M-59A1 FMC (VBTP)

História e Desenvolvimento.
A origem e o emprego em larga escala dos carros blindados de transporte de tropas (VBTP) consolidaram-se durante a Segunda Guerra Mundial, com o uso de veículos de tração meia-lagarta que se destacaram pela mobilidade e versatilidade. No Exército Alemão (Wehrmacht), o modelo Hanomag Sd.Kfz. 251 tornou-se emblemático, sendo amplamente utilizado em diversas frentes. Já entre as forças aliadas, especialmente os exércitos norte-americano e britânico, a predominância foi dos modelos M-2, M-3 e M-5 Half Track Car, produzidos pela White Motor Company. Esses veículos foram empregados em grande quantidade em todos os teatros de operações, desempenhando papéis cruciais no transporte de tropas e carga. Apesar de sua relevância no esforço de guerra, os modelos norte-americanos apresentavam uma deficiência significativa: a ausência de uma cobertura blindada. Essa limitação deixava os soldados vulneráveis a disparos de armas leves e estilhaços de projéteis, expondo uma falha estrutural no projeto. Para corrigir esse problema, ainda nas fases finais do conflito, foi desenvolvido o projeto M-44 (T16), um veículo blindado de transporte derivado do carro de combate M-18 Hellcat. Esse modelo foi concebido com o objetivo principal de oferecer proteção integral aos seus ocupantes, resultando dimensões consideravelmente superiores aos meia-lagartas da época e uma capacidade de transporte de até 24 soldados totalmente equipados, com um peso total de combate de 23 toneladas. Três protótipos do M-44 foram construídos e submetidos a testes de campo, mas os resultados revelaram limitações críticas. O peso excessivo do veículo comprometia sua velocidade e capacidade de transposição de terrenos irregulares, levando ao cancelamento do projeto em junho de 1945. Apesar do insucesso, o conceito de um blindado de transporte de tropas com proteção reforçada não foi abandonado. Em setembro do mesmo ano, foi aberta uma concorrência para o desenvolvimento de um novo VBTP, com capacidade para transportar até 10 soldados e baseado no chassi do veículo de transporte de carga T-43 Cargo Carrier. Diversas montadoras apresentaram propostas em meados de 1946, que foram avaliadas pelo Comando de Material do Exército dos Estados Unidos (US Army). O modelo conceitual T-18E1, desenvolvido pela International Harvester Company (IHC), destacou-se nos testes, resultando na assinatura de um contrato para a produção de quatro protótipos iniciais. Esses protótipos foram concluídos e submetidos a ensaios a partir de 1947, em um processo que se estendeu por mais de oito meses. Durante os testes, foram identificadas diversas necessidades de melhorias, que orientaram os próximos passos no desenvolvimento desse tipo de blindado.

Após a incorporação das melhorias identificadas nos testes iniciais, os quatro protótipos do veículo blindado foram submetidos a novos ensaios, obtendo, subsequentemente, a homologação para produção em série. Em maio de 1950, foi assinado o primeiro contrato para a aquisição de mil unidades, com o modelo recebendo a designação oficial de M-75 Veículo de Infantaria Blindado (Armored Personnel Carrier - APC). A entrega das primeiras unidades às unidades de infantaria do Exército dos Estados Unidos (US Army) teve início em 1952, substituindo de imediato os veículos meia-lagarta White M-3 e M-5 Half Track, ainda em operação. Embora mais leve que os protótipos do modelo M-44, o M-75 apresentava um peso de combate de 18 toneladas. Durante exercícios operacionais, constatou-se que o veículo não conseguia acompanhar a velocidade dos carros de combate no campo de batalha, violando um princípio fundamental da mobilidade: a sincronia na movimentação das unidades motorizadas de uma força terrestre. Essa limitação gerou grande preocupação no Comando do Exército dos Estados Unidos, resultando na decisão de cancelar o contrato de produção ainda em vigor. Como medida emergencial, centenas de veículos meia-lagarta M-3 e M-5, previamente transferidos para a reserva, foram reativados. Para sanar essa deficiência, em dezembro de 1953, o Exército lançou uma nova concorrência com o objetivo de desenvolver um veículo blindado de transporte de tropas que atendesse a requisitos mais modernos. O projeto previa a aquisição de pelo menos cinco mil unidades, destinadas a substituir tanto os remanescentes meia-lagartas quanto os recém-introduzidos M-75. O novo veículo deveria manter a premissa de oferecer proteção adequada aos ocupantes, mas com um peso total reduzido, garantindo maior agilidade no campo de batalha. Além disso, exigia-se capacidade anfíbia para a transposição de rios e pequenos cursos d’água, bem como a possibilidade de ser transportado por aviões de grande porte, então em desenvolvimento. Em janeiro de 1954, diversas empresas do setor automotivo começaram a apresentar suas propostas técnicas e comerciais. O Comando de Material do Exército dos Estados Unidos realizou as primeiras avaliações, culminando na elaboração de uma lista final (short list) que incluiu os modelos propostos pela International Harvester Corporation (IHC) e pela Food Machinery and Chemical Corporation (FMC). Esse processo marcou o início de uma nova etapa no desenvolvimento de blindados de transporte de tropas, com foco em maior eficiência e adaptabilidade às demandas do campo de batalha moderno.

O desenvolvimento do M-59 Armored Personnel Carrier (APC) representou um marco significativo na modernização dos veículos blindados de transporte de tropas (VBTP) do Exército dos Estados Unidos, buscando atender às demandas por maior mobilidade, proteção e versatilidade no campo de batalha. Após a concorrência lançada em dezembro de 1952, que visava substituir os veículos meia-lagarta e o recém-introduzido M-75 APC, o Exército dos Estados Unidos (US Army) financiou a construção de protótipos de cada modelo apresentado, com o objetivo de submetê-los a ensaios de campo comparativos. Os protótipos foram entregues pelos fabricantes até o final de abril de 1953, e o modelo T-59, desenvolvido pela Food Machinery and Chemical Corporation (FMC), destacou-se frente aos concorrentes, sendo selecionado pelo Comando do Exército dos Estados Unidos. Essa escolha foi motivada pela capacidade do T-59 de atender aos requisitos estabelecidos, que priorizavam baixo custo de produção e manutenção, além de maior eficiência operacional em comparação com os modelos anteriores. Um dos pilares do projeto do T-59, posteriormente designado M-59 APC, era a utilização de componentes compartilhados com o carro de combate médio M-41 Walker Bulldog. Essa comunalidade de peças não apenas reduzia os custos de produção, mas também otimizava a logística de manutenção, facilitando a gestão de peças de reposição. O M-59 era propulsionado por dois motores comerciais a gasolina General Motors GMC-302, que, combinados, geravam uma potência de 7.200 HP. Esses motores estavam acoplados a uma transmissão hidramática Cadillac 301MG, que aprimorava a dirigibilidade e o controle pelo motorista. O veículo foi projetado com uma capacidade anfíbia limitada, equipado com um sistema de vedação de borracha em todas as portas e escotilhas, permitindo operações em águas calmas a uma velocidade máxima de 6,9 km/h. Seu casco soldado, construído em aço, oferecia proteção contra armas leves, com espessuras variando de 0,375 polegadas (0,95 cm) na parte superior a 1 polegada (2,49 cm) na base, com uma espessura média de 0,625 polegadas (1,59 cm). O amplo compartimento interno permitia o transporte de até 10 soldados totalmente equipados ou cargas diversas, incluindo, de forma notável, a possibilidade de acomodar internamente um veículo Jeep Willys MB. Para a condução, o motorista dispunha de um periscópio de visão noturna infravermelho M-19 e múltiplos periscópios M-17, que garantiam visibilidade mesmo em condições de combate com o veículo "abotoado" (com todas as escotilhas fechadas). Em termos de autodefesa, o novo M-59 APC era equipado com uma torre automática M-13, armada com uma metralhadora Browning M-2 calibre .50, que contava com um estoque de 2.205 cartuchos armazenados no interior do veículo. Após a seleção do modelo T-59, desenvolvido pela Food Machinery and Chemical Corporation (FMC), o Exército dos Estados Unidos (US Army) celebrou um contrato para a produção de oito veículos pré-série. 

