REO M-34 G742 (VTNE - VTE)


História e Desenvolvimento.  
Em agosto de 1897, Ransom Eli Olds, um engenheiro e designer de automóveis movido por uma paixão incansável pela inovação, fundou a Olds Motor Vehicle Company na cidade de Lansing, Michigan. Esse marco deu origem à marca Oldsmobile, que, ao longo das décadas, se tornaria sinônimo de excelência no mercado automotivo, conquistando o imaginário global com seus icônicos carros de passeio. A Oldsmobile não foi apenas uma empresa – foi a expressão do sonho de Olds de transformar a mobilidade, conectando pessoas e comunidades por meio de veículos confiáveis e elegantes. Em 1904, com a Oldsmobile já consolidada, Ransom Eli Olds decidiu embarcar em um novo desafio empresarial. Em parceria com outros empreendedores, ele fundou a REO Motor Car Company, na qual detinha 52% do capital acionário e assumiu os papéis de presidente e gerente geral. Para focar nessa nova empreitada, Olds tomou a difícil decisão de deixar a Olds Motor Vehicle Company em 1905, confiando que sua visão continuaria a prosperar em novas mãos. A REO, batizada com as iniciais de seu fundador, tornou-se o próximo capítulo de sua jornada, marcada pela mesma determinação que o levou a revolucionar a indústria automotiva. Para garantir a eficiência e a qualidade da REO, Olds demonstrou sua visão estratégica ao estabelecer empresas subsidiárias dedicadas à produção de componentes essenciais. A National Coil Company, a Michigan Screw Company e a Atlas Drop Forge Company foram criadas para formar uma cadeia de suprimentos confiável, reduzindo a dependência de fornecedores externos e assegurando a robustez dos veículos REO. Essa abordagem refletia não apenas sua perspicácia empresarial, mas também seu compromisso com a criação de empregos e o fortalecimento da economia local em Michigan. Inicialmente, Olds planejou nomear sua nova empresa como “R.E. Olds Motor Car Company”. Contudo, uma disputa legal movida pela Olds Motor Vehicle Company, que alegava confusão potencial entre os nomes devido à semelhança fonética, levou à mudança para “REO”. A partir de então, a marca REO, escrita em letras capitais ou, em algumas ocasiões, como “Reo”, tornou-se um símbolo de inovação e qualidade, estampada em veículos e materiais promocionais que conquistariam admiradores nos Estados Unidos e além. Em 1905, a REO lançou seu primeiro modelo, o Reo Speed-Wagon, um precursor das picapes modernas que combinava funcionalidade com design prático. O sucesso inicial do Speed-Wagon trouxe resultados animadores, consolidando a REO como uma força ascendente no mercado automotivo. Em 1907, a empresa alcançou um faturamento bruto superior a 4,5 milhões de dólares, posicionando-se entre as quatro maiores montadoras dos Estados Unidos. Esse êxito foi impulsionado pela dedicação de Olds e de sua equipe, que trabalhavam incansavelmente para expandir o portfólio da empresa com modelos que atendiam às necessidades de um público diversificado. Apesar do sucesso inicial, a partir de 1908, a REO enfrentou desafios crescentes devido à concorrência de montadoras emergentes, como a Ford Motor Company e a General Motors. Mesmo com a introdução de carros mais modernos e luxuosos, a participação de mercado da REO começou a declinar, exigindo adaptação e inovação contínuas para manter sua relevância. Em 1910, a REO estabeleceu uma divisão dedicada à fabricação de caminhões, com uma planta industrial localizada em St. Catharines, Ontário, Canadá. Essa iniciativa ampliou o alcance da empresa, atendendo à crescente demanda por veículos utilitários. Um dos episódios mais memoráveis da história da REO ocorreu em 1912, com a épica viagem Trans-Canadá. Um carro de turismo especial REO de 1912 percorreu 4.176 milhas (6.720 km) de Halifax, Nova Escócia, a Vancouver, Colúmbia Britânica, demonstrando a durabilidade e a confiabilidade dos veículos da marca. 

Em 1915, Ransom Eli Olds passou o cargo de gerente geral a seu protegido, Richard H. Scott, e, em 1923, deixou a presidência, mantendo-se como presidente do conselho. Sua saída da liderança operacional marcou o fim de uma era, mas seu legado continuou a guiar a empresa. Nesse mesmo ano, a REO lançou o “Motor Pullman Car”, um veículo recreativo pioneiro, conhecido popularmente como motorhome. Esse modelo conquistou uma fatia significativa do mercado, refletindo a capacidade da REO de antecipar tendências e atender às aspirações de uma sociedade em busca de novas formas de mobilidade e lazer. Entre 1915 e 1925, sob a liderança de Richard H. Scott, a REO Motor Car Company desfrutou de um período de alta lucratividade, consolidando sua posição no competitivo mercado automotivo norte-americano. Esse sucesso inspirou a empresa a lançar um ambicioso programa de expansão, projetado para ampliar sua competitividade ao oferecer carros de passeio em diversas faixas de preço, acessíveis a diferentes classes sociais. Modelos como o Reo Flying Cloud, lançado em 1927, e o sofisticado Reo Royale 8, introduzido em 1928, alcançaram êxito comercial, conquistando admiradores pela combinação de design e desempenho. Contudo, o programa de expansão revelou-se insustentável, culminando em um retumbante fracasso agravado pela Grande Depressão de 1929, que abalou profundamente a indústria automotiva dos Estados Unidos. As consequências da Grande Depressão foram devastadoras, trazendo perdas financeiras severas para a REO e para toda a cadeia produtiva automotiva. Diante desse cenário crítico, Ransom Eli Olds, fundador da empresa, interrompeu sua aposentadoria em 1933, reassumindo o comando com a determinação de reverter os resultados negativos. Com sua visão estratégica e experiência, Olds conseguiu, em um curto espaço de tempo, estabilizar as finanças da companhia, reacendendo a esperança entre trabalhadores e investidores. Sua liderança foi um farol em tempos de incerteza, mas, fiel ao seu legado de delegar responsabilidades, ele se retirou novamente do comando no final de 1934, deixando a empresa em bases mais sólidas. Nesse período, análises mercadológicas revelaram a necessidade de uma mudança estratégica. Em 1936, a REO tomou a decisão de abandonar a produção de carros de passeio, concentrando-se exclusivamente no mercado de caminhões, onde já vinha obtendo resultados promissores desde 1934. Modelos como o REO Fire Truck, voltado para bombeiros, e, a partir de 1936, o REO Bus e o REO Speed Wagon Truck, destacaram-se pela robustez e versatilidade, conquistando a confiança de clientes comerciais. Esses veículos não eram apenas máquinas – eram ferramentas que apoiavam comunidades, desde o combate a incêndios até o transporte público, refletindo o compromisso da REO com a funcionalidade e o serviço. Apesar dos sucessos no segmento de caminhões, a REO enfrentou problemas de gestão que geraram instabilidade financeira e fiscal. No início de 1939, a empresa atingiu seu ponto mais crítico, com a interrupção da linha de produção devido à inadimplência com fornecedores, que comprometeu o fluxo de componentes. Esse momento de dificuldade testou a resiliência dos trabalhadores, que, mesmo diante da incerteza, mantiveram a esperança de um recomeço.
A virada veio em 1940, impulsionada pelo agravamento das tensões geopolíticas na Europa e no Sudeste Asiático. Antecipando a possibilidade de envolvimento na Segunda Guerra Mundial, o governo dos Estados Unidos implementou medidas para fortalecer sua indústria automotiva, visando preparar a cadeia produtiva para o reequipamento das forças armadas. Nesse contexto, os credores da REO receberam aportes governamentais, permitindo à empresa recuperar sua capacidade produtiva. Esse apoio foi mais do que financeiro – foi um reconhecimento do potencial da REO para contribuir com o esforço nacional, reacendendo o orgulho de seus funcionários. A partir de meados de 1941, a REO Motor Car Company integrou-se plenamente ao esforço de guerra norte-americano, redirecionando suas linhas de produção para a fabricação de componentes militares, incluindo motores e caminhões de porte médio para diversas aplicações. Um dos destaques foi a produção do Studebaker US6 2½-ton 6x6 truck, um caminhão robusto que se tornou essencial para a logística militar. A REO entregou mais de 22 mil unidades desse modelo, muitas destinadas à União Soviética sob os termos do Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). O término da Segunda Guerra Mundial, em 1945, trouxe à REO Motor Car Company um momento de estabilidade financeira há muito não experimentado, resultado de sua intensa participação no esforço de guerra norte-americano. A produção de caminhões militares, como o Studebaker US6, havia fortalecido a empresa, mas, com o fim do conflito, a demanda por esses veículos diminuiu gradualmente, exigindo uma reorientação estratégica. Para os trabalhadores da REO, que haviam dedicado longas horas às linhas de produção durante a guerra, esse novo cenário representava tanto um desafio quanto uma oportunidade de redefinir o futuro da companhia, mantendo viva a chama da inovação que sempre a caracterizou. Reconhecendo a necessidade de diversificar suas operações, a REO lançou, em 1946, uma divisão industrial dedicada à produção de cortadores de grama movidos a gasolina. Essa decisão, aparentemente simples, revelou-se uma estratégia visionária. Os cortadores de grama garantiram lucros consistentes e um fluxo de caixa positivo, sustentando a empresa durante os três anos seguintes, marcados por uma significativa redução nas vendas de caminhões. Para os funcionários, essa nova linha de produção não era apenas uma fonte de renda – era um símbolo de adaptação, permitindo que a REO atravessasse um período de incerteza com resiliência e esperança. O aprendizado adquirido com a fabricação de caminhões militares sob licença durante a guerra inspirou a liderança da REO a reinvestir no segmento de veículos pesados. Antecipando a necessidade iminente de renovação da frota militar norte-americana, a empresa destinou recursos próprios ao desenvolvimento de uma nova família de caminhões de transporte pesado com tração integral. Essa aposta refletia a confiança dos engenheiros e gestores da REO em sua capacidade de inovar, bem como o compromisso de atender às demandas de um mercado em transformação. No final da década de 1940, o Exército dos Estados Unidos lançou uma concorrência para o desenvolvimento de um novo caminhão militar com tração 6x6, destinado a substituir a frota envelhecida de modelos como o GMC CCKW 353 e o Studebaker US-6G, que apresentavam sinais de desgaste e obsolescência. Esse programa representava uma oportunidade de grande relevância, com um contrato que prometia revitalizar a indústria automotiva militar. 

