Bell 206B Jet Ranger III

Historia e Desenvolvimento
No início da década de 1960 a empresa Bell Helicopter Company acumulava grande sucesso comercial no segmento de aeronaves de asas rotativas, tanto no mercado civil quanto militar. Neste último segmento sua história teria início em 1946, quando entraria em operação no Exército Americano (US Army), as primeiras versões da família de helicópteros Bell Model 47D OH-13, sendo logo também adotado pela Força Aérea Americana (USAF) e pela Marinha Americana (US Navy). Ao longo dos próximos anos mais de cinco mil células seriam produzidas para diversos clientes civis e militares em todo o mundo, com esta aeronave ajudando profundamente a definir a estrutura operacional do emprego de aeronaves de asas rotativas. Logo em seguida, as primeiras aeronaves do modelo do Bell Model 205 ou UH-1B começariam a ser montadas nas linhas de produção da empresa, com estes protótipos sendo submetidos a extensivos programas de ensaios em voo, passando a apresentar apresentavam resultados extremamente promissores, lhe rendendo em seguida vultosos contratos militares. Atravessando seu melhor momento, a empresa observaria como uma nova oportunidade de mercado uma nova concorrência denominada Projeto Ligh Observation Helicopter (LOH), lançada em 14 de outubro de 1960 pelo comando do Exército Americano (US Army). Este programa tinha por objetivo o desenvolvimento de um novo helicóptero leve destinado a missões de treinamento, transporte e ligação, que teria por missão possuir uma única plataforma para substituir centenas de unidades dos helicópteros Bell OH-13 e Hiller OH-23 e aeronaves Cessna L-19 Bird Dog. Esta concorrência previa a aquisição de três mil e seiscentas células, volume que despertaria o interesse de doze empresas norte-americanas, pois a vencedora iria ser responsável pelo maior contrato militar para a fabricação de aeronaves de asas rotativas já efetivado no mundo. Em maio do ano seguinte a lista de concorrentes seria reduzida para cinco empresas, incluindo a proposta da Bell Helicopter Company com seu modelo D-250, que recebeu a designação militar YHO-4A e da Hughes Aircraft Co. com seu modelo YHO-6.

O primeiro protótipo produzido pela Bell Helicopter Company , alçaria voo em 08 de dezembro de 1962, sendo seguido pela produção de mais quatro aeronaves pré-série contratadas que passariam a ser exaustivamente avaliadas por uma equipe técnica do Exército Americano (US Army) em Forte Rucker no Alabama, paralelamente a Força Aérea Americana (USAF) passaria a ensaiar estas mesmas células  na Base Aérea de Edwards na Califórnia, pois também passaria a despertar o interesse pela aquisição deste tipo de aeronave de asas rotativas. Neste mesmo período, os protótipos do Hughes YHO-6 seriam submetidos ao mesmo processo, e nesta fase a concorrência passaria a ser reduzida somente a dois fabricantes, com a escolha infelizmente para a Bell Helicopter Company, pendendo para seu concorrente. Apesar desta derrota, a diretoria desta empresa, vislumbraria no conceito de seu projeto uma oportunidade no mercado civil, tendo como vantagem o custeamento inicial do projeto ter sido pago pelo governo norte-americano. Assim com base no projeto Bell YHO-4A a equipe de projetos iniciaria o desenvolvimento de uma nova aeronave passando a ser designado internamente como “Desing D-250”, que posteriormente receberia o nome comercial de Bell 206. A construção do primeiro protótipo seria iniciada em julho de 1965, com seu primeiro voo ocorrendo em dezembro do mesmo ano. A partir dos primeiros ensaios em voo, a equipe de projetos da empresa identificaria uma gama de deficiências centradas em sua baixa capacidade de carga e limitado espaço interno, que acabariam por tornar o modelo pouco competitivo no mercado civil. A solução para estas demandas surgiria em um redesenho do projeto original,  nascendo assim a versão Bell 206A, com seu primeiro protótipo realizando seu programa de testes em voo no dia 20 de outubro de 1965.
A nova aeronave já com sua designação comercial de Bell 206A Jet Ranger (nome dado pelo presidente da empresa Edwin J. Ducayet, denotando uma evolução do popular Model 47J Ranger), seria revelada no dia 10 de janeiro de 1966 durante a convenção da Helicopter Association of America (HAA). Em outubro do mesmo ano a aeronave receberia a certificação da Federal Aviation Adminstration (FAA), passando então a ser comercializada inicialmente no mercado doméstico norte-americano. Logo o modelo despertaria grande interesse por parte de potenciais operadores, com a primeira aeronave de série sendo adquirida e entregue pelo CEO (Chief Executive Officer) da empresa Hollymatic Corporation,  Harry Holly,  proprietário anterior  de uma aeronave do modelo Bell 47J Ranger. A esta logo se seguiriam mais entregas, com o modelo atingindo um sucesso comercial meteórico, com o Bell 206A Jet Ranger passando a liderar esta categoria em vendas nos Estados Unidos em um curto período. Nesta mesma época o programa Ligh Observation Helicopter (LOH) passava a apresentar preocupantes atrasos e aumentos de custos devidos a problemas relacionados ao projeto da aeronave  Hughes OH-6A, levando o comando do Exército Americano (US Army) a considerar a aquisição de uma versão militarizada do Bell 206A Jet Ranger, que neste período já liderava em vendas este segmento de mercado. Consultas seriam feitas a Bell Helicopter Company para o desenvolvimento de uma versão militar do seu modelo civil, com este modelo sendo customizado para o emprego em missões de observação e ligação no campo de batalha.   

Esta intenção seria oficializada em outubro de 1967 com um contrato visando a compra de duas mil e duzentas células da versão militar agora oficialmente designada como Bell OH-58A Kiowa, que além das tarefas de observação e ligação poderiam também ser empregadas no programa de formação e treinamento de pilotos de aeronaves de asas rotativas. Esta nova aplicação despertaria  atenção do comando da Aviação Naval da Marinha Americana (US Navy) que vislumbraria na aeronave, uma promissora plataforma para treinamento primário de seus pilotos navais, principalmente devido a relação de custo-benefício operacional. Em atendimento a esta demanda a equipe de projetos da Bell Helicopter Company desenvolvendo a versão TH-57A Sea Ranger, com um contrato sendo celebrado em 1968 para a aquisição de duzentas células que também seriam empregadas no programa de formação de pilotos da Guarda Costeira dos Estados Unidos (US Cost Guard). Posteriormente seriam incorporadas mais aeronaves agora das versões aprimoradas TH-57B e TH-57C Sea Ranger. Um primeiro contrato de produção sob licença seria celebrado com a empresa italiana Augusta Spa, resultando na versão Agusta-Sino 206A e posteriormente Agusta-Bell 206A-1 e Agusta-Bell 206B, com as variantes militares sendo designadas como Sino 206AS (exportação para a Marinha do Chile) e  Hkp 6A e  Hkp 6B para a Marinha da Suécia, com este último modelo destinado a guerra antissubmarino (ASW), equipada com flutuadores infláveis de emergência e armadas com cargas de profundidade. A experiencia obtida na produção e operação das versões Bell 206 e 206A, criaram o caminho para o desenvolvimento de uma versão aprimorada destinada a suceder as primeiras versões, este novo modelo passou a ser produzido em 1971, sendo denominado Bell 206B Jet Ranger II, alcançado a cifra de 1.619 células produzidas e comercializadas a diversos operadores civis e militares até meados do ano de 1977. 
O considerável sucesso dos modelos Bell 206A e Bell 206B instigaria a Bell Helicopter Company a aplicar melhorias no projeto para o atendimento das sugestões fornecidas por diversos operadores, itens como sistemas de navegação e comunicação foram modernizados, porém as alterações mais marcantes foram baseadas na adoção de novo motor turboeixo Allisson 250-C20J com 420 shp e na instalação de um rotor de cauda de maior diâmetro e de desenho mais refinado do que as versões anteriores do Jet Ranger.  Estas alterações trouxeram uma significativa melhora em seus parâmetros de desempenho e confiabilidade. A nova versão foi produzida em seis sub variantes entre elas destacamos a elas o Bell 206L LongRanger destinado ao transporte de até sete passageiros, Bell 206LT TwinRanger envolvendo a conversão de modelos 206L para o uso de dois motores, já as versões militares como a  Bell 206AS, CH-139, OH-58 Kiowa, TH-57A Sea Ranger, TH-67 Creek e OH-58D Combat Scout foram exportados a partir da década de 1970 para a Argentina, Brasil, Albânia, Austrália, Bangladesh, Bulgária, Chile, Colômbia, Croácia, Equador, Finlândia, Guatemala, Guiana, Irã, Iraque, Israel, Itália, Jamaica, Japão, Letônia, Lesoto, Macedônia, México, Marrocos, Paquistão, Peru, Servia, Eslovênia, Sri Lanka, Peru, Uganda, Suécia, Canada, Malta e Venezuela. A produção foi descontinuada em fins do ano 2010, quando haviam sido produzidas sete mil e trezentas aeronaves dispostas em todas as versões.