Esses exemplares foram destinados a um segundo programa de ensaios operacionais, planejado para ocorrer entre setembro e outubro de 1953. Concluídos os testes de campo, foram identificadas necessidades de melhorias, prontamente implementadas pelo fabricante. Com as correções realizadas, o modelo foi homologado para produção em série, recebendo a designação oficial de M-59 Veículo de Infantaria Blindado (Armored Personnel Carrier - APC). Em seguida, foi assinado um contrato ambicioso para a aquisição de 6.300 unidades, com um cronograma que previa a entrega total do lote até o final de 1960. As primeiras unidades de série começaram a ser incorporadas às unidades de infantaria do Exército dos Estados Unidos em agosto de 1954, sendo recebidas com entusiasmo devido ao seu porte robusto e design moderno. Para desenvolver doutrinas de operação adequadas, o M-59 foi integrado aos regimentos equipados com carros de combate médios M-41 Walker Bulldog, com o objetivo de avaliar seu desempenho em cenários simulados de combate de alta mobilidade. Apesar de suas qualidades, os testes conjuntos com o M-41 revelaram limitações significativas no M-59, especialmente relacionadas à sua potência e mobilidade. Equipado com dois motores a gasolina GMC Model 302, de seis cilindros em linha, cada um gerando 146 cv, o veículo alcançava uma velocidade máxima de apenas 32 km/h. Essa performance era insuficiente para acompanhar o M-41 Walker Bulldog, que atingia até 45 km/h, comprometendo a sincronia essencial entre unidades blindadas em operações de combate. Além disso, o peso de combate de 19,3 toneladas resultava em uma autonomia limitada de 150 km, restringindo o M-59 a missões de média distância e impactando seu desempenho em operações que exigiam maior raio de ação. Embora o M-59 apresentasse uma blindagem superior aos veículos anteriores de sua categoria, com espessuras variando de 0,95 cm a 2,49 cm, testes subsequentes demonstraram sua vulnerabilidade às novas munições perfurantes de médio calibre, cada vez mais comuns nos arsenais dos exércitos do bloco soviético. Essas deficiências geraram preocupação no Comando do Exército dos Estados Unidos, que passou a questionar a eficácia e a capacidade de sobrevivência do M-59 em um hipotético conflito moderno, particularmente em cenários europeus de alta intensidade. Apesar dos desafios, o contrato de produção foi mantido, considerando que grande parte das unidades já havia sido entregue. A partir de 1957, o Exército iniciou estudos para adaptar o M-59 a funções especializadas, visando otimizar a frota existente. Versões como posto de comando, porta-morteiro e ambulância foram desenvolvidas, ampliando a versatilidade do veículo em papéis de apoio. Essas adaptações refletiram o esforço para maximizar o potencial do M-59, mesmo diante de suas limitações táticas. Esse projeto foi validado pelo Exército dos Estados Unidos (US Army), resultando na conversão de mais de 600 veículos nas linhas de produção da Food Machinery and Chemical Corporation (FMC).
A nova variante, designada M-84 Mortar Carrier, teve seu interior modificado com um piso reforçado estruturalmente para suportar a placa de base M-24A1 e um morteiro M-30 de 81 mm, equipado com um sistema de mira óptico M-53. O veículo contava com racks internos para armazenar 88 munições, sendo operado por uma guarnição de seis soldados responsáveis pela condução e operação da arma. O peso final do M-84, plenamente carregado, atingia 21.400 kg, superior ao do M-59 original devido à munição transportada. Essa característica tornava a versão porta-morteiro mais lenta no campo de batalha, mas a redução de mobilidade não foi considerada um fator limitante, dado o perfil tático da artilharia móvel, que prioriza apoio de fogo em posições estratégicas. O M-84 permaneceu como o principal porta-morteiro do Exército dos Estados Unidos até o final da década de 1960, quando foi gradualmente substituído pelo FMC M-106 Mortar Carrier, mais avançado e integrado ao novo conceito de blindados. Reconhecendo as deficiências do M-59, como baixa velocidade, autonomia limitada e vulnerabilidade a munições perfurantes de médio calibre, o Exército dos Estados Unidos iniciou, em 1958, estudos para o desenvolvimento de um novo veículo blindado de transporte de tropas. Esses esforços culminaram no conceito AAM-PVF (Airborne Armored Multi-Purpose Vehicle), um veículo blindado multiuso aerotransportado. Esse conceito se materializou em 1960 com o projeto T-113, que evoluiu para o icônico M-113 APC. O M-113 revolucionou a categoria ao incorporar uma blindagem de duralumínio, mais leve e eficiente, que reduzia significativamente o peso final do veículo. Essa inovação permitiu, pela primeira vez, uma velocidade compatível com os carros de combate, como o M-41 Walker Bulldog e o M-48 Patton, garantindo a sincronia essencial em operações mecanizadas. Além disso, o M-113 oferecia maior capacidade anfíbia e era apto ao transporte aéreo, atendendo plenamente aos requisitos do AAM-PVF. Com a introdução do M-113 no final da década de 1960, o Exército dos Estados Unidos (US Army) iniciou a substituição progressiva do M-59. Grande parte da frota de M-59 foi transferida para as unidades de reserva da Guarda Nacional (National Guard), onde continuou a desempenhar funções de treinamento e apoio. Posteriormente, sob os termos do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program), um número significativo de M-59 foi cedido a nações alinhadas com a geopolítica norte-americana, em condições vantajosas. A Turquia tornou-se o maior operador internacional do M-59, recebendo mais de 1.500 unidades, seguida pela República do Vietnã, com 866 veículos. Outros países, como Etiópia, Brasil, Grécia, Líbano, Vietnã do Sul e Venezuela, receberam cerca de 420 unidades no total. Esses veículos permaneceram em serviço até o início da década de 1990, desempenhando papéis variados, desde transporte de tropas até apoio logístico, dependendo das necessidades de cada força armada.

Emprego no Exército Brasileiro.
O processo de motomecanização da Força Terrestre brasileira teve início na década de 1920, marcando os primeiros esforços para modernizar a logística e a mobilidade do Exército Brasileiro. Durante esse período, a incorporação de caminhões permitiu, de forma ainda limitada, o transporte de cargas e soldados, representando um avanço em relação às tradicionais operações hipomóveis. Na década de 1930, a frota de veículos foi ampliada, mas continuava composta majoritariamente por modelos civis adaptados para uso militar, com modificações mínimas para atender às necessidades da Força. No início da década de 1940, o Exército Brasileiro começou a vislumbrar uma modernização mais significativa de seus meios, impulsionado pelo surgimento de veículos blindados de transporte de tropas (VBTP) nas forças armadas de potências como Alemanha e Estados Unidos, que demonstravam eficácia em cenários de combate da Segunda Guerra Mundial. Esse anseio começou a se materializar em 1942, com a adesão do Brasil ao programa norte-americano Lend-Lease Bill Act (Lei de Arrendamento e Empréstimo). Por meio desse acordo, o Exército Brasileiro recebeu seus primeiros veículos blindados, incluindo o M3-A1 Scout Car, equipado com tração sobre rodas, e os meia-lagartas M-2 e M-3 Half Track. Curiosamente, embora projetados para o transporte de tropas no front de batalha, esses veículos não foram inicialmente empregados nessa função no Brasil. Influenciado pela doutrina militar francesa, que ainda se baseava nas táticas da Primeira Guerra Mundial e privilegiava operações hipomóveis, o Exército Brasileiro destinou esses blindados à tração de peças leves de artilharia. Essa escolha refletia a mentalidade operacional da época, que ainda não havia absorvido plenamente as inovações táticas da guerra mecanizada. A crescente influência norte-americana durante a Segunda Guerra Mundial, especialmente após a entrada do Brasil no conflito ao lado dos Aliados, trouxe mudanças significativas na doutrina da Força Terrestre. O recebimento de um grande lote de meia-lagartas M-3, M-3A1 e M-5 possibilitou, pela primeira vez, a implementação de táticas de infantaria motorizada. Esses veículos, embora limitados pela ausência de cobertura blindada integral, marcaram o início da transição para operações mais dinâmicas e mecanizadas, alinhando o Exército Brasileiro às práticas das forças aliadas. No início da década de 1950, o comando da Força Terrestre passou a avaliar a efetividade e a capacidade de sobrevivência de suas unidades mecanizadas em um hipotético cenário de conflito moderno. Ficou evidente a necessidade de substituir os equipamentos recebidos na década de 1940, que, embora úteis, estavam obsoletos frente às exigências de um campo de batalha em rápida evolução. Essa constatação culminou em um marco histórico para a modernização do Exército Brasileiro: a assinatura, em 15 de março de 1952, do Acordo Militar Brasil-Estados Unidos, formalizado pelos presidentes Getúlio Vargas e Harry Truman.

Essa parceria bilateral, sob condições econômicas vantajosas, visava substituir os equipamentos militares cedidos durante a Segunda Guerra Mundial, alinhando as capacidades do Exército Brasileiro às exigências de um contexto geopolítico e tecnológico em constante transformação. Por meio desse acordo, o Brasil integrou o grupo de nações beneficiadas pelo Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program), que facilitava o acesso a equipamentos militares modernos, com o objetivo de fortalecer a defesa regional contra a hipotética ameaça expansionista socialista durante a Guerra Fria. Nesse contexto, o Exército Brasileiro foi contemplado com uma parcela significativa dos recursos do acordo. A partir de agosto de 1960, começaram a ser entregues os primeiros equipamentos, incluindo 50 carros de combate médios M-41 Walker Bulldog, dois veículos de socorro M-74 Sherman Recovery Vehicle e 20 viaturas blindadas de transporte de pessoal FMC M-59 APC. Embora usados, os M-59 encontravam-se em excelente estado de conservação, com baixa quilometragem, tendo sido armazenados desde 1959 nas instalações da Unidade do Corpo de Artilharia (Ordnance Corps Depot), no estado de Ohio, nos Estados Unidos. Alguns veículos registravam menos de 1.000 milhas rodadas, pois haviam sido retirados de serviço após a identificação de limitações operacionais em campo. Os M-59 cedidos ao Brasil pertenciam à variante M-59 A1, que incorporava melhorias em relação à versão inicial de produção em série. Entre os aprimoramentos, destacava-se o processo de soldagem do casco de aço, com uma blindagem de 25 mm de espessura, proporcionando maior resistência. Tecnologicamente, esses blindados eram equipados com o eficiente sistema de periscópios M-17 e o dispositivo infravermelho M-19, que permitia a condução em ambientes noturnos ou com escotilhas fechadas, um avanço significativo para as operações táticas. Para autodefesa, o M-59 A1 dispunha de uma torre com acionamento hidráulico, armada com uma metralhadora automática Browning calibre .50. Esse sistema de torre automática, inédito no Exército Brasileiro, oferecia, pela primeira vez, proteção adequada ao operador da arma, marcando um progresso em relação aos meia-lagartas utilizados anteriormente. Os 20 carros blindados M-59 A1 destinados ao Exército Brasileiro foram cuidadosamente revisados e colocados em plenas condições de funcionamento nas instalações americanas antes de serem preparados para transporte por via naval. Em 14 de agosto de 1960, os veículos chegaram ao porto do Rio de Janeiro, juntamente com os primeiros M-41 Walker Bulldog. No Brasil, passaram por inspeções detalhadas e foram preparados para o estágio operacional, incluindo o treinamento de seus operadores.
Em dezembro de 1960, os 20 veículos blindados M-59 A1, recebidos no âmbito do Acordo de Assistência Militar com os Estados Unidos, foram distribuídos igualmente entre o 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada (15º RecMec) e o 16º Regimento de Cavalaria Mecanizada (16º RecMec), ambos sediados no Rio de Janeiro. Essa alocação representou um marco na modernização da Força Terrestre brasileira, inaugurando uma nova fase na doutrina de operações mecanizadas. Oficialmente designados como VBTT M-59 (Veículo Blindado de Transporte de Tropas), esses blindados desempenharam um papel central na formação de unidades de infantaria motorizada e no desenvolvimento de táticas integradas com os carros de combate médios M-41 Walker Bulldog e leves M-3 Stuart. Nas unidades operativas, os VBTT M-59 tiveram a missão estratégica de consolidar a doutrina de emprego de veículos blindados de transporte de tropas sobre lagartas, operando em conjunto com a força blindada do Exército Brasileiro. Apesar de sua velocidade máxima de 32 km/h não permitir acompanhar plenamente os carros de combate no campo de batalha, os M-59 superaram significativamente as capacidades dos meia-lagartas White M-2, M-3 e M-5, que predominavam na Força Terrestre até então. Essa superioridade era evidente na proteção oferecida aos soldados e na capacidade de transporte, que incluía até 10 militares totalmente equipados ou cargas diversas. Os oficiais brasileiros ficaram impressionados com a versatilidade do M-59. Além de sua função primária de transporte de tropas, o veículo foi amplamente utilizado em exercícios para transportar peças leves de artilharia, como os canhões antitanques M-1 de 57 mm e M-3 de 37 mm, ou mesmo veículos como os Jeeps Willys ou Ford GPW 4x4, diretamente para a linha de frente. Essa capacidade ampliou a flexibilidade operacional da infantaria, permitindo maior mobilidade e segurança em manobras ofensivas. Durante os primeiros anos de operação, os VBTT M-59 foram frequentemente empregados em conjunto com os carros de combate leves M-3 e M-3A1 Stuart, que, na época, constituíam a espinha dorsal da força blindada brasileira. Nessas manobras, os M-59 demonstraram ser relativamente compatíveis com os Stuarts, pertencentes aos Batalhões de Carros de Combate Leve (BCCL), acompanhando-os com razoável eficiência em cenários simulados. 