Diversas montadoras apresentaram propostas, mas o projeto conceitual da REO, centrado no caminhão M-34, destacou-se pela sua ousadia e inovação, capturando a atenção dos militares. Equipado com um sistema de trânsito subaquático, o M-34 podia atravessar rios e lagos por até quatro horas, utilizando um snorkel para o motor e um escapamento estendido. Essa capacidade, incomum para a época, desafiava as convenções e posicionava o M-34 como uma das maiores inovações no universo dos caminhões, um legado que permanece admirado até hoje. Alimentado por um motor a gasolina OA-331 Continental I-6, o veículo era capaz de transportar até duas toneladas e meia, destacando-se especialmente em operações fora de estrada, onde sua tração integral 6x6 garantia desempenho excepcional. Um primeiro lote de produção pré-série seria contratado, com estes caminhões sendo destinados a um extenso programa de testes de campo, com estes sendo iniciados no início do ano de 1950. O resultado deste processo, levaria o comando do Corpo Técnico do Exército dos Estados Unidos (US Army) há homologar seus parâmetros operacionais.  Em seguinte seria firmado um primeiro contrato envolvendo a aquisição de cinco mil caminhões, que seriam produzidos nas linhas de montagem da montadora na cidade Lansing, no estado de Michigan. Os primeiros REO M-34 passariam a ser entregues as unidades operativas do exército já em setembro de 1950. O REO M-34 teve seu batismo de fogo durante a Guerra da Coreia (1950-1953), quando centenas de unidades foram enviadas para a linha de frente. Em terrenos acidentados e sob condições extremas, o caminhão demonstrou sua capacidade única de atravessar rios e córregos, graças ao inovador sistema de trânsito subaquático. Essa habilidade conquistou o coração das tropas, que carinhosamente o apelidaram de “Eager Beaver” – uma referência a um castor animado de desenho animado, simbolizando sua capacidade de atravessar rios e córregos em terrenos adversos. No entanto, o uso contínuo em operações reais revelou limitações no projeto original. Problemas de desempenho em terrenos desafiadores e a potência insuficiente do motor a gasolina OA-331 Continental I-6 de seis cilindros demandaram melhorias. A REO respondeu com agilidade, introduzindo alterações significativas, como a adoção de conjuntos duplos de pneus nos eixos traseiros, que aumentaram a capacidade de carga e facilitaram o deslocamento fora de estrada. O motor foi substituído por um novo conjunto multifuel, mais eficiente e adaptável, resultando na evolução do modelo para o REO M-35. Após o fim da Guerra da Coreia em 1953, a REO enfrentou um revés significativo ao perder uma concorrência para a General Motors Corporation, que conquistou novos contratos de produção com o Exército dos Estados Unidos. Esse golpe testou a resiliência da empresa, mas a REO encontrou uma nova oportunidade com o envolvimento dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. A crescente demanda por caminhões militares levou à assinatura de um novo contrato, permitindo que a REO retomasse a produção em larga escala do REO M-35. 
A introdução do REO M-35A2, uma evolução aprimorada do caminhão militar M-35, marcou um capítulo notável na história da REO Motor Car Company e das forças armadas norte-americanas. Equipado com o motor multicombustível LDT 465 Turbo de 478 polegadas cúbicas (7,8 L), produzido pela Continental Motors Company, Hercules ou White Motor Company, o M-35A2 desenvolvia 134 cv (100 kW) e 330 pés-lb (447 N⋅m) de torque. Esse motor, projetado para operar com uma ampla gama de combustíveis – incluindo diesel, querosene, óleo de aquecimento e gasolina –, oferecia uma flexibilidade operacional que era essencial em cenários de guerra e missões remotas. Para os soldados que dependiam do M-35A2, essa versatilidade não era apenas uma especificação técnica – era a garantia de que suprimentos e apoio chegariam, independentemente das condições. O M-35A2 contava com uma transmissão manual de cinco velocidades, acoplada a uma caixa de transferência divorciada de duas velocidades, como a Rockwell 136-21 (operada por sprag) ou a Rockwell 136-27 (selecionável e operada a ar). Essa configuração assegurava desempenho robusto em terrenos desafiadores, consolidando o caminhão como um pilar da logística militar. Embora a versão A2 fosse a mais comum, a família M-35 incluía os modelos Standard, A1, A2 e A3, com o Standard equipado com o motor a gasolina REO “Gold Comet” ou Continental OA331 de seis cilindros. As versões A1 e A3, por sua vez, frequentemente utilizavam transmissões de quatro velocidades, enquanto a maioria dos A2 contava com caixas “diretas” de cinco velocidades, otimizando a eficiência. Adotado em larga escala a partir de 1965, o REO M-35A2 tornou-se o principal caminhão de transporte das forças armadas norte-americanas, destacando-se pela sua capacidade de carga de até duas toneladas e meia e pela adaptabilidade a diversas funções. Além do modelo padrão, foram desenvolvidas versões especializadas, como tanque de combustível e cisterna de água (M-49), oficina de reparos gerais (M-109), basculante (M-47), guindaste (M-108, M-62 e M-543), bombeiro (530B) e reparo de linhas telefônicas (M-763). Uma variante de distância entre eixos extralonga, o M-36, com uma caçamba de 16 pés (4,9 metros), ampliou ainda mais sua utilidade. Para os militares que operavam essas versões, o M-35A2 era mais do que um veículo – era um parceiro indispensável, capaz de transformar desafios logísticos em soluções práticas. A versatilidade do M-35A2 transcendeu as fronteiras dos Estados Unidos, com milhares de unidades exportadas ou produzidas sob licença para as forças armadas de países como Argentina, Áustria, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Coreia do Sul, Egito, Israel, Turquia, Vietnã e muitos outros. Em cada nação, o caminhão carregava a missão de conectar tropas, transportar suprimentos e apoiar comunidades, muitas vezes em condições extremas. Nos Estados Unidos, a família M-35 permaneceu em serviço até 1996, quando foi gradualmente substituída pelos veículos do programa FMTV (Family of Medium Tactical Vehicles), como o M-1078. Essa transição marcou o fim de uma era, mas não apagou o impacto do M-35A2, que continuou a ser lembrado como um dos caminhões militares mais confiáveis e inovadores de sua época. Sua capacidade de operar em terrenos adversos, atravessar corpos d’água e adaptar-se a múltiplas funções deixou uma marca indelével na história militar.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras
A adesão do Brasil ao esforço de guerra aliado durante a Segunda Guerra Mundial, por meio do programa Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), representou um divisor de águas para as Forças Armadas Brasileiras. Entre 1942 e 1945, o país recebeu um vasto conjunto de recursos, incluindo aeronaves, navios, armamentos, veículos e equipamentos militares, que fortaleceram significativamente sua capacidade operacional. Para o Exército Brasileiro, esse apoio traduziu-se na incorporação de mais de cinco mil caminhões militares com tração integral, pertencentes às famílias GMC CCKW, Studebaker US6G, Ward LaFrance, Corbitt e Diamond. Esses veículos, destinados a missões de transporte e aplicações especializadas – como socorro, cisterna, comando e basculante –, trouxeram uma experiência transformadora, elevando a mobilidade de tropas e cargas a patamares até então inimagináveis. Para os soldados que os operavam, esses caminhões eram mais do que máquinas – eram símbolos de prontidão, conectando a determinação militar à missão de defender a soberania nacional. No entanto, ao final da década de 1950, essa frota começou a apresentar preocupantes índices de indisponibilidade. O desgaste operacional, agravado pela dificuldade de importar peças de reposição – especialmente porque muitos desses modelos haviam sido descontinuados nos Estados Unidos há mais de uma década –, comprometeu gravemente a operacionalidade do Exército Brasileiro. Essa situação gerou profunda preocupação no comando da Força Terrestre, pois a redução da capacidade tática ameaçava a eficácia das operações militares. Para os militares responsáveis pela logística, o desafio era claro: encontrar soluções que preservassem a mobilidade essencial para missões de integração territorial e defesa, em um contexto de recursos limitados. A gravidade do cenário demandou estudos minuciosos para identificar soluções viáveis a curto e médio prazo. A opção mais imediata seria a aquisição de um número semelhante de caminhões militares modernos com tração 4x4 e 6x6, com destaque para os modelos REO M-34 e M-35, conhecidos por sua robustez e versatilidade em operações exigentes. Contudo, o investimento necessário para adquirir um lote significativo desses veículos revelou-se incompatível com as restrições orçamentárias do Exército Brasileiro na época. Essa realidade impôs a busca por alternativas mais práticas, capazes de equilibrar eficácia operacional com viabilidade financeira. Após análises detalhadas, três soluções complementares foram propostas. A primeira consistia na aquisição de um número reduzido de caminhões militares modernos, como os REO M-34 e M-35, para atender às necessidades mais críticas. A segunda envolvia a repotencialização dos caminhões GMC CCKW 352-353 e Studebaker US6G, visando prolongar sua vida útil por meio de reformas e atualizações. A terceira alternativa propunha a incorporação de caminhões comerciais militarizados, que poderiam assumir missões secundárias, aliviando a pressão sobre a frota militar. 

Juntas, essas medidas prometiam restaurar um nível mínimo de capacidade operacional, garantindo que o Exército pudesse cumprir suas responsabilidades com maior segurança. No entanto, a segunda opção – a repotencialização dos caminhões existentes – foi descartada após estudos aprofundados conduzidos pela equipe do Parque Regional de Motomecanização da 2ª Região Militar (PqRMM/2). A análise revelou que a falta de experiência técnica e infraestrutura para implementar um programa de tal magnitude em escala tornava a iniciativa inviável.  Com o desgaste operacional e a crescente dificuldade de obtenção de peças de reposição, a capacidade de mobilização da Força Terrestre estava comprometida. Nesse cenário, a adoção de caminhões militarizados produzidos no Brasil ganhou destaque, impulsionada pelo apoio do governo brasileiro ao fortalecimento da indústria automotiva nacional. Essa iniciativa, que atraiu montadoras internacionais ao país, representava mais do que uma solução logística – era um símbolo de progresso, conectando a visão estratégica do Exército ao desenvolvimento econômico e industrial do Brasil. A primeira medida significativa foi a formalização de um acordo com a Fábrica Nacional de Motores (FNM), uma empresa estatal de capital misto sediada no Rio de Janeiro, que mantinha uma parceria comercial com a montadora italiana Alfa Romeo para a produção de caminhões médios e pesados. Por meio desse acordo, o Exército Brasileiro passou a incorporar versões militarizadas dos modelos civis FNM D-9500 e FNM D-11000, com adoção iniciada no começo da década de 1960. Esses caminhões destacavam-se por seu baixo custo, robustez e manutenção acessível, características que atendiam às limitações orçamentárias da época. Apesar de suas qualidades, os caminhões FNM não foram projetados como veículos militares, o que restringia seu desempenho em ambientes fora de estrada. Essa limitação impediu que substituíssem integralmente os antigos caminhões americanos, que, mesmo obsoletos, ofereciam tração superior em terrenos desafiadores. Ainda assim, entre 1957 e 1960, uma quantidade significativa de FNM D-9500 e D-11000 foi adquirida, sendo classificados como Viatura de Transporte não Especializada (VTNE). A incorporação dos caminhões FNM trouxe um alívio imediato, mas não eliminou a necessidade de veículos militares com tração integral 4x4 ou 6x6, essenciais para missões táticas em terrenos adversos. Consciente dessa lacuna, o comando do Exército Brasileiro voltou-se ao mercado internacional em busca de um modelo que combinasse excelência técnica com viabilidade econômica. A meta era ambiciosa: adquirir pelo menos dois mil novos caminhões, incluindo versões especializadas para funções como cisterna, comando e basculante. Esse volume de caminhões,  seria crucial para restaurar a capacidade operacional, excedia em muito o orçamento disponível, tornando indispensável a obtenção de uma linha de crédito internacional para financiar o programa.
Em 1957, após uma análise detalhada de diversos modelos de veículos militares, o caminhão norte-americano REO M-35 6x6 destacou-se como o que melhor atendia às especificações exigidas pela Força Terrestre Brasileira. Contudo, o elevado custo unitário de cada unidade fabricada inviabilizou a aquisição de veículos novos. Diante desse cenário, o Comando do Exército Brasileiro optou por explorar a compra de caminhões usados, iniciando negociações com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DoD). O objetivo era adquirir entre 500 e 1.000 veículos, valendo-se dos termos do Acordo Militar Brasil-Estados Unidos, firmado em 1952. Esse acordo, por meio do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program), facilitava o acesso a equipamentos militares modernos, com o propósito de fortalecer a defesa regional frente à hipotética ameaça de expansão socialista. As tratativas evoluíram para um amplo pacote de assistência militar, que incluía não apenas caminhões, mas também carros de combate, blindados de transporte de tropas e veículos leves. Esse pacote visava atender à premente necessidade de renovação dos recursos materiais do Exército Brasileiro e das demais Forças Armadas. No que se refere aos caminhões militares com tração integral 6x6, o acordo previa o fornecimento de mais de dois mil veículos usados, todos em excelente estado de conservação, provenientes da reserva estratégica do Exército dos Estados Unidos (US Army). A frota era composta majoritariamente pelos modelos REO M-34 G742 (chassi M-44 motor REO OA331 6 cil 127 hp gasolina) e M-35A2 G-742, além de diversas variantes especializadas, como os REO M-34 Talha, M-109 Oficina, M-47 Transporte, M-611C Cisterna Combustível, M-41C Transporte, M-49C Cisterna Combustível, M-609 Oficina, M-613 Oficina, M-614 Basculante, M-108 Oficina, M-543 Socorro, M-602 Transporte, M-54 Transporte e M-62 Socorro. As primeiras unidades, dos modelos REO M-34 e M-34 Talha, começaram a ser entregues no início de 1958, totalizando cerca de mil caminhões. Essa aquisição representou um marco significativo, permitindo ao Exército Brasileiro recuperar grande parte de sua mobilidade operacional. Contudo, devido a atrasos nos cronogramas de entrega, os primeiros caminhões REO M-35 A2C, juntamente com suas variantes especializadas, só foram recebidos a partir do início de 1965. Em serviço no Exército Brasileiro, os REO M-34  receberiam a designação de Viatura de Transporte não Especializado Carga Emprego Geral 2½-Ton, 6×6 (VTNE), passando a serem empregados principalmente em missões de transporte de tropas, cargas, reboque de peças de artilharia e demais funções não especializadas de logística. Esse modelo ao longo do anos seguintes se tornaria essencial no Exército Brasileiro em operações de deslocamento de unidades militares, especialmente em regiões de difícil acesso.

