Royal Factory British S.E.5.A

História e Desenvolvimento.
A história da Royal Aircraft Establishment (RAE), tem sua gênese entre os anos de 1904 a 1906 na Fábrica de Balões do Exército Real estabelecida na cidade de Aldershot, se mudando posteriormente para instalações mais amplas em 1908 para a região de Farnborough Common. Neste momento seriam iniciados os primeiros projetos de dirigíveis viáveis para emprego militar e civil, e também as primeiras iniciativas para a produção de aeronaves mais pesadas que o ar, projetadas pelo engenheiro norte-americano Samuel Franklin Cody. E em outubro de 1908, Cody faria o primeiro voo de avião na Grã-Bretanha em Farnborough. No ano seguinte esta operação seria desmilitarizada, sendo então colocada sobre o controle civil, com a empresa passando a ser gerida pelo engenheiro Mervyn O'Gorman. Nos anos seguintes seu foco seria cada vez mais direcionado ao desenvolvimento de aviões, e ano de 1912 a empresa seria renomeada como Royal Aircraft Factory – RAF (Fábrica Real de Aeronaves). Curiosamente seu primeiro engenheiro chefe e designer seria Geoffrey de Havilland (que mais tarde fundaria uma dos mais importantes construtores aeronáuticos do século), a este se seguiriam outros futuros expoentes da indústria aeronáutica como John Kenworthy,  Henry Folland,  Major F.M. Green, G.S. Wilkinson, James E. "Jimmy" Ellor, Prof. A.H. Gibson e A.A. Griffith e Samuel Dalziel Heron. m 1918, a Royal Aircraft Factory seria mais uma vez renomeada, tornando-se o Royal Aircraft Establishment (RAE) para assim evitar confusão com a Royal Air Force, que fora formada em 1 de abril de 1918, e porque havia abandonado seu papel de fabricação para se concentrar na pesquisa. Vários projetos iniciais da empresa seriam oficialmente considerados como "reconstruções" de aeronaves existentes porque a fábrica inicialmente não tinha autoridade oficial para produzir aeronaves com seu próprio projeto. Seu primeiro projeto de grande sucesso seria o Royal Aircraft Factory B.E.2, uma aeronave biplana monomotora de dois lugares, desenvolvido a partir de 1912, sendo produzidos um total de três mil aeronaves. A estes até o ano de 1915 seriam lançados novos modelos como o Royal Aircraft Factory B.E.3 , B.E.4, R.E.1, H.R.E.2, B.E.8, F.E.2, R.E.5, F.E.6, R.E.7, B.E.12, F.E.8 e S.E.4A. Neste mesmo período a empresaria produziria também um modelo de dirigível de patrulha denominado como Classe SS (Submarine Scout), desenvolvidos com alguma urgência para combater a ameaça alemã de submarinos à navegação britânica durante a Primeira Guerra Mundial.

Durante os dois primeiros anos da Primeira Guerra Mundial, os modelos de caças britânicos passariam a ser rapidamente pelos novos caças alemães , levando assim a necessidade de se buscar uma solução que pudesse equalizar esta situação. Dentre as principais deficiências dos caças aliados neste período estava sua velocidade máxima final, e neste contexto o primeiro passo do projeto seria a escolha do motor, com este sendo definido pelo novo modelo Hispano-Suiza 150  V8 de 112 hp (8 kW), sendo esta classificada como uma aposta de risco, pois este grupo propulsor era inicialmente subdesenvolvido e não confiável. Com base neste ponto, o novo caça começaria a ser desenvolvido pelo corpo de projetos da Royal Aircraft Factory liderada por Henry Folland, John Kenworthy e o Major Frank Goodden, este projeto receberia a designação de S.E.5 (Scout Experimental 5). O primeiro dos três protótipos iniciais alçaria voo no dia 22 de novembro de 1916, infelizmente logo em seguida os dois primeiros protótipos seriam perdidos em acidentes, com o primeiro vitimando o piloto de testes chefe da Royal Aircraft Factory, Major Frank Goodden, em 28 de janeiro de 1917. Estudos destes acidentes indicariam como principal causa falhas estruturais de projeto na concepção das asas da aeronave, levando a introdução de correções na construção do terceiro protótipo. O programa de ensaios em voo o tornaria entre seus usuários uma aeronave de características positivas, sendo excepcionalmente forte, que podia ser conduzida em altas velocidades de mergulho, com suas asas de formato mais quadrada proporcionando um controle lateral muito melhor em baixas velocidades aéreas. Como as outras aeronaves representativas desenvolvidas e produzidas pela Royal Aircraft Factory durante o conflito (B.E.2, F.E.2 e R.E.8), o S.E.5 era inerentemente estável, tornando-se uma excelente plataforma de artilharia, mas também sendo bastante manobrável. Seria uma das aeronaves mais rápidas da guerra atingindo 222 km/h, se igualando em velocidade ao SPAD S.XIII e mais rápido do que qualquer tipo alemão padrão do período. Embora o Royal Aircraft Factory S.E.5 não fosse tão ágil e eficaz em um duelo de combate apertado quanto o Sopwith Camel, este novo caça era muito mais fácil e seguro voar, sendo particularmente amistoso para os pilotos novatos.
Apesar destas características positivas, apenas setenta e sete células do Royal Aircraft Factory S.E.5 seriam produzidas, pois durante este tempo, o corpo de projetos da empresa já estudava a implementação de melhorias na aeronave, nascendo assim o S.E.5.A. Estas novas aeronaves diferiam dos últimos lotes produzidos da versão original por disporem do motor Hispano-Suiza 200 8Ab V8 de 200hp, operando na maioria das aeronaves em conjunto com uma grande hélice de quatro pás de rotação no sentido horário. Os testes preliminares se mostrariam positivos levando assim a decisão por sua produção em grande escala. Esta definição seria reforçada quando da entrada dos Estados Unidos na guerra europeia em abril de 1917, seriam discutidos planos para vários fabricantes de aeronaves americanas iniciarem a produção em massa de aeronaves já em serviço com as potências aliadas, sendo um desses caças o S.E.5.A. Para atender as demandas iniciais da à Força Expedicionária Americana - AEF (American Expeditionary Force), seria firmado um contrato para a aquisição de trinta e oito células produzidas pela Austin Motors na Grã-Bretanha, com estas aeronaves sendo entregues na Europa para equipar os esquadrões de caça do Exército Americano (US Army). Um segundo contrato agora na ordem de mil aeronaves deste modelo seria celebrado prevendo sua fabricação sob licença nos Estados Unidos pela Curtiss Aeroplane and Motor Company. No entanto, apenas uma aeronave construída neste processo seria concluída antes do fim do conflito, fato este que eliminaria a necessidade de incorporação destas aeronaves, ao todo somente cinquenta e seis células seriam efetivamente montadas, fazendo uso de componentes já entregues. Já na Europa, o cronograma de produção seria profundamente afetado pelo suprimento muito limitado de motores Hispano-Suiza construídos na França, e assim os esquadrões destinados a receber o novo caça tiveram que empregar os limitados modelos Airco DH 5s e o Nieuport 24s até o início de 1918. Neste contexto diversas alternativas passariam a ser estudadas visando a possível troca do grupo propulsor, pois além de atender a alta demanda por motores, os modelos Hispano-Suiza apesar de revolucionários quando comparados aos motores radiais rotativos, ainda eram considerados problemáticos, com registros de várias ocorrências onde falhas no sistema de redução de marchas causavam quebras conjunto levando a separação do motor e do restante da fuselagem em pleno voo. Neste mesmo período a Wolseley Motors Limited, detentora de um contrato de fabricação sob licença deste modelo de motor passaria a estudar melhorias em seu projeto original, o que resultaria na criação do Wolseley Viper de 200 hp (149 kW), uma versão de alta compressão e acionamento direto do Hispano-Suiza 8Ab. Este novo motor praticamente eliminaria todos os problemas do motor francês, passando assim a ser adotado como padrão para todas as versões desta aeronave, o que possibilitaria atender as demandas contratuais de produção.  

