Lockheed A-28A Hudson no Brasil

História e Desenvolvimento.
A Lockheed Aircraft Manufacturing Company, uma empresa norte-americana do setor aeronáutico, foi estabelecida em 1912 pelos irmãos Allan e Malcolm Lockheed, na cidade de San Diego, estado da Califórnia. Inicialmente, a companhia concentrou suas atividades no desenvolvimento e na fabricação de aeronaves de pequeno porte, voltadas para o turismo e o treinamento civil. Nas décadas seguintes, a empresa experimentou um notável crescimento em suas vendas. Contudo, o término da Primeira Guerra Mundial, em novembro de 1918, gerou desafios significativos para o mercado aeronáutico, devido à desmobilização de milhares de aeronaves militares subutilizadas, que passaram a inundar o mercado global de aviação civil. Esse contexto provocou uma crise sem precedentes na comercialização de novas aeronaves, culminando no encerramento de diversas fabricantes, entre elas a Lockheed Aircraft Manufacturing Company. Após a suspensão de suas operações, os irmãos Allan e Malcolm Lockheed redirecionaram seus esforços empreendedores para outros setores do mercado, visando assegurar sua sustentabilidade empresarial. Em 1926, Allan Lockheed associou-se aos engenheiros John Northrop, Kenneth Kay e Fred Keeler para fundar um novo empreendimento. Com o respaldo de investidores, conseguiram angariar os recursos financeiros necessários para criar a Lockheed Aircraft Company, sediada em Hollywood, Califórnia. A nova empresa utilizou a tecnologia desenvolvida anteriormente para o Modelo S-1 como fundamento para o projeto do Lockheed Vega, seu primeiro modelo de destaque. O êxito comercial foi alcançado rapidamente: em 1928, a companhia transferiu sua sede para Burbank e, ao final daquele ano, registrou vendas superiores a um milhão de dólares. Nesse período, a produção atingiu centenas de aeronaves, empregando mais de trezentos colaboradores em uma linha de montagem com capacidade para finalizar até cinco unidades por semana. Em julho de 1929, Fred Keeler, então acionista majoritário, negociou 87% das ações da empresa com a Detroit Aircraft Corporation, possibilitando a implementação de um ambicioso plano de expansão. Todavia, a crise econômica conhecida como Grande Depressão, deflagrada no mesmo ano, impactou gravemente o setor aeronáutico, conduzindo a Lockheed a uma situação de insolvência. Em 1932, durante o processo de liquidação judicial, a companhia foi adquirida por um grupo de investidores liderado pelos irmãos Robert e Courtland Gross, em conjunto com Walter Varney. Essa transação marcou o início de uma nova etapa para a empresa, que logrou sua recuperação ao longo daquela década, especialmente com o desenvolvimento de novas aeronaves. Apesar das adversidades, a Lockheed conseguiu consolidar rapidamente a confiança do mercado civil e comercial dos Estados Unidos, impulsionada pelo sucesso do Lockheed Modelo 10 Electra, uma aeronave totalmente metálica com capacidade para transportar até dez passageiros.

A partir de meados de 1934, uma significativa oportunidade comercial se apresentaria à Lockheed Aircraft Corporation, pois surgia a percepção crescente entre diversos governos europeus, de que a deflagração de um novo conflito com a Alemanha no continente seria apenas uma questão de tempo. Em resposta aos extensos programas de rearmamento iniciados pela Alemanha (apesar das restrições impostas pelo Tratado de Versalhes) e pela Itália fascista, nações como França, Reino Unido e, de maneira mais limitada, Bélgica e Países Baixos começaram, ainda que tardiamente, a modernizar e expandir suas forças armadas. Contudo, as indústrias de defesa desses países não estavam preparadas para atender a estas urgentes demandas militares, especialmente no que tange ao poder aéreo, ainda mais em um curto período. Diante desse cenário, os governos desses países europeus passaram a buscar equipamentos de defesa produzidos predominantemente nos Estados Unidos. Nesse contexto, o governo britânico destacou-se como o mais empenhado nesse esforço, buscando emergencialmente renovar sua frota de aeronaves principalmente as dedicadas as tarefas de bombardeio, transporte, guerra antissubmarino e patrulha marítima. Entre os modelos a serem substituídos na Força Aérea Real (RAF) estavam os já obsoletos bimotores leves Avro Anson Model 18, utilizados em missões de patrulhamento marítimo e reconhecimento. Essa demanda  foi rapidamente identificada pelos diretores da Lockheed Aircraft Corporation que vislumbraram um gigantesco mercado potencial neste segmento, e assim em fevereiro de 1938, autorizaram, com recursos próprios, o início do desenvolvimento de uma aeronave militar destinada a missões de reconhecimento, patrulha e bombardeio. Para acelerar o projeto e otimizar os investimentos, a nova aeronave foi concebida com base na plataforma do bimotor civil Lockheed Model 14 Super Electra. O programa recebeu a designação Lockheed Model B-14, e os trabalhos de desenvolvimento foram prontamente iniciados, culminando na construção de um modelo em madeira (mock-up). Esses esforços coincidiram com a visita de uma comissão britânica de compras aos Estados Unidos, que prontamente foi convidada para uma reunião nas instalações da Lockheed Aircraft Corporation. Durante o encontro, uma apresentação detalhada foi conduzida, destacando as características da aeronave proposta para missões de patrulha e guerra antissubmarino. A exposição impressionou positivamente os oficiais britânicos, resultando em um convite formal à diretoria da empresa para uma visita à Inglaterra, onde o projeto poderia ser discutido de maneira mais aprofundada.
Para atender ao novo perfil operacional exigido pela proposta apresentada a Força Aérea Real (RAF) questão, a plataforma do Lockheed Model 14 Super Electra passaria por significativas modificações estruturais e funcionais. Dentre as principais alterações, destaca-se a incorporação de um compartimento ventral destinado ao armazenamento de bombas, bem como a adaptação da aeronave para suportar duas torres elétricas equipadas com metralhadoras Browning de calibre .50, voltadas sua autodefesa. O modelo, posteriormente denominado Lockheed Model B-14, foi desenvolvido para ser apresentado ao comando da Força Aérea Real (Royal Air Force) como a solução ideal para a substituição dos Avro Anson. Após ser analisado pelo corpo técnico britânico a aeronave receberia  uma série de solicitações para aprimoramento de seu projeto original. Uma das mudanças mais notáveis consistiu na reconfiguração da estação do navegador, que, originalmente localizada na seção traseira da fuselagem, foi transferida para a parte frontal da aeronave. Essa alteração demandou a reformulação do nariz da aeronave, adaptado para abrigar o tripulante em sua nova posição, com a possibilidade adicional de instalar armamentos de tiro frontal voltados para missões de ataque a alvos terrestres. Curiosamente, em virtude do cumprimento do cronograma contratual, a aeronave preservou as janelas laterais características da versão civil. Em 10 de outubro de 1938, o primeiro protótipo da célula, já incorporando as modificações solicitadas, foi apresentado às autoridades britânicas, recebendo a designação oficial de Lockheed Model B-14. Este protótipo foi submetido a um programa acelerado de ensaios em voo, obtendo, em seguida, a homologação para produção em série. A aeronave passou a ser designada localmente como Hudson MKI. Em dezembro do mesmo ano, foi formalizado um contrato para a aquisição de 200 unidades, com as primeiras entregas realizadas no início de fevereiro de 1939 ao 224º Esquadrão de Bombardeio, sediado na Escócia. Durante as fases iniciais do conflito, a Força Aérea Real adquiriu mais de 800 exemplares da aeronave, distribuídos entre as versões Hudson MK.II, MK.III, MK.IV, MK.V e MK.VI. Além disso, a família Lockheed Hudson foi integrada ao programa da Lei de Empréstimos e Arrendamentos (Lend-Lease Act), sendo fornecida às centenas forças armadas de países como Austrália, África do Sul, Canadá, Birmânia, França Livre e Nova Zelândia. Nessas nações, as aeronaves desta famili foram empregadas em diversas missões, incluindo patrulha, ataque, transporte e operações antissubmarino (ASW), desempenhando papéis cruciais ao longo de todo o conflito.

A entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, em 7 de dezembro de 1941, marcou um ponto de inflexão que posicionou a Lockheed Aircraft Corporation como um dos principais fornecedores estratégicos das forças armadas norte-americanas. Rapidamente, a empresa consolidou sua relevância no esforço de guerra aliado, destacando-se pela produção de diversos equipamentos de importância crucial. Dentre esses, o bombardeiro bimotor A-28 Hudson emergiu como um dos produtos mais notáveis, sendo fabricado em várias versões que passaram a ser amplamente empregadas pelo Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) e pela Aviação Naval da Marinha dos Estados Unidos (US Navy). Nos momentos iniciais do conflito, após o ataque à base naval de Pearl Harbor, no Havaí, uma decisão emergencial redirecionou grande parte das aeronaves originalmente destinadas à exportação para a Força Aérea Real (Royal Air Force) britânica. Esse remanejamento teve como objetivo reforçar os efetivos aéreos posicionados nas bases militares da costa oeste dos Estados Unidos e nas ilhas do Oceano Pacífico. Assim, os Lockheed A-28 Hudson assumiram um papel essencial nas primeiras fases da participação americana na guerra, especialmente em missões de patrulha marítima e guerra antissubmarino (ASW). Operando tanto no teatro europeu quanto no Pacífico, essas aeronaves atuaram em conjunto com os hidroaviões Consolidated PBY-5 Catalina, demonstrando eficácia e versatilidade. O A-28 Hudson também se destacou por feitos históricos significativos. Foi a primeira aeronave projetada e fabricada nos Estados Unidos a abater um avião inimigo em combate durante a Segunda Guerra Mundial, um feito ocorrido em 8 de outubro de 1939, quando um Lockheed Hudson da Força Aérea Real (RAF) derrubou um hidroavião Dornier 18 da Luftwaffe (Força Aérea Alemã) durante uma patrulha no Mar do Norte. Além disso, em 27 de agosto de 1941, tornou-se a primeira aeronave da  Força Aérea Real (RAF) a afundar um submarino alemão, o U-656 do Tipo VIIC, utilizando cargas de profundidade. Já a versão naval, designada Lockheed PBO-1 Hudson, foi responsável pela destruição dos dois primeiros submarinos alemães atacados por aeronaves norte-americanas, além de pioneira no uso de foguetes não guiados em operações antissubmarino, uma inovação tática exclusiva.  Equipados com motores Pratt & Whitney Twin Wasp, os modelos B-414 receberam as designações A-28 e A-28A pelo Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC); aqueles equipados com motores Wright Cyclone foram classificados como A-29 e A-29A. Dessa forma, a Lockheed Aircraft Corporation, por meio do A-28 Hudson e suas variantes, desempenhou um papel crucial no fortalecimento das operações aéreas aliadas, deixando um legado marcante na história militar da Segunda Guerra Mundial.
Pouco antes do envolvimento dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF) transferiu à Aviação Naval da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) a responsabilidade pela execução das missões de guerra antissubmarino ao longo do litoral norte-americano. Em decorrência dessa decisão, a Marinha buscou aprimorar seus recursos aéreos de patrulha, o que resultou na transferência de todos os contratos de produção existentes. Para atender de forma mais eficaz aos requisitos técnicos das missões de patrulha, as aeronaves a serem fabricadas passaram por uma série de modificações estruturais e funcionais. A partir do final de 1942, entraram em serviço os novos Lockheed-Vega PV-1 Ventura B-34, seguidos, em 1943, pelos Lockheed-Vega PV-2 Harpoon B-34A. Esses modelos apresentavam desempenho superior e maior capacidade para missões especializadas, substituindo gradualmente os Lockheed A-28 Hudson na linha de frente. Até maio de 1943, cerca de três mil unidades haviam sido produzidas, e muitas aeronaves em bom estado ainda estavam operacionais. Esse cenário levou o comando da Força Aérea Real (Royal Air Force) a optar pelo uso dessas aeronaves em missões de transporte de pessoal e carga. Para tanto, as aeronaves foram adaptadas localmente, com a remoção de sistemas defensivos e ofensivos de armamento, blindagem e equipamentos eletrônicos voltados para patrulha e guerra antissubmarino (ASW). Assim, no final de 1943, as primeiras unidades convertidas começaram a ser utilizadas. Esse modelo de conversão foi posteriormente adotado pelo Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) e pela Aviação Naval da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), que passaram a operar os Lockheed Model 18 C-60 e C-66 Lodestar, aeronaves já projetadas especificamente para transporte de carga e pessoal. O uso dessas aeronaves foi otimizado pelo compartilhamento de peças de reposição comuns. Após o término do conflito, em setembro de 1945, a frota remanescente dessas aeronaves, tanto norte-americanas quanto britânicas, foi retirada do serviço ativo e transferida para o mercado civil. Lá, elas foram empregadas em atividades como transporte de passageiros e aerofotogrametria, permanecendo em operação pelo menos até o final da década de 1960. O Lockheed A-28 Hudson, em suas versões adaptadas para transporte militar, continuou a ser utilizado no pós-guerra por forças armadas de diversos países, incluindo Brasil, Austrália, Holanda, Israel, Trindade e Tobago e Portugal. As últimas unidades dessas aeronaves foram desativadas em meados da década de 1950.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo dos Estados Unidos passou a considerar com grande preocupação a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo, compostas por Alemanha, Itália e Japão. Essa apreensão intensificou-se após a capitulação da França, em junho de 1940, evento que abriu a possibilidade de a Alemanha Nazista estabelecer bases operacionais em territórios como as Ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Tais posições poderiam servir como pontos estratégicos para uma eventual incursão militar no continente americano. Nesse contexto, o Brasil emergiu como o alvo mais provável para uma ofensiva, devido à sua proximidade geográfica com o continente africano, que também integrava os planos de expansão territorial alemã. Adicionalmente, as conquistas japonesas no Sudeste Asiático e no Pacífico Sul elevaram o Brasil à posição de principal fornecedor de látex para os Aliados, uma matéria-prima essencial à produção de borracha, recurso crítico para a indústria bélica. Além disso, a localização estratégica do litoral brasileiro, especialmente na região Nordeste, revelou-se vantajosa para a instalação de bases aéreas e portos militares. A cidade de Recife destacou-se como o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano, configurando-se como uma potencial ponte logística para o envio de tropas, suprimentos e aeronaves aos teatros de operações na Europa e no Norte da África. Diante desse cenário, observou-se uma rápida aproximação política e econômica entre Brasil e Estados Unidos, materializada por meio de investimentos estratégicos e acordos de cooperação militar. A ameaça representada pelos submarinos alemães e italianos ao longo da costa brasileira passou a ser enfrentada de forma mais incisiva após a declaração de guerra aos países do Eixo, em agosto de 1942. A partir desse momento, a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) iniciou a operação de esquadrões antissubmarino a partir de bases localizadas predominantemente no litoral nordestino do Brasil. Nesse período, a recém-criada Força Aérea Brasileira (FAB) enfrentava limitações significativas, carecendo de treinamento e equipamentos adequados para a realização de missões especializadas de patrulha marítima. Sua frota, herdada das aviações Militar e Naval, era composta majoritariamente por aeronaves obsoletas, sendo os modelos mais modernos, como o Vultee V-11 e o Focke-Wulf FW-58 Weihe, insuficientes para as demandas de combate aos submarinos do Eixo. Essas missões, essenciais ao esforço de guerra nacional, tinham como objetivo principal a busca e a destruição de submarinos inimigos, que representavam uma séria ameaça à navegação militar e civil nas águas territoriais brasileiras. Dessa forma, tornou-se imperativo um esforço emergencial para modernizar os meios de patrulha da  Força Aérea Brasileira (FAB). Esse processo ganhou impulso com a criação da Comissão de Compras de Material Aeronáutico, sediada nos Estados Unidos, encarregada de selecionar e adquirir os equipamentos necessários para atender às exigências de modernização e fortalecer a capacidade operacional do Brasil no conflito.

A adesão do governo brasileiro ao programa Lend-Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos) assegurou ao país uma linha de crédito inicial no valor de 100 milhões de dólares, destinada à aquisição de equipamentos bélicos. Esse financiamento possibilitou o acesso a armamentos modernos, incluindo aeronaves, veículos blindados e carros de combate, recursos essenciais para enfrentar as ameaças representadas pelos ataques de submarinos alemães. Esses ataques intensificavam os riscos à navegação civil, afetando diretamente o comércio exterior entre Brasil e Estados Unidos, que dependia do transporte diário de matérias-primas cruciais para a indústria bélica norte-americana. A participação brasileira no esforço de guerra aliado logo se expandiu. O presidente Getúlio Vargas declarou que o país não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos aos Aliados, sinalizando a possibilidade de uma contribuição mais ativa no conflito, com o eventual envio de tropas para teatros de operações relevantes. Contudo, apesar dessa priorização, o rápido aumento das operações de submarinos alemães e italianos na costa brasileira exigiu que a Força Aérea Brasileira (FAB) realizasse missões de patrulha marítima, ainda que equipada com aeronaves inadequadas para tais tarefas, como os caças monomotores Curtiss P-36A e P-40E, enquanto aguardava a chegada de aeronaves especializadas. As primeiras missões de combate antissubmarino foram conduzidas de forma precária pelos bombardeiros North-American B-25B Mitchell. O primeiro confronto ocorreu em 22 de maio de 1942, antes mesmo da entrada oficial do Brasil na guerra, quando uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) atacou o submarino italiano Barbarigo (classe Marcelo). Este, ao avistar a aeronave brasileira, respondeu com disparos de artilharia antiaérea. A capacidade de patrulha foi reforçada a partir de dezembro de 1942, com a entrega das primeiras dez unidades do Lockheed A-28A-LO Hudson, seguidas por mais dezesseis no mês seguinte. Essas aeronaves, originalmente destinadas à Royal Air Force (Força Aérea Real), foram redirecionadas à Força Aérea Brasileira (FAB) devido à necessidade urgente de equipar esse novo aliado com os meios mínimos para o esforço de guerra. A primeira unidade a operar o modelo foi o Grupo de Aviões Bimotores (GAB) da Unidade Volante, sediado em Natal, Rio Grande do Norte. Em dezembro de 1942, o grupo iniciou suas operações, realizando missões de patrulhamento marítimo para proteger comboios. Posteriormente, a Base Aérea de Salvador recebeu sete unidades do A-28 Hudson. Além disso, em 17 de agosto de 1944, o 2º Grupo de Bombardeio Médio (2º GBM) foi ativado em Salvador, Bahia, com cinco aeronaves desse modelo, desempenhando missões de cobertura de comboios, operações antissubmarino e bombardeio.
Ao longo do conflito, os Lockheed A-28A Hudson foram amplamente utilizados por diversas unidades da Força Aérea Brasileira no esforço de guerra contra submarinos alemães e italianos ao longo da costa do Brasil. Essas aeronaves foram operadas pelo 4º Grupo de Bombardeio Médio (4º GBM), pela Unidade Volante do Galeão, pelo 3º Grupo de Bombardeio Médio (3º GBM), pelo Grupo de Aviões Bimotores do 6º Regimento de Aviação (GAB-6º RAv), e pelo 1º Grupo de Bombardeio Médio (1º GBM), sediados nas Bases Aéreas de Canoas e Santa Cruz. Essas unidades desempenharam um papel crucial na proteção de grandes comboios marítimos, que frequentemente incluíam dezenas de navios mercantes responsáveis pela ligação diária entre o Brasil e os Estados Unidos. Os A-28A Hudson executavam padrões elaborados de varredura e acompanhamento, garantindo a segurança dos navios sob sua responsabilidade até que estes deixassem a área de cobertura designada. Durante essas missões de escolta e patrulha, foram registrados ataques confirmados contra submarinos inimigos, dos quais se destacam os seguintes eventos: Em 5 de abril de 1943: Um A-28A Hudson, baseado em Salvador e pilotado pelo 1º Tenente-Aviador Ivo Gastaldoni, realizou um ataque com cargas de profundidade contra um submarino localizado a aproximadamente sessenta quilômetros de Aracaju. Após o bombardeio, foram observados destroços e uma extensa mancha de óleo na superfície, sugerindo danos significativos à embarcação inimiga. Em 3 de julho de 1943: Um A-28A Hudson, operando a partir da Base Aérea de Santa Cruz e comandado pelo Tenente-Aviador Clóvis Labre de Lemos, atacou o submarino alemão U-199. Embora o ataque não tenha causado danos confirmados ao alvo, demonstrou a prontidão das forças brasileiras.31 de julho de 1943: Nas primeiras horas da manhã, um Martin PBM-3C Mariner do esquadrão VP-74 da Marinha dos Estados Unidos, baseado no Rio de Janeiro, localizou e atacou o submarino alemão tipo IXD-2 U-199. Apesar de danificado, o U-199 continuou operativo e respondeu ao ataque com sua artilharia antiaérea. Alertadas pelo confronto, as defesas brasileiras despacharam um A-28A Hudson do Rio de Janeiro, pilotado pelo Aspirante-Aviador Sergio Cândido Schnoor. Este realizou um primeiro ataque com duas cargas de profundidade Mk. 17, que explodiram próximas ao submarino. Em uma segunda passagem, Schnoor utilizou as metralhadoras de nariz do Hudson para atingir os artilheiros alemães, reduzindo a capacidade defensiva do U-199. Após a intervenção do Hudson, o submarino foi finalmente afundado por um PBY-5 brasileiro, comandado pelo Aspirante-Aviador Alberto Martins Torres, que patrulhava a região. A partir do segundo semestre de 1943, a atividade de submarinos alemães e italianos no Atlântico Sul diminuiu gradativamente, embora ainda representassem uma ameaça significativa aos comboios e à navegação em geral ao longo do litoral brasileiro. Nesse contexto, os A-28A Hudson mantiveram suas missões de escolta e cobertura, complementadas por surtidas de reconhecimento marítimo sempre que estações terrestres captavam transmissões de submarinos inimigos. Essas operações destacaram a importância estratégica das aeronaves na defesa das rotas marítimas durante o conflito.