Em 1956, o Brasil passou a integrar os efetivos da Força Emergencial das Nações Unidas (UNEF), contribuindo para a pacificação do conflito entre Israel e Egito durante a Crise do Canal de Suez. Para apoiar as tropas do Exército Brasileiro destacadas nessa missão, foram inicialmente enviados caminhões militarizados FNM D-11000. Contudo, esses veículos enfrentaram dificuldades operacionais, frequentemente atolando na areia fofa do deserto. Diante disso, optou-se pelo envio de uma quantidade limitada de caminhões REO M-34, que se mostraram mais adequados para complementar as tarefas logísticas em terreno desafiador. Além do Exército, o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil também passou a utilizar os caminhões REO M-34. Em 1962, por meio do Programa de Assistência Militar Brasil-Estados Unidos (MAP), foram recebidos 40 veículos usados, que foram intensamente empregados pelo 1º Batalhão de Infantaria da Força Naval – Riachuelo. Esses caminhões desempenharam um papel central em inúmeros exercícios de operações de desembarque anfíbio, mantendo sua relevância operacional ao longo das duas décadas seguintes.  A partir do final da década de 1970, os caminhões REO M-34 e M-35, amplamente utilizados pelo Exército Brasileiro, começaram a exibir sinais de desgaste devido ao uso prolongado e intensivo. Esses veículos, fundamentais para a mobilidade operacional, apresentavam índices preocupantes de disponibilidade, o que levou o Exército a considerar tanto a substituição gradual a médio e longo prazo quanto a possibilidade de repotencialização da frota existente. Os primeiros esforços concretos de modernização foram conduzidos pelo Parque Regional de Manutenção da 1ª Região Militar (Pq R Mnt/1) entre 1981 e 1983. Nesse período, um lote de caminhões REO M-34 foi revitalizado, com destaque para a substituição do motor original a gasolina REO OA331 de 6 cilindros pelo motor diesel nacional MWM 229-6, também de 6 cilindros. Além disso, diversos componentes importados foram trocados por equivalentes produzidos localmente, reduzindo a dependência de peças estrangeiras e ampliando a vida útil das viaturas. Entre 1985 e 1989, o Parque Regional de Manutenção da 7ª Região Militar (Pq R Mnt/7) replicou esse programa, aplicando as mesmas melhorias ao restante da frota de REO M-34 G742, garantindo maior confiabilidade e eficiência operacional. Paralelamente, a indústria automobilística brasileira vivia um momento de consolidação, com a Mercedes-Benz do Brasil S/A despontando como líder no mercado de caminhões, tanto civis quanto militares. Em parceria com a Engesa S/A, a empresa apresentou ao Exército Brasileiro soluções inovadoras em veículos militarizados com tração integral, projetados para atender plenamente às necessidades operacionais. Modelos como os Mercedes-Benz LG1519 e LG1819 Mamute, introduzidos nesse período, representaram um avanço significativo, oferecendo maior robustez e adaptabilidade a terrenos desafiadores. A incorporação desses novos caminhões permitiu ao Exército Brasileiro redefinir o papel dos REO M-34, que passaram a ser utilizados em funções de segunda linha, como apoio logístico e tarefas administrativas. Apesar da repotencialização, os REO M-34 foram gradualmente desativados a partir dos primeiros anos do século XXI.
Com a desativação dos caminhões REO M-34, parte da frota foi armazenada, enquanto outras unidades foram disponibilizadas em leilões promovidos pelo Exército Brasileiro, marcando o fim de uma era significativa na logística militar do país. Contudo, esse movimento não representou o término definitivo da trajetória operacional dos REO M-34. Com cerca de 200 unidades ainda armazenadas em relativo estado de conservação, o Exército Brasileiro vislumbrou uma nova oportunidade para esses veículos, planejando sua reutilização em um projeto inovador. No final da década de 1990, a equipe técnica do Parque Regional de Manutenção da 1ª Região Militar (Pq R Mnt/1), sediado no Rio de Janeiro, iniciou estudos para aproveitar a robusta estrutura dos REO M-34 na criação de um caminhão leve com tração 4x4, de baixo custo de conversão e operação. O objetivo era dotar as Brigadas de Infantaria de Paraquedistas (Bda Inf Pqdt) com uma viatura versátil, capaz de transportar cargas e pessoal, e que pudesse ser facilmente aerotransportada pelas aeronaves da Força Aérea Brasileira. O projeto, inspirado no chassi do REO M-34, previa a redução de seu peso total em aproximadamente uma tonelada, alcançada por meio de um chassi encurtado. O novo veículo, em termos de dimensões e desempenho, assemelhava-se ao descontinuado Engesa EE-15 e ao Mercedes-Benz Unimog U100L, este último ainda em serviço. Para viabilizar a conversão, foi necessário eliminar o último eixo do caminhão, o que demandou uma reformulação completa do sistema de suspensão traseira, originalmente equipado com o sistema bogie em tandem. Adotou-se, então, o mesmo sistema de suspensão dianteira, composto por feixes de molas assistidos por amortecedores telescópicos. Além disso, o encurtamento da carroceria exigiu a retirada de uma seção de 1,195 mm, e os feixes de molas traseiros foram reforçados com a adição de uma terceira e quarta lâmina para garantir maior robustez. O primeiro protótipo, batizado de VTNE ½ Ton (Viatura de Transporte Não Especializado) Candiru I, foi concluído em 2004 pelo Pq R Mnt/1. Apresentado oficialmente, o veículo foi submetido a um rigoroso programa de testes de campo, demonstrando resultados promissores em termos de desempenho e adequação às necessidades operacionais. Contudo, apesar do potencial, o projeto Candiru não avançou além da fase de protótipo. Essa decisão foi influenciada pela aquisição de veículos novos de fábrica, produzidos pela MAN Latin America S/A, que ofereciam características semelhantes e maior praticidade para as demandas modernas do Exército Brasileiro. O projeto Candiru, embora não tenha sido implementado em larga escala, reflete o espírito de inovação e a busca por soluções criativas dentro das Forças Armadas, evidenciando o esforço para maximizar o uso de recursos existentes e adaptar equipamentos históricos às novas realidades operacionais.

Em Escala.
Para representar o caminhão REO M-34, identificado com a matrícula "EB 341204111" do Exército Brasileiro, utilizou-se o kit da Revell na escala 1/35, embora as dimensões do modelo sugiram uma proximidade com a escala 1/32. Este kit caracteriza-se pela facilidade de montagem, mas apresenta limitações quanto à qualidade do acabamento de injeção e ao nível de detalhamento, o que exige cuidados adicionais para alcançar um resultado fiel à realidade. Para configurar a versão empregada pelo Exército Brasileiro, foi necessário realizar refinamentos em scratch, com a adição de detalhes artesanais que compensassem as deficiências do kit. Os decais utilizados foram produzidos pela Eletric Products, pertencentes ao conjunto "Forças Armadas Brasileiras 1983-2003".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura tática camuflada em dois tons, empregado em todos os veículos de transporte do Exército Brasileiro, a partir de meados da década de 1980. Anteriormente  durante a década de 1970, estes caminhões foram recebidos em um esquema total em verde oliva (olive drab) semelhante ao padrão norte-americano adotado durante a Segunda Guerra Mundial   Empregamos tintas e vernizes produzidos pela Tom Colors.


Bibliografia :
Reo M-35 2½ ton cargo truck - http://en.wikipedia.org/wiki/M35_2%C2%BD_ton_cargo_truck
- Caminhão Candiru I 4X4 - Uma Solução Nacional – Expedito Carlos S. Bastos
- Reo M-34 e M-35 REO Serie, Olive Drab -  http://olive-drab.com/od_mvg_www_deuce_m35.php

M-113B e M-113A2-MK1 (VBTP)

História e Desenvolvimento. 
A utilização em larga escala de carros blindados de transporte de tropas (VBTP) no campo de batalha teve sua origem durante a Segunda Guerra Mundial, marcando uma evolução significativa na mobilidade e proteção das forças terrestres. Nesse período, os veículos de tração meia-lagarta desempenharam um papel central, com destaque para o Hanomag Sd.Kfz. 251, amplamente empregado pelo Exército Alemão (Wehrmacht) em diversas frentes. Entre os exércitos aliados, particularmente os norte-americanos e britânicos, a predominância foi dos modelos M-2, M-3 e M-5 Half Track Car, produzidos em grandes quantidades e utilizados em todos os teatros de operações do conflito. Embora esses meia-lagartas tenham sido essenciais para o transporte de tropas e cargas, contribuindo significativamente para o esforço de guerra, os modelos norte-americanos apresentavam uma limitação crítica: a ausência de uma cobertura blindada integral. Essa falha de projeto deixava os soldados vulneráveis a disparos de armas leves e estilhaços de projéteis, comprometendo sua segurança em combate. Para enfrentar esse desafio, ainda nas fases finais da guerra, o Exército dos Estados Unidos (US Army) iniciou o desenvolvimento do projeto M-44 (T16), um veículo blindado de transporte de tropas derivado do carro de combate M-18 Hellcat. O M-44 foi concebido com o objetivo de oferecer proteção total aos seus ocupantes, resultando em um veículo de dimensões consideravelmente maiores que os meia-lagartas da época. Com capacidade para transportar até 24 soldados totalmente equipados e um peso de combate de 23 toneladas, o M-44 representava um avanço em termos de proteção. Três protótipos foram construídos e submetidos a rigorosos testes de campo, mas os resultados revelaram que o peso excessivo limitava severamente sua velocidade e capacidade de transpor terrenos irregulares. Esses obstáculos levaram ao cancelamento do projeto em junho de 1945. Apesar do insucesso do M-44, a necessidade de um veículo blindado de transporte de tropas mais eficaz permaneceu. Em setembro de 1945, o Exército dos Estados Unidos (US Army) lançou uma nova concorrência para desenvolver uma viatura blindada de transporte de tropa com capacidade para até dez soldados, baseado na plataforma e no chassi do veículo de transporte de carga T-43 Cargo Carrier. Diversas montadoras apresentaram suas propostas em meados de 1946, que foram cuidadosamente avaliadas pelo Comando de Material do Exército dos Estados Unidos. Entre os projetos submetidos, o modelo conceitual T-18E1, desenvolvido pela International Harvester Company (IHC), destacou-se por sua viabilidade e adequação aos requisitos. Como resultado, foi assinado um contrato para a produção de quatro protótipos iniciais, que foram concluídos e entregues para testes no início de 1947. O programa de avaliação, que se estendeu por mais de oito meses, identificou áreas para melhorias, as quais foram prontamente implementadas pelo fabricante. Após a realização de novos ensaios, os protótipos foram homologados para produção em série.Em maio de 1950, foi formalizado o primeiro contrato de aquisição, contemplando a produção de mil unidades do veículo, que recebeu a designação oficial de M-75 Veículo de Infantaria Blindado (Armored Personnel Carrier - APC). 