Emprego na Marinha do Brasil 
A operação de aeronaves de asas rotativas para emprego militar teve início no Brasil na primeira metade da década de 1950 com a aquisição pela Força Aérea Brasileira de quatro células do modelo Bell 47D1. Esta movimentação foi observada de perto pela Marinha do Brasil, que já ambicionava a implementação de sua aviação naval desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Após estudos, alocação de recursos e definição do plano estratégico, seria iníciado o programa de reativação da Aviação Naval, com o primeiro passo sendo dado em 1952 pela criação a Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), que teria por missão criar a doutrina de emprego deste novo braço militar aeronaval. Como segundo estágio deste processo, em 1955 seria formado o Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN), passando a ser baseado no km 11 da Avenida Brasil, na cidade do Rio de Janeiro – RJ (onde atualmente se encontra o Centro Recreativo da Casa do Marinheiro), sendo esta organização focada no treinamento e formação e todo o pessoal aero navegante da Marinha do Brasil. As primeiras aeronaves de instrução a serem recebidas foram três Bell 47J, aeronaves estas que foram adquiridas por intermédio da Missão Naval Americana, com estas células sendo recebidas desmontadas e acondicionadas em caixotes de madeira. O processo de montagem seria iniciado em 1957, com todos os trabalhos sendo realizados no Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN), com este processo marcando o início da era da aviação de asas rotativas na Marinha do Brasil. No início da década de 1970, a Aviação Naval da Marinha do Brasil estava equipada com alguns helicópteros Hughes 269A-A1 e 269B destinados principalmente a formação de seus futuros aviadores. Mesmo reconhecendo o valiosíssimo serviço prestado por este modelo no seu programa de treinamento, era notório que aquele helicóptero equipado com motor convencional a explosão, já se mostrava inadequado para importante tarefa a qual era originalmente destinada. Era líquido e certo que todo e qualquer helicóptero que fosse futuramente incorporado ao acervo daquela arma deveria contar com um motor turboeixo. A luz dessa e de outras considerações a Marinha do Brasil, iniciaria estudos visando a aquisição de um modelo de aeronave de asas rotativas capaz de preencher as necessidades de instrução dos alunos matriculados no Curso de Aperfeiçoamento de Aviação Oficiais (CAAVO). 

Este processo culminaria na aquisição de um representativo lote de aeronaves de asas rotativas do modelo Bell 206B Jet Ranger II , que passariam a ser designados como IH-6A, para  assim dotar o 1º Esquadrão de Helicópteros de Instrução (HI-1), vindo a substituir de imediato, os antigos Hughes 269A-A1 e 269B "Pulga”. A incorporação destes novos helicópteros aprimoraria em muito o processo de treinamento, pois proporcionavam aos aspirantes a piloto aeronaval um envelope voo muito semelhante as aeronaves de primeira linha em uso naquela época, além de possibilitarem a navegação por instrumentos. Em meados da década de 1980, as células empregadas no 1º Esquadrão de Helicópteros de Instrução (HI-1) começavam já a apresentar sinais de desgaste em virtude do extenuante perfil de treinamento, motivando assim estudos de ordem emergencial para aquisição de novos modelos existentes no mercado internacional voltados a tarefas de instrução. Em 1985 concluiu se com base em requisitos como economia de operação, custos de aquisição, experiência em manutenção e fatores logísticos que a melhor opção seria a aquisição do Bell 206B Jet Ranger III. Desta maneira em junho do mesmo ano a Marinha do Brasil assinou dois contratos, sendo primeiro com a Bell Helicopter Textron, que compreendia a compra de dezesseis helicópteros Bell 206B Jet Ranger III, e o segundo com a empresa norte americana Sfena Co. para que procedesse a reconfiguração da suíte de avionica das aeronaves. Esse último item, elevaria significativamente o peso vazio dos helicópteros, objetivando equipá-los com um painel de instrumentos semelhante ao empregado pelos modelos em uso na Marinha Americana (US Navy) para a formação de pilotos de asas rotativas. Esta modificação permitiria que o modelo voasse sem restrições sob condições de voo por instrumentos. Além do novo painel, estas aeronaves seriam equipados com gancho de carga, guincho elétrico, flutuadores de emergência e portas ejetáveis para a tripulação e passageiros.
Em fins do ano de 1985,  as primeiras unidades do Bell 206B Jet Ranger III, ou IH-6B como passariam a ser  designados na Aviação Naval, já se encontravam finalizados e prontos para entrega na unidade fabril da Bell Helicopter Company, levando o comando da Aviaçao Naval da  Marinha do Brasil a desenvolver uma rota para o translado em voo destas das aeronaves até o Brasil.  Esta programação envolveria escalas em trinta e sete aeroportos no trajeto, devendo o mesmo executado em quatro esquadrilhas, voando entre os meses de março e maio do ano seguinte. Após a chegada destas aeronaves agora matriculadas como IH-6B "MB 5038 a 5053", na Base Aeronaval de São Pedro de Aldeia no interior do Rio de Janeiro. Estes helicópteros seriam incorporados ao 1º Esquadrão de Helicópteros de Instrução (HI-1), para serem inseridas no programa de instrução e formação não só dos pilotos da Aviação Naval e no Curso de Aperfeiçoamento de Aviação para Oficiais (CAAVO), mas também a primeira turma de aviadores da recém-criada aviação militar do Exército Brasileiro, operação esta que se repetiria nos dois anos seguidos. Este novo modelo de aeronave de asas rotativas dispunha de uma suíte aviônica mais complexa e avançada, elevando assim os patamares de treinamento, possibilitando ainda a implementação de instrução armada, pois as células podiam ser equipadas com metralhadoras coaxiais de calibre 7,62 mm,  ou ainda lançadores de foguetes nao guiados de produção nacional SBAT 70/7-1 de 70 mm, criando assim um estágio de emprego armado da aeronave, muito apreciado pelos futuros pilotos. 

Em 1992, antevendo um crescente aumento nas atividades de instrução do esquadrão, o Ministério da Marinha visando reforçar sua dotação,  decidiu adquirir mais três células do Bell Jet Ranger III, assinando em abril deste mesmo ano um contrato no valor de US$ 3.699.900, com estas novas aeronaves sendo idênticas as aquelas adquiridas em 1985, apresentando somente pequenas diferenças externas que refletiam a evolução do Bell Jet Ranger III.  Estes três helicópteros seriam recebidos na fábrica da empresa em Forte Worth no Texas em novembro de 1992, sendo despachados desmontados até o Brasi,l embarcados no navio mercante de bandeira mexicana Jalisco Hay, passando a ser  entregues em janeiro do ano seguinte no porto do Rio de Janeiro, sendo transportadas por via rodoviária até a Base Aeronaval de São Pedro de Aldeia no Rio de Janeiro. Além do ao 1º Esquadrão de Helicópteros de Instrução (HI-1), este modelo passaria também a dotar o recém criado 4º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral ( HU-4 ), unidade estava baseada no Complexo Naval de Ladário (CNLa) base do  6º Distrito Naval da Marinha, no estado do Mato Grosso do Sul. Nesta nova base passariam a atuar em em proveito de missões de transporte, ligação e apoio, operando ainda como vetores embarcados nos vasos fluviais, em  meados de  2012, posteriormente as células renascentes neste esquadrão foram devolvidas ao 1º Esquadrão de Helicópteros de Instrução (HI-1), para recompor sua dotação original .
No final da primeira década do novo século, ficava evidente a proximidade da obsolescência da frota de aeronaves leves da Aviação Naval, levando assim no ano de 2015, o comando da Marinha do Brasil através da Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), decidiu lançar as bases de estudo para o desenvolvimento do programa de Helicópteros de Emprego Geral de Pequeno Porte (UHP). Este programa tinha por missão lançar uma concorrência internacional visando a aquisição de uma nova aeronave de asas rotativas de porte leve, destinada as tarefas de treinamento e emprego geral, visando proporcionar aos futuros pilotos da aviação naval futuros, um nível de instrução compatível em termos de avionica embarcada aos novos vetores como os Sikorsky MH-16 Sea Hawk e  Eurocopter EC-725 UH-15 Super Cougar, que recentemente passaram a ser incorporados. Este programa visa também substituir a médios prazo os Helibras UH-12 de UH-13 Esquilo que a exemplo dos IH-6B Jet Ranger III também começavam a apresentar os sinais de cansaço, ocasionados principalmente devido ao  emprego intenso aliado as agressivas condições de operação no ambiente marinho impactaram no desgaste estrutural das células. Neste contexto o novo Helibras H-145 passar a ser altamente cotado para realizar esta substituição em bloco.

Em Escala.
Para representarmos o Bell Jet Ranger IH-6B "MB 5052" empregamos um antigo modelo do fabricante Fujimi na escala 1/48, necessitando de algumas modificações em scratch (portas de embarque traseiras e fixação das metralhadoras ou casulos de foguete coaxiais) para compor a versão brasileira (o modelo original representa a versão Bell OH-58 Kiowa empregada pelo Exercito Americano - US Army)). Fizemos uso de decais produzidos pela FCM Decais presentes no antigo, porém excelente Set 48/07B.
O esquema de cores descrito abaixo representa o padrão de pintura empregado em todas as células do Bell 206B Jet Ranger III ou IH-6B , utilizados desde o recebimento em 1986, sendo o mesmo mantido até os dias atuais, contando com apenas algumas pequenas alterações nas marcações seriais.

