Charrua M-1 e M-2 - VBTP Motopeças

História e Desenvolvimento.
No início da década de 1940, o Exército Brasileiro iniciaria um movimento de modernização de seus meios, e entre os equipamentos almejados se encontravam veículos blindados de transporte de tropas, que começavam a se despontar no emprego junto as forças armadas alemães e norte-americanas. Este anseio passaria a ser materializado a partir do ano de 1942, quando o Exército Brasileiro passaria a receber nos termos do programa de ajuda militar  Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos). Neste contexto seriam recebidos os primeiros carros blindados de transporte de tropa dos modelos M3-A1 Scout Car sobre todas e meias lagartas M-2 e M-3 Half Track. Curiosamente apesar de concebidos para missão de transporte de tropas no front de batalha, não seriam imediatamente empregados nesta missão, sendo destinados a tração de peças leves de artilharia. Este desvio de finalidade foi influenciado pela total imersão da força terrestre nacional na doutrina militar francesa que era fundamentada nas táticas da Primeira Guerra Mundial que era adepta da operação hipomóvel.  O aumento da influência norte-americana no país durante o conflito irá impactar na mudança de mentalidade e doutrina da Força Terrestre, principalmente motivada pelo recebimento de um grande lote de veículos meia lagarta M-3, M-3A1 e M-5, o que possibilitaria pela primeira vez implementação de táticas de infantaria motorizada.  No início da década de 1950 passaria o comando da Força Terrestre passaria a avaliar a real efetividade e chances de sobrevivência de suas forças mecanizadas em um moderno cenário de conflagração. Ficava evidente a necessidade de se promover um amplo processo de modernização de meios, necessidade esta que começaria a ser viabilizada a partir de 15 de março de 1952, quando foi assinado entre os presidentes Getúlio Vargas e Harry Truman, o Acordo Militar Brasil - Estados Unidos. Com o título oficial de "Acordo de Assistência Militar", esta parceria bilateral, estabeleceria basicamente o fornecimento em vantajosas condições econômicas de material bélico norte-americano atualizado para as Forças Armadas Brasileiras, buscando assim promover uma substituição dos meios atuais, que foram cedidos na década de 1940 durante a Segunda Guerra Mundial. Assim o Brasil passaria a integrar o grupo de países beneficiados nos termos do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program), que garantiria acesso facilitado a modernos equipamentos militares, para assim prover regionalmente uma linha de defesa contra a hipotética ameaça expansionista socialista. 

Desta maneira caberia ao Exército Brasileiro a destinação de grande parcela deste acordo, passando a ser fornecidos a partir de agosto de 1960, os primeiros cinquenta carros de combate médio M-41 Walker Buldog, dois veículos de socorro M-74 Sherman Recovery Vehicle e vinte viaturas blindadas de transporte de pessoal do modelo FMC M-59APC. Estes últimos apesar se tratar de veículos usados, se encontravam em excelente estado de conservação registrando baixa quilometragem de uso, pois se encontravam armazenados desde 1959 junto as instalações da Unidade do Corpo de Artilharia (Ordinance Corps Depot), no estado de Ohio. Os vinte carros blindados M-59 A1 APC destinado ao Exército Brasileiro seriam separados e então revisados localmente colocados em plenas condições de funcionamento, passando a ser preparados para transporte por via naval. Estes seriam recebidos no porto do Rio de Janeiro, em 14 de agosto de 1960 juntamente com os primeiros carros de combate M-41 Walker Buldog. Já no país, estes carros seriam inspecionados e preparados para o estágio operacional e treinamento de seus operadores, sendo posteriormente transportados por via terrestre, e distribuídos em dezembro deste mesmo ano em proporções iguais, ao 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RecMec) e ao 16º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RecMec) ambos baseados na cidade do Rio de Janeiro. Já em uso no Exército Brasileiro, estes blindados receberiam a designação oficial de VBTT - Veículo Blindado de Transporte de Tropas M-59. Nestas unidades operativas, estes veículos tiveram o importante papel de desenvolver a doutrina de emprego deste tipo de carros de transporte de tropas sob esteiras junto à forca blindada do Exército Brasileiro, operando em conjuntos com carros de combate como os M-41 Walker Buldog e M-3 Stuart. Nos primeiros exercícios conjuntos entre os VBTT M-59A1 e os M-41, confirmar-se-ia o ocorrido junto as operações no Exército do Estados Unidos (US Army), onde o M-59 não era capaz de acompanhar a dinamicidade dos M-41 no campo de batalha. Além disso eles apresentariam também grandes limitações em deslocamentos de média e grande distância no país, pois seu peso bruto excedia a capacidade da infraestrutura viária brasileira, como pontes, viadutos, estradas e principalmente pranchas ferroviárias. A soma destes fatores levaria o Ministério do Exército a declinar de mais ofertas para cessão de novos carros M-59A1 VBTT, como solução intermediaria seriam iniciados estudos prevendo o repotenciamento dos antigos carros meia lagarta White M-2 , M-3 e M-5, visando assim estender sua vida útil até a incorporação de um possível substituto.   

Esta demanda logo seria atendida, pois a partir de 1965 dentro dos termos do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program), seria negociada a cessão de mais de cinco centenas de veículos blindados de transporte de tropa FMC M-113A0 (modelo que fora desenvolvido nos Estados Unidos como substituto aos M-59). Esta grande quantidade a ser recebida permitiria prover um ciclo total de renovação dos meios em operação naquele momento permitindo desativar todos os M-2, M-3 e M-5 Half Track. Em 1969 a partir do momento que os M-113A0 APC atingiram seu status operacional pleno, tanto o 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RecMec) e ao 16º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RecMec), passariam a ser equipados com este novo blindado. Nos anos vindouros o Exército Brasileiro vivenciou uma mobilidade nunca testemunhada na história, com os VBTT M-113 chegando a dotar mais de quinze unidades entre Regimentos de Carros de Combate (RCC) e Batalhões de Infantaria Blindada (BIB). Altamente robusto e de fácil manutenção, a frota destas viaturas sempre apresentava excelentes índices de disponibilidade operacional. Este positivo cenário, no entanto, iria começar a se alterar a partir do início do ano de 1977, quando os Estados Unidos passaram a ser presididos pela administração de Jimmy Carter, novas diretivas deste governo passariam a condicionar a continuidade dos programas de ajuda militar a averiguação da situação do Brasil no tocante aos direitos humanos. Esta decisão provocaria o desagravo do presidente Ernesto Geisel, que em carta oficial se manifestaria “O governo brasileiro recusa de antemão qualquer assistência no campo militar que dependa, direta ou indiretamente, de exame prévio, por órgãos de governo estrangeiro, de matérias, que, por sua natureza, são da exclusiva competência do governo brasileiro.” , Pressões políticas decorridas desta iniciativa levariam o governo brasileiro a decidir pelo rompimento do Acordo Militar Brasil - Estados Unidos. Este evento determinaria a interrupção de toda financeira e linhas de abastecimentos de peças de reposição para os veículos militares em uso nas Forças Armadas Brasileiras. Isto afetaria diretamente a frota de VBTT M-113, resultando em curto espaço de tempo em altos índices de indisponibilidade, a este fator se somaria o atingimento do ápice da crise do petróleo, o que afetaria ainda mais a frota destes blindados, tendo em vista o alto consumo de seus motores a gasolina. A busca por uma solução viável geraria os primeiros estudos visando o repotenciamento destes blindados, com primeiro destes tendo origem em 1981 na empresa Biselli – Viaturas e equipamentos Industriais Ltda, prevendo a adaptação de um motor Iveco Diesel 150, o qual não produziu os resultados esperados pelo Exército Brasileiro, não trazendo no seu bojo um estudo mais apurado e que realmente fosse a solução. 
Paralelamente estudava-se implementar um processo semelhante junto aos vinte VBTT M-59, processo este que despontaria como uma oportunidade para uma jovem empresa do interior do estado de São Paulo.  Fundada em 1956 na cidade de Sorocaba, a Moto-Peças S.A. Transmissões e Engrenagens, teria seu foco inicial na nascente indústria automotiva nacional, passando de um mero fornecedor de peças de reposição, para a se tornar no final da década de 1970 na maior indústria brasileira de componentes de câmbios e diferenciais. Durante sua trajetória, no final da década de 1960 a empresa se aproximaria do Exército Brasileiro, principalmente por sua experiencia no segmento de componentes e veículos pesados. A primeira parceria nasceria do projeto de repotenciamento e remotorização de trinta tratores de artilharia M-4A1 High Speed Tractors fabricados pela Allis-Chalmers Company em 1943 e incorporados ao Exército Brasileiro a partir do ano de 1949. Este processo envolveria a troca da caixa de marchas, transmissão, motor (por Scania Diesel de 260 cv), esteiras, roletes e suspensão (os três últimos fornecidos pela Novatração S/A).  Este programa obteria um grande êxito, com a empresa logo em seguida contratada para a o desenvolvimento e produção de caixas de marcha para a série de blindados X-1A2 Carcará, fabricados pela Bernardini S/A, estes carros de combate leves derivados da modernização dos modelos M-3 e M-3A1 Stuart recebidos pelo Exército Brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial. No início da década seguinte, em conjunto com o Centro de Tecnologia do Exército (CTEx), a empresa desenvolveria um programa de customização dos antigos carros de combate M-4 Sherman, convertendo-os em carros blindados para engenharia. Fazendo uso da plataforma original seriam acrescidos uma lâmina frontal (intercambiável com um caça-minas) e grua hidráulica com lança rebatível e capacidade de içamento de até 10 toneladas, sendo ainda capazes de rebocar viaturas de até 40 toneladas. Infelizmente após a produção de onze carros pré-série e testes de campo, o modelo acabaria não sendo adotado pela Força Terrestre. Apesar deste revés a empresa lograria êxito em conquistar a seguir um contrato para a remotorização da frota de setenta e dois obuseiros autopropulsados M-108. Estas constantes parcerias trariam grande notoriedade e respeito junto ao comando da Força Terrestre, com a Moto-Peças S.A. Transmissões e Engrenagens se tornando um dos principais expoentes da indústria de defesa nacional.   

Emprego no Exército Brasileiro.
Ao ser selecionada para implementação do processo de remotorização dos VBTP M-113 e para o estudo do processo de repontenciamento dos VBTP M-59 a diretoria técnica da Motopeças S.A. Transmissões e Engrenagens, passaria a ter um contato íntimo com o projeto destes dois modelos norte-americanos de viatura blindada de transporte de tropa, conhecendo em detalhes su particularidades de conceito e desing. O primeiro contrato celebrado era dedicado aos VBTT M-113, e envolveria a substituição do motor original, um V8 Chrysler de 215 cv a gasolina, com o elevadíssimo consumo de um litro por quilômetro, por um diesel nacional (Mercedes-Benz de seis cilindros e 180 cv); mantendo o desempenho, a troca permitiu aumentar a autonomia em mais de 70%. Também seriam substancialmente alterados os sistemas elétrico, de alimentação e arrefecimento. Este programa traria grandes recursos financeiros para a empresa, possibilitando assim estudar alternativas em conjunto com a equipe do  Centro de Tecnologia do Exército (CTEx) para o repotenciamento dos VBTP M-59.  O objetivo inicial visava substituir seus dois motores a gasolina GMC Model 302 de seis cilindros em V, por um conjunto a diesel nacional semelhante ao que seria adotado nos M-41B Brazilian Buldog.  Diversos estudos seriam elaborados, porém apesar de se mostrar um programa viável em termos técnicos, este nao seria recomendado do ponto de vista operacional, com esta decisão derivada pelo fato de seu alto peso de deslocamento e pela baixa quantidade de veículos presente na frota. Porém esta negativa acabaria por resultar em uma nova proposta, que envolveria o desenvolvimento de um novo veículo blindado de transporte de tropas que viesse a unir as qualidades operacionais dos dois modelos em uso. O primeiro parâmetro visava conceber um veículo com agilidade e mobilidade do M-113, porém com uma maior capacidade de transporte de carga útil semelhante ao VBTP M-59, e para isto seu peso final não deveria exceder as 18 toneladas. Esta primícia visava não extrapolar as limitações máximas de peso existentes na infraestrutura viária brasileira, como pontes, viadutos, estradas e principalmente pranchas ferroviárias, proporcionando ao veículo plena capacidade de deslocamento de média e grande distância no país. Curiosamente,  posteriormente esta determinação seria abandonada em virtude do estudo para o desenvolvimento de versões especializadas , como antiaérea 20 mm, socorro com torre giratória, combate de fuzileiros com canhão de 20 mm, caça tanques com canhões de 60 mm  e 90 mm, obuseiro autopropulsado 155 mm e sistema para lançamento de foguetes,  com pesos finais de combate na ordem de 21 toneladas e 24 toneladas no máximo.   

Esta proposta de desenvolvimento objetivava a médio e o longo prazo, a substituição de todos o veículos blindados de transporte de tropas VBTP M-113 presentes nas frotas do Exército Brasileiro e Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, trazendo uma maior independência estratégica. O modelo seria  concebido para dar maior flexibilidade e agilidade às unidades de Fuzileiros Blindados do Exército, pois possuía também plena a capacidade de operação anfíbia, podendo transpor rios e lagos com grande facilidade, coisa comum no extenso território brasileiro. Os estudos seriam iniciados em abril de 1983, com modelo sendo desenvolvido com inspiração no carro de combate M-41 Walker Buldog, com o qual o Centro de Tecnologia do Exército (CTEx) detinha grande conhecimento em virtude da implementação dos processos de modernização em curso naquele mesmo momento. Neste contexto seriam empregados no projeto, um grande numero de componentes empregados neste modelo de carro de combate, visando assim também otimizar a cadeia logística já existente de suprimentos no Exército Brasileiro. Apesar desta "inspiração" o modelo apresentaria uma série inovações tecnológicas, como a adoção de dois  hidrojatos Belljet 3.650 RPM 2 x 160 hp para propulsão na água, moderno sistema de blindagem composta por placas de cerâmica nas superfícies externas e sistema básico de visão noturna. O primeiro protótipo funcional seria apresentado em março de 1985, estando equipado com um motor  em linha nacional Scania Turbo Diesel DS11,  gerando 394 hp de potencia nominal,  posicionado na dianteira direita ao lado do operador. Este motor operaria  acoplado a uma caixa automática de mudanças norte-americana. do tipo "cross drive" CD 500/3 produzida pela Allison GM (duas marchas à frente e ré), suspensão por dez barras de torção e oito amortecedores hidráulicos.  Contava com o mesmo sistema de suspensão empregado nos blindados M-41 e M-59, contando com dez rodas de apoio e  lagartas de 532 mm de largura,  com  sapatas fabricadas pela Novatração Artefatos de Borracha. Sua blindagem básica foi dimensionada para  resistir a munições de 7,62 mm, com esta capacidade sendo ampliada para suportar munição básica para com o dobro do calibre,  chegando até  no máximo 20 mm, mediante a instalação de placas cerâmicas nas superfícies externas, no entanto estas placas não podiam ser empregadas quando do transcurso submerso na água. 
Apresentava um peso total de combate de dezoito toneladas (o dobro quase do M-113), podendo transportar em sua configuração básica três tripulantes e nove soldados totalmente equipados, podendo chegar ao total de vinte e dois infantes em uma configuração especial . O acesso podia se dar pela larga rampa traseira de acionamento hidráulico, por duas portas localizadas na rampa ou por duas escotilhas no teto; o carro dispunha de seis seteiras e três periscópios, um deles para visão noturna . Este protótipo estava equipado com a mesma torre presente no VBTP M-59 (retirada de um veiculo do Exército Brasileiro), que operava com acionamento hidráulico e automático, armada com uma metralhadora automática Browning  M-2 calibre .50,  que garantia plena segurança ao seu operador. De seu interior era possível disparar armas automáticas por quatro pequenas pequenas escotilhas (seteiras), por fim estava equipado com quatro lançadores de granadas fumígenas. O modelo designado como M-1 receberia o nome de "Charrua" (que na linguagem indígena significa ágil, robusto e com garra), sendo logo apresentado oficialmente ao Exército Brasileiro, passando em seguida, a ser  submetido a um extenso programa de testes e avaliação de campo, realizado inicialmente no campo de provas da Motopeças S/A na cidade de Sorocaba e posteriormente no Campo de Provas da Marambaia (CPrM) no Rio de Janeiro. Em agosto de 1985 seria concluído e disponibilizado um segundo protótipo com diversas melhorias, ampliando assim o programa de testes. Neste estágio seriam apontadas inúmeras oportunidades de de refinamento do projeto, nascendo assim o modelo M-2 Charrua II, que apresentaria significativas diferenças em termos de desing. O Charrua I tinha um formato com linhas mais retas com grande semelhança com os VBTT M-113, com quebras ondas em formato de "V" com uma torre automática de metralhadora posicionada ao ao lado do motorista, que em ambos os casos fica no canto dianteiro esquerdo. Já o Charrua II dispunha de um desing mais anguloso e moderno, fazendo uso de um  quebra ondas reto, com uma nova torre manual de armamento sendo agora posicionada atrás do motorista. A alteração do modelo de torre se daria pela limitação da quantidade disponível deste conjunto, que seria retirada da frota dos VBTT M-59,  que neste momento já se encontram em processo de desativação junto ao Exército Brasileiro. Outra significativa mudança era a adoção de um motor mais potente, agora o Scania V8 Turbo Diesel DS-14 com 470 hp de potencia.  Este modelo aprimorado passaria a ser avaliado também pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN), acompanhando inicialmente o programa coordenado pelo Exército Brasileiro, e depois conduzindo individualmente um processo similar. 
Em ambos os programas, o M-2 Charrua II apresentaria  um excelente desempenho e grande mobilidade de manobras tanto na terra, exibindo capacidade de girar em torno do próprio eixo, capacidade conhecida como pivoteamento, como na água onde demonstraria grande agilidade oferecida pelo sistema de hidrojato. Mais dois protótipos seriam concluídos, um destes seria customizado para representar um viatura especializada para emprego em missões antiaéreas. Este veiculo receberia a instalação de um canhão Bofors de 40 mm montado em uma torre giratória Trinity apresentando elevação entre  -10 e +80 graus, com carregador de 100 tiros e cadência de 330 por minuto. Seu sistema de detecção e engajamento e controle de fogo era feito através de sistemas eletrônicos, permitindo a identificação, calculo e engajamento de um alvo aéreo  em cerca de dois segundos. Sua munição seria nacionalizada cabendo a FI Indústria e Comércio Ltda fluminense, a produção da munição e a espoleta de proximidade ficando a cargo da empresa  Prólogo S/A Produtos Eletrônicos.  Sua efetividade operacional deveria abater alvos até  6.000 metros de altura, especialmente aviões evadindo mísseis a baixa altitude e helicópteros. Além do protótipo funcional seriam apresentados projetos conceituais envolvendo o emprego de quatro canhões 25 mm numa torre Oto Melara ou quatro mísseis terra ar guiados por infravermelho Piranha.  Este protótipo de veiculo blindado antiaéreo seria montado pela Moto Peças S/A em parceria com a CBV Indústria Mecânica S/A,  sendo exposto em 1987 em uma feira militar na cidade de São José dos Campos.  Apesar de promissor seu projeto não avançaria além da fase conceitual, e infelizmente o Exército Brasileiro somente incorporaria um veiculo especializado a este missão somente em  2013 com a adoção do sistema Gepard 1A2 Flakpanzer. Posteriormente este chassis seria empregado para o desenvolvimento da versão socorro que também não evoluiria, o mesmo ocorrendo com dos demais modelos planejados como ambulância, socorro, carro oficina, comunicações, radar, obuseiro 155 mm,  lançador de mísseis e porta morteiros de 120 mm. O Charrua II permaneceu em testes até a primeira metade da década de 1990, apesar de seus dotes, o pais atravessava uma de suas maiores crises econômicas o que acarretaria em drásticos cortes no orçamento das Forças Armadas Brasileiras, levando ao cancelamento do programa. Neste contexto o Exército Brasileiro abandonaria o projeto de substituição da frota dos VBTP M-113, optando por processos paliativos de repotenciamento, o mesmo ocorrendo com o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN). Apenas um protótipo do modelo Charrua II ficaria sobre a guarda do Exército Brasileiro, sendo recuperado no ano de 2022 por uma equipe de mecânicos da 3ª Divisão de Exército, localizada em Santa Maria do estado do Rio Grande do Sul. 

Em Escala.
Para representarmos o M-2 Charrua II em sua configuração final, optamos por desenvolver um projeto em scratch building, partindo  do kit original do carro de combate M-41A3 Walker Buldog produzido pela Tamiya na escala 1/35. Deste aproveitamos somente o  chassi,  rodas, suspensão, esteiras e acessórios, construindo todo o restante artesanalmente com base nas plantas originais do protótipo. Utilizamos decais confeccionados pela  Decals e Books presentes no  set "Forças Armadas do Brasil".
Todos os cinco protótipos do M-1 e M-2  VBTP Charrua receberam o padrão de pintura tático em dois tons, adotado pelo Exército Brasileiro a partir do o ano de 1983. Com este esquema sendo mantido na única viatura preservada junto  a 3ª Divisão de Exército, baseada na cidade de  Santa Maria do estado do Rio Grande do Sul. 


Bibliografia :
Moto Peças S/A Lexicar - https://www.lexicarbrasil.com.br/moto-pecas/
- Blindados no Brasil Volume I, por Expedito Carlos S. Bastos
- Blindados no Brasil Volume II, por Expedito Carlos S. Bastos
- M-41C Rede de Tecnologia & Inovação do Rio de Janeiro - http://www.redetec.org.br/inventabrasil/caxias.htm
- Carro de combate M-41 no Exército Brasileiro - http://www.defesanet.com.br

Chevrolet Gigante 1941 - 1942 VTNE

História e Desenvolvimento. 
A General Motors Corporation (GM) é uma das maiores e mais influentes fabricantes de veículos do mundo, com uma trajetória marcada por expansões estratégicas, inovações e diversificação. A companhia foi fundada em 16 de setembro de 1908 por William C. Durant, um bem-sucedido fabricante de carruagens, na cidade de Flint, Michigan, Estados Unidos. A visão de William C. Durant era criar uma holding que reunisse diversas marcas automotivas sob uma única estrutura corporativa, promovendo sinergias e ampliando a competitividade no mercado. Logo após sua fundação, a GM iniciou uma série de aquisições estratégicas para fortalecer seu portfólio: Buick Motor Company: Incorporada em 1908, a Buick, fundada pelo escocês David Dunbar Buick, já era uma marca estabelecida, tendo produzido seu primeiro automóvel em 1903. William C. Durant, que havia sido presidente da empresa, trouxe-a como a primeira marca da General Motors. Oldsmobile Motor Vehicle Company: Em 12 de novembro de 1908, a Oldsmobile, fundada em 1897, tornou-se a segunda marca a integrar a GM, consolidando sua posição no mercado automotivo americano. Oakland Motor Car Company: Adquirida nos anos seguintes, a Oakland evoluiu posteriormente para a marca Pontiac Cadillac Automobile Company: Comprada em 1909 por US$ 5,5 milhões, a Cadillac, fundada em 1902, adicionou um segmento de luxo ao portfólio da General Motors. Essas aquisições estabeleceram as bases para a diversificação de produtos e a expansão da GM no mercado automotivo. Em 3 de novembro de 1911, William Durant, após divergências com os acionistas que o levaram a deixar a GM, fundou a Chevrolet Motor Company of Michigan, em parceria com o piloto e mecânico suíço Louis Chevrolet. A Chevrolet rapidamente ganhou relevância e, em 1918, foi adquirida pela própria GM, tornando-se uma das marcas mais emblemáticas da empresa. Ainda em 1911, a General Motors Corporation (GM) criou a marca GMC, derivada da aquisição da Rapid Motor Vehicle Company. A GMC focou na produção de caminhonetes e caminhões leves, um segmento que atraiu investimentos significativos e se tornaria um pilar estratégico para a empresa. Nos anos seguintes, a General Motors buscou oportunidades de crescimento além do mercado automotivo. Em 1918, a empresa deu seus primeiros passos na expansão internacional com o estabelecimento de uma operação comercial no Canadá, marcando o início de sua presença global. Esse movimento abriu caminho para a conquista de mercados em todos os continentes. Em 1919, a GM diversificou suas atividades ao incorporar a Frigidaire Company, uma fabricante de refrigeradores. Essa aquisição representou a primeira incursão da empresa em um setor não automotivo, refletindo seu interesse em explorar novos mercados e consolidar sua expansão internacional.

A diretoria comercial da General Motors Corporation (GM) , guiada por uma visão estratégica, identificou o potencial para uma presença global significativa. Essa abordagem resultou em uma série de iniciativas de expansão: 1923: Inauguração da primeira fábrica na Europa, localizada em Copenhague, Dinamarca, marcando a entrada da montadora no continente. 1925: Início de operações orgânicas na Argentina, França e Alemanha, além da aquisição da montadora britânica Vauxhall Motors, fortalecendo a presença da GM no mercado europeu. 1926: Estabelecimento de operações na Austrália, Japão e África do Sul, ampliando a alcance global da empresa. 1928: Entrada no mercado indiano, um passo ousado em um território ainda pouco explorado pela indústria automotiva. 1929: Aquisição da fabricante alemã Opel, consolidando a posição da GM na Europa. No mesmo período, a GM incorporou a Yellow Coach Company nos Estados Unidos, uma fabricante de ônibus escolares amarelos, diversificando seu portfólio no mercado doméstico. Essas iniciativas culminaram na ascensão da corporação como o maior fabricante de veículos do mundo em 1931. A GM voltou sua atenção para o promissor mercado latino-americano, estabelecendo a General Motors do Brasil em 26 de janeiro de 1925. Inicialmente, a empresa operou em instalações alugadas no bairro do Ipiranga, em São Paulo, onde lançou seu primeiro produto no mercado brasileiro: um furgão utilitário leve. O furgão foi produzido utilizando o sistema Completely Knocked Down (CKD), no qual kits importados – compostos por chassis, motores, transmissões e outros componentes – eram montados localmente. As características do processo incluíam: Baixa agregação de componentes nacionais: Apenas algumas partes não metálicas da carroceria eram produzidas localmente. Flexibilidade de entrega: Os veículos eram fornecidos completos ou como conjuntos de chassis nu com capô, permitindo encarroçamento personalizado por terceiros. Esse modelo de produção permitiu à General Motors Corporation (GM) estabelecer uma presença inicial no Brasil, adaptando-se às condições do mercado local. Desde o início de suas operações no Brasil, a GM identificou oportunidades no setor militar, fornecendo caminhões leves para o Exército Brasileiro. Esses veículos, baseados em chassis e plataformas de modelos comerciais do portfólio da empresa, eram configurados com carrocerias militares padronizadas. O processo de adaptação incluía: Customização artesanal: As carrocerias eram fabricadas nas oficinas de carpintaria do Exército, conforme padrões estabelecidos pelo Serviço Central de Transportes (SCT). Atendimento a requisitos militares: Os veículos foram configurados para atender às necessidades operacionais da Força Terrestre, garantindo robustez e funcionalidade. Essa colaboração inicial com o Exército Brasileiro marcou o começo de uma longa relação da GM com o setor de defesa no país.
A General Motors do Brasil (GM Brasil) consolidou sua presença no mercado brasileiro nas décadas de 1920 e 1930, enfrentando desafios econômicos globais e regionais enquanto expandia sua capacidade produtiva. No inicio foram comercializados diversos modelos, com destaque para os Chevrolet 1926 e 1928 com tração parcial, além de ambulâncias e carros de bombeiros construídos sobre suas plataformas. O aumento das vendas no mercado brasileiro incentivou a empresa a investir em uma moderna planta fabril em São Caetano do Sul, na região metropolitana de São Paulo. Concluída em outubro de 1929, a fábrica foi projetada para ampliar a capacidade de produção e fortalecer a presença da General Motors  no país. A inauguração da fábrica coincidiu com a Crise de 1929, desencadeada pela quebra das bolsas de Nova York e Chicago, um evento que abalou a economia global. Esse colapso econômico forçou a matriz norte-americana a revisar suas estratégias de curto e médio prazo em âmbito internacional, implementando planos de contingência para mitigar os impactos financeiros. No Brasil, a deflagração da Revolução Constitucionalista em 9 de julho de 1932 mobilizou cerca de sete milhões de habitantes e o parque industrial do estado de São Paulo em apoio ao esforço de guerra. O conflito gerou um clima de incerteza econômica, levando a diretoria da GM Brasil, em alinhamento com a matriz nos Estados Unidos, a suspender temporariamente as atividades da fábrica de São Caetano do Sul. No entanto, a produção não foi completamente interrompida. O governo paulista adquiriu o estoque total de veículos da GM Brasil e solicitou a retomada das operações para apoiar a retaguarda civil da mobilização militar. Durante o conflito, a empresa desempenhou as seguintes funções: Manutenção e reparo: Recuperação de veículos danificados - Adaptação de veículos civis: Conversão para uso militar - Serviços de suporte: Atendimento às demandas logísticas do esforço revolucionário. A presença constante de oficiais das Forças Públicas de São Paulo transformou a fábrica em uma extensão dos quartéis revolucionários, intensificando sua relevância durante o período. As demandas geradas pela Revolução Constitucionalista elevaram o faturamento da GM Brasil, permitindo que a subsidiária alcançasse, pela primeira vez, o equilíbrio econômico e financeiro. Esse sucesso motivou a diretoria a diversificar a linha de produtos automotivos, com investimentos significativos para aumentar o índice de nacionalização dos veículos.  Essa estratégia visava reduzir a dependência de componentes importados e fortalecer a integração com a economia local. 

A partir de 1933, a General Motors do Brasil iniciou um novo ciclo de crescimento, expandindo sua presença não apenas no Brasil, mas também no mercado sul-americano. Novos investimentos na estrutura produtiva foram realizados, culminando em 1940, quando cerca de 75% dos furgões e caminhões comercializados pela empresa apresentavam carrocerias fabricadas localmente, com quase 90% de nacionalização de componentes básicos. No portfólio da GM Brasil, a família de caminhões médios e leves GMC Flatbed Truck alcançou grande relevância. Esses veículos já haviam conquistado êxito no mercado norte-americano, especialmente após o lançamento da linha de 1935, que introduziu: Motor a gasolina V8: Proporcionava desempenho superior - Caixa de mudanças manual de três velocidades: Garantia confiabilidade e eficiência - Desempenho notável: Capacidade de atingir 100 km/h em 8,4 segundos, um feito impressionante para um caminhão da época. Essas características consolidaram o GMC Flatbed Truck como uma opção robusta e versátil, atendendo às demandas do mercado brasileiro e reforçando a reputação da montadora. A trajetória inicial da General Motors do Brasil foi marcada pela introdução de modelos como os Chevrolet 1926 e 1928, a construção da fábrica de São Caetano do Sul na região metropolitana de Sao Paulo, e a superação de desafios como a Crise de 1929 e a Revolução Constitucionalista de 1932. O apoio à mobilização militar durante o conflito impulsionou o equilíbrio financeiro da empresa, abrindo caminho para a diversificação e a nacionalização dos produtos. A família GMC Flatbed Truck destacou-se como um exemplo de inovação e desempenho, consolidando a General Motors do Brasil como um pilar da indústria automotiva nacional e sul-americana na década de 1930.  Em 1941, a General Motors nos Estados Unidos submeteu a família GMC Flatbed Truck a um processo de reestilização e aprimoramento mecânico e estrutural, com as modificações também aplicadas aos veículos produzidos no Brasil. As principais melhorias incluíram: Estrutura reforçada: Aumento da distância entre eixos, longarinas reforçadas, molas maiores e mais macias, nova caixa de direção e sistema de freios aprimorado. Adaptação ao clima brasileiro: Sistema de arrefecimento tropicalizado para evitar superaquecimento, adequado às condições climáticas do país. Nova cabine: Construída em aço reforçado, montada sobre um chassi mais flexível em termos de torção, proporcionando maior conforto ao condutor. Desempenho otimizado: Melhor agilidade em ambientes urbanos, com maior economia de combustível. Na versão topo de linha, o modelo incorporou refinamentos no acabamento e itens opcionais de conforto, conquistando a preferência dos usuários. 
Essas adaptações, especialmente projetadas para a precária infraestrutura rodoviária brasileira, consolidaram o GMC Flatbed Truck como um sucesso comercial no mercado nacional. O agravamento do cenário geopolítico com o início da Segunda Guerra Mundial alterou as prioridades da GM. Nos Estados Unidos, o governo direcionou o parque industrial para um programa de rearmamento, focado na modernização das forças armadas. Um dos pilares desse esforço foi a transição do Exército dos Estados Unidos (US Army) de uma força hipomóvel para uma força motomecanizada, exigindo a aquisição em larga escala de caminhões com tração integral 4x4 e 6x6. Esses novos veículos visavam substituir ou complementar modelos em uso, como os Chevrolet G-506, G-621 Dodge, e G-540 Ford. Como resultado, a General Motors Corporation redirecionou toda sua capacidade produtiva para o esforço de guerra, impactando suas subsidiárias globais, incluindo a GM Brasil. No Brasil, a produção de modelos comerciais, como os Chevrolet 112 Comercial 937 (1 tonelada), Chevrolet 131 ½ Tigre 937 (1 1/3 toneladas), e Chevrolet 157 Gigante 937 (1 ½ tonelada), foi temporariamente descontinuada. A partir de 1941, a GM Brasil reorientou suas linhas de produção para atender às demandas do esforço de guerra, fabricando: Reboques militares de duas rodas: Para transporte de carga e combustível. Unidades de cozinha de campanha: Equipamentos logísticos essenciais para operações militares. Recipientes para transporte: Incluindo tanques para gasolina e outros materiais estratégicos. A partir de 1943, a GM Brasil também passou a montar milhares de veículos militares fornecidos em estado semidesmontado às Forças Armadas Brasileiras, no âmbito do programa norte-americano Lend-Lease Bill Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Essa iniciativa fortaleceu a capacidade logística do Brasil durante o conflito. Com o término da Segunda Guerra Mundial em 1945, a GM Brasil retomou a produção de seu portfólio completo, incluindo carros, utilitários, e caminhões. Esses produtos foram comercializados tanto no mercado civil quanto no militar, atendendo às demandas de reconstrução e crescimento econômico do país. A experiência adquirida durante o conflito, combinada com a infraestrutura produtiva já estabelecida, posicionou a General Motors do  Brasil para um novo ciclo de expansão.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
O período posterior à Primeira Guerra Mundial (1914–1918) marcou a consolidação do uso de veículos motorizados nas forças armadas globais, visando maior mobilidade no campo de batalha. No Brasil, essa tendência foi adotada pelo Exército Brasileiro e pelas Forças Públicas (atual Polícia Militar), impulsionando a modernização logística. Este documento detalha a incorporação inicial de veículos militares, o papel da Ford Motor Company e da General Motors do Brasil (GM Brasil) no mercado automotivo nacional, e a criação do Serviço Central de Transportes do Exército Brasileiro (SCT) para gerenciar a frota militar. O uso de veículos motorizados durante a Primeira Guerra Mundial demonstrou seu valor estratégico, influenciando as principais forças armadas do mundo a priorizar a mecanização. No Brasil, o comando do Exército Brasileiro reconheceu a importância dessa inovação, que despertou grande interesse entre a jovem oficialidade e as Forças Públicas estaduais. A adoção de veículos militares tornou-se uma prioridade para aumentar a mobilidade e a eficiência operacional no campo de batalha moderno. Os primeiros veículos incorporados pelo Exército Brasileiro foram caminhões leves do modelo Ford T, recebidos no início da década de 1920. A escolha desse modelo foi motivada pela presença da Ford Motor Company no Brasil, a primeira montadora a se estabelecer no país, em 1919. A Ford produzia veículos localmente no sistema Completely Knocked Down (CKD), no qual componentes importados dos Estados Unidos eram montados em sua fábrica em São Paulo. Esses veículos, predominantemente de passeio e utilitários, ofereciam a vantagem de produção em larga escala e disponibilidade imediata. Além da Ford, outras montadoras, tanto norte-americanas quanto europeias, operavam no Brasil durante o período. Entre elas, destacou-se a General Motors Company, conhecida localmente como Chevrolet. A GM Brasil rapidamente conquistou a liderança no emergente mercado nacional de caminhões e utilitários, devido à qualidade e versatilidade de seus produtos. Essa posição de destaque posicionou a empresa como um fornecedor relevante para as necessidades do Exército Brasileiro e do mercado civil. Em 1923, foi estabelecido o Serviço Central de Transportes do Exército Brasileiro (SCT), sediado na cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal. O SCT foi criado para gerenciar a frota de caminhões e utilitários militares, equipando o Exército com uma estrutura logística moderna. Suas principais características incluíam: Frota diversificada: Composta por diversos modelos de veículos adquiridos diretamente dos fabricantes, fornecidos em sua configuração básica (chassis, conjunto mecânico e cabines). Customização: Os veículos eram adaptados nas oficinas do SCT para atender a diferentes aplicações militares, como transporte de tropas, carga e suporte logístico. Infraestrutura técnica: Um sistema robusto de montagem e manutenção, considerado avançado para os padrões da época, garantindo a operacionalidade da frota. 

Essa estrutura permitiu ao Exército Brasileiro desenvolver um núcleo operacional significativo, iniciando ensaios e treinamentos para integrar os novos meios de transporte às suas operações. Com a base doutrinária aplicada, a primeira grande utilização de veículos automotores para fins militares ocorreria durante a Revolução de 1924, um movimento armado liderado por militares e civis em São Paulo contra o Governo Federal, foi o primeiro grande evento a demonstrar a aplicação prática de veículos automotores em operações militares no Brasil. Sob o comando do General Cândido Mariano da Silva Rondon, principalmente na frente de batalha no interior do Paraná, diversos veículos civis e militares foram utilizados em funções variadas, incluindo: Ambulâncias: Transporte de feridos, garantindo atendimento médico rápido. Caminhões leves: Mobilização de tropas e transporte de suprimentos. Apesar dessas inovações, o suporte logístico para itens críticos, como víveres, combustível, munição e armamentos, ainda dependia majoritariamente de carroças coloniais puxadas por seis cavalos, conhecidas como "carroção tipo colonial", amplamente utilizadas na região. Na década de 1930, o Exército Brasileiro expandiu o uso de veículos militares e militarizados, incorporando modelos sobre rodas e lagartas de diversas marcas, incluindo: Norte-americanos: Ford, Chevrolet, Dodge, International. - Britânicos: Thornycroft, Commer - Franceses: Somua - Alemães: Henschel, Krupp. Embora a variedade de fornecedores fosse significativa, o Exército passou a priorizar caminhões leves e médios montados localmente. Essa preferência visava facilitar a manutenção e o acesso a peças de reposição, frequentemente importadas, reduzindo custos e melhorando a operacionalidade. A multiplicidade de marcas e modelos gerava desafios logísticos, como a complexidade na gestão de peças e manutenção. Para enfrentar esse problema, o Exército Brasileiro reconheceu a necessidade de padronizar os veículos adquiridos, otimizando processos e reduzindo custos operacionais. Estudos foram realizados para definir critérios de aquisição, culminando na emissão do "Aviso 658" em 27 de setembro de 1937. O Aviso 658 estabeleceu diretrizes claras para a aquisição de veículos destinados ao transporte de carga ou pessoal, restringindo a compra aos modelos produzidos pelas seguintes montadoras: Ford, Chevrolet, Dodge e Commer.  A normativa proibiu expressamente a aquisição de veículos de outras fabricantes, promovendo maior uniformidade na frota e simplificando a logística de manutenção. A padronização favoreceu significativamente a General Motors do Brasil (GM Brasil), que, ao lado da Ford do Brasil, consolidou sua posição como fornecedora preferencial do Exército Brasileiro. Ambas as montadoras destacavam-se por: Liderança comercial: Dominavam o mercado brasileiro de veículos, especialmente no segmento de caminhões e utilitários. Investimentos técnicos: Demonstravam maior disposição para aumentar o nível de nacionalização de seus produtos, incorporando componentes fabricados localmente. Apoio logístico: Ofereciam infraestrutura robusta para manutenção e fornecimento de peças, atendendo às exigências do Exército. 
Na década de 1940, a General Motors do Brasil (GM Brasil) consolidou sua posição como fornecedora preferencial do Exército Brasileiro, ao lado da Ford, devido à qualidade e adaptação de seus veículos às condições locais.  No final da década de 1940, o Exército Brasileiro iniciou um amplo programa de modernização de sua frota de veículos utilitários, priorizando caminhões leves produzidos localmente para garantir manutenção eficiente e acesso a peças de reposição. A montadora brasileira, reconhecida pela confiabilidade e adaptação de seus modelos, tornou-se uma escolha estratégica, dividindo a preferência com a Ford. Essa iniciativa visava melhorar a mobilidade e a capacidade logística das unidades militares em todo o país. A General Motors do Brasil (GM Brasil) forneceu ao Exército Brasileiro os caminhões Chevrolet 112 e 137, popularmente conhecidos como Tigre e Comercial, que se destacaram por suas características técnicas e operacionais: Motorização: Equipados com um motor a gasolina GMC de seis cilindros, gerando 78 hp, proporcionando desempenho adequado para operações militares. Configuração inicial: Semelhantes às versões comerciais, muitos desses veículos foram entregues com pintura do catálogo civil, diferenciando-se apenas pelas marcações militares de seus grupamentos. Versão militarizada: A partir de entregas subsequentes, os caminhões passaram a ser fornecidos em configuração militar, com pintura verde-oliva, ausência de portas convencionais, e supressão da rodagem dupla traseira, otimizando sua adequação ao uso militar. Os caminhões Tigre e Comercial foram amplamente alocados em Divisões de Cavalaria e Regimentos de Cavalaria, especialmente nas regiões Sul e Sudeste, onde a infraestrutura rodoviária era mais desenvolvida. Suas principais funções incluíam transporte de tropas e cargas, embora sua capacidade fosse limitada a seis soldados de infantaria totalmente equipados, devido às dimensões reduzidas do modelo. Paralelamente, o Exército Brasileiro adquiriu em grande escala a picape Chevrolet 1941, disponível em duas configurações: Cabine aberta: Destinada ao transporte de pessoal. Cabine fechada: Utilizada para transporte de cargas. Apesar da incorporação em larga escala, verificou-se que a picape não atendia plenamente às necessidades de capacidade de transporte exigidas pelo Exército Brasileiro, principalmente devido a seu pequeno porte, limitando sua eficácia em operações logísticas mais exigentes.

Para superar as limitações da picape Chevrolet 1941, o Exército Brasileiro adquiriu o Chevrolet 157 Gigante 937, parte da família GMC Flatbed Truck, com tração 4x2. Esse modelo apresentou características superiores, incluindo: Capacidade de carga: Até 1,5 tonelada, suportada por um motor Chevrolet V8. Customização para o Brasil: Sistema de arrefecimento tropicalizado, projetado para operar no clima predominante do país, minimizando problemas de superaquecimento comuns em outros veículos militares da época. Versatilidade operacional: Capaz de transportar até 16 soldados totalmente equipados ou realizar o transporte de canhões de montanha Schneider de 75 mm, ampliando a mobilidade das unidades. Os Chevrolet Gigante 937 foram rapidamente integrados às unidades operativas em todo o território nacional, desempenhando funções essenciais no transporte de carga e pessoal. Sua capacidade de carga superior e adaptação às condições locais tornaram o modelo um ativo valioso para o Exército, especialmente em operações que exigiam maior volume logístico. O Chevrolet Gigante 937 foi empregado pelo Exército Brasileiro para tracionar obuseiros autopropulsados Krupp e Schneider de 155 mm, inicialmente equipados com rodas de madeira, que foram posteriormente substituídas por pneus. Essa capacidade aumentou significativamente a mobilidade das unidades de artilharia da Força Terrestre, permitindo deslocamentos mais rápidos e eficientes em operações de campo.  Parte da frota de Chevrolet Gigante recebeu adaptações para funções antiaéreas, marcando a introdução da primeira plataforma especializada nesse tipo no Brasil. Essas modificações incluíam a instalação de: Canhões duplos Oerlikon de 20 mm: Armas leves antiaéreas para defesa contra aeronaves. Metralhadoras Madsen de 7 mm: Complementando o armamento defensivo.  A partir do final de 1941, os veículos foram alocados aos 1º, 2º e 3º Regimentos de Artilharia Antiaérea (RAAAé), onde foram utilizados para tracionar canhões alemães Flak 88 mm Modelo 18 C/56, equipamentos de comando, preditores WIKOG 9SH, e sistemas de localização de som ELASCOPORTHOGNOM.  Esses equipamentos haviam sido adquiridos por meio do "Grande Contrato Krupp". A atribuição dessa missão ocorreu emergencialmente devido à não entrega dos caminhões alemães Krupp 3 ½ Ton L3H163, prometidos no acordo, em razão do agravamento da Segunda Guerra Mundial. 
A versatilidade da plataforma e do chassi do Chevrolet Gigante permitiu adaptações para usos diversos, incluindo: Ônibus "jardineira": Equipado com uma carroceria semiaberta, foi utilizado por unidades do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira (FAB) para transporte de pessoal. Transporte de pontões: A Fábrica de Curitiba desenvolveu uma versão específica para unidades de engenharia, destinada ao transporte de componentes para montagem de pontes flutuantes. Aproximadamente 20 caminhões nessa configuração foram produzidos, permanecendo em serviço até o início da década de 1950. A adesão do Brasil ao programa norte-americano Lend-Lease Bill Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos) em 1942 marcou uma mudança significativa na frota militar brasileira. A partir desse ano, o Exército começou a receber grandes quantidades de caminhões militares modernos com tração integral 4x4 e 6x6, que se tornaram a espinha dorsal do transporte de carga e pessoal nos anos seguintes. Esse influxo de veículos permitiu que os Chevrolet Gigante fossem realocados para missões de apoio e segunda linha, funções nas quais permaneceram até o início da década de 1950. Além do Exército, o Chevrolet Gigante foi utilizado como veículo utilitário pela Força Aérea Brasileira, pela Marinha do Brasil, e pelo Corpo de Fuzileiros Navais. Versões militarizadas do caminhão também foram empregadas pela Polícia Militar do Estado de São Paulo até 1955, demonstrando sua versatilidade e longevidade em aplicações de segurança pública. Os Chevrolet Gigante começaram a ser desativados no início da década de 1950, à medida que os novos caminhões recebidos pelo programa Lend-Lease assumiam as funções primárias de transporte. Sua retirada gradual marcou o fim de um ciclo importante na modernização logística das Forças Armadas Brasileiras. O Chevrolet 157 Gigante 937 destacou-se na década de 1940 por sua capacidade de atender a uma ampla gama de necessidades militares, desde o transporte de artilharia pesada até configurações antiaéreas e especializadas, como ônibus e veículos de engenharia. Sua utilização pelo Exército, Força Aérea, Marinha, e Polícia Militar do Estado de São Paulo, aliada às adaptações para o clima brasileiro, reforçou sua importância na história militar do país. A transição para os caminhões do programa Lend-Lease na década de 1950 marcou o fim de sua operação primária, mas o legado do Chevrolet Gigante permanece como um símbolo da versatilidade e inovação da General Motors do Brasil no apoio às forças militares e de segurança.

Em Escala.
Para representar o Chevrolet 157 Gigante 937 EB20-2841 pertencente ao Exército Brasileiro, foi selecionado o modelo em resina do Ford V-3000, produzido pela PRM Models. Apesar de ser um modelo Ford, a cabine do V-3000 apresenta semelhanças significativas em design e detalhes com o Chevrolet Gigante 937, tornando-o uma base adequada para o projeto. A escolha foi fundamentada na proximidade estética e na qualidade do kit, que permitiu adaptações precisas. Para reproduzir as marcações do Exército Brasileiro, foram utilizados decais do conjunto "Exército Brasileiro 1942–1982", produzido pela Decais Eletric Products

O esquema descrito abaixo, representa o  terceiro padrão de pintura do Exército Brasileiro, implementado durante a década de 1940, foi desenvolvido conforme as especificações do sistema Federal Standard (FS). Este esquema era notavelmente semelhante ao padrão de pintura utilizado pelo Exército dos Estados Unidos (US Army) no mesmo período, refletindo a influência das colaborações militares, especialmente no contexto do programa Lend-Lease Bill Act. Inicialmente estes caminhões  foram recebidos ostentando uma pintura em um tom diferente de verde, com alguns caminhões ainda ostentando um padrão de camuflagem ao estilo empregado em veiculos militares franceses durante a década de 1920.

Bibliografia :
- Primórdios da Motorização no Exército Brasileiro 1919-1940 - Expedito Carlos Stephani Bastos
- General Motors do Brasil – www.generalmotors.com.br
- Motorização no Exército Brasileiro 1906 a 1941 - Expedito Carlos Stephani Bastos

CCKW353 C2D1 Cisterna Comb (VTE)


História e Desenvolvimento. 
A General Motors Corporation, uma das maiores e mais notórias montadoras em âmbito mundial, teve sua origem no 16 de setembro de 1908, quanto o William C. Durant, um próspero produtor de carruagens, fundou na cidade Flint no estado do Michigan, um tímido empreendimento dedicado ao crescente segmento automotivo. Este negócio prosperaria rapidamente, e em seu processo de expansão acabaria incorporando a Buick Company e logo mais tarde a Oldsmobile Company, empresas estas que apesar de novas gozavam de confiança e respeito por parte do mercado norte-americano. Nos anos seguintes seriam adquiridas mais empresas com destaque para a Cadillac Motor Car Division, uma marca símbolo do alto padrão de luxo, que operaria em conjunto com a recém-criada marca premium da companhia a Pontiac. No entanto este processo de crescimento acelerado não seria livre de problemas, com William Durant passando a enfrentar frequente uma onda crescente de divergências com os outros sócios, culminado em sua saída da empresa. No ano de 1911, sua natural vocação o levaria a empreender novamente, agora em parceria com o mecânico e piloto suíço Louis Chevrolet, nascendo assim Chevrolet Motor Company of Michigan. Neste mesmo ano seria lançada a marca GMC, ficando responsável pela produção e venda de caminhonetes e caminhões leves. Nos anos seguintes, paralelamente aos inúmeros processos de fusões e aquisições, a empresa passaria a estudar oportunidades de ingresso no mercado internacional, com a primeira iniciativa se materializando em maio de 1918, no estabelecimento de uma operação comercial no país vizinho, o Canadá. Logo seriam colhidos bom resultados desta decisão, motivando a direção da companhia a abrir filiais em inúmeros países. Antes mesmo em 1919, a General Motors Corporation incorporaria a companhia Frigidaire Company, tradicional fabricante de refrigeradores, sendo a primeira companhia não pertencente ao segmento automotivo a participação do conglomerado econômico, esta movimentação se daria principalmente por seu planejamento de expansão internacional da marca. Sua participação no segmento militar teve início em meados da década de 1920, quando a empresa passou a fornecer grandes quantidades de caminhões com tração integral para as forças armadas norte-americanas, tendo como destaque os modelos com tração 4X4 e 6X2  dos modelos Chevrolet G-506 e G-621. A evolução tecnológica experimentada na indústria automotiva na década seguinte, levaria o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) a empenhar esforços em um grande processo de modernização de suas forças motomecanizadas. Um dos pilares deste plano contemplava a aquisição em larga escala de uma nova família de caminhões com tração 6X6 que viesse a substituir ou complementar os modelos atuais em uso, como os Chevrolet G-506, G-621 Dodge e G-540 Ford.    

Em meados da década de 1930, o intensificar das tensões provocadas pelas políticas expansionistas da Alemanha Nazista e do Império do Japão, deflagrariam um sinal de alerta nas autoridades norte-americanas. Apesar das limitações impostas a Alemanha pelo Tratado de Versalhes (assinado em 1918), era claro que este país estava empenhado em grande processo de rearmamento, focando principalmente o desenvolvimento de uma capacidade efetiva motomecanizada, que visava criar um grande poder de mobilidade para sua força terrestre, um inovador conceito que logo seria apresentado ao mundo, o conceito da "Guerra Relâmpago" ou Blitzkrieg. Estas percepções geopolíticas reforçariam aos comandantes militares, a necessidade premente do fortalecimento de suas forças armadas, e neste contexto a motomecanização seria um dos pilares desta estratégia. Assim em julho de 1939 seria deflagrada uma concorrência para o desenvolvimento de um novo caminhão com tração integral 6X6 , que devia apresentar como parâmetros básicos, dispor de uma área de carga útil de 3,7 metros, apresentando uma capacidade de transporte de até 2.268 kg. Diversas propostas seriam apresentadas a seguir, pelas montadoras Ford Motors, General Motors, Studebaker Corporation, Corbitt Automobile, REO Motors, Federal Motors, Biederman Motors e Kenworth Motors, com estas sendo detalhadamente analisadas por uma equipe técnica do Corpo de Armas do Exército dos Estados Unidos (United States Army Ordnance Corps).  Destes seriam considerados como promissores, apenas os projetos apresentados pela Ford Motors e General Motors, montadoras que realmente já apresentavam largo histórico positivo na produção de caminhões militarizados para as forças armadas norte-americanas. Esta concorrência seria finalizada em janeiro de 1940, com a proposta apresentada pela General Motors Company sendo declarada vencedora.  O modelo proposto por esta montadora era baseado no modelo GMC ACKWX 353 6X6, que fora desenvolvido em 1939 especialmente para o Exército Frances (Armée de Terre). Este novo modelo diferia de seu progenitor por fazer uso da mesma cabine empregada no caminhão comercial Chevrolet G-506, e por apresentar extensas modificações e melhorias aplicadas na plataforma original, visando assim se adequar aos parâmetros exigidos na concorrência. Logo o evoluir do conflito na Europa confirmaria a importância da logística no campo de batalha, com este mostrando um diferencial, ressuprindo rapidamente a frente de batalha com soldados, munição e combustível, enaltecendo assim a importância, garantido aos força alemães sucessivas e retumbantes vitórias

Essa percepção aceleraria as negociações entre as partes, e no final do mesmo seriam celebrado o primeiro contrato de produção, com este caminhão recebendo a designação de GMC CCKW  (com o C se referindo ao ano de 1941, o C de Cabine Simples, K de tração em todas as rodas e por fim o W indicando a composição de eixos traseiros duplos). Em operação o modelo apresentaria um excelente desempenho, levando a contratação de novos lotes de produção, chegando agora à casa de dezenas de milhares de caminhões. Sua produção em larga escala seria inicialmente destinada a planta fabril da Yellow Truck and Coach Division's Pontiac no estado de Michigan, sendo posteriormente estendida as fábricas da General Motors Company e  Pontiac Motors na cidade de Saint Louis no estado do Missouri. Como citado anteriormente, as versões iniciais de produção deste caminhão, apresentavam uma cabine comercial designada como modelo A1 (pertencente ao Chevrolet G-506), porém em fins do ano de 1943 seria adotada um novo padrão de cabine, recoberta com lona e desprovida de portas. Esta nova versão receberia a designação de GMC CCKW 352B2, e sua concepção visava prioritariamente reduzir o emprego de materiais estratégicos como o aço, além de otimizar o tempo de montagem possibilitando assim aumentar a capacidade de produção para o atendimento as crescentes demandas de guerra. Paralelamente este novo design reduziria a altura total do veículo, otimizando seu transporte por meios navais, permitindo também como bônus passar a ser equipado com uma metralhadora Browning calibre .50, afixada em um suporte giratório sobre o assento do passageiro para ser empregada como arma autodefesa.  Os caminhões desta família estavam equipados com o tradicional motor GMC 270 com 16 válvulas, desenvolvendo 91 cv de potência a 2750 rpm, em conjunto com uma transmissão Warner T-93 de cinco velocidades. Seu sistema de suspensão do tipo Timken permitia perfeito deslocamento em terrenos desfavoráveis, inicialmente sendo empregado nos três eixos, posteriormente na linha de produção seria adotado o sistema General Motors "Banjo". Seria basicamente produzido em configurações de duas distâncias entre eixos, o modelo curto CCKW 352 com 3,68 metros e o longo CCKW 353 com 4,17 metros de comprimento. Seus pneus apresentavam a configuração 7.50-20 com freios eram hidráulicos com assistência a vácuo. Algumas versões de transporte, seriam ainda equipadas com guinchos hidráulicos montados na frente do veículo com capacidade para tracionar cargas ou veículos de até 4.500 kg.  

Em serviço a família de caminhões General Motors CCKW 352 e CCKW 353, representaria o esteio da força de transporte mecanizada das forças aliadas durante a Segunda Guerra Mundial. Sua confiável plataforma permitiria o desenvolvimento de inúmeras variantes especializadas entre elas, transporte de tropas e carga, basculante, cisterna (2.800 litros), oficina de armas, carro comando, ambulância, centro cirúrgico, oficina de reparos gerais, posto de rádio, descontaminação química, odontológica, transporte de combustível (2.600 litros), antiaéreo, semi-reboque, purificador de água, compressor de ar, central de reprodução de mapas, transporte de gás, plataforma elevatória, posto telefônico, transporte de balsas, socorro, talha e manipulação química. Devido a excelente reputação conquistada no campo de batalha, o modelo seria carinhosamente apelidado no Exército dos Estados Unidos (US Army) de "Jimmy" or  Deuce and a Half" (Dois e Meio). Além de seu importante papel na Operação Overlod (invasão da França), os caminhões GMC CCKW teriam destacada participação na operação  Red Ball Express, um famoso sistema de comboio de caminhões que abasteceria as forças aliadas que depois de desembarcadas nas praias da costa francesa em junho e julho de 1944 se moviam rapidamente pela Europa. Um dos grandes segredos do sucesso deste projeto, estava baseado na presença de altos índices de componentes comuns na indústria automotiva norte-americana, sendo testados e comprovados em uso comercial ao longo de anos. Este fator concederia aos GMC CCKW ampla confiabilidade resistência e desempenho e facilidade de manutenção, além de que esta opção pelo emprego por itens de linha e comunalidade de ferramental proporcionariam uma produção em série em uma escala jamais vista.  Estas características positivas levariam entre os anos de 1940 e 1945 a uma produção total de incríveis 562.750 caminhões de diversas versões e modelos, entregues, com muitos deste fornecidos na forma de kits e montados ao ar livre diretamente nos mais diversos teatros de operações. Ainda no contexto da Segunda Guerra Mundial, esta família de caminhões representaria ainda um dos grandes expoentes do programa de ajuda militar Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), com milhares de unidades sendo fornecidas aos milhares as nações aliadas, com destaque para as Forças Francesas Livres e para o Exército Vermelho Soviético. Pode-se seguramente afirmar que os caminhões GMC CCKW 352 e CCKW 353 foram a grande plataforma que proporcionou a vitória final dos aliados na Segunda Guerra Mundial. 

Como dito anteriormente sua flexível plataforma permitiu o desenvolvimento de inúmeras variantes especializadas entre elas surgiram os modelos dedicados ao transporte e abastecimento de combustível seja ele para o consumo aeronáutico ou para veicular. Suas primeiras versões seriam montadas sobre a plataforma básica do GMC CCKW 352 e distribuídos as unidades operacionais forças armadas norte-americanas. Duas versões seriam empregadas, com delas equipada com duas cisternas com capacidade individual para 1.420 litros e a outra dotada de somente uma cisterna para 2.840 litros, estavam ainda dotadas com equipamentos e ferramental de apoio dispostos em compartimentos distribuídos ao longo dos tanques. O advento da produção do modelo CCKW 353, também seria contemplado com a versão tanque, recebendo as designações D1, D2 , E1 e E2, ocupando as linhas de montagem da  Yellow Truck and Coach Manufacturing Company e da GMC Truck and Coach Division. Ao todo até julho de 1945 seriam entregues 4.133 caminhões deste tipo. O eclodir da Guerra da Coreia (1950-1953) levaria os caminhões GMC CCW 352 e CCK 353 a atuar novamente em um cenário de conflagração real, com milhares destes sendo deslocados para este teatro de operações, servindo não só ao Exército dos Estados Unidos (US Army) mas também junto ao Exército da Coreia do Sul (대한민국 육군). Apesar da excelente folha de serviços e gigante disponibilidade operacional,  ao final da década de 1940, ficava claro que o modelo já estava entrando em um estágio de obsolescência, gerando a necessidade de sua substituição a médio prazo. Esta demanda seria suprida pelo desenvolvimento dos novos caminhões REO M-34 e REO M-35 cisterna de água e combustível, que passariam a entrar em serviço em meados da década de 1950, e tão logo atingiram um patamar representativo em termos de frota, permitiriam iniciar um gradual processo de substituição dos caminhões da família GMC CCKW junto as forças armadas norte-americanas. Este movimento geraria um grande número excedente de veículos em bom estado,  que passariam a ser novamente incluídos nos programa de ajuda militar, e seriam comercializados nos mercados civis mexicano, norte-americano e canadense. Os últimos GMC CCKW 352 e 353 somente seriam retirados de serviço no Exército dos Estados Unidos (US Army) em meados da década de 1960, comprovando a versatilidade e robustez do model

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Esta possibilidade se clarificaria quando a França capitulou em junho de 1940, pois a partir deste momento a Alemanha Nazista poderia estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas, proporcionando um trampolim para uma provável invasão do continente. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável para o lançamento desta campanha, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão.  Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul, tornariam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral brasileiro se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, pois mais notadamente a cidade de Recife se postava como ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Desta maneira poderia ser estabelecido nesta localidade uma ponte para o envio de tropas, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário resultaria logo sem seguida um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, gerando uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, destinados a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil que estava sendo potencializada pelo comercio exterior com o Estados Unidos, transportando diariamente matérias primas para a indústria de guerra daquele país. A participação brasileira no esforço de guerra aliado seria ampliada em breve, pois Getúlio Vargas afirmaria que o país não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos para os países aliados, e possivelmente figurava entre seus planos uma participação mais destacada junto aos aliados envolvendo o emprego de tropas em algum importante teatro de operações do conflito.     

Naquele período o Exército Brasileiro se encontrava em um estado de obsolescência de armas e materiais, e apresentava entre suas principais carências a falta de caminhões militares com tração integral 4X4 e 6X6, com os poucos disponíveis se encontrando em quantidade suficiente para o atendimento de suas demandas. Suas fileiras estavam neste momento equipadas com antigos caminhões civis leves militarizados, como os Chevrolet Gigante (Flatbed Truck) e Tigre, Dodge T-203 e Ford V8, que eram sendo complementados por poucos veículos de transporte genuinamente militares como   alemães 6X6 Henschel & Son e americanos Thornycroft Tartar 6X4. Nos termos do programa de Leand & Lease estava prevista a cessão de quase quatro mil caminhões, com a maioria dispostos com tração 4X4. Em referência aos veículos maiores com tração 6X6 seriam cedidos mil quatrocentos e quarenta e cinco caminhões  da família GMC CCKW, dispostos na versão de carga CCKW-352 A1 e B2, versão oficina GMC CCKW-352 G-138 M-6, versão Reparo de Armas GMC CCKW-352 G-139 M-7,  versão Reparo de Artilharia GMC CCKW-352 G-140 M-9, versão Reparo de Instrumentos GMC CCKW-352 G-140 M-10, versão Reparo de Solda GMC CCKW-352 G-140 M-12, versão Reparo Automotivo GMC CCKW-352 G-139 M-8, versão Oficina de Maquinas GMC CCKW-352 G-140 M-16, versão Reparo Elétrico GMC CCKW-352 G-140 M-18 e por fim a versão Reparo Corpo de Sinal GMC CCKW-352 G-140 M-18. Esta variada gama de versões possibilitava a Força Terrestre operar plenamente, podendo atender a todos as demandas da força motomecaniza brasileira. Os primeiros caminhões seriam recebidos no ano de 1942, com os últimos quatrocentos e noventa sendo entregues até fins do ano de 1944. Rapidamente após recebimento e revisão e treinamento de motoristas, estes caminhões que passaram a ser distribuídos as unidades operacionais do Exército Brasileiro dispostas em todo território nacional.  No entanto a frota não seria limitada a estes números somente, pois a participação brasileira no esforço de guerra em breve envolveria o envio de um contingente militar para o teatro de operações na Europa. Assim como esperado, o país tomaria parte em um esforço maior junto aos aliados, com está intensão sendo concretizada no dia 09 de agosto de 1943, quando através da Portaria Ministerial nº 4.744, publicada em boletim reservado de 13 do mesmo mês, seria estruturada a Força Expedicionária Brasileira (FEB), constituída pela 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) e por órgãos não-divisionários.   
Para o comando da força expedicionária seria escolhido o general-de-divisão, Joao Batista Mascarenhas de Morais, que teria a sua disposição três Regimentos de Infantaria (6º Regimento de Infantaria de Caçapava,  1º Regimento de Infantaria e o 11º Regimento de Infantaria), quatro grupos de artilharia (três de calibre 105 mm e um de calibre 155 mm); uma esquadrilha de aviação destinada à ligação e à observação (pertencente a Força Aérea Brasileira); um batalhão de engenharia; um batalhão de saúde; um esquadrão de reconhecimento, e uma companhia de transmissão (na verdade, de comunicações). Sua estrutura organizacional incluiria ainda o comando do quartel-general, um destacamento de saúde, uma companhia do quartel-general, uma companhia de manutenção, uma companhia de intendência, um pelotão de sepultamento, um pelotão de polícia e uma banda de música. O contingente estimado a ser enviado, seria da ordem de vinte e cinco mil soldados, e deveria atuar dentro do conceito operacional do Exército dos Estados Unidos (US Army), e desta maneira a Força Expedicionária Brasileira, deveria apresentar alta capacidade de mobilidade, devendo assim ser dotada de muitos veículos de transporte de pessoal de todos os modelos, sendo os mesmos em uso nas forças aliadas naquele momento. Atendendo ao cronograma estabelecido, o primeiro contingente brasileiro desembarcaria na cidade de Nápoles na Itália 16 de julho de 1944,  e após um breve período de treinamento passariam a integrar os efetivos do V Corpo do Exército dos Estados Unidos, sob o comando do general Mark Wayne Clark. Neste momento as forças brasileiras receberiam. Nesta etapa a Força Expedicionária Brasileira (FEB) receberia todo o seu armamento, equipamentos e veículos, sendo estes retirados do estoque estratégico de recomplemementação do Exército dos Estados Unidos (US Army), baseado na cidade italiana de Tarquinia. No que tange a caminhões de transporte de carga e pessoal seriam disponibilizados aos efetivos brasileiros um total de novecentos e cinquenta veículos dispostos entre as versões GMC CCKW-352 A1 e B2 (cabine aberta e fechada). Uma pequena parcela desta numerosa frota seria composta ainda por caminhões cisterna de combustível para transporte e abastecimento de combustível (gasolina comum e de aviação) e para o transporte de água potável, item tão fundamental em uma área de conflagração real. As versões destinadas as forças brasileiras, estariam dispostas nas versões CCKW 353 C2 D1  “cabine aberta” e  CCKW 353 C2 D2  “cabine fechada”, e seriam empregados pelo Exército Brasileiro no abastecimento em trânsito dos caminhões, jipes e blindados leves M-8 Greyhound. Estes modelos também seriam utilizados pela Força Aérea Brasileira para o abastecimento na pista de aeronaves de caça e observação pertencentes ao 1º Grupo de Aviação de Caça (1ºGAvC) e a 1º Esquadrilha de Ligação e Observação (1º ELO).   

Os CCKW 353 cisternas disponíbilizados as Forças Armadas Brasileiras apresentavam duas configurações básicas em termos de capacidade de transporte de líquidos, sendo uma com tanque individual para 1.420 litros e a outra dotada de somente um tanque para 2.840 litros.  Já no Brasil, a presença destes modelos caminhões cisterna de combustível para o abastecimento de aeronaves passaria a ser uma visão constante nas bases aéreas espalhadas ao longo da costa nordestes e sudeste do Brasil, que eram operadas em parceria entre militares brasileiros e norte-americanos. Após o término do conflito em maio de 1945, os caminhões GMC CCKW-352 A1 e B2, bem como os demais veículos, armas e equipamentos pertencentes ao Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira seriam encaminhados ao Comando de Material do Exército dos Estados Unidos (US Army) na cidade de Roma. Nesta organização, os veículos em melhor estado de conservação seriam armazenados e despachados posteriormente ao Brasil por via naval. Neste mesmo ano ainda nos auspícios do programa Leand & Lease Act Bill, seriam recebidos no porto do Rio de Janeiro mais quarenta caminhões cisterna de combustível CCKW-353,  se juntando assim aos demais veículos deste tipo que já se encontravam no país em serviço desde 1942. Em meados da década seguinte pelo menos mais trinta caminhões seriam cedidos as Forças Armadas Brasileiras, sendo fornecidos nos vantajosos termos do Programa de Assistência Militar (MAP Military Assistance Program), sistemática esta que visava criar linhas de crédito e vantagens econômicas para o fornecimento de material militar de segunda mão.   Ao longo dos anos seguintes, apesar de seguirem prestando excelentes serviços ao Exército Brasileiro, em meados da década de 1950 a frota dos caminhões GMC CCKW-352 e CCKW-353 bem como os Studebaker US-6G, começavam a apresentar altos índices de indisponibilidade, não só pelo eminente desgaste operacional, mas também devido à escassez e peças de reposição, com este fato se dando devido descontinuação de sua produção ter ocorrido há mais de vinte anos. Neste contexto, seu calcanhar de Aquiles estava baseado principalmente em seu motor a gasolina de seis cilindros em linha, o  GMC 270-OHV, que apresentavam a maior dificuldade na obtenção de peças de reposição no mercado internacional, além de terem um consumo excessivo de combustível. Tal situação passaria a causar extrema preocupação por parte do comando do Exército Brasileiro, pois afetava perigosamente a capacidade de mobilidade tática da Força Terrestre . Este momento demandaria o estudo de possíveis soluções a curto e médio prazo para a resolução desta problemática, e em termos básicos a opção mais eficaz passava pela aquisição de um número similar de veículos militares de transporte com tração 4X4 e 6X6, sendo mais indicados os caminhões da família REO M-34 e M-35.
Porém o investimento necessário para uma aquisição de um significativo lote destes modelos de caminhões genuinamente militares, se apresentava naquele momento se pautava completamente fora da realidade orçamentaria do Exército Brasileiro.  Estudos mais realistas apontavam, para três soluções complementares, sendo a primeira baseada na aquisição de um pequeno número de caminhões militares modernos como os REOs M-34 e M-35, a segunda envolvia estudos referentes a possível repotencialização dos caminhões GMC Série CCKW 352 - 353 e Studebaker US-6G e pôr fim a terceira previa a incorporação de caminhões comerciais militarizados para o cumprimento de missões secundarias. A combinação destas três alternativas poderia devolver ao Exército Brasileiro um mínimo de capacidade operacional, infelizmente a segunda opção logo seria descartada, pois estudos mais aprofundados realizados pela equipe do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) não recomendariam sua implementação em larga.  Neste contexto o emprego de caminhões militarizados produzidos nacionalmente passaria a ganhar força, com esta solução sendo potencializada pelo governo brasileiro, que intensificava seu apoio ao estabelecimento de uma indústria automotiva nacional, atraindo ao país diversas montadoras internacionais, inclusive de caminhões. Um certo alívio só viria a ocorrer a partir do ano de 1958, quando seriam recebidos os primeiros caminhões com tração 6X6 do modelo REO M-34, porém as quantidades incorporadas se apresentavam muito inferior as demandas exigidas pela Força Terrestre. No que tange a continuidade de operação dos caminhões cisternas de combustível, a maior parte dos CCKW 353, começariam a ser complementados e substituídos por veículos similares produzidos localmente pela Fábrica Nacional de Motores -  FNM, Mercedes Benz do Brasil e Ford do Brasil.  No final da década de 1960, advento da terceirização do serviço de abastecimento de querosene de aviação para as aeronaves da Força Aérea Brasileira, viria a abreviar a carreira deste modelo, porém no Exército Brasileiro e no Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, os GMC CCKW 353, iriam se manter na ativa até meados da década de 1970, quando passariam a ser substituídos pelo modelo REO M-49. Em 2015 oficiais e mecânicos do 19º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RC Mec) promoveriam a recuperação e restauração do CCKW 353 C2 D2  "EB22-6396", com objetivo de serem empregados em cerimoniais. 

Em Escala.
Como atualmente não existe no mercado um kit referente ao caminhão GMC CCKW 353C2- D1 cisterna de combustível, partimos para a opção de conversão para construirmos este modelo em especifico. Assim fizemos uso de  um antigo kit pertencente a versão básica de carga produzido pela Italeri na escala 1/35,  em conjunto com o set de conversão em resina da Czech Master Nº 3019.  Para melhor detalhamento fizemos uso de itens em resina como extintores e demais itens presentes nas caixas de ferramentas. Para representarmos um veiculo operado pela Força Aérea Brasileira durante a campanha da Itália na Segunda Guerra Mundial, empregamos um set de decais confeccionados pela Decals e Books presentes como complemento do livro "FEB Na Segunda Guerra Mundial". 
O esquema de cores  (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático empregado pelo Exército dos Estados Unidos (US Army) durante a Segunda Guerra Mundial, sendo adotado também pela Exército Brasileiro e Força Aérea Brasileira na Europa. Este esquema na Força Terrestre seria mantido no pós-guerra, permanecendo até a desativação no final da década de 1970. Já os caminhões pertencentes a Aeronáutica receberiam um padrão de pintura em amarelo de alta visibilidade. 




Bibliografia : 
- Caminhão Comando e dormitório na FEB - Expedito Carlos S Bastos   www.ecsbdefesa.com.br/fts/Caminh%E3o%20Comando.pdf
- GMC CCKW – Wikipedia http://en.wikipedia.org/wiki/GMC_CCKW
- Pesquisa Leand & Lease WWII Brasil
- FEB na Segunda Guerra Mundial - Luciano Barbosa Monteiro - Decals e Books