A partir de janeiro de 1952, as primeiras unidades do M-75 Veículo de Infantaria Blindado (Armored Personnel Carrier - APC) começaram a ser entregues às unidades de infantaria do Exército dos Estados Unidos (US Army), substituindo imediatamente os veículos meia-lagarta White M-3 e M-5 Half Track, que ainda permaneciam em operação. Embora mais leve que os protótipos do M-44 APC, o M-75, com seu peso de combate de 18 toneladas, continuava a ser considerado excessivamente pesado. Durante exercícios operacionais, constatou-se que o veículo não conseguia acompanhar a velocidade dos carros de combate no campo de batalha, violando o princípio fundamental da sincronia na movimentação das unidades motorizadas, essencial para a eficácia de uma força terrestre. Essa limitação gerou significativa preocupação no Comando do Exército dos Estados Unidos, levando à decisão de cancelar o contrato de produção do M-75 ainda em vigor. Como medida emergencial, centenas de meia-lagartas previamente transferidos para a reserva foram reativados para suprir a lacuna operacional. Reconhecendo a necessidade de uma solução definitiva, o Exército dos Estados Unidos (US Army) lançou, em dezembro de 1953, uma nova concorrência para o desenvolvimento de um veículo blindado de transporte de tropas que superasse as deficiências do M-75. O projeto previa a aquisição de pelo menos 5.000 unidades, com requisitos que incluíam menor peso total, capacidade anfíbia para atravessar rios e pequenos cursos d’água, e a possibilidade de transporte por aviões de grande porte, como os então em desenvolvimento C-130 e C-141. Nesse processo competitivo, o modelo T-59, apresentado pela Food Machinery and Chemical Corporation (FMC), destacou-se entre os concorrentes, sendo selecionado pelo Exército dos Estados Unidos. Um contrato foi assinado para a produção de oito veículos pré-série, destinados a um segundo programa de ensaios operacionais, planejado para ocorrer entre setembro e outubro de 1953. Após a conclusão dos testes e a implementação de melhorias recomendadas, o modelo, redesignado como M-59 APC, foi liberado para produção em série. As primeiras unidades de série do M-59 começaram a ser incorporadas às unidades de infantaria do US Army em agosto de 1954, sendo recebidas com entusiasmo devido ao seu design moderno e porte imponente. No entanto, o uso operacional revelou deficiências críticas relacionadas à potência, velocidade, autonomia e mobilidade do veículo. Com um peso de combate de 19,3 toneladas, o M-59, equipado com dois motores a gasolina GMC Model 302 de 146 cv cada, alcançava apenas 32 km/h e tinha uma autonomia limitada de 150 km. Essas características o tornavam incapaz de acompanhar carros de combate como o M-41 Walker Bulldog ou o M-48 Patton, comprometendo sua eficácia em cenários de combate dinâmicos. Além disso, a blindagem do M-59, embora superior à dos meia-lagartas, mostrou-se vulnerável às munições perfurantes de médio calibre, cada vez mais comuns nos arsenais soviéticos. Essas limitações despertaram grande preocupação no Comando do Exército dos Estados Unidos, que passou a questionar a capacidade de sobrevivência do M-59 em um hipotético conflito moderno na Europa contra as forças do bloco soviético. 
Neste mesmo momento, o comando militar do Exército dos Estados Unidos (US Army),  passaria a elaborar planos para a futura substituição do M-75 APC, que apesar de sua robustez e confiabilidade se mostrava inadequado a missão, com o novo M-59 APC reprisando esta mesma problemática operacional de desempenho no campo de batalha. Criava-se então no ano de 1958,  uma demanda para o desenvolvimento de um novo veículo blindado de transporte de tropas, com este  modelo devendo unir as melhores características operacionais do M-75 e M-59. Este novo veiculo blindado deveria apresentar velocidade compatível aos carros de combate no campo de batalha (principalmente o M-41 e M-48), relativa capacidade anfíbia e possibilidade se ser aerotransportado. Estes parâmetros resultariam no desenvolvimento do conceito AAM-PVF - Airborne Armored Multi-Purpose Vehicle (Veículo Multiuso Blindado Aerotransportado).  Uma concorrência seria deflagrada no final deste mesmo ano, e em meados de 1959 a FMC Food Machinery Corp seria declarada vencedora. Grande parte desta decisão recairia sobre o inovador sistema de blindagem proposto, sendo composta por uma liga de duralumínio que fora desenvolvido em parceria com a empresa Kaiser Aluminium and Chemical Company. Esta solução proporcionaria ao veículo uma suficiente proteção blindada e uma grande mobilidade e velocidade no campo de batalha devido ao seu baixo peso final. Este projeto receberia a designação militar de T-113, sendo celebrado um primeiro contrato para a produção de três carros pré-série quer seriam destinados a avaliação. Este veículos seriam equipados com um motor a gasolina Chrysler 75M com 8 cilindros em "V" com potência de 215 hp, seriam entregues em maio de março de 1950, sendo imediatamente submetidos a um intensivo programa de ensaios em campo, com este processo se estendendo até o mês de setembro. Os resultados validaram sua produção em série, com um primeiro contrato sendo celebrado logo em seguida, envolvendo inicialmente novecentas unidades,  com o modelo recebendo a designação militar de M-113AO APC, com os primeiros sendo entregues as unidades operativas do Exército dos Estados Unidos (US Army) entre os meses de maio e junho do ano de 1960. Em campo o novo M-113 podia transportar até a linha de frente onze soldados totalmente equipados, servindo de proteção e apoio até o desembarque da tropa, devendo então recuar para a retaguarda. Como armamento de autodefesa, o blindado contava com uma metralhadora M-2 Browning de calibre .50 (12,7 mm) operada manualmente pelo comandante. Passariam também logo a ser desdobrados em operações aerotransportadas nos novos aviões de transporte pesado,  Lockheed C-130 Hercules e Lockheed C-141 Starlifter da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF).    

Após sua completa introdução operacional, seria decidido implantar o novo M-113AO em um cenário de conflagração real,  para fins avaliação real no campo de batalha, com esta demanda sendo atendida em 1962, pela cessão de trinta e dois blindados deste modelo para o Exército da República do Vietnã (ARVN). Em operação na Guerra do Vietnã, os M-113AO, passariam dotariam duas companhias mecanizadas, com seu batismo de fogo sendo realizados em janeiro de 1963 durante os eventos da Batalha de Ap Bac na província de Dinh Tuong (agora Tien Giang). Apesar de seu relativo sucesso, diversos ensinamentos seriam tirados desta experiencia, levando a adoção de significativas melhorias na blindagem e sistemas críticos ao projeto original. Estas mudanças levariam ao desenvolvimento em 1964, de uma nova versão designada como M-113A1, que apresentava como maior destaque a adoção do motor a diesel Detroit 6V53T de 265 hp de potência que praticamente dobrava a autonomia do veículo. Durante os anos seguintes os M-113 seriam deslocados em larga escala para o Vietnã para o emprego do Exército dos Estados Unidos (US Army) naquele conflito, onde receberia o apelido de  "Táxi de Combate".  Seria usado para romper matagais pesados no meio da selva para atacar e invadir posições inimigas. Era amplamente conhecido como "APC" ou "ACAV" (veículo blindado de assalto de cavalaria). No entanto neste cenário seriam também conhecidos por suas fragilidades na blindagem inferior, caso atingisse uma mina terrestre, por essa razão, muitos soldados preferiam viajar sobre a cobertura do blindado ao invés de ocupar o seu compartimento interior. Em 1978 o modelo já representava um sucesso estrondoso, registrando exportações para mais de vinte países, com sua produção já atingindo a cifra de mais 25.000 unidades, levando a Food Machinery and Chemical Corporation (FMC), a desenvolver uma nova versão designada como M-113A2. Este novo modelo apresentaria melhorias significativas na suspensão e sistema de refrigeração, tornando assim o blindado como uma plataforma viável para emprego em cenários de combate de alto atrito. Seu projeto se mostraria ainda extremamente customizável para o emprego em versões especializadas, como carro comando, antiaéreo, porta morteiro, lança chamas, socorro, oficina e antitanque (com misseis Tow). Estas versões seriam produzidas aos milhares, elevando os níveis de padronização das frotas blindadas de diversas nações. As Forças de Defesa de Israel se tornariam o segundo maior operador do M-113AO, com mais de seis mil veículos em serviço, com os primeiros a serem incorporados sendo representados por veículos jordanianos foram capturados na Cisjordânia durante a Guerra dos Seis Dias e integrados as forças israelenses.  Em 1970,  a Força de Defesa de Irael (IDF) começaria a receber centenas de M-113A1 para substituir as antiquadas meias lagarta, e em mais de cinquenta anos de atividade, este veículos blindados teriam destacada participação nos conflitos regionais.   
Em 1987 seria apresentado pelo fabricante o novo M-113A3, versão na qual seriam introduzidas novas melhorias com o objetivo de proporcionar uma "sobrevivência aprimorada no campo de batalha". Este programa passaria a incluir um garfo para direção em vez do sistema laterais, um pedal de freio, um motor mais potente (o turbo 6V-53T Detroit Diesel) e revestimentos internos para melhor proteção da tripulação. Ainda seriam adotados tanques de combustível blindados, instalados em ambos os lados da rampa traseira, liberando 0,45 metros cúbicos (16 pés cúbicos) de espaço interno. Este modelo obteria grande destaque durante a primeira Guerra do Golfo Persico contra o Iraque, quando passariam a desempenhar papéis importantes, tanto no combate urbano quanto nas diversas funções de manutenção de paz, provando assim sua versatilidade e a combinação precisa de volume interior, perfil exterior, construção simples e fácil manutenção. Sua comprovada e versátil plataforma levaria ao desenvolvimento de versões especializadas como o M-58 Gerador de Fumaça, M-106 Porta Morteiro, M-132 Lança Chamas, M-125 Porta Morteiro, M-150 Antitanque, M-163 VADS antiaérea, M-577 Comando, M-579 Socorro, M-48 Chaparral antiaéreo, M-1064 Porta Morteiro, M-113 Ambulância, M-806 Socorro e Recuperação, M-113 "C & R" (Comando e Reconhecimento) e M-901 ITV Antitanque. Seu sucesso comercial internacional seria catapultado por programas de apoio na aquisição de material militar norte-americano, como o programa Military Assistance Program – MAP (Programa de Assistência Militar) e posteriormente o programa Foreign Military Sales – FMS (Vendas Militares a Estrangeiros), facilitando o acesso a sessenta países. Estes veículos estiveram presentes nos principais conflitos regionais ocorridos durante os séculos XX e XXI, como as guerras do Vietnã, Camboja-Vietnamita, Sino-Vietnamita, Guerra dos Seis Dias, Indo-Paquistanesa de 1965 e 1971, Yom Kippur, Invasão Turca de Chipre, Civil Libanesa, Líbano de 1982, Irã-Iraque, Golfo Pérsico, Kosovo, Afeganistão, Iraque, Noroeste do Paquistão, Segunda Intifada, Líbano de 2006, Gaza, Civil Líbia, Insurgência iraquiana, Civil da República Centro-Africana (2012-2014), Civil iraquiana, Civil do Iêmen, Houthi-Arábia Saudita e por fim a invasão Russa da Ucrânia a partir de outubro de 2022. Ao longo de mais de trinta anos seriam produzidas cerca de 80.000 unidades, com 4.500 destes montados sob licença em empresas na Bélgica, Itália e Coreia do Sul. Atualmente estima-se que grande parte da frota mundial ainda esteja em operação, e constantes programas de modernização em curso mundo afora, permitirão seu emprego ainda por décadas no século XXI. 

