M-41, M-41A1 e M-41A3 Walker Bulldog

História e Desenvolvimento.
Com o final da Segunda Guerra Mundial, e em plena Guerra Fria, o Exército dos Estados Unidos (US Army) sentiu a necessidade de dispor um novo carro de combate leve que pudesse suceder os já antiquados M-24 Chaffe. Este veterano fora colocando em serviço no ano de 1944 em substituição aos M-3 Stuart, e neste período já se demonstravam ineficientes quanto aos carros semelhantes a disposição das forças do Pacto de Varsóvia. A fim de atender a esta demanda, em 1946 seriam iniciados os estudos preliminares para o desenvolvimento deste novo carro de combate leve, com este programa recebendo a denominação oficial de T-37.  A fim de se obter reduções de custo na cadeia de produção e manutenção, este novo veículo deveria fazer uso de grande quantidade de peças e componentes automotivos já comuns a outros veículos militares em uso. Deveria apresentar um casco modular capaz de ser convertido para uma variedade de outras funções especializadas, como plataforma de defesa aérea, socorro e transporte. Em termos de perfil operacional, deveria ser extremamente ágil, a fim de ser empregado também em missões de reconhecimento do campo de batalha, sendo capaz ainda de enfrentar a nova geração de tanques soviéticos como os T-44, T-54 e T-55. Uma concorrência seria então deflagrada em meados do ano de 1947, e curiosamente entre as premissas desta demanda se destacava a obrigatoriedade pela adoção de dois modelos gasolina seis cilindros em V refrigerados ar com 500 hp de potência, com as empresas concorrentes podendo optar pelo motor produzido pela Continental Motors Company ou Lycoming Engines. Esta exigência faria do T-37 um dos primeiros carros de combate norte-americanos a  a ser projetado em torno de um tipo de motor preexistente, em vez de ser construído primeiro e depois adotar um motor adequado. A seguir seriam apresentas três propostas técnicas comerciais, no entanto as restrições de ordem orçamentária impostas no período pós-guerra atrasariam a liberação de verbas para a construção dos protótipos dos projetos apresentados.  Este cenário atrasaria o cronograma original até março de 1949, quando seriam completados os primeiros três carros.  Estes protótipos seriam submetidos a um extensivo programa de avaliação comparativa em campo, e neste processo o protótipo apresentado pela Cadilac Automotive Company  (uma subsidiaria da General Motors Company), se destacaria, sendo classificado para a segunda etapa desta concorrência, com o modelo recebendo a designação de T-37 FASE II.   

De volta ao campo de provas seriam identificadas correções e oportunidades de melhorias, resultando assim na versão de pré-produção, agora designada como T-41E1 pesava 23.500 kg, e poderia ser facilmente classificado como um carro de combate médio, não sendo mais adequado para ser lançado de paraquedas como fora originalmente almejado, porém ainda poderia ser aerotransportado frequentemente. Do ponto de vista técnico tanto o T-41E1 quanto o T-41E2 eram muito parecidos com o M-24 Chaffe, com trem de rolamento de cinco pares de rodas, suspensão com barra de torção, contando, porém, com o novo motor traseiro Continental AOS-895-3 a gasolina de 6 cilindros em V (14.685 cm3) que proporcionava 500 hp a 2.800 rpm, o que lhe concedia uma elevada velocidade em estradas regulares. Suas dimensões eram de 8,05 metros de comprimento (com o canhão a frente) ou 5,60 metros (com o canhão voltado para trás), 3,26 metros de largura e 2,5 metros de altura. Sua blindagem frontal era de 32 mm, com a lateral variando de 19 mm a 25 mm e na torre entre 15 mm a 25 mm. Era fácil de ser reparado e ter componentes substituídos no campo de batalha, estando armado com um canhão M-32 (T138E1) de 76 mm com freio de boca e extrator de fumaça, adaptado para o tiro anti-tanque. Apresentava uma torre bem delgada e inteiramente soldada, de excelente característica. Sua carcaça estava dividida em três partes, na frontal encontrava-se o compartimento do motorista, dispondo de um guidon similar ao de uma bicicleta ou de uma barra de direção, está pouco usual. Já o compartimento de combate, no centro da carcaça era onde local onde estava situada sua torre e abrigava o comandante do carro e o atirador á direita do canhão, com o municiador a esquerda. E por fim a traseira abrigando seu grupo motopropulsor refrigerado ar e sua caixa de mudanças automática Allison CD-500-3, com duas marchas a frente e uma a ré. A celebração do primeiro contrato de aquisição ocorreria em agosto de 1950, porém o início de sua produção em série seria adiado, principalmente a contratempos técnicos da decorrentes da decisão de se incorporar um telêmetro integral diretamente na torre de aço, o que levaria a necessidade de reprojeto de ferramental.  Um renovado senso de urgência introduzido pelo início da Guerra da Coréia (1950 - 1953), e as crescentes demandas do Exército dos Estados Unidos (US Army) pela incorporação de mais por mais carros de combate, resultariam na priorização de sua produção. O atendimento a esta demanda emergencial levaria o fabricante a implantar a toque de caixa, reformas em suas instalações localizadas na cidade de Cleveland, transformando este espaço em uma linha de produção exclusiva deste novo carro de combate, envolvendo 3.700 colaboradores. 
Este acelerado processo de produção impactaria novamente no projeto original, pois a concepção de seu ferramental envolveria alterações de ordem técnica, resultando em novos atrasos no cronograma original. O modelo receberia a designação de M-41 Little Buldog, mais tarde alterado para M-41 Walker Buldog em homenagem ao General Walton Harris Walker, falecido em um acidente com um jipe na Coréia em 23 de dezembro de 1950. Os primeiros oito carros de produção em série seriam entregues ao Exército dos Estados Unidos (US Army) em julho de 1951. Em março de 1953, mais de novecentos carros de combate já haviam sido entregues, porém seriam disponibilizados para serviço ativo, tarde mais para participar conflito, apesar de alguns carros terem sido enviados para a Coréia antes de julho deste mesmo ano. Em fins do ano seguinte, mais de um e mil e oitocentos carros já haviam sido produzidos, porém seu emprego operacional descortinaria uma série de falhas técnicas, que possivelmente foram originadas de devido à sua produção emergencial. Estudos mais aprofundados realizados entre os anos de 1951 e 1952 apontariam que seria necessário implementar cerca de quatro mil alterações e melhorias no projeto original, levando ao desenvolvimento de uma nova versão. Além disto verificou-se que seu raio de açao era extremamente limitado o que levaria a substituição de seu motor original pelo modelo AOSI-895-5 com sistema de injeção eletrônica, garantindo uma redução de consumo de combustível na ordem de 20%.  Deste estudo nasceria a versão M-41A1, que além de atender as demandas de melhoria citadas anteriormente passava a ser equipado com o novo canhão M-76A1 (T138E2), e apresentava aumento da capacidade de armazenamento de munição de 76 mm passando de 24 no M-41 para 44, sendo acondicionadas na torre e 33 na carcaça. Com relação a pontaria, o comandante do carro e o atirador dispunham cada um de um periscópio M-20, cuja ligação balística ao canhão assegurava o alinhamento dos dois campos de visão com o eixo da alma da peça para o alvo selecionado. Além disso, o atirador dispunha de uma luneta M-97 como elemento secundário de pontaria. O municiador contava ainda com um periscópio de observação M-13 no teto da torre.  Como armamento secundário mantinha a metralhadora Browning M-2 de 12,7 mm montada sobre a torre e uma coaxial Browning M-1919A4E1 de 7,62 mm, contando com 430 munições de  de 12,7 mm e 4.200 de 7,62 mm.  Após a aprovação para a produção do M-41A1, seria decidido que pelo menos 1.361 carros do modelo M-41 que se encontravam em uso nas forças regulares, fossem armazenados junto as instalações da Unidade do Corpo de Artilharia (Ordinance Corps Depot), no estado de Ohio, a fim de serem posteriormente elevados para esta nova versão. 

