Engesa EE-9 Cascavel "Magro" - 37 mm

História e Desenvolvimento.
O engenheiro mecânico-eletricista José Luiz Whitaker Ribeiro marcaria seu nome na História industrial brasileira ao liderar em 1958, um seleto grupo de engenheiros recém-formados durante a a fundação da ENGESA (Engenheiros Especializados S/A). Seu foco inicialmente seria norteado pela produção de componentes e ferramental destinados exploração de petróleo, apresentado como seu principal cliente a empresa estatal Petrobras. Congregando em seu quadro técnico profissionais de excelente formação, muitos deles oriundos do ITA (Instituo de Tecnologia da Aeronáutica), a empresa logo se destacaria neste segmento, ampliando se volume de negócios no segmento de petróleo e gás. Durante este processo de crescimento ao ter seus caminhões enfrentando com extrema dificuldade estradas de terra e barro para chegarem ao destino no litoral, José Luiz Whitaker Ribeiro buscaria uma solução para melhorar o desempenho de sua frota neste ambiente "fora de estrada". Estes esforços culminariam no desenvolvimento de uma uma caixa de transferência com tração total, este conjunto primava pela simplicidade e robustez, e podia ser facilmente aplicado a uma variada gama de veículos utilitários produzidos naquele período. Ao ser instalado os veiculos de sua frota, o desempenho se mostraria extremamente satisfatório, levando assim a direção da empresa passando a investir no desenvolvimento de um kit para comercialização no mercado civil, com este sendo lançado no final do ano de 1966. Assim o agora denominado sistema de “Tração Total Engesa”,  passava a dotar caminhões comerciais modificados com um comportamento fora-de-estrada, proporcionando um desempenho inédito  no país em veículos da categoria. Este kit era composto de caixa de transferência com duas tomadas de força, eixo dianteiro direcional e guincho (opcional), por exemplo uma Ford F-100 equipada com este sistema passava a apresentar capacidade de carga duplicada, podendo galgar rampas de até 85% de elevação. Este produto logo conquistaria um grande sucesso comercial, o que despertaria a atenção do comando do Exército Brasileiro, que neste momento estava empenhando em estudos visando a implementação de um programa de nacionalização de sua frota de caminhões de transporte.  Neste contexto seriam produzidos quatro protótipos a fim de serem submetidos a testes de campo, com estes mostrando extremamente eficientes, levando a sua homologação operacional. Em 1967, esta solução seria classificada pelo Ministério do Exército, como sendo considerado “ Interesse para a Segurança Nacional “. Assim para se proceder a substituição de uma significativa parcela dos caminhões militares norte-americanos com tração integral recebidos durante a década de 1940, seria deflagrada um concorrência para o fornecimento de uma grande quantidade de caminhões nacionais "militarizados" equipados com este sistema de tração total, com a decisão final pendendo para o modelo Chevrolet C-60 e D-60 com tração 4X4 e 6X6. A participação da Engesa S/A como fornecedor do Exército Brasileiro seria expandida rapidamente, envolvendo com 960 caminhões entregues em 1968 e mais 1.371 dois anos depois, gerando recursos que seriam reinvestidos no desenvolvimento de novos projetos.   

Em 1969 a empresa apresentaria um novo sistema de tração dupla traseira, ao qual chamaria de "Boomerang", com este produto sendo  fundamental no desenvolvimento de diversos veículos militares, representando o  maior trunfo na penetração internacional de seus produtos durante a década seguinte. Tratava-se de um projeto a um só tempo de construção simples, resistente e barata, e que dava ao veículo excepcional desempenho fora de estrada, mantendo as quatro rodas traseiras em contato permanente com o solo, por mais irregular que fosse o terreno. Em vez dos dois eixos traseiros suportados por feixes de molas dos sistemas tradicionais, o Boomerang exigia apenas um eixo de tração, nas pontas do qual eram montadas duas caixas de engrenagens (cujo formato lembra os bumerangues australianos), cada uma delas distribuindo o movimento para duas rodas. Eram estas mesmas caixas de engrenagens, independentes entre si e com enorme amplitude de variação do ângulo com o solo, que garantiam o contato das rodas traseiras com pisos irregulares e desagregados. Novamente este sistema seria adotado pelas Forças Armadas Brasileiras para aplicação em seus veículos utilitários. Neste mesmo momento o Parque Regional de Motomecanização da Segunda Região Militar de São Paulo (PqRMM/2) destinava esforços ao desenvolvimento de uma viatura blindada sobre rodas com tração 4X4, o programa VBB-1 (Viatura Blindada Brasileira 1). Seu processo de desenvolvimento, produção da maquete em escala e construção do primeiro protótipo funcional, seriam implementados entre o segundo semestre de 1968, e o primeiro semestre de 1970. Este veículo apresentava o design semelhante ao Ford M-8 Greyhound, sendo concebido para ser operado por quatro homens, contava com uma torre giratória nova em aço SAE 5160 fundida pelas Fundições Allipert e usinada pela Avanzi. Possuía um sistema de apoio em três rolamentos, com a cremalheira independente fixada no teto do carro. O veículo estava equipado com um motor nacional a diesel Mercedes Benz com 200 hp de potência, montado na traseira, operando acoplado com transmissão, eixos e diferenciais produzidos por esta mesma montadora. A carcaça do blindado seria feita pela empresa Trielato Ltda, a caixa de transferência pela Engesa S/A, seus radiadores pela Colmeia Metalúrgica S/A, filtros Mann, direção hidráulica ZF. Seus aparelhos óticos (periscópios) eram produzidos pela DF Vasconcelos Ltda e os demais componentes seriam fornecidos por diversas indústrias automotivas nacionais. Esta simplicidade tinha por objetivo principal conceber um veículo blindado de baixo custo sem sofisticações, de forma a não onerar o combalido orçamento disponível na época.   
Este protótipo seria extremamente testado em campo, nas mais severas condições, incluindo testes de balística e blindagem realizados com uma das torres, que foi usada como alvo para avaliar a resistência face aos armamentos da época.  Apesar de resultados promissores, o interesse do comando do Exército Brasileiro repousava sobre um novo veículo com tração 6X6, não um 4X4. O "padrão" em blindados sobre rodas de reconhecimento na época era o Ford M-8 Greyhound, consagrado nas missões da Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a Segunda Guerra Mundial . De início para se atender a demanda, considerou-se  estender a carroceria protótipo do VBB-1, transformando em veículo com tração 6X6, porém implicações de ordem técnica descartariam esta possibilidade, partindo então para o projeto de um novo veículo. Assim no início do ano de 1970, a Diretoria de Motomecanização (DMM) definiria as especificações para o desenvolvimento de um veículo blindado de reconhecimento de reconhecimento com tração 6X6, dando início ao programa VBB-2 (Viatura Blindada Brasileira 2), neste momento a Engesa S/A seria convidada a participar de seu desenvolvimento. Assim visando melhorar sua suspensão e desempenho em terrenos adversos, seria adotado o sistema “boomerang”, o que garantiria ao veículo a capacidade de realizar manobras rápidas em qualquer tipo de terreno, mantendo as rodas traseiras sempre em contato com o solo.  Para apresentação e estudo, seu  mock-up receberia a mesma torre empregada no VBB-1 (Viatura Blindada Brasileira 1, sendo baseada na torre original do Ford T-17 Deerhound) equipada com um canhão de 37 mm, a partir deste momento, a designação do veículo passou a ser Carro de Reconhecimento sobre Rodas (CRR), com sua configuração básica recebendo pequenas modificações, principalmente em suas linhas básicas. O primeiro protótipo seria construído em 1970, nas instalações do Parque Regional de Motomecanização da Segunda Região Militar de São Paulo (PqRMM/2), com este passando a ser empregado em um completo programa de testes de campo, elaborados pelo Exército Brasileiro e supervisionados pela equipe do PqRMM/2, com a finalidade de avaliação de seu desempenho operacional. Seus promissores resultados levariam a autorização para a construção de inicial de cinco veículos pré-série, sendo elevado para oito carros, quando do ato assinatura do contrato com a empresa Engesa S/A , em maio de 1971. 
Apesar dos grandes avanços de  projeto observados no VBB-2 (Viatura Blindada Brasileira 2),  seu "Calcanhar de Aquiles" ainda estava baseado na carência de torres do canhão, pois os estoques destes conjuntos oriundos dos velhos T-17 Deerhound era limitados, e não seriam capaz de atenderem a grande demanda de produção do novo modelo. Estudo seriam realizados para o desenvolvimento de uma solução nacional, partindo com base na torre original do Ford M-8 Greyhound. Após seu desenvolvimento, estas torres apresentariam um alongamento na parte traseira, permitindo assim abrigar o sistema de rádio, uma metralhadora coaxial Browning calibre .30, e suporte para uma segunda metralhadora Browning calibre .50, a ser fixada na parte superior dela, como armamento principal mantinham o canhão de 37 mm oriundos dos velhos blindados sobre rodas M-8 Greyhounds e carros de combate leve sob esteiras M-3 e M-3A1 Stuarts. Neste contexto seria autorizada a produção de oito conjuntos, que seriam fundidos pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). O desenvolvimento do ferramental e desenhos dos processos de engenharia necessários para a produção em série, gerariam atrasos no cronograma orginalmente estabelecido, com o último carro sendo finalizado somente em 1975. Estes oito carros, seriam submetidos a um intensivo programa de testes e avaliação, englobando um total 32.000 km de rodagem entre as cidades de São Paulo, Uruguaiana e Alegrete. As provas consistiriam em trafegar com os veículos, 24 horas por dia, parando apenas para a troca equipe e abastecimento, avaliando neste interim os defeitos que iam surgindo ao longo deste processo. Depois de reparados e corrigidas as falhas, os blindados voltavam a operação campo até a conclusão deste programa. A partir desta etapa, inúmeras alterações seriam implementadas, incluindo a troca da torre, incorporando se novamente para avaliação,  uma peça derivada do Ford M-8 Greyhound, com alongamentos laterais e traseira. Este modelo de torre continuaria a ser modificado e aprimorado gradativamente, culminando em um desing de torre mais moderno de perfil mais baixo, passando a dispor de novos visores laterais. Ao final deste programa de testes de campo, o projeto receberia sua aprovação e homologação, com o veiculo recebendo a  designação de Carro de Reconhecimento Médio (CRM). Sua produção seria destinada a Engesa S/A com supervisão pela equipe do Parque Regional de Motomecanização da Segunda Região Militar de São Paulo (PqRMM/2). Neste momento este novo  blindado passaria a ser designado como Engesa EE-9 Cascavel (com o  "EE"  representando a abreviatura de Engenheiros Especializados S/A , o número "9" a representação de sua tonelagem e Cascavel, por ser o nome de uma cobra venenosa brasileira). 