Emprego no Exército Brasileiro.
A carreira dos veículos blindados de transporte de pessoal M-113 VBTP no Brasil, tem início no ano de 1965 com recebimento dos primeiros carros, sendo incorporados nos anos seguintes um total de 584 blindados. A operação em larga escala desta viatura, proporcionaria a transformação dos Regimentos de Infantaria (RI) em Batalhões de Infantaria Blindada (BIB), com estes sendo operados também junto aos Regimentos de Carros de Combate (RCC). Nos anos vindouros o Exército Brasileiro vivenciaria uma mobilidade nunca testemunhada na história, com os VBTP M-113 chegando a dotar mais de quinze unidades de linha de frente. A grande disponibilidade da frota e a consequente operação conjunta com os carros de combate M-41 Walker Buldog, traria a Exército Brasileiro um grande fator de dissuasão, reequilibrando a balança de poder terrestre na América do Sul, então neste momento fortemente inclinada para a Argentina, nosso principal hipotético rival, sendo ainda sendo responsáveis pela consolidação da doutrina motomecanizada no país.  Altamente robusto, de fácil manutenção e suportado por uma eficiente cadeia de abastecimento de peças de reposição, a frota destas viaturas sempre apresentou excelentes índices de disponibilidade operacional.  No entanto este cenário iria começar a se alterar a partir do início do ano de 1977, quando a nova administração do governo norte-americano sobre a liderança do presidente Jimmy Carter, passaria a condicionar a continuidade dos programas de ajuda militar em vigor, a averiguação da situação do Brasil no tocante aos direitos humanos.  Esta decisão provocaria o desagravo do presidente Ernesto Geisel, e nos meses seguintes o aumento das pressões políticas decorridas desta iniciativa levaria o governo brasileiro a decidir pelo rompimento do Acordo Militar Brasil - Estados Unidos. Este evento determinaria a interrupção das linhas financiamento e abastecimentos de peças de reposição para os veículos militares em uso nas Forças Armadas Brasileiras. Este movimento afetaria diretamente a frota de VBTP M-113, resultando em curto espaço de tempo em altos índices de indisponibilidade, a este fator se somaria o atingimento do ápice da crise do petróleo, o que afetaria ainda mais a frota destes blindados, tendo em vista o alto consumo de seus motores a gasolina, com este fator impactando negativamente o orçamento para compra de combustível. Rapidamente a disponibilidade da frota despencaria para preocupantes índices, o que suscitaria estudos para a remotorização dos VBTP M-113. Curiosamente apesar da grande urgência pela recuperação da capacidade operacional da frota de VBTP M-113, somente no ano de 1981 seria apresentada pela empresa Biselli – Viaturas e equipamentos Industriais Ltda uma proposta tecnicamente viável. Esta solução envolvia a adaptação de um motor de caminhão do modelo Fiat diesel, 8210.22 Iveco 150, o qual não produziria os resultados esperados pelo Exército Brasileiro, não trazendo no seu bojo um estudo mais apurado e que realmente fosse a solução.    

No início do no de 1982, seria estabelecido o Plano Geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Exército (PGPDEx) para a área de material, surgindo assim o projeto M.01.11 Viatura Blindada de Transporte Pessoal VBTP, XM113-B, Lagarta, que visava dotar as unidades operativas com os M-113 modernizados.  Sua conclusão estaria prevista para o ano de 1984, o objetivo principal era a adaptação de um motor a diesel de fabricação nacional, capaz de utilizar óleos vegetais ou álcool aditivado, em substituição ao motor original a gasolina. Este pacote previa também a prevendo também a incorporação de uma torreta para a proteção do operador da metralhadora calibre .50, além da da nacionalização de componentes essenciais do veículo. O orçamento preliminar do projeto, era da ordem de Cr$ 415 milhões de cruzeiros, com o projeto sendo coordenado pelo recém-criado Centro Tecnológico do Exército (CTEx), ficando a execução a cargo da empresa Lacombe Indústria e Comércio de Tubos S/A em parceria com o Parque Regional de Motomecanização da 5º Região Militar (PqRMM/5). Porém logo verificou-se, que o pequeno porte desta empresa não era compatível com a dimensão gigantesca deste projeto, levando a decisão de se transferir este processo para a empresa Moto Peças Transmissões S/A. Desta maneira, seriam iniciados os trabalhos, que culminariam na apresentação do primeiro protótipo equipado com o motor Mercedes-Benz OM-352A, em maio de 1983. Paralelamente seriam realizados testes de campos comparativos, entre este veículo e os modernos M-113A1, pertencentes ao Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), que já estavam equipados com motor a diesel Detroit 6V53T de 265hp de potência. Este processo permitiria traçar um patamar comparativo entre a versão original com motor a gasolina, a modernizada com motor a diesel e o M-113A1 do Brasil, validando assim seu desempenho e suas vantagens sobre a versão original. Neste momento com da proposta técnica, o processo avançaria para a negociação das tratativas comerciais.  A seguir seria celebrado entre o Ministério do Exército e a Moto Peças Transmissões S/A, envolvendo a modernização de quinhentos e oitenta carros divididos em vinte lotes a serem produzidos no período de 1985 a 1988, com esta versão recebendo a designação de M-113B.  Além da nacionalização de componentes essenciais, este programa abrangeria também a troca ou melhoria em itens críticos, como caixa de transferência, sistema de combustível, sistema de admissão de ar, sistema de escapamento, sistema de arrefecimento, sistema elétrico, painel de instrumentos e controle, sistema de combate a incêndios. Como previsto na definição de parâmetros de projeto, seria adotada também uma torreta blindada para operação da metralhadora Browning calibre .50 acoplada sobre a escotilha do atirador. Este acessório seria muito semelhante ao empregado. 
As entregas M-113B modernizados, seriam realizadas precisamente de acordo como o cronograma original, e ao longo de dois anos a frota recuperaria seu antigo patamar operacional. Porém a médio prazo infelizmente, novos problemas de ordem técnica passariam a afetar a disponibilidade da frota, com este fato sendo demandado pela aplicação incorreta dos processos de manutenções preventivas e corretivas. Erroneamente estas rotinas de manutenções ficariam a cargo apenas das unidades operativas, e a falta de procedimento de processos e compra de peças de reposição, levariam a constantes falhas e quebras do conjunto mecânico. No final das contas pode se afirmar que este programa acabaria por trazer mais problemas que soluções, obrigando novamente o Exército Brasileiro a buscar uma nova solução, avaliando inclusive em sua substituição por um outro modelo de veículo blindado de transporte de tropas. A eclosão de uma série de conflitos regionais ao término da década 1980, traria novas demandas em termos de blindados desta categoria, levando a uma evolução culminaria do desenvolvimento do conceito do Veículo de Combate de Infantaria (IFV), um modelo mais pesado e bem mais bem armado.  Como resultado desta tendência e analisando o desempenho dos M-113B modernizados, seria cogitado o desenvolvimento de um veículo nacional, que viesse a substituir toda a frota nacional, proporcionando assim maior independência. Esta ideia se materializaria no programa Charrua desenvolvido pela Moto Peças Transmissões S/A, seriam produzidos cinco protótipos, porém naquele momento o país atravessava uma grande crise econômica, que afetaria drasticamente o de defesa brasileiro, levando ao cancelamento do programa. Assim desta maneira ações paliativas de manutenção seriam implementadas a frota de M-113B visando manter um mínimo de operacionalidade, porém estes não lograriam o patamar de êxito objetivado. No ano de 2004, apenas 40% da frota deste modelo se encontrava em condições operacionais, novamente diversas tentativas seriam efetuadas, buscando parcerias com empresas nacionais como Tracto S/A e Engemotors S/A, visando no mínimo a revitalização de pelo menos 80% da frota. Esta busca por parcerias nacionais seria infrutífera, levando então em 2006 o Ministério da Defesa a buscar no mercado internacional um parceiro para assim promover um ousado programa de modernização, que viesse a elevar as viaturas a um patamar no estado da arte. Em janeiro de 2008, seria apresentado Requisito Operacional Básico (ROB), onde estariam presentes os objetivos a serem atendidos neste programa, sendo deflagrada uma concorrência, onde dezenove empresas responderiam ao chamado para apresentação de propostas.    

Em meados do ano de 2010, após uma criteriosa análise comparativa, a escolha recairia sobre a proposta apresentada pela empresa inglesa BAE Systems. Neste momento um contrato seria celebrado envolvendo a modernização inicial de 150 viaturas, com este pacote envolvendo a adoção do motor Turbo Diesel 6V53T de 265hp da Detroit Diesel Corporation (DDC) e caixa de transmissão automática cross drive Allison TX100-1A, além de um completo repotenciamento do sistema elétrico e hidráulico. Como destaque seriam adotado um moderno equipamento de rádio L-3 Harris Falcon III® RF-7800V-HH VHF e um sistema integrado de comunicação veicular Thales Sotas. Um novo kit de flutuação seria instalado, melhorando as condições de flutuabilidade e navegação propiciando mais confiança e segurança à tropa. Todo o processo seria realizado pelo Parque Regional de Manutenção da 5ª Região Militar (Pq R Mnt/5) em Curitiba - PR, com o apoio de uma equipe técnica da BAE Systems. Visando a maior nacionalização possível, este programa desenvolveria em parceria com o fabricante inglês, fornecedores locais para produção de componentes críticos do projeto, atuando como contrapartida técnico - comercial, transferindo tecnologias chave e técnicas avançadas de fabricação. O processo completo de modernização de uma viatura teria a duração aproximada de quatro meses, sendo devolvidas as unidades operativas em um estado de zero quilometro, que além das inovações tecnológicas agora apresentava um desempenho compatível em campo com os carros de combate Leopard 1A1 e 1A5, podendo acompanhá-los no campo de batalha quando da formação das Forças Tarefa Blindadas (FTBld). Nesse mesmo período seria assinado com a Engemotors Veículos e Peças Ltda a recuperação de mais 208 M-113B, que não seriam elevados ao padrão M-113BR, mas seriam completamente revitalizados em termos mecânicos e elétricos. Porém, com a falência da empresa, e com apenas um protótipo para avaliação sendo concluído, os planos foram remanejados, tornando necessário modernizar um número adicional de M-113B pelo Parque Regional de Manutenção da 5ª Região Militar (Pq R Mnt/5). Voltando ao programa desenvolvido pela BAE Systems, os primeiros carros modernizados passariam a ser distribuídos em novembro de 2013, aos 7º, 13º, 20º e 29º Batalhões de Infantaria Blindados (BIB), com este processo sendo concluído até o dia 1 de dezembro de 2015. Em meados deste mesmo ano, um segundo acordo celebrado, com o mesmo fornecedor, envolvendo agora a modernização de 236 carros a um custo total de US$ 54,66 milhões.  Em setembro de 2019 seria entregue ao Exército Brasileiro, o 400º carro modernizado, restando ainda 184 carros a serem modernizados. Este processo em suma visava estender a vida útil da frota por pelo menos mais duas décadas, tempo hábil para que o Exército Brasileiro, pudesse preparar adequadamente a substituição dos M-113BR  por um modelo Veículo de Combate de Infantaria (IFV). 
O programa traria ainda a possibilidade do emprego de lagarta de borrachas, pois seria adquirido um significativo lote, possibilitando emprega pelo menos uma companhia destas viaturas, com a finalidade do emprego destes em operações do tipo GLO  (Garantia da Lei e da Ordem), operando em ambientes urbanos. Com o primeiro uso neste contexto se dando abril de 2014 durante a execução da Força de Pacificação da Maré – Operação São Francisco na cidade do Rio de Janeiro - RJ. No intuito de se conceber uma alta disponibilidade de frota ao longo dos anos seguintes, em 30 de julho de 2021, o Boletim do Exército Brasileiro Nº 30/2021 apresentaria a decisão de se proceder a modernização de mais 150 carros elevando-os também ao padrão M-113BR (M-113A2 Mk1). Um novo contrato agora no valor de US$ 49,1 milhões seria celebrado com a empresa BAE Systems, fazendo uso nas condições financeiras facilitadas pelo programa norte-americano de Vendas Militares a Estrangeiros (FMS - Foreign Military Sales). Apesar de exitoso, o programa M-113BR (A2-MK1) pecaria por não incorporar meios mínimos de visão para o combate noturno em série, sendo somente instalado na viatura protótipo câmeras infravermelhas (tecnologia ultrapassada) frontais e de retaguarda de uso civil adaptadas à viatura. Outro aspecto se referia a tipo de pintura empregado, fazendo uso de tinta veicular comum fosca, que facilita a detecção da viatura em operações noturnas, onde o ideal seria utilizar pintura com baixa emissão termal como a do carro de combate VBCCC Leopard 1A5. Outra deficiência verificada era a  impossibilidade da realização do tiro preciso em movimento das metralhadoras Bronwing calibre .50, por falta de uma plataforma de armas estabilizada, porém em novembro de 2024 militares da Diretoria de Fabricação (DF) e do Arsenal de Guerra do Rio (AGR) realizariam testes de engenharia com o “Demonstrador de Tecnologia” da integração do sistema de armas remotamente controlado (SARC) REMAX 4 e acessórios à viatura blindada de transporte de pessoal (VBTP) M113BR, no Centro de Avaliações do Exército (CAEx). Os testes tiveram como objetivo verificar as soluções propostas pela empresa ARES Aeroespacial e Defesa, onde foi possível identificar novas capacidades da VBTP M-113BR obtidas a partir da integração do SARC REMAX 4, de módulos optrônicos para o motorista e de um conjunto adicional de baterias. Como ainda não há previsão de curto prazo para a obtenção de viaturas blindadas de combate de fuzileiros (VBC Fuz) pelo Exército Brasileiro, a proposta de integração do SARC REMAX 4 e de acessórios ao M113BR surge como uma possível solução intermediária às necessidades atuais da Força Terrestre, permitindo o aumento do poder de combate desta viatura. Vale salientar ainda que o programa original de modernização pode ainda ser empregado junto a 12 M-113A2 e  94 M-577A2 de comando, recebidos em 2015 por doação do governo dos Estados Unidos.   