O início da operação dos Royal Aircraft Factory S.E.5 junto ao 56º Esquadrão do Corpo Aéreo Real  (Royal Flying Corps), em março de 1917, não seria muito virtuoso, com seus pilotos desconfiando do real potencial da aeronave, sendo que seu batismo de fogo somente ocorreria em 22 de abril. Estava equipado inicialmente com uma única metralhadora Vickers sincronizada de .303 polegadas, em contraste com as duas do Sopwith Camel, mas também podia portar uma arma leve Lewis montada na asa, o que permitia ao piloto disparar contra uma aeronave inimiga de baixo. Esta configuração seria muito apreciada pelos pilotos dos primeiros esquadrões, porém no início a engrenagem de sincronização para a metralhadora Vickers não era confiável. Normalmente, os carregadores sobressalentes para a arma Lewis teriam sido colocados na maior parte do espaço livre no cockpit, incluindo as áreas dianteiras, como o painel de instrumentação. O uso operacional no dia a dia viria a mudar esta percepção, pois enquanto os pilotos, alguns dos quais estavam inicialmente desapontados com o S.E.5, rapidamente passariam a apreciar sua força e excelentes qualidades de voo, com as impressões negativas se resumindo apenas na pouca potência de seu motor. No entanto esta falha seria sanada a partir de junho do mesmo ano quando entraria em serviço o novo S.E.5.A., nesta época o Esquadrão 56 ainda era a única unidade que voava o novo caça; na verdade, seria a única unidade operacional a ser totalmente equipada com esta aeronave, com os demais empregando uma grande gama de modelos de aviões de combate. O reequipamento dos demais esquadrões de caça seria postergado devido a escassez iniciais dos motores franceses, uma vez que os motores Wolseley Viper de 200 hp passaram a equipar o modelo, mais aeronaves começaram a ficar disponíveis possibilitando equipar novas unidades na linha de frente. Os S.E.5.A individuais em serviço recebiam frequentemente personalizações e ajustes especificados pelo usuário a pedido de seus pilotos. As mudanças populares incluíram a redução do diedro das asas, a fim de aumentar a sua manobrabilidade e a remoção da carenagem da cabeça para aumentar a visibilidade do piloto para a parte traseira. Próximo ao final do conflito os Royal Aircraft Factory S.E.5.A dotavam nada menos que vinte um esquadrões do Corpo Aéreo Real  (Royal Flying Corps),, bem como duas unidades de caça do Serviço Aéreo do Exército dos Estados Unidos (United States Army Air Service – USAAS). Muitos dos principais ases aliados da Grande Guerra voaram neste caça, incluindo Billy Bishop, Andrew Beauchamp-Proctor, Edward Mannock e James McCudden. O lendário ás britânico Albert Ball inicialmente teceria grandes críticas a aeronave, porém ao termino do conflito amealharia onze de suas quarenta e quatro vitorias a bordo de um Royal Aircraft Factory S.E.5.A
Logo após o Armistício em 11 de novembro de 1918, os Royal Aircraft Factory S.E.5.A começariam a ser gradativamente retirados do serviço ativo junto a Corpo Aéreo Real  (Royal Flying Corps), com este movimento sendo acompanhado pelo Serviço Aéreo do Exército dos Estados Unidos (United States Army Air Service – USAAS). A única arma aérea a empregar por mais tempo a aeronave seria a Força Aérea Real Canadense (RCAF Royal Canadian Air Force), mantendo o modelo em operação em dois esquadrões da linha de frente até meados do ano de 1921. O termino do conflito e a consequente desmobilização das forças armadas aliadas iria gera um grande excedente de aeronaves, que passariam a ser comercializadas a preços módico para diversos países, com os Royal Aircraft Factory S.E.5.A sendo posteriormente empregados pela Argentina, África do Sul, Brasil, Chile, Irlanda, Polonia e por ultimo a Australia que receberia trinta e cinco aeronaves nos termos do programa “Imperial Gift” (doação de aeronaves de estoques excedentes na Grã-Bretanha após a Primeira Guerra Mundial para os domínios do Império Britânico), com a aeronave passando a ser o principal caça da recém criada Real Força Aérea Australiana (RAAF – Royal Australian Air Force) até o final da década de 1920. Porém grande parte das aeronaves excedentes de guerra, encontrariam emprego no mercado civil, seja em tarefas de treinamento, transporte, modalidade esportiva ou atividades publicitárias. Uma dessas aeronaves de propriedade privada venceria a corrida Morris Cup em 1927. Ao todo até dezembro de 1918 seriam produzidas quase seis mil células desta família, construídos por seis fabricantes: Austin Motors, Air Navigation and Engineering Company, Curtiss Aeroplane and Motor Company, Martinsyde Motors, Royal Aircraft Factory, Vickers Armstrong Limited e Wolseley Motors Limited .

Emprego no Exército Brasileiro. 
A origem da Aviação Militar do Exército Brasileiro tem como cenário os campos de batalha de Humaitá e Curupaiti, na Guerra da Tríplice Aliança em 1867. Ao patrono do Exército Brasileiro Luiz Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias, coube o pioneirismo de empregar balões cativos em operações militares na América do Sul, com a finalidade de observar as linhas inimigas. Foi o chefe militar que já estava atento a importância da terceira dimensão do campo de batalha para o desdobramento das manobras. Legou ao Exército Brasileiro a honra de ter sido a primeira força a utilizar balões para observação e busca de informações, o que possibilitou as forças aliadas observar as formidáveis fortificações paraguaias de Curupaiti e Humaitá, e assim auxiliar de maneira decisiva no planejamento e a montagem da ofensiva de grande porte. Após a guerra, foi criado o Serviço de Aerostação Militar, cujas atividades balonísticas se desenvolveram por mais quarenta e sete anos. Em 1913, seria criada a Escola Brasileira de Aviação (EsBAv) no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro (RJ), ocasião em que foram adquiridos os primeiros aviões do exército de fabricação italiana. A eclosão e o desenrolar da Primeira Guerra Mundial, traria um grande avanço tecnológico em termos de armas, equipamentos e doutrina de atuação, os efeitos seriam sentidos em todos os cantos do mundo, e neste cenário o comando das duas Forças Armadas Brasileiras, concluíram em conjunto que suas forças militares se encontravam obsoletas diante desta nova realidade. No intuito de reverter este cenário, o governo brasileiro, a partir do segundo semestre do ano de 1918, iniciou tratativas junto ao governo francês, a fim de estudar o desenvolvimento de consultoria e assessoria militar no intuito de modernizar as Forças Armadas Brasileiras. As negociações para o contrato ocorreram em Paris, entre o adido militar brasileiro na França, coronel Malan d’Angrogne, e o ministro da Guerra francês, Georges Clemenceau. O contrato seria assinado poucos meses depois na capital francesa e ratificado logo em seguida no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, criando assim oficialmente a “Missão Militar Francesa”.