Emprego no Exército Brasileiro. 
As primeiras experiências da Força Terrestre na operação de veículos blindados de reconhecimento com tração integral 6X6 tiveram início no ano de 1942, quando seriam recebidos nos termos do programa de ajuda militar  Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos) os primeiros carros T-17 Deerhound e M-8  Greyhound, cabendo a este último a experiência de operação em combate real pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a campanha da Itália na Segunda Guerra Mundial. Logo no pós-guerra o emprego deste tipo de blindado sobre rodas seria ampliado nas unidades mecanizadas brasileiras, devido ao recebimento de mais unidades dos modelos M-8 e M-20. A necessidade de manutenção da operacionalidade e extensão da vida útil desta frota resultaria durante a década de 1960, nos primeiros esforços de modernização a atualização destas viaturas que gerariam o primeiro embrião da indústria de defesa nacional.  Neste contexto o desenvolvimento dos projetos das viaturas blindadas  CRR (Carro de Reconhecimento sobre Rodas) e CTRA (Carro de Transporte sobre Rodas Anfíbio) durante a década de 1970 seriam potencializadas pelo movimento de reorganização promovido pelo Exército Brasileiro, que ensejaria na criação da "nova cavalaria mecanizada". De acordo com esta sistemática todas as brigadas deveriam ter ao menos um esquadrão de cavalaria mecanizada para emprego em tarefas reconhecimento e segurança, também seriam formados regimentos inteiros de cavalaria mecanizada formando, juntamente com a cavalaria blindada, suas próprias brigadas de cavalaria mecanizada. Por característica de missão a cavalaria mecanizada "leve" deveria operar de forma descentralizada em grandes distâncias, operando principalmente em estradas pavimentadas ou não, trafegando primordialmente em alta velocidade. Para isto seriam necessários veículos leves e ágeis que renunciariam ao grande poder de fogo e blindagem em detrimento a mobilidade. Neste contexto seriam incorporados nos novos veículos blindados Engesa EE-9 Cascavel e EE-11 Urutu, com estes dois modelos operando em conjunto nos pelotões de cavalaria mecanizada, complementando um ao outro. Suas semelhanças de projeto e alta compatibilidade de componentes (muitos deles oriundos da industria automotiva) facilitariam a cadeia logística e processos de manutenção.   

Desta maneira a futura introdução destes dois modelos de produção nacional trariam a Força Terrestre uma capacidade de mobilidade do campo de batalha jamais atingida, representando regionalmente no contexto da América do Sul, uma ferramenta de projeção de poder e dissuasão.  A conclusão dos testes de campo com os oito carros pré-série em 1976, levariam a formatação da configuração final, que seria destinada a produção em série, com esta designada pelo fabricante como EE-9 Cascavel M1. Em termos de grupo propulsor o modelo estaria equipado com conjuntos produzidos no país, como o motor a diesel Mercedes Benz OM-352A de seis cilindros em linha e 174 hp de potência e caixa de mudanças manual Clark Equipamentos S/A. Curiosamente ao contrário de veículos semelhantes blindados sobre rodas, o EE-9 Cascavel M1 estava equipado com um sistema de freios a tambor, deficiência essa que seria somente resolvida a partir da versão M-6 em 1983.  Seu sistema de blindagem apresentava um conjunto de chapas de aço do tipo ABNT 1045 temperado, com sua proteção frontal e torre apresentando 16 mm de espessura e lateral de 8,5 mm, proporcionando uma solução satisfatória contra armas de infantaria de baixo calibre, sendo esta blindagem aceitável para as ameaças existentes da época. Como inovação em termos de componentes nacionais, já seriam disponibilizados os pneus a prova de bala, fabricados pela empresa paulista Novatração Artefatos de Borracha Ltda. O primeiro contrato celebrado entre a Engesa S/A e o Ministério do Exército, envolvia a aquisição de cento e dez carros (incluindo neste pacote os oito veículos pré-série), com sua produção sendo destinada a nova planta industrial do fabricante, edificada especialmente para o atendimento a esta demanda. Os primeiros veículos de série passariam a  entregues ao Exército Brasileiro em meados do ano de 1974, e curiosamente estavam equipados  com diversos modelos de torres, englobando modelos experimentais projetadas pelo corpo técnico do Parque Regional de Motomecanização da Segunda Região Militar (PqRMM/2) e produzidas pela Bernardini S/A, modelos semelhantes as torres do Ford M-8 Greyhound e por fim torres modificadas oriundas carros de combate leves M-3 Stuart desativados recentemente, com este modelo sendo produzido em maior número no escopo deste contrato inicial.
Já de posse dos primeiros carros operacionais, definir-se-ia como próxima fase, a implementação do novo veículo blindado sobre rodas com tração integral 6X6 no Exército Brasileiro, com o modelo recebendo a designação oficial de "Carro de Reconhecimento Médio 6X6" (CRM). Desta maneira caberia a Diretoria de Motomecanização (DMM), a criação e elaboração dos manuais de treinamento, operação e manutenção, visando planejar o cronograma de implementação do Engesa EE-9 Cascavel na Força Terrestre.  Este processo seria fundamental para o melhor aproveitando do grande potencial deste novo carro blindado. Ao término desta fase seria iniciada a primeira distribuição destes veículos para os Regimentos de Cavalaria Mecanizada (RCC) e Esquadrões de Cavalaria Blindada (EsqdCMec), onde passariam a operar em conjunto com os derradeiros Ford M-8 Greyhound (repotencializados) ainda em serviço. Comparativamente o Engesa EE-9 M1 Cascavel se mostraria operacionalmente superior aos antigos carros norte-americanos, não só em termos de velocidade (máxima de 100 km/h), mas também de autonomia (aproximadamente 750 km) e mobilidade no campo de batalha. Sua introdução na força blindada brasileira representaria um grande salto quantitativo e qualitativo, pois traria uma disponibilidade operacional que não era experimentada há anos, tendo em vista os baixos índices vivenciados anteriormente, desta maneira formar-se-ia uma nova doutrina operacional na Cavalaria Blindada no Exército Brasileiro. Seu excelente desempenho operacional, motivaria a diretoria do fabricante a estudar a possibilidade de exportação do blindado, passando a prospectar potenciais clientes. Dentre estes destacar-se-ia o governo português, envolvido naquele período na Guerra do Ultramar, travada em Angola, Moçambique e Guiné Bissau, cenário adequado para o emprego de blindados sobre rodas. Apresentações e tratativas seriam realizadas, com o modelo sendo bem recebido pelo Exército Português. Porém segundo análise relatada pelos oficiais daquele país, pairava sobre o EE-9 M1 Cascavel a notória a necessidade em se contar com um maior poder de fogo, pois o canhão de 37 mm já não era mais eficaz contra as ameaças existentes naquele período.  Para o atendimento a esta demanda seria sugerido com a adoção de uma torre e um canhão francês de 90 mm, no entanto as dimensões do carro não eram compatíveis com este novo armamento, levando a necessidade de alteração da carcaça original, nascendo assim a versão de exportação denominada como Engesa EE-9 Cascavel MKII. No início de 1974, dois veículos desta nova versão foram enviados a Portugal para testes, porém neste período mudanças políticas alterariam o curso daquele conflito, levando o governo português a suspender todos os programas de aquisição de materiais militares, incluindo a negociação com a empresa brasileira.   

De volta a plano de prospecção internacional, o foco se voltaria para as nações do Oriente Médio onde se concentrava um potencial mercado comprador. Neste contexto seria apresentado a estes países uma versão melhorada que passava a ser equipada com um canhão de 90 mm baixa-pressão (o mesmo empregado no blindado francês sobre rodas Panhard AML), contando ainda com um sistema de transmissão automática que melhoria o nível de conforto do condutor. O primeiro contrato de exportação seria logo celebrado com o Catar, envolvendo a venda de vinte Engesa EE-9 Cascavel MKII, e a seguir mais vendas seriam realizadas para outras nações desta região.  Assim desta maneira as customizações aplicadas a cada cliente levariam o modelo a ser constantemente aprimorado, ganhando destaque neste pacote a adoção do eficiente canhão belga Cockerill de 90 mm, que passaria a ser inicialmente montado sob licença no Brasil com a designação local de EC-90. Posteriormente novos acordos com este fabricante levariam a um gradual processo de nacionalização de componentes do canhão, processo que era visto com bons olhos pelo comando do Exército Brasileiro que buscava reduzir a dependência externa em termos de componentes vitais importados.  Assim seus oficiais de comando acompanhavam atentamente a evolução do modelo de exportação, verificando as vantagens operacionais proporcionadas pela introdução de um canhão de maior calibre.  Esta observação motivaria o início de estudos visando a possível atualização de sua frota de cem carros Engesa EE-9 Cascavel M1 e M2, que se encontravam em serviço até então. Este programa apresentava como premissa básica a adoção de um canhão de 90 mm, em substituição a já ineficiente arma de 37 mm, que comprovadamente já não apresentava eficácia frente as possíveis ameaças regionais que o país poderia enfrentar naquele período. Uma clarificação operacional deste conceito era que estes carros blindados eram pejorativamente chamados de "Cascavel Magro", em alusão ao seu obsoleto armamento principal de 37 mm. A exemplo do versões de exportação, a adoção do novo canhão Engesa - Cockerill EC 90 mm, implicaria também na substituição da torre original, inicialmente pensou-se em empregar a mesma torre importada usada nos carros configurados para o contrato líbio, opção esta que seria rapidamente descartada em detrimento do desenvolvimento de uma torre de fabricação nacional (que passaria a ser adota depois no modelo de exportação). 
Definidos os parâmetros técnicos e comerciais deste programa, em fins do ano de 1977 seria assinado um contrato entre o Ministério do Exército e a Engesa S/A, visando a modernização de apenas cinquenta e cinco carros do total da frota existente.   Em janeiro do ano seguinte, oito destes veículos pertencentes a dois Regimentos de Cavalaria Mecanizada (RC Mec), seriam encaminhadas as instalações da empresa na cidade de São José dos Campos no interior de São Paulo, a fim de servirem de protótipos funcionais para o programa de modernização. Devido ao novo modelo de torre nacional já se encontrar em produção para o mercado de exportação, a implementação deste programa de atualização transcorreria rapidamente, com os primeiros carros agora designados como EE-9 Cascavel M2 Série 3, sendo entregues as unidades operacionais em meados do mesmo ano. Em operação este modelo apresentaria excelentes resultados com a arma principal de 90 mm se mostrando muito mais capaz que a antiga configuração. Esta experiencia positiva levaria a necessidade aumento da frota, assim entre os os anos de 1978 e 1980 seriam contratados e recebidos mais sessenta carros agora novos de fábrica. Estes carros apresentavam muitas características presentes nos modelos de exportação. O novo EE-9 Cascavel M-2 Série 5, se diferia visualmente dos carros modernizados por contar com o grupo ótico frontal embutido na carroceria, e novamente em operação renderiam excelentes resultados em campo.  A partir de meados da década de 1980, seriam incorporados mais carros blindados desta família, agora dispostos nos modelos M-6 Séries 3,4 e 5 e M-7 Séries 8 e 9. Nesta oportunidade passariam a ser desativados os EE-9 M1 Cascavel não modernizados originários do primeiro lote, com os EE-9 Cascavel M2 Série 3 sendo relegados a tarefas de treinamento, com os últimos veículos sendo retirados do serviço ativo em meados da década de 1990. 
 

Em Escala:
Para representarmos o Engesa Cascavel EE-9 M2 "EB 10-128", fizemos uso de um modelo em resina de fabricação artesanal na escala 1/35. Como este modelo originalmente representava a versão  EE-9 M3, implementamos uma conversão em scracth build, envolvendo a alteração da disposição dos faróis e luzes de sinalização dianteiras, escotilhas frontais, desenho lateral do casco e inclusão de nova torre para o canhão de 37 mm. Empregamos ainda peças oriundas do kit do carro blindado leve M-3A1 Stuart produzido pela Academy (estrutura parcial da torre) e componentes em resina e plasticard. Fizemos uso de decais confeccionados pela Decals & Books presentes no Set Exército Brasileiro - FEB 1941 - 1945.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura e marcações nacionais adotado pelo Exército Brasileiro a partir do término da Segunda Guerra Mundial. Este padrão seria mantido até o ano de 1983 quando seria implementado o novo esquema tático em dois tons nos carros da série EE-9 Cascavel M-2 Série 3 em diante. Os veículos não modernizados não receberiam este padrão de pintura.

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Bibliografia: 

- Blindados no Brasil - Um Longo e Árduo Aprendizado - Volume I , por Expedito Carlos Stephani Bastos
- Blindados no Brasil - Um Longo e Árduo Aprendizado - Volume II, por Expedito Carlos Stephani Bastos
- EE-9 Cascavel Wikipedia - https://pt.wikipedia.org/wiki/EE-9_Cascavel




Leopard 1A5 Krauss Maffei

História e Desenvolvimento.
Do ponto de vista da engenharia automotiva com aplicação militar, a Segunda Guerra Mundial representaria um período de evolução sem igual. Em um intervalo de seis anos, exércitos que ainda utilizavam a cavalaria de forma literal com cavalos seriam substituídos por divisões blindadas com carros de combate com peso de até 76 toneladas. Na ponta de lança dessa corrida tecnológica estava a Alemanha e sua já prestigiada indústria automotiva, que ao longo do conflito conceberia e produziria em larga escala lendários modelos de carros de combate, os "Panzer ou Panzerkampfwagen" (que em alemão, significa couraça). Estes em maciço conjunto com veículos blindados especializados e de transporte de tropas seriam as ferramentas empregadas na doutrina Blitzkrieg (Guerra Relâmpago), que em combate rompiam  rompiam os pontos frágeis das defesas inimigas e os exploravam com velocidade atordoante, garantindo nas fases iniciais da guerra retumbantes vitórias. No entanto apesar de deterem a vantagem tecnológica, os icônicos Panzers seriam superados em números por seus rivais norte americanos no front ocidental ou pelos eficientes T-34 soviéticos no leste europeu. A rendição incondicional seria assinada no dia 7 de maio de 1945, com pais sendo dividido entre os aliados ocidentais e a União Soviética. Neste contexto a Alemanha Ocidental permaneceria completamente desmilitarizada, sendo proibida pela regulamentação dos termos da rendição de constituir instituições militares, mesmo para autodefesa, com sua outrora pujante indústria automotiva passando a focar seus esforços no mercado comercial. No entanto o antigo território alemão seria transformado em uma região de grande tensão, representando a principal linha de frente no conflito da Guerra Fria, entre as forças do Pacto de Varsóvia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte  (OTAN). Este cenário levaria junto ao comando a decisão de se revisionar o conceito da proibição de constituição de forças de defesa da Alemanha Ocidental, tendo em vista a necessidade de se reforçar as defesas da região, para assim fazer frente a constante ameaça representadas pelas forças dos países do bloco soviético. Desta maneira no dia 12 de novembro de 1955 seria promulgada dentro da constituição, as normativas que constituiriam a nova estrutura das forças armadas da República Federal da Alemanha, sendo composta pelo Deutsches Heer (Exército Alemão), Deutsche Marine (Marinha Alemã) e a Deutsche Luftwaffe (Força Aérea Alemã). De imediato seria iniciado um vasto programa de rearmamento, sendo fornecidos principalmente, equipamentos, armas, veículos, aeronaves, navios, blindados, e carros de combate de origem norte-americana. Em termos de carros de combate, o recém-criado Exército Alemão (Deutsches Heer) passaria a ser equipado imediatamente, com uma respeitável frota composta pelos modelos M-41 Walker Buldog, M-47 Paton e M-48 Paton.  Porém neste mesmo momento, estes carros de combate já se mostravam inadequados frente as ameaças representadas pelos modelos T-44, T-54 e T-55 que equipavam as forças blindadas do Pacto de Varsóvia. A solução para atendimento a esta demanda ainda neste momento não estava disponível para emprego junto aos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), apesar de existirem projetos em desenvolvimento como o norte-americano MBT T-95.  

Esta realidade motivaria o governo alemão a retomar sua indústria de defesa, sendo iniciados estudos ao final desta década, visando assim o desenvolvimento de projetos nacionais englobando uma variada gama de veículos blindados, desde carros de combate, transporte e versões especializadas de serviço.  No que tange a carros de combate, os esforços seriam direcionados ao desenvolvimento de um MBT (Main Battle Tank), com suas especificações de projeto sendo definidas em 1956, sendo baseadas na necessidade de se superar os novos T-54 e T-55. Estas abrangiam um veículo na ordem de mais trinta toneladas, devendo ter alta mobilidade como prioridade em detrimento ao poder de fogo, e por isso sendo dotado com um canhão de 105 mm. Vários norteamentos seriam sugeridos, se destacando o programa “Europa Panzer”, um consórcio formado em 1958 por Alemanha, França e Itália. Diversas propostas seriam apresentadas, com os primeiros protótipos sendo disponibilizados em 1960, com o modelo Porsche 734 sendo declarado vencedor. Esta decisão, no entanto, levaria a repercussões de ordem política e motivado por sentimentos nacionalistas o governo da França decidiu abandonar o consorcio, optando em desenvolver um veículo novo totalmente nacional, com este processo culminando no desenvolvimento e produção carro de combate principal  AMX 30. A seguir o modelo a ser produzido pela Dr. Ing. H.C. F. Porsche AG seria batizado como Leopard I, e apresentava o mesmo layout convencional compartilhado com vários outros tanques pós Segunda Guerra Mundial, com o compartimento do motorista localizado na frente (no lado direito, acessado por uma escotilha no teto do casco que se abre para a esquerda) compartimento de combate com uma torre giratória no centro (o comandante e o artilheiro estão sentados na metade direita da torre e acessam suas posições a partir de uma escotilha de peça única no teto da torre, no lado direito), enquanto o carregador pega a metade esquerda (e é fornecido com sua própria escotilha de abertura traseira) e compartimento do motor na parte traseira do casco, separado do compartimento da tripulação com uma antepara à prova de fogo. Seu artilheiro se posicionaria na frente e abaixo do comandante e é fornecido com um único periscópio de observação voltado para a frente e as miras principais; estes consistem em um telêmetro estereoscópico Turmentfernungsmesser (TEM) 1A (comprimento base de 1.720 mm com um modo de coincidência) que tem uma ampliação selecionável de ×8 ou ×16 e está ligado ao canhão principal, bem como uma mira telescópica TZF 1A coaxial (ampliação de ×8) que possui uma retícula móvel para vários tipos de munição. O veículo seria alimentado por um motor diesel superalimentado MTU MB 838 Ca-M500 que desenvolve aprox. 610 quilowatts (820 hp) a 2.200 rpms. Este é um motor de 37,4 litros, dez cilindros e quatro tempos refrigerado a líquido na configuração V-90 com capacidade multicombustível, mas que normalmente funcionava com óleo diesel (designação da OTAN F-54) consumindo aprox. 190 litros por 100 km. O motor, juntamente com seu sistema de refrigeração, é acoplado a um "powerpack" com um sistema de transmissão 4HP-250, construído pela ZF, que possui um conversor de torque hidráulico, embreagem de travamento, caixa de câmbio planetária e mecanismo de giro de pivô (para cada uma das marchas).
Para o atendimento aos parâmetros de mobilidade anteriormente exigidos, o novo carro de combate dispunha de uma blindagem leve, fabricada a partir de placas blindadas soldadas de espessura e geometria variadas, enquanto a torre é um componente complexo totalmente fundido. A proteção da tripulação seria aprimorada com um sistema automático de supressão de incêndio (gatilho manual também disponível) e um sistema de proteção, que produzia uma sobre pressão no compartimento da tripulação e fornece filtragem do ar fornecido. Este sistema garantiria uma relativa capacidade de proteção, podendo resistir a disparos rápidos de armas de 20 mm em qualquer direção. Estas especificações lhe permitiam atingir uma velocidade máxima de 65 km/h no campo de batalha, superando em muito blindados de sua categoria. A fim de proporcionar melhores chances de sobrevivência em um hipotético confronto contra as forças do Pacto de Varsóvia, o novo MBT alemão receberia um completo sistema de proteção NBC (Radiação Nuclear e Química). Este modelo seria ainda equipado com o consagrado canhão inglês, Royal Ordinance L-7 de calibre 105 mm, fazendo uso de munição padrão OTAN,  com a maior parte do carregamento (quarenta e dois cartuchos) armazenada em um carregador de munição dentro do casco, à esquerda do posto do motorista,  três cartuchos são mantidos em um rack pronto na frente do carregador do casco - para uso imediato  e outros quinze cartuchos são empilhados dentro da torre, para um total de 60 cartuchos transportados a bordo. Para autodefesa portaria duas metralhadoras MG 1 (posteriormente substituídas pela MG3): uma é instalada coaxial com a arma principal (1.250 cartuchos são carregados para ela), enquanto uma segunda, metralhadora antiaérea, é montada em um trilho de skate acima da escotilha do artilheiro. Ainda para fins defensivos, o carro dispunha de dois bancos com quatro lançadores de granadas de fumaça disparados eletricamente em ambos os lados da torre, que podem ser disparados individualmente ou em uma salva. Um lote de quatro protótipos, seria empregado em um intenso programa de testes de campo, com seus resultados validando seu processo de aceitação operacional pela comissão de avaliação técnica do Exército Alemão (Deutsches Heer). Em fevereiro de 1963, o ministro da Defesa, Kai-Uwe von Hassel, solicitaria ao comitê de defesa do Parlamento a aprovação da produção deste novo carro de combate, com seu custo unitário sendo estimado na ordem de US $ 250.000,00. Em atendimento a este pleito,  em julho do mesmo ano seria celebrado um contrato entre o Ministério da Defesa Alemão (Bundeswehr) e Krauss-Maffei Wegmann GmbH & Co. KG, envolvendo mil e quinhentos carros Leopard 1A1, que seriam produzidos junto as instalações da empresa na cidade Munique. Atendendo ao cronograma contratual os dois lotes iniciais, envolvendo um total de cem carros, seriam entregues ao Exército Alemão (Deutsches Heer) entre setembro de 1965 e junho de 1966.  

Seu emprego operacional revelaria qualidades de projeto, passando a despertar o interesse de outras nações pelo modelo (além da Itália), gerando assim grandes contratos de exportações para a Bélgica, Holanda, Noruega, Itália, Dinamarca, Austrália, Canada, Turquia e Grécia.  Em 1968, logo após que o último veículo das quatro primeiras séries de produção foi entregue, seria deflagrado no início da década de 1970 um programa de atualização que receberia a designação de Leopard 1A1. Este processo envolvia a adoção de um novo sistema de estabilização de canhão da Cadillac Gage (estabilização total em elevação e rotação, bem como elevação motorizada de -9 ° a + 20 °) que permitiu que o tanque disparasse efetivamente em movimento. Passaria a fazer uso de saias de metal-borracha ao longo dos flancos do casco para proteger contra ogivas HEAT, e o cano da arma seria envolto em uma jaqueta para reduzir o desvio das cargas térmicas. A esteira foi alterada para um tipo de pino duplo D640A com almofadas de borracha retangulares destacáveis em vez da esteira Diehl D139E2 de pino duplo anterior com bandas de rodagem vulcanizadas. As almofadas de borracha das novas pistas podem ser facilmente substituídas por garras de metal em forma de X para movimento no gelo e na neve. 20 garras foram fornecidas para cada tanque e armazenadas em suportes no glacis superior do casco dianteiro quando não estavam em uso. Seria desenvolvido um novo snorkel que permitiu a condução subaquática a uma profundidade de 4 metros após selar o tanque com tampões especiais. Os periscópios de visão noturna infravermelhos ativos do motorista e do comandante foram substituídos por miras noturnas passivas de intensificação de imagem.  Entre os anos de 1975 e 1977, todos os carros dos primeiros quatro lotes seriam elevados para o padrão Leopard 1A1, e receberiam uma blindagem adicional na torre desenvolvida pela Blohm & Voss, que consistia em placas de aço revestidas de borracha aparafusadas à torre (incluindo a cesta da torre traseira) com espaçadores resistentes a choques. O mantelete do canhão receberia uma tampa blindada em forma de cunha feita de chapas de aço soldadas e o sistema de admissão de ar do motor foi aprimorado. Assim, os veículos atualizados passariam a pesar um total de 42,4 toneladas. Vislumbrando um potencial de mercado para o atendimento de seus clientes de exportação, a Krauss-Maffei Wegmann GmbH & Co. KG, passaria a produzir um kit de atualização, logrando êxito em comercializar centenas destes a diversos países operadores do modelo. Neste processo alguns clientes optariam por incluir uma armadura de torre adicional desenvolvida pela Blohm & Voss, que em termos de design se diferiria do Leopard 1A1 alemão, alterando assim a estética visual do veículo. Uma atualização na década de 1980 adicionaria um sistema híbrido de mira e observação LLLTV / IR passivo, que estava sendo semelhantes aos empregados nos novos Leopard 2 (que sem encontravam em produção) à medida que eram atualizados para termovisores. O sistema de televisão de baixo nível de luz PZB 200 (LLLTV) com scanner infravermelho IRS 100 seria desenvolvido pela AEG-Telefunken e montado em uma gaiola protetora no mantelete, acima da arma principal, criando o modelo  Leopard 1A1A2. 
Este sistema, combinava uma câmera LLTV,  um tipo de dispositivo de intensificação de imagem que produzia uma imagem de TV  nos monitores do comandante e do artilheiro, acoplado a um scanner IR (sensível a diferenças térmicas nos comprimentos de onda de 3-5 μm e baseado em um detector PbSe) que sobreporia a imagem IR processada sobre o sinal LLLTV para melhorar a detecção e identificação do alvo, passariam ainda a contar com novo sistema de rádio digital SEM80/90. Os primeiros 232 tanques do quinto lotem de produção foram entregues como Leopard 1A2 entre 1972 e 1974. O A2 incluía uma torre fundida blindada mais pesada e melhor, visualmente difícil de distinguir do tipo anterior. A diferença mais notável foram as caixas blindadas ovais, em oposição às redondas, para a ótica da mira de telêmetro TEM. Os tanques Leopard 1A2 não foram sujeitos a mais atualizações de blindagem, assim como o 1A1, mas receberiam melhorias em seu sistema de proteção NBC. Os próximos 110 veículos pertencentes ao quinto lote de produção foram equipados com um novo tipo de torre soldada projetada pela Blohm & Voss, que foi equipada com blindagem espaçada (consistindo em duas placas de aço com um enchimento de plástico entre elas) e um mantelete de canhão em forma de cunha, resultando no Leopard 1A3. Embora o nível de proteção da blindagem fosse equivalente às torres fundidas do A2 anterior, o volume interno foi aumentado em 1,5 m3 e o nível de proteção efetiva foi aumentado. As atualizações subsequentes foram paralelas aos modelos 1A2: o Leopard 1A3A1 com miras noturnas aprimoradas, o Leopard 1A3A2 com os novos rádios e o Leopard 1A3A3 com ambos. O Leopard 1A4 formou o sexto lote de 250 veículos (215 fabricados pela Krauss-Maffei e 35 pela MaK), começando a ser entregue em 1974. O 1A4 era externamente semelhante ao 1A3, mas incluía um novo sistema integrado de controle de fogo. Isso consistia em uma mira independente PERI R12 estabilizada para o comandante, um novo telêmetro estereoscópico EMES 12A1 acoplado à mira primária do artilheiro, um canhão principal totalmente estabilizado e um computador balístico FLER HG. Muitos desses sistemas foram derivados do programa Leopard 2. Embora o EMES 12A1 ainda fosse apenas um telêmetro óptico (o telêmetro a laser desejado ainda estava em desenvolvimento), ele era usado para aquisição de alvos e conectado ao computador balístico, que produziria automaticamente um ângulo de ataque assim que o alcance fosse medido e várias outras entradas balísticas fossem calculadas. Essa solução reduziu o tempo entre a aquisição do alvo e o engajamento e aumentou a probabilidade de acerto na primeira rodada. As entregas finais do Leopard 1A4 para a Bundeswehr ocorreram em 1976 e marcariam a conclusão da produção do Leopard 1 para a Alemanha. O próximo estágio evolutivo seria representado pelo Leopard 1A5m que foi concebido no intuito de rivalizar novos blindados soviéticos T-64, -72, T-72M1 e T-80. Para cumprir essa nossa missão, o Leopard 1A5 recebeu aperfeiçoamentos na capacidade de combate noturno e sob mau tempo, outro ponto aperfeiçoado foi sua capacidade de efetuar disparos contra alvos em movimento, garantindo assim maior mobilidade e flexibilidade no campo de batalha. As primeiras unidades foram entregues em 1987 com grande parte dos 4.744 veículos construídos anteriormente sendo elevados a este patamar, tornando esta versão o Leopard padrão. 

Emprego no Exército Brasileiro.
Durante as décadas de 1970 e 1980 a Arma de Cavalaria Blindada no Brasil estava equipada com o carros de combate médios norte-americanos M-41B e M-41C Caxias (modernizados) e carros leves X-1 Pioneiro e X-1A2 Carcará, com uma frota extremamente representativa em termos de números para o cenário sul-americano. No entanto nos anos seguintes estes modelos já se encontravam completamente defasados frente as novas tecnologias, com destaque para carros de combate mais avançados que já equipavam as forças armadas da Argentina e Chile, nações que representavam a hipotéticas ameaças regionais naquele período. A fim de se equalizar a balança de poder no cone sul, se fazia necessário então em curto espaço de tempo prover a substituição destes carros na linha de frente, devendo-se também substituir por completo os modelos X-1 Pioneiro & X-1A2 Carcará que ainda dotavam dois Regimentos de Carros de Combate (RCC).   Esta demanda passaria a ser considerada como prioridade, dentro do escopo do programa Força Terrestre 90 (FT 90), que tinha como meta a curto prazo na construção do “exército do futuro”, que deveria se estender até 2015 com os planos Força Terrestre 2000 (FT 2000) e Força Terrestre do Século XXI (FT 21). Assim seria previsto a análise e aquisição de um substancial lote de carros blindados de nova geração, com estudos sendo conduzidos, passando-se a analisar propostas internacionais que envolviam o modelo francês AMX 30, o alemão Leopard I, o norte-americano M-60 e curiosamente até o russo T-80 que chegaria a ser avaliado por uma comitiva brasileira em uma viagem a aquele país. Neste contexto a preferência do Exército Brasileiro acabaria para pender para o modelo alemão, no entanto os investimentos pretendidos para a aquisição de mais de cem carros de combate "novos de fábrica" acabariam por ser obstruídos pela estagnação econômica nacional naquele momento específico, que culminariam em severos cortes nos orçamentos destinados as Forças Armadas naquela década.  A fim se adequar a realidade orçamentaria premente, este programa passaria a ser norteado com buscas em compras de oportunidade, sendo analisadas diversas propostas no mercado internacional. Entre estas se destacaria uma oferta apresentada pelo governo da Bélgica envolvendo carros de combate usados do modelo Leopard 1A1, unidades oriundas do primeiro lote, produzidos entre os anos de 1968 e 1971. Salientando que estes haviam sido atualizados na década de 1980 para uma versão intermediaria com alterações eu seus sistemas de mira e comunicações. Após negociações seriam adquiridos sessenta e um carros, que passariam a ser recebidos a partir de 1996, recebendo a designação de Viatura Blindada de Combate, VBC - CC Leopard 1A1.  No ano de 1998, o comando do Exército Brasileiro decidiu se pela aquisição de mais sessenta e sete carros de combate, melhorando assim a distribuição destes carros de combate no Exército Brasileiro, além de dotar o Centro de Instrução de Blindados (CIBld).  

Desta maneira os Leopards 1A1 passariam a compor o esteio da Arma de Cavalaria Blindada no Brasil, porém apesar de um pródigo início operacional, estes carros de combate alemães, ao longo dos anos seguintes passariam a apresentar preocupantes índices de disponibilidade.  Podia-se atribuir a este preocupante cenário, a inexistência de qualquer contrato de prestação de suporte e manutenção junto a Krauss-Maffei Wegmann GmbH & Co. KG, fabricante do modelo, impactando principalmente no processo de obtenção de peças de reposição. Pesava também sobre o Leopard 1A1, a natural obsolescência deste carro de combate, levando a necessidade de sua substituição nas unidades de linha de frente. Assim desta maneira seriam deflagrados estudos visando possíveis alternativas para a implementação de um novo ciclo de modernização da Arma de Cavalaria Blindada Brasileira. Desde o início a possibilidade de aquisição de carros de combate novos de fábrica seria descartada, devido a restrições orçamentarias vigentes naquela época. Neste contexto surgiria inclusive uma proposta norte-americana para o fornecimento de carros de combate MBT M-1 Abrams nos termos do Programa de Vendas Militares Estrangeiras (FMS -Foreign Military Sales), porém apesar desta ser extremamente interessante em termos financeiros, seria declinada, pois estes carros de combate excediam em termos de peso bruto a capacidade da infraestrutura nacional. Tendo em vista a intenção de manter pelo menos em operação uma parte da frota original dos carros de combate  Leopard 1A1, em 2008, o Ministério da Defesa no anseio padronizar seus meios e melhorar sua capacidade operacional, buscaria no mercado internacional compras de oportunidade visando a incorporações de versões mais recentes deste carro de combate. Uma proposta então seria apresentada pela empresa Krauss-Maffei Wehrtecnik GmbH, envolvendo a aquisição, modernização e suporte técnico operacional para carros do modelo Leopard 1A5, veículos pertencentes ao Exército Alemão (Deutsches Heer), que se encontravam armazenados como reserva técnica, após serem recentemente retirados do serviço ativo, mediante a introdução dos novos Leopard II. Negociações seriam conduzidas entre os governos brasileiro e alemão, visando alinhar os termos para a obtenção de mais de duas centenas deste modelo, incluindo neste pacote também veículos especializados de serviço baseados na mesma plataforma como sete Viaturas Blindadas Especializadas Socorro (VBE Soc), quatro Viaturas Blindadas Especializadas Lança-Pontes (VBE L Pnt), quatro Viaturas Blindadas de Combate de Engenharia (VBC Eng) e quatro Viaturas Blindadas Escola de Motorista.   
O modelo adquirido pelo Exército Brasileiro, representava a versão mais moderna família Leopard 1 que fora produzida, e fazia de uso de sistemas eletrônicos desenvolvidos para serem empregados no modelo Leopard II, com estes permitindo melhores chances de sobrevivência no campo de batalha. Destacava-se conjunto o controle de tiro fabricado pela Krupp-Atlas Elektronik EMES-18, que é baseado em um computador de tiro que possui uma mira integrada HZF (Hauptzielfernrohr) fabricado pela Carl Zeiss, este aparato em conjunto com um telêmetro a laser substituem os sistemas ópticos anteriormente usados nas versões mais antigas do veículo. Seu computador de controle de fogo pode calcular soluções de tiro contra alvos distanciados em até 4 km de distância, e como diferencial este sistema permite o carro se mover por terreno irregular com o canhão se mantendo apontado para o alvo, permitindo disparar em movimento com alta probabilidade de acerto no primeiro tiro. Também apresentavam reforços em sua proteção balística através de placas de blindagem extra montadas na torre do tanque e o habitáculo do veículo é protegido para condições de ambiente NBQ (nuclear, bacteriológico e químico), algo inédito quando comparado aos blindados operados anteriormente pelo Exército Brasileiro. Diferente do processo de aquisição dos Leopards 1A1  da Bélgica em 1996, esta negociação seria acompanhada da contratação de um completo suporte técnico e garantia de fluxo de peças de reposição, com este processo sendo gerido diretamente pela Krauss-Maffei Wehrtecnik GmbH, que como contrapartida estabeleceria no Brasil um filial, implementando localmente todos os estágios de revisão, manutenção e atualização destes carros de combate, possibilitando assim manter altos índices de disponibilidade e operacionalidade. Os termos deste acordo englobariam os serviços de revisão e manutenção preventiva e corretiva, sendo contemplados duzentos e vinte  Leopard 1A5, simuladores e todos os veículos especializados de serviço baseados nesta mesma plataforma. Do total adquirido, trinta carros de combate seriam empregados como fonte de peças de reposição, sendo desmontados e armazenados, com este processo sendo complementado pela manutenção do fluxo de abastecimento de componentes novos, com garantia de atendimento de 100% das demandas até o final do ano de 2027. 

Em janeiro de 2009 seriam recebidos no Brasil os primeiros dez Leopard 1A5, com estes carros sendo distribuídos entre o Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro (AGRJ) Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP), Parque Regional de Manutenção da 3ª Região Militar (PqRMnt/3), Parque Regional de Manutenção da 5ª Região Militar (PqRMnt/5) e ao Centro de Instrução de Blindados (CIBld). Estes veículos seriam empregados no intuito de desenvolver os processos de nacionalização de componentes, treinamento de mecânicos e desenvolvimento de manuais de operação. O segundo lote composto por setenta carros seria recebido em agosto do mesmo ano, sendo distribuídos na ordem de vinte e seis carros para o 1º RCC (Regimento de Carros de Combate), vinte e seis para o 4º RCC e quatorze para 3º RCC e por fim quatro carros para o Centro de Instrução de Blindados (CIBld). Mais dois lotes seriam recebidos entre 2010 e 2012, reforçando a dotação destes Regimentos de Carros de Combate, passando a equipar também o 5º RCC, substituindo os Leopard 1A1 e M-60 Patton. A adoção deste modelo elevaria o patamar operacional da arma blindada do Exército Brasileiro, principalmente devido a tecnologia embarcada existente nestes carros de combate. Outro fator extremamente positivo estava baseado na implementação da doutrina alemã, que focava na manutenção preventiva, cultura está até então inexistente no Brasil. Neste contexto, em março de 2018, a inauguração da planta industrial da Krauss-Maffei na cidade de Santa Maria no Rio Grande do Sul garantiria a plena operacionalidade não só da frota de Leopards 1A15, Leopard 1A1, mas também dos Gepard 1A2, proporcionando além de redução de custos, a extensão da vida útil dos componentes. Outro ganho representativo seria o de facilitar implementação de programa de modernizado e extensão de vida útil, tendo como exemplo o Projeto de Recuperação das Viaturas Blindadas de Combate (VBC CC) Leopard 1A1, realizado em entre 2013 e 2016. No final ao de 2019 seriam iniciados estudos visando a possibilidade de implementação de um programa de modernização de pelo menos uma parcela dos duzentos e vinte carros em operação, tendo em vista que o contrato de suporte técnico junto a Krauss-Maffei Wegmann GmbH & Co. KG encerra-se no final de ano de 2027, o que teoricamente levaria ao fechamento do ciclo de operação deste carro de combate no país. Esta demanda se dava pela necessidade de se dispor de uma solução tampão para manutenção da operacionalidade da Arma de Cavalaria Blindada no Brasil, até a introdução de um novo carro de combate sob esteiras, a ser escolhido no escopo da “Diretriz Estratégica para a Formulação Conceitual dos Meios Blindados do Exército Brasileiro, constantes no programa "Nova Couraça".  Assim em 17 de setembro de 2020, o Boletim do Exército Nº 52/2020 trouxe a Portaria EME/C Ex Nº 279, aprovava a diretriz de iniciação do projeto de modernização da viatura blindada de combate carro de combate (VBC CC) Leopard 1A5 BR e criando a equipe para a realização do estudo de viabilidade e elaboração da proposta do modelo de obtenção. 
Este projeto envolveria a modernização de cento e dezesseis carros, estendendo sua vida útil por pelo menos quinze anos, considerando o prazo até 2037, além do planejamento e implantação do Suporte Logístico Integrado (SLI), atendendo ao Subprograma Forças Blindadas (SPrg FBld), do Programa Estratégico do Exército (Prg EE) Obtenção da Capacidade Operacional Plena (OCOP). Neste contexto seriam estudados por esta comissão todos os aspectos técnicos deste processo bem como a avaliação de possíveis propostas comerciais de fornecedores nacionais e internacionais. No entanto o eclodir da Guerra da Ucrânia em abril de 2022 iria impactar diretamente no cronograma deste projeto, pois levaria a alta demanda de peças para blindados no mercado internacional, demandada pelo fornecimento de centenas de carros de combate Leopard 1 e 2, bem como uma enorme quantidade de peças de reposição (“spare parts”), causando escassez no mercado internacional. Assim em 14 de setembro de 2023, o Comando Logístico, informou que o pedido de propostas (RFP – do inglês Request for Proposal) para modernização dos carros de combate Leopard 1 A5BR foi postergado. Em agosto de 2024 este processo seria oficialmente retomado, com o Boletim do Exército tornando publicas as Portarias EMEC/C EX 847 e 848 que aprovariam os requisitos operacionais, técnicos, logísticos e industriais da Viatura Blindada de Combate Corrente (VBC CC Corrente).  Anteriormente estava prevista a modernização de cento e dezesseis carros, com uma extensão de vida útil para 50% da frota por mais quinze anos, com a implementação de um pacote de Apoio Logístico Integrado (SLI) garantindo a disponibilidade deste material. No entanto este percentual seria reduzido para 25%, com este ajuste sendo orquestrado com o objetivo de se abreviar o tempo de transição até a escolha do vencedor do Projeto VBC CC Futuro, o substituto natural do Leopard 1ABR (modernizado). Neste contexto, outro  ponto a ser considerado, além da modernização de seus sensores e sistemas, foi o Requisito Operacional Absoluto (ROA) 19, que cita “Possuir, como armamento principal, um canhão com calibre entre 105 mm a 120 mm (cento e cinco milímetros a cento e vinte milímetros)”, o que aponta para a possibilidade de mudança da torre, como as apresentadas pelas empresas Leonardo e Jonh Cockerill. Espera-se, para ainda este ano, o lançamento da consulta pública (“request for quote” – RFQ), com o objetivo de sondar o mercado nacional e internacional acerca da capacidade de fornecimento destes sistemas, e que o contrato seja assinado em 2024, já havendo sido sondadas as empresas nacionais Ares, Equitron e KMW do Brasil, e as internacionais Krauss-Maffei Wegmann, FFG, Jenopitik e Rheinmetall Landsysteme (Alemanha), Jonh Cockerill Defense (Bélgica/França), Goriziane Group (Itália), IAI (Israel), Aselsan (Turquia) e RUAG (Suíça).

Em Escala.
Para representarmos o Krauss-Maffei  Leopard 1A5 "EB 12453", empregamos o excelente kit da Italeri na escala 1/35, não sendo necessária nenhuma alteração para se compor a versão brasileira. Fizemos uso de decais confeccionados pela Decals & Books presentes no set "Forças Armadas Brasileiras".
O esquema de cores descrito abaixo representa o padrão de pintura tático original do  Exército Alemão (Deutsches Heer) empregado em todos os veículos Leopard 1A5 recebidos. Este padrão seria mantido, efetuando apenas a retirada das marcações e matriculas originais e aplicação das identificações do Exército Brasileiro.

Bibliografia :

- Leopard 1  - Wikipedia http://en.wikipedia.org/wiki/Leopard_1
- Blindados no Brasil - Um Longo e Árduo Aprendizado Volume II - Expedito Carlos Stephani Bastos
- Leopard-1 A5 – Brasil em Defesa - http://www.brasilemdefesa.com/2012/05/leopard-1-a5.html
- Aprovada a modernização dos Leopard 1A5BR - Tecnologia e Defesa Setembro de 2022

Leopard 1A1 Krauss Maffei

História e Desenvolvimento.
Do ponto de vista da engenharia automotiva com aplicação militar, a Segunda Guerra Mundial representaria um período de evolução sem igual. Em um intervalo de seis anos, exércitos que ainda utilizavam a cavalaria de forma literal com cavalos seriam substituídos por divisões blindadas com carros de combate com peso de até 76 toneladas. Na ponta de lança dessa corrida tecnológica estava a Alemanha e sua já prestigiada indústria automotiva, que ao longo do conflito conceberia e produziria em larga escala lendários modelos de carros de combate, os "Panzer ou Panzerkampfwagen" (que em alemão, significa couraça). Estes em maciço conjunto com veículos blindados especializados e de transporte de tropas seriam as ferramentas empregadas na doutrina Blitzkrieg (Guerra Relâmpago), que em combate rompiam  rompiam os pontos frágeis das defesas inimigas e os exploravam com velocidade atordoante, garantindo nas fases iniciais da guerra retumbantes vitórias. No entanto apesar de deterem a vantagem tecnológica, os icônicos Panzers seriam superados em números por seus rivais norte americanos no front ocidental ou pelos eficientes T-34 soviéticos no leste europeu. A rendição incondicional seria assinada no dia 7 de maio de 1945, com pais sendo dividido entre os aliados ocidentais e a União Soviética. Neste contexto a Alemanha Ocidental permaneceria completamente desmilitarizada, sendo proibida pela regulamentação dos termos da rendição de constituir instituições militares, mesmo para autodefesa, com sua outrora pujante indústria automotiva passando a focar seus esforços no mercado comercial. No entanto o antigo território alemão seria transformado em uma região de grande tensão, representando a principal linha de frente no conflito da Guerra Fria, entre as forças do Pacto de Varsóvia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte  (OTAN). Este cenário levaria junto ao comando a decisão de se revisionar o conceito da proibição de constituição de forças de defesa da Alemanha Ocidental, tendo em vista a necessidade de se reforçar as defesas da região, para assim fazer frente a constante ameaça representadas pelas forças dos países do bloco soviético. Desta maneira no dia 12 de novembro de 1955 seria promulgada dentro da constituição, as normativas que constituiriam a nova estrutura das forças armadas da República Federal da Alemanha, sendo composta pelo Deutsches Heer (Exército Alemão), Deutsche Marine (Marinha Alemã) e a Deutsche Luftwaffe (Força Aérea Alemã). De imediato seria iniciado um vasto programa de rearmamento, sendo fornecidos principalmente, equipamentos, armas, veículos, aeronaves, navios, blindados, e carros de combate de origem norte-americana. Em termos de carros de combate, o recém-criado Exército Alemão (Deutsches Heer) passaria a ser equipado imediatamente, com uma respeitável frota composta pelos modelos M-41 Walker Buldog, M-47 Paton e M-48 Paton.  Porém neste mesmo momento, estes carros de combate já se mostravam inadequados frente as ameaças representadas pelos modelos T-44, T-54 e T-55 que equipavam as forças blindadas do Pacto de Varsóvia. A solução para atendimento a esta demanda ainda neste momento não estava disponível para emprego junto aos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), apesar de existirem projetos em desenvolvimento como o norte-americano MBT T-95.  

Esta realidade motivaria o governo alemão a retomar sua indústria de defesa, sendo iniciados estudos ao final desta década, visando assim o desenvolvimento de projetos nacionais englobando uma variada gama de veículos blindados, desde carros de combate, transporte e versões especializadas de serviço. No que tange a carros de combate, os esforços seriam direcionados ao desenvolvimento de um MBT (Main Battle Tank), com suas especificações de projeto sendo definidas em 1956, sendo baseadas na necessidade de se superar os novos T-54 e T-55. Estas abrangiam um veículo na ordem de mais trinta toneladas, devendo ter alta mobilidade como prioridade em detrimento ao poder de fogo, e por isso sendo dotado com um canhão de 105 mm. Vários norteamentos seriam sugeridos, se destacando o programa “Europa Panzer”, um consórcio formado em 1958 por Alemanha, França e Itália. Diversas propostas seriam apresentadas, com os primeiros protótipos sendo disponibilizados em 1960, com o modelo Porsche 734 sendo declarado vencedor. Esta decisão, no entanto, levaria a repercussões de ordem política e motivado por sentimentos nacionalistas o governo da França decidiu abandonar o consorcio, optando em desenvolver um veículo novo totalmente nacional, com este processo culminando no desenvolvimento e produção carro de combate principal  AMX 30. A seguir o modelo a ser produzido pela Dr. Ing. H.C. F. Porsche AG seria batizado como Leopard I, e apresentava o mesmo layout convencional compartilhado com vários outros tanques pós Segunda Guerra Mundial, com o compartimento do motorista localizado na frente (no lado direito, acessado por uma escotilha no teto do casco que se abre para a esquerda) compartimento de combate com uma torre giratória no centro (o comandante e o artilheiro estão sentados na metade direita da torre e acessam suas posições a partir de uma escotilha de peça única no teto da torre, no lado direito), enquanto o carregador pega a metade esquerda (e é fornecido com sua própria escotilha de abertura traseira) e compartimento do motor na parte traseira do casco, separado do compartimento da tripulação com uma antepara à prova de fogo. Seu artilheiro se posicionaria na frente e abaixo do comandante e é fornecido com um único periscópio de observação voltado para a frente e as miras principais; estes consistem em um telêmetro estereoscópico Turmentfernungsmesser (TEM) 1A (comprimento base de 1.720 mm com um modo de coincidência) que tem uma ampliação selecionável de ×8 ou ×16 e está ligado ao canhão principal, bem como uma mira telescópica TZF 1A coaxial (ampliação de ×8) que possui uma retícula móvel para vários tipos de munição. O veículo seria alimentado por um motor diesel superalimentado MTU MB 838 Ca-M500 que desenvolve aprox. 610 quilowatts (820 hp) a 2.200 rpms. Este é um motor de 37,4 litros, dez cilindros e quatro tempos refrigerado a líquido na configuração V-90 com capacidade multicombustível, mas que normalmente funcionava com óleo diesel (designação da OTAN F-54) consumindo aprox. 190 litros por 100 km. O motor, juntamente com seu sistema de refrigeração, é acoplado a um "powerpack" com um sistema de transmissão 4HP-250, construído pela ZF, que possui um conversor de torque hidráulico, embreagem de travamento, caixa de câmbio planetária e mecanismo de giro de pivô (para cada uma das marchas). 
Para o atendimento aos parâmetros de mobilidade anteriormente exigidos, o novo carro de combate dispunha de uma blindagem leve, fabricada a partir de placas blindadas soldadas de espessura e geometria variadas, enquanto a torre é um componente complexo totalmente fundido. A proteção da tripulação seria aprimorada com um sistema automático de supressão de incêndio (gatilho manual também disponível) e um sistema de proteção, que produzia uma sobre pressão no compartimento da tripulação e fornece filtragem do ar fornecido. Este sistema garantiria uma relativa capacidade de proteção, podendo resistir a disparos rápidos de armas de 20 mm em qualquer direção. Estas especificações lhe permitiam atingir uma velocidade máxima de 65 km/h no campo de batalha, superando em muito blindados de sua categoria. A fim de proporcionar melhores chances de sobrevivência em um hipotético confronto contra as forças do Pacto de Varsóvia, o novo MBT alemão receberia um completo sistema de proteção NBC (Radiação Nuclear e Química). Este modelo seria ainda equipado com o consagrado canhão inglês, Royal Ordinance L-7 de calibre 105 mm, fazendo uso de munição padrão OTAN,  com a maior parte do carregamento (quarenta e dois cartuchos) armazenada em um carregador de munição dentro do casco, à esquerda do posto do motorista,  três cartuchos são mantidos em um rack pronto na frente do carregador do casco - para uso imediato  e outros quinze cartuchos são empilhados dentro da torre, para um total de 60 cartuchos transportados a bordo. Para autodefesa portaria duas metralhadoras MG 1 (posteriormente substituídas pela MG3): uma é instalada coaxial com a arma principal (1.250 cartuchos são carregados para ela), enquanto uma segunda, metralhadora antiaérea, é montada em um trilho de skate acima da escotilha do artilheiro. Ainda para fins defensivos, o carro dispunha de dois bancos com quatro lançadores de granadas de fumaça disparados eletricamente em ambos os lados da torre, que podem ser disparados individualmente ou em uma salva. Um lote de quatro protótipos, seria empregado em um intenso programa de testes de campo, com seus resultados validando seu processo de aceitação operacional pela comissão de avaliação técnica do Exército Alemão (Deutsches Heer). Em fevereiro de 1963, o ministro da Defesa, Kai-Uwe von Hassel, solicitaria ao comitê de defesa do Parlamento a aprovação da produção deste novo carro de combate, com seu custo unitário sendo estimado na ordem de US $ 250.000,00. Em atendimento a este pleito,  em julho do mesmo ano seria celebrado um contrato entre o Ministério da Defesa Alemão (Bundeswehr) e Krauss-Maffei Wegmann GmbH & Co. KG, envolvendo mil e quinhentos carros Leopard 1A1, que seriam produzidos junto as instalações da empresa na cidade Munique. Atendendo ao cronograma contratual os dois lotes iniciais, envolvendo um total de cem carros, seriam entregues ao Exército Alemão (Deutsches Heer) entre setembro de 1965 e junho de 1966.  

Seu emprego operacional revelaria qualidades de projeto, passando a despertar o interesse de outras nações pelo modelo (além da Itália), gerando assim grandes contratos de exportações para a Bélgica, Holanda, Noruega, Itália, Dinamarca, Austrália, Canada, Turquia e Grécia.  Em 1968, logo após que o último veículo das quatro primeiras séries de produção foi entregue, seria deflagrado no início da década de 1970 um programa de atualização que receberia a designação de Leopard 1A1. Este processo envolvia a adoção de um novo sistema de estabilização de canhão da Cadillac Gage (estabilização total em elevação e rotação, bem como elevação motorizada de -9 ° a + 20 °) que permitiu que o tanque disparasse efetivamente em movimento. Passaria a fazer uso de saias de metal-borracha ao longo dos flancos do casco para proteger contra ogivas HEAT, e o cano da arma seria envolto em uma jaqueta para reduzir o desvio das cargas térmicas. A esteira foi alterada para um tipo de pino duplo D640A com almofadas de borracha retangulares destacáveis em vez da esteira Diehl D139E2 de pino duplo anterior com bandas de rodagem vulcanizadas. As almofadas de borracha das novas pistas podem ser facilmente substituídas por garras de metal em forma de X para movimento no gelo e na neve. 20 garras foram fornecidas para cada tanque e armazenadas em suportes no glacis superior do casco dianteiro quando não estavam em uso. Seria desenvolvido um novo snorkel que permitiu a condução subaquática a uma profundidade de 4 metros após selar o tanque com tampões especiais. Os periscópios de visão noturna infravermelhos ativos do motorista e do comandante foram substituídos por miras noturnas passivas de intensificação de imagem.  Entre os anos de 1975 e 1977, todos os carros dos primeiros quatro lotes seriam elevados para o padrão Leopard 1A1, e receberiam uma blindagem adicional na torre desenvolvida pela Blohm & Voss, que consistia em placas de aço revestidas de borracha aparafusadas à torre (incluindo a cesta da torre traseira) com espaçadores resistentes a choques. O mantelete do canhão receberia uma tampa blindada em forma de cunha feita de chapas de aço soldadas e o sistema de admissão de ar do motor foi aprimorado. Assim, os veículos atualizados passariam a pesar um total de 42,4 toneladas. Vislumbrando um potencial de mercado para o atendimento de seus clientes de exportação, a Krauss-Maffei Wegmann GmbH & Co. KG, passaria a produzir um kit de atualização, logrando êxito em comercializar centenas destes a diversos países operadores do modelo. Neste processo alguns clientes optariam por incluir uma armadura de torre adicional desenvolvida pela Blohm & Voss, que em termos de design se diferiria do Leopard 1A1 alemão, alterando assim a estética visual do veículo. Uma atualização na década de 1980 adicionaria um sistema híbrido de mira e observação LLLTV / IR passivo, que estava sendo semelhantes aos empregados nos novos Leopard 2 (que sem encontravam em produção) à medida que eram atualizados para termovisores. O sistema de televisão de baixo nível de luz PZB 200 (LLLTV) com scanner infravermelho IRS 100 seria desenvolvido pela AEG-Telefunken e montado em uma gaiola protetora no mantelete, acima da arma principal, criando o modelo  Leopard 1A1A2.   
Este sistema combinava uma câmera LLTV,  um tipo de dispositivo de intensificação de imagem que produzia uma imagem de TV  nos monitores do comandante e do artilheiro, acoplado a um scanner IR (sensível a diferenças térmicas nos comprimentos de onda de 3-5 μm e baseado em um detector PbSe) que sobreporia a imagem IR processada sobre o sinal LLLTV para melhorar a detecção e identificação do alvo, passariam ainda a contar com novo sistema de rádio digital SEM80/90. Os primeiros 232 tanques do quinto lotem de produção foram entregues como Leopard 1A2 entre 1972 e 1974. O A2 incluía uma torre fundida blindada mais pesada e melhor, visualmente difícil de distinguir do tipo anterior. A diferença mais notável foram as caixas blindadas ovais, em oposição às redondas, para a ótica da mira de telêmetro TEM. Os tanques Leopard 1A2 não foram sujeitos a mais atualizações de blindagem, assim como o 1A1, mas receberiam melhorias em seu sistema de proteção NBC. Os próximos 110 veículos pertencentes ao quinto lote de produção foram equipados com um novo tipo de torre soldada projetada pela Blohm & Voss, que foi equipada com blindagem espaçada (consistindo em duas placas de aço com um enchimento de plástico entre elas) e um mantelete de canhão em forma de cunha, resultando no Leopard 1A3. Embora o nível de proteção da blindagem fosse equivalente às torres fundidas do A2 anterior, o volume interno foi aumentado em 1,5 m3 e o nível de proteção efetiva foi aumentado. As atualizações subsequentes foram paralelas aos modelos 1A2: o Leopard 1A3A1 com miras noturnas aprimoradas, o Leopard 1A3A2 com os novos rádios e o Leopard 1A3A3 com ambos. O Leopard 1A4 formou o sexto lote de 250 veículos (215 fabricados pela Krauss-Maffei e 35 pela MaK), começando a ser entregue em 1974. O 1A4 era externamente semelhante ao 1A3, mas incluía um novo sistema integrado de controle de fogo. Isso consistia em uma mira independente PERI R12 estabilizada para o comandante, um novo telêmetro estereoscópico EMES 12A1 acoplado à mira primária do artilheiro, um canhão principal totalmente estabilizado e um computador balístico FLER HG. Muitos desses sistemas foram derivados do programa Leopard 2. Embora o EMES 12A1 ainda fosse apenas um telêmetro óptico (o telêmetro a laser desejado ainda estava em desenvolvimento), ele era usado para aquisição de alvos e conectado ao computador balístico, que produziria automaticamente um ângulo de ataque assim que o alcance fosse medido e várias outras entradas balísticas fossem calculadas. Essa solução reduziu o tempo entre a aquisição do alvo e o engajamento e aumentou a probabilidade de acerto na primeira rodada. As entregas finais do Leopard 1A4 para a Bundeswehr ocorreram em 1976 e marcariam a conclusão da produção do Leopard 1 para a Alemanha. O próximo estágio evolutivo seria representado pelo Leopard 1A5m que foi concebido no intuito de rivalizar novos blindados soviéticos T-64, -72, T-72M1 e T-80. Para cumprir essa nossa missão, o Leopard 1A5 recebeu aperfeiçoamentos na capacidade de combate noturno e sob mau tempo, outro ponto aperfeiçoado foi sua capacidade de efetuar disparos contra alvos em movimento, garantindo assim maior mobilidade e flexibilidade no campo de batalha. As primeiras unidades foram entregues em 1987 com grande parte dos 4.744 veículos construídos anteriormente sendo elevados a este patamar, tornando esta versão o Leopard padrão. 

Emprego no Exército Brasileiro.
A implementação da arma de cavalaria blindada no Brasil, seria desenvolvida e potencializada a partir da Segunda Guerra Mundial, quando do fornecimento de centenas de carros de combate dos modelos M-3 Stuart, M-3 Lee e M-4 Sherman. Esta imponente frota para os padrões regionais naquele período,  traria grande capacidade operacional para a Força Terrestre. Apesar deste cenário, poucos anos depois estes carros de combate se encontrariam obsoletos, levando a necessidade de implementação de um ciclo de renovação dos meios blindados. Desta maneira em meados da década de 1960, seriam  incorporados nos termos do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program) os primeiros carros de combate médios M-41 Walker Buldog. Ao substituir ou complementar os antigos modelos M-4 e M-4A1 Sherman, M-3 Lee e M-3 e M-3A1 Stuart, estes novos blindados trariam o contato e imersão das tripulações brasileiras a inovações tecnológicas de grande monta, como torres com sistema de acionamento hidráulico, sistema de visão infravermelho (M-41A3), canhões mais eficientes, maior velocidade de deslocamento e conjuntos mira mais precisos. No entanto o rápido avançar da tecnologia naquele mesmo logo traria a obsolescência neste segmento ao Exército Brasileiro. No início da década de 1970 seriam desenvolvidas iniciativas de modernização ou desenvolvimento pela indústria nacional em parceria com os militares. Este processo visava garantir localmente os meios para a promoção de um novo ciclo de renovação da Arma de Cavalaria Blindada Brasileira. Entre estes esforços destacamos os projetos Bernardin X1 e X-1A, M-41B e M-41C Caxias, no entanto estas seriam soluções paliativas de pouco êxito operacional. Paralelamente esforços mais ousados como os projetos Bernadini MB-3 Tamoyo e Engesa  EET-1 P1 Osório, porém infelizmente não avançariam além dos estágios de protótipos. Estes acontecimentos impactariam severamente a Força Terrestre, que em espera de uma solução nacional não promoveria a inclusão de novos carros de combate, ficando assim claramente defasado em relação as hipotéticas ameaças representadas no cone sul. No  início da década de 1990, a força de carros de combate de primeira  estava composta pelos modelos  modernizados M-41B e M41C Caxias, que apesar de estarem disponíveis em grande escala, já eram considerados obsoletos para operação em uma moderna arena de combate.  Se fazia necessário então em curto espaço de tempo prover a substituição destes carros na linha de frente, devendo-se também substituir por completo os modelos X-1 Pioneiro & X-1A2 Carcará que ainda dotavam dois Regimentos de Carros de Combate (RCC).