Em Escala.
Para recriar com precisão o Veículo Blindado de Transporte de Pessoal (VBTP) M-113BR (A2 MK1), identificado com a matrícula EB 21422, optamos pelo kit de alta qualidade produzido pela Academy na escala 1/35. Este modelo destaca-se pelo detalhamento e pela fidelidade estrutural, sendo uma base sólida para representar a versão modernizada do M-113 em serviço no Exército Brasileiro. A fim de adaptar o kit à configuração específica do M-113BR (A2 MK1), foram necessárias modificações em scratch building, com ênfase na construção da torre do artilheiro, um elemento distintivo dessa variante.Para as marcações visuais, utilizamos decais de alta qualidade confeccionados pela Decals e Books, extraídos do conjunto "Forças Armadas do Brasil", hoje considerado um item de colecionador. 


A partir de 1983, o Exército Brasileiro implementou um novo padrão de pintura tático, baseado no sistema de cores Federal Standard (FS), que passou a ser aplicado a toda a sua frota de veículos militares. Os Veículos Blindados de Transporte de Pessoal (VBTP) M-113B, repotenciados pela empresa Moto Peças Transmissões S/A, foram os primeiros a receber esse padrão de camuflagem em dois tons, que oferecia maior discrição e adaptabilidade em campo. O mesmo esquema foi mantido nas unidades modernizadas para a configuração M-113BR (A2 MK1), que continuam em serviço ativo e ostentam esse padrão até os dias atuais, em 2025.


Bibliografia : 
- Revitalização do M113A2 MK1 no EB – Defesa Net
- M-113 APC - http://en.wikipedia.org/wiki/M113_armored_personnel_carrier
- Blindados no Brasil - Um Longo e Arduo Aprendizado, Volume II - Expedito Carlos Stephani Bastos
- M-113 no Brasil - Expedito Carlos Stephani Bastos
- Exército testa M-113BR com REMAX 4 - https://tecnodefesa.com.br/exercito-testa-m113br-com-remax-4/

M-113AO FMC (VBTP)

História e Desenvolvimento.
A utilização em larga escala de carros blindados de transporte de tropas (VBTP) no campo de batalha teve sua origem durante a Segunda Guerra Mundial, marcando uma evolução significativa na mobilidade e proteção das forças terrestres. Nesse período, os veículos de tração meia-lagarta desempenharam um papel central, com destaque para o Hanomag Sd.Kfz. 251, amplamente empregado pelo Exército Alemão (Wehrmacht) em diversas frentes. Entre os exércitos aliados, particularmente os norte-americanos e britânicos, a predominância foi dos modelos M-2, M-3 e M-5 Half Track Car, produzidos em grandes quantidades e utilizados em todos os teatros de operações do conflito. Embora esses meia-lagartas tenham sido essenciais para o transporte de tropas e cargas, contribuindo significativamente para o esforço de guerra, os modelos norte-americanos apresentavam uma limitação crítica: a ausência de uma cobertura blindada integral. Essa falha de projeto deixava os soldados vulneráveis a disparos de armas leves e estilhaços de projéteis, comprometendo sua segurança em combate. Para enfrentar esse desafio, ainda nas fases finais da guerra, o Exército dos Estados Unidos (US Army) iniciou o desenvolvimento do projeto M-44 (T16), um veículo blindado de transporte de tropas derivado do carro de combate M-18 Hellcat. O M-44 foi concebido com o objetivo de oferecer proteção total aos seus ocupantes, resultando em um veículo de dimensões consideravelmente maiores que os meia-lagartas da época. Com capacidade para transportar até 24 soldados totalmente equipados e um peso de combate de 23 toneladas, o M-44 representava um avanço em termos de proteção. Três protótipos foram construídos e submetidos a rigorosos testes de campo, mas os resultados revelaram que o peso excessivo limitava severamente sua velocidade e capacidade de transpor terrenos irregulares. Esses obstáculos levaram ao cancelamento do projeto em junho de 1945. Apesar do insucesso do M-44, a necessidade de um veículo blindado de transporte de tropas mais eficaz permaneceu. Em setembro de 1945, o Exército dos Estados Unidos (US Army) lançou uma nova concorrência para desenvolver uma viatura blindada de transporte de tropa com capacidade para até dez soldados, baseado na plataforma e no chassi do veículo de transporte de carga T-43 Cargo Carrier. Diversas montadoras apresentaram suas propostas em meados de 1946, que foram cuidadosamente avaliadas pelo Comando de Material do Exército dos Estados Unidos. Entre os projetos submetidos, o modelo conceitual T-18E1, desenvolvido pela International Harvester Company (IHC), destacou-se por sua viabilidade e adequação aos requisitos. Como resultado, foi assinado um contrato para a produção de quatro protótipos iniciais, que foram concluídos e entregues para testes no início de 1947. O programa de avaliação, que se estendeu por mais de oito meses, identificou áreas para melhorias, as quais foram prontamente implementadas pelo fabricante. Após a realização de novos ensaios, os protótipos foram homologados para produção em série.Em maio de 1950, foi formalizado o primeiro contrato de aquisição, contemplando a produção de mil unidades do veículo, que recebeu a designação oficial de M-75 Veículo de Infantaria Blindado (Armored Personnel Carrier - APC). 

A partir de janeiro de 1952, as primeiras unidades do M-75 Veículo de Infantaria Blindado (Armored Personnel Carrier - APC) começaram a ser entregues às unidades de infantaria do Exército dos Estados Unidos (US Army), substituindo imediatamente os veículos meia-lagarta White M-3 e M-5 Half Track, que ainda permaneciam em operação. Embora mais leve que os protótipos do M-44 APC, o M-75, com seu peso de combate de 18 toneladas, continuava a ser considerado excessivamente pesado. Durante exercícios operacionais, constatou-se que o veículo não conseguia acompanhar a velocidade dos carros de combate no campo de batalha, violando o princípio fundamental da sincronia na movimentação das unidades motorizadas, essencial para a eficácia de uma força terrestre. Essa limitação gerou significativa preocupação no Comando do Exército dos Estados Unidos, levando à decisão de cancelar o contrato de produção do M-75 ainda em vigor. Como medida emergencial, centenas de meia-lagartas previamente transferidos para a reserva foram reativados para suprir a lacuna operacional. Reconhecendo a necessidade de uma solução definitiva, o Exército dos Estados Unidos (US Army) lançou, em dezembro de 1953, uma nova concorrência para o desenvolvimento de um veículo blindado de transporte de tropas que superasse as deficiências do M-75. O projeto previa a aquisição de pelo menos 5.000 unidades, com requisitos que incluíam menor peso total, capacidade anfíbia para atravessar rios e pequenos cursos d’água, e a possibilidade de transporte por aviões de grande porte, como os então em desenvolvimento C-130 e C-141. Nesse processo competitivo, o modelo T-59, apresentado pela Food Machinery and Chemical Corporation (FMC), destacou-se entre os concorrentes, sendo selecionado pelo Exército dos Estados Unidos. Um contrato foi assinado para a produção de oito veículos pré-série, destinados a um segundo programa de ensaios operacionais, planejado para ocorrer entre setembro e outubro de 1953. Após a conclusão dos testes e a implementação de melhorias recomendadas, o modelo, redesignado como M-59 APC, foi liberado para produção em série. As primeiras unidades de série do M-59 começaram a ser incorporadas às unidades de infantaria do US Army em agosto de 1954, sendo recebidas com entusiasmo devido ao seu design moderno e porte imponente. No entanto, o uso operacional revelou deficiências críticas relacionadas à potência, velocidade, autonomia e mobilidade do veículo. Com um peso de combate de 19,3 toneladas, o M-59, equipado com dois motores a gasolina GMC Model 302 de 146 cv cada, alcançava apenas 32 km/h e tinha uma autonomia limitada de 150 km. Essas características o tornavam incapaz de acompanhar carros de combate como o M-41 Walker Bulldog ou o M-48 Patton, comprometendo sua eficácia em cenários de combate dinâmicos. Além disso, a blindagem do M-59, embora superior à dos meia-lagartas, mostrou-se vulnerável às munições perfurantes de médio calibre, cada vez mais comuns nos arsenais soviéticos. Essas limitações despertaram grande preocupação no Comando do Exército dos Estados Unidos, que passou a questionar a capacidade de sobrevivência do M-59 em um hipotético conflito moderno na Europa contra as forças do bloco soviético. 
Neste mesmo momento, o comando militar do Exército dos Estados Unidos (US Army),  passaria a elaborar planos para a futura substituição do M-75 APC, que apesar de sua robustez e confiabilidade se mostrava inadequado a missão, com o novo M-59 APC reprisando esta mesma problemática operacional de desempenho no campo de batalha. Criava-se então no ano de 1958,  uma demanda para o desenvolvimento de um novo veículo blindado de transporte de tropas, com este  modelo devendo unir as melhores características operacionais do M-75 e M-59. Este novo veiculo blindado deveria apresentar velocidade compatível aos carros de combate no campo de batalha (principalmente o M-41 e M-48), relativa capacidade anfíbia e possibilidade se ser aerotransportado. Estes parâmetros resultariam no desenvolvimento do conceito AAM-PVF - Airborne Armored Multi-Purpose Vehicle (Veículo Multiuso Blindado Aerotransportado).  Uma concorrência seria deflagrada no final deste mesmo ano, e em meados de 1959 a FMC Food Machinery Corp seria declarada vencedora. Grande parte desta decisão recairia sobre o inovador sistema de blindagem proposto, sendo composta por uma liga de duralumínio que fora desenvolvido em parceria com a empresa Kaiser Aluminium and Chemical Company. Esta solução proporcionaria ao veículo uma suficiente proteção blindada e uma grande mobilidade e velocidade no campo de batalha devido ao seu baixo peso final. Este projeto receberia a designação militar de T-113, sendo celebrado um primeiro contrato para a produção de três carros pré-série quer seriam destinados a avaliação. Este veículos seriam equipados com um motor a gasolina Chrysler 75M com 8 cilindros em "V" com potência de 215 hp, seriam entregues em maio de março de 1950, sendo imediatamente submetidos a um intensivo programa de ensaios em campo, com este processo se estendendo até o mês de setembro. Os resultados validaram sua produção em série, com um primeiro contrato sendo celebrado logo em seguida, envolvendo inicialmente novecentas unidades,  com o modelo recebendo a designação militar de M-113AO APC, com os primeiros sendo entregues as unidades operativas do Exército dos Estados Unidos (US Army) entre os meses de maio e junho do ano de 1960. Em campo o novo M-113 podia transportar até a linha de frente onze soldados totalmente equipados, servindo de proteção e apoio até o desembarque da tropa, devendo então recuar para a retaguarda. Como armamento de autodefesa, o blindado contava com uma metralhadora M-2 Browning de calibre .50 (12,7 mm) operada manualmente pelo comandante. Passariam também logo a ser desdobrados em operações aerotransportadas nos novos aviões de transporte pesado,  Lockheed C-130 Hercules e Lockheed C-141 Starlifter da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF).    