Os termos deste contrato internacional estipulavam que oficiais franceses comandariam durante quatro anos as escolas de Estado-Maior (EEM), de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), de Intendência e Veterinária; e que o Brasil se comprometia a privilegiar a indústria francesa em suas compras de armas e equipamentos militares com a condição de que o material oferecido, o prazo de entrega e os preços fossem no mínimo equivalentes aos de outros países fornecedores. Para o Brasil, o contrato representaria um grande passo na direção da profissionalização e modernização de sua força terrestre e consequentemente contribuiria para fortalecer seu poder militar. E neste novo cenário o Exército Brasileiro decidiu retomar as atividades da aviação militar, criando assim o embrião de sua nova arma aérea em maio 1919, a Escola de Formação de Aviadores Militares, precursora do atual Centro de Instrução de Aviação do Exército (CIAvEx). Esta operação seria oficialmente iniciada no dia 10 de julho do mesmo ano, contando principalmente com o apoio de instrutores e mecânicos franceses, fazendo inicialmente o emprego de aeronaves de treinamento de fabricação nacional Villela Aribú e Villela Alagoas (primeiros modelos militarizados produzidos em série no país). Porém o acordo firmado entre os governos do Brasil e da França para a organização de uma escola de aviação do Exército Brasileiro envolveria a aquisição de muitas aeronaves, principalmente oriundas da indústria de construção aeronáutica daquele pais. Destes a maioria deveria ser composta por aviões de treinamento a serem utilizados na formação dos futuros aviadores da recém-formada Aviação Militar. Contudo, alguns não eram exclusivamente de instrução de voo, mas aeronaves de caça, observação e bombardeio destinadas não somente a dar instrução de emprego, mas possibilitar assim a criação de um núcleo de uma aviação de combate.
Neste contexto, para equipar esta organização seriam inicialmente adquiridos uma variada gama de aeronaves muitas das quais usadas, de origem francesa, inglesa e italiana, sendo na ordem de um Morane-Saulnier Type P(MoS.21), seis Nieuport 24 bis, quatorze Nieuport 83E2, sete Nieuport 82E2 e três caças Sopwith 1A2 que poderiam ser empregados eventualmente em missões de reconhecimento e interceptação.  Entre fins do ano de 1919 e meados do ano de 1920 mais aeronaves seriam incorporadas agora dos modelos Nieuport Ni21E1, Breguet 14A2 e 14B2, Spad XIII, Nieuport 80E2, Nieuport 81D2, Sopwith 1A2, Caudron G.4 e  Caproni Ca.45 (o primeiro bimotor da força). Neste momento todo o foco operacional seria destinado a instrução, formação de pilotos e estruturação da doutrina militar com o apoio de oficiais da Missão Francesa, com toda sua estrutura, pessoal e recursos ficando concentrada no Rio de Janeiro. Seriam anos de alta efervescência na aviação militar no país, com mesmo processo ocorrendo simultaneamente na Aviação Naval da Marinha do Brasil, que neste momento iniciava suas operações com diversos modelos de aerobotes.  O intenso emprego operacional, principalmente nas tarefas de instrução passaria a cobrar um alto custo em termos de acidentes de pequena e média ponta, principalmente devido a inexperiência dos cadetes o que viria em um curto espaço de tempo a reduzir a disponibilidade da frota da Aviação Militar. Outro fator que contribuiria para o agravamento deste cenário era a grande quantidade de modelos em carga, o que prejudicava em muito a priorização na alocação das já restritas verbas para a aquisição de peças de reposição, sendo impossível assim manter um adequado estoque regulador de itens críticos destas aeronaves. 

Neste mesmo período o mercado europeu aeronáutico estava invadido por uma avassaladora disponibilidade de aeronaves “desmilitarizadas”, com muitas delas tendo seu destino o mercado civil para emprego em tarefas de transporte, treinamento e atividades esportivas. Neste contexto uma grande quantidade de aeronaves de caça Royal Aircraft Factory S.E.5.A, havia sido alienada pelo Corpo Aéreo Real  (Royal Flying Corps), sendo destinada a exportação para as forças armadas de outros países e também para o mercado civil. Alguns poucos exemplares seriam adquiridos para compor parte das frotas das primeiras empresas de transporte aéreo que começavam a desabrochar na Europa. Este movimento geraria muitos empreendedores que vislumbravam neste novo nicho de mercado uma grande possibilidade de grandes lucros, não só no velho mundo, mas também na América Latina. Assim um investidor inglês se estabeleceu no Brasil a fim de estruturar uma pequena empresa de transporte aéreo que tinha por objetivo atender as principais cidades do país, nasceria assim a Handley Page Ltda. A nova empresa receberia autorização para operar por meio de decreto no dia 26 de abril de 1919, e inicialmente passaria a operar dois hidroaviões Norman Thompson N.T.2.B, um Avro 504 e um Royal Aircraft Factory S.E.5.A no atendimento a sua malha de atuação. Apesar de ter sua autorização ampliada pelo governo brasileiro para passar a incluir destinos no exterior e a confirmação original realizada no mês de julho de 1920, esta empreitada inglesa em nada resultaria e suas aeronaves seriam entregues as autoridades aeronáuticas militares brasileiras, após o cancelamento do registro da empresa.
Entre as aeronaves doadas pela Handley Page Ltda, encontrava-se um Royal Aircraft Factory S.E.5.A, que diferente dos demais aviões que teriam destino civil, seria entregue ao Exército Brasileiro no mês de agosto de 1920. Imediatamente esta aeronave seria alocada junto a frota da Escola de Aviação Militar (EAvM) onde passaria a realizar parte do treinamento dos pilotos destinados a aviação de combate. Infelizmente não existem registros oficiais sobre sua real utilização nesta importante instituição de ensino aeronáutico militar. Relatos de época, no entanto citam que esta aeronave em seu curto período de operação, receberia os cococares da Aviação Militar do Exército e a pintura em verde e amarelo na cauda, sendo utilizada em poucos e curtos voo sobre este aeródromo. Apesar da aeronave ser recebida sem o referido armamento pode ter sido equipada também brevemente com metralhadoras Vickers de calibre .303 que se encontram estocadas. O que sabe ao certo é que em fins do mesmo ano este Royal Aircraft Factory S.E.5.A seria retirado do serviço ativo permanecendo armazenado na Escola de Aviação Militar (EAvM), sendo posteriormente sucateado.

Em Escala.
Para representarmos o Royal Aircraft Factory S.E.5.A, fizemos uso do antigo modelo da Lindberg na escala 1/48, modelo extremamente básico e sem detalhamento, porém de fácil montagem. Como não existem fotos desta aeronave em uso pela Aviação Militar do Exército Brasileiro, optamos por montar o kit direto da caixa, fazendo uso inclusive do seu sistema de armamento. Empregamos decais oriundos de diversos sets, confeccionados pela FCM Decais.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa um dos padrões empregados pelos Royal Aircraft Factory S.E.5.A junto ao Corpo Aéreo Real  (Royal Flying Corps), salientando que se trata de uma mero exercício de representação tendo em vista que não há registros fotográficos de sua breve operação na Aviação Militar do Exército Brasileiro. Empregamos tintas, washes e vernizes produzidos pela Tom Colors.


Bibliografia :
-  Royal Aircraft Factory S.E.5 - Wikipédia https://en.wikipedia.org/wiki/Royal_Aircraft_Factory_S.E.5
-  Royal Aircraft Establishment – Wikipédia https://en.wikipedia.org/wiki/Royal_Aircraft_Establishment
-  Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores Action Editora
-  Aviação Militar Brasileira 1916 - 1984 - Francisco C. Pereira Netto

Ford M-8 Greyhound (CBR - VBR)










Bibliografia : 
- M-8 Greyhound - Wikipedia http://en.wikipedia.org/wiki/M8_Greyhound
- Blindados no Brasil  - Volume I – Expedito Carlos Stephani Bastos
- O 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado da FEB - AMAM por Danilo Tenório Quintino
- Origem do Conceito 6X6 do Veículo Blindado no Exército Brasileiro - http://www.funceb.org.br/images/revista/20_1n8q.pdf

Curtiss Wright P-36A Hawk

Historia e Desenvolvimento.
A Curtiss-Wright Corporation foi criada em setembro de 1929, a partir da consolidação das empresas Curtiss Airplane and Motor Company (fundada em 1916 por Glenn Hammond Curtiss), e Wright Aeronautical (fundada por Glenn L. Martin e Orville Wright como Wright-Martin), agregando neste processo ainda diversas empresas menores que participavam da produção de componentes aeronáuticos. Esta corporação teria destacada participação no esforço aliado durante a Segunda Guerra Mundial, se tornando a maior fabricante de aviões e componentes aeronáuticos críticos dos Estados Unidos. Este resultado seria o fruto do esforço e da ousadia empresarial deste competitivo segmento de mercado, que em inúmeras ocasiões empregaria recursos próprios no desenvolvimento de seus projetos. Um destes exemplos pode ser representado na criação da aeronave de combate Curtiss Model 75, um modelo de caça monomotor monoplano concebido totalmente com investimento privado da companhia. Este projeto seria originado dentro de um ousado programa de planejamento estratégico da empresa, que visava antever possíveis demandas do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC). Este avião seria projetado pelo engenheiro aeronáutico Don R. Berlin, que trazia grande experiência obtida junto sua passagem anterior pela Northrop Aircraft Company. O primeiro protótipo seria concluído em maio de 1934, e apresentava uma moderna construção, toda em metal com superfícies de controle cobertas de tecido, um motor radial Wright XR-1670-5 desenvolvendo 900 hp (670 kW). Esta nova aeronave  estava armada com duas metralhadoras de calibre 7,62 mm instaladas nas asas e uma metralhadora de calibre 12,7 mm sincronizada disparando através do arco da hélice.  Nesta fase inicial, a aeronave não dispunha de blindagem de cabine ou tanques de combustível auto-vedantes. Seu trem de pouso retrátil apresentava um giro 90 ° para assim dobrar as rodas principais na parte traseira da asa, ficando então apoiado sobre as extremidades inferiores das hastes laterais quando retraído, sendo este um revolucionário projeto patenteado anteriormente pela Boeing Aircraft, Company razão pela qual Curtiss-Wright Corporation teria de que pagar royalties por esta propriedade intelectual durante toda a década de 1930.