A integração com os CCL M-3 Stuarts reforçou a confiança na capacidade do  VBTP M-59 de apoiar operações mecanizadas, ainda que em um contexto de combate de baixa intensidade. No entanto, esse cenário mudou com a chegada de novos lotes de carros de combate médios M-41A1 e M-41A3 Walker Bulldog, que começaram a substituir os M-3 Stuart como o principal carro de combate da Força Terrestre. Nos primeiros exercícios conjuntos entre os VBTT M-59 e os M-41, ficou evidente a mesma limitação observada pelo Exército dos Estados Unidos (US Army): a incapacidade do M-59 de acompanhar a dinâmica e a velocidade dos M-41 Walker Buldog , que atingiam até 45 km/h. Essa discrepância comprometeu a sincronia necessária para operações coordenadas, revelando uma deficiência crítica em cenários de alta mobilidade. Além das questões de desempenho em combate, os M-59 apresentaram desafios significativos em deslocamentos de média e longa distância no território brasileiro. Com um peso bruto de 19,3 toneladas, o veículo excedia a capacidade de grande parte da infraestrutura viária do país na década de 1960, incluindo pontes, viadutos, estradas e, especialmente, pranchas ferroviárias utilizadas para transporte logístico. Essas limitações logísticas restringiram o uso do Veículo Blindado de Transporte de Tropas M-59 a operações regionais e dificultaram sua mobilização em larga escala, evidenciando a necessidade de veículos mais adaptados às condições brasileiras. Apesar de suas limitações, os VBTT M-59 A1 foram fundamentais para elevar o patamar operacional do Exército Brasileiro, marcando a transição de uma força predominantemente hipomóvel e equipada com meia-lagartas para uma força mecanizada com blindados sobre lagartas. Sua operação proporcionou valiosas lições sobre o emprego de veículos de transporte de tropas, pavimentando o caminho para a adoção do M-113, introduzido a partir de 1967. Mais leve, ágil e compatível com a infraestrutura brasileira, o M-113 superou as deficiências do M-59, consolidando a doutrina de cavalaria mecanizada. As limitações operacionais do VBTT M-59 A1, como baixa velocidade, autonomia reduzida e incompatibilidade com a infraestrutura viária brasileira, levaram o Ministério do Exército a declinar novas ofertas de cessão desses veículos no âmbito do Programa de Assistência Militar (MAP). 
Como medida intermediária, foram iniciados estudos para o repotenciamento dos meia-lagartas White M-2, M-3 e M-5, visando prolongar sua vida útil até a chegada de um substituto mais adequado. Essa necessidade, porém, foi rapidamente atendida com a negociação, a partir de 1965, da cessão de mais de 500 veículos blindados de transporte de tropas FMC M-113 A0, desenvolvidos nos Estados Unidos como sucessores diretos do M-59. A incorporação de um número tão expressivo de M-113 A0 permitiu um ciclo completo de renovação dos meios mecanizados do Exército Brasileiro, possibilitando a desativação definitiva dos meia-lagartas M-2, M-3 e M-5, que haviam servido desde a Segunda Guerra Mundial. Em 1969, com os Veículos Blindados de Transporte de Tropas M-113A0 alcançando pleno status operacional, o 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada (15º RecMec) e o 16º Regimento de Cavalaria Mecanizada (16º RecMec), ambos sediados no Rio de Janeiro, passaram a ser equipados com esses novos blindados, mais leves, ágeis e compatíveis com as demandas táticas e logísticas do período. Com a chegada dos M-113, os VBTT M-59 A1 foram gradualmente relegados a funções secundárias, como treinamento de operadores e participações em cerimônias oficiais. Um momento emblemático de seu uso cerimonial ocorreu em setembro de 1972, quando os  VBTP M-59 foram empregados no transporte dos restos mortais do imperador Dom Pedro I e de sua primeira esposa, a imperatriz Leopoldina, em um evento de grande simbolismo histórico na cidade de São Paulo, marcando as comemorações do sesquicentenário da Independência do Brasil. No início da década de 1980, em um esforço para revitalizar os M-59 ainda em operação, a empresa paulista Moto Peças Transmissões S/A, de Sorocaba, em colaboração com técnicos do Parque Regional de Motomecanização da Segunda Região Militar (PqRMM/2), em São Paulo, iniciou estudos para um possível programa de repotenciamento. O foco principal era substituir os dois motores originais a gasolina GMC-302 por equivalentes nacionais movidos a diesel, seguindo o modelo de outros programas de modernização bem-sucedidos conduzidos pelo PqRMM/2. Contudo, análises econômicas revelaram que o projeto não era viável, devido à pequena escala da frota de apenas 20 veículos. Essa constatação levou ao cancelamento do programa, selando o destino dos M-59 no Exército Brasileiro. Apesar de sua limitada quantidade, o M-59 serviu como inspiração para o desenvolvimento de um projeto nacional de veículo blindado de transporte de tropas sobre lagartas, batizado de Charrua. Embora o Charrua não tenha avançado para a produção em série, ele reflete o impacto duradouro do M-59 na busca por soluções autóctones para as necessidades da Força Terrestre.

Em Escala.
A ausência de um kit específico no mercado para o Veículo Blindado de Transporte de Tropas (VBTT) M-59A1 "EB10-414", pertencente ao 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada (15º RecMec), inspirou-nos a empreender um projeto de modelismo utilizando a técnica de scratch building. Para a realização deste projeto, optamos por utilizar como base o kit do carro de combate M-41 Walker Bulldog, produzido pela Tamiya na escala 1/35. Aproveitamos apenas elementos fundamentais desse kit, como chassi, rodas, suspensão, esteiras e alguns acessórios, enquanto todo o restante da estrutura do M-59A1 foi construído manualmente, em scratch. Para a  identificação do veículo, utilizamos decais de alta qualidade produzidos pela Eletric Products, extraídos do conjunto "Veículos Militares Brasileiros 1944-1982". Esses decais permitiram recriar com exatidão as marcações do M-59A1 "EB10-414", incluindo insígnias do 15º RecMec e detalhes que remetem à sua operação no Exército Brasileiro durante a década de 1960
O padrão de pintura tático do Exército Brasileiro, baseado no sistema de cores Federal Standard (FS), foi aplicado uniformemente a todos os veículos militares da Força Terrestre desde a Segunda Guerra Mundial até o final de 1982. Esse esquema, caracterizado por sua funcionalidade e adaptabilidade aos diversos cenários operacionais. A maioria dos VBTP M-59A1 preservados em museus ou unidades do Exército Brasileiro ainda ostenta esse padrão de pintura, mantendo viva a memória de sua contribuição para a motomecanização da Força Terrestre. 



Bibliografia :
- Blindados no Brasil Volume I,  -  por Expedito Carlos S. Bastos
- M-59 APC Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/M59_(APC)
- M-113 no Brasil - por Expedito Carlos S. Bastos

M-41, M-41A1 e M-41A3 Walker Bulldog

História e Desenvolvimento.
Com o final da Segunda Guerra Mundial, e em plena Guerra Fria, o Exército dos Estados Unidos (US Army) sentiu a necessidade de dispor um novo carro de combate leve que pudesse suceder os já antiquados M-24 Chaffe. Este veterano fora colocando em serviço no ano de 1944 em substituição aos M-3 Stuart, e neste período já se demonstravam ineficientes quanto aos carros semelhantes a disposição das forças do Pacto de Varsóvia. A fim de atender a esta demanda, em 1946 seriam iniciados os estudos preliminares para o desenvolvimento deste novo carro de combate leve, com este programa recebendo a denominação oficial de T-37.  A fim de se obter reduções de custo na cadeia de produção e manutenção, este novo veículo deveria fazer uso de grande quantidade de peças e componentes automotivos já comuns a outros veículos militares em uso. Deveria apresentar um casco modular capaz de ser convertido para uma variedade de outras funções especializadas, como plataforma de defesa aérea, socorro e transporte. Em termos de perfil operacional, deveria ser extremamente ágil, a fim de ser empregado também em missões de reconhecimento do campo de batalha, sendo capaz ainda de enfrentar a nova geração de tanques soviéticos como os T-44, T-54 e T-55. Uma concorrência seria então deflagrada em meados do ano de 1947, e curiosamente entre as premissas desta demanda se destacava a obrigatoriedade pela adoção de dois modelos gasolina seis cilindros em V refrigerados ar com 500 hp de potência, com as empresas concorrentes podendo optar pelo motor produzido pela Continental Motors Company ou Lycoming Engines. Esta exigência faria do T-37 um dos primeiros carros de combate norte-americanos a  a ser projetado em torno de um tipo de motor preexistente, em vez de ser construído primeiro e depois adotar um motor adequado. A seguir seriam apresentas três propostas técnicas comerciais, no entanto as restrições de ordem orçamentária impostas no período pós-guerra atrasariam a liberação de verbas para a construção dos protótipos dos projetos apresentados.  Este cenário atrasaria o cronograma original até março de 1949, quando seriam completados os primeiros três carros.  Estes protótipos seriam submetidos a um extensivo programa de avaliação comparativa em campo, e neste processo o protótipo apresentado pela Cadilac Automotive Company  (uma subsidiaria da General Motors Company), se destacaria, sendo classificado para a segunda etapa desta concorrência, com o modelo recebendo a designação de T-37 FASE II.   

