Inicialmente, foi adotada pelas forças armadas de países como Alemanha, Espanha, Portugal e Suécia. Além do modelo básico, novas funções militares foram incorporadas, incluindo configurações como Oficina, Viatura de Comando e Controle, Guerra Eletrônica, Comunicações e Medidas de Apoio de Guerra Eletrônica, com a adição de tração integral 4x4. Atualmente, a Sprinter é utilizada por mais de trinta forças militares em todo o mundo. Com mais de duas décadas de produção, a família de utilitários leves urbanos Mercedes-Benz Sprinter acumula impressionantes 2,8 milhões de unidades vendidas em mais de 130 países, consolidando-se como um dos líderes em seu segmento. Sua competitividade permanece sólida, mesmo diante de concorrentes com custos mais acessíveis, como Iveco, Peugeot e Renault. No Brasil, onde o mercado é altamente disputado, a Sprinter mantém sua relevância e deve continuar em produção pelas próximas décadas. Em 2012, a Mercedes-Benz renovou seu portfólio no Brasil, coincidindo com os 55 anos da empresa no país, e trouxe a segunda geração da Sprinter, lançada na Europa em 2006. Esta geração, produzida no Centro Industrial J. Manuel Fangio, em Buenos Aires, incorporou o motor OM651, mais eficiente e potente, também fabricado localmente. A nova Sprinter trouxe avanços significativos em segurança, como o ESP adaptativo, freios ABS, airbag para o motorista e, em algumas versões, controle de tração (ASR). Em 2016, a Mercedes-Benz lançou uma nova linha Sprinter no Brasil, introduzindo inovações como o sistema multimídia MBUX com tela sensível ao toque, assistente ativo de frenagem (ABA), assistente de fadiga e assistente de partida em rampa. Em 2016, a Mercedes-Benz lançou uma nova linha Sprinter no Brasil, introduzindo inovações como o sistema multimídia MBUX com tela sensível ao toque, assistente ativo de frenagem (ABA), assistente de fadiga e assistente de partida em rampa. Em 2019, a Sprinter alcançou 48% de participação no mercado brasileiro, com 5.860 unidades emplacadas, um crescimento de 37% em relação a 2018. Até 2022, mais de 180.000 unidades haviam sido vendidas no Brasil, e, em 2025, a Mercedes-Benz celebrou a produção global de 5 milhões de Sprinters, com uma unidade elétrica (eSprinter) marcando o marco em Charleston, EUA. No Brasil, mais de 200.000 unidades foram comercializadas até 2025, reforçando sua relevância

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
A história da motomecanização militar  no Brasil teve início no final da década de 1910, marcando uma transição significativa nas operações das Forças Armadas Brasileiras. Em 1919, o Exército Brasileiro enviou uma Comissão Militar à França para visitar a fábrica da Renault, em Paris, com o objetivo de adquirir ambulâncias. Essa iniciativa culminou, em 1921, na incorporação dos primeiros veículos de socorro e remoção médica, que se tornaram precursores da substituição gradual de uma força terrestre hipomóvel por uma motomecanizada. Esses veículos representaram um marco na modernização militar, introduzindo a mobilidade automotiva em operações logísticas e médicas. Durante a Revolução de 1924, os veículos automotores tiveram sua primeira utilização expressiva em contexto militar no Brasil, especialmente na frente de combate no Paraná. Sob o comando do General Cândido Rondon, diversos veículos civis e militares foram empregados, desempenhando funções como transporte de feridos em ambulâncias e deslocamento de tropas em pequenos caminhões. Apesar disso, o suporte logístico, incluindo o transporte de suprimentos, combustíveis e outros itens essenciais, ainda dependia majoritariamente de carroças tracionadas por cavalos. A experiência bem-sucedida com os veículos automotores nesse conflito incentivou o governo brasileiro a expandir sua frota nos anos seguintes, com destaque para a aquisição de um número significativo de ambulâncias baseadas no modelo Ford TT, conhecido por sua robustez e versatilidade. Nas décadas subsequentes, o Exército Brasileiro, a Marinha do Brasil e, posteriormente, a Força Aérea Brasileira continuaram a incorporar ambulâncias e utilitários leves mais modernos. Um salto tecnológico relevante ocorreu em 1942, com a adesão do Brasil ao programa norte-americano Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Por meio desse acordo, o país recebeu equipamentos militares avançados, incluindo 149 ambulâncias Dodge WC-54, que se destacaram pela durabilidade e eficiência em operações de campo. Ao término da Segunda Guerra Mundial, as Forças Armadas Brasileiras estavam predominantemente equipadas com veículos de origem norte-americana, produzidos pela Dodge, nas versões WC-51, WC-52, WC-53 e WC-54, que se tornaram a espinha dorsal de suas operações logísticas e médicas. Essa predominância de veículos norte-americanos começou a mudar na década de 1960, com a chegada das primeiras filiais de montadoras internacionais ao Brasil. 