O primeiro protótipo alçaria voou no dia 6 de maio de 1935, atingindo uma velocidade de 452 km/h a 10.000 pés (3.000 metros) durante os primeiros voos de teste. Paralelamente neste mesmo período o Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) iniciava os primeiros esforços e estudos, visando o lançamento de um programa para o desenvolvimento e seleção de uma nova aeronave de caça, visando assim substituir os já obsoletos monoplanos Boeing P-26 "Peashooter”. Diversos construtores aeronáuticos manifestariam interesse nesta concorrência, encaminhando assim diversas propostas que passariam a ser analisadas. Destas seriam pré-selecionados dois projetos finalistas, o P-35 pertencente a Seversky Aircraft Corporation, e o P-36 da Curtiss-Wright Corporation, neste contexto as duas empresas receberiam sinal verde para a preparação dos protótipos para o programa de ensaios em voo. Em 27 de maio de 1935, o protótipo da Curtiss-Wright Corporation seria levado para base aérea de Wright Field no estado de Ohio, mas este processo seria adiado, pois infelizmente a aeronave da Seversky Aircraft Co., sofreri um acidente no translado para este destacamento do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC). Isto possibilitaria a equipe de projetos da Curtiss-Wright Corporation implementar melhorias no projeto original, substituindo o motor original, pelo novo modelo do Wright XR-1820-39 Cyclone com 950 hp de potência.  Esta alteração demandaria modificações na fuselagem, que levariam também a adição de janelas traseiras recortadas distintivas para melhorar a visibilidade do piloto. O novo protótipo seria designado como Curtiss Model 75B, e realizaria seu primeiro voo em 04 de abril de 1936, a tempo de participar do início do programa de ensaios de voo para avaliação pelo corpo técnico do Exército dos Estados Unidos (US Army). Este programa seria muito rigoroso, comparando diversos aspectos dos dois concorrentes, e ao final deste processo o modelo da Seversky Aircraft Corporation seria declarado vencedor da concorrência.
Porém o intensificar das tensões na Europa e na Asia, e o levantamento de preocupantes incertezas sobre a real capacidade da Seversky Aircraft Corporation em honrar os cronogramas contratuais, levariam o comando do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), a buscar uma margem de segurança quanto a futura disponibilidade de aeronaves de combate. Esta reflexão culminaria no dia 16 de junho de 1936, na assinatura de um contrato com a Curtiss-Wright Corporation para a aquisição de três aeronaves do Model 75D, a fim de serem novamente avaliados para possível incorporação. Estes aviões receberiam a designação de Y1P-36 e passavam a estar equipados com o novo motor Pratt & Whitney R-1830-13 Twin Wasp com 900 hp de potência. Seria verificado que apesar do projeto aerodinâmico proporcionar um excelente desempenho de giro e uma alta relação de potência – peso que resultavam em bom desempenho de ascensão, a aeronave ainda se ressentia de não dispor de um sistema de turbocompressor, o que prejudicava seriamente o desempenho da aeronave em altas altitudes. Porém em condições normais de operação, esta nova aeronave apresentaria um desempenho tão bom que levaria o Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) a assinar em 1937 um contrato com a Curtiss-Wright Corporation para a aquisição de duzentas e dez aeronaves do modelo, agora oficialmente designado como P-36A.  As primeiras células de produção começariam a ser entregues em abril de 1938, sendo incorporadas ao 20º Grupo de Caça (Pursuit Group), sediado em Barksdale Field no estado da Louisiana, onde iniciariam o processo de conversão e formação de multiplicadores para o futuro emprego operacional do  modelo. Após este programa, o Curtiss P-36A seria distribuído a outros grupos de caça, dispostos não só no próprio território continental como também em bases aéreas avançadas no pacífico. Mesmo antes do Curtiss P-36A Hawk entrar em produção para atendimento das encomendas da norte-americanas, o governo francês estabeleceria negociações com a Curtiss-Wright Corporation, visando a aquisição de pelo menos trezentas aeronaves destinadas a equipar a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air). 

Este processo se estenderia demasiadamente, muito em virtude de a aeronave norte-americana apresentar o dobro do custo de aquisição de referência dos caças similares nacionais, como o Morane-Saulnier M.S.406 e Bloch MB.150, esbarrando assim em batalhas burocráticas no parlamento francês.  Outro fato a ser observado seria o possível impacto que este contrato de exportação poderia causar na cadência de produção e entrega, fato que gerava insatisfação por parte do comando do Exército Americano (US Army), que acreditava que este acordo com a França poderia retardar ainda mais o já apertado cronograma de entrega. Desta maneira seria criada uma grande oposição por parte dos militares e políticos norte-americanos contra esta venda, este impasse só seria resolvido mediante intervenção direta do presidente Franklin Roosevelt, com este esforço culminando em contrato emergencial (face a pressão proporcionada pelo programa de rearmamento alemão) para o fornecimento de cem aeronaves e cento e setenta e três motores. O primeiro Curtiss Hawk 75A-1 seria entregue a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) em dezembro de 1938, começando a entrar em serviço operacional a partir de março do ano seguinte, com as demais aeronaves sendo fornecidas em kits e montadas localmente Société Nationale de Constructions Aéronutiques du Centre. Neste processo melhorias solicitadas pelos franceses seriam implementadas, resultando na variante Curtiss H75-C1, totalizando trezentos e dezesseis aeronaves entregues à França antes da ocupação alemã. Apesar de todas as dificuldades, os pilotos franceses de cinco grupos de caça – GC I/4, GC II/4, GC I/5, GC II/5 e GC III/2 – foram responsáveis por derrubar 311 aeronaves da “Luftwaffe”. Os nomes do Cap. Jean Accart (12 vitórias), Lt. Marin la Meslée (16 vitórias) e Sgt.-Chef Morel (10 vitórias) são testemunho da luta encarniçada travada com os Hawk 75A. Muitas das células sobreviventes seriam empregadas pela Força Aérea Alemã (Luftwaffe) na defesa dos territórios ocupados, inclusive servindo a Força Aérea Francesa de Vichy (Armée de l'Air de l'Armistice), sendo também repassadas para a Força Aérea Finlandesa (Flygvapnet).
O avançar das hostilidades na Europa em setembro de 1939, clarificariam ao comando do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) a existência de um novo patamar de tecnologia para aeronaves de caça, representado principalmente pelo excelente caça alemão alemães Messerschmitt Me-109E, tornado assim claro e evidente que o novo Curtiss P-36A Hawk apesar de mais manobrável, porém era muito mais lento do que aquele, não sendo assim páreo para este nível de ameaça. Esta contatação seria ainda reforçada pelos relatórios da inteligência norte-americana que apontavam também novos parâmetros de desempenho das aeronaves de caça japonesas, como o Mitsubishi A6M Zero. Neste contexto os contratos de aquisição seriam revistos, resultando na entrega de apenas duzentas e quarenta e cinco células do Curitss P-36A as unidades de caça do Exército dos Estados Unidos. Como previsto, mas primeiras fases da guerra do pacífico, os Curtiss P-36A Hawk sofreriam inúmeras baixas quando confrontados com os modernos caças Mitsubishi A6M Zero japoneses, sendo rapidamente substituídos na linha de frente pelos novos caças Curtiss P-40 Warhawk. A partir deste momento as células remanescentes dos Curtiss P-36A passariam a ser retirados da frente de batalha, sendo transferidas para grupos de caça de segunda linha e unidades de treinamento mais notadamente baseadas nos Estados Unidos. Ainda após a queda da França, vários Hawk que haviam sido encomendados pelos franceses foram desviados para a Grã-Bretanha; batizado como Mohawk IV, equipou três esquadrões na Índia e Birmânia, de 1942 a 1944 (um esquadrão da Força Aérea Sul-Africana utilizou-os brevemente no Norte da África em 1942).  A produção total do Curtiss Hawk 75 – P-36 e suas versões subsequentes atingiriam a cifra de 1.115 células sendo empregado em combate e no pós-guerra pelas nações anteriormente citadas e por países como Brasil, Índia, Peru, Nova Zelândia, Finlândia, Austrália, Portugal, Noruega Livre e Tailândia, com as últimas aeronaves sendo retiradas do serviço ativo somente em 1954.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil passaria a apresentar uma posição estratégica tanto no fornecimento de matérias primas de primeira importância para o esforço de guerra aliado, quanto no estabelecimento de pontos estratégicos para montagem bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava pois esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre o continente americano e africano, assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego no teatro europeu. Em fevereiro de 1942, submarinos alemães e italianos iniciaram o torpedeamento de embarcações brasileiras no oceano Atlântico em represália à adesão do Brasil aos compromissos da Carta do Atlântico (que previa o alinhamento automático com qualquer nação do continente americano que fosse atacada por uma potência extracontinental), o que tornava sua neutralidade apenas teórica. Estas agressões culminariam na declaração formal de guerra aos países agressores em 22 de agosto de 1942, acelerando assim a adesão do Brasil ao programa de Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), os termos garantidos por este acordo viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando as Forças Armadas Brasileiras,  acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Este programa seria de vital importância para adequar em termos de aeronaves e doutrina operacional a recém-criada Força Aérea Brasileira (FAB), que até então herdara da Aviação Militar do Exército Brasileiro e da Aviação Naval da Marinha do Brasil, aeronaves obsoletas e não adequadas para principalmente para se fazer frente a a ameaça dos submarinos italianos e alemães. Nesta primeira fase cabia as aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) apenas a realização de voo de presença ao longo do litoral, muitas em vezes em monomotores North American AT-6B e Vought V-65B Corsair.  Já em termos de aviação de caça a recém-criada Força Aérea Brasileira era a arma que mais carecia de modernização pois seus caças de combate mais modernos, eram os Boeing F4B e Boeing P-12, que além estarem disponíveis em baixas quantidades, já eram considerados completamente obsoletos para aquele momento.