De volta ao campo de provas seriam identificadas correções e oportunidades de melhorias, resultando assim na versão de pré-produção, agora designada como T-41E1 pesava 23.500 kg, e poderia ser facilmente classificado como um carro de combate médio, não sendo mais adequado para ser lançado de paraquedas como fora originalmente almejado, porém ainda poderia ser aerotransportado frequentemente. Do ponto de vista técnico tanto o T-41E1 quanto o T-41E2 eram muito parecidos com o M-24 Chaffe, com trem de rolamento de cinco pares de rodas, suspensão com barra de torção, contando, porém, com o novo motor traseiro Continental AOS-895-3 a gasolina de 6 cilindros em V (14.685 cm3) que proporcionava 500 hp a 2.800 rpm, o que lhe concedia uma elevada velocidade em estradas regulares. Suas dimensões eram de 8,05 metros de comprimento (com o canhão a frente) ou 5,60 metros (com o canhão voltado para trás), 3,26 metros de largura e 2,5 metros de altura. Sua blindagem frontal era de 32 mm, com a lateral variando de 19 mm a 25 mm e na torre entre 15 mm a 25 mm. Era fácil de ser reparado e ter componentes substituídos no campo de batalha, estando armado com um canhão M-32 (T138E1) de 76 mm com freio de boca e extrator de fumaça, adaptado para o tiro anti-tanque. Apresentava uma torre bem delgada e inteiramente soldada, de excelente característica. Sua carcaça estava dividida em três partes, na frontal encontrava-se o compartimento do motorista, dispondo de um guidon similar ao de uma bicicleta ou de uma barra de direção, está pouco usual. Já o compartimento de combate, no centro da carcaça era onde local onde estava situada sua torre e abrigava o comandante do carro e o atirador á direita do canhão, com o municiador a esquerda. E por fim a traseira abrigando seu grupo motopropulsor refrigerado ar e sua caixa de mudanças automática Allison CD-500-3, com duas marchas a frente e uma a ré. A celebração do primeiro contrato de aquisição ocorreria em agosto de 1950, porém o início de sua produção em série seria adiado, principalmente a contratempos técnicos da decorrentes da decisão de se incorporar um telêmetro integral diretamente na torre de aço, o que levaria a necessidade de reprojeto de ferramental.  Um renovado senso de urgência introduzido pelo início da Guerra da Coréia (1950 - 1953), e as crescentes demandas do Exército dos Estados Unidos (US Army) pela incorporação de mais por mais carros de combate, resultariam na priorização de sua produção. O atendimento a esta demanda emergencial levaria o fabricante a implantar a toque de caixa, reformas em suas instalações localizadas na cidade de Cleveland, transformando este espaço em uma linha de produção exclusiva deste novo carro de combate, envolvendo 3.700 colaboradores. 
Este acelerado processo de produção impactaria novamente no projeto original, pois a concepção de seu ferramental envolveria alterações de ordem técnica, resultando em novos atrasos no cronograma original. O modelo receberia a designação de M-41 Little Buldog, mais tarde alterado para M-41 Walker Buldog em homenagem ao General Walton Harris Walker, falecido em um acidente com um jipe na Coréia em 23 de dezembro de 1950. Os primeiros oito carros de produção em série seriam entregues ao Exército dos Estados Unidos (US Army) em julho de 1951. Em março de 1953, mais de novecentos carros de combate já haviam sido entregues, porém seriam disponibilizados para serviço ativo, tarde mais para participar conflito, apesar de alguns carros terem sido enviados para a Coréia antes de julho deste mesmo ano. Em fins do ano seguinte, mais de um e mil e oitocentos carros já haviam sido produzidos, porém seu emprego operacional descortinaria uma série de falhas técnicas, que possivelmente foram originadas de devido à sua produção emergencial. Estudos mais aprofundados realizados entre os anos de 1951 e 1952 apontariam que seria necessário implementar cerca de quatro mil alterações e melhorias no projeto original, levando ao desenvolvimento de uma nova versão. Além disto verificou-se que seu raio de açao era extremamente limitado o que levaria a substituição de seu motor original pelo modelo AOSI-895-5 com sistema de injeção eletrônica, garantindo uma redução de consumo de combustível na ordem de 20%.  Deste estudo nasceria a versão M-41A1, que além de atender as demandas de melhoria citadas anteriormente passava a ser equipado com o novo canhão M-76A1 (T138E2), e apresentava aumento da capacidade de armazenamento de munição de 76 mm passando de 24 no M-41 para 44, sendo acondicionadas na torre e 33 na carcaça. Com relação a pontaria, o comandante do carro e o atirador dispunham cada um de um periscópio M-20, cuja ligação balística ao canhão assegurava o alinhamento dos dois campos de visão com o eixo da alma da peça para o alvo selecionado. Além disso, o atirador dispunha de uma luneta M-97 como elemento secundário de pontaria. O municiador contava ainda com um periscópio de observação M-13 no teto da torre.  Como armamento secundário mantinha a metralhadora Browning M-2 de 12,7 mm montada sobre a torre e uma coaxial Browning M-1919A4E1 de 7,62 mm, contando com 430 munições de  de 12,7 mm e 4.200 de 7,62 mm.  Após a aprovação para a produção do M-41A1, seria decidido que pelo menos 1.361 carros do modelo M-41 que se encontravam em uso nas forças regulares, fossem armazenados junto as instalações da Unidade do Corpo de Artilharia (Ordinance Corps Depot), no estado de Ohio, a fim de serem posteriormente elevados para esta nova versão. 

Apesar destas melhorias o M-41A1 Walker Bulldog que nesta época já havia substituído completamente os M-24 Chaffe, ainda não se mostraria especialmente popular em serviço no Exército dos Estados Unidos (US Army). Mesmo com o desenvolvimento de suas  versões subsequentes como o M-41A2 em 1956 e o M-41A3 em 1958 (que passava a fazer uso do motor a diesel Cummins VTA-903), seu emprego operacional  continuaria a frustrar seus operadores. Entre varias observações destacava-se as queixas emitidas por seus condutores a respeito de seu  espaço interior limitado, somava-se ainda o fato que sua altura, tamanho e design,  afetavam sua capacidade de reconhecimento discreto no campo de batalha. Apesar do desenvolvimento de versões especializadas derivadas de sua plataforma, como o veículo antiaéreo M-42 Duster, obuseiros autopropulsados M-44 e M-52 e por fim o veículo blindado de transporte de tropas M-75, em fins de 1954 sua produção seria encerrada, totalizando 5.467 unidades entregues. Neste momento o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) passaria a focar seus esforços no desenvolvimento do novo carro de combate leve, o  M-551 Sheridan. O batismo de fogo do M-41 Walker Buldog ocorreria em abril de 1961, em Cuba durante o preludio da  "Invasão da Baía de Porcos", quando cinco destes carros retirados dos estoque do exército foram fornecidos pela  Agencia Central de Inteligência (CIA) aos exilados anticomunistas para apoiar a incursão da Brigada 2506 e a subsequente apreensão de locais estratégicos em Cuba que provavelmente seriam patrulhados ou defendidos por blindados, principalmente tanques médios T-34-85 fornecidos pelos soviéticos. Estes seriam transportados para a costa cubana por uma única embarcação de desembarque mecanizada em 17 de abril, depois desembarcaram com o apoio da infantaria em um ataque anfíbio de armas combinadas em Playa Girón.  Diversos embates ocorreriam, até que os M-41 tivessem sua munição esgotada, sendo abandonados pelas tripulações. Em 1964, como parte do esforço de apoio e modernização as forças blindadas do Exército da República do Vietnã (ARVN), o Comando de Assistência Militar Norte Americano, determinou o fornecimento de centenas de tanques M-41A3s,  que passariam a ser envolver nas maiores operações de combate, ao contrário do ocorrido no Exército dos Estados Unidos(US Army) o modelo de tornou muito popular entre os tripulantes locais, que geralmente eram de menor estatura do que seus contrapartes norte-americanos, e assim  não experimentariam o mesmo desconforto proporcionado pelo reduzido espaço interior.  Os últimos M-41 Walker Bulldogs foram entregues a este exército em 1972 totalizando 350 carros, e durante a Queda de Saigon entre os dias 28 e 30 de abril de 1975 , muitos destes carros de combate seriam capturados e incorporados ao Exército do Vietnã do Norte sendo mantidos em operação até meados da década de 1990.   
O M-41 Walker Bulldog seria o primeiro tanque do pós-guerra a ser adotado pelo Exército Alemão (Bundeswehr) após sua formação em 1955, com 50 desses veículos sendo destinados a compor os batalhões de reconhecimento blindado. No entanto o conceito de carros de combate leves provou ser impopular neste exército, e todos os M-41 seriam desativados em 1966 passando a ser substituídos pelos modelos M-48 Patton e Leopard 1.  Em 1958, de 40 a 50 carros do modelo M-41A-3 seriam cedidos as Forças Armadas Libanesa (LAF) a fim de substituírem em sua frota os obsoletos M-4  Sherman Firefly e os carros de combate leves franceses Hotchkiss H35 e Renault R35. Estes seriam amplamente empregados em cenários de conflagração real, atuando desde a crise do Líbano de 1958, a Guerra Civil Libanesa (1975 - 1982) até a Guerra da Montanha (1983 - 1984). Curiosamente além das forças regulares daquele país, vários M-41A-3 capturados seriam utilizados por por facções rebeldes dissidentes, como o Exército Árabe Libanês (LAA), Exército do Libano Livre (AFL), Forças Reguladoras Kataeb (KRF), Milícia dos Tigres e Libertação Popular Exército (PLA). No entanto seu maior usuário seria representando pelo Exército da República da China - Taiwan (ROCA), que começaria receber seus primeiros M-41A3 em 1958, chegando a receber até o ano de 1960 700 carros de combate desta família. Ao longo dos anos uma parcela desta frota seria profundamente modernizada para a versão M-41D, com muitos destes ainda permanecendo operacionais até os dias atuais. O advento da introdução dos novos  veiculos blindados de reconhecimento e assalto aerotransportados M-551 Sheridan AR/AAV iniciaria o ciclo de desativação dos M-41A1, M-41A2 e M-41A3 das unidades de linha de frente da cavalaria blindada do Exército dos Estados Unidos (US Army), com estes passando a ser armazenados como reserva técnica.  Desta maneira esta família de carros de combate passaria a constar no portifólio do Programa Militar de Assistência - MAP (Military Assistence Program), muito em virtude da grande quantidade armazenada como reserva estratégica.  Dentro destes termos deste programa milhares destes carros de combate seriam cedidos ao Brasil, Chile, República Dominicana, Guatemala, Uruguai, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Etiópia, Grécia, Japão, Nova Zelândia, Paquistão, Filipinas, Portugal, Somália, Arábia Saudita, Somália, África do Sul, Espanha, Sudão, Tailândia, Tunísia e Turquia. Diversos programas de modernizações seriam desenvolvidos para esta família de carros de combate, permitindo estender sua vida útil, com muito destes ainda operando em serviço ativo junto as forças armadas da República Dominicana, Guatemala, Taiwan e Uruguai.   