Após sua completa introdução operacional, seria decidido implantar o novo M-113AO em um cenário de conflagração real,  para fins avaliação real no campo de batalha, com esta demanda sendo atendida em 1962, pela cessão de trinta e dois blindados deste modelo para o Exército da República do Vietnã (ARVN). Em operação na Guerra do Vietnã, os M-113AO, passariam dotariam duas companhias mecanizadas, com seu batismo de fogo sendo realizados em janeiro de 1963 durante os eventos da Batalha de Ap Bac na província de Dinh Tuong (agora Tien Giang). Apesar de seu relativo sucesso, diversos ensinamentos seriam tirados desta experiencia, levando a adoção de significativas melhorias na blindagem e sistemas críticos ao projeto original. Estas mudanças levariam ao desenvolvimento em 1964, de uma nova versão designada como M-113A1, que apresentava como maior destaque a adoção do motor a diesel Detroit 6V53T de 265 hp de potência que praticamente dobrava a autonomia do veículo. Durante os anos seguintes os M-113 seriam deslocados em larga escala para o Vietnã para o emprego do Exército dos Estados Unidos (US Army) naquele conflito, onde receberia o apelido de  "Táxi de Combate".  Seria usado para romper matagais pesados no meio da selva para atacar e invadir posições inimigas. Era amplamente conhecido como "APC" ou "ACAV" (veículo blindado de assalto de cavalaria). No entanto neste cenário seriam também conhecidos por suas fragilidades na blindagem inferior, caso atingisse uma mina terrestre, por essa razão, muitos soldados preferiam viajar sobre a cobertura do blindado ao invés de ocupar o seu compartimento interior. Em 1978 o modelo já representava um sucesso estrondoso, registrando exportações para mais de vinte países, com sua produção já atingindo a cifra de mais 25.000 unidades, levando a Food Machinery and Chemical Corporation (FMC), a desenvolver uma nova versão designada como M-113A2. Este novo modelo apresentaria melhorias significativas na suspensão e sistema de refrigeração, tornando assim o blindado como uma plataforma viável para emprego em cenários de combate de alto atrito. Seu projeto se mostraria ainda extremamente customizável para o emprego em versões especializadas, como carro comando, antiaéreo, porta morteiro, lança chamas, socorro, oficina e antitanque (com misseis Tow). Estas versões seriam produzidas aos milhares, elevando os níveis de padronização das frotas blindadas de diversas nações. As Forças de Defesa de Israel se tornariam o segundo maior operador do M-113AO, com mais de seis mil veículos em serviço, com os primeiros a serem incorporados sendo representados por veículos jordanianos foram capturados na Cisjordânia durante a Guerra dos Seis Dias e integrados as forças israelenses.  Em 1970,  a Força de Defesa de Irael (IDF) começaria a receber centenas de M-113A1 para substituir as antiquadas meias lagarta, e em mais de cinquenta anos de atividade, este veículos blindados teriam destacada participação nos conflitos regionais.   
Em 1987 seria apresentado pelo fabricante o novo M-113A3, versão na qual seriam introduzidas novas melhorias com o objetivo de proporcionar uma "sobrevivência aprimorada no campo de batalha". Este programa passaria a incluir um garfo para direção em vez do sistema laterais, um pedal de freio, um motor mais potente (o turbo 6V-53T Detroit Diesel) e revestimentos internos para melhor proteção da tripulação. Ainda seriam adotados tanques de combustível blindados, instalados em ambos os lados da rampa traseira, liberando 0,45 metros cúbicos (16 pés cúbicos) de espaço interno. Este modelo obteria grande destaque durante a primeira Guerra do Golfo Persico contra o Iraque, quando passariam a desempenhar papéis importantes, tanto no combate urbano quanto nas diversas funções de manutenção de paz, provando assim sua versatilidade e a combinação precisa de volume interior, perfil exterior, construção simples e fácil manutenção. Sua comprovada e versátil plataforma levaria ao desenvolvimento de versões especializadas como o M-58 Gerador de Fumaça, M-106 Porta Morteiro, M-132 Lança Chamas, M-125 Porta Morteiro, M-150 Antitanque, M-163 VADS antiaérea, M-577 Comando, M-579 Socorro, M-48 Chaparral antiaéreo, M-1064 Porta Morteiro, M-113 Ambulância, M-806 Socorro e Recuperação, M-113 "C & R" (Comando e Reconhecimento) e M-901 ITV Antitanque. Seu sucesso comercial internacional seria catapultado por programas de apoio na aquisição de material militar norte-americano, como o programa Military Assistance Program – MAP (Programa de Assistência Militar) e posteriormente o programa Foreign Military Sales – FMS (Vendas Militares a Estrangeiros), facilitando o acesso a sessenta países. Estes veículos estiveram presentes nos principais conflitos regionais ocorridos durante os séculos XX e XXI, como as guerras do Vietnã, Camboja-Vietnamita, Sino-Vietnamita, Guerra dos Seis Dias, Indo-Paquistanesa de 1965 e 1971, Yom Kippur, Invasão Turca de Chipre, Civil Libanesa, Líbano de 1982, Irã-Iraque, Golfo Pérsico, Kosovo, Afeganistão, Iraque, Noroeste do Paquistão, Segunda Intifada, Líbano de 2006, Gaza, Civil Líbia, Insurgência iraquiana, Civil da República Centro-Africana (2012-2014), Civil iraquiana, Civil do Iêmen, Houthi-Arábia Saudita e por fim a invasão Russa da Ucrânia a partir de outubro de 2022. Ao longo de mais de trinta anos seriam produzidas cerca de 80.000 unidades, com 4.500 destes montados sob licença em empresas na Bélgica, Itália e Coreia do Sul. Atualmente estima-se que grande parte da frota mundial ainda esteja em operação, e constantes programas de modernização em curso mundo afora, permitirão seu emprego ainda por décadas no século XXI. 

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da década de 1940, os militares brasileiros iniciariam um movimento de modernização de seus meios, e entre os equipamentos almejados se encontravam veiculos blindados de transporte de tropas, que começavam a se despontar no emprego junto as forças armadas alemães e norte-americanas. Este anseio passaria a ser materializado a partir do ano de 1942, quando o Exército Brasileiro passaria a receber nos termos do programa de ajuda militar  Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos). Neste contexto seriam recebidos os primeiros carros blindados de transporte de tropa dos modelos M3-A1 Scout Car sobre todas e meias lagartas M-2 e M-3 Half Track. Curiosamente apesar de concebidos para missão de transporte de tropas no front de batalha, não seriam imediatamente empregados nesta missão, sendo destinados a tração de peças leves de artilharia. Este desvio de finalidade foi influenciado pela total imersão da força terrestre nacional na doutrina militar francesa que era fundamentada nas táticas da Primeira Guerra Mundial que era adepta da operação hipomóvel.  O aumento da influência norte-americana no país durante o conflito, iria impactar na mudança de mentalidade e doutrina da Força Terrestre, principalmente motivada pelo recebimento de um grande lote de veículos meia lagarta M-3, M-3A1 e M-5, o que possibilitaria pela primeira vez implementação de táticas de infantaria motorizada junto ao Exército Brasileiro.  Neste momento começaria a ser formada no país a doutrina de operação dos futuros Batalhões de Infantaria Blindada (BiB). Apesar de representar um grande avanço em termos operacionais, logo após o término da Segunda Guerra Mundial, era notória a obsolescência desta família de blindados, muito em função de não proporcionar aos infantes uma proteção contra ameaças áreas e estilhaços diversos, por originalmente não possuir um teto rígido e não apresentar capacidade anfíbia. Este cenário começaria a mudar a partir de 1960, com recebimento de vinte carros blindados de transporte de tropas do modelo FMC M-59, podendo este ser considerado o primeiro Veículo Blindado de Transporte de Pessoal – VBTP em serviço no Exército Brasileiro. Após a implementação de um grande programa de revisão, estes carros passariam a equipar o 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RC Mec) no Rio de Janeiro. Apesar de estar disponível em pouca quantidade na frota, a incorporação dos FMC M-59, seria de grande importância no processo de modernização da Força Terrestre, pois viriam a descortinar uma série de oportunidades de emprego operacional da infantaria blindada. Neste momento, porém, a outrora representativa frota de veículos blindados de transporte de tropas meia lagarta norte-americanos, enfrentava grandes problemas de disponibilidade, muito em virtude de graves problemas de falta de componentes de reposição dos motores originais a gasolina, se fazendo assim buscar uma solução a curto prazo para sua substituição.