Apesar destas melhorias o M-41A1 Walker Bulldog que nesta época já havia substituído completamente os M-24 Chaffe, ainda não se mostraria especialmente popular em serviço no Exército dos Estados Unidos (US Army). Mesmo com o desenvolvimento de suas  versões subsequentes como o M-41A2 em 1956 e o M-41A3 em 1958 (que passava a fazer uso do motor a diesel Cummins VTA-903), seu emprego operacional  continuaria a frustrar seus operadores. Entre varias observações destacava-se as queixas emitidas por seus condutores a respeito de seu  espaço interior limitado, somava-se ainda o fato que sua altura, tamanho e design,  afetavam sua capacidade de reconhecimento discreto no campo de batalha. Apesar do desenvolvimento de versões especializadas derivadas de sua plataforma, como o veículo antiaéreo M-42 Duster, obuseiros autopropulsados M-44 e M-52 e por fim o veículo blindado de transporte de tropas M-75, em fins de 1954 sua produção seria encerrada, totalizando 5.467 unidades entregues. Neste momento o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) passaria a focar seus esforços no desenvolvimento do novo carro de combate leve, o  M-551 Sheridan. O batismo de fogo do M-41 Walker Buldog ocorreria em abril de 1961, em Cuba durante o preludio da  "Invasão da Baía de Porcos", quando cinco destes carros retirados dos estoque do exército foram fornecidos pela  Agencia Central de Inteligência (CIA) aos exilados anticomunistas para apoiar a incursão da Brigada 2506 e a subsequente apreensão de locais estratégicos em Cuba que provavelmente seriam patrulhados ou defendidos por blindados, principalmente tanques médios T-34-85 fornecidos pelos soviéticos. Estes seriam transportados para a costa cubana por uma única embarcação de desembarque mecanizada em 17 de abril, depois desembarcaram com o apoio da infantaria em um ataque anfíbio de armas combinadas em Playa Girón.  Diversos embates ocorreriam, até que os M-41 tivessem sua munição esgotada, sendo abandonados pelas tripulações. Em 1964, como parte do esforço de apoio e modernização as forças blindadas do Exército da República do Vietnã (ARVN), o Comando de Assistência Militar Norte Americano, determinou o fornecimento de centenas de tanques M-41A3s,  que passariam a ser envolver nas maiores operações de combate, ao contrário do ocorrido no Exército dos Estados Unidos(US Army) o modelo de tornou muito popular entre os tripulantes locais, que geralmente eram de menor estatura do que seus contrapartes norte-americanos, e assim  não experimentariam o mesmo desconforto proporcionado pelo reduzido espaço interior.  Os últimos M-41 Walker Bulldogs foram entregues a este exército em 1972 totalizando 350 carros, e durante a Queda de Saigon entre os dias 28 e 30 de abril de 1975 , muitos destes carros de combate seriam capturados e incorporados ao Exército do Vietnã do Norte sendo mantidos em operação até meados da década de 1990.   
O M-41 Walker Bulldog seria o primeiro tanque do pós-guerra a ser adotado pelo Exército Alemão (Bundeswehr) após sua formação em 1955, com 50 desses veículos sendo destinados a compor os batalhões de reconhecimento blindado. No entanto o conceito de carros de combate leves provou ser impopular neste exército, e todos os M-41 seriam desativados em 1966 passando a ser substituídos pelos modelos M-48 Patton e Leopard 1.  Em 1958, de 40 a 50 carros do modelo M-41A-3 seriam cedidos as Forças Armadas Libanesa (LAF) a fim de substituírem em sua frota os obsoletos M-4  Sherman Firefly e os carros de combate leves franceses Hotchkiss H35 e Renault R35. Estes seriam amplamente empregados em cenários de conflagração real, atuando desde a crise do Líbano de 1958, a Guerra Civil Libanesa (1975 - 1982) até a Guerra da Montanha (1983 - 1984). Curiosamente além das forças regulares daquele país, vários M-41A-3 capturados seriam utilizados por por facções rebeldes dissidentes, como o Exército Árabe Libanês (LAA), Exército do Libano Livre (AFL), Forças Reguladoras Kataeb (KRF), Milícia dos Tigres e Libertação Popular Exército (PLA). No entanto seu maior usuário seria representando pelo Exército da República da China - Taiwan (ROCA), que começaria receber seus primeiros M-41A3 em 1958, chegando a receber até o ano de 1960 700 carros de combate desta família. Ao longo dos anos uma parcela desta frota seria profundamente modernizada para a versão M-41D, com muitos destes ainda permanecendo operacionais até os dias atuais. O advento da introdução dos novos  veiculos blindados de reconhecimento e assalto aerotransportados M-551 Sheridan AR/AAV iniciaria o ciclo de desativação dos M-41A1, M-41A2 e M-41A3 das unidades de linha de frente da cavalaria blindada do Exército dos Estados Unidos (US Army), com estes passando a ser armazenados como reserva técnica.  Desta maneira esta família de carros de combate passaria a constar no portifólio do Programa Militar de Assistência - MAP (Military Assistence Program), muito em virtude da grande quantidade armazenada como reserva estratégica.  Dentro destes termos deste programa milhares destes carros de combate seriam cedidos ao Brasil, Chile, República Dominicana, Guatemala, Uruguai, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Etiópia, Grécia, Japão, Nova Zelândia, Paquistão, Filipinas, Portugal, Somália, Arábia Saudita, Somália, África do Sul, Espanha, Sudão, Tailândia, Tunísia e Turquia. Diversos programas de modernizações seriam desenvolvidos para esta família de carros de combate, permitindo estender sua vida útil, com muito destes ainda operando em serviço ativo junto as forças armadas da República Dominicana, Guatemala, Taiwan e Uruguai.   

Emprego no Exército Brasileiro.
A arma de cavalaria blindada na Força Terrestre seria criada e consolidada no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial, período no qual, o país após passar a ser signatário do programa  internacional de ajuda militar Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos). Nos termos deste acordo seriam recebidos milhares de modernos veículos militares, trazendo ao Exército Brasileiro uma grande mobilidade e poder de dissuasão, se tornando neste período uma grande potência militar regional.  Em termos de carros de combate, o país dispunha de uma imponente frota, composta por mais de seiscentos carros de combate divididos entre os modelos leves M-3 e M-3A1 Stuart e médios M-4,  M-4A1 Sherman e M-3A3 e M-3A5 Lee. No entanto este status quo não se manteria por muito tempo, pois logo no final da década de 1950, essa frota além de se apresentar em um estágio de obsolescência, passaria a apresentar graves problemas de índice de indisponibilidade, provocada principalmente por problemas na obtenção de peças de reposição, tendo em vista que estes modelos tiveram sua produção descontinuada em meados do ano de 1945. Grande parte ainda destes problemas, estava concentrada no conjunto motriz  destes veículos blindados, gerando assim estudos de desenvolvimento voltando a implementação de programas de remotorização, substituindo os antigos motores a gasolina por modelos a diesel de fabricação nacional.  Apesar de se mostrarem viáveis em termos técnicos e econômicos, estes processos de revisão e modernização efetivados ou ainda em desenvolvimento, apesar de devolverem certa capacidade operativa ao Exército Brasileiro, não atenderiam a demanda de modernização de seus meios blindados. O principal calcanhar de Aquiles da frota de carros de combate M-3 e M-3A1 Stuart, M-4 e M-4A1 Sherman e M-3A3 e M-3A5 Lee repousava em seu natural obsolescência, ficando claro que modelos já se encontravam defasados, considerando ainda que a maior parte desta antiga frota estava composta por veículos armados com os ineficientes canhões de 37 mm,  que pouco podiam fazer em um cenário de enfrentamento moderno. A solução deste problema passaria obviamente pela aquisição de novos carros de combate (mesmo que em uma pequena quantidade) que possibilitaria assim uma imediata e necessária modernização da força blindada do Exército Brasileira. 

Para atendimento a esta demanda, o governo brasileiro fazendo uso dos termos do Acordo Militar Brasil - Estados Unidos (que fora celebrado no ano de 1952), programa este que  tinha por objetivo ampliar a influência geopolítica norte-americana, para assim prover regionalmente uma linha de defesa contra a hipotética ameaça expansionista socialista. Desta maneira nosso pais passaria a ter acesso ao Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program), que garantiria acesso facilitado a modernos equipamentos militares. Nestes termos em meados do ano do ano de 1959, o adido militar brasileiro baseado na cidade de Washington DC (Distrito Columbia), daria início as tratativas, junto a aquele governo, para a aquisição de veículos militares e carros de combate.  Nesta época o Exército dos Estados Unidos (US Army) dispunha em sua reserva estratégica, de uma grande frota de carros de combate médio da família M-41 Walker Buldog, com estes estando armazenados junto as instalações do  Ordinance Corps Depot (Unidade do Corpo de Artilharia) baseado em Lordstown Village, no estado de Ohio.  Vale citar que grande parte desta frota contemplava a primeira versão de produção deste modelo, e que foram logo substituídas nas linhas de frente pelas versões melhoradas como o M-41A3, apresentando assim, baixíssimo desgaste operacional.  Após a conclusão das negociações burocráticas, uma comitiva formada por oficiais do Exército Brasileiro seria enviada a Ohio, para proceder a escolha de cinquenta carros de combate do modelo M-41 Walker Buldog.  Estes seriam separados e então revisados localmente colocados em condições de funcionamento e preparados para transporte por via naval, sendo recebidos no porto do Rio de Janeiro, em 14 de agosto de 1960. Já no país, estes carros seriam preparados para o estágio operacional e treinamento de seus operadores, sendo posteriormente transportados por via terrestre, e distribuídos aos 1º e 2º Regimentos de Reconhecimento Mecanizado (RecMec), que estavam baseados nas cidades de Porto e Alegre e Santo Ângelo no Rio Grande do Sul e ao 3º Regimento de Reconhecimento Mecanizado no Rio de Janeiro, (então Estado da Guanabara). Nestas unidades de imediato os novos carros de combate passariam a substituir os antigos carros de combate leves M-3 e M-3A1 Stuart. Em operação os M-41 naturalmente se mostrariam muito superiores principalmente devido a sua velocidade e poder de fogo,  proporcionado pelo moderno canhão M-76A1 (T138E2) de 76 mm. 
O grande êxito operacional destes carros de combate levaria o governo brasileiro em 1962 a negociar nos termos do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program), resultado em um pacote de cessão de 303 carros de combate que deveriam ser recebidos até meados até o final desta mesma década. Estes estariam divididos entre o modelos M-41A1 com 248 blindados e 55 carros da versão mais recente de  produção o M-41A3. A principal diferença entre estes novos modelos estava baseada principalmente na motorização, com o último modelo apresentando em seu grupo motriz um, sistema de injeção de combustível, que lhe concedia a mudança de nomenclatura passando a ser designado como Continental AOSI-895-5, além disso possuía um sistema de elevação do canhão de maior ângulo, podendo este ainda ser equipado um conjunto de equipamento de infravermelho, para direcionamento e condução. Apesar destas diferenças, visualmente o M-41A1 e o M-41A3 eram praticamente idênticos com detalhe para os paralamas cortados no primeiro e paralamas retos no último. O recebimento total das quantidades negociadas ampliaria fortemente a força blindada brasileira, permitindo assim proceder o completo reequipamento de suas unidades blindadas de primeira linha permitindo a retirada de serviço dos últimos M-4 e M-4A1 Sherman. Ao substituir os antigos carros de combate, os M-41 Walker Buldog apresentariam aos militares brasileiros inovações tecnológicas de grande monta, como torres com sistema de acionamento hidráulico, maior velocidade de deslocamento, sistemas de mira mais precisos. Seu novo canhão M-32 de 76 mm também era muito superior aos canhões empregados nos carros de combate produzidos durante a década de 1940. A versão M-41A3 estava equipada com um sistema de visão infravermelho, aparato até então inédito no país, e apesar de estar presente em um pequeno número de carros, possibilitou a imersão dos tripulantes em uma tecnologia de suporte a combate realmente nova. Estes se fariam presentes e plenamente operacionais em grandes unidades, como a 5º Brigada de Cavalaria Blindada (Bda C Bld), 1º, 2º, 3º, 4º e 5º Regimentos de Carros de Combate (RCC) e nos 4 º, 6 º, 9 º e 20 º Regimentos de Cavalaria Blindado (RCB). Inclui-se ainda a Escola de Material Bélico (ESMB), berço dos blindados e templo da manutenção do Exército Brasileiro, além do 15 º Regimento de Cavalaria Mecanizado e Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) no Rio de Janeiro.   