Emprego no Exército Brasileiro.
A arma de cavalaria blindada na Força Terrestre seria criada e consolidada no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial, período no qual, o país após passar a ser signatário do programa  internacional de ajuda militar Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos). Nos termos deste acordo seriam recebidos milhares de modernos veículos militares, trazendo ao Exército Brasileiro uma grande mobilidade e poder de dissuasão, se tornando neste período uma grande potência militar regional.  Em termos de carros de combate, o país dispunha de uma imponente frota, composta por mais de seiscentos carros de combate divididos entre os modelos leves M-3 e M-3A1 Stuart e médios M-4,  M-4A1 Sherman e M-3A3 e M-3A5 Lee. No entanto este status quo não se manteria por muito tempo, pois logo no final da década de 1950, essa frota além de se apresentar em um estágio de obsolescência, passaria a apresentar graves problemas de índice de indisponibilidade, provocada principalmente por problemas na obtenção de peças de reposição, tendo em vista que estes modelos tiveram sua produção descontinuada em meados do ano de 1945. Grande parte ainda destes problemas, estava concentrada no conjunto motriz  destes veículos blindados, gerando assim estudos de desenvolvimento voltando a implementação de programas de remotorização, substituindo os antigos motores a gasolina por modelos a diesel de fabricação nacional.  Apesar de se mostrarem viáveis em termos técnicos e econômicos, estes processos de revisão e modernização efetivados ou ainda em desenvolvimento, apesar de devolverem certa capacidade operativa ao Exército Brasileiro, não atenderiam a demanda de modernização de seus meios blindados. O principal calcanhar de Aquiles da frota de carros de combate M-3 e M-3A1 Stuart, M-4 e M-4A1 Sherman e M-3A3 e M-3A5 Lee repousava em seu natural obsolescência, ficando claro que modelos já se encontravam defasados, considerando ainda que a maior parte desta antiga frota estava composta por veículos armados com os ineficientes canhões de 37 mm,  que pouco podiam fazer em um cenário de enfrentamento moderno. A solução deste problema passaria obviamente pela aquisição de novos carros de combate (mesmo que em uma pequena quantidade) que possibilitaria assim uma imediata e necessária modernização da força blindada do Exército Brasileira. 

Para atendimento a esta demanda, o governo brasileiro fazendo uso dos termos do Acordo Militar Brasil - Estados Unidos (que fora celebrado no ano de 1952), programa este que  tinha por objetivo ampliar a influência geopolítica norte-americana, para assim prover regionalmente uma linha de defesa contra a hipotética ameaça expansionista socialista. Desta maneira nosso pais passaria a ter acesso ao Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program), que garantiria acesso facilitado a modernos equipamentos militares. Nestes termos em meados do ano do ano de 1959, o adido militar brasileiro baseado na cidade de Washington DC (Distrito Columbia), daria início as tratativas, junto a aquele governo, para a aquisição de veículos militares e carros de combate.  Nesta época o Exército dos Estados Unidos (US Army) dispunha em sua reserva estratégica, de uma grande frota de carros de combate médio da família M-41 Walker Buldog, com estes estando armazenados junto as instalações do  Ordinance Corps Depot (Unidade do Corpo de Artilharia) baseado em Lordstown Village, no estado de Ohio.  Vale citar que grande parte desta frota contemplava a primeira versão de produção deste modelo, e que foram logo substituídas nas linhas de frente pelas versões melhoradas como o M-41A3, apresentando assim, baixíssimo desgaste operacional.  Após a conclusão das negociações burocráticas, uma comitiva formada por oficiais do Exército Brasileiro seria enviada a Ohio, para proceder a escolha de cinquenta carros de combate do modelo M-41 Walker Buldog.  Estes seriam separados e então revisados localmente colocados em condições de funcionamento e preparados para transporte por via naval, sendo recebidos no porto do Rio de Janeiro, em 14 de agosto de 1960. Já no país, estes carros seriam preparados para o estágio operacional e treinamento de seus operadores, sendo posteriormente transportados por via terrestre, e distribuídos aos 1º e 2º Regimentos de Reconhecimento Mecanizado (RecMec), que estavam baseados nas cidades de Porto e Alegre e Santo Ângelo no Rio Grande do Sul e ao 3º Regimento de Reconhecimento Mecanizado no Rio de Janeiro, (então Estado da Guanabara). Nestas unidades de imediato os novos carros de combate passariam a substituir os antigos carros de combate leves M-3 e M-3A1 Stuart. Em operação os M-41 naturalmente se mostrariam muito superiores principalmente devido a sua velocidade e poder de fogo,  proporcionado pelo moderno canhão M-76A1 (T138E2) de 76 mm. 
O grande êxito operacional destes carros de combate levaria o governo brasileiro em 1962 a negociar nos termos do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program), resultado em um pacote de cessão de 303 carros de combate que deveriam ser recebidos até meados até o final desta mesma década. Estes estariam divididos entre o modelos M-41A1 com 248 blindados e 55 carros da versão mais recente de  produção o M-41A3. A principal diferença entre estes novos modelos estava baseada principalmente na motorização, com o último modelo apresentando em seu grupo motriz um, sistema de injeção de combustível, que lhe concedia a mudança de nomenclatura passando a ser designado como Continental AOSI-895-5, além disso possuía um sistema de elevação do canhão de maior ângulo, podendo este ainda ser equipado um conjunto de equipamento de infravermelho, para direcionamento e condução. Apesar destas diferenças, visualmente o M-41A1 e o M-41A3 eram praticamente idênticos com detalhe para os paralamas cortados no primeiro e paralamas retos no último. O recebimento total das quantidades negociadas ampliaria fortemente a força blindada brasileira, permitindo assim proceder o completo reequipamento de suas unidades blindadas de primeira linha permitindo a retirada de serviço dos últimos M-4 e M-4A1 Sherman. Ao substituir os antigos carros de combate, os M-41 Walker Buldog apresentariam aos militares brasileiros inovações tecnológicas de grande monta, como torres com sistema de acionamento hidráulico, maior velocidade de deslocamento, sistemas de mira mais precisos. Seu novo canhão M-32 de 76 mm também era muito superior aos canhões empregados nos carros de combate produzidos durante a década de 1940. A versão M-41A3 estava equipada com um sistema de visão infravermelho, aparato até então inédito no país, e apesar de estar presente em um pequeno número de carros, possibilitou a imersão dos tripulantes em uma tecnologia de suporte a combate realmente nova. Estes se fariam presentes e plenamente operacionais em grandes unidades, como a 5º Brigada de Cavalaria Blindada (Bda C Bld), 1º, 2º, 3º, 4º e 5º Regimentos de Carros de Combate (RCC) e nos 4 º, 6 º, 9 º e 20 º Regimentos de Cavalaria Blindado (RCB). Inclui-se ainda a Escola de Material Bélico (ESMB), berço dos blindados e templo da manutenção do Exército Brasileiro, além do 15 º Regimento de Cavalaria Mecanizado e Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) no Rio de Janeiro.   