Bibliografia :

- Bell 206 Jet Ranger  - Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/Bell_206
- Asas Sobre os Mares - Aviação Naval Brasileira , Prof Rudnei Dias Cunha
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 Jackson Flores Jr

F-5FM Northrop Tiger II

História e Desenvolvimento.
Na década de 1950, a aviação militar experimentava um período de avanços tecnológicos sem precedentes, impulsionado pela Guerra Fria e pela corrida armamentista entre as superpotências. Novas aeronaves de combate alcançavam velocidades, autonomias e capacidades de carga útil muito superiores às das gerações anteriores. Contudo, esses avanços vinham acompanhados de um aumento significativo nos custos de aquisição e operação, o que gerava preocupações tanto para os comandantes militares dos Estados Unidos quanto para os fabricantes de aeronaves. Estes temiam que cortes orçamentários, motivados pelas elevadas despesas, pudessem comprometer suas receitas e limitar a produção de novos modelos. Diante desse cenário, a Northrop Aircraft Corporation, uma das principais empresas aeroespaciais da época, tomou a iniciativa de buscar soluções inovadoras. Em 1956, a companhia formou uma equipe de desenvolvimento liderada por Edgar Schmued, vice-presidente de engenharia e renomado projetista responsável pelo icônico  North American P-51 Mustang, utilizado na Segunda Guerra Mundial, e pelo F-86 Sabre, amplamente empregado na Guerra da Coreia (1950 - 1953). A missão dessa equipe era clara: desenvolver uma aeronave de combate leve que combinasse alto desempenho, manobrabilidade aprimorada e confiabilidade, mas com custos de aquisição e operação significativamente inferiores aos dos caças da geração vigente. Além disso, a Northrop Aircraft Corporation reconheceu que as aeronaves de combate modernas, devido à sua complexidade e alto custo, não poderiam ser substituídas em curtos intervalos, como ocorria com os aviões movidos a pistão nas décadas anteriores. Assim, o projeto incorporou o conceito inovador de "potencial de crescimento projetado", visando garantir uma vida útil superior a vinte anos. Outro princípio fundamental foi o do "custo do ciclo de vida", que buscava otimizar os gastos ao longo de toda a operação da aeronave. Sob a liderança técnica de Welko Gasich, engenheiro-chefe do projeto, decidiu-se que os motores seriam integrados à fuselagem, uma configuração que maximizava o desempenho e a durabilidade. O projeto, oficialmente designado N-156, foi concebido para atender a uma concorrência recém-lançada pela Marinha dos Estados Unidos (US Navy). O objetivo era desenvolver um caça leve para operar em porta-aviões de escolta, já que as aeronaves então em uso nos porta-aviões convencionais excediam as capacidades de lançamento e armazenamento desses navios menores. A flexibilidade do N-156 também era um diferencial, pois o projeto foi planejado para atender não apenas às necessidades da aviação naval norte-americana, mas também a possíveis demandas futuras da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF). Entretanto, os planos da Northrop enfrentaram um revés quando a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) reavaliou sua estrutura naval, optando pela desativação dos porta-aviões de escolta. Essa decisão impactou diretamente a continuidade do projeto N-156 em sua configuração inicial, exigindo que a Northrop Aircraft Corporation reorientasse seus esforços para adaptar a aeronave a outros contextos operacionais.

O cancelamento da demanda da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) para um caça leve destinado aos porta-aviões de escolta representou um significativo revés para a Northrop Aircraft Corporation. Essa decisão comprometeu diretamente os planos de produção em larga escala do projeto N-156, colocando em risco os investimentos realizados. Contudo, a diretoria da empresa demonstrou notável resiliência, optando por reorientar o projeto em duas vertentes distintas: o N-156F, um caça tático leve conhecido como “Tally-Ho”, e o N-156T, uma aeronave de treinamento avançado. O conceito do N-156T rapidamente conquistou o interesse da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), que buscava um substituto para os jatos subsônicos Lockheed T-33, utilizados como treinadores. Após avaliações, o N-156T foi selecionado como o treinador padrão da USAF, sendo redesignado como T-38 Talon. O primeiro protótipo do YT-38 Talon realizou seu voo inaugural em 12 de junho de 1959, a partir da Base Aérea de Edwards, na Califórnia. Após um extenso programa de ensaios em voo, a aeronave foi aprovada para produção, resultando na fabricação de 1.158 unidades. As entregas começaram em 1960 e se estenderam até janeiro de 1972. A excelência do projeto foi comprovada ao longo das décadas por meio de sucessivos programas de modernização e retrofit, que mantiveram o T-38 Talon em serviço ativo na missão de treinamento avançado até os dias atuais. Prevê-se que essas aeronaves, que já ultrapassaram cinquenta anos de operação, sejam gradualmente substituídas a partir da segunda metade da década de 2020. Apesar do desinteresse inicial pela versão monoplace do N-156F, a Northrop decidiu, com recursos próprios, continuar seu desenvolvimento. Essa perseverança foi recompensada em um momento de mudanças nas diretivas geopolíticas dos Estados Unidos. No final da década de 1950, o Departamento de Estado (DoS) identificou a necessidade de uma aeronave de combate supersônica multifuncional, de baixo custo de aquisição e operação, destinada principalmente ao mercado de exportação. Essa iniciativa visava fortalecer o Programa de Assistência Militar (MAP – Military Assistance Program), por meio do qual os Estados Unidos forneciam equipamentos de defesa a nações aliadas, consolidando sua esfera de influência durante a Guerra Fria. Essa demanda culminou na criação do “Programa FX”, uma concorrência para a aquisição de aproximadamente 200 aeronaves, com previsão de financiamento para a construção de três protótipos para avaliação. Diversas empresas apresentaram propostas, mas foi o N-156F da Northrop que se destacou. O primeiro protótipo do N-156F realizou seu voo inaugural em 30 de julho de 1959, também na Base Aérea de Edwards. Após um rigoroso programa de avaliação comparativa contra os concorrentes, a aeronave foi declarada vencedora, marcando um marco significativo na história da Northrop Aircraft Corporation e consolidando o N-156F como um sucesso no cenário aeroespacial internacional.
No contexto da Guerra Fria, a Northrop Aircraft Corporation alcançou um marco significativo com o desenvolvimento do caça tático leve designado oficialmente como F-5A, batizado de Freedom Fighter (Combatente da Liberdade). O nome refletia seu propósito estratégico: equipar nações aliadas, especialmente países em desenvolvimento, com uma aeronave acessível e eficaz para garantir sua defesa aérea contra a ameaça do expansionismo soviético. O F-5A foi concebido como uma solução robusta e econômica, alinhada aos objetivos do Programa de Assistência Militar (MAP – Military Assistance Program) dos Estados Unidos, que visava fortalecer a influência geopolítica norte-americana por meio do fornecimento de equipamentos militares. Em 26 de outubro de 1962, a Northrop celebrou a assinatura do primeiro contrato de produção para a fabricação de 200 unidades do F-5A. Ao longo dos anos, o Freedom Fighter tornou-se a principal aeronave de combate oferecida pelo MAP, sendo adotado pelas forças aéreas de nações como Filipinas, Irã, Etiópia, Noruega, Taiwan, Marrocos, Venezuela, Grécia, Turquia, Países Baixos, Coreia do Sul, Formosa e Espanha. Para atender à crescente demanda internacional, a Northrop firmou acordos de produção sob licença com empresas como a Canadair Ltd. (Canadá), Construcciones Aeronáuticas S.A. (CASA, Espanha) e Fokker (Países Baixos), ampliando a presença global do F-5. No final da década de 1960, com o objetivo de manter sua influência militar e política entre os aliados, o governo norte-americano começou a planejar um sucessor para a família F-5A/B. Em 1969, foi lançado o Processo IIFA (Improved International Fighter Aircraft), uma concorrência que convidou oito empresas a apresentarem propostas para uma nova aeronave de combate. Após uma rigorosa avaliação, a Northrop foi declarada vencedora com o modelo F-5A-2, uma evolução significativa do F-5A/B, redesignada como F-5E Tiger II. Esse novo caça foi projetado para superar o desempenho dos caças soviéticos Mikoyan-Gurevich MiG-21, atendendo às exigências de maior potência, manobrabilidade e capacidade de sobrevivência em cenários de combate. O primeiro protótipo do F-5E Tiger II realizou seu voo inaugural em 23 de agosto de 1972, na Base Aérea de Edwards, na Califórnia. Equipado com dois motores General Electric J85-21, que geravam até 5.000 libras de empuxo, o Tiger II apresentava uma fuselagem alongada e ampliada, permitindo maior capacidade de combustível e, consequentemente, maior autonomia. Suas asas foram redesenhadas com extensões de borda de ataque, aumentando a área alar e aprimorando a manobrabilidade. 