Este importante movimento reequilibraria a balança de poder terrestre na América do Sul, então neste momento fortemente inclinada para a Argentina, nosso principal hipotético rival que começava a operar em larga escala o modelo TAM (Tanque Argentino Médio). Durante as décadas de 1960 e 1970 caberia ainda ao M-41 Walker Buldog ser o carro de combate responsável pela formação da moderna força blindada no Brasil, consolidando assim a doutrina motomecanizada no Exército Brasileiro. Vale a menção que apesar não haver dados específicos sobre o recebimento de carros do modelo M-41A2, existem alguns documentos internos do Exército Brasileiro que confirma a existência de diversos carros desta versão. Estes veículos devido ao seu tamanho e peso, possuíam a capacidade para serem transportados por via férrea, sem trazer problemas a malha ferroviária brasileira, podendo ser facilmente transportados em pranchas ferroviárias sem grandes modificações. Apenas seriam desenvolvidos alguns tipos de rampas fixas e móveis que facilitavam seu embarque e desembarque. Também poderiam ser transportados em pranchas rodoviárias existentes na Força Terrestre e nas empresas de transporte civil. Este fator possibilitaria seu emprego em âmbito nacional, sendo registrados diversos exercícios de grande monta em diversos pontos do território nacional, comprovando a capacidade de dissuasão da força blindada. Estes carros de combate nunca participaram de combates efetivos, mas tiveram destacada participação em grandes exercícios operacionais, de longa duração simulando cenários reais de combate, proporcionando um amplo aprendizado da tropa na operação com carros de combate, seja na área de logistica, transporte ferroviário, tiros reais e manutenção preventiva e corretiva nas unidades e no campo de treinamento. Os M-41 Walker Buldon seriam eternizados no imaginário popular mediante registros fotográficos obtidos durante os eventos decorrentes da Revolução de 1964, quando foram destacados para a proteção de locais estratégicos principalmente na cidade do Rio de Janeiro e na capital federal em Brasília. Neste período, durante mais de uma semana suas tripulações foram obrigadas a "viver" em seus veículos ou próximos a eles mantendo a prontidão de combate. Porém apesar de sua importância operacional e estratégica, os M-41 Walker Buldog brasileiros, infelizmente nunca receberiam a aplicação dos programas manutenção preventiva e corretivas adequados indicados pelo fabricante. Grande parte das manutenções seriam realizadas fazendo uso de peças de reposição não originais de baixa qualidade, muitas vezes em áreas sensíveis, como retentores, mangueiras e linha hidráulicas. 
Este inadequado procedimento de manutenção resultaria a médio e longo prazo em altos índices de desgastes, causando na sequência de quebras de outros componentes vitais, afetando assim a cada vez mais disponibilidade da frota. Esta irresponsável decisão, buscava implementar economias da ordem de algumas centenas de dólares por veículo, colocando em risco um carro de combate que chegava a custar mais de meio milhão de dólares.  No início da segunda metade da década de 1970, a frota de M-41 Walker Buldog brasileira já apresentava graves índices de disponibilidade operacional, com este cenário sendo agravado em 1977 após o rompimento do Acordo Militar Brasil - Estados Unidos.  As dificuldades na aquisição de suprimentos críticos, agravadas ainda mais pelo fato de seu motor operar com gasolina de alta octanagem, facilmente inflamável e com consumo superior a três litros por quilometro. A este problema se somava o suprimento da munição de 76 mm de seu canhão M-32 que além de não ser fabricado no país foi descontinuada nos Estados Unidos no início da década de 1970. No anseio de resolver estes problemas e objetivando também promover melhorias, seriam conduzidos estudos visando o desenvolvimento de um programa de modernização, onde além da substituição do grupo motriz importado por um nacional, previa-se a alteração do armamento principal, incluindo um canhão de 90 mm. Diversos iniciativas seriam conduzidas a partir de 1977 pela equipe técnica do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) de São Paulo, pelo Centro de Tecnologia do Exército (CTEx) e o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IPD), trabalhando em conjunto com a empresa paulista Bernadini S/A. Após as parametrizações de projeto e assinatura de contrato, em meados de 1978, os primeiros carros seriam encaminhados para a modernização, nascendo assim a versão nacional M-41B. Curiosamente em 1982 seriam adquiridos 53 M-41A3 no Japão , oriundos de excedentes do Exército dos Estados Unidos (US Army) que estavam armazenados em Tóquio e que nunca foram incorporados , visto que não entraram no processo de modernização. Este carros ficariam guardados no então Parque Central de Motomecanização (PqCMM) no Rio de Janeiro e acabariam servindo somente como fonte de peças de reposição. Muitos destes acabariam sendo transformados em monumentos em quarteis ou outros locais, salienta-se ainda que os veiculos preservados em sua versão original, se tratam do lote de adquirido do Japão no ano de 1982 que foram destinados somente a servir como fontes de peças de reposição.

Em Escala.
Para representarmos o M-41A3 Walker Buldog "EB11-793" optamos pelo kit da AFV na escala 1/35, sendo este o modelo mais indicado para compor a versão empregada no Brasil com kit podendo ser montado diretamente da caixa. Este modelo apresenta ainda um excelente padrão de qualidade (oferecendo inclusive o tubo do canhão em metal). Empregamos decais confeccionados pelo fabricante Decal & Book pertencentes ao "Set Forças Armadas Brasileiras 1942/1982".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático do Exército Brasileiro, que seria aplicado em todos seus veículos militares desde a Segunda Guerra Mundial até a o final do ano de 1982. .  Os M-41, M-41A1 e o M-41A3 Walker Buldog brasileiros, mantiveram este padrão até serem submetidos ao processo de modernização, onde emergiram ostentando o esquema de camuflagem tático em dois tons adotado pela Força Terrestre  a partir do ano de 1983.


Bibliografia :

M-41 Walker Buldog - http://pt.wikipedia.org/wiki/M41_Walker_Bulldog
- Blindados no Brasil Volume I, por Expedito Carlos S. Bastos
- Blindados no Brasil Volume II, por Expedito Carlos S. Bastos
- M-41C Rede de Tecnologia & Inovação do Rio de Janeiro - http://www.redetec.org.br/inventabrasil/caxias.htm
- Carro de combate M41 no Exército Brasileiro - http://www.defesanet.com.br

Navio Mineiro-Corveta Classe Carioca

História e Desenvolvimento.
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) serviria para expor o estado da Esquadra Brasileira. A força-tarefa enviada para participar do esforço de guerra (Divisão de Operações Navais de Guerra) fracassou estrategicamente, porque era incapaz de apoio à guerra antissubmarino aos alemães, devido às condições de material da armada. Por volta de 1920, a discussão da construção de um novo Arsenal, e do recorrente tema da reestruturação do pessoal técnico da Marinha do Brasil, seria revitalizada pela conjunção da deterioração da esquadra e a disposição do governo dos Estados Unidos, em manter certo “equilíbrio” militar no seu flanco sul, principalmente entre a Argentina, Brasil e Chile). Ao fim da década de 1920, contávamos com dezessete vasos principais de emprego de alto-mar, todos adquiridos a partir da reforma naval de Alexandrino: dois couraçados, três cruzadores de escolta, seis contratorpedeiros, três torpedeiros e três submarinos. Somados ao que sobrou da Marinha do fim do século XIX, um amálgama de frota de emprego costeiro, a tonelagem total de 59.193. Os britânicos adiantaram-se aos demais possíveis interessados em suprir esta modernização, logo após a Primeira Guerra Mundial, enviando uma missão naval-comercial-diplomática, cuja meta era de fazer negócios e suplementar a esquadra brasileira por vendas. Aparentemente, os Estados Unidos restabeleceriam a dianteira e tomariam contatos para suprir o Brasil com uma reforma no seu aparato naval. Nesse contexto se daria a assinatura do contrato com a Missão Naval Americana ao Brasil (1922-26) para criar as condições da expansão da esquadra brasileira que, obviamente, teria neste país seu fornecedor e parâmetro tecnológico e o Brasil como consumidor de modelos e itens da indústria norte-americana. Desde sua implantação este programa passaria por entraves de ordem burocrática, comercial e cultural, com somente o primeiro grande passo sendo realizado no início década seguinte, com a estruturação do Programa de Reaparelhamento Naval de 1932 (Programa Naval 32), que envolveriam grandes obras de infraestrutura que culminariam no estabelecimento operacional de fato do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) como uma organização dedicada a manutenção efetiva dos navios da Esquadra. Neste contexto em originalmente estavam previstas a incorporação de dois cruzadores, nove contratorpedeiros, seis submarinos, seis navios mineiros e três navios tanque, com a intenção de realizar estas aquisições junto a estaleiros ingleses e italiano. Entretanto, os problemas orçamentários decorrentes da Depressão Mundial e políticos (Revolução Constitucionalista de 1932) atrasaram fortuitamente sua execução. 