Este importante movimento reequilibraria a balança de poder terrestre na América do Sul, então neste momento fortemente inclinada para a Argentina, nosso principal hipotético rival que começava a operar em larga escala o modelo TAM (Tanque Argentino Médio). Durante as décadas de 1960 e 1970 caberia ainda ao M-41 Walker Buldog ser o carro de combate responsável pela formação da moderna força blindada no Brasil, consolidando assim a doutrina motomecanizada no Exército Brasileiro. Vale a menção que apesar não haver dados específicos sobre o recebimento de carros do modelo M-41A2, existem alguns documentos internos do Exército Brasileiro que confirma a existência de diversos carros desta versão. Estes veículos devido ao seu tamanho e peso, possuíam a capacidade para serem transportados por via férrea, sem trazer problemas a malha ferroviária brasileira, podendo ser facilmente transportados em pranchas ferroviárias sem grandes modificações. Apenas seriam desenvolvidos alguns tipos de rampas fixas e móveis que facilitavam seu embarque e desembarque. Também poderiam ser transportados em pranchas rodoviárias existentes na Força Terrestre e nas empresas de transporte civil. Este fator possibilitaria seu emprego em âmbito nacional, sendo registrados diversos exercícios de grande monta em diversos pontos do território nacional, comprovando a capacidade de dissuasão da força blindada. Estes carros de combate nunca participaram de combates efetivos, mas tiveram destacada participação em grandes exercícios operacionais, de longa duração simulando cenários reais de combate, proporcionando um amplo aprendizado da tropa na operação com carros de combate, seja na área de logistica, transporte ferroviário, tiros reais e manutenção preventiva e corretiva nas unidades e no campo de treinamento. Os M-41 Walker Buldon seriam eternizados no imaginário popular mediante registros fotográficos obtidos durante os eventos decorrentes da Revolução de 1964, quando foram destacados para a proteção de locais estratégicos principalmente na cidade do Rio de Janeiro e na capital federal em Brasília. Neste período, durante mais de uma semana suas tripulações foram obrigadas a "viver" em seus veículos ou próximos a eles mantendo a prontidão de combate. Porém apesar de sua importância operacional e estratégica, os M-41 Walker Buldog brasileiros, infelizmente nunca receberiam a aplicação dos programas manutenção preventiva e corretivas adequados indicados pelo fabricante. Grande parte das manutenções seriam realizadas fazendo uso de peças de reposição não originais de baixa qualidade, muitas vezes em áreas sensíveis, como retentores, mangueiras e linha hidráulicas. 
Este inadequado procedimento de manutenção resultaria a médio e longo prazo em altos índices de desgastes, causando na sequência de quebras de outros componentes vitais, afetando assim a cada vez mais disponibilidade da frota. Esta irresponsável decisão, buscava implementar economias da ordem de algumas centenas de dólares por veículo, colocando em risco um carro de combate que chegava a custar mais de meio milhão de dólares.  No início da segunda metade da década de 1970, a frota de M-41 Walker Buldog brasileira já apresentava graves índices de disponibilidade operacional, com este cenário sendo agravado em 1977 após o rompimento do Acordo Militar Brasil - Estados Unidos.  As dificuldades na aquisição de suprimentos críticos, agravadas ainda mais pelo fato de seu motor operar com gasolina de alta octanagem, facilmente inflamável e com consumo superior a três litros por quilometro. A este problema se somava o suprimento da munição de 76 mm de seu canhão M-32 que além de não ser fabricado no país foi descontinuada nos Estados Unidos no início da década de 1970. No anseio de resolver estes problemas e objetivando também promover melhorias, seriam conduzidos estudos visando o desenvolvimento de um programa de modernização, onde além da substituição do grupo motriz importado por um nacional, previa-se a alteração do armamento principal, incluindo um canhão de 90 mm. Diversos iniciativas seriam conduzidas a partir de 1977 pela equipe técnica do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) de São Paulo, pelo Centro de Tecnologia do Exército (CTEx) e o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IPD), trabalhando em conjunto com a empresa paulista Bernadini S/A. Após as parametrizações de projeto e assinatura de contrato, em meados de 1978, os primeiros carros seriam encaminhados para a modernização, nascendo assim a versão nacional M-41B. Curiosamente em 1982 seriam adquiridos 53 M-41A3 no Japão , oriundos de excedentes do Exército dos Estados Unidos (US Army) que estavam armazenados em Tóquio e que nunca foram incorporados , visto que não entraram no processo de modernização. Este carros ficariam guardados no então Parque Central de Motomecanização (PqCMM) no Rio de Janeiro e acabariam servindo somente como fonte de peças de reposição. Muitos destes acabariam sendo transformados em monumentos em quarteis ou outros locais, salienta-se ainda que os veiculos preservados em sua versão original, se tratam do lote de adquirido do Japão no ano de 1982 que foram destinados somente a servir como fontes de peças de reposição.

Em Escala.
Para representarmos o M-41A3 Walker Buldog "EB11-793" optamos pelo kit da AFV na escala 1/35, sendo este o modelo mais indicado para compor a versão empregada no Brasil com kit podendo ser montado diretamente da caixa. Este modelo apresenta ainda um excelente padrão de qualidade (oferecendo inclusive o tubo do canhão em metal). Empregamos decais confeccionados pelo fabricante Decal & Book pertencentes ao "Set Forças Armadas Brasileiras 1942/1982".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático do Exército Brasileiro, que seria aplicado em todos seus veículos militares desde a Segunda Guerra Mundial até a o final do ano de 1982. Os M-41, M-41A1 e o M-41A3 Walker Buldog brasileiros, mantiveram este padrão até serem submetidos ao processo de modernização, onde emergiram ostentando o esquema de camuflagem tático em dois tons adotado pela Força Terrestre  a partir do ano de 1983.


Bibliografia :

M-41 Walker Buldog - http://pt.wikipedia.org/wiki/M41_Walker_Bulldog
- Blindados no Brasil Volume I, por Expedito Carlos S. Bastos
- Blindados no Brasil Volume II, por Expedito Carlos S. Bastos
- M-41C Rede de Tecnologia & Inovação do Rio de Janeiro - http://www.redetec.org.br/inventabrasil/caxias.htm
- Carro de combate M41 no Exército Brasileiro - http://www.defesanet.com.br

Navio Mineiro-Corveta Classe Carioca

História e Desenvolvimento.
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) serviria para expor o estado da Esquadra Brasileira. A força-tarefa enviada para participar do esforço de guerra (Divisão de Operações Navais de Guerra) fracassou estrategicamente, porque era incapaz de apoio à guerra antissubmarino aos alemães, devido às condições de material da armada. Por volta de 1920, a discussão da construção de um novo Arsenal, e do recorrente tema da reestruturação do pessoal técnico da Marinha do Brasil, seria revitalizada pela conjunção da deterioração da esquadra e a disposição do governo dos Estados Unidos, em manter certo “equilíbrio” militar no seu flanco sul, principalmente entre a Argentina, Brasil e Chile). Ao fim da década de 1920, contávamos com dezessete vasos principais de emprego de alto-mar, todos adquiridos a partir da reforma naval de Alexandrino: dois couraçados, três cruzadores de escolta, seis contratorpedeiros, três torpedeiros e três submarinos. Somados ao que sobrou da Marinha do fim do século XIX, um amálgama de frota de emprego costeiro, a tonelagem total de 59.193. Os britânicos adiantaram-se aos demais possíveis interessados em suprir esta modernização, logo após a Primeira Guerra Mundial, enviando uma missão naval-comercial-diplomática, cuja meta era de fazer negócios e suplementar a esquadra brasileira por vendas. Aparentemente, os Estados Unidos restabeleceriam a dianteira e tomariam contatos para suprir o Brasil com uma reforma no seu aparato naval. Nesse contexto se daria a assinatura do contrato com a Missão Naval Americana ao Brasil (1922-26) para criar as condições da expansão da esquadra brasileira que, obviamente, teria neste país seu fornecedor e parâmetro tecnológico e o Brasil como consumidor de modelos e itens da indústria norte-americana. Desde sua implantação este programa passaria por entraves de ordem burocrática, comercial e cultural, com somente o primeiro grande passo sendo realizado no início década seguinte, com a estruturação do Programa de Reaparelhamento Naval de 1932 (Programa Naval 32), que envolveriam grandes obras de infraestrutura que culminariam no estabelecimento operacional de fato do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) como uma organização dedicada a manutenção efetiva dos navios da Esquadra. Neste contexto em originalmente estavam previstas a incorporação de dois cruzadores, nove contratorpedeiros, seis submarinos, seis navios mineiros e três navios tanque, com a intenção de realizar estas aquisições junto a estaleiros ingleses e italiano. Entretanto, os problemas orçamentários decorrentes da Depressão Mundial e políticos (Revolução Constitucionalista de 1932) atrasaram fortuitamente sua execução. 