Esta demanda passaria a ser considerada como prioridade, dentro do escopo do programa Força Terrestre 90 (FT 90), que tinha como meta a curto prazo na construção do “exército do futuro”, que deveria se estender até 2015,  envolvendo os planos Força Terrestre 2000 (FT 2000) e Força Terrestre do Século XXI (FT 21). Desta maneira seria previsto a análise e aquisição de um substancial lote de carros blindados de nova geração, que a médio prazo deveria substituir toda a frota atual, envolvendo principalmente os carros de combate. Uma concorrência seria aberta, passando-se a analisar propostas internacionais que envolviam o modelo francês AMX 30, o alemão Krauss Maffei  Leopard I, o norte-americano Chrysler M-60A3 e curiosamente até o russo LKZ T-80, que chegaria a ser avaliado por uma comitiva brasileira em uma viagem a aquele país. Neste contexto a preferência do Exército Brasileiro acabaria para pender para o modelo alemão, no entanto os investimentos pretendidos para a aquisição de mais de cem carros de combate "novos de fábrica" acabariam por ser obstruídos pela estagnação econômica nacional naquele momento específico, que culminariam em severos cortes nos orçamentos destinados as Forças Armadas naquela década.  A fim se adequar a realidade orçamentaria premente, este programa passaria a ser norteado com buscas em compras de oportunidade, sendo analisadas diversas propostas no mercado internacional. Entre estas se destacaria uma oferta apresentada pelo governo da Bélgica envolvendo carros de combate usados do modelo Leopard 1A1, unidades oriundas do primeiro lote, produzidos entre os anos de 1968 e 1971. Salientando que estes haviam sido atualizados na década de 1980 para uma versão intermediaria com alterações eu seus sistemas de mira e comunicações. Após serem iniciadas as negociações junto ao governo belga, seria formada uma Comissão de Aquisição do Exército Brasileiro, que em dezembro de 1994 seria destinada a avaliar in loco os carros estocados, escolhendo inicialmente sessenta e um veículos que se encontrassem em melhor estado de conservação. Os critérios deste processo deveriam obedecer a critérios básicos eliminatórios, como, pleno funcionamento do aparelho de visão noturna infravermelho, sistemas computadorizados de condução de tiro estático e em movimento, vida útil do canhão, quilometragem da transmissão e menor número de horas de uso motor. Após parametrização estatística, seria definido o status do "Carro Médio Padrão" com estes devendo apresentar no máximo 500,8 horas de uso do motor, 3.229 km de quilometragem da transmissão e 172 EFC de vida útil do canhão. 
Após a seleção dos carros, seria contratada junto a empresa belga Stiles Antwerp Lt (um tradicional prestador de serviços forças armadas daquele país), a implementação de um programa de revisão, com este acordo abrangendo ainda o processo de transporte até o Brasil. Desta maneira seriam despachados ao Brasil em três lotes, separados por intervalos de quatro meses entres cada remessa, somente a munição de 105 mm seria enviada integralmente com o primeiro lote de carros. Os pagamentos seriam realizados na ordem dos recebimentos dos lotes, sendo no primeiro vinte carros, no segundo mais vinte carros e por fim no terceiro lote vinte e um carros. Este processo que estaria ainda sobre a supervisão da comissão de militares brasileiros, englobaria o envio também de toda a gama de ferramental existente permanente ao veículo, bem com kits de manutenção até de quarto escalão.  Em vias de se receber o primeiro lote destes veículos, em 17 de maio de 1996, o Ministério do Exército, definiria uma diretriz para a implantação das Viaturas Blindadas de Combate, VBC -CC Leopard 1A1. Estes então estes "novos" carros de combate, todo o material de apoio e ferramental, passariam a ser concentrados junto a instalações do Parque Regional de Manutenção/1 (PqRMnt/1) no Rio de Janeiro, para formatação das doutrinas e manuais de operação e manutenção básica.  Neste meio tempo um contingente de militares brasileiros seria enviado a Bélgica para treinamento e vivência operacional junto as unidades blindadas das Forças Armadas Belgas, envolvendo ainda detalhamento dos processos de manutenção em nível de 1º, 2º e 3º Escalões. Já no Brasil, seria criado em 11 de outubro de 1996, na cidade do Rio de Janeiro- RJ, o Centro de Instrução de Blindados General Walter Pires (CIBld), que teria por missão especializar militares das Forças Armadas e de Nações Amigas na operação de meios blindados e mecanizados e no emprego tático de frações de mesma natureza até o nível subunidade. A implementação deste modelo proporcionaria grande mudanças na sistemática operacional da arma blindada do exército, pois toda uma nova infraestrutura teve de ser criada, indo desde o processo de treinamento, instalações, doutrinas e sistemas de transporte (terrestre ou ferroviário), além de uma variada gama de veículos de apoio e socorro mais adequadas ao porte do novo modelo. Após o retorno deste contingente da Bélgica, os sessenta e um carros passariam a ser distribuídos as respectivas unidades operacionais entre os anos de 1997 e 2000, substituindo então os M-41B e M-41C Caxias, com estes sendo alocados junto aos Regimentos de Carros de Combate (RCC) que recentemente haviam desativados os últimos X-1 Pioneiro & X-1A2 Carcará.  No ano de 1998, o comando do Exército Brasileiro decidiu se pela aquisição de mais sessenta e sete carros de combate da mesma versão recebida, com um novo contrato sendo celebrado junto ao governo belga. Novamente uma comissão brasileira procederia in loco a seleção destes veículos, sendo também revisados localmente e preparados para transporte. 

Nesta nova negociação seriam inclusos também a aquisição de veículos especializados e de serviço como o Leopard Escola, Leopard Socorro (Bergepanzer Standart), além de outros dois modelos únicos no mundo configurados na versão de socorro Leopard HART (Heavy Armoured Recovery Tank) produzidos pela empresa belga Sabiex Internacional.  Todos estes veículos seriam despachados em lotes, com último destes sendo recebido em maio do ano de 2000. Com esta aquisição, a frota de Leopard 1A1 passaria a ser de cento e vinte oito unidades, melhorando assim a distribuição destes carros de combate no Exército Brasileiro, além de dotar o Centro de Instrução de Blindados (CIBld), estes seriam destinados a equipar quatro Regimentos de Carros de Combate (RCC) alocados nas regiões Sul e Sudeste. Desta maneira os Leopard 1A1 passariam a compor o esteio da Arma de Cavalaria Blindada no Brasil, porém apesar de um pródigo início operacional, estes carros de combate alemães, ao longo dos anos seguintes, passariam a apresentar preocupantes índices de disponibilidade.  Podia-se atribuir a este preocupante cenário, a inexistência de qualquer contrato de prestação de suporte e manutenção junto a Krauss-Maffei Wegmann GmbH & Co. KG, fabricante do modelo, impactando principalmente no processo de obtenção de peças de reposição.  Assim desta maneira seriam deflagrados estudos visando possíveis alternativas para a implementação de um novo ciclo de modernização da Arma de Cavalaria Blindada Brasileira. Desde o início a possibilidade de aquisição de carros de combate novos de fábrica seria descartada, devido a restrições orçamentarias vigentes naquela época. Neste contexto surgiria inclusive uma proposta norte-americana para o fornecimento de carros de combate MBT M-1 Abrams nos termos do Programa de Vendas Militares Estrangeiras (FMS -Foreign Military Sales), porém apesar desta ser extremamente interessante em termos financeiros, seria declinada, pois estes carros de combate excediam em termos de peso bruto a capacidade da infraestrutura nacional. Tendo em vista a intenção de manter pelo menos em operação uma parte da frota original dos carros de combate  Leopard 1A1, em 2008, o Ministério da Defesa no anseio padronizar seus meios e melhorar sua capacidade operacional, buscaria no mercado internacional compras de oportunidade visando a incorporações de versões mais recentes deste carro de combate. Uma proposta então seria apresentada pela empresa  Krauss-Maffei Wehrtecnik GmbH, envolvendo a aquisição, modernização e suporte técnico operacional para carros do modelo Leopard 1A5, veículos pertencentes ao Exército Alemão (Deutsches Heer), que se encontravam  armazenados como reserva técnica, após serem recentemente retirados do serviço ativo,  mediante a introdução dos novos Leopard II.
Negociações seriam conduzidas entre os governos brasileiro e alemão, visando alinhar os termos para a obtenção de mais de duas centenas deste modelo, incluindo neste pacote também veículos especializados de serviço baseados na mesma plataforma como sete Viaturas Blindadas Especializadas Socorro (VBE Soc), quatro Viaturas Blindadas Especializadas Lança-Pontes (VBE L Pnt), quatro Viaturas Blindadas de Combate de Engenharia (VBC Eng) e quatro Viaturas Blindadas Escola de Motorista. Os primeiros lotes começariam a ser recebidos no Brasil, a partir de 2009, este programa além de proporcionar modernização de sua frota de carros de combate, visava prover constante suporte técnico do fabricante, incluindo o estabelecimento de uma filial do fabricante no país, evitando assim incorrer nos mesmos erros da aquisição dos modelos anteriores. Assim desta maneira, o recebimento gradativo destes novos carros de combate, permitiram o comando da Força Terrestre a estruturar um plano de desativação gradual dos Leopard 1A1 mais desgastados. Neste planejamento a implementação deste novo carro de combate no Exército Brasileiro, definiria que setenta e quatro Leopard 1A1seriam retirados de serviço imediatamente, sendo parcialmente desmontados a fim de proporcionarem um estoque de segurança na cadeia de suprimentos dos "novos" Leopard 1A5 devido ao alto grau de comunalidade de componentes. Dos carros restantes, seria definido que os trinta e nove carros em melhor estado, deveriam ser mantidos em operação, sendo divididos em três esquadrões de treze carros a fim de substituírem os derradeiros M-41C Caxias ainda em uso em uso junto aos 4°, 6º e 9º Regimentos de Cavalaria Blindados (RCB). A partir do ano de 2012, seriam realizados estudos visando estender a vida útil dos Leopard 1A1, com esta iniciativa culminando na implementação de um programa de recuperação e revisão de um lote remanescentes destes carros de combate.  Este programa receberia a denominação de Projeto de Recuperação das Viaturas Blindadas de Combate (VBC CC) Leopard 1A1, sendo implementado pelo Parque Regional de Manutenção da 3ª Região Militar (Pq R Mnt/3), localizado na cidade de Santa Maria (RS), contemplando quarenta e um veículos, com último veículo sendo entregue em janeiro de 2016. Atualmente, cada um destes Regimentos de Cavalaria Blindado (RCB) conta com um esquadrão de VBC CC Leopard 1A1, além de possuir, em seus quadros, militares experientes para manutenir rotineiramente essas viaturas. Este programa permitirá o emprego destes veteranos carros de combate até sua provável substituição dentro do Projeto Nova Couraça da Força Terrestre. 

Em Escala.
Para representarmos o Krauss Maffei   Leopard 1A1 "EB 006047 Itatiaia", empregamos o excelente kit da Revell na escala 1/35. Para compormos a versão brasileira, tivemos de produzir em scratch as quatro caixas de ferramentas que são fixadas nas laterais do veículo. Fizemos uso de decais confeccionados pela Decals & Books presentes no set  "Forças Armadas Brasileiras".
O esquema de cores descrito abaixo representa o padrão de pintura com os quais os Leopard 1A1 foram recebidos entre os anos de 1996 e 2000. Os carros submetidos ao Projeto de Recuperação das Viaturas Blindadas de Combate (VBC CC) Leopard 1A1 receberiam o esquema tático de dois aplicados na maioria dos veículos blindados em uso no Exército Brasileiro.

Bibliografia :
- Leopard 1  - Wikipedia http://en.wikipedia.org/wiki/Leopard_1
- Blindados no Brasil - Um Longo e Árduo Aprendizado Volume II - Expedito Carlos Stephani Bastos
- Leopard 1A1: 41 carros de combate recuperados - https://www.defesaaereanaval.com.br/defesa/leopard-1a1-41-carros-de-combate-recuperados
- Leopard-1 A5 – Brasil em Defesa - http://www.brasilemdefesa.com/2012/05/leopard-1-a5.html