Este programa somente seria retomado a partir do ano de 1935, porém o intensificar das tensões na Europa prejudicariam a importação dos navios ingleses e submarinos italianos, pois neste momento estas nações estavam priorizando o fortalecimento de suas armadas em face a eclosão de um possível conflito naquele continente. Desta maneira somente três submarinos italianos seriam recebidos e posteriormente a eminência de uma nova guerra logo também se mostraria um entrave para a efetivação das entregas dos seis destroieres da classe H, contratados junto ao estaleiro inglês J. Samuel White & Co., que seriam designados para exportação como classe J ou Javary.  Uma solução a este problemático cenário passaria pela construção naval nacional, com esta iniciativa sendo capitaneada pelo Almirante Henrique Aristides Guilhem  ao assumir ao Ministério da Marinha, em 1935. Neste momento de posse de recursos consideráveis decorrentes de parte das rendas com o comércio marítimo, fincaria o pé no processo de recuperação das construções navais no Brasil, usando como argumento a própria estrutura do Arsenal da Marinha que ao ser recuperada e potencializada, diminuiria a dependência de material estrangeiro. Por seu turno, o então Governo Vargas viu nisso a oportunidade de encaixar o programa nas necessidades da implantação do modelo de substituição de importações, e de revitalização da indústria local. E como toda nucleação aleatória, na falta da excelência organizacional, a política encontrou a liderança técnica para a tarefa, sendo importados diversos maquinários para o emprego nesta tarefa. Entre as demandas existentes e viáveis de construção local se encontravam os navios mineiros, com esta missão sendo dada ao Capitão de Mar e Guerra Engenheiro Naval Júlio Régis Bittencourt. Este programa deveria contemplar a construção no Arsenal de Marinha da Ilha das Cobras de seis navios mineiros que receberiam os nomes de Carioca, Caravelas, Cabedelo, Cananéia e Camaquã).  Este projeto seria norteado por um meticuloso e demorado estudo que buscasse obter características que harmonizassem as exigências militares próprias do tipo, com o fator econômico da época. Sua estrutura geral do caso seria concebida em dentro de um conceito mais simples possível, que seriam aliviadas de todas as maneiras, as partes da superestrutura que formam o passadiço e as gaiutas da praça de máquinas. 
Seu projeto dimensionaria estas embarcações em 550 toneladas de  deslocamento normal; 57,5 metros de comprimento total; 7,5 metros de boca máxima e  2,4 metros de calado máximo. Desta maneira estes navios deveriam ser construídos de chapas de aço doce Siemens Martin, no sistema de construção das cavernas transversal com reforços nas partes em que deveriam sofrer maior esforço, sendo todo ele rebitado e soldado, com duplo fundo, onde se localizavam os tanques de óleo, água e dejetos. Suas cavernas possuíam oito anteparas dividindo o navio em nove compartimentos estanques. Deste modo seriam reduzidos os pesos altos, obtendo-se assim melhores condições de estabilidade em alto mar para a pequena embarcação, permitindo assim carregamento máximo de minas navais. Seu sistema de fundeio era baseado em dois ferros de leva de 560 kg cada um, talingados a cinco quartéis de amarra, com 25 metros cada quartel e em dois ancorotes tipo almirantado de 200 kg cada um. O  sistema de propulsão do navio seria formado por duas máquinas motoras instaladas numa mesma praça de máquinas, sendo do tipo alternativa a vapor de tríplice expansão, com três cilindros fundidos separadamente, fabricados pela Thornycroft, com 650 HP a 320 RPM, correspondente a uma velocidade máxima de 14,25 nós e raio de ação de 1.120 milhas náuticas. Sua velocidade econômica era de 10 nós a 210 RPM e seu raio de ação, nessa velocidade, era de 1.820 milhas náuticas. O vapor era fornecido por duas caldeiras aquatubulares tipo Yarrow, de circulação acelerada, queimando óleo combustível, fabricadas pela Thornycroft e situadas em praças de caldeira separadas, sendo uma a vante e outra a ré. O navio possuía um grupo destilatório a vapor, com capacidade de produzir 6 t/dia em regime normal e 8 t/dia em regime máximo. A aguada era fornecida por um grupo destilatório tipo Weir de 3 êmbolos com produção máxima de 3,6 t de água. Para navegação, o navio era dotado de duas agulhas magnéticas Kelvin, sendo um padrão no tijupá e uma de governo no passadiço. Para as embarcações miúdas, possuía duas agulhas pequenas, de líquido fabricadas por Otto Meister. Como complemento, possuía dois hodômetros de superfície Cherub MK II e Walker Trident, uma máquina manual de sondar Kelvin 10810-A, um ecobatímetro modelo EB-1, um radiogoniômetro modelo AR 8709 e um radar SF-L, posteriormente instalado em 1945.   
Para as comunicações rádio telegráficas, o navio era dotado de dois transmissores de Cacique AB-200 AF-B2 de 200 W e Cacique AB-50-AFI-B2 de 50 W e três receptores Cacique AB-307 AF, AB-108-FI e AB-405-AFI. Para as comunicações exteriores visuais, possuía bandeiras, escote na verga do mastro e dois holofotes de 12 polegadas e um holofote de 24 polegadas.  A sua energia elétrica seria fornecida por um dínamo (gerador) principal Sunderlard Force, de 30 kw de potência, de corrente contínua, que era acionado por uma máquina a vapor tipo vertical, carter fechado. Como complemento, possuía um dínamo (gerador) secundário, de 40 kw de potência, corrente contínua, movido por um motor diesel.  Para converter a corrente contínua em alternada, possuía três alternadores. Como sistema de salvamento, o navio seria dotado de duas embarcações a motor, sendo uma lancha e uma baleeira, com capacidade para vinte e cinco homens cada, dois escaleres a remo e vela e uma chalana. A manobra do navio era feita por um leme simples, não compensado, retangular, comandado por uma máquina do leme, alternativa a vapor de dois cilindros, que era capaz de movimentar o leme até um ângulo máximo de 35º. Possuía duas estações de governo, sendo uma no passadiço e outra a ré, para manobra do leme em emergência. Para o fundeio, possuía dois ferros tipo Hall de 560 kg cada um, talingados a amarras de seis quartéis de 25 metros e um ancorote de 160 kg tipo Smith. A sua lotação seria, originalmente constituída pelos seguintes oficiais e praças: quatro Oficiais, dez Sargentos, sete Cabos, trinta e seis Marinheiros, quatro Grumetes e sete Taifeiros, totalizando sessenta e oito homens. Em termos de armamentos esta classe de navio mineiros deveriam ser equipados com um canhão inglês Armstrong de 101,6 mm, três metralhadoras francesas Madsen de 20 mm. Possuía ainda dois morteiros, tipo  Derby em Y na popa, duas calhas - lança minas e ou bombas de profundidade MK III, na popa a boreste e a bombordo e dois lança-bombas foguetes MK XX montadas a boreste e a bombordo, também na popa. Os paióis de munição eram refrigerados. O tiro seria dirigido por um telêmetro norte-americano Barr & Stroud’s, tipo FT 32. Era governado por um leme vertical do tipo compensado, com ângulo máximo de 35º. Havia duas estações de governo, sendo a principal situada no passadiço e a de emergência, com manobra à mão, situada no convés da superestrutura da embarcação.  Com a aprovação do projeto de construção dos navios mineiros, este programa  receberia a designação de Classe Carioca, com seus trabalhos sendo logo iniciados junto as instalações dos Arsenal de Marinha da Ilha das Cobras. 

Emprego na Marinha do Brasil. 
Para o atendimento ao cronograma de construção deste classe em particular, seriam realizados  investimentos adicionais no processo estruturação das instalações do  Arsenal de Marinha da Ilha das Cobras. Essa iniciativa possibilitaria acelerar o processo de construção da primeira do primeiro navio mineiro que receberia o nome de "Carioca", com esta navio passando  a ser a quinta embarcação  a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem ao rio homônimo e aos habitantes da cidade do  Rio de Janeiro.  Sua quilha seria batida  no dia  06 de junho de 1937 em uma cerimonia onde estariam presentes o Presidente da República Getúlio Dornelles Vargas, Ministros e autoridades da República. Seria  lançado ao mar em 22 de outubro de 1938, tendo como Madrinha a Sra. Maria da Glória Carvalho Guilhem, esposa do Ministro da Marinha Henrique Aristides Guilhem. Pelo Aviso Ministerial no 1.463, de 16 de setembro de 1939 foi incorporado à Armada no mesmo dia, no referido Arsenal, em cerimônia solene, onde novamente estariam presentes o Presidente da República, o Ministro da Marinha e autoridades civis,  recebendo o indicativo visual C 1.  Em julho de 1940, passaria a ser  incluído na recém criada  Flotilha de Navios Mineiros, operando com  sede na Ilha de Mocanguê Grande, comandada pelo então Contra-Almirante Gustavo Goulart. Porém em 1942, o navio foi incorporado à Divisão de Cruzadores, sendo dissolvida a Flotilha de Navios Mineiros. Em cumprimento à Resolução 11/42, aquela divisão de Cruzadores foi extinta e no dia 5 de outubro foi criada pelo Aviso n° 1.661 a Força Naval do Nordeste, a qual foi incorporada o Navio-Mineiro Carioca juntamente com os demais navios da sua classe. A Força Naval do Nordeste era originalmente composta pelos Cruzadores Rio Grande do Sul – C 11 e Bahia - C 12, Navios Mineiros Cabedelo - C 4, Caravelas - C 5 e Camaquã - C 6 e pelos Caça Submarino Guaporé - G 1 e Gurupi - G 2. Essa força foi depois acrescida de outros navios adquiridos nos Estados Unidos, além dos submarinos classe T, do Tender Belmonte, e dos Contratorpedeiros da classe M, constituindo assim Força-Tarefa 46, da Força Naval do Atlântico Sul, sendo dissolvida apenas no final da guerra. No período em que esteve no Serviço Ativo da Marinha do Brasil, a Corveta Carioca  navegou 182.230,5 milhas náuticas e fez 994,5 dias de mar, sendo que, no período de maio de 1941 a novembro de 1945, em operações de guerra, participou, efetivamente, durante a Segunda Guerra Mundial da patrulha do litoral brasileiro e águas ao largo da costa do Brasil, comboiando cerca de setecentos e cinquenta navios mercantes brasileiros e estrangeiros, como reforço da escolta e ataques a submarinos alemães em curso nas águas brasileiras.