As limitações operacionais do Veículo Blindado de Transporte de Tropas (VBTT) M-59 A1, como sua baixa velocidade, autonomia restrita e dificuldades logísticas em razão do peso elevado, levaram o comando da Força Terrestre brasileira a declinar novas ofertas de cessão desse modelo no âmbito do Programa de Assistência Militar (MAP). Como solução temporária, foi decidido através do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) repotenciar os antigos VBTP meia-lagartas White M-2, M-3 e M-5, prolongando sua vida útil até a chegada de um substituto mais adequado. Nesse contexto, em 1963, o governo brasileiro, aproveitando os termos favoráveis do Programa de Assistência Militar, iniciou negociações para a aquisição de uma variedade de equipamentos e veículos militares modernos. Esse processo resultou na cessão de 84 veículos blindados de transporte de pessoal FMC M-113 A0, uma versão inicial equipada com o motor a gasolina Chrysler 75M-V8 de 215 hp. Esses veículos, provenientes de unidades operativas do Exército dos Estados Unidos (US ARMY), estavam em processo de substituição pela variante M-113 A1, movida a diesel, o que os tornou disponíveis para transferência. Conforme o cronograma estabelecido, em maio de 1965, o Exército Brasileiro recebeu os primeiros quatro M-113 A0. Apesar de usados, esses veículos encontravam-se em excelente estado de conservação, com baixa quilometragem, pois haviam sido armazenados desde 1964 nas instalações da Unidade do Corpo de Artilharia (Ordnance Corps Depot), no estado de Ohio. Três dessas unidades foram destinadas ao treinamento e à capacitação das equipes responsáveis por sua operação e manutenção, enquanto o quarto veículo foi enviado, em julho de 1965, à Escola de Material Bélico (EsMB), no Rio de Janeiro. Esse exemplar foi utilizado para a elaboração de manuais técnicos em português, abrangendo apresentação, operação e manutenção do veículo. O material resultante, intitulado "VBTP M-113 (Veículo Blindado de Transporte de Pessoal)", foi publicado em março de 1969 e adotado pela Seção de Motomecanização. Essa seção ficou responsável por ministrar cursos aos multiplicadores das unidades operativas designadas para receber o M-113, garantindo a disseminação do conhecimento necessário para sua integração efetiva. Em 1966, foram recebidos mais 40 VBTP M-113, seguidos por um lote idêntico em 1967, acompanhados neste momento de um amplo suprimento de peças de reposição. Esses blindados foram inicialmente alocados aos Batalhões de Infantaria Blindada (BIB) sediados nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, marcando o início de um ciclo significativo de renovação dos meios mecanizados da Força Terrestre.
Em 1971, reconhecendo a obsolescência de grande parte de seus equipamentos, majoritariamente remanescentes da Segunda Guerra Mundial, o comando do Exército Brasileiro elaborou um plano estratégico de reequipamento. Esse plano priorizava a retomada e ampliação da capacidade de transporte de tropas, essencial para fortalecer a mobilidade e a eficácia operacional da Força Terrestre. O estudo previa a incorporação de aproximadamente mil novos veículos, incluindo jipes Ford M-38, caminhões de transporte REO M-34 e M-35, e, de forma destacada, os veículos blindados de transporte de pessoal FMC M-113. Nesse contexto, foram realizados estudos para avaliar a possibilidade de produção do M-113 sob licença no Brasil, na versão equipada com motor a diesel, a exemplo de iniciativas bem-sucedidas em outros países. Contudo, essa opção foi descartada diante da oferta vantajosa de cessão imediata de 500 M-113 A0, provenientes dos estoques de reserva do Exército dos Estados Unidos, que estavam sendo substituídos por versões mais modernas. A entrega desses veículos, iniciada em lotes, foi concluída até o início de 1974, resultando em uma frota total de 584 viaturas. A ampliação da disponibilidade do VBTP M-113 permitiu sua distribuição estratégica entre diversas unidades, com ênfase nos Batalhões de Infantaria Blindada (BIB) e nos Regimentos de Carros de Combate (RCC). Além disso, viaturas foram destinadas a unidades de artilharia, Regimentos de Infantaria (RI), comunicações e à Escola de Material Bélico (EsMB), que assumiu a responsabilidade de ministrar cursos técnicos sobre o veículo e colaborar na tradução e elaboração de manuais operacionais adaptados do material norte-americano. Esses esforços foram fundamentais para capacitar operadores e equipes de manutenção, garantindo a integração eficiente do M-113 nas operações da Força Terrestre. A introdução do M-113 A0 representou um marco na modernização da infantaria brasileira, conferindo maior mobilidade, proteção e versatilidade às unidades mecanizadas. Diferentemente do VBTP M-59 e dos VBTPs meia-lagartas M-2, M-2A1, M-3, M-3A1 e M-5 Half Track, que apresentavam limitações significativas, o M-113 foi projetado com uma blindagem de alumínio, resultando em um peso reduzido de aproximadamente 11,4 toneladas. Essa característica permitiu que o veículo acompanhasse os carros de combate M-41 Walker Bulldog em missões de treinamento e operações simuladas, algo inviável com os modelos anteriores. Outro avanço operacional foi a capacidade anfíbia do M-113, que possibilitava a transposição de rios e pequenos cursos d’água sem a necessidade de equipamentos adicionais. Essa funcionalidade ampliou o alcance tático das unidades, permitindo operações em terrenos variados e reforçando a capacidade de ocupação e controle de territórios conquistados. A combinação de mobilidade, proteção e versatilidade proporcionada pelo VBTP M-113 viabilizou a transformação de Regimentos de Infantaria (RI) em Batalhões de Infantaria Blindada (BIB), consolidando uma doutrina de infantaria mecanizada mais robusta e alinhada às demandas de um cenário militar moderno.

Nos anos subsequentes à incorporação do Veículo Blindado de Transporte de Pessoal (VBTP) M-113, o Exército Brasileiro experimentou um nível de mobilidade sem precedentes em sua história. Com uma frota que chegou a equipar mais de 15 unidades de linha de frente, incluindo Regimentos de Carros de Combate (RCC) e Batalhões de Infantaria Blindada (BIB), o M-113 consolidou-se como um pilar da modernização da Força Terrestre. Sua operação conjunta com os carros de combate M-41 Walker Bulldog conferiu ao Exército Brasileiro um significativo fator de dissuasão, contribuindo para reequilibrar a balança de poder terrestre na América do Sul. Naquele contexto, a Argentina, considerada o principal rival hipotético, detinha uma vantagem militar que foi contrabalançada pela crescente capacidade mecanizada brasileira. Além disso, o M-113 desempenhou um papel central na consolidação da doutrina motomecanizada no país, marcando uma transição definitiva para operações blindadas mais dinâmicas e coordenadas. A robustez, facilidade de manutenção e alta confiabilidade do M-113 garantiram excelentes índices de disponibilidade operacional. Essa versatilidade permitiu que a frota fosse desdobrada, por vias terrestre e rodoviária, para diversos estados da federação, participando de exercícios operacionais de grande envergadura. A capacidade do veículo de acompanhar os M-41 em missões de treinamento, aliada à sua blindagem de alumínio e habilidade anfíbia, trouxe um salto qualitativo para a infantaria brasileira, fortalecendo sua capacidade de combate e ocupação territorial. Esse cenário positivo começou a se alterar no início de 1977, com a posse do presidente Jimmy Carter nos Estados Unidos. A nova administração adotou diretivas que condicionavam a continuidade dos programas de assistência militar, como o Programa de Assistência Militar (MAP), ao cumprimento de políticas de direitos humanos pelos países parceiros. Essa decisão gerou forte desagrado no governo brasileiro, que respondeu com um comunicado oficial, expressando sua posição de forma clara e firme: "O governo brasileiro recusa de antemão qualquer assistência no campo militar que dependa, direta ou indiretamente, de exame prévio, por órgãos de governo estrangeiro, de matérias, que, por sua natureza, são da exclusiva competência do governo brasileiro." Nos meses seguintes, as crescentes pressões políticas decorrentes dessa política culminaram na decisão do Brasil de romper o Acordo Militar Brasil-Estados Unidos, vigente desde 1952. Esse rompimento interrompeu as linhas de financiamento e o fornecimento de peças de reposição para os equipamentos militares em uso pelas Forças Armadas Brasileiras, impactando diretamente a frota de VBTP M-113. Em pouco tempo, os índices de disponibilidade operacional desses veículos começaram a declinar, devido à escassez de componentes essenciais para sua manutenção. A situação foi agravada pela crise do petróleo, que atingiu seu ápice na década de 1970. O alto consumo de combustível dos motores a gasolina Chrysler 75M-V8 do M-113, aliado à escalada dos preços do petróleo, gerou um impacto significativo no orçamento destinado à aquisição de combustíveis.
Esse fator limitou a realização de exercícios operacionais e comprometeu a mobilidade da frota, reforçando a necessidade de soluções para aumentar a eficiência energética dos blindados. O comando da Força Terrestre, ciente das limitações de autonomia e consumo do M-113, já vinha observando a questão com atenção. Inspirado por iniciativas norte-americanas realizadas entre 1963 e 1964, que substituíram os motores a gasolina do M-113 por modelos a diesel na variante M-113 A1, o Exército Brasileiro começou a estudar a possibilidade de implementar um programa semelhante. A troca por motores a diesel prometia maior economia de combustível, maior autonomia e menor dependência de suprimentos externos, alinhando-se às necessidades operacionais e às restrições impostas pelo novo contexto político e econômico.  Assim os primeiros estudos visando a implementação de programa de repotenciamento e remotorização datam do ano de 1968, sendo autorizados pela Diretoria de Motomecanização (DMM), elaborados pelo  Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) de São Paulo. A primeira tentativa visava a adaptação de um motor refrigerado a ar Deutz V-8 Diesel, o qual envolveria a participação do próprio fabricante, mas que acabaria por não vingar em virtude desta empresa deixar o país, com o encerramento de suas atividades. Curiosamente apesar da grande urgência pela recuperação da capacidade operacional da frota de VBTP M-113, este programa somente seria recuperado em 1981, com uma proposta apresentada pela empresa Biselli – Viaturas e equipamentos Industriais Ltda. Esta solução envolvia a adaptação de um motor de caminhão do modelo Fiat diesel, 8210.22 Iveco 150, o qual não produziria os resultados esperados pelo Exército Brasileiro, não trazendo no seu bojo um estudo mais apurado e que realmente fosse a solução. Em 1982, seria estabelecido o Plano Geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Exército (PGPDEx) para a área de material, surgindo assim o projeto M.01.11 Viatura Blindada de Transporte Pessoal VBTP, XM113-B, Lagarta, que visava dotar as unidades operativas com os M-113 modernizados.  Sua conclusão estaria prevista para o ano de 1984, o objetivo principal era a adaptação de um motor a diesel de fabricação nacional, capaz de utilizar óleos vegetais ou álcool aditivado, em substituição ao motor original a gasolina. Estava ainda previsto adaptar uma torreta para a metralhadora, possibilitando ao atirador combater sem se expor. O orçamento preliminar do projeto, era da ordem de Cr$ 415 milhões de cruzeiros, com o projeto sendo coordenado pelo recém-criado Centro Tecnológico do Exército (CTEx), ficando a execução a cargo da empresa Lacombe Indústria e Comércio de Tubos S/A em parceria com o Parque Regional de Motomecanização da 5º Região Militar (PqRMM/5). Porém logo verificou-se, que o pequeno porte desta empresa não era compatível com a dimensão gigantesca deste projeto, levando a decisão de se transferir este processo para a empresa Moto Peças Transmissões S/A.  Os primeiros testes de campo coordenados pelo Centro de Avaliações do Exército (CAEx), ocorreriam em julho de 1983, fazendo uso do primeiro protótipo equipado com o motor Mercedes-Benz OM-352A, com este veículo recebendo a designação de  M-113B. Os resultados aferidos neste processo culminariam na assinatura envolvendo a remotorização da totalidade da frota brasileira, com seu cronograma sendo estabelecido entre os anos de 1985 a 1988. Desta maneira seria iniciado o fim do primeiro ciclo de operação dos M-113 no Exército Brasileiro.   

Em Escala. 
Para recriar com fidelidade o Veículo Blindado de Transporte de Pessoal (VBTP) M-113A0, identificado com a matrícula EB10-395, optamos pelo kit produzido pela Tamiya na escala 1/35. Este modelo é reconhecido pela facilidade de montagem e pelo excepcional nível de detalhamento, especialmente em seu interior, o que o torna ideal para representar com precisão as características do VBTP M-113 em serviço no Exército Brasileiro. Com o objetivo de destacar o grupo motriz, decidimos mantê-lo visível, incorporando peças complementares provenientes de um kit da Academy na mesma escala, enriquecendo ainda mais a representação técnica do veículo.  Para a aplicação das marcações, utilizamos decais de alta qualidade fabricados pela Eletric Products, extraídos do conjunto "Veículos Militares Brasileiros 1944-1982".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático norte-americano empregado pelo Exército Brasileiro desde a Segunda Guerra Mundial. sendo mantido nos VBTP M-113A0 até a implementação do processo de modernização a partir de 1983. Os blindados repontenciados emergiriam deste programa  ostentando o novo esquema de camuflagem tático de dois tons adotados pelo Exército Brasileiro neste período.



Bibliografia : 
- Military Analisys Network http://www.fas.org/man/dod-101/sys/land/m113.htm
- M-113 APC - http://en.wikipedia.org/wiki/M113_armored_personnel_carrier
- Blindados no Brasil - Um Longo e Arduo Aprendizado, Volume II - Expedito Carlos Stephani Bastos
- M-113 no Brasil - Expedito Carlos Stephani Bastos