É pertinente destacar que, em termos de configuração operacional, as células dos Lockheed A-28A Hudson destinadas ao Brasil foram originalmente projetadas para atender às especificações das forças britânicas, o que lhes conferiu peculiaridades técnicas distintas das aeronaves produzidas para as forças armadas dos Estados Unidos. Um exemplo notável era o sistema de frenagem do trem de pouso principal: diferentemente do modelo original, no qual a intensidade e o diferencial de frenagem eram controlados exclusivamente pelos pedais, o sistema britânico exigia a combinação dos pedais com uma alavanca de freio manual. Essa diferença operacional resultou em acidentes de pequena gravidade, ocasionando danos leves às aeronaves, especialmente durante manobras em solo. Embora pertencessem a um mesmo lote de 350 unidades, os primeiros A-28A Hudson entregues ao Brasil apresentavam variações estruturais significativas. As unidades iniciais eram equipadas com uma torre dorsal Boulton Paul, enquanto as subsequentes dispunham de um defletor aerodinâmico mais simples, porém volumoso, posicionado à frente da metralhadora dorsal. Essa configuração impactava a aerodinâmica da aeronave, reduzindo a autoridade dos lemes de direção em baixas velocidades, como nas fases de pouso e decolagem. Tal característica, possivelmente associada a outras particularidades do modelo, contribuiu para a ocorrência de acidentes, incluindo dois incidentes fatais registrados entre junho e novembro de 1943, envolvendo aeronaves do 2º Grupo de Bombardeio Médio (2º GBM). Posteriormente, uma aeronave da Unidade Volante do Galeão sofreu um acidente com severos danos estruturais, e um quarto A-28A Hudson foi perdido em Canavieiras, na Bahia. Entre o final de 1943 e o início de 1944, a Força Aérea Brasileira recebeu um reforço significativo em suas capacidades de patrulha e guerra antissubmarino, com a incorporação de novos modelos, como o Consolidated PBY-5A Catalina, o North American B-25J Mitchell, o Lockheed PV-1 Ventura e o PV-2 Harpoon. Contudo, a diversidade de aeronaves trouxe desafios logísticos e de manutenção, uma vez que quatro unidades aéreas passaram a operar distintos tipos de equipamentos. Visando a otimização de recursos, uma reestruturação organizacional foi implementada em 20 de dezembro de 1944, conforme determinado por um boletim reservado da Diretoria de Material Aeronáutico (DIRMA). A medida estipulou que todas as células remanescentes dos Lockheed A-28A Hudson fossem concentradas no 4º Grupo de Bombardeio Médio (4º GBM), sediado na Base Aérea de Fortaleza, com o objetivo de padronizar as operações e facilitar os processos de manutenção. Curiosamente, a última célula do modelo, entregue às autoridades brasileiras nos Estados Unidos, permaneceu naquele país. Essa aeronave foi utilizada em apoio às atividades dos oficiais brasileiros destacados no San Antonio Air Depot, o principal centro de manutenção e logística da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF). Esse local também servia como ponto de partida habitual para o traslado das aeronaves destinadas ao Brasil, evidenciando sua relevância no esforço de guerra conjunto.
Curiosamente, a última célula do Lockheed A-28A Hudson entregue às autoridades brasileiras nos Estados Unidos permaneceu naquele país, sendo empregada em apoio às atividades dos oficiais brasileiros destacados no San Antonio Air Depot. Essa instalação, reconhecida como o maior centro de manutenção e logística da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF), também funcionava como ponto de partida habitual para o traslado das aeronaves destinadas ao Brasil, desempenhando um papel estratégico durante o conflito. Com o término da Segunda Guerra Mundial em maio de 1945, os Lockheed A-28A Hudson ingressaram em uma nova fase operacional. O 4º Grupo de Bombardeio Médio (4º GBM), sediado na Base Aérea de Fortaleza, concentrou esforços para manter o nível de operacionalidade alcançado ao longo dos anos de guerra. No início de 1947, a Força Aérea Brasileira deu início a um amplo plano de reorganização, que incluiu a extinção de todos os grupos de bombardeio leve, médio e de picada, bem como os grupos de caça, patrulha e regimentos de aviação. Em substituição, foram criados diversos grupos de aviação, e nesse contexto, o 4º GBM foi redesignado como 1º/4º Grupo de Aviação (1º/4º GAv). A partir de maio de 1948, essa unidade passou a operar também os recém-incorporados North American B-25J Mitchell, que rapidamente se tornaram o principal vetor da frota, assumindo protagonismo nas operações. Nesse período, a frota de Lockheed A-28A Hudson já se encontrava significativamente reduzida devido a perdas operacionais decorrentes de acidentes. A situação foi agravada por dificuldades no suprimento de peças de reposição, especialmente para os motores radiais Pratt & Whitney R-1830-67, o que comprometeu ainda mais a disponibilidade das aeronaves. As poucas unidades remanescentes foram mantidas em condições de voo graças à dedicação do pessoal técnico do Núcleo do Parque de Aeronáutica de Recife (NPqAerRF), que realizou esforços notáveis para preservar a operacionalidade do modelo. Todavia, em 1950, inspeções em ambito de parque revelaram problemas estruturais graves nas células ainda existentes, levando à decisão de condenar a maioria delas ao sucateamento. Durante esse processo, três aeronaves (FAB 2900 Ex-FK653 RAF - MNU, FAB 2901 Ex-FK700 RAF - MNU e FAB 2902 Ex-FK702 RAF - MNU) foram identificadas em melhor estado de conservação e selecionadas para conversão pelo Núcleo de Parque de Aeronáutica de Recife (NPqAerRF) em modelos destinados ao transporte de carga e pessoal, prolongando parcialmente sua vida útil em uma nova função operacional.

Em Escala.
Para representarmos o Lockheed A-28A Hudson “FAB 72” (número de série4 14-7172 aeronave que foi doada ao Ministério da Aeronáutica pela Fraternidade do Fole), empregamos o kit da Classic Airframes na escala 1/48. Para compormos a versão brasileira tivemos de construir em scratch o posto do metralhadora dorsal (estrutura, assento do operador e armamento), pois o kit vem originalmente equipado com a torre elétrica Bounton Paul. Fizemos uso de decais impressos artesanalmente sob encomenda em conjunto com  decais pertencentes a diversos sets da FCM Decals.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático empregado pela Força Aérea Real (Royal Air Force) durante a Segunda Guerra Mundial. Vale citar que mesmo após receberem as marcações nacionais, estas aeronaves mantiveram durante algum tempo a identificação da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF) nas partes inferiores das asas. Após o término do conflito os Lockheeds A-28 Hudsons receberiam um novo esquema de pintura em verde oliva e cinza, com este perdurando até o ano de 1947, quando as aeronaves remanescentes passaram a ostentar uma pintura em metal natural, com este esquema se mantendo até sua desativação.




