M-60A3 TTS Paton

História e Desenvolvimento.
Do ponto de vista da engenharia automotiva com aplicação militar, a Segunda Guerra Mundial representaria um período de evolução sem igual. Em um intervalo de seis anos, exércitos que ainda utilizavam a cavalaria de forma literal com cavalos seriam substituídos por divisões blindadas com carros de combate com peso de até 76 toneladas. Na ponta de lança dessa corrida tecnológica estava a Alemanha e sua já prestigiada indústria automotiva, que ao longo do conflito conceberia e produziria em larga escala lendários modelos de carros de combate, os "Panzer ou Panzerkampfwagen" (que em alemão, significa couraça). Estes em maciço conjunto com veículos blindados especializados e de transporte de tropas seriam as ferramentas empregadas na doutrina Blitzkrieg (Guerra Relâmpago), que em combate rompiam  rompiam os pontos frágeis das defesas inimigas e os exploravam com velocidade atordoante, garantindo nas fases iniciais da guerra retumbantes vitórias. No entanto apesar de deterem a vantagem tecnológica, os icônicos Panzers seriam superados em números por seus rivais norte-americanos no front ocidental ou pelos eficientes T-34 soviéticos no leste europeu. O desempenho deste último que não só rivalizava, mas superava os blindados alemães clarificaria o talento da indústria da União Soviética (URSS) em produzir carros de combate robustos e com grande poder de fogo.  Este sucesso se repetiria com os novos T-44 e T-54 lançados em fins da década de 1940 e início da década seguinte, sendo produzidos em larga escala para equipar as forças do bloco soviético. Neste campo a resposta norte-americana seria dada com o desenvolvimento de carros pesados, inicialmente com o M-46 Paton que entraria em serviço no ano de 1949, passando a substituir o M-26 Pershing e M-4 Sherman. Em 1951 seriam incorporados os primeiros M-47, com este se tornado o veículo padrão em uso tanto no Exército dos Estados Unidos (US Army) quanto no Corpo de Fuzileiros Navais (United States Marine Corps). Apesar destes dois modelos representarem grandes avanços, as forças armadas norte-americanas ainda se ressentiam da falta de um MBT "Tanque de batalha principal" (Main Battle Tank), com esta demanda sendo atendida a partir de 1952 com a introdução do M-48 Patton, que fazia uso de um novo canhão de 90 mm com carregamento automático, e sistema de blindagem reforçada de apliques compostos feitos com vidro de sílica fundido foram concebidos para serem instalados no casco. Apresentava ainda um novo sistema de controle de fogo que incluía um telêmetro, computador balístico mecânico, acionamento balístico e mira de artilheiro. Rapidamente o M-48 se tornaria o esteio da força de carros de combate dos Exército dos Estados Unidos (US Army) e do Corpo de Fuzileiros Navais (United States Marine Corps), substituindo os M-46 e M-47. Milhares destes carros de combate,  seriam ainda exportados para nações aliadas, com sua produção final até o ano de 1956, superando a casa das doze mil unidades. 

Na segunda metade da década de 1950 a União Soviética passaria a introduzir em seu exército, versões atualizadas do T-54 , que incluíam mais de 1.400 modificações elevando o patamar operacional do modelo, despertando grande preocupação por parte dos norte-americanos. Este cenário seria agravado logo em seguida quando agencias de inteligência identificaram o processo de desenvolvimento de um novo carro de combate soviético o T-55.  Neste momento ficava claro que as versões posteriores do M-48 Patton  (inclusive equipadas com canhão de 105 mm) não seriam páreo para enfrentar nos hipotéticos campos de batalha na Europa os novos carros de combate soviéticos. Além das qualidades destes novos carros de combate, a balança pesava a favor das Forças do Pacto de Varsóvia pela sua incrível superioridade numérica. Este grave cenário levaria ao estudo com a finalidade de se implementar uma emergencial modernização na frota de carros de combate M-48 Patton, porém análises detalhadas revelariam, que qualquer processo adota neste aspecto resultaria em resultados pouco eficazes. Desta maneira para atender a esta demanda se faria necessário o desenvolvimento de uma segunda geração de MBT (Tanque de batalha principal), com esta iniciativa sendo deflagrada em abril de 1957.  Este programa sobre a égide "MBT T-95" estaria estabelecido sobre parâmetros inovadores e experimentais para um carro de combate, se destacando o canhão T-208 de alma lisa de 90 mm, fixado rigidamente à sua torre, design inovador de motor em forma de "X", uma nova estrutura de blindagem composta e sistema de telêmetro infravermelho. Porém depois verificou-se que desenvolvimento destas inovações e sua implementação funcional no novo carro de combate, acabariam resultando em consideráveis atrasos no cronograma geral, com projeto passando a conter uma abordagem mais convencional. O projeto apesar de promissor seria muito influenciado por um fato inusitado, pois em 1956 durante a Revolução Húngara, um T-54A foi levado pelos húngaros à embaixada do Reino Unido em Budapeste, neste momento o carro seria submetido a um breve exame por parte de oficiais e técnicos britânicos. Este processo levaria a conclusões importantes, entre elas que as munições anticarro do tipo HEAT  (High Explosive Anti Tank) ou Armor-Piercing Capped (APC), então existentes no inventário da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) eram incapazes de penetrar sua blindagem frontal. Perplexos os britânicos iniciariam esforços para contrapor este nível de ameaça, levando assim ao desenvolvimento do novo canhão de 105 mm, o  Royal Ordnance L7. Esta arma passaria a equipar o carro de combate FV4007 Centurion, proporcionando assim oferecer um poder de fogo que pudesse infringir danos a blindagem dos carros  de combate soviéticos. 

Estes dados seriam compartilhados com os militares norte-americanos, passando a influenciar diretamente o programa do carro principal de combate "MBT T-95", e as ponderações resultantes deste estudo levariam a criação do programa XM-60, que passaria a gerido pelo Comitê do Exército para Veículos de Combate (Army Combat Vehicle-ARCOVE). A fim de favorecer o custo de aquisição e operação (além de aproveitamento de ferramental) seria definido que novo carro de combate fosse desenvolvido a partir da plataforma do M-48 Patton, considerando a várias características técnicas do M-26 Pershing. Para escolha da arma principal seriam realizados em 1958 testes comparativos no campo de provas Aberdeen Proving Grounds envolvendo seis modelos de canhões diferentes. Neste processo seria avaliado a precisão, letalidade de um golpe, taxa de tiro e desempenho de penetração de cada concorrente, com a escolha pendendo para a adoção do modelo T-123E6 de 105 mm (sendo este uma versão sob licença do canhão britânico Royal Ordnance L7). Além de apresentar melhor avaliação nos itens aferidos, esta arma fazia uso de uma ampla variedade de munições já usadas no canhão M-58, como APDS-Tracer (APDS-T) (M392 e M728), Armour-Piercing Fin-Stabilized Discarding Sabot-Tracer (APFSDS-T) (M735 e M774), APFSDS Depleted Uranium (DU) (APFSDS-DU) (M833), HEAT-FS (M456), APDS, HEP, HESH e M393), disponíveis em grandes quantidades nos paios do Exército dos Estados Unidos (US Army). Após ajustes no projeto o modelo receberia a designação de M-68 passando a ser produzido pelo Arsenal de Guerra Watervliet em Nova York. Seu conjunto de blindagem seria construído em apliques compostos feitos com vidro de sílica fundido, sendo projetados para serem montados no casco. Isso levaria a um completo redesenho da frente do casco na forma de uma cunha plana, em vez da frente elíptica presente no design do M-48 Patton. Esta solução apresentava melhorias no sistema de proteção final do casco, que apesar de dispor de 93mm ao invés de 114 mm possuía um ângulo mais íngreme, aumentando assim a eficiência da blindagem. Apesar de eficaz este sistema de blindagem seria abandonado na segunda versão de produção, levando a adoção de uma armadura de aço convencional, apresentando uma melhor relação de custo-benefício. O novo veículo receberia ainda o moderno motor a diesel Continental V-12 Twin Turbo refrigerado a ar desenvolvendo 750 hp de potência. O contrato de aquisição envolvendo 45 carros de pré-produção seria aprovado em abril de 1959, com a produção inicial iniciada em junho nas linhas de montagem da fábrica de defesa da Chrysler Corporation em Delaware.

As primeiras entregas ocorreriam entre novembro e dezembro de 1959, com os M-60 sendo destinados a um elaborado programa de avaliação no Campo de Provas de Aberdeen, com um segundo e terceiros lotes de carros sendo contratos para emprego junto Centro de Testes do Arsenal de Detroit e Fort Knox.  Um quarto lote piloto foi concluído em 26 de outubro sendo usado como casco mestre para verificar os padrões de produção na fábrica de tanques de Detroit, com um total de produção inicial de baixa taxa de 180 carros de combate construídos em 1959. A produção em série, teria início com o lote de outubro de 1960, seria construída na fábrica de tanques do Detroit Arsenal, em Warren, Michigan, atingindo então o patamar de capacidade operacional com o envio para unidades do Exército na Europa a partir de dezembro do mesmo ano.  Apesar de representar um grande avanço sobre os M-48 Patton, verificou se durante seu processo de introdução no serviço ativo, que o novo carro de combate carecia ainda de melhorias de projeto, levando a avaliação para implementação de soluções que viessem a atender a estas demandas. Assim no início do ano de 1960 nascia o programa M-60A1, com os primeiros protótipos sendo submetidos a testes no mês de março e abril. A nova versão abandonava o sistema de blindagem composto, e passava a dispor de uma torre com maior proteção balística, periscópios IR de visão infravermelho e motor Continental AVDS-1790-2A (que apresentava um perfil de uso mais econômico e com menor emissão de fumaça). Após um amplo programa de testes de campo realizados campo em Fort Knox, o modelo receberia em 22 de outubro de 1961 sua aceitação operacional. Com as definições oficializadas, seria celebrado no final deste mesmo ano um contrato no valor de US$ 61.000.000 milhões de dólares prevendo a aquisição inicial de 720 carros. Sua produção teve início em 13 de outubro de 1962, a partir das linhas de montagem da Detroit Arsenal Tank Plant, uma subsidiária da Crysler Automotive Company, com o modelo se mantendo em produção por vinte anos.  A próxima versão seria designada como M-60A2 e seria fruto de estudos para o emprego de misseis antitanques guiados disparados pelo veículo. Diversos protótipos foram testados no campo de provas de Aberdeen, com o modelo M-60A1E2 sendo aceito pelo Exército dos Estados Unidos (US Army) em 1970. Um contrato de 540 carros seria firmado, com as entregas sendo efetuadas a partir de 1975. No entanto, os modelos M-60A1 e M-60A2 ainda eram incapazes de disparar com precisão em movimento, esta deficiência começou a ser solucionada a partir de 1978, quando iniciaram-se os trabalhos de desenvolvimento da variante M-60A3. Essa versão além de agregar um eficiente sistema de estabilização de tiro em movimento, que em conjunto com novo computador balístico M-21 criava uma plataforma estabilizada que permitia a realização do tiro a longas distancias, (incluindo munição tipo flecha APFDS) com elevada probabilidade de acerto no primeiro tiro, mesmo contra alvos em movimento e sob qualquer situação climática e de visibilidade. Os primeiros carros começariam a ser entregues as unidades operativas a partir de meados de 1979. 
Em serviço junto ao Exército dos Estados Unidos (US Army) e Corpo de Fuzileiros Navais Americanos (US Marine Corps), o M-60A3 Patton representaria o carro de combate padrão, até começar a ser substituído em grande escala pelo novo Carro de Combate Principal (MBT) M-1 Abrams a partir de 1984. Desta maneira cerca de 3.000 carros seriam transferidos para as unidades da Guarda Nacional do Exército (National Guard), a fim de serem armazenados para reforçar as unidades ativas do Exército na Europa em caso de conflito. Uma parte desta frota seria submetida a programa de atualização, resultando nos modelos M-60AX e M-60A4 No entanto um representativo número ainda permaneceria em serviço, participando ativamente da primeira e da segunda guerra do Golfo. O modelo se destacaria no mercado internacional, com centenas sendo fornecidos a nações amigas nos termos do programa de Vendas Militares Estrangeiras dos Estados Unidos (FMS). Estes carros receberiam a designação de E-60, sendo customizados de acordo com modificações solicitadas, como remoção da cúpula M-19, diferentes modelos de metralhadoras, eletrônicos, sistemas de controle de fogo ou rádios, placas de blindagem externas, lançadores de fumaça e motores. Israel se notabilizaria como principal operador com 1.350 carros, implementando localmente um grande número de melhorias criando o modelo Magach 6. A Jordânia também promoveria um programa semelhante resultando no M60A3 Phoenix, equipado com canhão de cano liso RUAG Land Systems L50 de 120 mm com uma taxa de disparo de 6 a 10 tiros por minuto, operando em conjunto com Sistema Integrado de Controle de Fogo (IFCS) da Raytheon, consistindo  em um telêmetro a laser seguro para os olhos, visão noturna de segunda geração, computador balístico digital, sensores de escala e um barramento de dados MIL-STD 1553. Além destes a família M-60 dotarias as forças armadas da Bósnia, Herzegovina, Bahrain, Alemanha, Espanha, Egito, Grécia, Irã, Jordânia, Líbano, Marrocos, Omã, Portugal, Arábia Saudita, Espanha, Taiwan, Sudão, Tailândia, Tunísia, Singapura Brasil, Turquia, Áustria, Etiópia, Itália, Iêmen e Ucrânia, onde muitos ainda permanecem em serviço ativo. 

Emprego no Exército Brasileiro.
A implementação da arma de cavalaria blindada no Brasil, seria desenvolvida e potencializada a partir da Segunda Guerra Mundial, quando do fornecimento de centenas de carros de combate dos modelos M-3 Stuart, M-3 Lee e M-4 Sherman. Esta imponente frota para os padrões regionais naquele período, traria grande capacidade operacional para a Força Terrestre. Apesar deste cenário, poucos anos depois estes carros de combate se encontrariam obsoletos, levando a necessidade de implementação de um ciclo de renovação dos meios blindados. Desta maneira em meados da década de 1960, seriam incorporados nos termos do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program) os primeiros carros de combate médios M-41 Walker Buldog. Ao substituir ou complementar os antigos modelos M-4 e M-4A1 Sherman, M-3 Lee e M-3 e M-3A1 Stuart, estes novos blindados trariam o contato e imersão das tripulações brasileiras a inovações tecnológicas de grande monta, como torres com sistema de acionamento hidráulico, sistema de visão infravermelho (M-41A3), canhões mais eficientes, maior velocidade de deslocamento e conjuntos mira mais precisos. No entanto o rápido avançar da tecnologia naquele mesmo logo traria a obsolescência neste segmento ao Exército Brasileiro. No início da década de 1970 seriam desenvolvidas iniciativas de modernização ou desenvolvimento pela indústria nacional em parceria com os militares. Este processo visava garantir localmente os meios para a promoção de um novo ciclo de renovação da Arma de Cavalaria Blindada Brasileira. Entre estes esforços destacamos os projetos Bernardin X1 e X-1A, M-41B e M-41C Caxias, no entanto estas seriam soluções paliativas de pouco êxito operacional. Paralelamente esforços mais ousados como os projetos Bernadini MB-3 Tamoyo e Engesa  EET-1 P1 Osório, porém infelizmente não avançariam além dos estágios de protótipos. Estes acontecimentos impactariam severamente a Força Terrestre, que em espera de uma solução nacional não promoveria a inclusão de novos carros de combate, ficando assim claramente defasado em relação as hipotéticas ameaças representadas no cone sul. No  início da década de 1990, a força de carros de combate de primeira  estava composta pelos modelos  modernizados M-41B e M41C Caxias, que apesar de estarem disponíveis em grande escala, já eram considerados obsoletos para operação em uma moderna arena de combate.  Se fazia necessário então em curto espaço de tempo prover a substituição destes carros na linha de frente, devendo-se também substituir por completo os modelos Bernardini X-1 Pioneiro & X-1A2 Carcará que ainda dotavam dois Regimentos de Carros de Combate (RCC). 

Esta demanda passaria a ser considerada como prioridade, dentro do escopo do programa Força Terrestre 90 (FT 90), que tinha como meta a curto prazo na construção do “exército do futuro”, que deveria se estender até 2015, envolvendo os planos Força Terrestre 2000 (FT 2000) e Força Terrestre do Século XXI (FT 21). Desta maneira seria previsto a análise e aquisição de um substancial lote de carros blindados de nova geração, que a médio prazo deveria substituir toda a frota atual, envolvendo principalmente os carros de combate. Uma concorrência seria aberta, passando-se a analisar propostas internacionais que envolviam o modelo francês AMX 30, o alemão Krauss Maffei  Leopard I, o norte-americano Chrysler M-60A3 e curiosamente até o russo LKZ T-80, que chegaria a ser avaliado por uma comitiva brasileira em uma viagem a aquele país. Neste contexto a preferência do Exército Brasileiro acabaria para pender para o modelo alemão, no entanto os investimentos pretendidos para a aquisição de mais de cem carros de combate "novos de fábrica" acabariam por ser obstruídos pela estagnação econômica nacional naquele momento específico, que culminariam em severos cortes nos orçamentos destinados as Forças Armadas naquela década.  A fim se adequar a realidade orçamentaria premente, este programa passaria a ser norteado com buscas em compras de oportunidade, sendo analisadas diversas propostas no mercado internacional. Entre estas se destacaria uma oferta apresentada pelo governo da Bélgica envolvendo carros de combate usados do modelo Leopard 1A1, unidades oriundas do primeiro lote, produzidos entre os anos de 1968 e 1971. Salientando que estes haviam sido atualizados na década de 1980 para uma versão intermediaria com alterações eu seus sistemas de mira e comunicações. Esta movimentação não passaria desapercebida pelo Departamento de Estado do Governo dos Estados Unidos (DoD), que buscava neste momento fortalecer sua influência geopolítica junto ao governo brasileiro. Uma das vertentes desta iniciativa visava retomar a preferência como principal fornecedor itens militares, tendo em vista que em 1977, após o rompimento do Acordo Militar Brasil - Estados Unidos, o país passaria a ser atendido somente pela indústria europeia. A fim de reverter este cenário, em 1996 seria apresentado ao governo brasileiro uma proposta extremamente interessante em termos financeiros, envolvendo a cessão de carros de combate em forma de leasing. Para este processo seria escolhido um lote de veículos usados, porém em excelente estado de conservação do modelo M-60A3 TTS, que se encontravam em reserva técnica, após serem substituídos pelos novos MBT M-1 Abrams. Esta proposta envolvia a cessão de um lote de noventa e um carros de combate M-60A3 TT, munição, peças reposição e treinamento, a um custo total de US$ 12.000.000 milhões de dólares. 

No entanto este contrato a ser firmado, apresentava normativas referentes a limitações de uso em situações de conflagração real, sendo seu emprego neste caso vedado caso não houvesse prévia anuência do governo norte-americano. Apesar disto a proposta se mostrava extremamente vantajosa, tanto em termos técnicos quanto econômicos, culminando na aceitação por parte do governo brasileiro. Em meados do ano de 1996, uma comitiva de oficiais do Exército Brasileiro foi enviada para a base da Guarda Nacional do Exército (National Guard) em Fort Drum no estado de Nova York, onde estes carros de combate se encontravam armazenados a fim de se proceder uma avaliação e escolha dos noventa e um M-60A3 TT. Paralelamente outra equipe formada, desta vez formada por Oficiais e Sargentos de Material Bélico, seria enviada ao Fort Dix, em New Jersey, a fim de realizar o curso de manutenção da nova viatura. E por fim uma terceira equipe composta por Oficiais e Sargentos de Cavalaria seria selecionada para ser tornarem os multiplicadores do curso de guarnição dos carros de combate M-60A3 TTS.  Apesar do contrato de aquisição dos carros de combate Krauss Maffei Leopard 1A1 ter sido celebrado antes do acordo para a cessão por leasing, os blindados norte-americanos seriam recebidos no Brasil em fevereiro de 1997, poucos meses antes da chegada dos blindados alemães, este movimento afirmava o  o interesse do Departamento de Estado daquele país em não perder influência junto ao governo brasileiro. Após realizada inspeção padrão de recebimento, estas viaturas seriam distribuídas ao 4º Regimento de Carros de Combate (RCC), em Rosário do Sul no estado do Rio Grande do Sul, ao 5º Regimento de Carros de Combate (RCC), em Rio Negro, no estado do Paraná, ao Centro de Instrução de Blindados (CiBld), no Rio de Janeiro e na Escola de Material Bélico (EsMb), no Rio de Janeiro. A incorporação do M-60A3 TTS proporcionaria ao Exército Brasileiro, o acesso a tecnologias inéditas embarcadas em carros de combate, não disponíveis na sua frota em uso, como os sistemas Tank Thermal Sight (equipamento de visão noturna passiva e residual), tiro estabilizado e indireto, telêmetro laser e computador balístico de tiro M-21. Ao dispor de uma blindagem mais robusta e arma principal de 105 mm, esta viatura seria classificada como MBT (Main Battle Tank) empregado em nossa Força Terrestre. Apesar destes pontos positivos a operação cotidiana deste modelo no apresentaria algumas limitações em termos de deslocamento pelo interior do país, fator este ocasionado pelo seu peso bruto total, o que o tornava inadequado para operar em algumas regiões, principalmente pela estrutura rodoviária e ferroviária nacional não ter sido dimensionada para operação e transporte de blindados desta categoria. 

Apesar de se tratar de um veículo complexo, com a frota apresentando problemas de padronização (pequenas diferenças mecânicas ou elétricas, resultantes de programas de modernização realizados anteriormente nos Estados Unidos), sua operacionalidade sempre se manteve em níveis aceitáveis. Este patamar seria obtido pelos hercúleos esforços do Parque Regional de Manutenção da 5º Região Militar (PqRMnt/5), que inclusive procedeu com grande êxito a nacionalização de componentes críticos como, filtro de bomba injetora, óleo lubrificante, filtros de óleo de motor, baterias de 150 Ah, filtros primários de óleo e combustível, bandagens da cinta da fricção e outro. Em 2006 o comando do Exército Brasileiro passaria a a considerar a curto prazo um substituto para os carros de combate Leopard 1 A1 e M-60A3 TTS, com este processo culminando na aquisição de mais duas centenas de carros de combate usados agora do modelo Krauss Maffei Leopard 1A5, com os primeiros dez sendo recebidos em 2009. O início desta nova fase promoveria um programa de redistribuição das forças blindadas, com o Leopard 1A5 se tornando o principal carro de combate do Exército Brasileiro. Neste contexto decidiu-se promover a desativação dos derradeiros Bernardini M-41C Caxias que ainda se encontravam em operação junto 20º Regimento de Cavalaria Blindada (RCB) sediado na cidade de Campo Grande no Mato Grosso do Sul, pertencente a estrutura do Comando Militar do Oeste (CMO). Seria então que o M-60A3 TTS passaria a dotar esta unidade, com trinta e dois carros sendo transferidos, com o restante da frota sendo deslocados ao Parque Regional de Manutenção da 9º Região Militar  (PqRMnt/9), a fim de serem desmontados para que seus componentes fossem armazenados para aproveitamento de componentes como suprimento de 2ª classe.  Da frota original, três M-60A3 TTS ainda foram mantidos no Centro de Instrução de Blindados (CiBld) para serem utilizadas nos estágios de formação.  Em operação junto ao 20º Regimento de Cavalaria Blindada (RCB) os M-60A3 TTS apresentariam desde o início bons resultados e excelente nível de operacionalidade representando um salto qualitativo fantástico quando comparado aos antigos Bernardini M-41C Caxias. Neste escopo destacamos a execução em 29 de setembro de 2015 da "Operação de Tiro em Roraima", quando um M-60A3 TTS, depois de ser deslocado por mais de 9.000 km desde a cidade de Campo Grande (MS), até Boa Vista (RR), disparou sete vezes o seu canhão de 105 mm, no Lavrado (terreno similar ao cerrado de Goiás) na Serra do Tucano, Município de Bonfim, próximo à capital. Este evento registraria a primeira vez na história, que um carro de combate operou e disparou no Teatro de Operações da Amazônia e no extremo setentrional do Brasil.   
Ao final da década de 2010, apesar de sua boa performance o M-60A3 TTS já apresentava claros sinais de obsolescência, suscitando diversos estudos referentes a modernização ou extensão da vida útil dos M-60A3 TTS remanescentes. Seriam abordados temas como a modernização e revisão de itens como o sistema de controle de tiro (SCT), a troca para um giro elétrico da torre e o sistema de intercomunicação, além da inclusão do Gerenciador de Campo de Batalha, dentre outros. Neste contexto seriam analisados programas semelhantes aplicados em diversos países, como Israel, Turquia e Taiwan, tendo em vista a versatilidade da plataforma deste veterano carro de combate. Estudos seriam conduzidos neste aspecto visando principalmente a participação da indústria nacional, com seus dados e considerações sendo inclusos um relatório desenvolvido pelo Grupo Tarefa (GT) encarregado de realizar a “Formulação Conceitual dos Meios Blindados do Exército Brasileiro”, que seria publicado em boletim (BE nº 26, de 28 de junho de 2019). Em resumo geral (incluindo os carros de combate Leopard 1A5) apresentam grande defasagem tecnológica, particularmente da proteção blindada, dos sistemas de armamento, aquisição de alvos, observação, direção tiro e Comando e Controle. Neste contexto devido a limitações de recursos e a necessidade em se padronizar os meios da Cavalaria Blindada seria decidido na aplicar nenhum processo de modernização na frota residual dos M-60A3 TTS, definindo que as viaturas ainda operacionais deveriam ser manutenidos com os meios e recursos disponíveis, até serem descartadas, prevendo sua substituição por um novo modelo resultante do programa "Nova Couraça". Em 04 de agosto de 2023, seria publicado o Boletim do Exército Nº 31/2023, que em sua portaria EME/C Ex Nº 1.111* extinguia o Estágio da Viatura Blindada de Combate Carro de Combate (VBC CC) M-60 A3 TTS, para oficiais e sargentos. Este fato seria um indicativo de um horizonte de desativação próximo (algo entre cinco e seis anos), se for considerado questões de movimentação de pessoal, quadro de efetivos da unidade operadora, pessoal técnico/logístico capacitado disponível etc. Além das últimas 25 viaturas em serviço junto ao 20º Regimento de Cavalaria Blindada (RCB), esta diretiva se estende também carros em operação junto Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e no Centro de Instrução de Blindados (CIBlnd). 

Em Escala.
Para representarmos o M-60A3 TTS do Exército Brasileiro empregado atualmente pelo 20º Regimento de Cavalaria Blindada (RCB), fizemos uso do excelente kit da Tamiya na escala 1/35, modelo este que apresenta um excelente nível de detalhamento fornecendo ainda um set extras de equipamentos, tripulação e munição para emprego. Utilizamos decais confeccionados pela  Eletric Products presentes no  set  "Forças Armadas do Brasil".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura adotado pelo Exército Brasileiro, com este esquema tático de dois tons sendo adotado após o término do contrato de leasing dos M-60A3 TTS. Estes carros de combate foram recebidos em 1997 ostentando uma camuflagem tática em três tons empregada nas unidades do Exército dos Estados Unidos (US Army) baseados na Europa, salientando que por disposições previstas no contrato, estes carros não poderiam sofrer nenhuma alteração em seu padrão de pintura, incluindo a adoção de marcações nacionais de qualquer espécie.


Bibliografia :
- Blindados sob lagartas - Expedito Carlos S. Bastos www.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/BSLMPI.pdf
- Blindados no Brasil – Um Longo e Árduo Aprendizado Vol II, por Expedito Carlos S. Bastos
- M60A3 TTS no Brasil – www.defesanet.com
- Viaturas do Exército Brasileiro - http://viaturasdoeb.blogspot.com.br/
- M-60 Patton - http://en.wikipedia.org/wiki/M60_Patton

Ford G-917T 1,5 ton (VNE)


História e Desenvolvimento.
Fundada em 16 de junho de 1903, no subúrbio de Detroit, Michigan, a Ford Motor Company se consolidaria como uma das mais emblemáticas montadoras norte-americanas. Sob a liderança visionária do engenheiro Henry Ford, a empresa nasceu de um investimento ousado, com um capital inicial de US$ 28.000, aportado por Ford e doze investidores, entre os quais se destacavam os irmãos John e Horace Dodge, que mais tarde fundariam a Dodge Motors Company. Apesar das instalações modestas em seus primórdios, a Ford Motors representava uma promessa de inovação em um setor ainda incipiente. Nos primeiros anos, a produção era quase artesanal, com pequenos grupos de dois ou três trabalhadores dedicando-se a cada veículo, montando-os etapa por etapa. Cerca de 80% dos componentes eram fornecidos por terceiros, mas os modelos iniciais da Ford rapidamente conquistaram a confiança do público norte-americano, posicionando a empresa como líder no mercado de automóveis de passeio. Esse sucesso gerou recursos que permitiram a expansão da companhia e o aprimoramento de seus processos produtivos. Buscando maior eficiência, a Ford adotou um modelo de integração vertical, internalizando a produção de componentes essenciais, o que se revelou altamente eficaz para a época. Em 1908, Henry Ford apresentou uma inovação significativa com o Ford Modelo T, equipado com o primeiro motor de cabeça de cilindro removível. Esse marco veio em um momento em que a indústria automotiva, iniciada em 1886 com o Benz Patent-Motorwagen de Karl Benz, demandava métodos de produção mais eficientes para tornar os automóveis acessíveis à classe média. Foi nesse contexto que, em 1914, Henry Ford revolucionou a indústria ao introduzir a “linha de montagem”, um sistema contínuo de produção em série que ficou conhecido como “Fordismo”. Com a padronização de processos, a verticalização da produção e o célebre lema de Ford — “Você pode comprar um Ford de qualquer cor, contanto que seja preto” —, o Modelo T alcançava reduções contínuas em seus custos de produção. Esses ganhos eram diretamente repassados aos consumidores, consolidando a liderança do modelo no mercado norte-americano e ampliando sua popularidade. Desde cedo, a Ford Motor Company demonstrou visão global, investindo em parcerias internacionais para a montagem local de seus veículos. A primeira iniciativa nesse sentido ocorreu em 1904, no Canadá, com uma linha dedicada à produção do Ford Modelo C. Essa iniciativa marcou a criação da Ford Motor Company of Canada, com sede na  Walkerville, Ontário, representando o primeiro passo de sua expansão internacional, crucial para o fortalecimento da marca, que se tornaria sinônimo de inovação e acessibilidade no setor automotivo.

A Ford Motor Company consolidou sua expansão internacional em 1911, quando iniciou a produção do icônico Ford Modelo T na Grã-Bretanha, alcançando plenamente o mercado europeu por meio de sua rede de distribuidores. Esse marco representou um passo decisivo na estratégia global da empresa, que buscava atender à crescente demanda por automóveis acessíveis. Em 1913, a Ford voltou seus olhos para o promissor mercado latino-americano, estabelecendo uma filial comercial em Buenos Aires, Argentina, um movimento que reforçou sua presença em uma região de grande potencial econômico. Durante a década de 1910, o Ford Modelo T, carinhosamente apelidado de “Tin Lizzie”, tornou-se o automóvel mais popular nos Estados Unidos, com sua versatilidade expandida para versões utilitárias e de serviço. Não surpreende, portanto, que o veículo tenha desempenhado um papel crucial durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Milhares de unidades militarizadas foram produzidas para apoiar as forças aliadas na Europa, com o Exército Real Britânico, por exemplo, empregando cerca de 19 mil caminhões leves Ford. A entrada dos Estados Unidos no conflito, em 1917, ampliou ainda mais o uso desses veículos, que se destacaram em missões de socorro médico, transporte de pessoal e suprimentos. Esse desempenho gerou inúmeros contratos de produção, proporcionando à Ford recursos financeiros significativos para investir em novos modelos de veículos utilitários e caminhões leves. Na década de 1920, a Ford lançou a família de utilitários Ford Modelo AAA, que trouxe maior potência e capacidade de carga. Esses veículos alcançaram notável sucesso comercial, mantendo altas vendas mesmo durante a crise econômica iniciada em 1929, demonstrando a resiliência da marca em tempos desafiadores. No início dos anos 1930, a empresa apresentou a família Ford Modelo BB, que introduzia melhorias significativas, como uma suspensão aprimorada e um motor a gasolina de 3,3 litros, com quatro cilindros refrigerados a água, entregando 52 cavalos de potência. Com um consumo médio de 24 litros por 100 km e uma velocidade máxima de 75 km/h, aliado a um preço acessível, o Modelo BB conquistou tanto o mercado norte-americano quanto o europeu. A produção do Modelo BB na Europa foi iniciada em 1932, nas instalações da Ford Motor Company AG, em Colônia-Niehl, Alemanha. Nesse período, a Ford já se consolidava como um império automotivo global, com fábricas estrategicamente estabelecidas em diversos países, incluindo Estados Unidos (Dearborn, Michigan), Grã-Bretanha (Dagenham), Canadá (Windsor), Austrália (Melbourne), África do Sul (Port Elizabeth), Nova Zelândia (Lower Hutt), França (Poissy e Asnières), Holanda (Amsterdã), Bélgica (Antuérpia), Romênia (Bucareste) e União Soviética (Gorki). Essa rede global refletia a visão de Henry Ford de tornar a mobilidade acessível em escala mundial, solidificando o legado da empresa como pioneira na indústria automotiva.
Graças à sua robusta rede global de distribuidores, a Ford Motor Company continuou a expandir seu portfólio de produtos, buscando atender às crescentes demandas do mercado automotivo. Em 1935, a empresa lançou a nova geração de caminhões leves Ford Modelo V8-51, desenvolvida com base no chassi estendido do automóvel de passeio Ford V8. Equipado com um moderno motor refrigerado a água, de oito cilindros em “V” e 3,6 litros, o modelo entregava uma potência de 90 cavalos, aliada a uma transmissão manual de quatro velocidades. Esse conjunto mecânico permitia alcançar uma velocidade máxima de 83 km/h, com um consumo médio de 26 litros de gasolina por 100 km, representando um avanço significativo em eficiência em comparação aos modelos anteriores da montadora. Popularmente conhecido como “Ford Barrel-Nose” devido ao design característico de sua grade frontal, o Modelo V8-51 alcançou rápido sucesso comercial nos Estados Unidos, o que impulsionou sua produção em subsidiárias internacionais, incluindo a Ford Motor Company AG, na Alemanha, e a Ford of Britain, na Inglaterra. No mercado britânico, o modelo foi comercializado como Fordson 61 e 62 (Ford Six e Eight), disponível em duas configurações de chassi: uma versão curta, com distância entre eixos de 3.340 mm, e uma versão longa, com 3.990 mm, ambas com capacidade de carga de até três toneladas. A versatilidade do veículo atraiu a atenção de forças militares, e, a pedido do Exército Alemão (Wehrmacht), a Ford Motor Company AG desenvolveu uma versão militarizada, adaptada com componentes específicos para o transporte de tropas e cargas. Paralelamente, a Ford intensificou seus esforços no segmento de utilitários leves, com capacidade de até 1,5 toneladas. Em 1931, a empresa lançou uma linha derivada de suas primeiras picapes, equipadas com os consagrados motores Ford V8 de 90 cavalos. Em 1937, a Ford apresentou os caminhões leves da família Ford Stake Bed, com capacidade de 3/4 de tonelada, popularmente conhecidos como “One-Tonner”. Esses veículos introduziam uma nova cabine e chassi, projetados para atender às necessidades de transporte leve com robustez e confiabilidade. O sucesso desses modelos reforçou a posição da Ford como uma das líderes no mercado de veículos utilitários, tanto nos Estados Unidos quanto em outros continentes. A dedicação da Ford em inovar e adaptar seus produtos às demandas de diferentes mercados consolidou sua reputação como uma marca visionária, capaz de atender tanto às necessidades civis quanto às exigências de cenários militares, pavimentando o caminho para sua expansão global contínua.

Em 1939, a Ford Motor Company introduziu aprimoramentos significativos em sua linha de veículos utilitários, destacando-se a adoção de um moderno sistema de freios hidráulicos. Essa inovação colocou os modelos da Ford em igualdade com os concorrentes, que já incorporavam essa tecnologia em veículos similares, reforçando a competitividade da marca no mercado. Nesse mesmo ano, a empresa apresentou uma nova grade frontal de design oval, que se tornaria uma marca registrada de suas picapes e utilitários leves, conferindo-lhes uma identidade visual distinta e reconhecível. Enquanto isso, na Europa, a subsidiária alemã da Ford passou por uma transformação drástica. Em 1939, ela foi estatizada e renomeada Ford Werke AG, direcionando toda a sua produção para atender ao esforço de guerra nazista. Suas linhas de montagem passaram a fabricar o Ford G917T, um caminhão de três toneladas equipado com um motor V8 de 91 cavalos. Além da versão padrão para transporte, foram produzidas variantes especializadas, incluindo veículos de comando, ambulâncias, caminhões de rádio e oficinas móveis. Esses modelos foram amplamente utilizados pelo Exército Alemão (Wehrmacht), pela Marinha (Kriegsmarine) e pela Força Aérea (Luftwaffe). Apesar do embargo norte-americano imposto após a declaração de guerra em dezembro de 1941, que restringiu o acesso a peças, a produção do G917T continuou até meados de 1942. Nesse momento, ele foi substituído pelo Ford V3000, também de três toneladas, mas projetado para ser mais robusto, simples de fabricar e com maior uso de componentes locais. Nos Estados Unidos, a Ford observava uma trajetória ascendente de vendas, um sucesso que se refletia nas exportações, especialmente para mercados emergentes da Ásia e da América Latina. Este último, em particular, demonstrava grande potencial comercial a curto e médio prazo, atraindo não apenas a Ford, mas também outras montadoras norte-americanas. A robustez, o baixo custo de aquisição e a eficiência operacional dos caminhões e utilitários da Ford conquistaram as forças armadas de diversos países sul-americanos, que, na época, iniciavam a modernização de suas doutrinas operacionais. Assim, abriu-se um novo e promissor nicho de mercado, com modelos adaptados para o transporte de pessoal e cargas, oferecendo soluções modernas a preços altamente competitivos. Um fator determinante para o sucesso dessas iniciativas foi a compatibilidade mecânica entre os modelos militares e comerciais da Ford. Essa uniformidade facilitava a manutenção e reduzia os custos com peças de reposição, tornando os veículos ainda mais atraentes para os mercados emergentes. A capacidade da Ford de aliar inovação, acessibilidade e versatilidade solidificou sua posição como líder no setor automotivo, atendendo tanto às demandas civis quanto às necessidades estratégicas de forças militares em todo o mundo.
Com o recrudescimento das hostilidades na Europa a partir de 1940 e o aumento das tensões com o Império do Japão no Leste Asiático, o governo norte-americano intensificou seus esforços para modernizar e reequipar suas forças armadas. Nesse cenário, a indústria nacional foi rapidamente mobilizada para apoiar o esforço de guerra aliado, direcionando sua capacidade produtiva à fabricação de equipamentos militares. Nesse contexto, a Ford Motor Company reestruturou suas linhas de produção, dedicando-se à manufatura de uma ampla gama de veículos adaptados para uso militar. Os modelos já consolidados no portfólio da Ford, como o Ford V8, foram rapidamente militarizados, recebendo carrocerias adaptadas para o transporte de cargas e pessoal. Essas versões podiam contar com cabines de aço, semelhantes às dos modelos civis, ou cabines militares com cobertura de lona, adequadas às mais diversas missões operacionais. Entre os destaques estava o Ford G8T, um caminhão comercial de 1,5 tonelada com tração 4x2, que se tornou o modelo mais produzido de sua categoria durante o conflito. Esses veículos desempenharam um papel central nas operações logísticas, não apenas das forças armadas dos Estados Unidos, mas também de nações aliadas, integrando o portfólio do programa de assistência militar Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Até 1943, mais de 60 mil caminhões Ford foram fornecidos à União Soviética, um número superado apenas pelos veículos da família GMC CCKW 352 4x4. Na Europa, as forças armadas alemãs também fizeram amplo uso dos caminhões Ford G-917 (modelos G917T St IIIa e G987T St IIIb), com mais de 25 mil unidades empregadas nas fases iniciais da Segunda Guerra Mundial. Durante as campanhas de conquista entre 1939 e 1942, centenas de caminhões Ford pertencentes a forças inimigas foram capturados. Graças à familiaridade dos mecânicos da Wehrmacht com os componentes desses veículos, produzidos em fábricas na Alemanha, França e Romênia, a frota capturada mantinha elevados índices de operacionalidade. Essa versatilidade e confiabilidade reforçaram a relevância dos modelos Ford no cenário de guerra. Após o término do conflito, o Ford G-917 permaneceu como um dos principais modelos em sua categoria, tanto nos Estados Unidos quanto na Alemanha. Sua produção foi mantida até o final da década de 1940, quando começou a ser gradualmente substituído por novos projetos que refletiam os avanços tecnológicos do pós-guerra. A durabilidade e a adaptabilidade dos caminhões Ford durante o conflito consolidaram a reputação da empresa como uma das líderes na produção de veículos utilitários, deixando um legado marcante na história automotiva e militar.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Após o término da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a utilização de veículos automotores em operações militares consolidou-se como uma visão estratégica para as principais forças armadas do mundo. A busca por maior mobilidade no campo de batalha moderno, impossível de ser alcançada por carroças e cavalos, tornou-se uma prioridade. Nesse contexto, o Exército Brasileiro alinhou-se a essa tendência, iniciando esforços para incorporar essa nova filosofia operacional. A possibilidade de modernização exerceu grande fascínio entre a jovem oficialidade brasileira, um entusiasmo compartilhado pelas Forças Públicas, precursoras das atuais Polícias Militares Estaduais. Até então, a maioria das viaturas empregadas pelo Exército Brasileiro era hipomóvel, ou seja, tracionada por animais, incluindo modelos de fabricação estrangeira e alguns produzidos localmente. Os primeiros veículos automotores incorporados à Força Terrestre foram caminhões leves do modelo Ford T, recebidos a partir do início da década de 1920. A escolha pelo modelo Ford T foi impulsionada pela instalação da Ford Motor Company no Brasil em 1919, a primeira montadora a estabelecer operações no país. Esses veículos eram montados localmente no sistema CKD (Completely Knocked Down), com componentes importados dos Estados Unidos e assemblagem realizada nas instalações da empresa em São Paulo. Inicialmente, predominavam veículos de passeio e utilitários, que logo começaram a ser adaptados para uso militar. A esses modelos somaram-se veículos da Chevrolet, muitos deles automóveis de passeio encarroçados localmente, sem padronização, complementados por modelos de outras montadoras norte-americanas e europeias. Em 1923, foi criado o Serviço Central de Transportes do Exército Brasileiro (SCT), sediado na cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Essa organização foi equipada com diversos caminhões e utilitários destinados a fins militares, contando com uma estrutura técnica notável para a época, capaz de atender às demandas de montagem e manutenção. Os veículos eram adquiridos diretamente dos fabricantes em sua configuração básica — chassi, conjunto mecânico e cabine — e posteriormente customizados nas oficinas do SCT para aplicações específicas, como transporte de tropas, carga ou outras funções operacionais. Com uma base operacional estabelecida, o Exército Brasileiro iniciou ensaios e treinamentos para integrar esses veículos às suas operações, desenvolvendo doutrinas que exploravam o potencial dessa nova forma de mobilidade. A primeira grande aplicação prática desses veículos automotores ocorreu durante a Revolução de 1924, um movimento armado liderado por militares e civis em São Paulo contra o Governo Federal. No interior do Paraná, sob o comando do General Cândido Mariano da Silva Rondon, diversos veículos civis e militares foram empregados em variadas funções, incluindo ambulâncias para o transporte de feridos e caminhões leves para a movimentação de tropas. Esse episódio marcou um momento significativo na modernização logística do Exército Brasileiro, evidenciando o potencial transformador dos veículos automotores no contexto militar

Apesar do avanço representado pela introdução de veículos automotores no Exército Brasileiro, na década de 1920, o suporte logístico para itens essenciais, como víveres, combustível, munição e armamentos, ainda dependia majoritariamente de carroças de tração animal. Essas carroças, conhecidas como “tipo colonial” e puxadas por seis cavalos, eram amplamente utilizadas, especialmente em regiões onde a infraestrutura viária era limitada. Contudo, a partir do início da década de 1930, o Exército Brasileiro intensificou a adoção de veículos militares e militarizados, incluindo modelos sobre rodas e semilagartas, provenientes de diversas marcas internacionais. Entre elas, destacavam-se as norte-americanas Ford, Chevrolet, Dodge e International, as britânicas Thornycroft e Commer, a francesa Somua e as alemãs Henschel e Krupp. Embora dispusesse de uma variedade de fornecedores, o Exército Brasileiro passou a priorizar modelos de caminhões leves e médios montados localmente, uma decisão estratégica para facilitar a manutenção e garantir o acesso a peças de reposição, muitas vezes importadas. Essa tendência foi impulsionada pela necessidade de padronizar as marcas de veículos adquiridos, visando otimizar processos logísticos e reduzir custos operacionais. Após estudos detalhados, essa diretriz foi formalizada pelo “Aviso 658”, de 27 de setembro de 1937, que determinava que apenas veículos das montadoras Ford, Chevrolet, Dodge e Commer poderiam ser adquiridos para tarefas de transporte de carga e pessoal. Essa normativa, que também se aplicava à Marinha do Brasil para veículos destinados ao transporte de tropas, cargas, combustíveis e evacuação médica, proibiu expressamente a compra de modelos de outras fabricantes. Nesse contexto, a Ford Motor Company do Brasil consolidou sua posição como uma das principais fornecedoras do Exército Brasileiro, competindo em igualdade com a General Motors. Ambas as montadoras destacavam-se não apenas por sua liderança no mercado nacional, mas também por seu compromisso em ampliar investimentos técnicos, incluindo o aumento do conteúdo nacional em seus veículos. Essa abordagem reforçava a confiabilidade e a acessibilidade de suas frotas, atendendo às demandas das Forças Armadas. Antes mesmo da promulgação do Aviso 658, o Exército Brasileiro já contava com uma frota significativa de caminhões e utilitários da Ford, com destaque para modelos como o Ford TT, Ford V8, Ford 131 ½ ton, Ford Barrel-Nose, Ford 157 ½ ton e Gigante 937 ½ ton. Esses veículos, conhecidos por sua robustez e versatilidade, desempenharam papéis cruciais na modernização logística da Força Terrestre, pavimentando o caminho para a profissionalização e a eficiência operacional no transporte militar.
Nos anos que se seguiram, o Exército Brasileiro intensificou a aquisição de veículos junto à Ford Motor Company, incorporando novos modelos à sua frota, como o Ford 1/5 ton Stake Bed, Ford Modelos 1938/1940/1941, Ford G-540 2G8T - G8T, Ford G-622, Ford G-917, Ford FK G-700 e Ford YBH2. Com essas adições, as frotas combinadas das Forças Armadas Brasileiras superaram a marca de 1.500 caminhões, proporcionando naquele período uma capacidade de mobilidade significativa para a Força Terrestre, ainda que limitada pelas condições da época. Contudo, nenhum desses modelos era de grande porte, o que levou o comando do Exército a buscar soluções para atender às demandas de transporte pesado. Assim, com base na normativa vigente, foram adquiridos caminhões de maior capacidade, como os britânicos Thornycroft Tartar 6x4 e os alemães Henschel & Sohn 33 D1 6x4. Estes últimos foram destinados, em particular, à tração dos obuseiros Schneider de 155 mm, cuja massa excedia a capacidade de reboque dos veículos então disponíveis na frota brasileira. Em 22 de junho de 1939, foi promulgado o “Aviso 553”, que estabeleceu a padronização das carrocerias dos caminhões em uso no Exército Brasileiro, uma iniciativa liderada pelo chefe do Serviço Central de Transportes (SCT). A nova configuração seguia o padrão das carrocerias militares norte-americanas, com placas únicas de madeira nas faces externas e bancos laterais fixos, otimizando o espaço para o transporte de tropas e, eventualmente, de cargas e volumes. Notavelmente, em muitos veículos, as portas das cabines foram eliminadas, e adotou-se um esquema de pintura exclusivamente militar, abandonando as combinações de duas ou mais cores típicas dos modelos civis. Diversos caminhões Ford, incluindo o modelo G-917 T, receberam essas carrocerias militarizadas, ostentando um esquema de camuflagem tático em três tons — cinza, verde e marrom —, que conferia tanto funcionalidade quanto uma estética marcante. Nesse período, os caminhões Ford G-917 T de 1939, com capacidade de 1,5 tonelada, foram amplamente empregados no transporte de canhões de montanha Schneider 75 mm e Saint Chamond 75 mm, acompanhados de suas respectivas guarnições. Além disso, esses veículos desempenharam um papel pioneiro ao serem destacados para operar junto aos recém-formados 1º e 2º Regimentos de Artilharia Antiaérea (1/1º RAAAé e 2/1º RAAAé). Nessa função, os G-917 T serviram como plataformas móveis para os canhões antiaéreos duplos Oerlikon de 20 mm, de fabricação suíça, marcando o início da mobilidade na artilharia antiaérea da Força Terrestre e reforçando a modernização das capacidades defensivas do Exército Brasileiro. Durante a década de 1930, uma pequena fração dos caminhões Ford G-917T de 1939, com capacidade de 1,5 tonelada, foi adaptada localmente por fornecedores especializados para atuar como veículos cisterna, transportando combustível e água. Este receberiam a designação de TE Auto Caminhão Cisterna Agua 2 Ton rodado duplo e TE Auto Caminhão Cisterna Combustível 2 Ton. 
Contudo, a maior parte dessa frota permaneceu dedicada às funções dos “Esquadrões de Trem”, denominação atribuída às unidades de transporte militar do Exército Brasileiro na época. As demais versões em uso receberiam as designações de TE Auto Caminhão Oficina 2 Ton rodado simples,  TNE Auto Caminhão Carga 1 ½ Ton rodado simples e TE Auto Caminhão Ambulância 4x2. Na Marinha do Brasil, esses veículos foram utilizados exclusivamente para o transporte de cargas, operando em apoio direto aos distritos navais. Nos anos seguintes, a frota manteve elevados índices de operacionalidade, resultado não apenas da robustez inerente ao projeto da Ford, mas também da facilidade de manutenção e do acesso a peças de reposição, fatores essenciais para sua confiabilidade A partir de meados de 1941, com o agravamento da Segunda Guerra Mundial e a decisão do governo brasileiro de alinhar-se aos Aliados, tornou-se evidente que os meios de transporte disponíveis eram insuficientes para atender às crescentes demandas de mobilização militar. Uma das principais lacunas observadas era a ausência de caminhões com tração integral, projetados especificamente para operações logísticas em apoio às instalações estratégicas ao longo do extenso litoral brasileiro. Essa necessidade foi suprida com a adesão do Brasil ao programa Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), que disponibilizou uma linha de crédito de US$ 100 milhões para a aquisição de equipamentos bélicos. Esse programa permitiu ao país acessar armamentos modernos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate, transformando significativamente sua capacidade militar. Nos anos subsequentes, o Brasil recebeu mais de dois mil caminhões modernos, com destaque para os modelos GMC CCKW 352 4x4 e CCKW 353 6x6, além dos Studebaker US-6G. Esses veículos passaram a ser o pilar da capacidade de transporte das Forças Armadas Brasileiras, garantindo maior eficiência logística. Com a chegada desses novos modelos, os caminhões leves militarizados, como o Ford G-917T, foram realocados para missões de apoio e segunda linha. Eles desempenharam essas funções até o início da década de 1950, quando começaram a ser gradualmente desativados no Exército Brasileiro. Na Força Aérea Brasileira e na Marinha do Brasil, esses veículos permaneceram em serviço pelo menos até o início da década seguinte, refletindo sua durabilidade e versatilidade. A transição para veículos mais avançados marcou um capítulo importante na modernização das Forças Armadas Brasileiras, consolidando a importância de uma logística eficiente e adaptada às exigências do cenário militar global. Os caminhões Ford G-917T, embora eventualmente substituídos, deixaram um legado de confiabilidade e contribuíram significativamente para a evolução do transporte militar no Brasil.

Em Escala.
Para representarmos o G-917 T - 1939  (1,5 tonelada), empregado pelo Exército Brasileiro, fizemos uso do  modelo artesanal confeccionado em resina na escala 1/35, produzido pelo fabricante Dnepro Model, salientando que recentemente a ICM lançou este mesmo injetado na escala 1/35. Optamos por manter a carroceria comercial original do veículo, não alterando para o padrão militar adotado posteriormente. Fizemos a aplicação de decais confeccionados pela Decal & Book pertencentes ao "Set Forças Armadas Brasileiras 1942 - 1982", seguindo fotos de época, salientando no entanto que não identificamos registros visuais deste tipo de marcação neste modelo de caminhão. 
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa um dos padrões de pintura tático do Exército Brasileiro adotado no final da década de 1940, salientamos alguns destes veículos durante muitos anos manteriam as pinturas comerciais com muitas peças cromadas. Experimentalmente seria aplicada em um certo numero de caminhões, um esquema camuflado em trens tons de cinza, marrom e verde. Empregamos tintas e vernizes produzidos pela Tom Colors.

Bibliografia :
- Primórdios da Motorização no Exército Brasileiro 1919-1940 - Expedito Carlos Stephani Bastos
- Ford do Brasil – www.ford.com.br
- Ford Motors Co. - www.ford.com
- Motorização no Exército Brasileiro 1906 a 1941 - Expedito Carlos Stephani Bastos

Charrua M-1 e M-2 - VBTP Motopeças

História e Desenvolvimento.
No início da década de 1940, o Exército Brasileiro iniciaria um movimento de modernização de seus meios, e entre os equipamentos almejados se encontravam veículos blindados de transporte de tropas, que começavam a se despontar no emprego junto as forças armadas alemães e norte-americanas. Este anseio passaria a ser materializado a partir do ano de 1942, quando o Exército Brasileiro passaria a receber nos termos do programa de ajuda militar  Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos). Neste contexto seriam recebidos os primeiros carros blindados de transporte de tropa dos modelos M3-A1 Scout Car sobre todas e meias lagartas M-2 e M-3 Half Track. Curiosamente apesar de concebidos para missão de transporte de tropas no front de batalha, não seriam imediatamente empregados nesta missão, sendo destinados a tração de peças leves de artilharia. Este desvio de finalidade foi influenciado pela total imersão da força terrestre nacional na doutrina militar francesa que era fundamentada nas táticas da Primeira Guerra Mundial que era adepta da operação hipomóvel.  O aumento da influência norte-americana no país durante o conflito irá impactar na mudança de mentalidade e doutrina da Força Terrestre, principalmente motivada pelo recebimento de um grande lote de veículos meia lagarta M-3, M-3A1 e M-5, o que possibilitaria pela primeira vez implementação de táticas de infantaria motorizada.  No início da década de 1950 passaria o comando da Força Terrestre passaria a avaliar a real efetividade e chances de sobrevivência de suas forças mecanizadas em um moderno cenário de conflagração. Ficava evidente a necessidade de se promover um amplo processo de modernização de meios, necessidade esta que começaria a ser viabilizada a partir de 15 de março de 1952, quando foi assinado entre os presidentes Getúlio Vargas e Harry Truman, o Acordo Militar Brasil - Estados Unidos. Com o título oficial de "Acordo de Assistência Militar", esta parceria bilateral, estabeleceria basicamente o fornecimento em vantajosas condições econômicas de material bélico norte-americano atualizado para as Forças Armadas Brasileiras, buscando assim promover uma substituição dos meios atuais, que foram cedidos na década de 1940 durante a Segunda Guerra Mundial. Assim o Brasil passaria a integrar o grupo de países beneficiados nos termos do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program), que garantiria acesso facilitado a modernos equipamentos militares, para assim prover regionalmente uma linha de defesa contra a hipotética ameaça expansionista socialista. 