Este programa somente seria retomado a partir do ano de 1935, porém o intensificar das tensões na Europa prejudicariam a importação dos navios ingleses e submarinos italianos, pois neste momento estas nações estavam priorizando o fortalecimento de suas armadas em face a eclosão de um possível conflito naquele continente. Desta maneira somente três submarinos italianos seriam recebidos e posteriormente a eminência de uma nova guerra logo também se mostraria um entrave para a efetivação das entregas dos seis destroieres da classe H, contratados junto ao estaleiro inglês J. Samuel White & Co., que seriam designados para exportação como classe J ou Javary.  Uma solução a este problemático cenário passaria pela construção naval nacional, com esta iniciativa sendo capitaneada pelo Almirante Henrique Aristides Guilhem  ao assumir ao Ministério da Marinha, em 1935. Neste momento de posse de recursos consideráveis decorrentes de parte das rendas com o comércio marítimo, fincaria o pé no processo de recuperação das construções navais no Brasil, usando como argumento a própria estrutura do Arsenal da Marinha que ao ser recuperada e potencializada, diminuiria a dependência de material estrangeiro. Por seu turno, o então Governo Vargas viu nisso a oportunidade de encaixar o programa nas necessidades da implantação do modelo de substituição de importações, e de revitalização da indústria local. E como toda nucleação aleatória, na falta da excelência organizacional, a política encontrou a liderança técnica para a tarefa, sendo importados diversos maquinários para o emprego nesta tarefa. Entre as demandas existentes e viáveis de construção local se encontravam os navios mineiros, com esta missão sendo dada ao Capitão de Mar e Guerra Engenheiro Naval Júlio Régis Bittencourt. Este programa deveria contemplar a construção no Arsenal de Marinha da Ilha das Cobras de seis navios mineiros que receberiam os nomes de Carioca, Caravelas, Cabedelo, Cananéia e Camaquã).  Este projeto seria norteado por um meticuloso e demorado estudo que buscasse obter características que harmonizassem as exigências militares próprias do tipo, com o fator econômico da época. Sua estrutura geral do caso seria concebida em dentro de um conceito mais simples possível, que seriam aliviadas de todas as maneiras, as partes da superestrutura que formam o passadiço e as gaiutas da praça de máquinas. 
Seu projeto dimensionaria estas embarcações em 550 toneladas de  deslocamento normal; 57,5 metros de comprimento total; 7,5 metros de boca máxima e  2,4 metros de calado máximo. Desta maneira estes navios deveriam ser construídos de chapas de aço doce Siemens Martin, no sistema de construção das cavernas transversal com reforços nas partes em que deveriam sofrer maior esforço, sendo todo ele rebitado e soldado, com duplo fundo, onde se localizavam os tanques de óleo, água e dejetos. Suas cavernas possuíam oito anteparas dividindo o navio em nove compartimentos estanques. Deste modo seriam reduzidos os pesos altos, obtendo-se assim melhores condições de estabilidade em alto mar para a pequena embarcação, permitindo assim carregamento máximo de minas navais. Seu sistema de fundeio era baseado em dois ferros de leva de 560 kg cada um, talingados a cinco quartéis de amarra, com 25 metros cada quartel e em dois ancorotes tipo almirantado de 200 kg cada um. O  sistema de propulsão do navio seria formado por duas máquinas motoras instaladas numa mesma praça de máquinas, sendo do tipo alternativa a vapor de tríplice expansão, com três cilindros fundidos separadamente, fabricados pela Thornycroft, com 650 HP a 320 RPM, correspondente a uma velocidade máxima de 14,25 nós e raio de ação de 1.120 milhas náuticas. Sua velocidade econômica era de 10 nós a 210 RPM e seu raio de ação, nessa velocidade, era de 1.820 milhas náuticas. O vapor era fornecido por duas caldeiras aquatubulares tipo Yarrow, de circulação acelerada, queimando óleo combustível, fabricadas pela Thornycroft e situadas em praças de caldeira separadas, sendo uma a vante e outra a ré. O navio possuía um grupo destilatório a vapor, com capacidade de produzir 6 t/dia em regime normal e 8 t/dia em regime máximo. A aguada era fornecida por um grupo destilatório tipo Weir de 3 êmbolos com produção máxima de 3,6 t de água. Para navegação, o navio era dotado de duas agulhas magnéticas Kelvin, sendo um padrão no tijupá e uma de governo no passadiço. Para as embarcações miúdas, possuía duas agulhas pequenas, de líquido fabricadas por Otto Meister. Como complemento, possuía dois hodômetros de superfície Cherub MK II e Walker Trident, uma máquina manual de sondar Kelvin 10810-A, um ecobatímetro modelo EB-1, um radiogoniômetro modelo AR 8709 e um radar SF-L, posteriormente instalado em 1945.   
Para as comunicações rádio telegráficas, o navio era dotado de dois transmissores de Cacique AB-200 AF-B2 de 200 W e Cacique AB-50-AFI-B2 de 50 W e três receptores Cacique AB-307 AF, AB-108-FI e AB-405-AFI. Para as comunicações exteriores visuais, possuía bandeiras, escote na verga do mastro e dois holofotes de 12 polegadas e um holofote de 24 polegadas.  A sua energia elétrica seria fornecida por um dínamo (gerador) principal Sunderlard Force, de 30 kw de potência, de corrente contínua, que era acionado por uma máquina a vapor tipo vertical, carter fechado. Como complemento, possuía um dínamo (gerador) secundário, de 40 kw de potência, corrente contínua, movido por um motor diesel.  Para converter a corrente contínua em alternada, possuía três alternadores. Como sistema de salvamento, o navio seria dotado de duas embarcações a motor, sendo uma lancha e uma baleeira, com capacidade para vinte e cinco homens cada, dois escaleres a remo e vela e uma chalana. A manobra do navio era feita por um leme simples, não compensado, retangular, comandado por uma máquina do leme, alternativa a vapor de dois cilindros, que era capaz de movimentar o leme até um ângulo máximo de 35º. Possuía duas estações de governo, sendo uma no passadiço e outra a ré, para manobra do leme em emergência. Para o fundeio, possuía dois ferros tipo Hall de 560 kg cada um, talingados a amarras de seis quartéis de 25 metros e um ancorote de 160 kg tipo Smith. A sua lotação seria, originalmente constituída pelos seguintes oficiais e praças: quatro Oficiais, dez Sargentos, sete Cabos, trinta e seis Marinheiros, quatro Grumetes e sete Taifeiros, totalizando sessenta e oito homens. Em termos de armamentos esta classe de navio mineiros deveriam ser equipados com um canhão inglês Armstrong de 101,6 mm, três metralhadoras francesas Madsen de 20 mm. Possuía ainda dois morteiros, tipo  Derby em Y na popa, duas calhas - lança minas e ou bombas de profundidade MK III, na popa a boreste e a bombordo e dois lança-bombas foguetes MK XX montadas a boreste e a bombordo, também na popa. Os paióis de munição eram refrigerados. O tiro seria dirigido por um telêmetro norte-americano Barr & Stroud’s, tipo FT 32. Era governado por um leme vertical do tipo compensado, com ângulo máximo de 35º. Havia duas estações de governo, sendo a principal situada no passadiço e a de emergência, com manobra à mão, situada no convés da superestrutura da embarcação.  Com a aprovação do projeto de construção dos navios mineiros, este programa  receberia a designação de Classe Carioca, com seus trabalhos sendo logo iniciados junto as instalações dos Arsenal de Marinha da Ilha das Cobras. 

Emprego na Marinha do Brasil. 
Para o atendimento ao cronograma de construção deste classe em particular, seriam realizados  investimentos adicionais no processo estruturação das instalações do  Arsenal de Marinha da Ilha das Cobras. Essa iniciativa possibilitaria acelerar o processo de construção da primeira do primeiro navio mineiro que receberia o nome de "Carioca", com esta navio passando  a ser a quinta embarcação  a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem ao rio homônimo e aos habitantes da cidade do  Rio de Janeiro.  Sua quilha seria batida  no dia  06 de junho de 1937 em uma cerimonia onde estariam presentes o Presidente da República Getúlio Dornelles Vargas, Ministros e autoridades da República. Seria  lançado ao mar em 22 de outubro de 1938, tendo como Madrinha a Sra. Maria da Glória Carvalho Guilhem, esposa do Ministro da Marinha Henrique Aristides Guilhem. Pelo Aviso Ministerial no 1.463, de 16 de setembro de 1939 foi incorporado à Armada no mesmo dia, no referido Arsenal, em cerimônia solene, onde novamente estariam presentes o Presidente da República, o Ministro da Marinha e autoridades civis,  recebendo o indicativo visual C 1.  Em julho de 1940, passaria a ser  incluído na recém criada  Flotilha de Navios Mineiros, operando com  sede na Ilha de Mocanguê Grande, comandada pelo então Contra-Almirante Gustavo Goulart. Porém em 1942, o navio foi incorporado à Divisão de Cruzadores, sendo dissolvida a Flotilha de Navios Mineiros. Em cumprimento à Resolução 11/42, aquela divisão de Cruzadores foi extinta e no dia 5 de outubro foi criada pelo Aviso n° 1.661 a Força Naval do Nordeste, a qual foi incorporada o Navio-Mineiro Carioca juntamente com os demais navios da sua classe. A Força Naval do Nordeste era originalmente composta pelos Cruzadores Rio Grande do Sul – C 11 e Bahia - C 12, Navios Mineiros Cabedelo - C 4, Caravelas - C 5 e Camaquã - C 6 e pelos Caça Submarino Guaporé - G 1 e Gurupi - G 2. Essa força foi depois acrescida de outros navios adquiridos nos Estados Unidos, além dos submarinos classe T, do Tender Belmonte, e dos Contratorpedeiros da classe M, constituindo assim Força-Tarefa 46, da Força Naval do Atlântico Sul, sendo dissolvida apenas no final da guerra. No período em que esteve no Serviço Ativo da Marinha do Brasil, a Corveta Carioca  navegou 182.230,5 milhas náuticas e fez 994,5 dias de mar, sendo que, no período de maio de 1941 a novembro de 1945, em operações de guerra, participou, efetivamente, durante a Segunda Guerra Mundial da patrulha do litoral brasileiro e águas ao largo da costa do Brasil, comboiando cerca de setecentos e cinquenta navios mercantes brasileiros e estrangeiros, como reforço da escolta e ataques a submarinos alemães em curso nas águas brasileiras.