Bibliografia :
- Bombardeiros Bimotores da FAB, Aparecido Camazano Alamino - C&R Editorial
- Lockheed Hudson – Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Lockheed_Hudson
- História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015  - Jackson Flores Jr

Embraer EMB-120 Brasília C-97

História e Desenvolvimento. 
No início da década de 1960, a Força Aérea Brasileira estava comprometida com um ambicioso programa de integração nacional. Nesse contexto, quase toda a sua frota de aeronaves Douglas C-47 e Beechcraft C-45 foi empregada, com o objetivo de expandir não apenas as linhas do Correio Aéreo Nacional (CAN), mas também de realizar missões de assistência logística e médica nas regiões mais remotas do país. Entretanto, com o passar dos anos e o uso intensivo, essas aeronaves começaram a apresentar desgastes estruturais significativos, o que impactou diretamente nos índices de indisponibilidade da frota. Esse problema foi agravado pelas dificuldades na obtenção de peças de reposição, sinalizando a necessidade urgente de substituir integralmente essa frota. Nesse cenário, o Coronel Ozires Silva apresentou ao comando da Aeronáutica a proposta de desenvolver uma aeronave bimotora nacional de médio porte. Seus esforços começaram a tomar forma em junho de 1965, em colaboração com o Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento do Centro Técnico Aeroespacial em São José dos Campos, SP, quando foi lançado o projeto IPD-6504. Este projeto envolvia uma aeronave bimotora de asa baixa, com estrutura metálica, medindo 12,74 m de comprimento, janelas em formato de bolha e capacidade para oito passageiros. A construção do primeiro protótipo foi iniciado em 1967, utilizando motores turboélice Pratt & Whitney PT6A-20, cada um com potência de 550 shp. A aeronave recebeu a designação oficial de YC-95 e foi batizada de "Bandeirante". O protótipo realizou seu primeiro voo em 22 de outubro de 1968 e, após leves ajustes no projeto da aeronave, foi oficialmente apresentado na semana seguinte em uma cerimonia no aeroporto de São José dos Campos (SP), sob a observação de autoridades, imprensa e de um público de 15 mil pessoas. Nesse mesmo ano, o Coronel Ozires Silva e sua equipe iniciaram esforços para buscar parcerias no setor privado nacional para a produção em série da nova aeronave. Apesar das muitas negativas enfrentadas, o Coronel não se deixou desanimar; uma grande oportunidade surgiu durante um encontro inesperado com o presidente Artur da Costa Silva, no qual ele conseguiu convencê-lo a investir no projeto de produção em série. Esse esforço resultou na criação de uma empresa estatal de capital misto, estabelecida na cidade de São José dos Campos, São Paulo, com sua fundação ocorrendo em 19 de agosto de 1969. A nova empresa recebeu o nome de Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A (Embraer), tendo o Coronel Ozires Silva como seu primeiro presidente, cargo que ocupou até 1986. Em 29 de junho de 1970, seu terceiro protótipo  alçou voo, e após modificações surgiria sua versão inicial de produção, o EMB-110, que, em sua versão civil, para até 12 passageiros, e uma maior capacidade de carga presente  no modelo militar C-95.

Devido ao seu design conceitual bem dimensionado para o mercado-alvo, a versão civil do Embraer EMB-110 Bandeirante rapidamente conquistou os primeiros contratos de exportação, sendo a empresa francesa de transporte regional Air Littoral seu primeiro cliente. O primeiro contrato militar do Embraer ocorreu em 1975, firmado com o governo do Uruguai. No mesmo ano, o modelo EMB-110 começou a conquistar o mercado civil norte-americano, tornando-se rapidamente uma referência nesse segmento. Os resultados positivos desse sucesso comercial permitiram à empresa obter os recursos e a tecnologia necessários para aspirar ao desenvolvimento de novas aeronaves com maior capacidade e desempenho. O próximo passo seria o projeto da primeira aeronave executiva pressurizada, o Embraer EMB-121 Xingu. Embora este modelo não tenha alcançado o mesmo nível de sucesso comercial que o EMB-110, ele elevou o patamar do know-how da empresa brasileira. Nesse momento, começou a se identificar uma demanda crescente no mercado internacional por aeronaves turboélices de porte médio, voltadas para operações em linhas aéreas regionais, com foco principalmente na Europa e na América do Norte. Diante disso, a equipe de projetos da Embraer iniciou o desenvolvimento de uma aeronave turboélice bimotora de porte médio, pressurizada, com capacidade para transportar até trinta passageiros. Esta aeronave deveria ser capaz de decolar em pistas curtas e não preparadas, proporcionando um bom desempenho aliado a um baixo consumo de combustível. O projeto do EMB-121 Xingu serviu como ponto de partida para o desenvolvimento dessa nova aeronave, que recebeu a designação inicial de EMB-120 Araguaia. Apesar de seu promissor design estético, esse projeto apresentou limitações operacionais, principalmente por ser uma versão derivada de um modelo de pequeno porte. Em 1979, o projeto foi retomado com o objetivo de criar uma aeronave do zero, visando atender às demandas específicas desse promissor nicho de mercado. O modelo manteve a designação de EMB-120, sendo batizado de "Brasília", em homenagem à capital federal. Para atender ao perfil operacional exigido, foram escolhidos os confiáveis motores turboélices Pratt & Whitney Canadá PW-115, com 1.500 hp de potência cada, operando em conjunto com novas hélices desenvolvidas pela Hamilton Standard, que apresentavam quatro lâminas em material composto leve e resistente. Adicionalmente, suas novas asas tinham uma configuração de perfil supercrítico, permitindo ao bimotor brasileiro alcançar velocidades superiores a 500 km/h. A fuselagem possuía um diâmetro de 2,28 metros e apresentava um arranjo duplo de assentos: uma unidade isolada à esquerda e dois à direita. No que tange ao conforto interno, a altura da cabine de 1,76 metro foi identificada como uma característica negativa, pois poderia ocasionar desconforto a passageiros de estatura mais elevada.
A aeronave também incorporava diversas comodidades que eram inéditas para essa categoria de modelo, incluindo um sistema de ar-condicionado destinado ao uso contínuo durante o voo e a possibilidade de adoção de um sistema auxiliar de geração de energia (APU - Auxiliary Power Unit). Este último era especialmente relevante para operações em aeródromos que careciam de suporte em terra, pois permitia manter o ar-condicionado em funcionamento durante toda a permanência da aeronave no solo, proporcionando um conforto adicional aos passageiros. O desenvolvimento do projeto avançou de maneira acelerada, com o primeiro mockup concluído em 1981. Após ser submetido a ensaios aerodinâmicos, o modelo recebeu a aprovação para a construção do primeiro protótipo. Em 29 de julho de 1983, nas instalações da Embraer em São José dos Campos, SP, ocorreu a apresentação oficial e o batismo do protótipo, que recebeu a matrícula civil PT-ZBA. Esta aeronave se destacou por seu vistoso revestimento em alumínio polido e acabamento espelhado, desenvolvido e fabricado especialmente pela Alcoa S/A para este projeto. O primeiro voo da aeronave aconteceu no mesmo dia, gerando grande interesse e curiosidade entre os presentes. Esse evento representou o primeiro lançamento de uma aeronave desenvolvida e produzida pela Empresa Brasileira de Aeronáutica – Embraer S/A, e contou com a presença da imprensa especializada internacional, representantes de diversas empresas aéreas de transporte regional, tanto nacionais quanto internacionais, além de fornecedores e parceiros comerciais. Em dezembro desse mesmo ano, a empresa foi agraciada com o prêmio "Destaque Nacional de Marketing" pela Associação Brasileira de Marketing (ABM), em reconhecimento ao impacto significativo da cerimônia de lançamento oficial do Embraer EMB-120 Brasília, tanto no cenário nacional quanto internacional. Após a realização de melhorias requisitadas com base nos resultados obtidos durante um extenso programa de ensaios em voo, a nova aeronave recebeu autorização para a produção em série, com o início desse processo programado para o final de 1985. No final de maio do ano seguinte, a aeronave obteve a homologação operacional para uso nacional, concedida pelo Centro Tecnológico de Aeronáutica (CTA). Logo depois, em junho, o Embraer EMB-120 Brasília recebeu a autorização da Federal Aviation Administration (FAA) para operação no mercado civil norte-americano. Em sequência, a Civil Aviation Authority (CAA) concedeu à aeronave nacional a autorização para a operação comercial no Reino Unido.

Diferentemente do Embraer EMB-110 Bandeirante, cuja trajetória teve início em 1974, com atuação inicial nos mercados militar e civil brasileiros, a nova aeronave da Empresa Brasileira de Aeronáutica  foi concebida para estrear no mercado internacional de transporte regional civil, tanto em termos comerciais quanto operacionais. Cabe destacar que, antes mesmo de sua primeira entrega, o Embraer EMB-120 Brasília já era reconhecido como a aeronave mais vendida de sua categoria em todo o mundo, assegurando inúmeros contratos e opções de compra junto a empresas de transporte regional nos Estados Unidos e na Europa Ocidental. Em meados de 1985, a companhia aérea norte-americana Atlantic Southeast Airlines, sediada em Atlanta, no estado da Geórgia, tornou-se a primeira operadora de transporte aéreo regional a receber o EMB-120 Brasília. Em setembro daquele ano, esta aeronave realizou seu voo inaugural em operação regular, conectando as cidades de Gainesville, na Flórida, e Atlanta, na Geórgia. No ano seguinte, em 1986, o Embraer EMB-120 Brasília alcançou um marco histórico ao se tornar a primeira aeronave brasileira homologada para operações civis na Alemanha, consolidando ainda mais o prestígio da Embraer S/A no cenário global. No mercado brasileiro, a aeronave teve como primeiro operador nacional a empresa Rio Sul Serviços Aéreos Regionais S/A, uma subsidiária da Varig S/A, a partir de 1988. Nos anos subsequentes, o EMB-120 Brasília passou a integrar as operações de diversas companhias aéreas nacionais, como Passaredo Linhas Aéreas, Air Minas, Pantanal Linhas Aéreas, Ocean Air, Nordeste Linhas Aéreas, Penta Pena Transportes Aéreos, KMW Táxi Aéreo, América Air, Trip Linhas Aéreas, Sete Linhas Aéreas, Tavaj Táxi Aéreo, Rico Transportes Aéreos e Interbrasil Star, esta última uma subsidiária da Transbrasil S/A. Logo o modelo se tornaria também o principal vetor de transporte aéreo regional no Brasil. No âmbito internacional, o EMB-120 Brasília foi adotado por 33 empresas de transporte regional, distribuídas em 14 países, abrangendo quatro continentes. Em 1994, a aeronave já era considerada o modelo regional mais utilizado globalmente, com uma frota que acumulava mais de três milhões de horas de voo. Até os dias atuais, o Embraer EMB-120 Brasília permanece em operação em diversas companhias ao redor do mundo, evidenciando sua relevância e durabilidade no setor da aviação regional.
Além da configuração inicial do Embraer EMB-120 Brasília, destinada ao transporte de passageiros, foram desenvolvidas variantes especializadas para atender a demandas específicas. Entre elas, destaca-se o Embraer EMB-120ER (Extended Range), uma versão projetada com maior autonomia para operações de longo alcance, e o Embraer EMB-120RT, uma variante voltada ao transporte de carga. Esta última foi equipada com uma porta lateral localizada na parte posterior esquerda da fuselagem, oferecendo um compartimento de carga com volume de 31 metros cúbicos. Ressalta-se que o modelo EMB-120RT permitia a combinação do transporte de passageiros e cargas, conferindo-lhe versatilidade operacional. Na década de 1990, a Embraer S/A apresentou às autoridades aeronáuticas do Brasil, dos Estados Unidos e da Europa um novo Plano de Manutenção Programada para o EMB-120 Brasília. Esse plano resultou em uma redução aproximada de 25% nos custos de manutenção programada da aeronave, ao estabelecer intervalos mais amplos entre as revisões e diminuir o tempo de imobilização em solo para tais procedimentos. Como consequência, houve um incremento na produtividade e uma redução adicional nos custos operacionais, o que tornou o Embraer EMB-120 Brasília ainda mais competitivo no mercado. Adicionalmente, a capacidade da aeronave de realizar pousos e decolagens em pistas curtas atraiu o interesse das forças aéreas de países como Brasil, Uruguai, Angola e Equador. Essas instituições buscavam uma aeronave de médio alcance para o transporte VIP (Very Important Person), capaz de complementar frotas compostas por aeronaves de maior porte propulsionadas a reação, ampliando assim suas opções operacionais. Sua produção seria encerrada em 2001 com 353 aeronaves entregue, quando já estava sendo produzido o seu modelo sucessor, o jato regional ERJ-145. A maior parte das aeronaves construídas continuam em serviço, transportando passageiros e cargas aéreas em viagens regionais. A própria Embraer usa um Brasilia, número de série 323, de matrícula PT-SXP, para transportar funcionários entre as fábricas de São José dos Campos (matriz), Gavião Peixoto e Botucatu, numa operação shuttle. 

Emprego na Força Aérea Brasileira.
A partir de 1935, a Aviação Militar do Exército Brasileiro deu início a uma série de programas voltados à aquisição de aeronaves, com o propósito de substituir grande parte de seu material aeronáutico, então em estado de obsolescência. Entre as prioridades definidas, sobressaiu-se a necessidade de modernizar a aviação de transporte, que, à época, dependia predominantemente de aeronaves monomotoras de pequeno porte, como os modelos Waco CJC, CPF-5 e CSO. Apesar de desempenharem funções valiosas no âmbito do Correio Aéreo Militar (CAM), esses aviões apresentavam limitações significativas em termos de capacidade para o transporte de carga e pessoal, especialmente no que tange ao deslocamento de autoridades militares e governamentais em viagens pelo interior do país. Nesse contexto, em 1937, as autoridades militares decidiram priorizar a aquisição de uma aeronave projetada especificamente para o transporte de autoridades do Exército Brasileiro e do Governo Federal, dotada de características que atendessem de maneira mais eficaz às exigências estratégicas dessa missão. Esse processo culminou, no segundo semestre daquele ano, na aquisição de duas unidades do modelo Lockheed 12A Electra Junior. Após alcançarem plena operacionalidade, essas aeronaves passaram a realizar missões em prol de autoridades militares e de diversos setores do governo federal, incluindo o então Presidente da República, Getúlio Vargas. Dentre os pilotos designados para operá-las, destacou-se o Capitão Nero Moura, que posteriormente comandaria o 1º Grupo de Aviação de Caça durante a campanha da Itália. Em 1941, já sob a égide da recém-criada Força Aérea Brasileira (FAB), foi instituída a Seção de Aviões de Comando, que utilizava as aeronaves Lockheed L-12A Electra Junior. Essas foram logo complementadas pelos modelos Lockheed Model 18 VC-60 e VC-66 Lodestar, os quais, por sua vez, seriam substituídos com notável eficiência pelos Douglas VC-47. A introdução de aeronaves a reação para o transporte executivo de funcionários de escalões intermediários do Governo Federal ocorreu em 1968, com a adoção dos jatos britânicos Hawker Siddeley HS-125 VC-93, que atenderam satisfatoriamente às missões a eles confiadas ao longo dos anos seguintes. Em meados da década de 1980, o Ministério da Aeronáutica (MAer) buscou fortalecer sua capacidade de transporte executivo VIP (Very Important Person), visando atender e complementar destinos secundários até então servidos pelos Embraer EMB-121 VU-9 Xingu. Embora essas aeronaves operassem com elevado desempenho em suas missões, apresentavam limitações consideráveis no transporte de passageiros devido ao seu reduzido porte.

Naquele mesmo período, o Embraer EMB-120 Brasília começava a demonstrar resultados operacionais excepcionais no mercado internacional de aviação civil, especialmente na Europa e na América do Norte. Esse desempenho notável influenciou positivamente o Comando da Aeronáutica (COMAer) a optar pela aquisição dessa aeronave para atender às suas necessidades de transporte. Assim, no final de 1986, foi firmado um contrato entre a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer S/A) e o Ministério da Aeronáutica (MAer) para o fornecimento de cinco unidades novas de fábrica. O acordo contemplava a escolha da versão combinada de carga e passageiros, designada pelo fabricante como EMB-120RT (Reduced Take-off Weight) Brasília, configurada com um interior especial para o transporte de autoridades (VIP) e capacidade para até 12 passageiros. A Força Aérea Brasileira (FAB) tornou-se o primeiro operador do Embraer EMB-120 Brasília no país, uma vez que somente em 1988 o modelo seria adotado por um operador civil nacional, a Rio Sul Serviços Aéreos Regionais S/A. A primeira aeronave, designada VC-97 e registrada com a matrícula FAB 2001, foi entregue ao Grupo de Transporte Especial (GTE), sediado na Base Aérea de Brasília, em 3 de janeiro de 1987. As operações em benefício dessa unidade tiveram início em 27 de fevereiro do mesmo ano, marcando o começo da utilização militar da aeronave da Embraer S/A no Brasil. Contudo, no GTE, os EMB-120RT Brasília, agora classificados como VC-97, tiveram uma trajetória breve. Em março de 1988, todas as unidades foram transferidas para o 6º Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA), também baseado na Base Aérea de Brasília. Nesse contexto, as aeronaves registradas como FAB 2003 e FAB 2004 foram entregues diretamente a essa unidade. Infelizmente, a aeronave VC-97 Brasília, matrícula FAB 2001, foi perdida em um acidente ocorrido em junho de 1987, durante um pouso em São José dos Campos, no interior de São Paulo, resultando na destruição total da aeronave e na perda da tripulação. Cabe destacar que, da encomenda inicial de cinco unidades, apenas quatro foram efetivamente entregues. O quinto VC-97 Brasília, de matrícula FAB 2005, embora concluído e pintado nas cores oficiais, teve seu pedido cancelado pelo Ministério da Aeronáutica (MAer) e foi posteriormente revendido a uma empresa de transporte aéreo regional de Angola. Apesar dessa decisão peculiar, outra unidade do EMB-120RT Brasília foi incorporada à Força Aérea Brasileira (FAB). Tratava-se do terceiro protótipo do modelo, originalmente pertencente à frota da Embraer S/A e registrado com a matrícula civil PP-ZBB. Essa aeronave foi integrada à Força Aérea Brasileira em julho de 1987, recebendo a designação YC-97 e a matrícula FAB 2000. Destinada ao Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA), ela passou a ser utilizada pelo Grupo de Ensaios em Voo (GEEV), sediado em São José dos Campos, São Paulo.
Em 2005, esta aeronave seria transferida para o Parque de Material dos Afonsos (PAMAAF) na cidade do Rio de Janeiro - RJ, para operar como aeronave orgânica, daquele que é o parque apoiador do modelo na Força Aérea Brasileira, e em 2011 o FAB 2000 seria redesignado como C-97 Brasília. A partir do ano de 1988, seriam adquiridas mais aeronaves, agora usadas originarias do mercado civil de transporte aéreo, sendo retomadas como parte de pagamentos não efetuados junto a empréstimos contratados pelas empresas Rio Sul Serviços Aéreos Regionais S/A e Nordeste Linhas Aérea S/A, junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). Esta nova incorporação seria disposta em dois lotes, sendo o primeiro composto por três aeronaves do modelo EMB-120RT e o segundo por nove células do modelo EMB-120ER (Extended Range), com esta última versão aprimorada, estando equipada com novos motores e maior raio de alcance.  Destas novas aeronaves, apenas uma célula do EMB-120ER Brasília, seria configurada na versão transporte executivo VIP (Very Important Person), recebendo a designação de VC-97 e matrícula FAB 2010, com alocação junto ao 6º Esquadrão de Transporte Aéreo (ETA). As demais células seriam configuradas na versão de transporte de carga e passageiros recebendo a designação de C-97, com as aeronaves homologadas para emprego em missões na configuração cargueiro Single Cargo Net, com a capacidade de até três mil e quinhentos quilos, ou na versão Combi (combinada), que comportava até dezenove passageiros e 1.500 kg de carga. Estas “novas” aeronaves receberiam as matriculas "FAB 2005, FAB 2006, FAB 2007, FAB 2008, FAB 2009, FAB 2011, FAB 2012, FAB 2013, FAB 2014, FAB  2015 e FAB 2016",  e passariam a operar junto ao 3º Esquadrão de Transporte Aéreo (3º ETA) baseado no Rio de Janeiro, 6º Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA) baseado em Brasília, 7º Esquadrão de Transporte Aéreo (7º ETA) baseado em Manaus. Neste contexto seriam empregas em diversas tarefas de transporte, entre elas apoio ao estabelecimento da estrutural operacional pertinente ao   Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM). Uma única aeronave seria alocada ao Grupo Especial de Ensaios em Voo (GEEV) na cidade de São José dos Campos, para operar como aeronave orgânica da unidade. 

Em meados da primeira década do século XXI, tornou-se evidente a obsolescência da frota de aeronaves Embraer C-95 Bandeirante, especialmente das primeiras unidades incorporadas na década de 1970. Diante dessa constatação, fez-se necessário iniciar um processo de substituição dessas aeronaves. A primeira medida concreta nesse sentido ocorreu em 2009, com a aquisição de quatro unidades usadas do modelo Embraer EMB-120ER Brasília, provenientes do mercado civil norte-americano. Essas "novas" aeronaves, designadas C-97 Brasília, receberam as matrículas FAB 2017 a FAB 2020, permitindo equipar ao menos o 2º Esquadrão de Transporte Aéreo (2º ETA), o 4º Esquadrão de Transporte Aéreo (4º ETA) e o 5º Esquadrão de Transporte Aéreo (5º ETA). Com isso, todos os esquadrões de transporte da Força Aérea Brasileira passaram a contar com pelo menos uma unidade do C-97 Brasília em suas frotas, o que elevou significativamente a capacidade operacional da aviação de transporte. Ao longo dos anos, a Força Aérea Brasileira (FAB) adquiriu um total de 21 aeronaves da família EMB-120, das quais 20 permanecem em operação até o presente momento. Essas unidades estão distribuídas entre os sete Esquadrões de Transporte Aéreo (ETA) e o Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMAAF), no Rio de Janeiro, onde uma aeronave opera exclusivamente como unidade orgânica de suporte daquele parque. O excelente desempenho operacional do C-97 Brasília posicionou-o como uma das opções consideradas para o processo de substituição dos modelos Embraer C-95B e C-95C, ainda em serviço na FAB. Nesse contexto, a Embraer S/A apresentou uma proposta que envolvia uma versão customizada do EMB-120 Brasília, adaptada especificamente para o transporte militar de carga. O plano previa a aquisição de pelo menos 20 aeronaves usadas das versões mais recentes do modelo no mercado internacional. Essas unidades seriam revisadas e convertidas em parceria com a Força Aérea Brasileira Força Aérea Brasileira (FAB) nas instalações da empresa, recebendo modificações como piso reforçado, portas de carga (adequadas para o lançamento de paraquedistas e fardos) e uma modernização completa de seus sistemas aviônicos. Contudo, esse estudo conceitual não avançou além da fase de projeto. Diante desse impasse, o Comando da Aeronáutica (COMAer) optou por implementar um processo de modernização de uma parcela da frota remanescente de aeronaves Embraer C-95 Bandeirante, em vez de prosseguir com a substituição integral por novas unidades do C-97 Brasília.
O Embraer EMB-120 Brasília voltou a ser considerado pela Força Aérea Brasileira (FAB) para emprego especializado no âmbito dos estudos relacionados ao projeto SIPAM (Sistema de Proteção da Amazônia), que visava equipar o programa SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia) com seu braço aéreo e armado adequados as demandas deste projeto.  Inicialmente, os estudos apontavam o Embraer EMB-120RT Brasília como uma plataforma potencial para a integração do radar  aerotransportado  sueco Saab Electronic Defence Systems Erieye, selecionado para ser sistema de alerta e controle aéreo antecipado (AEW&C) deste programa.  Contudo, um atraso de aproximadamente dois anos e meio na negociação e na efetivação do contrato — originalmente previsto para iniciar em 1995, mas implementado apenas em 25 de julho de 1997 — proporcionou um período adicional para a avaliação da aeronave como plataforma para este sistema. Durante esse intervalo de tempo, foram identificadas restrições operacionais significativas, o que levou à substituição do Embraer C-97 Brasília como plataforma especializada pelo novo jato regional Embraer ERJ-145. Recém-lançado no mercado internacional à época, o ERJ-145 demonstrou-se mais adequado às exigências do programa, principalmente em termos de desempenho e autonomia. Atualmente, os Embraer C-97 Brasília permanecem em serviço na Força Aérea Brasileira, desempenhando missões como transporte de autoridades (VIP - Very Important Person), transporte de cargas, ligação entre bases e remoção aeromédica. Essas aeronaves operam de forma complementar aos modernizados Embraer C-95BM e C-95CM e em conjunto com os CASA C-105 Amazonas. Em 2018, foi estabelecido que as unidades remanescentes do C-97 Brasília seriam submetidos a uma completa revisão estrutural e um processo de modernização, com foco principal na atualização da aviônica e dos sistemas de comunicação. Esse programa tem o potencial de estender a vida útil dessas aeronaves por mais 15 anos.

Em Escala.
Para representarmos o Embraer EM-120RT Brasília VC-97 “FAB 2002” empregamos a nova versão do kit em resina do fabricante GIIC Models na escala 1/72, modelo de fácil montagem que possibilita apresentar a aeronave com as portas de passageiros e carga abertas. Fizemos uso do set original do modelo combinados com decais confeccionados pela Duarte Decais oriundos de diversos sets.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o esquema tático “cinza londrino” aplicado nestas aeronaves a a partir de fins da década de 1990. Anteriormente estas aeronaves receberiam o padrão de pintura VIP (Very Important Person) aplicado nas aeronaves em serviço no Grupo Especial de Transporte (GTE). Já o YC-97 Brasília FAB 2000 manteria nos primeiros anos o padrão de acabamento metálico original do primeiro protótipo.


Bibliografia :

- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 Jackson Flores Junior
- O Projeto SIVAM e a Embraer – Revista Flap http://www.revistaflap.com.br
História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html

Royal Factory British S.E.5.A

História e Desenvolvimento.
A história da Royal Aircraft Establishment (RAE), tem sua gênese entre os anos de 1904 a 1906 na Fábrica de Balões do Exército Real estabelecida na cidade de Aldershot, se mudando posteriormente para instalações mais amplas em 1908 para a região de Farnborough Common. Neste momento seriam iniciados os primeiros projetos de dirigíveis viáveis para emprego militar e civil, e também as primeiras iniciativas para a produção de aeronaves mais pesadas que o ar, projetadas pelo engenheiro norte-americano Samuel Franklin Cody. E em outubro de 1908, Cody faria o primeiro voo de avião na Grã-Bretanha em Farnborough. No ano seguinte esta operação seria desmilitarizada, sendo então colocada sobre o controle civil, com a empresa passando a ser gerida pelo engenheiro Mervyn O'Gorman. Nos anos seguintes seu foco seria cada vez mais direcionado ao desenvolvimento de aviões, e ano de 1912 a empresa seria renomeada como Royal Aircraft Factory – RAF (Fábrica Real de Aeronaves). Curiosamente seu primeiro engenheiro chefe e designer seria Geoffrey de Havilland (que mais tarde fundaria uma dos mais importantes construtores aeronáuticos do século), a este se seguiriam outros futuros expoentes da indústria aeronáutica como John Kenworthy,  Henry Folland,  Major F.M. Green, G.S. Wilkinson, James E. "Jimmy" Ellor, Prof. A.H. Gibson e A.A. Griffith e Samuel Dalziel Heron. m 1918, a Royal Aircraft Factory seria mais uma vez renomeada, tornando-se o Royal Aircraft Establishment (RAE) para assim evitar confusão com a Royal Air Force, que fora formada em 1 de abril de 1918, e porque havia abandonado seu papel de fabricação para se concentrar na pesquisa. Vários projetos iniciais da empresa seriam oficialmente considerados como "reconstruções" de aeronaves existentes porque a fábrica inicialmente não tinha autoridade oficial para produzir aeronaves com seu próprio projeto. Seu primeiro projeto de grande sucesso seria o Royal Aircraft Factory B.E.2, uma aeronave biplana monomotora de dois lugares, desenvolvido a partir de 1912, sendo produzidos um total de três mil aeronaves. A estes até o ano de 1915 seriam lançados novos modelos como o Royal Aircraft Factory B.E.3 , B.E.4, R.E.1, H.R.E.2, B.E.8, F.E.2, R.E.5, F.E.6, R.E.7, B.E.12, F.E.8 e S.E.4A. Neste mesmo período a empresaria produziria também um modelo de dirigível de patrulha denominado como Classe SS (Submarine Scout), desenvolvidos com alguma urgência para combater a ameaça alemã de submarinos à navegação britânica durante a Primeira Guerra Mundial.

Durante os dois primeiros anos da Primeira Guerra Mundial, os modelos de caças britânicos passariam a ser rapidamente pelos novos caças alemães , levando assim a necessidade de se buscar uma solução que pudesse equalizar esta situação. Dentre as principais deficiências dos caças aliados neste período estava sua velocidade máxima final, e neste contexto o primeiro passo do projeto seria a escolha do motor, com este sendo definido pelo novo modelo Hispano-Suiza 150  V8 de 112 hp (8 kW), sendo esta classificada como uma aposta de risco, pois este grupo propulsor era inicialmente subdesenvolvido e não confiável. Com base neste ponto, o novo caça começaria a ser desenvolvido pelo corpo de projetos da Royal Aircraft Factory liderada por Henry Folland, John Kenworthy e o Major Frank Goodden, este projeto receberia a designação de S.E.5 (Scout Experimental 5). O primeiro dos três protótipos iniciais alçaria voo no dia 22 de novembro de 1916, infelizmente logo em seguida os dois primeiros protótipos seriam perdidos em acidentes, com o primeiro vitimando o piloto de testes chefe da Royal Aircraft Factory, Major Frank Goodden, em 28 de janeiro de 1917. Estudos destes acidentes indicariam como principal causa falhas estruturais de projeto na concepção das asas da aeronave, levando a introdução de correções na construção do terceiro protótipo. O programa de ensaios em voo o tornaria entre seus usuários uma aeronave de características positivas, sendo excepcionalmente forte, que podia ser conduzida em altas velocidades de mergulho, com suas asas de formato mais quadrada proporcionando um controle lateral muito melhor em baixas velocidades aéreas. Como as outras aeronaves representativas desenvolvidas e produzidas pela Royal Aircraft Factory durante o conflito (B.E.2, F.E.2 e R.E.8), o S.E.5 era inerentemente estável, tornando-se uma excelente plataforma de artilharia, mas também sendo bastante manobrável. Seria uma das aeronaves mais rápidas da guerra atingindo 222 km/h, se igualando em velocidade ao SPAD S.XIII e mais rápido do que qualquer tipo alemão padrão do período. Embora o Royal Aircraft Factory S.E.5 não fosse tão ágil e eficaz em um duelo de combate apertado quanto o Sopwith Camel, este novo caça era muito mais fácil e seguro voar, sendo particularmente amistoso para os pilotos novatos.
Apesar destas características positivas, apenas setenta e sete células do Royal Aircraft Factory S.E.5 seriam produzidas, pois durante este tempo, o corpo de projetos da empresa já estudava a implementação de melhorias na aeronave, nascendo assim o S.E.5.A. Estas novas aeronaves diferiam dos últimos lotes produzidos da versão original por disporem do motor Hispano-Suiza 200 8Ab V8 de 200hp, operando na maioria das aeronaves em conjunto com uma grande hélice de quatro pás de rotação no sentido horário. Os testes preliminares se mostrariam positivos levando assim a decisão por sua produção em grande escala. Esta definição seria reforçada quando da entrada dos Estados Unidos na guerra europeia em abril de 1917, seriam discutidos planos para vários fabricantes de aeronaves americanas iniciarem a produção em massa de aeronaves já em serviço com as potências aliadas, sendo um desses caças o S.E.5.A. Para atender as demandas iniciais da à Força Expedicionária Americana - AEF (American Expeditionary Force), seria firmado um contrato para a aquisição de trinta e oito células produzidas pela Austin Motors na Grã-Bretanha, com estas aeronaves sendo entregues na Europa para equipar os esquadrões de caça do Exército Americano (US Army). Um segundo contrato agora na ordem de mil aeronaves deste modelo seria celebrado prevendo sua fabricação sob licença nos Estados Unidos pela Curtiss Aeroplane and Motor Company. No entanto, apenas uma aeronave construída neste processo seria concluída antes do fim do conflito, fato este que eliminaria a necessidade de incorporação destas aeronaves, ao todo somente cinquenta e seis células seriam efetivamente montadas, fazendo uso de componentes já entregues. Já na Europa, o cronograma de produção seria profundamente afetado pelo suprimento muito limitado de motores Hispano-Suiza construídos na França, e assim os esquadrões destinados a receber o novo caça tiveram que empregar os limitados modelos Airco DH 5s e o Nieuport 24s até o início de 1918. Neste contexto diversas alternativas passariam a ser estudadas visando a possível troca do grupo propulsor, pois além de atender a alta demanda por motores, os modelos Hispano-Suiza apesar de revolucionários quando comparados aos motores radiais rotativos, ainda eram considerados problemáticos, com registros de várias ocorrências onde falhas no sistema de redução de marchas causavam quebras conjunto levando a separação do motor e do restante da fuselagem em pleno voo. Neste mesmo período a Wolseley Motors Limited, detentora de um contrato de fabricação sob licença deste modelo de motor passaria a estudar melhorias em seu projeto original, o que resultaria na criação do Wolseley Viper de 200 hp (149 kW), uma versão de alta compressão e acionamento direto do Hispano-Suiza 8Ab. Este novo motor praticamente eliminaria todos os problemas do motor francês, passando assim a ser adotado como padrão para todas as versões desta aeronave, o que possibilitaria atender as demandas contratuais de produção.  

O início da operação dos Royal Aircraft Factory S.E.5 junto ao 56º Esquadrão do Corpo Aéreo Real  (Royal Flying Corps), em março de 1917, não seria muito virtuoso, com seus pilotos desconfiando do real potencial da aeronave, sendo que seu batismo de fogo somente ocorreria em 22 de abril. Estava equipado inicialmente com uma única metralhadora Vickers sincronizada de .303 polegadas, em contraste com as duas do Sopwith Camel, mas também podia portar uma arma leve Lewis montada na asa, o que permitia ao piloto disparar contra uma aeronave inimiga de baixo. Esta configuração seria muito apreciada pelos pilotos dos primeiros esquadrões, porém no início a engrenagem de sincronização para a metralhadora Vickers não era confiável. Normalmente, os carregadores sobressalentes para a arma Lewis teriam sido colocados na maior parte do espaço livre no cockpit, incluindo as áreas dianteiras, como o painel de instrumentação. O uso operacional no dia a dia viria a mudar esta percepção, pois enquanto os pilotos, alguns dos quais estavam inicialmente desapontados com o S.E.5, rapidamente passariam a apreciar sua força e excelentes qualidades de voo, com as impressões negativas se resumindo apenas na pouca potência de seu motor. No entanto esta falha seria sanada a partir de junho do mesmo ano quando entraria em serviço o novo S.E.5.A., nesta época o Esquadrão 56 ainda era a única unidade que voava o novo caça; na verdade, seria a única unidade operacional a ser totalmente equipada com esta aeronave, com os demais empregando uma grande gama de modelos de aviões de combate. O reequipamento dos demais esquadrões de caça seria postergado devido a escassez iniciais dos motores franceses, uma vez que os motores Wolseley Viper de 200 hp passaram a equipar o modelo, mais aeronaves começaram a ficar disponíveis possibilitando equipar novas unidades na linha de frente. Os S.E.5.A individuais em serviço recebiam frequentemente personalizações e ajustes especificados pelo usuário a pedido de seus pilotos. As mudanças populares incluíram a redução do diedro das asas, a fim de aumentar a sua manobrabilidade e a remoção da carenagem da cabeça para aumentar a visibilidade do piloto para a parte traseira. Próximo ao final do conflito os Royal Aircraft Factory S.E.5.A dotavam nada menos que vinte um esquadrões do Corpo Aéreo Real  (Royal Flying Corps),, bem como duas unidades de caça do Serviço Aéreo do Exército dos Estados Unidos (United States Army Air Service – USAAS). Muitos dos principais ases aliados da Grande Guerra voaram neste caça, incluindo Billy Bishop, Andrew Beauchamp-Proctor, Edward Mannock e James McCudden. O lendário ás britânico Albert Ball inicialmente teceria grandes críticas a aeronave, porém ao termino do conflito amealharia onze de suas quarenta e quatro vitorias a bordo de um Royal Aircraft Factory S.E.5.A
Logo após o Armistício em 11 de novembro de 1918, os Royal Aircraft Factory S.E.5.A começariam a ser gradativamente retirados do serviço ativo junto a Corpo Aéreo Real  (Royal Flying Corps), com este movimento sendo acompanhado pelo Serviço Aéreo do Exército dos Estados Unidos (United States Army Air Service – USAAS). A única arma aérea a empregar por mais tempo a aeronave seria a Força Aérea Real Canadense (RCAF Royal Canadian Air Force), mantendo o modelo em operação em dois esquadrões da linha de frente até meados do ano de 1921. O termino do conflito e a consequente desmobilização das forças armadas aliadas iria gera um grande excedente de aeronaves, que passariam a ser comercializadas a preços módico para diversos países, com os Royal Aircraft Factory S.E.5.A sendo posteriormente empregados pela Argentina, África do Sul, Brasil, Chile, Irlanda, Polonia e por ultimo a Australia que receberia trinta e cinco aeronaves nos termos do programa “Imperial Gift” (doação de aeronaves de estoques excedentes na Grã-Bretanha após a Primeira Guerra Mundial para os domínios do Império Britânico), com a aeronave passando a ser o principal caça da recém criada Real Força Aérea Australiana (RAAF – Royal Australian Air Force) até o final da década de 1920. Porém grande parte das aeronaves excedentes de guerra, encontrariam emprego no mercado civil, seja em tarefas de treinamento, transporte, modalidade esportiva ou atividades publicitárias. Uma dessas aeronaves de propriedade privada venceria a corrida Morris Cup em 1927. Ao todo até dezembro de 1918 seriam produzidas quase seis mil células desta família, construídos por seis fabricantes: Austin Motors, Air Navigation and Engineering Company, Curtiss Aeroplane and Motor Company, Martinsyde Motors, Royal Aircraft Factory, Vickers Armstrong Limited e Wolseley Motors Limited .