O programa de reequipamento da Força Aérea Brasileira (FAB) previa a implementação em fases, iniciando prioritariamente pelo fornecimento de aeronave de treinamento e conversão, visando assim formar um quadro de pilotos para o atendimento as demandas operacionais. Em seguida a aviação de patrulha seria priorizada com o intuito de fornecer a necessária cobertura aérea para o deslocamento dos comboios militares e civis em deslocamento pelas costas do país. Este cronograma afastaria de imediato a cessão de modernas aeronaves de caças novas de fábrica, fato que somente ocorreria com o fornecimento de caças bombardeiros Republic P-47D Thunderbolt que seriam utilizados pelo 1º Grupo de Aviação de Caça (GpAvCa), nos céus da Itália. Assim as primeiras aeronaves relativamente contemporâneas a serem cedidas ao Brasil, seriam retiradas dos grupos de caça de reserva ou de treinamento Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC). Entre estas se encontravam dez células do modelo Curtiss Wrigth 75 Mohawk P-36A, selecionadas da frota pertencente a 6º Força Aérea, que anteriormente se encontravam em operação junto ao 16º e 32º Grupos de Caça (Pursait Group), que estavam baseados em Albrook Air Force Station, na zona do canal do Panamá. Nesta base aérea os  Curtiss Hawk 75 P-36A, estavam encarregados das missões de defesa área desta estratégica passagem marítima, tendo também como missão secundaria as tarefas de instrução e treinamento dos novos pilotos militares norte-americanos naquela região. Após a escolha das dez células, estas seriam transladadas por pilotos norte-americanos, sendo entregues a Força Aérea Brasileira no dia 08 de março na Base Aérea de Fortaleza. Apesar destas aeronaves serem criteriosamente escolhidas com base no melhor estado de conservação, eram células já estavam oficialmente classificas como RP-36A, com o sufixo "R" identificando a classificação de “restrito”, clarificando que estes aviões se encontravam no limiar de sua vida estrutural, não devendo ser arduamente empregadas operacionalmente a fim de se evitar acidentes. Assim ficava claro ao comando da Aeronáutica, que estas “novas” aeronaves deveriam se destinar somente a tarefas de instrução, com perfil de voo leve, visando apenas disseminar as novas doutrinas de operação e combate para as equipagens brasileiras em missões de guerra em aeronaves modernas.
No início de 1942, seria criado na Base Aérea de Fortaleza, no estado do Ceará, o Agrupamento de Aviões de Adaptação (AAA), unidade estaria destinada a proporcionar aos jovens pilotos da Força Aérea Brasileira, uma imersão operacional em uma variada gama de aeronaves, destinadas as missões de patrulha, caça, guerra antissubmarino (ASW), bombardeio e transporte. Este agrupamento estava equipado com diversos tipos de aeronaves de procedência norte-americana, e assim desta maneira os recém recebidos Curtiss P-36A Hawk seriam incorporados a esta organização, representando os primeiros caças "modernos" a entrarem em operação no Brasil.  Sob a tutela de instrutores norte-americanos do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), seriam ministrados uma série de cursos e treinamentos, com este programa tendo por objetivo principal, atualizar o conhecimento técnico do pessoal brasileiro, auferindo-lhe melhor instrução sobre procedimentos e táticas de emprego que estavam sendo utilizados nos combates aéreos sobre a Europa e no Oceano Pacífico.  Inicialmente estas aeronaves seriam incorporadas com as matriculas de “40, 43, 44, 45, 48, 50, 52 e 53” (mantendo o registro militar original norte-americano), sem, contudo, haver uma correlação com as matrículas FAB-01 e FAB-10, utilizadas a partir de 1943. Duas aeronaves seriam foram identificadas nesta sistemática (dados extraídos de cadernetas de voo da época). As missões de treinamento tiveram início em 6 de abril, no entanto a carreira destas aeronaves na Base Aérea de Fortaleza seria relativamente breve, pois em novembro de 1942, com a desativação do Agrupamento de Aviões de Adaptação (AAA), todos as aeronaves pertencentes a esta unidade seriam oficialmente transferidas para o 6º Regimento de Aviação (6ºRAv), uma unidade volante pertencente ao 10º Corpo da Base Aérea de Recife no estado de Pernambuco.

No entanto, a chegada dos Curtiss P-36A Hawk no 6º Regimento de Aviação (6ºRAv) daria-se muitas semanas antes, visto que todos foram arrolados e preparados pelo 10º Corpo da Base Aérea de Recife, no dia 26 de setembro de 1942. No entanto naquele momento quatro dessas aeronaves já haviam sido vítimas de acidentes, envolvendo perda total de material, vitimando infelizmente três pilotos brasileiros. Apesar de não existirem indicações claras sobre as causas destes acidentes, é lícito presumir que as dificuldades materiais encontradas na operação destas aeronaves no Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) tenham se repetido aqui no Brasil. A partir de novembro de 1942, a introdução dos caças mais modernos e capazes como os Curtiss P-40K Warhawk na Força Aérea Brasileira provocaria uma pronunciada queda no emprego dos Curtiss P-36A Hawk no dia a dia das operações. Em abril do ano seguinte, a reduzida frota agora composta por apenas seis células seria novamente transferida, agora com destino a Base Aérea de Natal no estado do Rio Grande do Norte, onde passariam a equipar o Grupo Monoposto Monomotor (GMM). Nesta nova unidade os Curtiss P-36A continuaram treinando os futuros pilotos de combate brasileiros, além de esporadicamente realizar missões de patrulha ao longo do litoral nordestino, um trabalho que também era feito quando se encontravam operando anteriormente nas bases aéreas de Fortaleza e Recife. No dia 30 de setembro de 1943, um novo acidente com perda total de material e pessoal nas proximidades do bairro da Lagoa Seca na cidade Natal reduziria ainda mais a frota destes caças norte-americanos reforçaria do sentimento de falta de tradição e até de credibilidade no ceio da aviação de combate. Seja como for, em dezembro do mesmo ano seria determinado pela Diretoria de Material da Aeronáutica – DIRMA que as células remanescentes fossem retiradas das operações de voo do 6º Regimento de Aviação (6ºRAv).
Logo em seguida seria definido que as aeronaves remanescentes fossem transladas em voo para São Paulo – SP, a fim de serem transferidas para a Escola de Especialistas de Aeronáutica – EEAR, para serem utilizados na instrução no solo de seus alunos, pela Instrução número 1641, de 23 de dezembro de 1943. O Boletim da Diretoria de Material da Aeronáutica – DIRMA, de 05 de setembro de 1944, publicaria oficialmente a transferência dessas aeronaves para a referida organização de ensino militar. Não se sabe ao certo por quanto tempo os Curtiss P-36A Hawk seriam empregados como aeronaves de instrução em solo, estima-se que gradualmente estas aeronaves começariam a ser descarregadas do acervo da  Escola de Especialistas de Aeronáutica – EEAR. No final da década de 1940, os poucos aviões restantes, já transformados em sucata, seriam vendidos para aproveitamento da matéria-prima, encerrando, assim, uma curta fase de operação deste raro caça que foi empregado pela Força Aérea Brasileira e é tão pouco conhecido por todos. Infelizmente nenhuma célula acabaria sendo preservada.