Para enfrentar ambientes hostis, o F-5E incorporava aviônicos avançados, destacando-se a inclusão do radar Emerson Electric AN/APQ-153 – uma inovação significativa, já que os modelos anteriores não possuíam radar. Além disso, o Tiger II podia ser customizado com sistemas de navegação inercial, equipamentos TACAN (Tactical Air Navigation) e contramedidas eletrônicas (ECM), atendendo às necessidades específicas de cada cliente. Em 6 de abril de 1973, o 425º TFS Esquadrão de Treinamento Tático (Tactical Fighter Training) sediado na Base Aérea de Williams, no Arizona, receberia o primeiro Northrop F-5E Tiger II de produção.  Neste momento seria iniciado o programa de formação de equipes de voo e solo, e a construção da doutrina operacional e de combate da nova aeronave. Posteriormente os caças bombardeiros Northrop F-5E Tiger II, começaram a ser despachados para o Sudeste Asiático, onde receberiam seu batismo de fogo no conflito do Vietnã, atuando como substitutos dos Northrop F-5A Freedon Fighter nas operações “Skoshi Tiger”, onde se mostrariam muito superiores em termos de performance. Dotando não só a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), mas também diversos esquadrões da Força Aérea do Vietnã do Sul (VNAF).  Além desta nação, seguindo as diretrizes iniciais de seu desenvolvimento, o Northrop F-5E Tiger II, passou a ser oferecido em termos vantajosos através dos programas de ajuda militar,  uma série de países alinhados a política externa do governo norte-americano, recebendo contratos de exportação para Coreia do Sul, Irã, Chile, Brasil, México, Suíça, Malásia, Cingapura, Taiwan, Marrocos, Jordânia, Grécia, Tunísia, Arábia Saudita, Etiópia. Honduras, Indonésia, Quênia, Noruega, Sudão e Iêmen.  A positiva aceitação do F-5E Tiger II em função de sua excelente relação custo-benefício, o que proporcionaria os recursos e mercado para o desenvolvimento de uma versão de conversão, porém ao contrário de seu antecessor o F-5B Freedon Figther, este novo modelo deveria manter as capacidades de combate da versão monoplace, gerando mais um benefício para seus operadores. A versão de treinamento e conversão do Tiger II acompanhava o mesmo desing, com um pouco mais de um metro comprimento adicionado a fuselagem na região da cabine, com a finalidade de abrigar o segundo assento. Assim ao contrário do que aconteceu no modelo F-5B, a nova aeronave apresentava um nariz alongado em cerca de 91 cm (3 pés) para acomodar o  radar Emerson AN/APQ-157 (derivado do AN/APQ-153) e aviônicos avançados.
O F-5F foi projetado para ser "combat-capable", ou seja, capaz de combate, com um canhão M-39 de 20 mm único (com capacidade reduzida de munição em relação ao F-5E) e sistemas de controle duplo para treinamento de instrutor e aluno. Mantinha ainda sete pontos duros para até 3.200 kg de carga, incluindo mísseis ar-ar (como AIM-9 Sidewinder), bombas e foguetes. No demais todo o conjunto estrutural como motores, asas e todo o resto é praticamente igual ao monoposto com exceção de alguns detalhes como aletas sobre as asas e peso sobre a cauda, para compensar a mudança no centro de gravidade e as alterações na estabilidade devido ao aumento do comprimento e ao peso do segundo assento. Em termos de dimensões seu comprimento era de  14,69 m; envergadura de 8,13 m; altura de 4,08 m; peso vazio de 4.347 kg; peso máximo de decolagem de 11.192 kg. As extensões do bordo de ataque também apresentavam um formato diferente, para aumentar sua aérea, concedendo ao Northrop F-5F Tiger II  desempenho muito similar a versão monoplace facilitando assim a tarefa de conversão operacional. Em 25 de setembro de 1974, o primeiro protótipo do  F-5F (número de série 73-0889) realizou seu voo inaugural na Base Aérea de Edwards, na Califórnia. Logo após ser submetido a um extenso programa de testes de voo, receberia seu primeiro contrato de produção celebrado com o comando da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF). Sua introdução foi limitada, já que o foco era exportação e treinamento de aliados, como Coreia do Sul, Taiwan, Sudão e Suíça. Sua produção seria encerrada em 1986, totalizando 146 aeronaves entregues pela Northrop Aircraft Co, sendo esta complementada pela produção sob licença de 91 na Suíça, 68 na Coreia do Sul e 28 em Taiwan. A partir do final desta mesma década, esta família de aeronaves começaria a ser substituído na Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), pelas primeiras versões do novo caça multifuncional General Dynamics F-16 Fighting Falcon. Apesar de estar defasado tecnologicamente em relação as aeronaves de nova geração, alguns dos maiores operadores do modelo vislumbrariam a oportunidade de prolongar a vida útil das células do Northrop F-5E e F-5F Tiger.  A primeira experiência de implementação de um programa de modernização seria desenvolvida pela Força Aérea da República de Singapura (RSAF), com a adoção de radares FIAR Grifo-F produzidos pela empresa italiana Galileo Avionica (similar em desempenho aos modelos norte-americanos Emerson Electric's AN/APG-69), cockpits atualizados e sistema de armas compatíveis com misseis ar ar de longo alcance Hughes Aircraft AIM-120 AMRAAM e de curto alcance Rafael Python. Os resultados obtidos seriam extremamente positivos, levando a outros programas com o mesmo propósito entre seus principais operadores, resultando na revogação da capacidade de combate do pequeno caça bombardeiro da Northrop Aircraft Corporation, permitindo estender sua vida útil pelo menos até fins da década de 2020.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
No final da década de 1990, a Força Aérea Brasileira (FAB) enfrentava um cenário desafiador em sua aviação de caça e ataque. Sua frota era composta por apenas 65 aeronaves, divididas entre os caças franceses Marcel Dassault Mirage IIIEBR (designados F-103E) e os norte-americanos Northrop F-5E Tiger II. Essas aeronaves, alocadas em quatro unidades de caça de primeira linha – incluindo o 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAvC) e o 1º/14º Grupo de Aviação (Esquadrão Pampa) – pertenciam às gerações de segunda e terceira de aviões de combate. Apesar de sua confiabilidade operacional, esses vetores eram considerados tecnologicamente obsoletos, especialmente quando comparados aos caças de quarta geração que dominavam os cenários de combate aéreo da época. Durante a Guerra Fria, os Mirage IIIEBR e F-5E Tiger II foram pilares da defesa aérea brasileira, desempenhando papéis cruciais em missões como a interceptação de um bombardeiro Avro Vulcan em 1982, durante a Guerra das Malvinas. No entanto, na década de 1990, exercícios multinacionais conjuntos expuseram as limitações dessas aeronaves frente a caças modernos, como o Dassault Mirage 2000 e o Lockheed Martin F-16C/D Fighting Falcon. A principal deficiência era a incapacidade de operar em combates além do alcance visual (Beyond Visual Range – BVR), uma característica essencial na guerra aérea moderna, que exigia sistemas de radar avançados, mísseis de longo alcance e aviônicos integrados. Além disso, muitos dos Mirage IIIEBR/D, adquiridos na década de 1970, aproximavam-se do fim de sua vida útil estrutural. As células apresentavam sinais de fadiga, e os custos de manutenção estavam se tornando insustentáveis, sinalizando a necessidade urgente de substituição. Os F-5E, embora mais recentes e com potencial de modernização como demonstrado por programa realizados em outros países, também careciam de sistemas compatíveis com os padrões de quarta geração, como mísseis BVR do tipo AIM-120 AMRAAM ou radares multimodo. Reconhecendo essas limitações, a Força Aérea Brasileira (FAB) identificou a necessidade de adquirir pelo menos 50 aeronaves multimissão de quarta geração para substituir os Mirage IIIEBR e complementar os F-5E. Esse objetivo ganhou forma em julho de 2000, com a aprovação do Programa de Fortalecimento do Controle do Espaço Aéreo Brasileiro, que incluía o projeto FX BR como seu braço armado. Com um orçamento inicial de US$ 700 milhões, o programa previa a aquisição de 12 a 24 caças de superioridade aérea, capazes de operar em cenários de combate moderno e fortalecer o Sistema de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (SISDACTA). O Ministério da Defesa conduziu um meticuloso processo de análise técnica, avaliando propostas de fabricantes globais. Entre os concorrentes estavam caças de renome, como o Dassault Mirage 2000-5, o Lockheed Martin F-16C/D, o Sukhoi Su-30 e o Saab JAS 39 Gripen. Após rigorosa avaliação, uma lista final (short list) foi definida, destacando os modelos mais alinhados com os requisitos operacionais e orçamentários. Infelizmente, o ímpeto do programa FX BR foi interrompido em 2002, quando um novo governo assumiu o poder no Brasil. Apesar do financiamento externo garantido, que minimizava a necessidade de investimento imediato, a nova administração optou por cancelar o programa, priorizando a alocação de recursos para iniciativas sociais. Essa decisão, adiou a modernização da aviação de caça brasileira, deixando a Força Aérea Brasileira (FAB) dependente de vetores envelhecidos por mais uma década.