Nesse contexto, a Volkswagen Kombi 1300, na versão ambulância, foi o primeiro utilitário de fabricação nacional a ser incorporado ao Exército Brasileiro, com as primeiras unidades entregues a partir de 1961. Sua simplicidade, baixo custo de aquisição e manutenção, além da facilidade de operação, garantiram grande aceitação nas Forças Armadas. A VW Kombi  1300 passou a equipar hospitais militares e unidades médicas administrativas em diversas regiões do país, tornando-se um símbolo de acessibilidade e funcionalidade. No entanto, a Kombi apresentava limitações em operações fora de estrada, o que levou à aquisição de ambulâncias derivadas de veículos mais robustos e adequados a terrenos difíceis com ou sem tração integral. Modelos como Ford Willys-Overland Rural F-75 e F-85, Chevrolet Veraneio C-1416 e C-1410, e Toyota Bandeirante foram incorporados pelas Forças Armadas ao longo das décadas de 1970 e 1980. Esses veículos, adquiridos em larga pelo Exército Basileiro, Marinha do Brasil  e Força Aérea Brasileira, destacaram-se não apenas em tarefas de socorro e remoção médica, mas também em funções utilitárias de transporte. Além do uso militar, versões desses modelos foram adotadas por polícias militares estaduais e corpos de bombeiros, ampliando sua relevância em operações de segurança pública e emergências. A trajetória da motomecanização no Brasil, iniciada com as primeiras ambulâncias Renault e consolidada com a incorporação de veículos nacionais e importados, reflete o esforço contínuo das Forças Armadas em modernizar suas operações. Essa evolução, impulsionada por avanços tecnológicos e pela adaptação às necessidades operacionais, pavimentou o caminho para uma força militar mais ágil, eficiente e preparada para os desafios que se apresentavam. No início da década de 1990 durante o governo do presidente Fernando Collor de Melo, a abertura do mercado brasileiro às importações de veículos automotores abriu um leque de novas possibilidades para o setor automotivo, incentivando montadoras internacionais a expandirem seus portfólios com modelos de sucesso. Nesse contexto, a Mercedes-Benz do Brasil S/A tomou a estratégica decisão de introduzir a linha de utilitários leves urbanos MB-180 Sprinter, importando unidades produzidas por sua subsidiária espanhola. Esse modelo, equipado com um motor diesel MB OM-600 de quatro cilindros em linha, com 2.399 cm³ e potência de 75 cv a 4.400 rpm, oferecia uma capacidade de carga de até 1.560 kg, destacando-se pela robustez e versatilidade.
Entre as configurações disponíveis, a versão ambulância ganhou destaque no mercado brasileiro. Disponível em modelos que variavam desde a configuração básica de “simples remoção” até versões mais avançadas, equipadas com desfibriladores, tanques de oxigênio e sistemas de unidade de terapia intensiva (UTI), a Sprinter tornou-se uma escolha preferencial para órgãos governamentais civis. Suas dimensões externas compactas, aliadas à facilidade de manobra e agilidade no trânsito urbano, garantiam eficiência e confiabilidade, características indispensáveis para o transporte no setor da saúde. Essas qualidades consolidaram a Sprinter como o principal veículo utilizado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), do Ministério da Saúde, ao longo dos anos. Além do setor de saúde, a Sprinter também foi amplamente adotada em outras áreas. Em 1993, o governo do Estado de São Paulo adquiriu pelo menos 20 unidades de uma versão específica para uso policial, configurada como bases comunitárias móveis, e 30 unidades destinadas ao Corpo de Bombeiros da Polícia Militar para missões de resgate. No contexto de socorro médico, o amplo espaço interno dos furgões Sprinter oferecia conforto e segurança aos pacientes, além de praticidade e comodidade aos profissionais de saúde, facilitando o atendimento em situações críticas. A introdução da MB-180 Sprinter no Brasil representou um marco na modernização do transporte especializado, especialmente no setor de saúde e segurança pública. Sua combinação de tecnologia, funcionalidade e adaptabilidade às demandas do mercado brasileiro solidificou sua reputação como um veículo confiável e indispensável, deixando um legado duradouro em diversas aplicações. Aproveitando a sólida parceria estabelecida com o Exército Brasileiro, especialmente no fornecimento de caminhões militarizados, a Mercedes-Benz do Brasil S/A, em colaboração com a empresa Marimar Veículos Ltda., passou a oferecer, a partir de 1994, uma versão ambulância da recém-lançada MB-180 Sprinter. Essa versão foi projetada para atender às necessidades de “simples remoção” e “atendimento básico”. Na época, o veículo utilizado para essas funções pelo Exército era o Chevrolet Veraneio, que, embora funcional, apresentava limitações em espaço interno quando comparado à configuração monovolume da Sprinter. Esse diferencial, aliado à maior capacidade de acomodação de equipamentos e pacientes, foi decisivo para a aquisição de um primeiro lote de veículos, cuja entrega ocorreu no final do mesmo ano. Em operação, a Mercedes-Benz MB-180D Sprinter recebeu a designação oficial de Viatura de Transporte Especializado Ambulância (VTE Amb 4x2) e passou a integrar as frotas dos Hospitais do Exército Brasileiro,  neste momento passariam a substituir os modelos mais antigos em uso , passando assim a desempenhar um papel crucial no atendimento médico militar.
O sucesso dessa iniciativa logo despertou o interesse dos demais ramos das Forças Armadas Brasileiras. A Marinha do Brasil adquiriu unidades para equipar seus Ambulatórios e Hospitais Navais, enquanto a Força Aérea Brasileira (FAB) também incorporou o modelo à sua frota, substituindo veículos menores e mais antigos que já não atendiam plenamente às demandas operacionais. A seguir seriam adquiridas pelo Exército Brasileiro mais ambulâncias agora configuradas na versão de "UTI móvel", movimento este adotado também pela Força Aérea Brasileira. Além das versões destinadas ao transporte médico, a Sprinter também foi adaptada para outras funções. Veículos configurados para o transporte de passageiros começaram a ser adquiridos, com destaque para o modelo Mercedes-Benz 312D Sprinter 2000, utilizado pelo Batalhão de Infantaria de Aeronáutica Especial de Brasília no apoio ao Pelotão de Cães de Guerra. Essa decisão foi seguida pelo Exército Brasileiro, que passou a empregar o mesmo modelo em seus Batalhões de Polícia do Exército, especificamente na Seção de Cães de Guerra – Canil. A partir de 2012, inspirado pela experiência da Força Aérea Brasileira (FAB), o Exército Brasileiro passou a incorporar um número reduzido de veículos Mercedes-Benz 415 CDI Sprinter, modelos 2012/2013, adaptados como viaturas canil pela empresa Tako Capotaria Ltda. Esses veículos foram destinados à Seção de Cães de Guerra – Canil, vinculada às unidades da Polícia do Exército (PE), reforçando a capacidade operacional dessas seções especializadas. Os primeiros modelos da linha Sprinter, adquiridos na década de 1990, foram gradualmente retirados do serviço ativo até meados da primeira década do século XXI. Eles foram substituídos por novos veículos, com destaque para a versão ambulância, que passou a compartilhar espaço com modelos baseados em plataformas de outras montadoras, como Renault e Iveco. Essa diversificação marcou o fim da predominância exclusiva da Mercedes-Benz no fornecimento de ambulâncias para as Forças Armadas. Esses novos veículos foram distribuídos aos hospitais das três Forças Armadas – Exército, Marinha e Aeronáutica – e, de maneira notável, ao Batalhão da Guarda Presidencial do Exército Brasileiro, sediado em Brasília, DF, reforçando o suporte logístico e médico em uma unidade de alta relevância. No que diz respeito aos veículos da família Mercedes-Benz Sprinter configurados para transporte de passageiros, com capacidade para 16 lugares, as mais recentes aquisições foram realizadas pela Marinha do Brasil. Essas unidades foram alocadas aos Comandos dos Distritos Navais distribuídos pelo território nacional, atendendo às necessidades de mobilidade em operações administrativas e logísticas.