O segundo representante o  Cananéia - C 2, seria o terceiro navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem a cidade homônima do litoral de São Paulo. Foi construída no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. Teve sua quilha batida em 6 de novembro de 1937, seria lançada ao mar em 22 de outubro de 1938 e foi incorporada em 16 de setembro de 1939. Naquela ocasião, assumiria o comando, o Capitão-de-Corveta Raul Reis Gonçalves de Sousa. O batimento de quilha o lançamento e a Mostra de Armamento das duas primeiras unidades da classe, a Carioca e a Cananéia, seriam realizadas em cerimonias oficiais conjuntas. Em julho de 1940, seria incluída na recém criada  Flotilha de Navios Mineiros, posteriormente em outubro de 1942 seria incorporada a Força Naval do Nordeste, participando da  Força-Tarefa 46, da Força Naval do Atlântico Sul, sendo dissolvida apenas no final da guerra.  Durante sua permanência no serviço ativo da Marinha do Brasil, o navio sofreu inúmeras alterações estruturais para modernização e adaptação para as operações de guerra. Seria substituída parte de seu armamento, instalado um radar SF-L. A sua estabilidade foi melhorada, houve alterações nos tanques de água e óleo. Parte das máquinas auxiliares foi retirada e substituída, os compartimentos habitáveis foram alterados. seria feita ainda a retubulação das caldeiras e substituição dos grupos motores geradores elétricos. Pelo Aviso Ministerial no1.452, de 26 de junho de 1959, foi decretada a baixa do serviço ativo da Marinha da Corveta Cananéia juntamente com o Carioca, com a sua Mostra de Desarmamento sendo realizada no dia 7 de julho de 1960, na doca 11 de Junho, no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. O terceiro representante deste classe o Camocim - C 3,  segundo navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem ao rio e a cidade homônimos do Ceará. Teve sua quilha batida em 11 de dezembro de 1937, foi lançada ao mar em 28 de outubro de 1939 e foi incorporada em 7 de junho de 1940. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-de-Corveta Américo Jacques Mascarenhas da Silveira. A exemplo dos demais navios desta classe teria intensa participação durante o conflito. Em 1949 seria  retirado todo o seu armamento e instalado um ecosondador da Submarine Signal Co., sendo o navio foi reclassificado como Navio Hidrográfico. No ano de 1950 foi instalado um radiogoniômetro, em 1952 foi instalado um ecobatímetro EB-4 e por fim, em 1953 foi retirado o sonar. No período de 1949 a 1959, realizou inúmeras comissões hidrográficas e de sinalização náutica, ao longo da costa brasileira. Pelo Aviso Ministerial nº 1 452 de 26 de junho de 1959, o navio foi desincorporado do serviço ativo da Marinha do Brasil, como parte do Programa de Modernização da Esquadra Brasileira. A sua Mostra de Desarmamento foi passada em 7 de janeiro de 1960, na Doca 11 de junho, no Rio de Janeiro. Durante a sua permanência no serviço ativo da Marinha, o navio navegou 130.240,9 milhas e fez 662,5 dias de mar.
O Navio Mineiro Cabedelo C 4, seria o segundo navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem a cidade portuária homônima da Paraíba. Teve a sua quilha batida em 12 de março de 1938, sob a presença do Presidente da República Getúlio Dornelles Vargas, ministros e autoridades militares e civis. O Cabedelo e o Caravelas não foram lançados ao mar, pelo fato da água alcançar o seu nível normal ao serem terminados os trabalhos de dragagem da Doca 11 de Junho em frente a Carreira nº 2 do Arsenal de Marinha da Ilha das Cobras, e os dois navios acabaram flutuando. No dia 16 desetembro de 1939 foi batizado pela Sra. Maria Carmela Dutra, esposa do General Eurico Gaspar Dutra. No dia 7 de junho de 1940 foi incorporado à Armada, naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-de-Corveta Edmundo Williams Muniz Barreto. Em julho de 1940, seria incluída na recém criada  Flotilha de Navios Mineiros, com sede na Ilha de Mocanguê Grande, comandada pelo então Contra-Almirante Gustavo Goulart. Com a declaração de estado de beligerância do Brasil aos Países do Eixo, coube a Marinha do Brasil patrulhar o Atlântico Sul e proteger os comboios de navios mercantes que trafegavam entre o mar do Caribe e o litoral sul brasileiro contra a ação de submarinos inimigos. Assim, foi criada a Força Naval do Nordeste, em 5 de outubro de 1942, sob o comando do Capitão de Mar e Guerra Alfredo Soares Dutra.  Durante a sua permanência no serviço ativo da Marinha do Brasil, a Corveta Cabedelo navegou 184.534 milhas e fez 889,5 dias de mar, sendo que, no período de dezembro de 1941 a novembro de 1945, em operações de guerra, participou, efetivamente, durante a Segunda Guerra Mundial do patrulhamento do litoral brasileiro e águas ao largo da costa do Brasil, comboiando navios mercantes brasileiros e estrangeiros, como reforço da escolta e ataques a submarinos alemães surtos em águas brasileiras. Por meio do Aviso n° 1452 de 26 de junho de 1959 teve baixa do Serviço Ativo da Marinha. O quinto  representante deste classe o Caravelas C 5 seria segundo navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem a cidade homônima do litoral da Bahia. Foi construída no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. Teve sua quilha batida em 12 de março de 1938, foi lançada ao mar em 16 de setembro de 1939 e foi incorporada em 7 de junho de 1940. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-de-Corveta Horácio Brás da Cunha.  Em julho do mesmo ano, seria incluída na recém criada  Flotilha de Navios Mineiros, e em 1942 a exemplo dos demais navios de sua classe seriam  reclassificados como Corvetas, passando a servir junto a  Força Naval do Nordeste. constituindo assim parte da Força-Tarefa 46, da Força Naval do Atlântico Sul, sendo dissolvida apenas ao final da guerra.

Por fim o  Navio Mineiro Camaquã C 6, seria a terceira embarcação a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem ao rio homônimo do Rio Grande do Sul. Teve sua quilha batida em 22 de outubro de 1938 em uma cerimonia com a presença do Presidente da República Getúlio Dornelles Vargas, Ministros e autoridades da República. Seria lançada ao mar em 16 de setembro de 1939 e foi incorporada em 7 de junho de 1940, assumindo seu comando o Capitão-de-Corveta Nereu Chalréu Correia. Juntamente com os demais navios de sua classe seria incorporado a Flotilha de Navios Mineiros com sede na Ilha de Mocanguê Grande, comandada pelo então Contra-Almirante Gustavo Goulart. Em 5 de outubro de 1942 , passou a subordinação da Força Naval do Nordeste (FNNE), criada pelo Aviso n.º 1661, do mesmo dia, para substituir a Divisão de Cruzadores, comandada pelo Capitão-de-Mar-e-Guerra Alfredo Carlos Soares Dutra, e subordinada ao Comandante da 4ª Esquadra Norte-Americana e das Forças Navais do Atlântico Sul, Contra-Almirante (USN) Jonas H. Ingram. Neste mesmo ano seria submetida a um processo de modificações no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), partindo do Rio de Janeiro, já na escolta de um comboio. Na sequência realizou patrulhas antissubmarino  no trecho Bahia - Pernambuco - Rio Grande do Norte - Fernando de Noronha. No dia 18 de julho de 1944 suspendeu da Ilha das Cobras, Rio de Janeiro como capitânia do Grupo de Escolta do comboio JT-18, que também incluía CS Jutaí - CS 52 e Graúna - G 8. Às 09:00h do dia 21 de julho, chegou ao ponto de encontro com a escolta norte-americana, ao largo de Recife, que iria conduzir o comboio até Trinidad. Depois de entregar a escolta e já demandando o porto a Corveta seria atingida por três grandes ondas que a fizeram adernar violentamente para boreste. As duas primeiras fizeram o navio adernar perigosamente levando-a a perder velocidade e recuperar momentaneamente o equilíbrio, mas o terceiro vagalhão a fez soçobrar às 09:30h a cerca de 12 milhas a nordeste de Recife, 48 horas depois do naufrágio do NA Vital de Oliveira. O  CS 52 Jutaí, mais rápido, chegou a área do naufrágio em cerca de meia hora e por pouco na abriu fogo contra o casco emborcado, confundindo-o com um submarino. Além de seu comandante, Capitão-de-Corveta Gastão Monteiro Moutinho, perecerem trinta e três  homens, inclusive um Oficial do Exercito e dois civis, sendo os sobreviventes resgatados pelos CS Jutaí - CS 52 e Graúna - G 8, que faziam parte do mesmo Grupo de Escolta. Até essa data havia, a corveta  Camaquã C 6, teria escoltado em serviço de guerra, mais de seiscentos navios mercantes em comboio na costa brasileira.
Durante sua permanência no serviço ativo da Marinha do Brasil, estas embarcações seriam submetidas a  inúmeras alterações estruturais para modernização e adaptação para as operações de guerra. A sua estabilidade seria  melhorada, houve alterações nos tanques de água e óleo. Parte das máquinas auxiliares foi retirada e substituída, os compartimentos habitáveis foram alterados. Seria feita ainda retubulação das caldeiras e substituição dos grupos motores geradores elétricos. Em abril de 1942, seriam retiradas todas as minas e respectivos trilhos sendo instalados dois lança bombas e dois cabides com capacidade para três bombas de profundidade cada um. Posteriormente, foram instalados mais dois lança bombas e vinte e três  cabides de bombas de profundidade. Em termos de eletrônica estes navios receberiam a instalação de um radar de superfície norte-americano SF-L e rádios mais potentes e modernos. No inicio do ano de 1945, as cinco corvetas remanescentes,  C 1 Carioca, C 2 Cananéia, C 3 Camocim,  C 4 Cabedelo e C 5 Caravelas, seria ao longo deste ano gradativamente docados para modernização de seus sistemas de armas. Neste momento seu armamento principal passaria a ser composto por dois canhões, sendo um de 76,2 mm MK XXII, L/50 Mod.4, a vante e outro de 76,2 mm MK XIV, Mod.5, L/23 a ré; suas três metralhadoras originais Madsen de 20 mm seriam  substituídas por três metralhadoras antiaéreas Oerlikon de 20 mm, reparo fixo, MKIV, sendo uma no tijupá e as outras duas a BE e a BB. Apesar de não serem navios especializados na missão de guerra antissubmarino (ASW), os navios mineiros - corvetas da Classe Carioca teriam grande participação no teatro de operações sul-americano. Porém sua maior contribuição  se daria no segmento da construção naval pois representaria a primeira classe de navios especializados construídos em série no no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, apresentando as futuras potencialidades que seriam referendadas logo em seguida na construção de navios mais modernos, como os contratorpedeiros da Classe Amazonas. 

Em Escala.
Para representarmos a Corveta C 1  da Classe Carioca, fizemos uso do excelente kit em resina produzido pela Piron Models na escala 1/350. Modelo de boa qualidade e grande nível de detalhamento, apresentando peças em photo etched. Apesar do modelo dispor de decais para a representação do esquema de identificação inicial deste navios, optamos por empregar decais produzidos pela Duarte Models, padrão implementado após a redesignação destes de navios mineiros para corvetas. 

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão aplicado em todos os navios da Marinha do Brasil entre as décadas de 1940 a 1970, salientando que este esquema foi o segundo a ser implementado nesta classe de navios. Ao longo de sua carreira,  estas embarcações sofreriam  várias alterações em seus sistema de identificação visual de casco.