Apesar desta negativa, a premente necessidade de substituição e modernização, se fazia presente, e o comando do Ministério da Defesa imbuído da missão de fazer o máximo possível com o seu reduzido orçamento para  Aeronáutica, decidiu derivar por dois caminhos. O primeiro visaria a aquisição de dez a doze caças usados para a substituição dos Marcel Dassault Mirage IIIEBR - F-103E, com este programa somente atendendo e mesmo assim paliativamente em 2006 com a incorporação de interceptadores franceses usados Mirage 2000C RDI. O segundo caminho pautava um estudo voltado a aplicação de um processo de modernização de sua frota de caças Northrop  F-5E/F Tiger II, com este sendo profundamente influenciado no exitoso programa aplicado junto aos caças F-5E Tigres III chileno.  Além das necessidades de modernização, se fazia ainda recompor a frota das aeronaves de conversão, pois infelizmente em 1996, o Northrop F-5F "FAB 4809" sofreria um grave acidente com perda total de material e pessoal em manobras próximas a cidade de Triunfo no Rio Grande do Sul. Esta ocorrência reduziria a frota de treinadores à apenas três células, o que sobrecarregaria as atividades de voo deste modelo, motivando então a equipe do Parque de Material de Aeronáutica de São Paulo (PAMA SP), a manter um cuidadoso e esmerado programa de manutenção, para assim, evitar que os períodos das grandes inspeções das células coincidissem, mantendo sempre no mínimo dois Northrop F-5F operacionais. Nesse contexto, seria criado o Programa F-5BR, liderado pela Embraer S/A em parceria com a israelense Elbit Systems, emergiu como uma iniciativa estratégica para modernizar a frota de F-5E/F, garantindo sua relevância operacional até o final da década de 2020. Em 30 de dezembro de 2001, o Comando da Aeronáutica (CoMaer)  aprovou um orçamento de US$ 285 milhões para o retrofit estrutural e modernização de 46 células – 43 F-5E e três F-5F –, redesignadas como F-5EM e F-5FM, respectivamente. A Embraer, em colaboração com a Elbit Systems, liderou o projeto, realizado no Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMASP) e nas instalações da Embraer em Gavião Peixoto (SP). O projeto trouxe inovações de quarta geração, alinhando os caças brasileiros aos padrões modernos de combate aéreo. Entre os principais avanços destacam-se: Radar Pulso Doppler Grifo F/BR (Grifo-X P2803): Fabricado pela Leonardo S.p.A., esse radar oferecia capacidade look-down/shoot-down, permitindo detectar e engajar alvos em baixa altitude contra o fundo do terreno, essencial para operações BVR. Cabine Modernizada: A instalação de três mostradores multifuncionais (MFD) coloridos, um Head-Up Display (HUD) e iluminação compatível com missões noturnas aprimorou a interface piloto-aeronave, aumentando a consciência situacional. Sistema de Comunicação: A adoção de rádios V/UHF digitais da Rohde & Schwarz, com enlace de dados, garantiu interoperabilidade com outras plataformas, em serviço na Força Aérea Brasileira (FAB) como os Embraer R-99 A/B (de alerta aéreo antecipado) e A-29 Super Tucano. Tecnologias de Quarta Geração: Incluíram o sistema de mira montado no capacete israelense DASH 4, que permitia aos pilotos direcionar mísseis com o olhar, um enlace de dados para compartilhamento de informações táticas, e o AACMI (Autonomous Air Combat Maneuvering Instrumentation), para simulação e avaliação de combates. O sistema de planejamento de missão e treinamento virtual de voo reforçou a preparação dos pilotos. Controle e Navegação: A introdução do sistema HOTAS (Hands On Throttle and Stick), dois computadores de alto desempenho e um sistema integrado de navegação INS/GPS aprimorou a precisão e a eficiência operacional. Sistemas de Autodefesa: As aeronaves receberam contramedidas eletrônicas (ECM), receptores de alerta radar (RWR) e lançadores de chaff e flare, aumentando a sobrevivência em ambientes hostis.
Além das atualizações tecnológicas, o programa incluiu uma revisão completa das células, reforçando a estrutura para estender a vida útil em cerca de 15 a 20 anos. Componentes críticos, como asas e fuselagem, foram inspecionados e reparados, garantindo a integridade das aeronaves para operações intensivas. Essa fase abrangeria também a padronização das aeronaves, que apresentavam diferenças entre si, pois foram fornecidas em dois lotes, incluindo também a instalação da sonda de reabastecimento em voo nas aeronaves recebidas em 1988.  Em 21 de fevereiro de 2001, as instalações da Embraer em São José dos Campos, São Paulo, receberam as duas primeiras aeronaves destinadas a servir como protótipos do Programa F-5BR: uma na versão monoplace (F-5E) e outra na biplace (F-5F). Essas células foram submetidas a extensos testes para validar as atualizações estruturais e tecnológicas previstas, que incluíam a integração de um radar Pulso Doppler Leonardo Grifo F/BR, aviônicos de quarta geração, mísseis BVR Rafael Derby e sistemas de autodefesa avançados. O primeiro voo do protótipo biplace, redesignado F-5FM, ocorreu em 4 de dezembro de 2003, seguido pelo voo do protótipo monoplace F-5EM em 16 de junho de 2004. Esses marcos demonstraram o progresso técnico do programa, que combinava a expertise da Embraer em modernização de aeronaves com a tecnologia de ponta fornecida pela Elbit Systems. Os testes de voo, realizados em colaboração com pilotos e engenheiros da Força Aérea Brasileira (FAB), confirmaram a eficácia dos novos sistemas, como o capacete DASH 4, o HOTAS (Hands On Throttle and Stick) e os mostradores multifuncionais (MFD), projetados para operações diurnas e noturnas. Em 21 de setembro de 2005, a FAB celebrou a entrega oficial da primeira aeronave modernizada, o Northrop F-5EM Tiger II de matrícula FAB 4586, em uma cerimônia realizada na Base Aérea de Canoas, no Rio Grande do Sul. Essa aeronave, alocada ao 1º/14º Grupo de Aviação (Esquadrão Pampa), tinha uma história singular: tratava-se da primeira célula F-5E produzida pela Northrop Aircraft Corporation, que realizou seu voo inaugural em 11 de agosto de 1972, na Base Aérea de Edwards, Califórnia. Para reforçar sua frota e compensar a baixa quantidade de aeronaves biplace, essenciais para treinamento, a Força Aérea Brasileira (FAB) negociou, em 2007, a aquisição de 11 caças usados da Real Força Aérea Jordaniana. O acordo incluiu oito unidades monoplace F-5E e três biplace F-5F, sendo a entrega das células biplace uma condição obrigatória para a concretização da compra. Enquanto os F-5F foram modernizados para o padrão F-5FM, integrando-se às operações do 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAvC) e outras unidades, as células monoplace foram destinadas principalmente como fonte de peças sobressalentes, garantindo a sustentabilidade da frota modernizada.

A despeito do comprometimento exemplar da Embraer, da Elbit Systems e da Aeronáutica, o Programa F-5BR enfrentou desafios significativos, sobretudo em razão de limitações orçamentárias impostas ao Ministério da Defesa. Originalmente planejada para concluir a modernização de 46 aeronaves — 43 F-5EM e três F-5FM — até meados da década de 2000, a iniciativa sofreu adiamentos, culminando na entrega da última aeronave apenas em 2013. Esse marco representou a concretização de mais de uma década de esforços dedicados à revitalização da frota de caças. O processo de modernização dotou as aeronaves de um conjunto avançado de sistemas de armamento, ampliando significativamente suas capacidades operacionais. Entre os novos recursos, destacam-se os mísseis de curto alcance Python-4 e Piranha, bem como mísseis de longo alcance com capacidade de engajamento além do alcance visual (BVR). Além disso, foram incorporados kits para bombas inteligentes, como os modelos LGB e Lizard, compatíveis com as bombas MK-82 e MK-84. Complementando esses avanços, as aeronaves receberam pods israelenses de guerra eletrônica, incluindo o Rafael Skyshield e o Rafael Litening III, que possibilitam reconhecimento, designação de alvos por laser, infravermelho (IR) ou GPS. A introdução do Northrop F-5EM Tiger II modernizado elevou a Força Aérea Brasileira (FAB) a um novo patamar de excelência operacional, equiparando-a às capacidades de aeronaves de quarta geração em cenários de combate moderno. A interoperabilidade das aeronaves F-5EM com outros vetores da Força Aérea Brasileira (FAB), como as aeronaves de alerta aéreo antecipado Embraer E-99, de sensoriamento remoto Embraer R-99, e de ataque Embraer A-29 ALX e A-1M AM, viabilizou a adoção do conceito de “ataque por pacotes”. Essa estratégia permite a integração de diferentes tipos de aeronaves em operações coordenadas, otimizando o desempenho em missões complexas. A modernização também propiciou o desenvolvimento de novas doutrinas operacionais, com ênfase no combate ar-ar em ambientes além do alcance visual. Essas capacidades foram frequentemente testadas em exercícios simulados contra os caças Dassault Mirage F-2000C do 1º Grupo de Defesa Aérea, demonstrando a robustez e a versatilidade do F-5EM. Este processo evolutivo seria coroado quando da participação do 1º/14º Grupo de Aviação - Esquadrão Pampa no prestigioso exercício multinacional RED FLAG no deserto de Nevada, realizado em junho de 2008 nos Estados Unidos. O Red Flag é um exercício avançado de emprego do poder aéreo, projetado para simular combates aéreos realistas em cenários de alta complexidade, com ameaças aéreas, antiaéreas e eletrônicas. A participação da FAB em 2008 marcou sua segunda presença no exercício. Neste momento seriam envolvidos seis caças F-5EM, realizaram cerca de 200 voos, totalizando 500 horas de treinamento, com uma média de 10 voos diários. Os caças F-5EM demonstraram robustez em combates BVR, coordenação com AWACS (aeronaves de alerta e controle), participando em  combates simulados contra aeronaves Boeing F-15E Eagle, Lockheed F-16C Falcon e Saab JAS 39 Gripen, obtendo excelentes resultados operacionais.
A modernização dos F-5F "jordanianos", por fim elevou a frota destas aeronaves para seis unidades possibilitando a distribuição de duas células por esquadrão operador do modelo (lembrando que anteriormente antes da modernização os três F-5F originais eram concentrados no 1º/14º GAv ), melhorando assim o processo de treinamento e conversão. Em 12 de dezembro de 2010, o F-5EM passou a equipar também o 1º/4º Grupo de Aviação (1º/4º GAV), o Esquadrão Pacau, sediado inicialmente em Fortaleza (CE) e posteriormente transferido para a Base Aérea de Manaus (AM). Essa transição marcou um momento histórico para o esquadrão, que substituiu os veteranos jatos de treinamento avançado Embraer AT-26 Xavante, em serviço desde a década de 1970. O Xavante, embora robusto, era limitado em capacidades de combate moderno, e sua substituição pelo F-5EM Tiger II elevou o Esquadrão Pacau à categoria de unidade de caça de primeira linha.  A transferência para Manaus reforçou a presença da Força Aérea Brasileira (FAB) na Amazônia, uma região estratégica para a defesa nacional, permitindo maior capacidade de resposta a ameaças aéreas e vigilância do espaço aéreo na fronteira norte. A modernização do Esquadrão Pacau com o F-5EM foi acompanhada por intensos esforços de treinamento, com pilotos e equipes de manutenção adaptando-se às novas tecnologias da aeronave. A interoperabilidade com outras plataformas, como o Embraer E-99 (AWACS) e o A-29 Super Tucano, fortaleceu a doutrina de operações combinadas, consolidando a Força Aérea Brasileira (FAB) como uma força preparada para cenários complexos.  A partir de 2021, as primeiras células do F-5EM Tiger II começaram a ser desativadas do serviço ativo, refletindo o avanço da frota de Gripens e as prioridades de modernização da Força Aérea Brasileira (FAB). Esse processo marcou o início do ocaso de uma aeronave que, por mais de quatro décadas, foi a espinha dorsal da aviação de caça brasileira. Especula-se que a desativação completa do F-5EM e F-5FM ocorra até o final da década de 2020, encerrando uma trajetória marcada por conquistas operacionais e adaptações às limitações orçamentárias do Brasil.

Em Escala.
Para representarmos o Northrop F-5FM "FAB 4808" empregamos o antigo modelo da Monogram na escala 1/48, necessitando para se compor a versão modernizada, proceder como alterações básicas a inclusão de antenas RWR, dispensers de chaff e flares , remoção do canhão M-39 de 20 mm e adoção da sonda de reabastecimento em vôo  (item em resina). Para finalizar o modelo fizemos uso de decais produzidos pela FCM Decais, presentes no set 48/33.
O esquema de camuflagem aplicado aos Northrop F-5FM Tiger II modernizados pela Força Aérea Brasileira (FAB) reflete uma abordagem funcional e estratégica, projetada para otimizar a sobrevivência da aeronave em cenários de combate e adaptá-la às condições operacionais do Brasil. A pintura dos F-5EM E F-5FM utilizam tintas foscas para reduzir reflexos e melhorar a camuflagem. Após a modernização, as aeronaves receberam um revestimento anticorrosivo, essencial para operações em ambientes úmidos como a Amazônia. Existiram pequenas variações referentes a aplicação das marcações exclusivas das cinco unidades que empregam o modelo.