Em Escala.
Para representarmos o Mercedes-Benz MB-180D Sprinter VTE Ambulancia 4X2, do Exército Brasileiro, fizemos uso do modelo em die cast produzido pela Axio na escala 1/43 para a "Coleção Veículos de Serviço do Brasil" da Editora Altayia.  Como não há diferenças entre a versão civil e militar não há a necessidade proceder nenhuma customização. Empregamos decais confeccionados pela Decals e Books pertencentes ao set "Forças Armadas do Brasil 1983 á  2002 1/35”.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o primeiro padrão de pintura, empregado em todas as ambulâncias do Exército Brasileiro (mesmo padrão civil) utilizadas junto as unidades de saúde administrativas da organização. Já os veículos a serviço em outras tarefas fazem uso dos esquemas de pintura pertinentes a cada ramo das Forças Armadas Brasileiras.


Bibliografia :

- Primórdios da Motorização no Exército Brasileiro 1919-1940 - Expedito Carlos Stephani Bastos;
- Veículos de Serviço do Brasil – Mercedes-Benz MB-180D Sprinter  – Editora Altaya;
- Mercedes- Wikipedia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Mercedes-Benz;
- Mercedes-Benz do Brasil - https://www2.mercedes-benz.com.br/
- Marinha do Brasil - https://www.marinha.mil.br/
- Exército Brasileiro - https://eb.mil.br/