Em Escala.
Para representarmos o Curtiss P-36A Hawk "FAB 04" , fizemos uso do modelo da Hobbycraft na escala 1/48, modelo de fácil montagem que contempla ainda decais para a versão brasileira, porém uma análise mais próxima aponta erros na fidelização dos decais, nos levando a empegar uma mescla dos numerais do modelo com decais confeccionados pela FCM oriundos de diversos sets, com observação para os cocares da  Força Aérea Brasileira que foram feitas com a aplicação da estrela verde amarela sobre a identificação do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC).

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura original do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) com a adoção de matricula e marcações da Força Aérea Brasileira, este padrão teve pequenas variações que contemplaram a pintura da carenagem do motor em vermelho ou amarelo, a exceção do "FAB 06" do Grupo Monoposto Monomotor (GMM) que recebeu o esquema padrão das aeronaves de treinamento (prata e laranja), todas as demais células mantiveram o esquema original até sua desativação.



Bibliografia :

-  Curtiss P-36A Hawk  - Wikipédia http://en.wikipedia.org/wiki/Curtiss_P-36_Hawk
-  O Curtiss P-36 na FAB por Aparecido Camazano Alamino - Revista Asas Nº 47
-  História da Força Aérea Brasileira por :  Prof. Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
-  Aviação Militar Brasileira 1916 / 1984 - Francisco C. Pereira Netto

Sikorsky SH-3A (S-61D-4) Sea King

História e Desenvolvimento.
Em 23 de maio de 1923, a companhia Sikorsky Aero Engineering Corporation foi fundada nas proximidades do aeródromo de Roosevelt Field, na cidade de Nova York, por Igor Sikorsky, um imigrante dos Estados Unidos que nasceu em Kiev, na Rússia. Desde o início a empresa de dedicaria ao projeto e produção de aeronaves civis de treinamento e transporte leve, em 1925, o nome da empresa foi alterado para Sikorsky Manufacturing Company. E tres anos depois em 1929 seguinte transferiria suas instalações industriais para a cidade de Stratford no estado de Connecticut, passando a se tornar parte do grupo industrial e comercial da United Aircraft and Transport Corporation (atualmente United Technologies Corporation). Neste novo contexto, Igor Sikorsky e sua equipe de projetistas se concentraria no desenvolvimento de aviões convencionais com múltiplos motores e aeronaves anfíbias. Porém no final da década de 1930, as vendas deste segmento de aeronaves sofreram drásticas reduções de demanda, levando a diretoria do conglomerado industrial a fundir a divisão de projetos e fabricação da Sikorsky Manufacturing Company, com Vought Aircraft Company. Neste novo cenário, Igor focaria seus esforços no desenvolvimento de uma aeronave de asas rotativas funcional, que culminaria no projeto Vought-Sikorsky VS-300, que realizou seu primeiro voo em 13 de maio de 1940. Após ensaios e voo e modificações, este modelo evoluiria para a aeronave experimental VS-316 ou XR-4, seu primeiro protótipo alçaria voo em 14 de janeiro de 1942, e após ser aceito pelo comando da Força Aérea do Exército Americano (USAAF) em maio do mesmo ano, se tornaria o primeiro helicóptero estável, de rotor único e totalmente controlável a entrar em produção em grande escala. Suas primeiras missões reais durante a Segunda Guerra Mundial, seriam dedicadas a tarefas de busca e salvamento no teatro de operações da China-Birmânia-Índia, tendo emprego também em missões de transporte de componentes para aviação no Pacifico Sul. O sucesso operacional demandaria grande contratos de produção, sendo que ao final do ano 1944, eram entregues aos militares norte-americanos cinco células a cada seis dias. O projeto conceitual do Sikorsky R-4, passaria a nortear o desenvolvimento da maioria dos novos modelos de aeronaves de asas rotativas desenvolvidas a seguir.

No final da década de 1940 a diretoria da Sikorsky Manufacturing Company, vislumbrou um grande leque oportunidades que o segmento de aeronaves de asas rotativas poderia trazer nos próximos anos. Este vislumbre de futuro levaria a empresa a investir recursos próprios visando o desenvolvimento de um novo helicóptero de médio porte para emprego em missões de transporte, busca e salvamento e evacuação aéreo médica. O conceito desta nova aeronave chamaria a atenção do comando da Força Aérea Americana (USAF), que celebraria um contrato em 1949, para a produção de cinco protótipos do modelo agora designado como YH-19. Em menos de um ano depois a aeronave já estaria em uso não só na força aérea, mas também na Marinha Americana (US Navy) como HO4S-1. Em uso durante a Guerra da Coréia, os novos helicópteros provaram seu valor, porém vislumbrava-se a necessidade de uma aeronave de maior porte e maior potência, pois neste momento o aumento das tensões provocadas pelo inicio da Guerra Fria, era potencializada pelo vertiginoso crescimento da frota de submarinos soviéticos. Se fazia necessário então o desenvolvimento de um novo helicóptero destinado a guerra antissubmarino, desta demanda nasceria o Sikorsky S-58. A primeira célula de produção em série destinada a Marinha Americana (US Navy) foi concluída em setembro de 1954, com sua configuração para guerra antissubmarino sendo designada como HSS-1 Seabat e a de transporte geral como HUS-1 Seahorse. Os primeiros HSS-1 Seabat começaram a ser recebidos nos esquadrões de helicópteros de guerra antissubmarino entre agosto de 1955 e abril de 1956 quando foi feita a entrega da última aeronave de uma encomenda de 385 unidades nas versões HSS-1 e HSS-1N. Apesar de representar um salto operacional, estes novos helicópteros ainda não podiam detectar e realizar os ataques simultaneamente, sempre dependendo de uma aeronave de asas fixas para vetorar os Sikorsky HSS-1 Seabat. Neste mesmo momento os recentes avanços na tecnologia de motores turbo eixo, começam a apresentar um motor viável para operação em aeronaves de asas rotativas, proporcionado um melhor desempenho e economia.
Em 1956, o comando da Marinha Americana (US Navy), já almejava um substituto a curto prazo para os Sikorsky HSS-1 Seabat, lançando uma concorrência para o desenvolvimento de um helicóptero anfíbio de grande porte equipado com motores turbo eixo. Esta nova aeronave de asas rotativas deveria ainda ser equipa com uma suíte eletrônica para a detecção de submarinos, incluindo ainda um sonar de imersão, deveria apresentar uma autonomia mínima de quatro horas e capacidade de suportar uma carga de armas de 380 kg. Entre as propostas apresentadas se destacava a da Sikorsky Manufacturing Company, levando assim em março de 1957 a assinatura de um contrato para o desenvolvimento e pré-produção desta nova aeronave, com a mesma sendo habilitada para operação em quaisquer condições meteorológicas, sendo ainda capaz de autonomamente de detectar e atacar os submarinos inimigos, sendo estas tarefas sendo realizados anteriormente por dois aeronaves separados. Seria também o primeiro helicóptero a ser adquirido envolvendo também o desenvolvimento do conceito do sistema de armas, sob qual a fabricante era responsável não apenas pelo design e produção da fuselagem, mas também por todos os principais sistemas de bordo, como o sonar, equipamentos de navegação, dispositivos eletrônicos e equipamentos de apoio. O principal destaque do projeto, era seu casco anfíbio, que permitia que o helicóptero realizasse pousos na água prontamente, podendo ainda ser empregado me tarefas de busca e salvamento. Seu arranjo contemplando dois motores turbo eixo General Electric T58-GE-8B, de 1.250 hp cada, permitia que a nova aeronave apresentasse maiores dimensões, maior autonomia de missão e capacidade de portar uma maior suíte eletrônica. Este contrato previa a fabricação de dez protótipos a serem envolvidos no programa de desenvolvimento. Em 11 de março de 1959, o primeiro protótipo realizou seu voo inaugural. Durante o início de 1961, um par de protótipos foram estacionados a bordo do porta-aviões Lake Champlain para atender a uma demanda por testes de adequação do porta-aviões. Esses testes, que envolviam testar o mecanismo de dobramento das pás do rotor principal e uma série de decolagens realizadas com ventos de até 80 km/h, sendo concluídos com sucesso em meados de 1961.

A conclusão do programa de ensaios de voo liberaria a aeronave para produção em série com um contrato sendo celebrado para a aquisição de duzentas e quarenta e cinco células, com o primeiro helicóptero Sikorsky HSS-2, que foi posteriormente redesignado como SH-3A, sendo entregue a Marinha Americana (US Navy) em setembro de 1961. Neste momento está era a maior aeronave de asas rotativas anfíbia em serviço no mundo, e também a primeira na Marinha Americana (US Navy) a ter a capacidade de operar sob quaisquer condições meteorológicas. Sua principal missão estava dedicada a detecção e destruição de submarinos soviéticos, passando a equipar onze esquadrões antissubmarino de helicópteros na aviação naval. Em 1962, doze células seriam convertidas pelo fabricante para o emprego em missões de Busca e Salvamento SAR (Search And Rescue), recebendo a designação de HH-3A, a esta versão seguiriam mais nove aeronaves, agora convertidas para a missão de caça-minas com a designação de RH-3A. Seu grande porte e capacidade operacional, elegeriam a aeronave para o transporte VIP presidencial, com oito aeronaves sendo produzidas novas de fábrica, emergindo sobre a designação de HSS-2Z. Tinham capacidade para dezesseis lugares, com assentos especiais reservados para o presidente e a primeira-dama. Essas aeronaves seriam incorporadas ao Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (US Marines) como “Marine One”, e ao Exército Americano (US Army) como Army One. Mais três células da versão SH-3A seriam convertidas neste padrão, com esta frota operando entre os anos de 1962 a 1975. O Sikorsky SH-3 Sea King, foi o principal helicóptero para recuperar cápsulas espaciais, com a primeira operação ocorrendo no resgate da Mercury-Atlas 7 em maio de 1962. A aeronave de matricula “66” seria ainda o principal veículo de recuperação para as missões Apollo. Durante a Guerra do Vietnã, os SH-3 Sea King resgataram as tripulações de aeronaves abatidas no mar e em terra, sendo equipados com tanques de combustível auto vedantes, múltiplas metralhadoras e blindagem pesada ao realizar tais missões. Frequentemente devido ao grande alcance, a aeronave era empregada para missões de resgate atrás das linhas inimigas no território do Vietnã do Norte.  
A necessidade de melhorias em sua suíte eletrônica, levaria ao desenvolvimento da versão SH-3D Sea King, que também passava a ser equipado com novos e mais potentes motores General Eletric T58-GE-10 de 1.400 HP cada. Seria contratada a produção de 75 aeronaves, com as primeiras células sendo incorporadas em 1968, neste escopo seria desenvolvida também a versão de transporte presidencial VH-3D, com onze aeronaves entrando em serviço em 1976. Uma nova versão o SH-3H surgiria logo em seguida, incorporando sensores mais modernos, aviônicos novos, detectores de anomalia magnética (MAD) e equipamentos de contramedidas eletrônica (ECM), com este programa envolvendo a modernização de células dos modelos anteriores. Esta família de aeronaves de asas rotativas também seria um grande sucesso de exportação, logrando contratos junto a Argentina, Brasil, Índia, Indonésia, Egito, Irã, Malásia, Peru, Venezuela, Canadá, Dinamarca, Iraque, Itália, Japão, Arábia Saudita e Espanha. Passaria a ser fabricado sob licença no Canadá com o modelo CH-124 Sea King, no Japão com a versão  Mitsubishi HSS-2B Sea King,  Itália com o modelo Augusta SH-3D Sea King AS-61 e por fim no Reino Unido, onde seria desenvolvida uma versão especifica para a Marinha Real (Royal Navy), equipada com motores Rolls-Royce Gnome (GE T58s construídos sob licença) e avionicos e sistemas de guerra antissubmarino britânicos. Entre os anos de 1961 e 1970 seriam produzidas um total de 1.350 células das diversas versões, com muitas destas aeronaves permanecendo ainda em serviço ativo.

Emprego na Marinha do Brasil.
Em fins da década de 1950, o governo brasileiro avançava a passos largos em uma negociação junto ao governo inglês, para a aquisição de um porta aviões. Este programa resultaria em um contrato de aquisição e modernização de um navio aeródromo da classe Colossus, o HMS Vengeance - R 71, que seria submetido a partir de 1956, a um longo processo de modernização no estaleiro Verolme United Shipyard, em Rotterdam (Holanda). Curiosamente o Ministério da Aeronáutica (MAer), logo tomaria a frente a fim iniciar as primeiras providências para a ativar e dotar uma unidade aérea especificamente destinada a compor o grupo aéreo daquela embarcação, levando em conta que era a única das três forças armadas a operar aeronaves de asa fixa. A fim de atender a esta demanda seria criado em 06 de fevereiro de 1957, o 1º Grupo de Aviação Embarcada – 1º GAE, com a missão de prover os meios aéreos à Marinha do Brasil, para operação a partir de seu novo porta-aviões. Esta unidade, deveria ser constituída por dois esquadrões, um deles de patrulha marítima e o outro de caça e ataque, e  quando a Marinha do Brasil, decidiu por operar seu navio capitania, como porta-aviões antissubmarino, o esquadrão de caça seria substituído por um esquadrão de helicópteros de guerra antissubmarino (ASW), que passaria a ser equipado com aeronaves do modelo SH-34G Seahorse adquiridas nos termos do Programa de Assistência e Defesa Mutua (MDMAP). Posteriormente estes helicópteros seriam transferidos a Marinha do Brasil em janeiro de 1965, através do Decreto de Lei Federal nº 55.627, passando a equipar o  1º Esquadrão de Helicópteros Antissubmarino – EsqdHS-1. Durante os anos seguintes estas aeronaves operando a bordo do navio aeródromo A-11 Minas Gerais, fundamentariam a doutrina operacional de guerra antissubmarino, com os SH-34J Seahorse, sendo vetorados até seus alvos por aeronaves Grumman S-2A Tracker (P-16A) da Força Aérea Brasileira.

Como forma de complementar os helicópteros ingleses Westland WS-55 Whirlwind Series 3, em tarefas de transporte pesado e complementar e posteriormente substituir os Sikorsky SH-34J “Baleia” na missão de guerra antissubmarino (ASW), o comando da Marinha do Brasil, iniciaria tratativas junto ao governo norte-americano para a aquisição de novas aeronaves de asas rotativas destinadas a este espectro de missão. Estas negociações resultariam em fins do ano de 1969 na celebração de um contrato junto a Sikorsky Aircraft Corporation, envolvendo a aquisição de quatro helicópteros Sikorsky (S-61D) SH-3D Sea King novos de fábrica. Estas células chegaram ao Brasil em abril de 1970, a bordo do porta-aviões norte-americano USS America (CV-66), já sendo recebidas nas cores da Aviação Naval da Marinha do Brasil, recebendo a designação de SH-3A, e portando as matriculas N-3007 a N-3010. Assim que recebidos foram distribuídos ao Primeiro Esquadrão de Helicópteros Antissubmarino – EsqdHS-1, operando embarcados no navio aeródromo A-11 Minas Gerais juntamente com os helicópteros Sikorsky SH-34J “Baleia”. Estas novas aeronaves, eram dotadas de uma moderna suíte eletrônica (incluindo o radar Doppler APN-182 e sonar AQS-13A), que lhe concedia a capacidade de detectar e atacar submarinos submersos, tarefa esta impossível de ser realizada pelos helicópteros anteriores presentes na frota da Aviação Naval da Marinha do Brasil. Assim os novos Sikorsky SH-3D Sea King, trariam um novo patamar operacional na guerra antissubmarino (ASW) possibilitando o emprego noturno, equiparando seu potencial a seus pares norte-americanos em serviço na Marinha Americana (US Navy), oque viria a ser comprovado em diversos exercícios multinacionais realizados nas décadas de 1970 e 1980.
Por serem aeronaves versáteis, os Sikorsky SH-3D Sea King brasileiros passaram a ser extensamente empregados e infelizmente em 21 de novembro de 1970, a aeronave N-3009, viria a sofrer uma pane na sua transmissão principal e sendo obrigada a fazer um pouso de emergência próximo à cidade de Florianópolis (SC), resultando na perda total da aeronave, salientando que esta célula tinha apenas sete meses de atividade na Marinha do Brasil. A perda de 25% da frota destas aeronaves, levaria o comando da Aviação Naval, a lavrar em janeiro de 1972, um segundo contrato de encomenda, prevendo a entrega de outras duas células da versão S-61D-4. Estes chegaram ao Brasil em setembro do mesmo ano, passaram a receber as matriculas sequenciais  N-3011 e N-3012  e foram prontamente incorporados ao 1º Esquadrão de Helicópteros Antissubmarino – EsqdHS-1, substituindo a aeronave perdida e reforçando a frota que passou a contar com cinco células. Atingindo o nível de operacionalidade, o esquadrão tratou de exercitar a capacidade de combate do helicóptero, com destaque a participação no exercício multinacional UNITAS XII com a participação da Marinha Americana (US Navy), atividade direcionada principalmente para a guerra antissubmarino (ASW). De fato nas décadas seguintes esta operações figurariam como um evento quase fixo no calendário do esquadrão. No entanto, já em 1973, este esquadrão e suas aeronaves passaram a desempenhar o papel de plataforma para transporte de tropas. Esta missão passou a ser executada as vésperas da desativação dos Sikorsky SH-34J, e seu cumprimento exigia a remoção de todo o material associado as tarefas de guerra antissubmarino (ASW) e à instalação de bancos laterais na cabine principal. Estas tarefas seriam executadas até o ano de 1985, quando foram incorporados os primeiros helicópteros AS 332F1 Super Puma (UH-14).

Durante os anos seguintes, o 1º Esquadrão de Helicópteros Antissubmarino – EsqdHS-1, manteve um intenso ritmo de atividade, para o adestramento das equipagens na execução de missões de guerra antissubmarino (ASW), quer diurnas ou noturnas. Mas tais atividades cobrariam um preço em 19 de agosto de 1976, o SH-3A N-3008, durante uma missão de treinamento noturno desapareceu sem deixar rastro a aproximadamente 20 km ao sul de Cabo Frio (RJ), tal acidente ocasionaria a suspensão deste tipo de missão noturna até meados de 1977. A carcaça desta célula, seria somente encontrada por pescadores em 1994, dezoito anos após o registro do acidente. Até o final da década de 1970, os SH-3A Sea King registraram sua participação em diversas operações, operando inclusive embarcados em navios de marinhas estrangeiras. Em janeiro de 1978 seria realizada a primeira missão do tipo HIFR (Helicopter In-Flight Refueling) no Brasil, quando um SH-3D Sea King realizou um reabastecimento em voo junto a Fragata Defensora (F 41), em uma operação que durou cinco minutos e foram transferidos 1.200l de combustível, o que proporcionou uma ampliação das possibilidades de emprego desses meios aéreos, estendendo sua autonomia e possibilitando que a aeronave permaneça “on station” por mais tempo. Mas nesta época, já estavam em curso estudos para a modernização das células remanescentes, bem como a possível aquisição de mais aeronaves deste modelo. Em relação a este último item foram consideradas a compra de aeronaves usadas provenientes dos estoques da Marinha Americana (US Navy) ou células novas produzidas sob licença na Itália do modelo ASH-3D. A escolha recairia sob a segunda opção, com contrato no valor de US$ 59.597.325,00 sendo celebrado em 10 de agosto de 1981, envolvendo a aquisição de quatro células, ferramental e bancadas de prova.  Estas aeronaves seriam completadas em março de 1984, e foram embarcadas no navio de transporte de tropas Barroso Pereira G-16, chegando no Brasil em maio do mesmo ano, onde seriam montadas e preparadas para operação junto ao 1º Esquadrão de Helicópteros Antissubmarino – EsqdHS-1.
Concluída esta entrega, as autoridades da Marinha do Brasil trataram de assegurar a modernização dos quatro SH-3A (S-61D-4) que se encontravam em operação. Em outubro de 1985, ao valor de US$ 12.341.478, foi assinado com a Augusta SpA, um contrato de modernização, cujo trabalho elevaria aquelas aeronaves ao mesmo padrão dos novos Augusta ASH-3D Sea King. Em 15.01.1986, as aeronaves SH-3A N-3007, N-3010, N-3011 e N-3012, embarcaram em um navio da Marinha do Brasil para serem transportadas para o porto de La Spezia, e encaminhadas para o fabricante em Cascina Costa na Itália. Apesar de um esmerado planejamento, diversos problemas assolaram os trabalhos de modernização dessas aeronaves, a principal sendo a sucessão de greves que paralisaram todas as atividades nas instalações da Augusta SpA. Isso levou a diversos atrasos no cronograma, e foi somente em janeiro de 1988 que a modernização da primeira célula foi dada como concluída, quatro meses além do previsto. Finalmente em maio de 1988, os quatro helicópteros foram devolvidos ao 1º Esquadrão de Helicópteros Antissubmarino – EsqdHS-1, já com a designação de SH-3A. Estas aeronaves receberiam neste processo a capacitação para o lançamento do míssil ar-superfície AM-39 Exocet. No dia 11 de janeiro de 1992 foi realizado o primeiro lançamento real desse míssil, com a aeronave SH-3A N-3007 (Guerreiro 07), contra o casco do contratorpedeiro desativado Mato Grosso D 34. Em 2008 seriam recebidas as primeiras células dos novos helicópteros Sikorsky MH-16 Sea Hawk, modelo escolhido como substituto dos SH-3 Sea King, neste momento iniciar-se-ia o processo de transição operacional para o vetor de guerra antissubmarino (ASW) e anti-superficie (ASM), este processo seria  finalizado em 2012, com as células remanescentes sendo desativadas e preparadas para posterior preservação. 

Em Escala.
Para representarmos o Sikorsky SH-3A (S-61D-4) "MB 3007", fizemos uso do antigo kit da Hasegawa na escala 1/48, modelo com um bom nível de detalhamento. Para compor a versão empregada pela Aviação Naval da Marinha do Brasil durante a década de 1970, é necessário proceder algumas alterações. Empregamos decais confeccionados pela Phoenix Decals presentes no set “SH-3 (ESQ. HS1).
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o primeiro padrão de pintura empregado quando do recebimento das aeronaves, este esquema perduraria até 1987. As aeronaves modernizadas passaram a ostentar um novo padrão de pintura naval tático, mantendo este com pequenas alterações até sua desativação em 2012.

Bibliografia :
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores 
- Sikorsky SH-3 Sea King - https://en.wikipedia.org/wiki/Sikorsky_SH-3_Sea_King
- S-61/Agusta-Sikorsky AS-61 Sea King - www.naval.com.br/anb/ANB-aeronaves/Sikorsky_S61/Sikorsky_S61.htm
- Aviação Naval Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha  http://www.rudnei.cunha.nom.br/Asas%20sobre%20os%20mares/index.html