Bibliografia : 
- Northop F-5 Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/Northrop_F-5
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 por Jackson Flores Junior
- F-5F  na FAB, os Poucos,  Fernando " De Martini; Alexandre Galante e Guilherme Poggio - Revista Forças de Defesa Número 6
- Os Tiger Afiam suas Garras - Carlos Lorch - Revista Força Aérea Nº3
- Mike , um Novo Vetor de Armas – Jose Leandro P- Casella – Revista Força Aérea Nº 45

F-5F Northrop Tiger II

História e Desenvolvimento.
Na década de 1950, a aviação militar experimentava um período de avanços tecnológicos sem precedentes, impulsionado pela Guerra Fria e pela corrida armamentista entre as superpotências. Novas aeronaves de combate alcançavam velocidades, autonomias e capacidades de carga útil muito superiores às das gerações anteriores. Contudo, esses avanços vinham acompanhados de um aumento significativo nos custos de aquisição e operação, o que gerava preocupações tanto para os comandantes militares dos Estados Unidos quanto para os fabricantes de aeronaves. Estes temiam que cortes orçamentários, motivados pelas elevadas despesas, pudessem comprometer suas receitas e limitar a produção de novos modelos. Diante desse cenário, a Northrop Aircraft Corporation, uma das principais empresas aeroespaciais da época, tomou a iniciativa de buscar soluções inovadoras. Em 1956, a companhia formou uma equipe de desenvolvimento liderada por Edgar Schmued, vice-presidente de engenharia e renomado projetista responsável pelo icônico  North American P-51 Mustang, utilizado na Segunda Guerra Mundial, e pelo F-86 Sabre, amplamente empregado na Guerra da Coreia (1950 - 1953). A missão dessa equipe era clara: desenvolver uma aeronave de combate leve que combinasse alto desempenho, manobrabilidade aprimorada e confiabilidade, mas com custos de aquisição e operação significativamente inferiores aos dos caças da geração vigente. Além disso, a Northrop Aircraft Corporation reconheceu que as aeronaves de combate modernas, devido à sua complexidade e alto custo, não poderiam ser substituídas em curtos intervalos, como ocorria com os aviões movidos a pistão nas décadas anteriores. Assim, o projeto incorporou o conceito inovador de "potencial de crescimento projetado", visando garantir uma vida útil superior a vinte anos. Outro princípio fundamental foi o do "custo do ciclo de vida", que buscava otimizar os gastos ao longo de toda a operação da aeronave. Sob a liderança técnica de Welko Gasich, engenheiro-chefe do projeto, decidiu-se que os motores seriam integrados à fuselagem, uma configuração que maximizava o desempenho e a durabilidade. O projeto, oficialmente designado N-156, foi concebido para atender a uma concorrência recém-lançada pela Marinha dos Estados Unidos (US Navy). O objetivo era desenvolver um caça leve para operar em porta-aviões de escolta, já que as aeronaves então em uso nos porta-aviões convencionais excediam as capacidades de lançamento e armazenamento desses navios menores. A flexibilidade do N-156 também era um diferencial, pois o projeto foi planejado para atender não apenas às necessidades da aviação naval norte-americana, mas também a possíveis demandas futuras da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF). Entretanto, os planos da Northrop enfrentaram um revés quando a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) reavaliou sua estrutura naval, optando pela desativação dos porta-aviões de escolta. Essa decisão impactou diretamente a continuidade do projeto N-156 em sua configuração inicial, exigindo que a Northrop Aircraft Corporation reorientasse seus esforços para adaptar a aeronave a outros contextos operacionais.

O cancelamento da demanda da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) para um caça leve destinado aos porta-aviões de escolta representou um significativo revés para a Northrop Aircraft Corporation. Essa decisão comprometeu diretamente os planos de produção em larga escala do projeto N-156, colocando em risco os investimentos realizados. Contudo, a diretoria da empresa demonstrou notável resiliência, optando por reorientar o projeto em duas vertentes distintas: o N-156F, um caça tático leve conhecido como “Tally-Ho”, e o N-156T, uma aeronave de treinamento avançado. O conceito do N-156T rapidamente conquistou o interesse da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), que buscava um substituto para os jatos subsônicos Lockheed T-33, utilizados como treinadores. Após avaliações, o N-156T foi selecionado como o treinador padrão da USAF, sendo redesignado como T-38 Talon. O primeiro protótipo do YT-38 Talon realizou seu voo inaugural em 12 de junho de 1959, a partir da Base Aérea de Edwards, na Califórnia. Após um extenso programa de ensaios em voo, a aeronave foi aprovada para produção, resultando na fabricação de 1.158 unidades. As entregas começaram em 1960 e se estenderam até janeiro de 1972. A excelência do projeto foi comprovada ao longo das décadas por meio de sucessivos programas de modernização e retrofit, que mantiveram o T-38 Talon em serviço ativo na missão de treinamento avançado até os dias atuais. Prevê-se que essas aeronaves, que já ultrapassaram cinquenta anos de operação, sejam gradualmente substituídas a partir da segunda metade da década de 2020. Apesar do desinteresse inicial pela versão monoplace do N-156F, a Northrop decidiu, com recursos próprios, continuar seu desenvolvimento. Essa perseverança foi recompensada em um momento de mudanças nas diretivas geopolíticas dos Estados Unidos. No final da década de 1950, o Departamento de Estado (DoS) identificou a necessidade de uma aeronave de combate supersônica multifuncional, de baixo custo de aquisição e operação, destinada principalmente ao mercado de exportação. Essa iniciativa visava fortalecer o Programa de Assistência Militar (MAP – Military Assistance Program), por meio do qual os Estados Unidos forneciam equipamentos de defesa a nações aliadas, consolidando sua esfera de influência durante a Guerra Fria. Essa demanda culminou na criação do “Programa FX”, uma concorrência para a aquisição de aproximadamente 200 aeronaves, com previsão de financiamento para a construção de três protótipos para avaliação. Diversas empresas apresentaram propostas, mas foi o N-156F da Northrop que se destacou. O primeiro protótipo do N-156F realizou seu voo inaugural em 30 de julho de 1959, também na Base Aérea de Edwards. Após um rigoroso programa de avaliação comparativa contra os concorrentes, a aeronave foi declarada vencedora, marcando um marco significativo na história da Northrop Aircraft Corporation e consolidando o N-156F como um sucesso no cenário aeroespacial internacional.
No contexto da Guerra Fria, a Northrop Aircraft Corporation alcançou um marco significativo com o desenvolvimento do caça tático leve designado oficialmente como F-5A, batizado de Freedom Fighter (Combatente da Liberdade). O nome refletia seu propósito estratégico: equipar nações aliadas, especialmente países em desenvolvimento, com uma aeronave acessível e eficaz para garantir sua defesa aérea contra a ameaça do expansionismo soviético. O F-5A foi concebido como uma solução robusta e econômica, alinhada aos objetivos do Programa de Assistência Militar (MAP – Military Assistance Program) dos Estados Unidos, que visava fortalecer a influência geopolítica norte-americana por meio do fornecimento de equipamentos militares. Em 26 de outubro de 1962, a Northrop celebrou a assinatura do primeiro contrato de produção para a fabricação de 200 unidades do F-5A. Ao longo dos anos, o Freedom Fighter tornou-se a principal aeronave de combate oferecida pelo MAP, sendo adotado pelas forças aéreas de nações como Filipinas, Irã, Etiópia, Noruega, Taiwan, Marrocos, Venezuela, Grécia, Turquia, Países Baixos, Coreia do Sul, Formosa e Espanha. Para atender à crescente demanda internacional, a Northrop firmou acordos de produção sob licença com empresas como a Canadair Ltd. (Canadá), Construcciones Aeronáuticas S.A. (CASA, Espanha) e Fokker (Países Baixos), ampliando a presença global do F-5. No final da década de 1960, com o objetivo de manter sua influência militar e política entre os aliados, o governo norte-americano começou a planejar um sucessor para a família F-5A/B. Em 1969, foi lançado o Processo IIFA (Improved International Fighter Aircraft), uma concorrência que convidou oito empresas a apresentarem propostas para uma nova aeronave de combate. Após uma rigorosa avaliação, a Northrop foi declarada vencedora com o modelo F-5A-2, uma evolução significativa do F-5A/B, redesignada como F-5E Tiger II. Esse novo caça foi projetado para superar o desempenho dos caças soviéticos Mikoyan-Gurevich MiG-21, atendendo às exigências de maior potência, manobrabilidade e capacidade de sobrevivência em cenários de combate. O primeiro protótipo do F-5E Tiger II realizou seu voo inaugural em 23 de agosto de 1972, na Base Aérea de Edwards, na Califórnia. Equipado com dois motores General Electric J85-21, que geravam até 5.000 libras de empuxo, o Tiger II apresentava uma fuselagem alongada e ampliada, permitindo maior capacidade de combustível e, consequentemente, maior autonomia. Suas asas foram redesenhadas com extensões de borda de ataque, aumentando a área alar e aprimorando a manobrabilidade. 