O segundo representante o  Cananéia - C 2, seria o terceiro navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem a cidade homônima do litoral de São Paulo. Foi construída no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. Teve sua quilha batida em 6 de novembro de 1937, seria lançada ao mar em 22 de outubro de 1938 e foi incorporada em 16 de setembro de 1939. Naquela ocasião, assumiria o comando, o Capitão-de-Corveta Raul Reis Gonçalves de Sousa. O batimento de quilha o lançamento e a Mostra de Armamento das duas primeiras unidades da classe, a Carioca e a Cananéia, seriam realizadas em cerimonias oficiais conjuntas. Em julho de 1940, seria incluída na recém criada  Flotilha de Navios Mineiros, posteriormente em outubro de 1942 seria incorporada a Força Naval do Nordeste, participando da  Força-Tarefa 46, da Força Naval do Atlântico Sul, sendo dissolvida apenas no final da guerra.  Durante sua permanência no serviço ativo da Marinha do Brasil, o navio sofreu inúmeras alterações estruturais para modernização e adaptação para as operações de guerra. Seria substituída parte de seu armamento, instalado um radar SF-L. A sua estabilidade foi melhorada, houve alterações nos tanques de água e óleo. Parte das máquinas auxiliares foi retirada e substituída, os compartimentos habitáveis foram alterados. seria feita ainda a retubulação das caldeiras e substituição dos grupos motores geradores elétricos. Pelo Aviso Ministerial no1.452, de 26 de junho de 1959, foi decretada a baixa do serviço ativo da Marinha da Corveta Cananéia juntamente com o Carioca, com a sua Mostra de Desarmamento sendo realizada no dia 7 de julho de 1960, na doca 11 de Junho, no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. O terceiro representante deste classe o Camocim - C 3,  segundo navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem ao rio e a cidade homônimos do Ceará. Teve sua quilha batida em 11 de dezembro de 1937, foi lançada ao mar em 28 de outubro de 1939 e foi incorporada em 7 de junho de 1940. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-de-Corveta Américo Jacques Mascarenhas da Silveira. A exemplo dos demais navios desta classe teria intensa participação durante o conflito. Em 1949 seria  retirado todo o seu armamento e instalado um ecosondador da Submarine Signal Co., sendo o navio foi reclassificado como Navio Hidrográfico. No ano de 1950 foi instalado um radiogoniômetro, em 1952 foi instalado um ecobatímetro EB-4 e por fim, em 1953 foi retirado o sonar. No período de 1949 a 1959, realizou inúmeras comissões hidrográficas e de sinalização náutica, ao longo da costa brasileira. Pelo Aviso Ministerial nº 1 452 de 26 de junho de 1959, o navio foi desincorporado do serviço ativo da Marinha do Brasil, como parte do Programa de Modernização da Esquadra Brasileira. A sua Mostra de Desarmamento foi passada em 7 de janeiro de 1960, na Doca 11 de junho, no Rio de Janeiro. Durante a sua permanência no serviço ativo da Marinha, o navio navegou 130.240,9 milhas e fez 662,5 dias de mar.
O Navio Mineiro Cabedelo C 4, seria o segundo navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem a cidade portuária homônima da Paraíba. Teve a sua quilha batida em 12 de março de 1938, sob a presença do Presidente da República Getúlio Dornelles Vargas, ministros e autoridades militares e civis. O Cabedelo e o Caravelas não foram lançados ao mar, pelo fato da água alcançar o seu nível normal ao serem terminados os trabalhos de dragagem da Doca 11 de Junho em frente a Carreira nº 2 do Arsenal de Marinha da Ilha das Cobras, e os dois navios acabaram flutuando. No dia 16 desetembro de 1939 foi batizado pela Sra. Maria Carmela Dutra, esposa do General Eurico Gaspar Dutra. No dia 7 de junho de 1940 foi incorporado à Armada, naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-de-Corveta Edmundo Williams Muniz Barreto. Em julho de 1940, seria incluída na recém criada  Flotilha de Navios Mineiros, com sede na Ilha de Mocanguê Grande, comandada pelo então Contra-Almirante Gustavo Goulart. Com a declaração de estado de beligerância do Brasil aos Países do Eixo, coube a Marinha do Brasil patrulhar o Atlântico Sul e proteger os comboios de navios mercantes que trafegavam entre o mar do Caribe e o litoral sul brasileiro contra a ação de submarinos inimigos. Assim, foi criada a Força Naval do Nordeste, em 5 de outubro de 1942, sob o comando do Capitão de Mar e Guerra Alfredo Soares Dutra.  Durante a sua permanência no serviço ativo da Marinha do Brasil, a Corveta Cabedelo navegou 184.534 milhas e fez 889,5 dias de mar, sendo que, no período de dezembro de 1941 a novembro de 1945, em operações de guerra, participou, efetivamente, durante a Segunda Guerra Mundial do patrulhamento do litoral brasileiro e águas ao largo da costa do Brasil, comboiando navios mercantes brasileiros e estrangeiros, como reforço da escolta e ataques a submarinos alemães surtos em águas brasileiras. Por meio do Aviso n° 1452 de 26 de junho de 1959 teve baixa do Serviço Ativo da Marinha. O quinto  representante deste classe o Caravelas C 5 seria segundo navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem a cidade homônima do litoral da Bahia. Foi construída no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. Teve sua quilha batida em 12 de março de 1938, foi lançada ao mar em 16 de setembro de 1939 e foi incorporada em 7 de junho de 1940. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-de-Corveta Horácio Brás da Cunha.  Em julho do mesmo ano, seria incluída na recém criada  Flotilha de Navios Mineiros, e em 1942 a exemplo dos demais navios de sua classe seriam  reclassificados como Corvetas, passando a servir junto a  Força Naval do Nordeste. constituindo assim parte da Força-Tarefa 46, da Força Naval do Atlântico Sul, sendo dissolvida apenas ao final da guerra.

Por fim o  Navio Mineiro Camaquã C 6, seria a terceira embarcação a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem ao rio homônimo do Rio Grande do Sul. Teve sua quilha batida em 22 de outubro de 1938 em uma cerimonia com a presença do Presidente da República Getúlio Dornelles Vargas, Ministros e autoridades da República. Seria lançada ao mar em 16 de setembro de 1939 e foi incorporada em 7 de junho de 1940, assumindo seu comando o Capitão-de-Corveta Nereu Chalréu Correia. Juntamente com os demais navios de sua classe seria incorporado a Flotilha de Navios Mineiros com sede na Ilha de Mocanguê Grande, comandada pelo então Contra-Almirante Gustavo Goulart. Em 5 de outubro de 1942 , passou a subordinação da Força Naval do Nordeste (FNNE), criada pelo Aviso n.º 1661, do mesmo dia, para substituir a Divisão de Cruzadores, comandada pelo Capitão-de-Mar-e-Guerra Alfredo Carlos Soares Dutra, e subordinada ao Comandante da 4ª Esquadra Norte-Americana e das Forças Navais do Atlântico Sul, Contra-Almirante (USN) Jonas H. Ingram. Neste mesmo ano seria submetida a um processo de modificações no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), partindo do Rio de Janeiro, já na escolta de um comboio. Na sequência realizou patrulhas antissubmarino  no trecho Bahia - Pernambuco - Rio Grande do Norte - Fernando de Noronha. No dia 18 de julho de 1944 suspendeu da Ilha das Cobras, Rio de Janeiro como capitânia do Grupo de Escolta do comboio JT-18, que também incluía CS Jutaí - CS 52 e Graúna - G 8. Às 09:00h do dia 21 de julho, chegou ao ponto de encontro com a escolta norte-americana, ao largo de Recife, que iria conduzir o comboio até Trinidad. Depois de entregar a escolta e já demandando o porto a Corveta seria atingida por três grandes ondas que a fizeram adernar violentamente para boreste. As duas primeiras fizeram o navio adernar perigosamente levando-a a perder velocidade e recuperar momentaneamente o equilíbrio, mas o terceiro vagalhão a fez soçobrar às 09:30h a cerca de 12 milhas a nordeste de Recife, 48 horas depois do naufrágio do NA Vital de Oliveira. O  CS 52 Jutaí, mais rápido, chegou a área do naufrágio em cerca de meia hora e por pouco na abriu fogo contra o casco emborcado, confundindo-o com um submarino. Além de seu comandante, Capitão-de-Corveta Gastão Monteiro Moutinho, perecerem trinta e três  homens, inclusive um Oficial do Exercito e dois civis, sendo os sobreviventes resgatados pelos CS Jutaí - CS 52 e Graúna - G 8, que faziam parte do mesmo Grupo de Escolta. Até essa data havia, a corveta  Camaquã C 6, teria escoltado em serviço de guerra, mais de seiscentos navios mercantes em comboio na costa brasileira.
Durante sua permanência no serviço ativo da Marinha do Brasil, estas embarcações seriam submetidas a  inúmeras alterações estruturais para modernização e adaptação para as operações de guerra. A sua estabilidade seria  melhorada, houve alterações nos tanques de água e óleo. Parte das máquinas auxiliares foi retirada e substituída, os compartimentos habitáveis foram alterados. Seria feita ainda retubulação das caldeiras e substituição dos grupos motores geradores elétricos. Em abril de 1942, seriam retiradas todas as minas e respectivos trilhos sendo instalados dois lança bombas e dois cabides com capacidade para três bombas de profundidade cada um. Posteriormente, foram instalados mais dois lança bombas e vinte e três  cabides de bombas de profundidade. Em termos de eletrônica estes navios receberiam a instalação de um radar de superfície norte-americano SF-L e rádios mais potentes e modernos. No inicio do ano de 1945, as cinco corvetas remanescentes,  C 1 Carioca, C 2 Cananéia, C 3 Camocim,  C 4 Cabedelo e C 5 Caravelas, seria ao longo deste ano gradativamente docados para modernização de seus sistemas de armas. Neste momento seu armamento principal passaria a ser composto por dois canhões, sendo um de 76,2 mm MK XXII, L/50 Mod.4, a vante e outro de 76,2 mm MK XIV, Mod.5, L/23 a ré; suas três metralhadoras originais Madsen de 20 mm seriam  substituídas por três metralhadoras antiaéreas Oerlikon de 20 mm, reparo fixo, MKIV, sendo uma no tijupá e as outras duas a BE e a BB. Apesar de não serem navios especializados na missão de guerra antissubmarino (ASW), os navios mineiros - corvetas da Classe Carioca teriam grande participação no teatro de operações sul-americano. Porém sua maior contribuição  se daria no segmento da construção naval pois representaria a primeira classe de navios especializados construídos em série no no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, apresentando as futuras potencialidades que seriam referendadas logo em seguida na construção de navios mais modernos, como os contratorpedeiros da Classe Amazonas. 

Em Escala.
Para representarmos a Corveta C 1  da Classe Carioca, fizemos uso do excelente kit em resina produzido pela Piron Models na escala 1/350. Modelo de boa qualidade e grande nível de detalhamento, apresentando peças em photo etched. Apesar do modelo dispor de decais para a representação do esquema de identificação inicial deste navios, optamos por empregar decais produzidos pela Duarte Models, padrão implementado após a redesignação destes de navios mineiros para corvetas. 

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão aplicado em todos os navios da Marinha do Brasil entre as décadas de 1940 a 1970, salientando que este esquema foi o segundo a ser implementado nesta classe de navios. Ao longo de sua carreira,  estas embarcações sofreriam  várias alterações em seus sistema de identificação visual de casco.



Bibliografia : 

- A Marinha entre Guerras - Sylvio dos Santos Val 

- Navios de Guerra Brasileiros – Poder Naval https://www.naval.com.br  

- Marinha do Brasil - https://www.marinha.mil.br/