Bibliografia : 

- A Marinha entre Guerras - Sylvio dos Santos Val 

- Navios de Guerra Brasileiros – Poder Naval https://www.naval.com.br  

- Marinha do Brasil - https://www.marinha.mil.br/  


M-3A3 Lee e M-3A5 Lee (Grant II)


História e Desenvolvimento.
Na Europa, durante a segunda metade da década de 1930, o plano de rearmamento promovido pelo governo nacional-socialista alemão, já em plena execução, passou a incorporar também o desenvolvimento de novos conceitos e doutrinas militares. Esses conceitos seriam posteriormente aplicados em campo de batalha em conjunto com inovações tecnológicas em armamentos e equipamentos voltados ao combate terrestre com apoio aéreo. Essa iniciativa culminou na formulação do conceito de Guerra Relâmpago — Blitzkrieg — uma tática cujo alicerce principal residia no emprego coordenado de forças altamente móveis, com destaque para carros de combate blindados dotados de elevada velocidade, mobilidade, poder de fogo, controle de tiro e blindagem eficiente. Neste contexto, os novos carros de combate alemães foram concebidos para superar, em todos os aspectos, os modelos então disponíveis nas demais nações. Apesar das severas restrições impostas à Alemanha pelo Tratado de Versalhes — assinado ao término da Primeira Guerra Mundial — os programas de modernização e reaparelhamento das forças armadas do Terceiro Reich avançavam com rapidez e ambição. Do outro lado do Atlântico, os serviços de inteligência dos Estados Unidos monitoravam atentamente esses avanços. Os relatórios produzidos eram sistematicamente encaminhados ao comando do Exército dos Estados Unidos (U.S. Army), sinalizando as ameaças potenciais que esses desenvolvimentos representavam. As análises preliminares apontavam que os novos carros de combate alemães superariam com facilidade os modelos norte-americanos então em operação. Diante desse cenário preocupante, foi iniciado, em abril de 1939, um extenso programa de estudos voltado ao desenvolvimento de novos carros de combate que substituíssem os já obsoletos modelos M-1 e M-2, então base da força blindada norte-americana. O objetivo central do programa era conceber veículos capazes de enfrentar, em um eventual conflito, os blindados de nova geração da Alemanha e do Japão, que começavam a entrar em operação. Assim, em maio de 1939, foi oficialmente deflagrado um programa de desenvolvimento, sob responsabilidade das equipes técnicas do Departamento de Artilharia do Exército dos Estados Unidos (U.S. Army Ordnance Department), sediado em Fort Lee, Virgínia. Os trabalhos foram iniciados de imediato com a definição de diversos parâmetros preliminares de projeto, tendo como base o carro de combate M-2. Entre os avanços propostos, destacava-se a adoção do novo canhão M22, de calibre 37 mm, bem como o desenvolvimento de um sistema de blindagem projetado para resistir ao impacto de munições anticarro do mesmo calibre da arma principal. Apesar do esforço técnico, persistiam dúvidas quanto à real eficácia da proteção oferecida pelo novo blindado — batizado de M-3 Light Tank — assim como à efetividade do seu poder de fogo frente aos carros de combate alemães e japoneses então em desenvolvimento.
As preocupações expressas por uma significativa parcela dos oficiais do alto comando do Exército dos Estados Unidos (U.S. Army) seriam plenamente confirmadas a partir de junho de 1940, com o início da campanha da França. Durante esse conflito, os novos carros de combate alemães Panzer III e Panzer IV, operando segundo os princípios da Guerra Relâmpago (Blitzkrieg), conquistaram vitórias esmagadoras contra as forças aliadas, mesmo quando estas dispunham de veículos armados com canhões de 75 mm. Contudo, nem os modelos M-2, já obsoletos, nem os recém-desenvolvidos M-3 possuíam estrutura compatível para receber um armamento de tal calibre. A instalação de um canhão de 75 mm exigiria o desenvolvimento de uma torre giratória completamente nova, capaz de suportar o peso e o recuo de uma arma mais potente. Apesar da complexidade técnica, optou-se por seguir este caminho. Entretanto, paralelamente, uma solução provisória foi explorada: a modificação experimental de um chassi M2, que resultaria na criação de um obuseiro autopropulsado de 75 mm, com o canhão desenvolvido pelo Watervliet Arsenal. Durante os testes de campo realizados com esse protótipo, verificou-se que o casco original do M-2 poderia ser reaproveitado com a adição de uma superestrutura redesenhada, mantendo-se ainda a instalação de um canhão M22 de 37 mm em uma torre giratória. O novo carro de combate M-3, portanto, apresentava um projeto híbrido e incomum: sua arma principal — um canhão M2 de 75 mm — encontrava-se montada no chassi, em posição fixa, enquanto a torre giratória abrigava o canhão de 37 mm. Essa configuração singular refletia a inexperiência da indústria bélica norte-americana na concepção de torres capazes de acomodar armamentos de maior calibre. Importante destacar que a ideia de empregar dois canhões foi inspirada em modelos europeus, como o Char B1 francês e o Churchill Mark I britânico. No caso francês, o veículo foi projetado originalmente como uma plataforma de artilharia autopropulsada para ataque a fortificações, com uma capacidade antitanque adicional fornecida por um segundo canhão instalado em uma torre menor. Já o modelo britânico utilizava um canhão fixo no casco dianteiro, destinado principalmente ao lançamento de projéteis de fumaça. O M-3, por sua vez, distinguia-se desses precedentes por empregar um canhão principal de dupla finalidade. Essa arma era capaz tanto de disparar projéteis perfurantes com velocidade suficiente para transpassar blindagens quanto de lançar projéteis altamente explosivos com bom poder destrutivo. Ainda assim, a disposição fixa do canhão de 75 mm limitava severamente o seu ângulo de tiro lateral, exigindo que o próprio veículo fosse reposicionado para ajustes de pontaria. Por outro lado, o canhão de 37 mm montado na torre giratória mostrava-se ineficaz contra as blindagens mais modernas empregadas pelos alemães. Apesar dessas limitações técnicas, o modelo M-3 possuía uma vantagem decisiva: sua produção em larga escala era mais rápida e viável que a de um carro de combate convencional com torre principal de 75 mm. 
A capacidade de produção em larga escala do carro de combate M3 permitiu atender com maior agilidade às demandas emergenciais não apenas das Forças Armadas dos Estados Unidos, mas também das potências aliadas, notadamente a Grã-Bretanha. Diante dessa conjuntura estratégica, optou-se pela celebração de contratos de fornecimento de ampla envergadura, que totalizaram aproximadamente 240 milhões de dólares. A produção foi distribuída entre importantes empresas do setor industrial norte-americano, como a Baldwin Locomotive Works, a Pullman Company e a Pressed Steel Car Company, viabilizando assim o rápido suprimento das necessidades bélicas dos Aliados em um momento crítico da Segunda Guerra Mundial. O primeiro protótipo do M-3 foi concluído em março de 1941, e os modelos de produção foram rapidamente iniciados. Os primeiros exemplares da versão destinada à exportação — com especificações britânicas — foram finalizados em julho daquele ano. Nessa fase, tanto o modelo norte-americano quanto o britânico já apresentavam blindagem mais espessa do que a inicialmente prevista, em resposta às exigências operacionais do front europeu e africano. A versão britânica do M-3, denominada Grant, diferia da versão americana — conhecida como Lee — por incorporar o rádio na torre, o que permitia operar com um tripulante a menos. Essa configuração, considerada mais eficiente, acabaria por ser adotada posteriormente também pelo Exército dos Estados Unidos. Os primeiros M-3 Grant britânicos chegaram ao Norte da África no final de janeiro de 1942, sendo imediatamente seguidos por treinamentos intensivos das tripulações para enfrentar as forças do Eixo. Como o canhão M2 de 75 mm havia sido desenvolvido a partir de um modelo francês empregado na Primeira Guerra Mundial, o Exército Britânico (Royal Army) já possuía em seus arsenais consideráveis estoques de munição compatível, entre eles projéteis perfurantes de tiro sólido. Estes projéteis eram capazes de penetrar cerca de 50 mm de blindagem a uma distância de 1.000 metros, o que representava um desempenho superior ao dos canhões britânicos de 2 libras, embora ainda aquém das exigências ideais para combate antiblindado moderno. Durante os combates, no entanto, foram capturados significativos volumes de munição alemã de 75 mm, que, ao serem adaptados ao cartucho norte-americano, resultaram em uma melhoria substancial na eficácia balística do armamento principal do M-3. Posteriormente, a introdução do projétil AP M61, de fabricação norte-americana, elevaria ainda mais o desempenho do veículo em campo de batalha. O batismo de fogo do M-3 Grant ocorreu em 27 de maio de 1942, durante a Batalha de Gazala, no Norte da África. A aparição do novo blindado representou uma surpresa tática para as forças alemãs, que não estavam preparadas para enfrentar um canhão de 75 mm com tal alcance e poder de penetração. O M-3 Grant mostrou-se capaz de engajar o inimigo a distâncias superiores ao alcance efetivo do canhão antitanque PaK 38 (50 mm) e do KwK 39 (50 mm), empregado pelo Panzer III, o principal carro de combate médio das forças alemãs naquele teatro de operações. Ademais, demonstrou superioridade frente aos tanques leves italianos Fiat M13/40 e M14/41, cujos canhões de 47 mm revelavam-se eficazes apenas em combate a curta distância. Apenas os poucos canhões autopropulsados Semovente 75/18, armados com munições de carga oca (HEAT), mostraram-se capazes de neutralizar o M-3. Apesar do impacto inicial causado por sua introdução em combate, os carros de combate M3 Grant não foram capazes de alterar significativamente o desfecho da Batalha de Gazala, sendo severamente castigados pelas eficazes baterias antiaéreas alemãs Flak 18/36/37/41, de 88 mm, amplamente empregadas como armas anticarro. 

Nesse cenário, tornaram-se evidentes algumas das principais limitações do M3: o perfil elevado do chassi, a baixa relação peso-potência, que comprometia sua mobilidade em terrenos difíceis, e, especialmente, o uso de blindagem rebitada. Esta última apresentava um risco crítico à tripulação, uma vez que, ao sofrer impacto direto, os rebites podiam se soltar e ricochetear dentro do compartimento de combate, ferindo gravemente os tripulantes. Inicialmente concebidos como uma solução temporária para o Exército Real Britânico (Royal Army), até a entrada em serviço dos novos carros Crusader Mark III, os M3 Lee e Grant acabaram se tornando a principal força blindada dos Aliados no Oriente Médio. Tal protagonismo se estendeu até o final de 1942, quando começaram a ser gradualmente substituídos pelos mais modernos e versáteis carros de combate médios M-4 Sherman. No teatro de operações do Pacífico, os M3 Lee foram empregados pelo Exército dos Estados Unidos durante a campanha das Ilhas Gilbert e Marshall, em 1943. Após o famoso desembarque em Tarawa, a 27ª Divisão de Infantaria dos EUA realizou um ataque anfíbio à Ilha Makin, com o apoio de um pelotão de M3A5 Lee pertencente ao 193º Batalhão de Tanques, equipados com kits de vadear profundo, essenciais para operações em terreno insular.O Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (U.S. Marine Corps) chegou a considerar o emprego da família M-3, mas acabou optando por migrar diretamente dos M-3 Stuart para os M-4 Sherman, abandonando os Lee e Grant para uso operacional. Já o Exército Britânico empregou extensivamente os M-3 Grant no teatro do Sudeste Asiático, especialmente na Birmânia, onde foram utilizados pelo Décimo Quarto Exército Britânico até a reconquista de Rangum. Destaca-se o desempenho do M-3 durante a Batalha de Imphal, quando os veículos britânicos demonstraram notável eficácia ao atravessar as encostas íngremes da região, enfrentando e repelindo as forças japonesas. Na ocasião, o 14º Regimento de Tanques do Exército Imperial Japonês, equipado majoritariamente com tanques leves Type 95 Ha-Go e alguns M-3 Stuart britânicos capturados, encontrou dificuldades para conter os M-3 Grant britânicos, que se mostraram superiores em blindagem e poder de fogo. Ao longo desse período, cerca de 900 unidades do M-3 Grant foram fornecidas ao Exército Indiano Britânico (British Indian Army), sendo empregadas em diversas operações na Campanha da Birmânia, incluindo combates diretos contra forças blindadas japonesas. O Real Corpo Blindado Australiano (Royal Australian Armoured Corps – RAAC) também utilizou o M-3 Grant, tendo suas quatro divisões equipadas, ao menos parcialmente, com unidades disponibilizadas por meio de excedentes britânicos. Contudo, após avaliação operacional, o modelo foi considerado inadequado para missões de combate fora do território continental australiano. Consequentemente, os M-3 australianos foram substituídos pelos Matilda II antes do envio das tropas para as campanhas da Nova Guiné e Bornéu. No que se refere às forças armadas dos Estados Unidos, todos os M-3 Lee e Grant foram retirados gradualmente das funções de linha de frente, sendo substituídos à medida que os M4 Sherman passaram a ser disponibilizados em grande escala. Apesar disso, a plataforma do M3 continuou a ser empregada em diversas funções especializadas, com destaque para os veículos de apoio e suporte, como o M-31 Tank Recovery Vehicle (veículo blindado de recuperação) e o Canal Defence Light, utilizados no teatro europeu até os estágios finais da guerra.
Ao longo da Segunda Guerra Mundial, a União Soviética tornou-se o segundo maior operador mundial do carro de combate M3, tendo recebido, no âmbito do programa de ajuda militar conhecido como Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), um total de 1.386 unidades. Contudo, 417 desses tanques foram perdidos durante o transporte, afundados por submarinos, ataques navais e aéreos alemães em rotas marítimas estratégicas. Embora os tripulantes soviéticos frequentemente se referissem ao modelo como “Grant”, todas as unidades enviadas à União Soviética correspondiam, na realidade, à variante M-3 Lee. Oficialmente, o modelo foi designado pelo Exército Vermelho como М-3 средний (M-3 médio), para distingui-lo do M-3 Stuart leve, também fornecido aos soviéticos e designado como М-3 лёгкий (M-3l). Em campo, no entanto, o M-3 rapidamente tornou-se impopular entre as tripulações soviéticas, sendo pejorativamente apelidado de Братская могила на шестерых – expressão que pode ser traduzida como “túmulo coletivo para seis”. Essa reputação negativa devia-se principalmente ao uso de um motor radial a gasolina, altamente inflamável, e à blindagem relativamente frágil, que se mostrava ineficaz contra os projéteis anticarro empregados pelas forças alemãs na Frente Oriental. Tal insatisfação foi inclusive expressa em correspondência oficial: em carta enviada ao presidente Franklin D. Roosevelt, em 18 de julho de 1942, Joseph Stalin afirmou: “Considero meu dever adverti-lo de que, segundo nossos especialistas no front, os tanques [M-3] se incendeiam com facilidade ao serem atingidos na parte traseira ou lateral por balas de rifles antitanque. A causa é o combustível de alta octanagem utilizado, que gera uma espessa fumaça altamente inflamável no interior do veículo.” Com o aumento da produção soviética dos carros de combate T-34 a partir de 1943, os M-3 passaram a ser gradualmente relegados a frentes secundárias e de menor atividade. Um exemplo notável foi seu uso na região do Ártico, durante a Ofensiva Petsamo-Kirkenes em outubro de 1944, na qual o Exército Vermelho enfrentou forças alemãs que, entre outros blindados, operavam tanques franceses capturados, como o SOMUA S35. Apesar de suas deficiências técnicas e da má reputação, o M-3 é reconhecido por ter introduzido o inovador sistema de suspensão VVSS (Vertical Volute Spring Suspension), que conferia ao veículo melhor desempenho em terrenos acidentados, contribuindo para o desenvolvimento de futuros modelos norte-americanos, como o M-4 Sherman. A produção total do M-3, entre agosto de 1941 e dezembro de 1942, atingiu a marca de 6.258 unidades, distribuídas entre 17 variantes diferentes. Além dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e União Soviética, o modelo também foi utilizado por países como Austrália, Índia, Canadá, China, Brasil e Filipinas, desempenhando papéis diversos ao longo do conflito global.

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo dos Estados Unidos passou a encarar com crescente apreensão a possibilidade de uma invasão do continente americano por parte das potências do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). A capitulação da França, em junho de 1940, intensificou tais temores, uma vez que o risco de o regime nazista estabelecer bases operacionais nas Ilhas Canárias, em Dacar e em outras colônias francesas tornou-se plausível, ampliando o alcance estratégico do Eixo sobre o Atlântico. Nesse cenário, o Brasil despontava como o ponto mais provável de uma eventual ofensiva contra as Américas, em razão de sua proximidade geográfica com o continente africano, que, à época, também começava a figurar nos planos expansionistas do governo alemão. Além disso, as conquistas territoriais do Japão no sudeste asiático e no Pacífico Sul conferiam ao Brasil importância estratégica adicional, pois o país havia se tornado o principal fornecedor de látex para os Aliados, insumo essencial para a produção de borracha — um material crucial para a indústria de guerra. Do ponto de vista geopolítico, o litoral brasileiro, sobretudo a região Nordeste, revelava-se de valor estratégico inestimável. Esta área representava o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano, tornando-se ideal para a instalação de bases aéreas e operação de portos que viabilizassem o envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves com destino aos teatros de operações europeus e norte-africanos. Diante desse panorama, consolidou-se um movimento de aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, que resultaria em uma série de acordos de cooperação e investimentos bilaterais. Um dos mais significativos foi a adesão brasileira ao programa de ajuda militar conhecido como Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), cuja finalidade era a modernização das Forças Armadas brasileiras, então em avançado estado de obsolescência, tanto em termos de equipamentos e armamentos, quanto no que se refere à doutrina operacional militar. Nos termos estabelecidos pelo acordo, o Brasil passou a dispor de uma linha de crédito inicial no valor de 100 milhões de dólares, destinada à aquisição de material bélico de fabricação norte-americana. Esse suporte financeiro possibilitou o acesso a armamentos modernos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate, sendo fundamental para que o país se preparasse adequadamente para enfrentar as ameaças representadas pelas ações de submarinos alemães, que intensificavam os ataques à navegação civil brasileira, especialmente no contexto das exportações de matérias-primas destinadas à indústria de guerra dos Estados Unidos.

O cronograma de recebimento dos veículos militares destinados às Forças Armadas Brasileiras, no âmbito do programa de cooperação com os Estados Unidos, previa o início das entregas entre os meses de novembro e dezembro de 1941. Contudo, com o intuito de fortalecer a imagem pública do governo federal e divulgar os primeiros resultados concretos dessa colaboração internacional, o governo brasileiro optou por adquirir, com recursos próprios do orçamento do Ministério da Guerra, um lote inicial composto por dez carros de combate leves M-3 Stuart e dez viaturas blindadas de transporte sobre rodas 4x4 M-3A1 White. Essa aquisição, de caráter simbólico e estratégico, visava reforçar a propaganda governamental positiva acerca da participação do Brasil no esforço de guerra, sobretudo no contexto político do governo Getúlio Vargas. Os veículos foram recebidos e preparados com celeridade para integrarem o desfile cívico-militar em comemoração à Independência do Brasil, realizado na então capital federal em 7 de setembro de 1941. Com essa incorporação, teve início o processo de modernização da cavalaria brasileira, através da criação de unidades motomecanizadas, formadas por veículos blindados e leves, voltados para missões de reconhecimento mecanizado. Essa nova doutrina operacional foi inspirada na sistemática adotada pelo Exército dos Estados Unidos (US Army), marcando assim o abandono da influência doutrinária francesa, que predominava no Exército Brasileiro desde a década de 1920. Os novos carros de combate passaram a substituir, nas funções de linha de frente, os obsoletos Fiat Ansaldo CV3-35 e os Renault FT-17, que até então constituíam a espinha dorsal da força blindada nacional. No entanto, ainda no contexto do programa de ajuda militar norte-americano, e diante das demandas emergenciais de abastecimento das forças aliadas nos teatros de operações da Europa e do Pacífico, o Brasil não foi inicialmente contemplado com os mais modernos carros de combate M-4 Sherman. Como alternativa, foram fornecidos modelos considerados obsoletos pelo Exército dos Estados Unidos, como os carros leves M-3 Stuart e os carros médios M-3 Lee, que já se encontravam em processo de substituição nas unidades norte-americanas. Dentre esses, destaca-se a chegada ao Porto do Rio de Janeiro, em janeiro de 1942, de pelo menos cinco unidades do modelo M-3A3, com as entregas sendo gradualmente ampliadas até meados de 1943. No total, foram recebidas 104 unidades, divididas entre duas variantes de exportação, ambas produzidas pela Baldwin Locomotive Works. Apesar de se tratarem de viaturas usadas, os carros de combate entregues ao Brasil encontravam-se em excelente estado de conservação, resultado de seu baixo índice de utilização operacional nas unidades de cavalaria blindada norte-americanas sediadas no território continental dos Estados Unidos.
Do total de carros de combate médios recebidos, 81 unidades correspondiam ao modelo M-3A3 (conhecido como Lee V), originalmente produzido para atender aos requisitos do Exército Britânico. Essas viaturas se destacavam por serem equipadas com motorização a diesel, composta por dois motores Detroit Diesel Series GM 6-71, acoplados de forma a formar o conjunto GM6046 powerpack. Além disso, apresentavam a característica estrutural de portas laterais soldadas, evidenciando a adaptação para atender às especificações britânicas de combate. As 24 unidades restantes pertenciam à variante M-3A5, designada inicialmente para exportação sob a denominação Grant II, mas posteriormente redirecionadas para equipar unidades do Exército dos Estados Unidos (US Army). Apesar de compartilharem o mesmo conjunto mecânico do M-3A3, estas viaturas se diferenciavam pelo casco rebitado, característico das primeiras versões produzidas no ano de 1941. Por ocasião de seu envio ao Brasil, muitos desses carros foram embarcados com diversos componentes desmontados e devidamente embalados, a fim de facilitar o transporte marítimo. Tal condição implicou algum atraso na sua colocação em operação, agravado pela ausência de manuais técnicos de manutenção em inglês ou português, o que dificultou os procedimentos de montagem e ativação inicial. Todavia, essas dificuldades foram rapidamente superadas, permitindo que os veículos alcançassem o status operacional em um prazo apenas levemente superior ao inicialmente previsto. A introdução dos modelos M-3A3 e M-3A5 no Exército Brasileiro representou um significativo avanço cultural e operacional, especialmente em função do porte dos blindados, substancialmente superior aos modelos então utilizados, como o Renault FT-17 e o Fiat CV-35. As viaturas norte-americanas possuíam uma guarnição de seis tripulantes, o que demandou a implantação de um programa completo de treinamento e capacitação técnica, abrangendo tanto a operação quanto a manutenção dos veículos. O armamento principal desses carros — o canhão M-2 de 75 mm — oferecia desempenho superior à maioria das peças de artilharia rebocadas de mesmo calibre então em uso pela Força Terrestre, proporcionando uma expressiva melhoria na capacidade de fogo direto das unidades blindadas. Curiosamente, alguns exemplares estavam equipados com contrapeso na extremidade do tubo do canhão, um recurso adotado para equilibrar a arma durante o uso do giro estabilizador. Esta solução, no entanto, seria posteriormente abandonada nas versões seguintes, que passaram a empregar um canhão de tubo mais longo, dispensando o contrapeso. Registra-se, portanto, que os carros destinados ao Brasil estavam equipados com ambas as configurações de armamento, apresentando tanto canhões curtos com contrapeso quanto longos sem contrapeso.   

A arma principal dos carros M-3A3 Lee e M-3A5 Grant era um canhão M-2 de 75 mm, operado por um artilheiro e um municiador, este último responsável pela alimentação da peça por meio de uma empunhadura tipo pá. A mira era efetuada por meio de um periscópio M-1 integral, montado no topo da torre e solidário ao movimento da arma, permitindo sua orientação precisa em diferentes ângulos. A linha de tiro dispunha de um campo de visão calibrado entre 0 e 3.000 jardas (aproximadamente 2.700 metros), incorporando marcadores verticais que facilitavam o cálculo de deflexão, especialmente durante disparos contra alvos móveis. Como armamento secundário, o blindado contava com um canhão M-22 de 37 mm, instalado no mantelete ao lado do canhão principal e operado por um terceiro tripulante. Este armamento dispunha de alcance máximo de 1.400 metros (1.500 jardas) e, assim como o canhão principal, era equipado com um contrapeso — uma haste longa sob o cano, embora fosse frequentemente negligenciado pelas tripulações, muitas vezes pouco familiarizadas com sua função e manutenção adequada. A torre, com rotação completa de 360 graus, era acionada por um sistema eletro-hidráulico alimentado pelo motor principal do veículo, o qual também fornecia pressão hidráulica para o estabilizador da arma principal. Este sistema permitia que a torre completasse uma volta em menos de 15 segundos, garantindo notável agilidade para a época. Para fins de autodefesa, os M-3A3 e M-3A5 eram equipados com uma variedade de metralhadoras calibre .30 (7,62 mm) e .50 (12,7 mm). A configuração máxima incluía: uma metralhadora montada na parte superior da torre, outra montada coaxialmente ao canhão de 37 mm, uma na cúpula do comandante, uma montagem antiaérea externa traseira com uma metralhadora M1919A4, além de até quatro metralhadoras adicionais montadas em “sponsons” (extensões laterais do casco), instaladas nos cantos da superestrutura. A capacidade interna de transporte de munição era igualmente robusta, comportando até 46 projéteis de 75 mm, 178 projéteis de 37 mm e aproximadamente 9.200 munições para metralhadoras calibre .50. Inicialmente, os carros M-3A3 Lee e M-3A5 Grant foram priorizados para equipar as principais unidades blindadas recém-formadas do Exército Brasileiro, tais como o 1º Batalhão de Carros de Combate (1º BCC), sediado nas instalações do antigo Derby Club, na cidade do Rio de Janeiro; o 2º BCC, localizado em Valença (RJ); e o 3º BCC, sediado na capital do estado de São Paulo, constituindo o núcleo da então emergente Divisão Motomecanizada. Adicionalmente, dois exemplares do modelo M-3A3 Lee foram destinados à Escola de Motomecanização (EsMM), situada em Marechal Deodoro, também no Rio de Janeiro, para fins de instrução e capacitação de pessoal técnico e operacional.
Ao longo da Segunda Guerra Mundial, os carros de combate médios M-3A3 Lee e M-3A5 Grant passaram a dividir protagonismo com os modelos leves M-3 Stuart, cuja incorporação ao Exército Brasileiro ocorreu em escala significativamente maior. Apesar dessa ampliação da frota de blindados leves, os M-3A3 e M-3A5 permaneceram como os principais carros de combate de linha da Força Terrestre durante boa parte do conflito, notabilizando-se por sua superioridade em termos de proteção blindada, poder de fogo e capacidade tática, especialmente quando comparados aos modelos anteriormente disponíveis. Este cenário começaria a se transformar a partir de 27 de julho de 1945, com a incorporação dos primeiros dezesseis carros de combate M-4 Sherman, seguidos por mais dezessete unidades em outubro do mesmo ano. Inicialmente, esses veículos foram concentrados no 1º Batalhão de Carros de Combate (1º BCC), onde operaram conjuntamente com os M-3A3 e M-3A5 até o início de 1946. A partir de então, os M-4 Sherman foram redistribuídos para os demais batalhões — 2º BCC e 3º BCC — onde passaram a operar em conjunto com os M-3 e M-3A1 Stuart. Com a chegada dos lotes finais, os M-4 Sherman, notavelmente superiores aos modelos M-3, consolidaram-se como os principais carros de combate do Exército Brasileiro. Durante a década seguinte, embora tenham continuado prestando valiosos serviços à Força Terrestre, os M-3A3 e M-3A5 passaram a operar com restrições cada vez maiores, sobretudo devido às dificuldades crônicas na obtenção de peças de reposição. Este processo culminou, em 1962, com a retirada definitiva desses modelos do 2º Batalhão de Carros de Combate (2º BCC), onde foram mantidos em armazenamento, aguardando destino. Naquele momento, apenas o 3º Batalhão de Carros de Combate (3º BCC) ainda operava os últimos exemplares remanescentes.A partir de meados da década de 1960, problemas similares de disponibilidade começaram a comprometer também a frota dos M-4 Sherman, cuja manutenção se tornava progressivamente mais difícil. Embora o Exército estivesse em processo de substituição de sua frota com a chegada dos modernos M-41 Walker Bulldog, ainda era necessário manter os M-4 Sherman em estado de plena operacionalidade. Para atender a essa necessidade, entre os anos de 1967 e 1968, o comando do 1º Batalhão de Carros de Combate (1º BCC) promoveu um extenso programa de revisão e reaproveitamento de componentes. Nesse processo, os carros M-3A3 e M-3A5 anteriormente armazenados em Valença (RJ) foram utilizados como fontes de peças sobressalentes, fornecendo itens como lagartas, caixas reguladoras, geradores auxiliares e outros componentes comuns. Por fim, em 1969, os últimos M-3A3 e M-3A5 ainda em serviço no 3º Batalhão de Carros de Combate (3º BCC) foram oficialmente desativados, encerrando assim a trajetória desses veteranos blindados no âmbito do Exército Brasileiro.


Em Escala.
Para representar o carro de combate M-3A5 Lee, exemplar “EB11-527”, caracterizado pelo casco rebitado, foi utilizado o kit da Tamiya, na escala 1/35. Trata-se de um modelo particularmente adequado para a configuração da versão empregada pelo Exército Brasileiro, não sendo necessárias modificações significativas para sua correta representação. Foram aplicados decais produzidos pela Electric Products, pertencentes ao conjunto temático “Exército Brasileiro 1944–1982”, que fornecem os emblemas e marcações condizentes com o período histórico retratado.
O esquema de cores descrito a seguir, baseado no padrão Federal Standard (FS), corresponde à pintura originalmente aplicada a todos os carros de combate M-3A3 e M-3A5 Lee incorporados pelo Exército Brasileiro. Estas viaturas foram recebidas a partir de 1942 com acabamento na tonalidade Vitrolack Cor 7043-P-12, conforme o padrão estabelecido pelo Exército dos Estados Unidos (US Army). Tal padronização visual foi mantida de forma inalterada ao longo de toda a carreira operacional desses veículos no Brasil.




Bibliografia :
- M-3 Lee : From Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/M3_Lee
- Bllindados no Brasil Volume I, - por Expedito Carlos S. Bastos
- M-4 Sherman no Brasil - Por Helio Higuchi e Paulo Roberto Bastos Junior
- Medium Tank M3 Lee/Grant - Medium Tank M3 Lee/Grant - Tank Encyclopedia