Para enfrentar ambientes hostis, o F-5E incorporava aviônicos avançados, destacando-se a inclusão do radar Emerson Electric AN/APQ-153 – uma inovação significativa, já que os modelos anteriores não possuíam radar. Além disso, o Tiger II podia ser customizado com sistemas de navegação inercial, equipamentos TACAN (Tactical Air Navigation) e contramedidas eletrônicas (ECM), atendendo às necessidades específicas de cada cliente. Em 6 de abril de 1973, o 425º TFS Esquadrão de Treinamento Tático (Tactical Fighter Training) sediado na Base Aérea de Williams, no Arizona, receberia o primeiro Northrop F-5E Tiger II de produção.  Neste momento seria iniciado o programa de formação de equipes de voo e solo, e também a construção da doutrina operacional e de combate da nova aeronave. Posteriormente os caças bombardeiros Northrop F-5E Tiger II, começaram a ser despachados para o Sudeste Asiático, onde receberiam seu batismo de fogo no conflito do Vietnã, atuando como substitutos dos Northrop F-5A Freedon Fighter nas operações “Skoshi Tiger”, onde se mostrariam muito superiores em termos de performance. Dotando não só a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), mas também diversos esquadrões da Força Aérea do Vietnã do Sul (VNAF).  Além desta nação, seguindo as diretrizes iniciais de seu desenvolvimento, o Northrop F-5E Tiger II, passou a ser oferecido em termos vantajosos através dos programas de ajuda militar,  uma série de países alinhados a política externa do governo norte-americano, recebendo contratos de exportação para Coreia do Sul, Irã, Chile, Brasil, México, Suíça, Malásia, Cingapura, Taiwan, Marrocos, Jordânia, Grécia, Tunísia, Arábia Saudita, Etiópia. Honduras, Indonésia, Quênia, Noruega, Sudão e Iêmen.  A positiva aceitação do F-5E Tiger II em função de sua excelente relação custo benefício, o que proporcionaria os recursos e mercado para o desenvolvimento de uma versão de conversão, porém ao contrário de seu antecessor o F-5B Freedon Figther, este novo modelo deveria manter as mesmas capacidades de combate da versão monoplace, gerando mais um benefício para seus operadores. A versão de treinamento e conversão do Tiger II acompanhava o mesmo desing, com um pouco mais de um metro comprimento adicionado a fuselagem na região da cabine, com a finalidade de abrigar o segundo assento. Assim ao contrário do que aconteceu no modelo F-5B, a nova aeronave apresentava  um nariz alongado em cerca de 91 cm (3 pés) para acomodar o  radar Emerson AN/APQ-157 (derivado do AN/APQ-153) e aviônicos avançados.  
O F-5F foi projetado para ser "combat-capable", ou seja, capaz de combate, com um canhão M-39 de 20 mm único (com capacidade reduzida de munição em relação ao F-5E) e sistemas de controle duplo para treinamento de instrutor e aluno. Mantinha ainda sete pontos duros para até 3.200 kg de carga, incluindo mísseis ar-ar (como AIM-9 Sidewinder), bombas e foguetes. No demais todo o conjunto estrutural como motores, asas e todo o resto é praticamente igual ao monoposto com exceção de alguns detalhes como aletas sobre as asas e peso sobre a cauda, para compensar a mudança no centro de gravidade e as alterações na estabilidade devido ao aumento do comprimento e ao peso do segundo assento. Em termos de dimensões seu comprimento era de  14,69 m; envergadura de 8,13 m; altura de 4,08 m; peso vazio de 4.347 kg; peso máximo de decolagem de 11.192 kg. As extensões do bordo de ataque também apresentavam um formato diferente, para aumentar sua aérea, concedendo ao Northrop F-5F Tiger II  desempenho muito similar a versão monoplace facilitando assim a tarefa de conversão operacional. Em 25 de setembro de 1974, o primeiro protótipo do  F-5F (número de série 73-0889) realizou seu voo inaugural na Base Aérea de Edwards, na Califórnia. Logo após ser submetido a um extenso programa de testes de voo, receberia seu primeiro contrato de produção celebrado com o comando da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF).  Especificamente, as entregas começaram em meados de 1976 para o 425th Tactical Fighter Squadron, parte do 57th Fighter Weapons Wing, baseado em Williams Air Force Base, Arizona, onde o F-5F foi usado para treinamento de pilotos estrangeiros sob o programa de assistência militar. Sua introdução na USAF foi limitada, já que o foco era exportação e treinamento de aliados, como Coreia do Sul, Taiwan, Sudão e Suíça. Algumas unidades também foram usadas pela Marinha dos Estados Unidos (US Navy) e pelo Corpo de Fuzileiros Navais (USMC) em papéis de treinamento de adversários (adversary training), mas isso ocorreu mais tarde, com conversões para a variante F-5N/F. Sua produçao seria encerrada em 1986, totalizando 146 aeronaves entregues pela Northrop Aircraft Co, sendo esta complementada pela produção sob licença de 91 na Suíça, 68 na Coreia do Sul e 28 em Taiwan. A partir do final desta mesma década,  esta família de aeronaves começaria a ser substituído na Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), pelas primeiras versões do novo caça multifuncional General Dynamics F-16 Fighting Falcon. Apesar de estar defasado tecnologicamente em relação as aeronaves de nova geração, alguns dos maiores operadores do modelo vislumbrariam a oportunidade de prolongar a vida útil das células do Northrop F-5E e F-5F Tiger. Estes estudos culminariam em diversos programas de modernização, estendendo a vida útil destas aeronaves até pelo menos o final da década de 2020.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Ao término da Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea Brasileira (FAB) dispunha de um inventário superior a 1.500 aeronaves militares modernas, contando com um significativo número de aeronaves de primeira linha, incluindo os renomados caças-bombardeiros Republic P-47D Thunderbolt e Curtiss P-40 Warhawk, bem como as aeronaves de ataque Douglas A-20 Havoc e North American B-25 Mitchell.  Contudo, o surgimento e a consolidação dos motores turbojato em uma nova geração de aeronaves militares rapidamente tornaram obsoletos os caças e bombardeiros de ataque equipados com motores a pistão. Adicionalmente, a substituição acelerada desses modelos por aeronaves a jato nas linhas de produção resultou em uma crescente escassez de peças de reposição no mercado internacional. Apesar das ambições do Ministério da Aeronáutica (MAer) em incorporar modernas aeronaves como os Republic F-84E Thunderjet ou North-American F-86F Sabre, este desejo não se concretizaria em virtude de restrições orçamentárias e de ordem geopolítica. Esta demanda seria atendida a partir de 1953  com a adoção de aeronaves menos capazes  Gloster F-8 Meteor e Lockheed F-80C Shooting Star. Esses vetores passaram a constituir o principal componente das unidades de primeira linha. Contudo no inicio da década de 1960, fadigas estruturais levariam a desativação precoce de todos os jatos ingleses, representando   um severo impacto na capacidade ofensiva e defensiva do país, desta maneira a  outrora aviação de caça brasileira em uma simples sombra do que era no começo da década, comprometendo completamente sua eficiência operacional. A situação foi agravada pelo fato de que os caças Lockheed F-80C Shooting Star, responsáveis pela defesa aérea das regiões Norte e Nordeste, começaram a exibir sérios problemas de manutenção, sinalizando a necessidade iminente de sua desativação. Assim no final do ano de 1965,  em resposta a este cenário problemático, o comando do Ministério da Aeronáutica (MAer) iniciaria uma série de estudos visando a análise e incorporação de novas aeronaves de caça.  Durante esse período, a aquisição de aeronaves de combate multifuncionais tornou-se uma prioridade estratégica para fortalecer a defesa aérea e integrar o recém-criado Sistema de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (SISDACTA). Inicialmente, o governo brasileiro considerou a aquisição dos McDonnell Douglas F-4 Phantom II, amplamente utilizados pelas forças armadas dos Estados Unidos durante a Guerra do Vietnã. Contudo, o Departamento de Estado dos Estados Unidos (DoS) vetou essa escolha, argumentando que a introdução de um caça tão avançado poderia desequilibrar o poder aéreo na América do Sul. 