Desta maneira caberia ao Exército Brasileiro a destinação de grande parcela deste acordo, passando a ser fornecidos a partir de agosto de 1960, os primeiros cinquenta carros de combate médio M-41 Walker Buldog, dois veículos de socorro M-74 Sherman Recovery Vehicle e vinte viaturas blindadas de transporte de pessoal do modelo FMC M-59APC. Estes últimos apesar se tratar de veículos usados, se encontravam em excelente estado de conservação registrando baixa quilometragem de uso, pois se encontravam armazenados desde 1959 junto as instalações da Unidade do Corpo de Artilharia (Ordinance Corps Depot), no estado de Ohio. Os vinte carros blindados M-59 A1 APC destinado ao Exército Brasileiro seriam separados e então revisados localmente colocados em plenas condições de funcionamento, passando a ser preparados para transporte por via naval. Estes seriam recebidos no porto do Rio de Janeiro, em 14 de agosto de 1960 juntamente com os primeiros carros de combate M-41 Walker Buldog. Já no país, estes carros seriam inspecionados e preparados para o estágio operacional e treinamento de seus operadores, sendo posteriormente transportados por via terrestre, e distribuídos em dezembro deste mesmo ano em proporções iguais, ao 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RecMec) e ao 16º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RecMec) ambos baseados na cidade do Rio de Janeiro. Já em uso no Exército Brasileiro, estes blindados receberiam a designação oficial de VBTT - Veículo Blindado de Transporte de Tropas M-59. Nestas unidades operativas, estes veículos tiveram o importante papel de desenvolver a doutrina de emprego deste tipo de carros de transporte de tropas sob esteiras junto à forca blindada do Exército Brasileiro, operando em conjuntos com carros de combate como os M-41 Walker Buldog e M-3 Stuart. Nos primeiros exercícios conjuntos entre os VBTT M-59A1 e os M-41, confirmar-se-ia o ocorrido junto as operações no Exército do Estados Unidos (US Army), onde o M-59 não era capaz de acompanhar a dinamicidade dos M-41 no campo de batalha. Além disso eles apresentariam também grandes limitações em deslocamentos de média e grande distância no país, pois seu peso bruto excedia a capacidade da infraestrutura viária brasileira, como pontes, viadutos, estradas e principalmente pranchas ferroviárias. A soma destes fatores levaria o Ministério do Exército a declinar de mais ofertas para cessão de novos carros M-59A1 VBTT, como solução intermediaria seriam iniciados estudos prevendo o repotenciamento dos antigos carros meia lagarta White M-2 , M-3 e M-5, visando assim estender sua vida útil até a incorporação de um possível substituto.   

Esta demanda logo seria atendida, pois a partir de 1965 dentro dos termos do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program), seria negociada a cessão de mais de cinco centenas de veículos blindados de transporte de tropa FMC M-113A0 (modelo que fora desenvolvido nos Estados Unidos como substituto aos M-59). Esta grande quantidade a ser recebida permitiria prover um ciclo total de renovação dos meios em operação naquele momento permitindo desativar todos os M-2, M-3 e M-5 Half Track. Em 1969 a partir do momento que os M-113A0 APC atingiram seu status operacional pleno, tanto o 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RecMec) e ao 16º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RecMec), passariam a ser equipados com este novo blindado. Nos anos vindouros o Exército Brasileiro vivenciou uma mobilidade nunca testemunhada na história, com os VBTT M-113 chegando a dotar mais de quinze unidades entre Regimentos de Carros de Combate (RCC) e Batalhões de Infantaria Blindada (BIB). Altamente robusto e de fácil manutenção, a frota destas viaturas sempre apresentava excelentes índices de disponibilidade operacional. Este positivo cenário, no entanto, iria começar a se alterar a partir do início do ano de 1977, quando os Estados Unidos passaram a ser presididos pela administração de Jimmy Carter, novas diretivas deste governo passariam a condicionar a continuidade dos programas de ajuda militar a averiguação da situação do Brasil no tocante aos direitos humanos. Esta decisão provocaria o desagravo do presidente Ernesto Geisel, que em carta oficial se manifestaria “O governo brasileiro recusa de antemão qualquer assistência no campo militar que dependa, direta ou indiretamente, de exame prévio, por órgãos de governo estrangeiro, de matérias, que, por sua natureza, são da exclusiva competência do governo brasileiro.” , Pressões políticas decorridas desta iniciativa levariam o governo brasileiro a decidir pelo rompimento do Acordo Militar Brasil - Estados Unidos. Este evento determinaria a interrupção de toda financeira e linhas de abastecimentos de peças de reposição para os veículos militares em uso nas Forças Armadas Brasileiras. Isto afetaria diretamente a frota de VBTT M-113, resultando em curto espaço de tempo em altos índices de indisponibilidade, a este fator se somaria o atingimento do ápice da crise do petróleo, o que afetaria ainda mais a frota destes blindados, tendo em vista o alto consumo de seus motores a gasolina. A busca por uma solução viável geraria os primeiros estudos visando o repotenciamento destes blindados, com primeiro destes tendo origem em 1981 na empresa Biselli – Viaturas e equipamentos Industriais Ltda, prevendo a adaptação de um motor Iveco Diesel 150, o qual não produziu os resultados esperados pelo Exército Brasileiro, não trazendo no seu bojo um estudo mais apurado e que realmente fosse a solução. 
Paralelamente estudava-se implementar um processo semelhante junto aos vinte VBTT M-59, processo este que despontaria como uma oportunidade para uma jovem empresa do interior do estado de São Paulo.  Fundada em 1956 na cidade de Sorocaba, a Moto-Peças S.A. Transmissões e Engrenagens, teria seu foco inicial na nascente indústria automotiva nacional, passando de um mero fornecedor de peças de reposição, para a se tornar no final da década de 1970 na maior indústria brasileira de componentes de câmbios e diferenciais. Durante sua trajetória, no final da década de 1960 a empresa se aproximaria do Exército Brasileiro, principalmente por sua experiencia no segmento de componentes e veículos pesados. A primeira parceria nasceria do projeto de repotenciamento e remotorização de trinta tratores de artilharia M-4A1 High Speed Tractors fabricados pela Allis-Chalmers Company em 1943 e incorporados ao Exército Brasileiro a partir do ano de 1949. Este processo envolveria a troca da caixa de marchas, transmissão, motor (por Scania Diesel de 260 cv), esteiras, roletes e suspensão (os três últimos fornecidos pela Novatração S/A).  Este programa obteria um grande êxito, com a empresa logo em seguida contratada para a o desenvolvimento e produção de caixas de marcha para a série de blindados X-1A2 Carcará, fabricados pela Bernardini S/A, estes carros de combate leves derivados da modernização dos modelos M-3 e M-3A1 Stuart recebidos pelo Exército Brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial. No início da década seguinte, em conjunto com o Centro de Tecnologia do Exército (CTEx), a empresa desenvolveria um programa de customização dos antigos carros de combate M-4 Sherman, convertendo-os em carros blindados para engenharia. Fazendo uso da plataforma original seriam acrescidos uma lâmina frontal (intercambiável com um caça-minas) e grua hidráulica com lança rebatível e capacidade de içamento de até 10 toneladas, sendo ainda capazes de rebocar viaturas de até 40 toneladas. Infelizmente após a produção de onze carros pré-série e testes de campo, o modelo acabaria não sendo adotado pela Força Terrestre. Apesar deste revés a empresa lograria êxito em conquistar a seguir um contrato para a remotorização da frota de setenta e dois obuseiros autopropulsados M-108. Estas constantes parcerias trariam grande notoriedade e respeito junto ao comando da Força Terrestre, com a Moto-Peças S.A. Transmissões e Engrenagens se tornando um dos principais expoentes da indústria de defesa nacional.   

Emprego no Exército Brasileiro.
Ao ser selecionada para implementação do processo de remotorização dos VBTP M-113 e para o estudo do processo de repontenciamento dos VBTP M-59 a diretoria técnica da Motopeças S.A. Transmissões e Engrenagens, passaria a ter um contato íntimo com o projeto destes dois modelos norte-americanos de viatura blindada de transporte de tropa, conhecendo em detalhes su particularidades de conceito e desing. O primeiro contrato celebrado era dedicado aos VBTT M-113, e envolveria a substituição do motor original, um V8 Chrysler de 215 cv a gasolina, com o elevadíssimo consumo de um litro por quilômetro, por um diesel nacional (Mercedes-Benz de seis cilindros e 180 cv); mantendo o desempenho, a troca permitiu aumentar a autonomia em mais de 70%. Também seriam substancialmente alterados os sistemas elétrico, de alimentação e arrefecimento. Este programa traria grandes recursos financeiros para a empresa, possibilitando assim estudar alternativas em conjunto com a equipe do  Centro de Tecnologia do Exército (CTEx) para o repotenciamento dos VBTP M-59.  O objetivo inicial visava substituir seus dois motores a gasolina GMC Model 302 de seis cilindros em V, por um conjunto a diesel nacional semelhante ao que seria adotado nos M-41B Brazilian Buldog.  Diversos estudos seriam elaborados, porém apesar de se mostrar um programa viável em termos técnicos, este nao seria recomendado do ponto de vista operacional, com esta decisão derivada pelo fato de seu alto peso de deslocamento e pela baixa quantidade de veículos presente na frota. Porém esta negativa acabaria por resultar em uma nova proposta, que envolveria o desenvolvimento de um novo veículo blindado de transporte de tropas que viesse a unir as qualidades operacionais dos dois modelos em uso. O primeiro parâmetro visava conceber um veículo com agilidade e mobilidade do M-113, porém com uma maior capacidade de transporte de carga útil semelhante ao VBTP M-59, e para isto seu peso final não deveria exceder as 18 toneladas. Esta primícia visava não extrapolar as limitações máximas de peso existentes na infraestrutura viária brasileira, como pontes, viadutos, estradas e principalmente pranchas ferroviárias, proporcionando ao veículo plena capacidade de deslocamento de média e grande distância no país. Curiosamente,  posteriormente esta determinação seria abandonada em virtude do estudo para o desenvolvimento de versões especializadas , como antiaérea 20 mm, socorro com torre giratória, combate de fuzileiros com canhão de 20 mm, caça tanques com canhões de 60 mm  e 90 mm, obuseiro autopropulsado 155 mm e sistema para lançamento de foguetes,  com pesos finais de combate na ordem de 21 toneladas e 24 toneladas no máximo.   

Esta proposta de desenvolvimento objetivava a médio e o longo prazo, a substituição de todos o veículos blindados de transporte de tropas VBTP M-113 presentes nas frotas do Exército Brasileiro e Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, trazendo uma maior independência estratégica. O modelo seria  concebido para dar maior flexibilidade e agilidade às unidades de Fuzileiros Blindados do Exército, pois possuía também plena a capacidade de operação anfíbia, podendo transpor rios e lagos com grande facilidade, coisa comum no extenso território brasileiro. Os estudos seriam iniciados em abril de 1983, com modelo sendo desenvolvido com inspiração no carro de combate M-41 Walker Buldog, com o qual o Centro de Tecnologia do Exército (CTEx) detinha grande conhecimento em virtude da implementação dos processos de modernização em curso naquele mesmo momento. Neste contexto seriam empregados no projeto, um grande numero de componentes empregados neste modelo de carro de combate, visando assim também otimizar a cadeia logística já existente de suprimentos no Exército Brasileiro. Apesar desta "inspiração" o modelo apresentaria uma série inovações tecnológicas, como a adoção de dois  hidrojatos Belljet 3.650 RPM 2 x 160 hp para propulsão na água, moderno sistema de blindagem composta por placas de cerâmica nas superfícies externas e sistema básico de visão noturna. O primeiro protótipo funcional seria apresentado em março de 1985, estando equipado com um motor  em linha nacional Scania Turbo Diesel DS11,  gerando 394 hp de potencia nominal,  posicionado na dianteira direita ao lado do operador. Este motor operaria  acoplado a uma caixa automática de mudanças norte-americana. do tipo "cross drive" CD 500/3 produzida pela Allison GM (duas marchas à frente e ré), suspensão por dez barras de torção e oito amortecedores hidráulicos.  Contava com o mesmo sistema de suspensão empregado nos blindados M-41 e M-59, contando com dez rodas de apoio e  lagartas de 532 mm de largura,  com  sapatas fabricadas pela Novatração Artefatos de Borracha. Sua blindagem básica foi dimensionada para  resistir a munições de 7,62 mm, com esta capacidade sendo ampliada para suportar munição básica para com o dobro do calibre,  chegando até  no máximo 20 mm, mediante a instalação de placas cerâmicas nas superfícies externas, no entanto estas placas não podiam ser empregadas quando do transcurso submerso na água. 
Apresentava um peso total de combate de dezoito toneladas (o dobro quase do M-113), podendo transportar em sua configuração básica três tripulantes e nove soldados totalmente equipados, podendo chegar ao total de vinte e dois infantes em uma configuração especial . O acesso podia se dar pela larga rampa traseira de acionamento hidráulico, por duas portas localizadas na rampa ou por duas escotilhas no teto; o carro dispunha de seis seteiras e três periscópios, um deles para visão noturna . Este protótipo estava equipado com a mesma torre presente no VBTP M-59 (retirada de um veiculo do Exército Brasileiro), que operava com acionamento hidráulico e automático, armada com uma metralhadora automática Browning  M-2 calibre .50,  que garantia plena segurança ao seu operador. De seu interior era possível disparar armas automáticas por quatro pequenas pequenas escotilhas (seteiras), por fim estava equipado com quatro lançadores de granadas fumígenas. O modelo designado como M-1 receberia o nome de "Charrua" (que na linguagem indígena significa ágil, robusto e com garra), sendo logo apresentado oficialmente ao Exército Brasileiro, passando em seguida, a ser  submetido a um extenso programa de testes e avaliação de campo, realizado inicialmente no campo de provas da Motopeças S/A na cidade de Sorocaba e posteriormente no Campo de Provas da Marambaia (CPrM) no Rio de Janeiro. Em agosto de 1985 seria concluído e disponibilizado um segundo protótipo com diversas melhorias, ampliando assim o programa de testes. Neste estágio seriam apontadas inúmeras oportunidades de de refinamento do projeto, nascendo assim o modelo M-2 Charrua II, que apresentaria significativas diferenças em termos de desing. O Charrua I tinha um formato com linhas mais retas com grande semelhança com os VBTT M-113, com quebras ondas em formato de "V" com uma torre automática de metralhadora posicionada ao ao lado do motorista, que em ambos os casos fica no canto dianteiro esquerdo. Já o Charrua II dispunha de um desing mais anguloso e moderno, fazendo uso de um  quebra ondas reto, com uma nova torre manual de armamento sendo agora posicionada atrás do motorista. A alteração do modelo de torre se daria pela limitação da quantidade disponível deste conjunto, que seria retirada da frota dos VBTT M-59,  que neste momento já se encontram em processo de desativação junto ao Exército Brasileiro. Outra significativa mudança era a adoção de um motor mais potente, agora o Scania V8 Turbo Diesel DS-14 com 470 hp de potencia.  Este modelo aprimorado passaria a ser avaliado também pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN), acompanhando inicialmente o programa coordenado pelo Exército Brasileiro, e depois conduzindo individualmente um processo similar. 
Em ambos os programas, o M-2 Charrua II apresentaria  um excelente desempenho e grande mobilidade de manobras tanto na terra, exibindo capacidade de girar em torno do próprio eixo, capacidade conhecida como pivoteamento, como na água onde demonstraria grande agilidade oferecida pelo sistema de hidrojato. Mais dois protótipos seriam concluídos, um destes seria customizado para representar um viatura especializada para emprego em missões antiaéreas. Este veiculo receberia a instalação de um canhão Bofors de 40 mm montado em uma torre giratória Trinity apresentando elevação entre  -10 e +80 graus, com carregador de 100 tiros e cadência de 330 por minuto. Seu sistema de detecção e engajamento e controle de fogo era feito através de sistemas eletrônicos, permitindo a identificação, calculo e engajamento de um alvo aéreo  em cerca de dois segundos. Sua munição seria nacionalizada cabendo a FI Indústria e Comércio Ltda fluminense, a produção da munição e a espoleta de proximidade ficando a cargo da empresa  Prólogo S/A Produtos Eletrônicos.  Sua efetividade operacional deveria abater alvos até  6.000 metros de altura, especialmente aviões evadindo mísseis a baixa altitude e helicópteros. Além do protótipo funcional seriam apresentados projetos conceituais envolvendo o emprego de quatro canhões 25 mm numa torre Oto Melara ou quatro mísseis terra ar guiados por infravermelho Piranha.  Este protótipo de veiculo blindado antiaéreo seria montado pela Moto Peças S/A em parceria com a CBV Indústria Mecânica S/A,  sendo exposto em 1987 em uma feira militar na cidade de São José dos Campos.  Apesar de promissor seu projeto não avançaria além da fase conceitual, e infelizmente o Exército Brasileiro somente incorporaria um veiculo especializado a este missão somente em  2013 com a adoção do sistema Gepard 1A2 Flakpanzer. Posteriormente este chassis seria empregado para o desenvolvimento da versão socorro que também não evoluiria, o mesmo ocorrendo com dos demais modelos planejados como ambulância, socorro, carro oficina, comunicações, radar, obuseiro 155 mm,  lançador de mísseis e porta morteiros de 120 mm. O Charrua II permaneceu em testes até a primeira metade da década de 1990, apesar de seus dotes, o pais atravessava uma de suas maiores crises econômicas o que acarretaria em drásticos cortes no orçamento das Forças Armadas Brasileiras, levando ao cancelamento do programa. Neste contexto o Exército Brasileiro abandonaria o projeto de substituição da frota dos VBTP M-113, optando por processos paliativos de repotenciamento, o mesmo ocorrendo com o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN). Apenas um protótipo do modelo Charrua II ficaria sobre a guarda do Exército Brasileiro, sendo recuperado no ano de 2022 por uma equipe de mecânicos da 3ª Divisão de Exército, localizada em Santa Maria do estado do Rio Grande do Sul. 

Em Escala.
Para representarmos o M-2 Charrua II em sua configuração final, optamos por desenvolver um projeto em scratch building, partindo  do kit original do carro de combate M-41A3 Walker Buldog produzido pela Tamiya na escala 1/35. Deste aproveitamos somente o  chassi,  rodas, suspensão, esteiras e acessórios, construindo todo o restante artesanalmente com base nas plantas originais do protótipo. Utilizamos decais confeccionados pela  Decals e Books presentes no  set "Forças Armadas do Brasil".
Todos os cinco protótipos do M-1 e M-2  VBTP Charrua receberam o padrão de pintura tático em dois tons, adotado pelo Exército Brasileiro a partir do o ano de 1983. Com este esquema sendo mantido na única viatura preservada junto  a 3ª Divisão de Exército, baseada na cidade de  Santa Maria do estado do Rio Grande do Sul. 


Bibliografia :
Moto Peças S/A Lexicar - https://www.lexicarbrasil.com.br/moto-pecas/
- Blindados no Brasil Volume I, por Expedito Carlos S. Bastos
- Blindados no Brasil Volume II, por Expedito Carlos S. Bastos
- M-41C Rede de Tecnologia & Inovação do Rio de Janeiro - http://www.redetec.org.br/inventabrasil/caxias.htm
- Carro de combate M-41 no Exército Brasileiro - http://www.defesanet.com.br