Emprego no Exército Brasileiro. 
A origem da Aviação Militar do Exército Brasileiro tem como cenário os campos de batalha de Humaitá e Curupaiti, na Guerra da Tríplice Aliança em 1867. Ao patrono do Exército Brasileiro Luiz Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias, coube o pioneirismo de empregar balões cativos em operações militares na América do Sul, com a finalidade de observar as linhas inimigas. Foi o chefe militar que já estava atento a importância da terceira dimensão do campo de batalha para o desdobramento das manobras. Legou ao Exército Brasileiro a honra de ter sido a primeira força a utilizar balões para observação e busca de informações, o que possibilitou as forças aliadas observar as formidáveis fortificações paraguaias de Curupaiti e Humaitá, e assim auxiliar de maneira decisiva no planejamento e a montagem da ofensiva de grande porte. Após a guerra, foi criado o Serviço de Aerostação Militar, cujas atividades balonísticas se desenvolveram por mais quarenta e sete anos. Em 1913, seria criada a Escola Brasileira de Aviação (EsBAv) no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro (RJ), ocasião em que foram adquiridos os primeiros aviões do exército de fabricação italiana. A eclosão e o desenrolar da Primeira Guerra Mundial, traria um grande avanço tecnológico em termos de armas, equipamentos e doutrina de atuação, os efeitos seriam sentidos em todos os cantos do mundo, e neste cenário o comando das duas Forças Armadas Brasileiras, concluíram em conjunto que suas forças militares se encontravam obsoletas diante desta nova realidade. No intuito de reverter este cenário, o governo brasileiro, a partir do segundo semestre do ano de 1918, iniciou tratativas junto ao governo francês, a fim de estudar o desenvolvimento de consultoria e assessoria militar no intuito de modernizar as Forças Armadas Brasileiras. As negociações para o contrato ocorreram em Paris, entre o adido militar brasileiro na França, coronel Malan d’Angrogne, e o ministro da Guerra francês, Georges Clemenceau. O contrato seria assinado poucos meses depois na capital francesa e ratificado logo em seguida no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, criando assim oficialmente a “Missão Militar Francesa”.

Os termos deste contrato internacional estipulavam que oficiais franceses comandariam durante quatro anos as escolas de Estado-Maior (EEM), de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), de Intendência e Veterinária; e que o Brasil se comprometia a privilegiar a indústria francesa em suas compras de armas e equipamentos militares com a condição de que o material oferecido, o prazo de entrega e os preços fossem no mínimo equivalentes aos de outros países fornecedores. Para o Brasil, o contrato representaria um grande passo na direção da profissionalização e modernização de sua força terrestre e consequentemente contribuiria para fortalecer seu poder militar. E neste novo cenário o Exército Brasileiro decidiu retomar as atividades da aviação militar, criando assim o embrião de sua nova arma aérea em maio 1919, a Escola de Formação de Aviadores Militares, precursora do atual Centro de Instrução de Aviação do Exército (CIAvEx). Esta operação seria oficialmente iniciada no dia 10 de julho do mesmo ano, contando principalmente com o apoio de instrutores e mecânicos franceses, fazendo inicialmente o emprego de aeronaves de treinamento de fabricação nacional Villela Aribú e Villela Alagoas (primeiros modelos militarizados produzidos em série no país). Porém o acordo firmado entre os governos do Brasil e da França para a organização de uma escola de aviação do Exército Brasileiro envolveria a aquisição de muitas aeronaves, principalmente oriundas da indústria de construção aeronáutica daquele pais. Destes a maioria deveria ser composta por aviões de treinamento a serem utilizados na formação dos futuros aviadores da recém-formada Aviação Militar. Contudo, alguns não eram exclusivamente de instrução de voo, mas aeronaves de caça, observação e bombardeio destinadas não somente a dar instrução de emprego, mas possibilitar assim a criação de um núcleo de uma aviação de combate.
Neste contexto, para equipar esta organização seriam inicialmente adquiridos uma variada gama de aeronaves muitas das quais usadas, de origem francesa, inglesa e italiana, sendo na ordem de um Morane-Saulnier Type P(MoS.21), seis Nieuport 24 bis, quatorze Nieuport 83E2, sete Nieuport 82E2 e três caças Sopwith 1A2 que poderiam ser empregados eventualmente em missões de reconhecimento e interceptação.  Entre fins do ano de 1919 e meados do ano de 1920 mais aeronaves seriam incorporadas agora dos modelos Nieuport Ni21E1, Breguet 14A2 e 14B2, Spad XIII, Nieuport 80E2, Nieuport 81D2, Sopwith 1A2, Caudron G.4 e  Caproni Ca.45 (o primeiro bimotor da força). Neste momento todo o foco operacional seria destinado a instrução, formação de pilotos e estruturação da doutrina militar com o apoio de oficiais da Missão Francesa, com toda sua estrutura, pessoal e recursos ficando concentrada no Rio de Janeiro. Seriam anos de alta efervescência na aviação militar no país, com mesmo processo ocorrendo simultaneamente na Aviação Naval da Marinha do Brasil, que neste momento iniciava suas operações com diversos modelos de aerobotes.  O intenso emprego operacional, principalmente nas tarefas de instrução passaria a cobrar um alto custo em termos de acidentes de pequena e média ponta, principalmente devido a inexperiência dos cadetes o que viria em um curto espaço de tempo a reduzir a disponibilidade da frota da Aviação Militar. Outro fator que contribuiria para o agravamento deste cenário era a grande quantidade de modelos em carga, o que prejudicava em muito a priorização na alocação das já restritas verbas para a aquisição de peças de reposição, sendo impossível assim manter um adequado estoque regulador de itens críticos destas aeronaves. 

Neste mesmo período o mercado europeu aeronáutico estava invadido por uma avassaladora disponibilidade de aeronaves “desmilitarizadas”, com muitas delas tendo seu destino o mercado civil para emprego em tarefas de transporte, treinamento e atividades esportivas. Neste contexto uma grande quantidade de aeronaves de caça Royal Aircraft Factory S.E.5.A, havia sido alienada pelo Corpo Aéreo Real  (Royal Flying Corps), sendo destinada a exportação para as forças armadas de outros países e também para o mercado civil. Alguns poucos exemplares seriam adquiridos para compor parte das frotas das primeiras empresas de transporte aéreo que começavam a desabrochar na Europa. Este movimento geraria muitos empreendedores que vislumbravam neste novo nicho de mercado uma grande possibilidade de grandes lucros, não só no velho mundo, mas também na América Latina. Assim um investidor inglês se estabeleceu no Brasil a fim de estruturar uma pequena empresa de transporte aéreo que tinha por objetivo atender as principais cidades do país, nasceria assim a Handley Page Ltda. A nova empresa receberia autorização para operar por meio de decreto no dia 26 de abril de 1919, e inicialmente passaria a operar dois hidroaviões Norman Thompson N.T.2.B, um Avro 504 e um Royal Aircraft Factory S.E.5.A no atendimento a sua malha de atuação. Apesar de ter sua autorização ampliada pelo governo brasileiro para passar a incluir destinos no exterior e a confirmação original realizada no mês de julho de 1920, esta empreitada inglesa em nada resultaria e suas aeronaves seriam entregues as autoridades aeronáuticas militares brasileiras, após o cancelamento do registro da empresa.
Entre as aeronaves doadas pela Handley Page Ltda, encontrava-se um Royal Aircraft Factory S.E.5.A, que diferente dos demais aviões que teriam destino civil, seria entregue ao Exército Brasileiro no mês de agosto de 1920. Imediatamente esta aeronave seria alocada junto a frota da Escola de Aviação Militar (EAvM) onde passaria a realizar parte do treinamento dos pilotos destinados a aviação de combate. Infelizmente não existem registros oficiais sobre sua real utilização nesta importante instituição de ensino aeronáutico militar. Relatos de época, no entanto citam que esta aeronave em seu curto período de operação, receberia os cococares da Aviação Militar do Exército e a pintura em verde e amarelo na cauda, sendo utilizada em poucos e curtos voo sobre este aeródromo. Apesar da aeronave ser recebida sem o referido armamento pode ter sido equipada também brevemente com metralhadoras Vickers de calibre .303 que se encontram estocadas. O que sabe ao certo é que em fins do mesmo ano este Royal Aircraft Factory S.E.5.A seria retirado do serviço ativo permanecendo armazenado na Escola de Aviação Militar (EAvM), sendo posteriormente sucateado.

Em Escala.
Para representarmos o Royal Aircraft Factory S.E.5.A, fizemos uso do antigo modelo da Lindberg na escala 1/48, modelo extremamente básico e sem detalhamento, porém de fácil montagem. Como não existem fotos desta aeronave em uso pela Aviação Militar do Exército Brasileiro, optamos por montar o kit direto da caixa, fazendo uso inclusive do seu sistema de armamento. Empregamos decais oriundos de diversos sets, confeccionados pela FCM Decais.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa um dos padrões empregados pelos Royal Aircraft Factory S.E.5.A junto ao Corpo Aéreo Real  (Royal Flying Corps), salientando que se trata de uma mero exercício de representação tendo em vista que não há registros fotográficos de sua breve operação na Aviação Militar do Exército Brasileiro. Empregamos tintas, washes e vernizes produzidos pela Tom Colors.


Bibliografia :
-  Royal Aircraft Factory S.E.5 - Wikipédia https://en.wikipedia.org/wiki/Royal_Aircraft_Factory_S.E.5
-  Royal Aircraft Establishment – Wikipédia https://en.wikipedia.org/wiki/Royal_Aircraft_Establishment
-  Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores Action Editora
-  Aviação Militar Brasileira 1916 - 1984 - Francisco C. Pereira Netto

Ford M-8 Greyhound










Bibliografia : 
- M-8 Greyhound - Wikipedia http://en.wikipedia.org/wiki/M8_Greyhound
- Blindados no Brasil  - Volume I – Expedito Carlos Stephani Bastos
- O 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado da FEB - AMAM por Danilo Tenório Quintino
- Origem do Conceito 6X6 do Veículo Blindado no Exército Brasileiro - http://www.funceb.org.br/images/revista/20_1n8q.pdf