Diante dessa restrição, o Brasil voltou sua atenção para opções mais acessíveis, como os caças Northrop F-5A e F-5B Freedom Fighter. Esses aviões, concebidos no âmbito do Programa de Assistência Militar (MAP) dos Estados Unidos, eram vistos como uma solução viável para substituir os obsoletos jatos ingleses Hawker Hunter, que equipavam a Força Aérea Brasileira (FAB). A intenção era adquirir pelo menos 12 unidades do F-5A/B para reforçar as capacidades do SISDACTA, que estava em fase de implementação. No entanto, limitações orçamentárias e a necessidade urgente de modernizar a aviação de transporte levaram ao cancelamento desse programa de aquisição, adiando a renovação da frota de caças. Como medida paliativa, no final de 1964, o Brasil firmou um acordo com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DoD) para a cessão de células usadas do jato de treinamento Lockheed T-33A Thunderbird. Essas aeronaves foram convertidas e modernizadas para a versão de ataque ao solo AT-33A-20-LO, permitindo a retomada da operacionalidade da primeira linha de defesa aérea nas regiões Sudeste e Sul do país. Apesar de não serem caças supersônicos, os AT-33A ofereceram uma solução temporária para suprir as necessidades, enquanto a aquisição de aeronaves mais avançadas permanecia em estudo. A lacuna por um interceptador de alta performance só seria plenamente preenchida em 1972, com a chegada dos primeiros caças Dassault Mirage IIIEBR. No entanto, a substituição dos Lockheed AT-33A-20-LO, que ainda equipavam unidades como o 1º Grupo de Aviação de Caça e o 1º/14º Grupo de Aviação, tornou-se uma prioridade no início da década de 1970. Com uma provisão orçamentária mais robusta, o governo brasileiro lançou, em meados da década, uma concorrência internacional para a aquisição de pelo menos 30 aeronaves de combate multifuncionais. Essa iniciativa atraiu propostas de diversos fabricantes globais. Entre os modelos apresentados estavam Spect BAE Jaguar: Um caça-bombardeiro anglo-francês, conhecido por sua versatilidade em missões de ataque ao solo e reconhecimento. BAE Jump Jet Harrier MK-50: Um jato britânico de decolagem e pouso vertical (V/STOL), ideal para operações em bases improvisadas. Aermacchi MB-326K: Uma aeronave italiana de ataque leve, derivada de um treinador avançado, com baixo custo operacional. McDonnell Douglas A-4F Skyhawk: Um jato de ataque leve, amplamente utilizado, conhecido por sua robustez e confiabilidade. Northrop F-5E Tiger II: Uma evolução do F-5A, com motores mais potentes, aviônicos avançados e maior manobrabilidade, projetado para competir com caças soviéticos como o Mig-21.
Neste momento o Ministério da Aeronáutica (MAer) conduziu um rigoroso estudo comparativo entre as propostas apresentadas, com escolha recaindo sobre o Northrop F-5E Tiger II, sendo celebrado um contrato para a aquisição de 36 células monoplaces  e 06 biplaces. Com os detalhes finais do contrato acertados em maio de 1974, foi criada a Comissão de Fiscalização e Recebimento (COMFIREM), responsável por supervisionar a entrega e integração dos caças. Durante seis meses, uma equipe de pilotos e técnicos brasileiros recebeu treinamento intensivo sob a orientação dos militares do 425º Esquadrão de Treinamento de Caça Tático (425º TFS) na Base Aérea de Williams, no Arizona. O translado das aeronaves para o Brasil foi realizado em uma operação cuidadosamente planejada, batizada de Operação Tigre. As unidades monoplaces F-5E Tiger II começaram a ser recebidas em junho do mesmo ano, com o processo de entrega concluído em fevereiro de 1976.  A chegada dos caças Northrop F-5E Tiger II à Força Aérea Brasileira (FAB) em 1975 marcou um capítulo significativo na história da aviação militar do país. Essas aeronaves, designadas com as matrículas FAB 4820 a 4835, foram distribuídas estrategicamente entre duas unidades operacionais: o 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAvC), sediado na Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, e o 1º/14º Grupo de Aviação (1º/14º GAv – Esquadrão Pampa), localizado na Base Aérea de Canoas, no Rio Grande do Sul.  A introdução do F-5E Tiger II representou um salto tecnológico para a Força Aérea Brasileira (FAB), permitindo a substituição de aeronaves mais antigas, como os jatos de treinamento avançado Embraer AT-26 Xavante e os últimos Lockheed AT-33A Thunderbird.  Sua capacidade de operar em velocidades supersônicas, aliada a aviônicos avançados, como o radar Emerson Electric AN/APQ-153, e por fim o emprego do misseis ar ar AIM-9B Sidewinder permitiu à  maior efetividade em operações de combate. Em meados da década seguinte, a frota destas aeronaves, já se encontravam em uso há quase quinze anos, e acumulavam um índice preocupante de perdas em acidentes, reduzindo perigosamente a disponibilidade de aeronaves nas unidades de  primeira linha. Este cenário clamava pela necessidade emergencial de um processo de recomplementação imediata desta frota, visando assim recuperar um patamar satisfatório operacional. Paralelamente a esta demanda, almejava-se também a aquisição de aeronaves de treinamento do modelo Northrop F-5F Tiger, visando assim melhorar o processo de conversão dos pilotos que até era realizado pelos F-5B Freedom Fighter, modelo que apesar de compartilhar da mesma gênese da versão monoplace, apresentava patamares inferiores em termos de desempenho e manobrabilidade. 

A opção natural por aeronaves novas de fábrica estava fora de cogitação, pois sua produção havia sido encerrada em fins de 1987, restando apenas a busca por compras de oportunidade principalmente junto a reserva estratégica da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF). Porém para a surpresa do Ministério da Aeronáutica (MAer), o governo norte-americano se mostrou pouco interessado em atender a esta demanda, muito por questões de ordem política, levando assim a necessidade de se buscar novas opções no mercado internacional. Negociações então seriam iniciadas junto ao governo chinês, prevendo o fornecimento de até trinta caças Chengdu F-7M (versão chinesa do Mig-21), com a aeronave chegando a ser avaliada por pilotos brasileiros.  A possível concretização deste negócio despertaria a preocupação do Departamento de Estado Norte Americano, pois esta aquisição poderia criar uma nova esfera de influência na região, assim desta maneira a intenção inicial brasileira na compra de um segundo lote de caças Northrop F-5E Tiger II voltaria à tona. Esta nova iniciativa se materializaria no programa Peace Amazon II, envolvendo um contrato no valor de US$ 13,1 milhões via o "Programa de Vendas Militares ao Estrangeiro" (FMS - Foreign Military Sales), com o fornecimento de vinte e duas células do modelo monoplace e quatro da versão biplace. Os seis primeiros Northrop F-5E Tiger II partiram da Base Aérea de Nellis - AFB em fins de setembro de 1988, com os aviões subsequentes decolando de Homestead, na Florida. As viagens foram realizadas sempre na ala de um Boeing KC-137 do 2º/2º Grupo de Transporte, em função das aeronaves não estarem equipadas com o sistema de radio VHF padrão. Todas as aeronaves seriam recebidas entre os meses de outubro de 1998 e setembro de 1989, e após sua incorporação, uma vistoria mais detalhada das aeronaves foi realizada, mostrando uma série de   problemas estruturais, com alguns sendo classificados como de ordem grave, principalmente entre as aeronaves oriundas dos Esquadrões Agressores da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), células que operavam em um perfil de voo muito exigente. Com base neste diagnostico decidiu-se encaminhar todas as células para Parque de Material de Aeronáutica de São Paulo (PAMASP), para que se aplicasse um minucioso processo de recuperação. Nesta oportunidade, seis aeronaves deste lote receberam a cambagem para operar o casulo francês CT-51F Caiman para o emprego em missões de guerra eletrônica.  Como observação as aeronaves deste lote   apresentavam inúmeras diferenças quando comparadas as células novas de fábrica recebidas em 1975, não dispondo principalmente da sonda de reabastecimento em voo, antena de VHF nem a quilha dorsal que abrigava a antena de ADF. Os assentos ejetores eram do modelo Northrop Improved, em vez do Martin-Baker MK.BR-Q7A originais indicados pelo fabricante.
Estas diferenças trariam problemas para a padronização na cadeia de suprimentos de reposição, assim por pertencerem a lotes distintos, a Força Aérea Brasileira, resolveu concentrar as aeronaves do primeiro lote junto as unidades de caça baseadas em Santa Cruz no Rio de Janeiro e as do segundo lote na Base Aérea de Canoas no Rio Grande do Sul. Os aviões recebidos neste processo receberam as matriculas de  "FAB 4956 a 4877".   Das 22 aeronaves adquiridas, 16 estavam entre os primeiros trinta Northrop F-5E Tiger II produzidos, dos quais os FAB 4856, 4857 e 4858, eram respectivamente a primeira, segunda e quarta células que deixaram as linhas de produção da Northrop Aircraft Corportion. Estes aviões foram selecionados diretamente das unidades operacionais da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), sendo onze originarias do 425th Tactical Fighter Training, sediado em na base aérea de  Willians AFB e as demais pertencentes aos famosos Esquadrões 64th e 65th Agressor Squadron.  As aeronaves biplaces Northrop F-5F Tiger II permaneceriam concentradas em Canoas junto ao  1º/14º Grupo de Aviação - Esquadrão Pampa  (1º/14º GAv), tornando esta unidade gaúcha, como a responsável pela formação e conversão de todos os pilotos de Northrop F-5E Tiger II brasileiros. Em 1997 os dois lotes dos caças Northrop F-5E Tiger II brasileiros, começaram a receber a integração para a operação com os modernos mísseis israelenses Rafael Python III em substituição aos já obsoletos AIM-9B Sidewinder,  devolvendo a aeronave uma capacidade adequada para emprego em missões de combate ar ar. Posteriormente  este processo abrangeu também a homologação para o emprego do míssil ar ar de fabricação nacional o Mectron MAA-1 Piranha.  No final da década de 1990, a Força Aérea Brasileira (FAB) iniciaria estudos visando a modernização de toda a sua frota de caças Northorp F-5E Tiger II, projeto este que seria conhecido como F-5BR. Com este programa sendo iniciado em 2003 pela Embraer S/A em parceria com a empresa israelense Elbit Systens, com a Força Aérea Brasileira (FAB), recebendo sua primeira célula modernizada  no dia 21 de setembro de 2005 na Base Aérea de Canoas no Rio Grande do Sul. As últimas aeronaves seriam entregues no   início de 2013, possibilitando assim estender a vida útil das aeronaves até meados da década de 2020 quando passarão a ser  substituídos pelos novos SAAB Gripen NG F-39.

Em Escala.
Para representarmos o Northrop F-5F Tiger II "FAB 4806" pertencente ao 1º/14º Grupo de Aviação - Esquadrão Pampa, empregamos o antigo modelo da Monogram na escala 1/48, que infelizmente apresenta suas linhas em alto-relevo. Esta escolha foi demanda por este kit, que  na época de sua montagem representava a única opção disponível, atualmente o novo modelo do fabricante AFV representa a melhor opção em termos de detalhamento e linhas em baixo relevo.  As marcações foram aplicadas utilizando decais do conjunto Set 48/03 da FCM Decals, uma marca reconhecida pela qualidade na reprodução de insígnias brasileiras.
Diferente dos 22 F-5E recebidos entre 1988 e 1989  que ostentavam esquemas táticos de pinturas camufladas em diversos tons, inspirados nos padrões utilizados pelos esquadrões “Agressores” da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), os quatro F-5F foram entregues em um esquema total em cinza, mantendo este padrão até sua retirada de serviço, sendo então enviadas para o programa de modernização. 


Bibliografia : 
- O Catorze - Esquadrão Pampa, Carlos Lorch - Revista Força Aérea Nº 5
- História da Força Aérea Brasileira, Professor Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.htmEnviar por e-mail
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores