Sikorsky H-19D Chickasaw no Brasil

História e desenvolvimento.
No dia  23 de maio de 1923, a companhia Sikorsky Aero Engineering Corporation seria fundada nas proximidades do aeródromo de Roosevelt Field, na cidade de Nova York, por Igor Sikorsky, um imigrante dos Estados Unidos que nasceu em Kiev, na Rússia. Desde o início a empresa se dedicaria ao projeto e produção de aeronaves civis de treinamento e de transporte leve. Em 1925, o nome da empresa seria alterado para Sikorsky Manufacturing Company. E três anos depois em 1929 transferiria suas instalações industriais para a cidade de Stratford no estado de Connecticut, passando a se tornar parte do grupo industrial e comercial da United Aircraft and Transport Corporation (atualmente United Technologies Corporation). Neste novo contexto, Igor Sikorsky e sua equipe de projetistas se concentrariam no desenvolvimento de aviões convencionais com múltiplos motores e aeronaves anfíbias. Porém no final da década de 1930, as vendas deste segmento de aeronaves sofreriam drásticas reduções de demanda, levando a diretoria do conglomerado industrial a fundir a divisão de projetos e fabricação da Sikorsky Manufacturing Company  com Vought Aircraft Company. Neste cenário, Igor Sikorsky focaria seus esforços no desenvolvimento de uma aeronave de asas rotativas funcional, que culminaria no projeto Vought-Sikorsky VS-300. Seu primeiro protótipo alçaria voo em 13 de maio de 1940, sendo logo submetido a um  detalhado programa de ensaios e voo. Neste processo seriam identificados problemas de projeto e oportunidades de melhorias, resultando na aeronave experimental VS-316 ou XR-4. Seu primeiro protótipo alçaria voo em 14 de janeiro de 1942, e após ser aceito no mês de maio pelo comando da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos(USAAF), se tornaria o primeiro helicóptero estável, de rotor único e totalmente controlável a entrar em produção em grande escala. Suas primeiras missões reais durante a Segunda Guerra Mundial, seriam dedicadas a tarefas de busca e salvamento no teatro de operações da China-Birmânia-Índia, tendo emprego também em missões de transporte de componentes para aviação no Pacífico Sul. O sucesso operacional demandaria grandes contratos de produção, sendo que ao final do ano 1944 eram entregues aos militares norte-americanos de cinco células a cada seis dias. O projeto conceitual do Sikorsky R-4, passaria a nortear o desenvolvimento da maioria dos novos modelos de aeronaves de asas rotativas desenvolvidas a seguir. 

No final da década de 1940, a diretoria da Sikorsky Manufacturing Company, vislumbraria um grande leque oportunidades que o segmento de aeronaves de asas rotativas poderia trazer nos próximos anos, com o helicóptero passando a assumir papéis importantes não só no meio militar, mas também no mercado civil. Este vislumbre de futuro levaria a empresa a investir recursos próprios visando o desenvolvimento de um novo helicóptero de médio porte para emprego em missões de transporte, busca e salvamento e evacuação aéreo médico. Este projeto tinha por finalidade servir como uma plataforma de teste a fim de se validar novos conceitos de design, que visavam proporcionar uma maior capacidade de transporte em carga combinado com facilidade de manutenção e baixo custo de operação. Sobre a tutela do engenheiro e designer Edward F. Katzenberger o projeto, mockups e protótipos seriam concluídos em menos de um ano, estando pronto para os primeiros testes em novembro de 1949. Pouco antes do voo do primeiro protótipo o comando da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) iniciava um processo de estudos para o desenvolvimento e aquisição de um helicóptero de transporte capaz de transportar até dez soldados totalmente equipados, além de dois pilotos. Neste contexto a empresa apresentou seu modelo Sikorsky S-55 como proposta para participação na concorrência, em comparação aos demais concorrentes que possuíam projetos complexos e pesados por envolverem o uso de dois rotores, verificou-se que a simplicidade do projeto do S-55 era a mais adequada para atender as especificações desta concorrência. A decisão em se instalar o grupo motopropulsor no nariz, proporcionaria uma volumosa cabine de carga e passageiros posicionada diretamente abaixo do rotor principal, assim a aeronave tinha a capacidade de transportar uma variada composição de cargas sem afetar de forma adversa seu centro de gravidade. A disposição do motor ainda facilitava as operações de manutenção em solo através das portas duplas, sendo ainda possível realizar a troca do grupo motriz em apenas duas horas.
Colaborando com estes fatores, os flaps de compensação e os servos hidráulicos proporcionariam a aeronave um controle de vôo mais positivo sob diferentes condições de carga, isolando assim o sistema principal de comando da vibração, diminuindo as forças de controle. Isto permitiria que o agora designado Sikorsky YH-19 pudesse ser pilotado com apenas dois dedos no manche. Este leque de características positivas levaram o modelo da Sikorsky Aircraft a ser declarado vencedor da concorrência, recebendo um primeiro contrato para a produção de cinco aeronaves pré-série que foram entregues a partir de março de 1950 a fim de serem empregadas em um amplo processo de ensaios em voo. Ao final deste foi celebrado o primeiro contrato de produção para cinquenta células, estas aeronaves receberam a designação de H-19A e estavam equipadas com um motor radial Pratt & Whitney R-1340-57 com 600 hp de potência. Com o reconhecimento das inerentes qualidades daquele helicóptero,  o modelo  logo conquistaria um contrato para o fornecimento de aeronaves para a Marinha dos Estados Unidos (US Navy), para o Corpo de Fuzileiros da Marinha dos Estados Unidos (USMC), e para Guarda Costeira dos Estados Unidos (USCG). Neste momento, pequenas modificações foram implementadas nascendo assim a versões HO4S-1, HO4S-2 e HO4S-2G.  No entanto, o Sikorsky HO4S quando em operação real em um ambiente aéreo marítimo,  seria severamente  e negativamente avaliado no quesito de potência. A solução passaria pelo aumento da potencia nominal, levando o fabricante a reequipar as aeronaves já entregues,  com o novo motor radial Curtiss-Wright R-1300-3 de 700 hp, sendo este equipamento passado a ser padronizado em todas as versões posteriores entregues.

O Sikorsky H-19 Chickasaw possui a distinção de ser o primeiro helicóptero de transporte efetivo do Exército dos Estados Unidos (US Army) e, como tal, desempenharia um papel importante na formulação inicial da doutrina do exército em relação à mobilidade aérea e ao emprego no campo de batalha de helicópteros que transportam tropas. Com o estágio pleno operacional atingido foi decidido imergir o modelo em um cenário real de emprego, com várias aeronaves pertencentes ao 6 ª Companhia de Transporte do Exército, sendo deslocadas para a península coreana, onde seriam empregadas na Guerra da Coreia (1950 - 1953). As missões tiveram início em meados de 1951, atuando em tarefas de transporte desarmado, evacuação médica, controle tático e suporte de carga na linha de frente. E nestas tarefas, a nova aeronave conseguiria superar admiravelmente as capacidades do Sikorsky H-5 Dragonfly, usado durante a guerra pelo Exército dos Estados Unid (US Army).  Já o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC) também faria uso extensivo do modelo neste mesmo conflito, com as primeiras quinze aeronaves da versão, pertencentes ao esquadrão HMR-161 “Greyhawks”, chegando no país em 2 de setembro de 1951. A primeira surtida operacional real, ocorreria no dia 13 de setembro, durante a Operação Moinho de Vento I, quando os Sikorsky HRS-1 transportariam 8.527 kg de equipamento e setenta e quatro fuzileiros navais para uma cordilheira na área de Punchbowl. Na semana seguinte seriam transportados mais duzentos fuzileiros navais e mais 8.000 kg de equipamento para locais próximos a este. Os helicópteros Sikorsky HRS-1 também seriam usados para realocar as baterias dos lançadores de foguetes. A aeronave provaria ser durável e confiável em situações reais de conflito, registra-se o fato de que um deles voou para casa, depois de perder 46 cm da lâmina do rotor principal após um choque com uma árvore. Ainda neste aspecto de robustez e operacionalidade o esquadrão HMR-161“Greyhawks”, relataria durante a campanha da Coréia, índices de 90% de disponibilidade de aeronaves.
Paralelamente no mercado civil, a versão Sikorsky S-55 conquistaria grandes vendas nos Estados Unidos e na  Europa, principalmente em empresas de transporte de cargas e passageiros. Em 01 de setembro de 1953, a empresa Belga de transporte aéreo Sabena (Société Anonyme Belge d'Exploitation de la Navigation Aerienne) empregaria o Sikorsky S-55 para inaugurar o primeiro serviço de helicóptero comercial na Europa, com rotas entre Roterdã e Maastricht na Holanda e Colônia e Bonn na Alemanha. No segmento militar, a aeronave seria fabricada sob licença pela empresa inglesa Westland Aircraft Ltd, sendo este processo de licenciamento seguido com contratos de produção, junto a Mitsubishi Aircraft Company  no Japão e Sud Aviation na França. O total de aeronaves produzidas sob licença atingiria a cada de quinhentos e quarenta e sete células. Já em seu pais de origem sua linha de produção seria encerrada somente em abril de 1960, com a entrega de mil e sessenta e uma célias, dispostas em doze versões militares e civis. Em fins da década de 1960, esta família de aeronaves começaria a ser retirada do serviço ativo junto a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), com um grande números de células em bom estado sendo armazenadas.  O Sikorsky H-19D seria incluso no portifólio de aeronaves constante dos programa de ajuda milita norte-americana, sendo cedidos as forças armadas de países como Argentina, Brasil, Canada, Bélgica, Chile, Cuba, Dinamarca, República Dominicana, Grécia, Guatemala, Haiti, Israel, Itália, Índia, Noruega, Paquistão, Filipinas, Portugal, Vietnã do Sul, Espanha, Tailândia, Peru e Peru.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
O emprego de aeronaves de asas rotativas na Força Aérea Brasileira, teve seu início em março de 1952, quando seria celebrado o primeiro contrato junto a Bell Helicopter Company, para a aquisição de quatro células do modelo leve Bell Model 47 D1 H-13D. Esta helicóptero na época de sua incorporação  representava a versão mais avançada da aeronave em produção. E  apesar de comporem uma minúscula frota, passariam a ser intensamente empregados em um variado leque de missões englobando inclusive tarefas de busca e salvamento, podendo ainda neste contexto operar em ambiente naval, tendo vista a existência de kits de flutuação para os helicópteros. Criava-se assim na Força Aérea Brasileira,  o embrião doutrinário para a realização de missões de salvamento. Compromissos assumidos pelo Brasil no ano de 1944, durante sua adesão aos termos da "Convenção sobre Aviação Civil Internacional”, determinavam que o pais, deveria dispor de uma completa infraestrutura especializada em missões de busca e salvamento – SAR (Searching and Rescue). Esta estrutura deveria por missao prover a eficiente cobertura das  áreas geográficas continentais e marítimas de sua responsabilidade. Para atendimento a esta demanda, em 16 de novembro de 1950, o Ministério da Aeronáutica (MAer), procederia a criação oficial do "Serviço de Busca e Salvamento". Como braço aéreo deste serviço, seriam incorporadas aeronaves especializadas neste tipo de missão como os quadrimotores Boeing SB-17G e os anfíbios bimotores  Consolidated PBY5A Catalina. Apesar de serem aeronaves com grande raio de ação e capacidade de operação naval, havia ainda uma lacuna a ser preenchida, a de aeronaves de asas rotativas, vetor considerado indispensável para o emprego com sucesso deste tipo de missão. Para atendar a esta necessidade em 1956, seriam desenvolvidos estudos pelo comando da Força Aérea Brasileira, para a escolha e aquisição de um pequeno lote de helicópteros a fim de serem exclusivamente operados em missões de Busca e Salvamento – SAR. Além de serem aeronaves maior porte mais adaptadas a este escopo de missão, sua incorporação poderia ainda  aliviar a carga de trabalho sobre os poucos Bell H-13D em atividade.

Dentre as opções avaliadas naquele período, a melhor solução baseada na relação de custo-benefício para aquisição e operação, repousava sobre o modelo Sikorsky H-19D Chickasaw (variante esta originalmente desenvolvida especialmente ao Exército dos Estados Unidos – US Army).  Principalmente por este modelo de aeronave de asas rotativas, constar no portfólio de aeronaves militares norte-americanas que poderiam ser adquiridas de dentro dos termos do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program), anteriormente firmado entre os governos do Brasil e Estados Unidos.  Negociações seriam realizadas, prevendo a aquisição de quatro células deste modelo, com a solução sendo definida pela cessão de aeronaves usadas pertencentes a aviação do Exército dos Estados Unidos (US Army). Apesar de serem células usadas, eram relativamente novas e apresentavam excelente estado de conservação, dispondo ainda de uma grande  vida útil de célula e baixa horas de voo.  Com a definição dos vetores, restava agora criar uma unidade aérea especializada em missões de busca e salvamento. Então em 6 de dezembro de 1957, pela Portaria 60/GM2, seria criado o Segundo Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (2º/10º GAv), unidade que deveria ser sediada na Base Aérea de São Paulo (BASP), no município de Guarulhos, no estado de São Paulo. Este grupo teria como dotação inicial aviões anfíbios Grumman SA-16A Albatroz e helicópteros Sikorsky H-19D Chickasaw. Para atendimento ao cronograma de implementação, neste mesmo mês a Diretoria de Material da Aeronáutica (DIRMA), seria instruída a colocar em marcha as providencias necessárias ao recebimento dos helicópteros Sikorsky H-19D Chickasaw. Com a estrutura de pessoal da nova unidade definida, um seleto grupo de oficiais e mecânicos seriam selecionados para participarem de um programa de treinamento patrocinado pelo fabricante nos Estados Unidos. Estes se tornariam futuramente os multiplicadores para a operação e manutenção da nova aeronave no país. Este processo englobaria ainda a capacitação das equipagens para a realização de todo o escopo de missões de Busca e Salvamento - SAR (Search And Rescue), amparados na doutrina militar norte-americana.
Os quatro Sikorsky H-19D Chickasaw, seriam desmontados e transportados em aviões Douglas C-124 Globemaster II da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) sendo recebidos individualmente na Base Aérea do Galeão no Rio de Janeiro ao longo do mês de fevereiro de 1958.  Deslocados para um hangar junto ao prédio de comando, estas células começariam a ser montadas por uma equipe técnica liderada pelos tenentes Lemar Gonçalves e Jose Marioto Ferreira do 2º/10º Grupo de Aviação - “Esquadrão Pelicano”. Após a finalização deste processo e a efetivação de ensaios em voo, as aeronaves agora designadas e matriculadas como Sikorsky H-19D “ FAB 8504 a FAB 8507”, seriam liberadas para operação, sendo uma a uma transladadas em voo para a Base Aérea de São  Paulo (BASP), a partir 02 e maio de 1958. Já em posse de todo efetivo operacional o 2º/10º Grupo de Aviação  “Esquadrão Pelicano” iniciaria a fase operativa para a formação da doutrina operacional com os helicópteros da Sikorsky H-19D Chickasaw.  operando em conjunto com os recém-chegados aviões anfíbios Grumman SA-16 Albatroz. A primeira ativação real ocorreria no dia 21 de maio de 1958, quando o Sikorsky H-19D “FAB 8506” seria acionado pela Capitania dos Portos de Santo, a fins de realizar missões de busca a sobreviventes de uma lancha que explodira, durante o trajeto entre as ilhas de São Sebastião e a cidade de Santos, no litoral paulista. Esta seria a primeira de muitas missões reais, durante a sua vida operacional junto ao 2º/10º Grupo de Aviação “Esquadrão Pelicano”. Os Sikorsky  H-19D participariam de inúmeras missões de busca e de resgate, além de atuarem no apoio a diversas calamidades, como enchentes, em várias ocasiões, com grande sucesso e operacionalidade.

A primeira e única perda de aeronave ocorreria em 25 de outubro de 1960, quando o Sikorsky H-19D “FAB 8504” em proveito de uma missão em apoio a Comissão Nacional de Energia Nuclear na região de Barra do Pirai no Rio de Janeiro, veio a colidir com o solo, provocando a morte do piloto e do mecânico. A reduzida frota agora passava a preocupar o comando do 2º/10º Grupo de Aviação “Esquadrão Pelicano”, impactando diretamente na disponibilidade mínima operacional para a realização de missões de busca e salvamento. A ideia inicial pela aquisição de mais células do mesmo modelo seria logo descartada, tendo em vista sua natural obsolescência naquele período. A solução mais sensata seria a aquisição de uma nova aeronave de asas rotativas com propulsão turbo eixo, sendo mais moderna e confiável que os antigos e dispendiosos motores radiais a pistão. Assim desta maneira o Ministério da Aeronáutica (MAer), em meados 1964 decidiria pela aquisição de quatorze células novas de fábrica do modelo Bell Helicopter 205 dispostos a variante UH-1D Huey. Oito destas aeronaves seriam destinadas a missões de transporte e ataque e seis células seriam configuradas para missões de busca e salvamento (SAR) e evacuação aero médica. Os Sikorsky H-19D permaneceriam em operação no Esquadrão Pelicano até 26 de outubro de 1967, quando foram enfim substituídos pelos novos Bell SH-1D Huey. As aeronaves remanescentes seriam transferidas para o Centro de Instrução e Emprego de Helicópteros (CIEH), organização recém-criada no Destacamento de Base Aérea de Santos, na cidade de Guarujá, no litoral sul de São Paulo, onde passaram a ser empregadas em missões de treinamento e transporte. Entretanto, essa transferência não postergaria o inevitável, pois a Força Aérea Brasileira se encontrava neste período, em pleno processo de renovação de sua frota de aeronaves de asas rotativas, com a aquisição de dezenas de células dos Bell UH-1H e Bell 206 Jet Ranger.
Neste momento as células remanescentes dos Sikorsky H-19D enfrentavam altos índices de indisponibilidade, com este fator sendo causado principalmente a falta de peças de reposição dos antigos motores radias Curtiss-Wright Cyclone R-1300-3.  Assim seria decidido pela desativação do modelo, com estas aeronaves sendo preparadas para alienação com sua exclusão da carga, permanecendo em serviço no Centro de Instrução e Emprego de Helicópteros (CIEH) até 6 de junho de 1969, quando foram desativados do inventário da Força Aérea Brasileira, após onze anos de profícuo serviço em prol de nosso País e da Aviação de Busca e Salvamento, carregando o legado de ter estabelecido o da doutrina operacional de asas rotativas em missões de busca e salvamento. Cabe ainda ao modelo o registro da primeira operação de busca e salvamento em zonas de conflagração real, quando em 3 de fevereiro de 1964, pilotos da Força Aérea Brasileira, fazendo uso de aeronaves Sikorsky H-19D da Organização das Nações Unidas (ONU), empreenderiam as primeiras missões de resgate em combate, durante a participação do pais nas Forças de Paz da ONU (Organização das Nações Unidas), na região de Katanga no Congo. Tais feitos heroicos deste dia levariam o comando da Força Aérea Brasileira a celebrar o “Dia da Aviação de Asas Rotativas”.

Em Escala.
Para representarmos o Sikorsky H-19D Chickasaw "FAB 8506" quando em serviço junto a 2º/10º Grupo de Aviação “Esquadrão Pelicano” , fizemos uso do antigo kit da Revell na escala 1/48 (única opção existente no mercado nesta escala). Apesar do modelo apresentar um despojamento total no detalhamento interno da cabine (o qual deve ser todo realizado em scratch), o kit traz a opção de apresentarmos aeronave com o compartimento do motor radial aberto, o que sem dúvida compensa o conjunto final. Para compormos as marcações nacionais empregamos decais diversos produzidos pela FCM Decais, as marcações seriais foram feitas usando os decais presentes em set para a escala 1/72 do mesmo fabricante Set 72/13 .

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura empregado nos H-19D, pois foram originalmente recebidos com as faixas de alta visibilidade na cor laranja, recebendo após as revisões em âmbito de parque as marcações em amarelo. Quando de sua transferência em 1967 para o  Centro de Instrução e Emprego de Helicópteros (CIEH), estas aeronaves receberam um nova padrão de pintura totalmente em cor de metal natural, recebendo a identificação da unidade nas laterais da fuselagem em letras pretas. 

Bibliografia :
Esquadrão Pelicano 50 anos de História - Mauro Lins Barros & Oswaldo Cruz
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores Jr
- Sikorsky H-19 Chicksaw - Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/Sikorsky_H-19_Chickasaw
- História da Força Aérea Brasileira – Prof Rudnei Dias Cunha
- Sikorsky H-19D Na FAB, por Aparecido Camazano Alamino - Revista Asas Nº 32

D-17A Beechcraft Staggerwing DB1e

História e Desenvolvimento.
O empresário Walter H. Beech se tornaria um dos mais relevantes personagens do ramo de construçao aeronáutica durante os primórdios da história da aviação norte-americana, sendo um dos principais responsáveis pelo seu grande desenvolvimento. Em sua biografia destaca-se a fundação da Travel Air Manufacturing na cidade de Wichita Kansas, uma empresa de construção aeronáutica, que apresentaria entre seus quadros os promissores projetistas Lloyd Stearman e Clyde Vernon Cessna.  Suas aeronaves de maior destaque comercial seriam representadas pelos modelos Travel Air 2000, Travel Air 5000 e Travel Air 5000, se tornando assim naquele período uma das uma das mais proeminentes fabricantes de aeronaves. A quebra da Bolsa de Valores em 1929, afetaria pesadamente a economia norte-americana e por consequente o mercado aeronáutico, e neste contexto a  Travel Air Manufacturing passaria a enfrentar dificuldades financeiras, com este processo culminado em sua venda para a Curtiss-Wright Corporation. Neste momento seria concedido a Walter Beech a posição de presidente da divisão de aviões da companhia e vice-presidente de vendas, no entanto ficaria insatisfeito por se afastar das áreas de desenvolvimento e produção de aeronaves , levando o a decisão de deixar a Curtiss-Wright Corporation a fim de estabelecer sua própria empresa de construção aeronáutica. Após estudar o mercado e compor seu planejamento estratégico, e meados do ano de 1932, seria fundada na cidade de Wichita Kansas a   Beech Aircraft Corporation, contando com Walter Beech como presidente, sua esposa Olive Ann Beech como secretária, Ted A. Wells como vice-presidente de engenharia, KK Shaul como tesoureiro, e o investidor CG Yankey como vice-presidente. A empresa iniciou suas operações em uma fábrica ociosa da  ociosa da Travel Air Manufacturing (agora já renomeada como Cessna Aircraft Company), em Wichita no estado do Kansas. Apesar do cenário econômico norte-americano nesta época se apresentar caótico, em função de se apresentar no auge da depressão, Walter H. Beech resolveria focar seus esforços para o segmento de transporte executivo e turismo de luxo, nichos estes que mesmos pequenos, ainda  mantinham demandas regulares. 
 
A aposta da Beechcraft Aircraft Company,  em um segmento de aeronaves de alto valor agregado, se dava pelo objetivo de se tentar conquistar uma classe de consumidores potenciais que não foram  afetados diretamente pela grande crise econômica norte-americana e internacional. Potenciais clientes estes, que se disporiam a investir um valor considerável para a aquisição de  uma aeronave de transporte pessoal, desde que esta apresentasse características diferenciadas principalmente de desempenho e desing, seduzindo assim com facilidade este importante nicho de mercado. Seguindo esta linha estratégica, sua primeira aeronave de transporte executivo, deveria apresentar alta performance para viagens em velocidades de cruzeiro, para percorrer médias e curtas distancias, focando como potenciais clientes empresas de transporte regional e principalmente altos  executivos e proprietários das grandes corporações norte-americanas. Seu projeto seria completamente desenvolvido pelo brilhante engenheiro aeronáutico Ted Wells, que havia participado  anteriormente também da fundação da Travel Air Manufacturing. Nascia assim o  Beechcraft Modelo 17, uma aeronave monomotora,  que apresentava configuração do tipo biplano, com as duas superfícies de sustentação posicionadas fora do conceito tradicional, com a asa superior mais recuada em relação a inferior. Este desing inovador, conferia a aeronave uma aparência diferente, porém agradável aos olhos. A incomum configuração de asa cambaleante negativa da aeronave e sua forma única maximizaria a visibilidade do piloto,  e tinha por intenção  reduzir o arrasto de interferência entre as asas. Sua estrutura era de madeira e tubos de aço soldados, recoberta com entelagem, a exceção do bordo de ataque das asas, carenagem do motor e parte frontal do suporte do para-brisa que eram confeccionados em alumínio. Sua construção era complexa e levava muitas horas-homem para ser concluída. Seu trem de pouso convencional do Beechcraft Modelo 17, se mostraria incomum na época, porém  combinado com uma simplificação cuidadosa, de peso leve e um poderoso motor radial, ajudaria a aeronave a obter um bom desempenho. 
O primeiro protótipo desta aeronave alçaria voo nas instalações da empresa na cidade de Wichita  no estado do Kansas, no dia 4 de novembro de 1932, sendo submetido nos meses seguintes pelo fabricante a um intensivo programa de ensaios em voo. Este processo levaria a implementação de muitas melhorias no projeto original, nascendo neste momento sua primeira versão de produção em série. As primeiras aeronaves seriam ofertadas ao mercado doméstico a partir de maio e 1933,  com preços unitários na ordem de US$ 14.000,00 a US$ 17.000,00 de acordo com as configurações do modelo escolhido. No entanto esta faixa de preço se mostraria inadequada, resultando em apenas dezoito aeronaves vendidas no mercado norte-americano no ano de 1933. Em busca de aumentar sua fatia de mercado, mais melhorias seriam implementadas na aeronave, entre estas mudanças estava a implementação de trem de pouso retrátil representando uma novidade para aquele período.  Assim desta maneira gradativamente suas vendas foram melhorando, e como principal exclusividade sua configuração luxuosa do interior aparada em couro e mohair e produzida artesanalmente, despertavam a atenção dos mais exigentes clientes, levando o modelo nos anos seguintes a conquistar uma boa fatia do mercado norte-americano e canadense de aeronaves executivas. A velocidade do Beech Model 17 Staggerwing , tornaria o modelo muito popular entre os pilotos civis na década de 1930, e uma de suas versões iniciais, lograria êxito ao conquistar o primeiro lugar na cobiçada  "Corrida do Troféu Texaco" na edição de 1933. Em 1935, um diplomata britânico, o Capitão H.L. Farquhar, realizaria com sucesso um voo ao redor do mundo, fazendo uso de um Beech Model B-17R, viajando 34.331 quilômetros de Nova York a Londres, por meio da Sibéria, Sudeste Asiático, Oriente Médio, Norte da África e de volta pela Europa. Em termos de competições, Louise Thaden e Blanche Noyes conduzindo um Beech Model C-17R Staggerwing, conquistariam  o troféu Bendix de 1936.  Pilotando um modelo D-17W, Jackie Cochran estabeleceria um recorde de velocidade feminino de 328 km/h e de altitude, alcançando mais de 9.144 metros, conquistando também o terceiro lugar na Bendix Trophy Race de 1937. Curiosamente o primeiro emprego militar da aeronave ocorreria durante a Guerra Civil Espanhola, quando células da versão civil Beechcraft C-17 Staggerwing adaptadas,  seriam empregadas em missões de bombardeiro pela Força Aérea Republicana Espanhola. Algumas aeronaves também seriam usadas como ambulância pelas forças armadas da China Nacionalista no conflito contra o Japão neste mesmo período.  
 
Durante os anos seguintes, o modelo ganharia grande notoriedade no mercado civil norte-americano se tornando um sucesso em vendas, despertando assim  a atenção do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), que buscava naquele momento um vetor para este tipo de emprego.  Assim no final de 1938, três células do modelo Beech D-17S seriam adquiridas a fim de serem  empregadas em um programa de avaliação,  para validar ou não o seu emprego como aeronave de ligação leve. Esta variante incorporava além do trem de pouso retrátil, uma série de melhorias no projeto,  como ailerons nas asas superiores, novo motor Pratt & Whitney Wasp Junior R-985-17 com 450 hp de potência e sistema de sincronização dos freios com os pedais do leme de direção. Estas aeronaves receberiam a designação militar provisória de YC-43 ( Y designando uma aeronave em desenvolvimento ou tipo não padrão, C significando Carga ), sendo entregues para o inicio do programa de ensaios operacional. Após a conclusão deste estágio, a aeronave seria homologada para operação militar, levando a celebração de um contrato com o Exército dos Estados Unidos (US Army) para a  aquisição de setenta e cinco células da versão Beech UC-43  Traveler, que começariam a ser entregues a partir de maio de 1939. Posteriormente as três aeronaves iniciais seriam deslocadas posteriormente para a Europa para servirem como aeronaves de ligação a serviço dos adidos aéreos militares norte-americanos em Londres, Paris e Roma. A Marinha dos Estados Unidos (US Navy) se tornaria o segundo maior cliente militar do modelo, assinando em setembro de 1939 um contrato para a produção de cento e trinta e duas aeronaves dos modelos Beech GB-1 e GB-2 para emprego em sua aviação naval atuando principalmente no continente. Mais cento e dezoito aeronaves seriam negociadas para a aquisição, com pelos menos três dezenas de células do modelo civil Beechcraft D-17 Staggerwing, sendo temporariamente alugadas a fim de suprir demandas emergenciais. A Força Aérea Real (Royal Air Force) e a Marinha Real (Royal Navy) adquiririam cento e seis aeronaves da versão Beech "Traveller Mk. I",  nos termos do programa de ajuda militar Lend-Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos) para suprir sua própria necessidade crítica de transporte  leve de pessoal, durante a Segunda Guerra Mundial.
Ainda durante o conflito, mais aeronaves seriam exportadas a nações aliadas, sendo empregados como aeronaves de transporte e ligação junto as forças armadas do Brasil, Nova Zelândia, China Nacionalista  e Austrália. No pós guerra aeronaves desta família seriam exportadas para  Holanda, Bolívia, Cuba,  Espanha, Honduras, Finlândia, Etiópia, Peru e Uruguai. Em emprego militar muitas destas células seriam operadas até fins da década de 1960, principalmente na América Latina.  Ao todo entre os anos de 1933 e 1948 seriam produzidas setecentos e oitenta e cinco células da família Beechcraft D-17 Staggerwing e UC-43, dispostas em vinte e uma versões civis e quinze militares. Curiosamente devido a escassez de motores durante a Segunda Guerra Mundial estas aeronaves foram produzidas visando a intercambialidade no emprego de uma variada cama de motores, como Wright R-760-E2, Jacobs L-5 (R-830-1), Jacobs L-6 (R-915A3), Wright R-760 -E1, Wright R-1820-F11, Wright SR-1820-F3 , Jacobs L-4 (R-755D), Wright R-975-E2 ou E3, P&W R-985-AN-1 ou AN-3 e P&W R-985-SC-G. Em fins de 1945, a Beechcraft Aircraft Company converteria sua capacidade de produto totalmente para o mercado civil, desenvolvendo a versão  final da aeronave o  modelo G-17S, ao preço unitário de US$ 29.000,00. Seu sucessor natural o Beechcraft Bonanza,  chegaria ao mercado no inicio da década de 1950, porém apesar de ser menor e menos potente, custava um terço do preço do modelo anterior, podendo ainda transportar até quatro pessoas a uma velocidade semelhante com um menor custo operacional. Novamente o legado da empresa na produção de aeronaves executiva se manteria vivo, com este novo modelo se tonando também um grande sucesso  comercial, se mantendo em produção até os dias atuais.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
No inicio do século vinte, a comunicação por carta entre os estados da federação era extremamente demorada, devido ao emprego dos modais rodoviários e navais, levando o governo brasileiro a iniciar estudos visando estabelecer uma operação embrionária de correio aéreo, fazendo uso da recém criada arma aérea junto a Marinha do Brasil e o Exército Brasileiro. Assim o primeiro registro de transporte aéreo de malas postais que se tem notícia no pais, ocorreria no dia 15 de agosto de 1919, quando o hidroavião Curtiss HS-2L de matricula  nº11 da Aviação Naval, tripulado por oficiais da Marinha do Brasil, partiu da cidade do Rio de Janeiro,  transportando uma correspondência oficial do Ministério da Marinha para uma divisão que participava de manobras de combate na Ilha Grande, inaugurando assim o Correio da Esquadra. A missa básica desta nova organização era o de atuar no envio de correspondências entre unidades da Marinha do Brasil. Não existiam aeronaves específicas destinadas a esse serviço, sendo utilizadas as aeronaves que estavam a disposição. Ao longo de sua existência, o serviço realizou cerca de trezentas ligações com a esquadra em diferentes exercícios e manobras. No entanto o primeiro emprego de transporte de malas postais civis, somente ocorreria no ano de 1931, com a inauguração do  Correio Aéreo Militar (CAM), operado pela Aviação Militar do Exército Brasileiro. Logo em seguida no dia 29 de julho de 1934 seria criado  o Correio Aéreo Naval (CAN); atendendo linhas entre as cidades litorâneas de Rio de Janeiro - Santos - Paranaguá - Florianópolis. No ano seguinte, esta linha seria  estendida até a cidade do Rio Grande. Inicialmente  os vôos do CAN seriam executados com as oito aeronaves WACO modelo CSO adquiridas em 1933 e equipadas com flutuadores. Posteriormente, com a introdução dos modelos WACO mais modernos (CJC e CPF-5) em 1935, o Correio Aéreo Naval (CAN) melhoraria a sua regularidade e a sua eficiência, passando a utilizar também pistas de pouso em terra. Estas aeronaves apesar de serem robustas e confiáveis,  apresentavam grandes limitações em termos de desempenho e autonomia, estes fatores comprometiam a capacidade de expansão e eficiência do deste serviço aéreo postal, gerando uma premente necessidade de modernização de seus meios. 

Esta demanda passaria a ser contemplada a partir da segunda metade da década de 1930, quando o comando da Aviação Naval da Marinha Brasil, iniciaria um amplo programa de modernização de seus meios aeronáuticos. Neste escopo seria definido como prioridade a renovação da frota de aeronaves de transporte, para o emprego não só em missões de ligação, mas também para a atuação junto as linhas do Correio Aéreo Naval (CAN). Objetiva-se adquirir aeronaves maior porte e autonomia, criando uma estrutura que viabilizaria o estabelecimento da tão sonhada Linha de Correio Tronco Norte. Este novo ramo postal sairia da cidade do Rio de Janeiro, percorrendo toda a costa do nordeste até chegar a cidade de Belém no estado do Pará. Em seguida seguiria acompanhando o curso do rio Amazonas, até chegar em seu destino, a cidade de Manaus. Uma ramificação da Linha Tronco Norte, saindo do Rio de Janeiro, também deveria atender a localidade de Ladário no Mato Grosso do Sul, na região  centro oeste do país. Neste contexto uma concorrência internacional seria aberta prevendo a compra de um pequeno lote de aeronaves de alto desempenho, com este processo recebendo inúmeras propostas de fabricantes norte-americanos e europeus. Após analises e estudos, a Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), acabaria decidindo pela aquisição do modelo Beechcraft D-17A Staggerwing, uma aeronave que tecnicamente atendia as demandas exigidas para operação nas linhas de longa distância do Correio Aéreo Naval (CAN). Negociações seriam conduzidas junto aos representantes comerciais do fabricante, com quatro aeronaves novas de fábrica sendo encomendadas, a um custo unitário de US$ 16.350,00, com o contrato oficial sendo assinado entre as partes no final do ano de 1939. Estas células seriam desmontadas e transportadas ao Brasil por via marítima,  sendo recebidas no porto do Rio de Janeiro no primeiro trimestre de 1940. Registros do fabricante informam que  somente oito aeronaves do modelo Beechcraft D-17A Staggerwing foram fabricadas, com as células posteriores na linha de produção já passando a pertencer a  versão  Beech D-17R  , e especula-se que destas quatro foram entregues a Aviação Naval da Marinha do Brasil.
Após serem descarregadas, as células seriam transportadas em caixotes por via terrestre até Centro de Aviação Naval do Rio de Janeiro (CAvN RJ), localizado na Base Aérea do Galeão para serem montados sob supervisão de uma equipe técnica da Beechcraft Aircraft Corporation, que acompanharia todo este processo, sendo responsável ainda por ministrar treinamentos para o pilotos e equipes de manutenção da Aviação Naval.  Após a finalização deste processo, as aeronaves com o registro do fabricante 358 á 361, receberiam a designação militar de D1Be  passando a portar as matriculas “MB 205 á 208”, sendo colocadas em condições de voo e ensaiadas em parceria entre os militares brasileiros e os técnicos do fabricante. Vencida esta fase as quatro aeronaves seriam oficialmente aceitas para serviço operacional, passando a ser disponibilizadas ao  Centro de Aviação Naval do Rio de Janeiro (CAvN RJ), e posteriormente seriam colocadas a disposição do Correio Aéreo Naval (CAN), para iniciar o atendimento das linhas do correio aéreo. Infelizmente em em 21 de junho de 1940, registraria-se o primeiro acidente com uma aeronave deste modelo, quando após decolar de madrugada da pista da Base de Aviação Naval de Rio Grande (RS) para empreender a perna de regresso da linha semanal do correio aéreo, ao sul do pais, seu tripulantes se depararam com condições meteorológicas adversas, levando a decisão de se regressar ao aeroporto. Porém já próximo a cidade devido a problemas de visibilidade o Beech D1Be cairia no centro do canal, ao norte do aeródromo, provocando infelizmente a morte dos quatro tripulantes. Apesar deste acidente as três células restantes seriam mantidas em intensa atividade, realizando não só as missões do Correio Aéreo Naval (CAN), como também voo de ligação e transporte de oficiais e autoridades da Aviação Naval e da Marinha do Brasil. Em 20 janeiro de 1941 a criação do Ministério da Aeronáutica (MAer) logo determinaria a transferência de todo pessoal, material e frota de aeronaves da Aviação Militar e da Aviação Naval para a recém criada Força Aérea Brasileira, com as três células remanescentes do  Beechcraft D1Be sendo incluídas nesta diretiva. No mês seguinte a Portaria Ministerial nº 47 promulgada no dia 20 de fevereiro definia a fusão do Correio Aéreo Militar (CAM) e  Correio Aéreo Naval (CAN) em um único serviço aéreo postal, com este passando a ser denominado como Correio Aéreo Nacional (CAN).

Cientes das qualidades da aeronave no pleno atendimento das linhas postais, o Beechcraft D-17 seria considerado o vetor ideal para esta tarefa, com o Comando da Aeronáutica (COMAER) em fins do anos de 1941 decidindo por buscar um incremento de sua frota com este modelo de aeronave, se valendo para isso das vantajosas condições oferecidas nos termos do programa Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Desta maneira a Comissão de Compras de Material Aeronáutico, sediada em Washington, negociaria a aquisição de cinquenta e uma aeronaves novas de fábrica agora pertencentes a versão militarizada. Estas aeronaves começariam a ser recebidas em fins do ano de 1942 , e seriam dispostas no modelos Beech UC-43 Traveller (versão destinada ao Exército dos Estados Unidos - US Army) e Beech GB-2 (versao da Marinha dos Estados Unidos - US Navy). Em conjunto com as primeiras aeronaves Beechcraft D-17A Staggerwing, estas novas células passariam a compor as mais diversas linhas do Correio Aéreo Nacional (CAN), ampliando não só alcance, mas também a efetividade, transportando malas postais ou cargas leves. Neste momento seriam também empregadas esporadicamente como  como aeronaves de ligação orgânica, transportando pessoal e malas postais entre as principais bases aéreas existentes naquele período. Em operação estas aeronaves passariam a ser muito apreciadas por seus tripulantes e eventuais passageiros, principalmente por causa de sua alta velocidade e conforto interno. Estas aeronaves seriam então mantidas com um dos principais vetores no Correio Aéreo Nacional (CAN) até meados do ano de 1955. Porém os Beechcraft D-17A Staggerwing, UC-43 Traveller e Beech GB-2, começariam a ser parcialmente substituídos nestas tarefas pelos bimotores Beechcraft AT-7, C-18 e D-18, que apresentam maior alcance e segurança.  Inicialmente estes novos vetores operariam em um regime compartilhado nas linhas postais, com estas aeronaves recebendo o apelido de “Beech Bi” e seus antecessores o apelido de “Beech Mono”.
Por serem empregadas intensivamente nas mais diversas linhas do Correio Aéreo Nacional (CAN) em todo o território nacional, as células dos modelos Beechcraft D-17A Staggerwing, UC-43 Traveller e Beech GB-2, sofreriam  um grande desgaste estrutural.  Com muitas destas aeronaves sendo inutilizadas em acidentes de grande e pequena monta reduzindo drasticamente a frota. Em meados da década de 1950, as aeronaves que anteriormente pertenceram a Aviação Naval da Marinha do Brasil já haviam sido descarregadas e sucateadas há alguns anos.  As aeronaves remanescentes, ainda em boas condições de voo, seriam mantidas em operação, sendo empregadas como aeronaves orgânicas a serviço de diversas bases aéreas e Parque de Materiais da Aeronáutica, até o ano de 1963, quando o último avião seria retirado do serviço ativo da Força Aérea Brasileira. Das aeronaves originalmente recebidas, somente uma célula da versão Beechcraft UC-43 Traveller, seria preservada, e após restaurada passaria a pertencer ao acervo do Museu Aeroespacial (MUSAL), no Rio de Janeiro – RJ.

Em Escala.
Para representarmos o Beechcraft D-17A Staggerwing D-17A D1Be "MB 205", empregamos o antigo kit da AMT, pois não existe no mercado um modelo para compor esta versão inicial da aeronave, levando assim a necessidade de pequenas modificações para se aproximar do modelo empregado pela Aviação Naval da Marinha do Brasil. Como não há no mercado um set de decais específicos para a versão naval brasileira na escala 1/48, empregamos decais oriundos de diversos sets da FCM Decais.
O esquema de cores descrito abaixo representa o padrão com o qual as aeronaves foram recebidas em 1940, este esquema foi mantido após a transferência para a Força Aérea Brasileira. Após o termino da Segunda Guerra Mundial estas aeronaves e os demais Beech UC-43 Traveller e Beech GB-2, passariam a ostentar um novo padrão de pintura e metal natural, com as marcações nacionais, mantendo este esquema até sua desativação no ano de 1963.



Bibliografia :
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 á 2015  -  Jackson Flores Jr
- Beechcraft Model 17 / D17A - Aviação Naval Brasileira - http://www.naval.com.br
- História da Força Aérea Brasileira – Rudnei Cunha Dias da Cunha http://www.rudnei.cunha.nom.br
- Beechcraft Model 17 Staggerwing - Wikipédia - http://en.wikipedia.org/wiki/Beechcraft_Model_17_Staggerwing

Sikorsky SH-34G Seahorse no Brasil

História e Desenvolvimento.
Em 23 de maio de 1923, a companhia Sikorsky Aero Engineering Corporation foi fundada nas proximidades do aeródromo de Roosevelt Field, na cidade de Nova York, por Igor Sikorsky, um imigrante dos Estados Unidos que nasceu em Kiev, na Rússia. Desde o inicio a empresa de dedicaria ao projeto e produção de aeronaves civis de treinamento e transporte leve, em 1925, o nome da empresa foi alterado para Sikorsky Manufacturing Company. E tres anos depois em 1929 seguinte transferiria suas instalações industriais para a cidade de Stratford no estado de Connecticut, passando a se tornar parte do grupo industrial e comercial da United Aircraft and Transport Corporation (atualmente United Technologies Corporation). Neste novo contexto, Igor Sikorsky e sua equipe de projetistas se concentrariam no desenvolvimento de aviões convencionais com múltiplos motores e aeronaves anfíbias. Porém no final da década de 1930, as vendas deste segmento de aeronaves sofreriam drásticas reduções de demanda, levando a diretoria do conglomerado industrial a fundir a divisão de projetos e fabricação da Sikorsky Manufacturing Company, com empresa Vought Aircraft Company. Neste novo cenário, Igor focaria seus esforços no desenvolvimento de uma aeronave de asas rotativas funcional, que culminaria no projeto Vought-Sikorsky VS-300, que realizaria seu primeiro voo em 13 de maio de 1940. Após ensaios em voo e consequentes modificações, este modelo evoluiria para a aeronave experimental VS-316 ou XR-4, com seu primeiro protótipo alçando voo no dia  14 de janeiro de 1942. E após ser aceito pelo comando da Força Aérea do Exército Americano (USAAF) em maio do mesmo ano, se tornaria o primeiro helicóptero estável, de rotor único e totalmente controlável a entrar em produção em grande escala. Suas primeiras missões reais durante a Segunda Guerra Mundial, seriam dedicadas a tarefas de busca e salvamento no teatro de operações da China-Birmânia-Índia, tendo emprego também em missões de transporte de componentes para aviação no Pacifico Sul. O sucesso operacional demandaria grande contratos de produção, sendo que ao final do ano 1944 eram entregues aos militares norte-americanos um total de cinco células a cada seis dias. O projeto conceitual do Sikorsky R-4, passaria a nortear o desenvolvimento da maioria dos novos modelos de aeronaves de asas rotativas desenvolvidas a seguir. 

No final da década de 1940 a diretoria da Sikorsky Manufacturing Company, vislumbraria o grande leque oportunidades, que o segmento de aeronaves de asas rotativas poderia trazer nos próximos anos, com o helicóptero passando a assumir papéis importantes não só no meio militar, mas também no mercado civil. Este vislumbre de futuro levaria a empresa a investir recursos próprios visando o desenvolvimento de um novo helicóptero de médio porte para emprego em missões de transporte, busca e salvamento e evacuação aéreo médica. O conceito desta nova aeronave chamaria a atenção do comando da Força Aérea Americana (USAF), que celebraria um contrato para a produção de cinco protótipos do modelo agora designado como YH-19, para fins de avaliação, que alçaria voo em 10 de novembro de 1949. Em menos de um ano depois a aeronave já estaria em uso não só na força aérea, mas também na Marinha Americana (US Navy) como HO4S-1. Em uso durante a Guerra da Coréia, os novos helicópteros provariam seu valor, porém vislumbrava-se a necessidade de uma aeronave de maior porte e maior potência, não só para a operação nas missões convencionais, mas também para missões mais especificas entre estas a guerra antissubmarino (ASW). Neste mesmo período o aumento das tensões provocadas não só pela Guerra na Coréia, mas também pela Guerra Fria, trazia a tona uma nova ameaça, que era representada pelo vertiginoso crescimento da frota de submarinos soviéticos. E neste contexto, a introdução de uma aeronave de asas rotativas que tivesse a capacidade de dispor de uma variada suíte eletrônica e sistemas de sonar e radar e sistemas de armas   antissubmarino, seria de grande valia. Assim após a definição dos requisitos técnicos, o comando da aviação naval da Marinha Americana (US Navy), lançaria uma concorrência para o desenvolvimento deste novo helicóptero. Entre diversas propostas apresentadas, sagrar-se-ia vencedor, o projeto apresentado pela Sikorsky Aircraft, o modelo S-58. Esta nova aeronave, mantinha as melhores características de seu antecessor o H-19, eliminando ainda as deficiências anteriores, fazendo uso de soluções como a instalação de um motor de maior potência, rotor principal de maior diâmetro e quadripá e sistema de transmissão de confiabilidade e eficiência muito superiores aos empregados nos Sikorsky H-19 (S-55).
Após a assinatura do primeiro contrato de encomenda de grande vulto, em junho de 1953, o período de desenvolvimento do novo helicóptero seria relativamente rápido, com o primeiro de três protótipos realizando seu primeiro voo em 8 de março de 1954. A primeira célula de produção em série destinada a Marinha Americana (US Navy) seria concluída e entregue em setembro do mesmo ano, na sua configuração para guerra antissubmarino (ASW) sendo designada como HSS-1 Seabat, e a versão de transporte geral como HUS-1 Seahorse. Os primeiros HSS-1 Seabat começaram a ser recebidos nos esquadrões de helicópteros de guerra antissubmarino (ASW )entre agosto de 1955 e abril de 1956, quando seria feita a entrega da última aeronave de uma encomenda de 385 unidades nas versões HSS-1 e HSS-1N. Entre os anos seguintes o Exército dos Estados Unidos (US Army) celebraria um contrato para  compra de 437 células, já o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC) encomendaria 515 aeronaves, seguidos de contratos de aquisição para a Força Aérea Americana (USAF) de 23 aeronaves e para  Guarda Costeira dos Estados Unidos (USCG) de 30 aeronaves. Apesar de adotado por todas as forças armadas norte-americanas, os Sikorsky S-58 (H-34) receberiam seu batismo de fogo em mãos francesas, quando aeronaves a serviço do Aviação Leve do Exército Francês (ALATP) participariam ativamente de missões de transporte, resgate e evacuação aero médica durante a Guerra da Independência da Argélia. As experiencias em combate com a aeronave neste cenário de conflagração real levariam o comando do Exército Americano (US Army) a declinar do emprego do Sikorsky CH-34 na Guerra do Vietna, optando pelo Piasecki CH-21 Shawnee como aeronave tampão até a chegada dos primeiros Bell UH-1B, porém algumas dezenas de células seriam fornecidas a Força Aérea da República do Vietnã (RVNAF). Coube então as aeronaves pertencentes ao Corpo de Fuzileiros Navais (USMC), o batismo de fogo norte-americano do modelo, empregando-os extensivamente nos anos iniciais na Guerra do Vietnã. 

Ao final da década de 1950, a aeronave seria implantada na missão de transporte executivo -  VIP (Very Import Person) para atendimento as demandas de deslocamento do presidente dos Estados Unidos, com oito células do Sikorsky HUS-1Z pertencentes ao Corpo de Fuzileiros Navais (USMC), sendo especialmente configuradas para esta importante tarefa. O presidente Dwight D. Eisenhower se tornaria o primeiro chefe de estado a empregar regularmente o helicóptero como meio de transporte. Durante anos, as versões de guerra antissubmarino Sikorsky HSS-1 Seabat (posteriormente a partir de 1962 redesignadas como SH-34 Seahorse), representariam o sustentáculo aéreo embarcado da aviação naval da Marinha Americana (US Navy), no combate a crescente ameaça dos submarinos soviéticos, que atingiriam a  impressionante marca de duzentos navios operacionais na década de 1960. Este cenario começaria ser modificado a partir dor recebimento dos novos helicópteros com motores turbo eixo Sikorsky SH-3 Sea King, que começariam a ser introduzidos na aviação naval a partir de 1961, com os últimos Sikorsky SH-34G e SH-34J Seahorse sendo retirados das unidades de linha de frente entre os anos de 1969 e 1972. Além de ser operado por outras nações em missões de transporte e evacuação aero médica, os helicópteros da família Sikorsky S-58 (H-34), seriam ainda empregados em mais uma variante específica de guerra antissubmarino (ASW), que seria desenvolvido e produzido sob licença pela Westland Aircraft Co. Este modelo nasceria com base em uma célula de um Sikorsky S-58 enviada para Inglaterra em 1956 para estudos de customização as necessidades da Marinha Real (Royal Navy). Apesar de um primeiro contrato ser celebrado para a produção da aeronave com os motores convencionais a, ficava claro a necessidade de melhoria de performance, algo que não poderia ser atingido com os motores radias a pistão Ciclone Wright, levando assim a Westland Aircraft Co. a optar pelo uso de dois motores turbo eixo Gnomo Rolls-Royce. Esta versão final equiparia durante os anos seguintes, as principais unidades aéreas da Marinha Real (Royal Navy) e da Força Aérea Real (Royal Air Force), com as últimas aeronaves sendo retiradas do serviço ativo somente em meados da década de 1990.
Após o termino da Guerra do Vietnã, as aeronaves militares da família  Sikorsky S-58 começariam a ser gradativamente retirados do serviço nas forças armadas norte-americanas. No início da década de 1970 somente o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC) operava ainda o modelo, com o último registro de voo datando de 3 de setembro de 1973, com o Sikorsky UH-34 “147191” empreendendo um translado até a cidade de Quântico na Virginia, para preservação, com o este museu recebendo a último helicóptero com motor de pistão a ser operado pelas forças armadas norte-americanas. Este processo de desativação geraria um grande excedente de células em bom estado de uso, que passariam a ser fornecidas em condições vantajosas de aquisição para nações alinhadas aos interesses econômicos e geopolíticos dos Estados Unidos da América. No mercado civil o sucesso operacional da aeronave se repetiria, em função não só das excelentes características do Sikorsky S-58, mas também pela implementação de kits de modernização que visavam equipar a aeronave com o novo motor turbo eixo Pratt & Whitney PT6T-3 Turbo-Pac. A produção final da família de helicópteros em 1970, atingiria a cifra de 1.821 unidades em solo americano, somando a este número, mais 382 aeronaves produzidas sobre licença pela Westland Aircraft Co. na Inglaterra. Além dos Estados Unidos e Reino Unido, as aeronaves desta família seriam ainda operadas pelas forças armadas da França, Austrália, Brasil, Brunei, Gana, Iraque, Omã, Uruguai, Canada, Bélgica, Argentina, Chile, Costa Rica, República Dominicana, Alemanha Ocidental, Haiti, Indonésia, Itália, Israel, Japão, Laos, Holanda, Nicarágua, China, Filipinas e Tailândia.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
O emprego de aeronaves de asas rotativas na Força Aérea Brasileira tem início em março de 1952, quando seria celebrado um contrato junto a Bell Helicopter Co. para a aquisição de quatro células do Bell Model 47D1 H-13D, novas de fábrica, esta aeronave adquirida na época, representava a versão mais avançada da em produção. A este modelo, se seguiria a incorporação de helicópteros de maior porte, agora os Sikorsky H-19D, que ampliaram o leque de missões a serem desempenhadas por aeronaves de asas rotativas no âmbito da Força Aérea Brasileira principalmente com foco nas tarefas de Busca e Salvamento – SAR. Apesar de olhar em detalhe os conceitos da guerra antissubmarino (ASW) com o emprego de helicópteros, os recursos necessários para a aquisição de aeronaves deste tipo ainda se encontravam muito distantes da realidade orçamentária do Ministério da Aeronáutica (MAer), que neste momento focava seus recursos para a renovação de sua aviação de transporte com objetivo posterior de atender a demanda da necessidade de modernização de sua frota de aeronaves de caça e ataque a solo. No entanto em fins da década de 1950 o governo brasileiro avançava a passos largos em uma negociação junto ao governo inglês para a aquisição de um porta aviões. Este programa resultaria em um contrato de compra e modernização de um navio aeródromo da classe Colosss, o HMS Vengeance - R 71, que seria submetido a partir de 1956, a um longo processo de modernização no estaleiro Verolme United Shipyard, em Rotterdam (Holanda). Curiosamente o Ministério da Aeronáutica (MAer), logo tomaria a frente a fim iniciar as primeiras providências para a ativar e dotar uma unidade aérea especificamente destinada a compor o grupo aéreo daquela embarcação, levando em conta que era a única das três forças armadas a operar aeronaves de asa fixa. A fim de atender a esta demanda, através de portaria ministerial, seria criado em 6 de fevereiro de 1957, o 1º Grupo de Aviação Embarcada – 1º GAE, unidade destinada a prover os meios aéreos à Marinha do Brasil, para operação a partir de seu porta-aviões.

O 1º Grupo de Aviação Embarcada (GAE) deveria ser constituído por dois esquadrões, um deles de patrulha e o outro de caça. Quando a Marinha do Brasil decidiu por operar o  A-11 Minas Gerais como porta-aviões antissubmarino, o esquadrão de caça passaria a ser substituído por um esquadrão de helicópteros de guerra antissubmarino (ASW). O primeiro esquadrão (1º/1º GAE) deveria ser equipado com aeronaves de guerra antissubmarino Grumman S-2F1 Tracker e o segundo (2º/1º GAE) passaria a operar seis helicópteros de guerra antissubmarino Sikorsky HSS-1 . Essas aeronaves seriam vendidas ao Brasil no âmbito do Programa de Assistência e Defesa Mútua (MDMAP) e, para tal, foram transferidas da Marinha Americana (US Navy) à Força Aérea Americana (USAF) como SH-34G Seahorse, onde receberam os números de série USAF 60-5424 a 60-5429 (seus números de construção da Sikorsky eram, respectivamente, 58.1283, 58.1294, 58.1295, 58.1307, 58.1308 e 58.1309). Algumas fontes registram essas aeronaves como pertencendo ao tipo HSS-1N / SH-34J, porém os números de série – citados em todas as fontes – correspondem a aeronaves do modelo SH-34G, apesar de elas estarem equipadas com sistema de sonar NA/ASQ-5, radar altímetro NA/APN-117, suíte eletrônica típica da versão HSS-1N - SH-34J. As primeiras duas aeronaves seriam entregues em fevereiro de 1961 e as últimas entre março e abril do mesmo ano, foram transportadas por aeronaves de carga Douglas C-124 Globemaster II da Força Aérea Americana (USAF) semi desmontadas, sendo preparadas para voo na Base Aérea de Santa Cruz no Rio de Janeiro - RJ, por mecânicos da Força Aérea Brasileira e do fabricante norte-americano.
Os seis Sikorsky SH-34G seriam incorporados ao 2º/1º Grupo de Aviação Embarcada (2º/1º GAE), que já dispunha de um núcleo de pessoal treinado pela Marinha Americana (US Navy)  para a operação da aeronave, sendo possível dar início ao ano de instrução para  mais militares e em paralelo, formando assim a doutrina  operacional guerra antissubmarino (ASW) com base em plataformas de asas rotativas, na Força Aérea Brasileira. No entanto este processo seria prejudicado pelo embate entre os Ministério da Marinha e Aeronáutica, quanto a jurisdição sobre as aeronaves a serem operadas a partir do convés do navio aeródromo A-11 Minas Gerais. A Marinha do Brasil não aceitava que o componente aéreo da esquadra viesse a ser controlado pela Força Aérea Brasileira, e assim desta maneira os Sikorsky SH-34G da força área jamais operariam embarcadas neste momento, com o processo de treinamento e formação de doutrina sendo realizado com base em terra, abrindo caminho também para missões de transporte de pessoal e carga, tendo em visto sua capacidade e desempenho desta nova aeronave. Este impasse só seria resolvido em 26 de janeiro de 1965, com a promulgação  do Decreto de Lei Federal nº 55.627, que determinava a Marinha do Brasil a operação de aeronaves de asas rotativas embarcadas e a Força Aérea Brasileira o emprego de aeronaves de asas fixas também embarcadas. Desta maneira os Sikorsky SH-34G seriam transferidos a Marinha do Brasil em 29 de junho do mesmo ano, onde receberiam as matrículas N-3001 a N-3006. No dia 20 de abril iniciou-se a instrução terrestre ao pessoal da Aviação Naval que passariam a operar os Sikorsky SH-34G; no mês seguinte, iniciaria-se o programa de instrução aérea. No dia 28 de maio, seria ativada a unidade que operaria os novos helicópteros, o 1º Esquadrão de Helicópteros Antissubmarino (EsqdHS-1). No dia 7 de julho, os primeiros dois Sikorsky SH-34G seriam transladados em vôo para Base Aeronaval de São Pedro d’Aldeia no Rio de Janeiro, sede da nova unidade aérea da aviação naval.

De posse de seus novos vetores guerra antissubmarino (ASW), o comando da Marinha do Brasil, passaria a concentrar todos seus esforços para o treinamento das equipagens com o auxílio da Unidade de Treinamento Militar da  Marinha Americana (MTU-US Navy), visando assim capacitar o 1º Esquadrão de Helicópteros Antissubmarino (EsqdHS-1) a participar da Operação Unitas VI, um exercício de guerra antissubmarino multinacional que seria realizado em cooperação com a Marinha Americana (US Navy)  e marinhas amigas. Em 08 de fevereiro de 1966 o 1º Esquadrão de Helicópteros Antissubmarino (EsqdHS-1) registraria sua primeira perda, quando uma aeronave, durante uma missão de treinamento apresentou problemas no motor, vindo a chocar se contra o solo, causando infelizmente a morte de três tripulantes. Os Sikorsky SH-34G desempenhariam suas missões de guerra antissubmarino, embarcados a bordo do NAeL “Minas Gerais” A11, por um período de dez anos. Quando de sua incorporação em 1961, os sensores da aeronave representavam o estado da arte em termos de detecção e guerra antissubmarino, entretanto o rápido desenvolvimento tecnológico observado nos anos seguintes, levariam as empresas especializadas nestes tipos de sistemas eletrônicos, a descontinuar a produção de muitas peças de reposição, principalmente dos sonares NA/ASQ-5, radar altímetro NA/APN-117 e outros sistemas eletrônicos pertinentes a esta missão. Este efeito de ruptura na cadeia logistica levaria incialmente a frota de aeronaves da Aviação Naval da Marinha do Brasil, a apresentar baixos índices de disponibilidade dos sistemas de detecção e acompanhamento de submarinos, e posteriormente um inoperância completa para a realização de missões de guerra antissubmarino (ASW), relegando então estas aeronaves para missões de transporte (com a remoção da suíte eletrônica) e guarda aviões (Pedro) a bordo do porta aviões ligeiro  A-11 Minas Gerais.
Caberia ainda aos Sikorsky SH-34G Seahorse da Aviação Naval da Marinha do Brasil, a distinção de ser o primeiro vetor de asas rotativas no país a lançar com sucesso antissubmarino do modelo MK-44, e em 1 de maio de 1969 a realizar o primeiro ciclo de voo noturno embarcado a partir do navio aeródromo. Os graves problemas de operação de sistemas de guerra eletrônica, levariam o Ministério da Marinha a buscar no mercado internacional um vetor substituto para os já veteranos Sikorsky SH-34G, com a escolha recaindo sobre seu sucessor natural, o  Sikorsky SH-3D Sea King, com quatro aeronaves sendo recebidas em abril de 1970. Estas novas aeronaves seriam incorporadas ao 1º Esquadrão de Helicópteros Antissubmarino (EsqdHS-1), operando em conjunto com os antigos vetores, agora totalmente empenhados em missões de transporte de tropas, cargas, busca e salvamento e evacuação aero médica. Em fins do ano de 1972, uma análise estrutural das três células remanescentes determinou por fatores econômicos, a suspensão de todos trabalhos de revisão de quarto escalão em curso nas células. Com estas aeronaves ainda operando em voos esporádicos até o final de 1974, sendo posteriormente alienados para a venda a partir do início do ano seguinte.

Em Escala.
Para representarmos o Sikorsky SH-34G Seahorse "MB 3005", fizemos uso do antigo e raro modelo da Revell na escala 1/48, a simplicidade do kit remete a época de sua produção. Como inconveniente temos a citar que algumas arvores estavam sujeitas a quebras devido o manuseio, necessitando assim de uma acurácia maior para montagem. Empregamos decais produzidos pela FCM Decais, presentes no antigo e descontinuado Set 48/7A.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura empregado pelos Sikorsky SH-34G Seahorse, pois quando foram recebidos da Força Aérea Brasileira em 1961, ostentavam um esquema de pintura cor natural de metal e branco, recebendo apenas as marcações da Aviação Naval da Marinha do Brasil, até o ano de 1967 quando após as revisões de grande monta em âmbito de parque receberam o esquema padrão das aeronaves navais de asas rotativas.


Bibliografia :

- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores
- Sikorsky S-58 H-34 Wikipédia - https://en.wikipedia.org/wiki/Sikorsky_H-34
- Revista ASAS nº 41 " Sikorsky H-34  " História Pictorial da Aeronaves - Aparecido Camazano Alamino
- Aviação Naval Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha  http://www.rudnei.cunha.nom.br/Asas%20sobre%20os%20mares/index.html

North American CB-25B/J Cargo

História e Desenvolvimento. 
A North American Aviation Company foi fundada em 6 de dezembro de 1928 por Clement Melville Keys, inicialmente estruturada como uma holding empresarial com o objetivo de negociar a compra e venda de participações em diversas companhias aéreas e empresas associadas ao setor de aviação. Contudo, essa estratégia tornou-se insustentável com a promulgação da "Lei Federal do Correio Aéreo" em 1934, que resultou na inviabilidade econômica e no colapso de holdings especializadas nesse modelo de negócio. Já consolidada como uma referência significativa no setor aeronáutico, a North American Aviation Corporation reorientou suas atividades para a produção de componentes e aeronaves. Nesse período, a empresa passou a ser liderada pelo engenheiro James H. "Dutch" Kindelberger, um profissional de vasta experiência adquirida durante sua atuação na Douglas Aircraft Company.  A operação neste momento contava com recursos financeiros provenientes de fundos da Eastern Air Lines. Em 1935, a General Motors Corporation adquiriu o controle da North American Aviation Company, promovendo uma fusão com sua divisão aeronáutica, a General Aviation Manufacturing Corporation. No mesmo ano, a companhia decidiu transferir sua planta industrial de Dundalk, Maryland, para Los Angeles, na Califórnia, visando aproveitar as condições climáticas mais favoráveis da região, que permitiam a realização de ensaios de voo durante todo o ano. Nessa nova fase, a estratégia comercial da empresa voltou-se para o mercado de aeronaves de treinamento, um segmento teoricamente menos competitivo em comparação aos nichos de aeronaves maiores ou mais complexas como caças e bombardeiros. Os primeiros resultados dessa reorientação estratégica se materializariam n os modelos North American GA-16, projetado para missões de treinamento básico, e GA-15, destinado a tarefas de reconhecimento e observação. Essas aeronaves, cujos projetos haviam sido originalmente desenvolvidos pela General Aviation Manufacturing Corporation, realizaram seus voos inaugurais e obtiveram homologação no início de 1936. O North American GA-16  após ser oficialmente apresentado, receberia a designação militar de “NA-18”, com seus dois protótipos sendo submetidos a um completo processo de avaliação para ensaios em voo. Em outubro do ano de 1935, seria  celebrado o primeiro contrato de produção para Exército dos Estados Unidos (US Army), envolvendo quarenta e duas células, com as primeiras entregas sendo realizadas no início do ano seguinte. Esses desenvolvimentos marcaram os  passos iniciais da North American Aviation em sua trajetória para se estabelecer como um dos principais fornecedores de aeronaves militares para as forças armadas dos Estados Unidos. 

Em 11 de março de 1938, o Comando do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) emitiu especificações técnicas para o desenvolvimento de uma aeronave monoplano bimotora destinada a operar como bombardeiro médio de ataque. Diversas empresas aeronáuticas, incluindo Bell Aircraft Company., Boeing Stearman Company., Douglas Aircraft Company, Martin Aircraft Company e North American Aviation Company, submeteram seus projetos para avaliação. Contudo, este processo foi marcado por uma série de contratempos, com o registro de múltiplos acidentes e incidentes envolvendo os protótipos apresentados por estes fabricante. Esses eventos adversos culminaram no cancelamento do programa, identificado como CPN 38-385, encerrando assim provisoriamente o desenvolvimento desse novo bombardeiro. Entretanto, o agravamento das tensões geopolíticas na Europa e no Pacífico proporcionou um novo ímpeto à modernização das forças armadas norte-americanas. Assim, em março de 1939, foi lançado um novo programa, denominado Projeto ACP 39-640, com o objetivo de desenvolver  um bombardeiro médio de ataque. Diferentemente da concorrência anterior, a urgência em avançar o projeto levou os militares a adotarem uma abordagem arriscada: selecionar o vencedor com base nas propostas apresentadas, sem a exigência de um protótipo funcional, visando disponibilizar a aeronave para operação antes do início de 1940. Dentre as propostas submetidas, duas foram escolhidas como finalistas: o Martin Model 179 e o North American NA-62, este último projetado pelos engenheiros R.H. Rice e John Leland Atwood. A aeronave bimotora da North American Company destacava-se por sua configuração de asa alta, dupla deriva e amplo armamento defensivo, com capacidade de transportar até 3.600 libras de bombas em altas velocidades – características que, em teoria, superavam as do Martin Model 179. Após uma análise detalhada das duas propostas, o Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) embasado na necessidade de reequipar seus esquadrões, optou por adotar ambos os modelos, formalizando contratos para a produção de 184 unidades do North American B-25 e 200 unidades do Martin B-26. É pertinente observar que o projeto final aprovado para a produção em série do North American B-25, embora derivado da proposta NA-40 apresentada na concorrência de 1938, resultou em uma aeronave significativamente maior e mais pesada, com um incremento de quase quatro toneladas em relação ao peso inicialmente projetado.
O primeiro protótipo do North American B-25 foi concluído em 2 de agosto de 1940, realizando seu voo inaugural em 19 de agosto do mesmo ano, sendo submetida a um completo programa de ensaios de voo, que logo culminariam na autorização para sua produção em série.  As primeiras 9 aeronaves concluídas apresentavam um diedro constante, o que significa que a asa tinha um ângulo consistente para cima da fuselagem até a ponta da asa. Após serem entregues ao Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), verificou-se que este desing ocasionava problemas de estabilidade "achatando" os painéis externos das asas. De imediato alterações seriam feitas, com a aeronave recebendo sua sua configuração de asa de gaivota, além disso seriam implementadas também menos perceptíveis, incluindo  um aumento no tamanho das barbatanas da cauda e uma diminuição em sua inclinação para dentro em seus topos. Em setembro de 1940, outros três protótipos foram entregues para submissão a um rigoroso programa de ensaios em voo, cujo sucesso resultou na homologação do modelo para produção em série. Nesse contexto, foi firmado um contrato entre a North American Aviation e as autoridades militares para a aquisição de 24 unidades, com as primeiras entregas ocorrendo em meados de fevereiro de 1941. Neste mesmo momento aeronave foi oficialmente designada B-25 e batizada como "Mitchell", em homenagem ao brigadeiro-general William Lendrum "Billy" Mitchell, renomado defensor das estratégias de emprego do poder aéreo norte-americano nas décadas de 1920 e 1930.  Paralelamente, aprimoramentos foram incorporados ao projeto original, dando origem ao North American B-25A. Essa versão atualizada assegurou um novo contrato para a fabricação de 40 unidades.  Durante esse período, relatórios da inteligência militar dos Estados Unidos, elaborados com base em dados provenientes do front aéreo europeu, destacaram a necessidade de avaliar a capacidade de sobrevivência dos bombardeiros frente à ameaça representada pelos caças alemães. Essas análises indicaram a pertinência de implementar melhorias no B-25A, incluindo a introdução de blindagem para proteção da tripulação e a adoção de tanques de combustível autos selantes. Embora tais modificações tenham elevado significativamente a resistência da aeronave a ataques inimigos, elas impactaram sua autonomia. A capacidade interna de combustível foi reduzida de 912 galões para 694 galões. Contudo, essa alteração não comprometeu a capacidade ofensiva do B-25, que manteve seu perfil operacional como bombardeiro diurno de curto e médio alcance. Por outro lado, a redução afetou a capacidade de translado para longas distâncias, problema parcialmente mitigado com a instalação de um tanque de combustível suplementar e removível no compartimento de bombas ("bomb bay") da aeronave.

O sistema defensivo do North American B-25B foi significativamente aprimorado, incorporando uma torreta elétrica Bendix tipo “L” equipada com duas metralhadoras Browning calibre .50, posicionada na parte traseira superior da aeronave, e uma torreta retrátil similar, com idêntico armamento, instalada na parte inferior, próxima ao compartimento de bombas ("bomb bay"). Essa nova configuração resultou na assinatura de um contrato para a produção de 120 unidades, cuja entrega teve início imediato às diversas unidades aéreas do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), distribuídas tanto no continente quanto no teatro de operações do Oceano Pacífico. A entrega das últimas aeronaves previstas nesse contrato foi concluída em janeiro de 1942. Apesar de fabricado em quantidade bem inferior às versões posteriores, o B-25B Mitchell alcançaria notoriedade histórica ao participar da ousada missão de bombardeio ao Japão em 18 de abril de 1942. Nessa operação, dezesseis aeronaves decolaram do porta-aviões USS Hornet (CV-2) para atacar alvos nas cidades de Tóquio, Kobe, Yokohama e Nagoya. Embora os danos materiais tenham sido limitados, o impacto psicológico foi expressivo, elevando significativamente o moral das forças militares norte-americanas. As versões subsequentes do B-25 incluíram o B-25C, com 1.625 unidades produzidas em Inglewood, e o B-25D, com 2.290 exemplares fabricados em Kansas City. Ambas as versões apresentavam características bastante semelhantes. A Força Aérea Real (RAF) se tornaria um dos primeiros clientes de exportação, recebendo a designação local de Mitchell I (B-25B), com as primeiras aeronaves sendo entregues em  agosto de 1941, à Unidade de Treinamento Operacional Nº 111 com sede nas Bahamas. Esses bombardeiros foram usados exclusivamente para treinamento e familiarização e nunca se tornaram operacionais. Ja os modelos B-25C e B-25D  foram designados Mitchell II, vindo a servir com os  esquadrões do Grupo N.º 2, e com  a força tática de bombardeiros médios da RAF. Seu batismo de fogo sob o comando dos britânicos ocorreria  22 de janeiro de 1943, quando seis aeronaves do Esquadrão N.º 180 da RAF atacaram instalações petrolíferas em Ghent. No início de 1943, aeronaves B-25C baseadas na Austrália foram adaptadas para realizar ataques rasantes contra navios japoneses no Mar de Bismarck. Para essa finalidade, o compartimento de bombardeio tornou-se desnecessário, uma vez que as bombas eram lançadas diretamente pelo piloto. Assim, o nariz do B-25C foi modificado, recebendo quatro metralhadoras fixas calibre .50, cada uma com 500 disparos, complementadas por outras quatro metralhadoras do mesmo calibre instaladas em pares nos lados da fuselagem, próximas à cabine de pilotagem. Essa configuração conferiu à aeronave uma capacidade de fogo excepcional, dificultando sobremaneira a resposta do inimigo.
As adaptações bem-sucedidas realizadas no B-25C serviram de base para o desenvolvimento do B-25G, do qual foram produzidas 750 unidades. Em sequência, foi introduzido o B-25H, caracterizado por um armamento mais potente em relação ao seu antecessor, destacando-se a inclusão de um canhão leve de 75 mm, modelo T13-E1. A última variante da série, o B-25J, alcançou a maior produção, com 4.318 exemplares fabricados. O B-25J preservou o nariz envidraçado típico dos modelos B-25C e B-25D, manteve as torretas dorsal e de cauda herdadas do B-25H e integrou as metralhadoras laterais frontais presentes nas versões C e D. A partir dessas configurações, uma série de modificações deu origem a variantes especializadas para missões diversas, como reconhecimento fotográfico, treinamento multimotor, reconhecimento meteorológico, patrulha marítima, transporte e capacitação em sistemas de radar embarcados. Até o final do conflito seriam produzidas  9.816 células dispostos em 31 versões, além dos Estados Unidos e Grã-Bretanha, uma grande parte destas aeronaves seriam cedidas a nações aliadas como Brasil, Uniao Soviética, Canáda, Australia e França Livre.  No pós-guerra o modelo foi empregado pela Argentina, Biafra, Bolívia, Chile, Colômbia, Cuba República Dominicana, Indonésia, México, Peru, Polônia, Espanha, Uruguai e Venezuela, sendo operados até meados da década de 1970. As primeiras versões destinadas ao transporte de carga emergiram da conversão de células dos North American B-25B iniciais, disponíveis em grande quantidade devido à substituição por modelos mais avançados. O sucesso dessa iniciativa levou o Comando do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) a requisitar a conversão adicional de aeronaves, resultando nas designações CB-25B, CB-25C, CB-25D e CB-25J. Essas variantes de transporte foram amplamente empregadas em todos os teatros de operações durante a Segunda Guerra Mundial. Destaca-se ainda o desenvolvimento de uma variante especial para transporte de personalidades (VIP – Very Important Person), designada VB-25J, que teve como usuários notáveis os generais norte-americanos Henry H. Arnold e Dwight D. Eisenhower. Essa versão foi amplamente valorizada por tripulantes e passageiros, permanecendo em serviço ativo até 1960, quando o último exemplar foi retirado da Base da Força Aérea de Eglin, na Flórida. Após o término do conflito, diversas aeronaves na configuração original de bombardeiro foram transferidas a nações aliadas. 

Emprego na Força Aérea Brasileira.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passou a considerar com extrema preocupação a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Essa ameaça tornou-se ainda mais evidente após a capitulação da França, em junho de 1940, pois, a partir desse momento, a Alemanha Nazista poderia estabelecer bases operacionais nas Ilhas Canárias, em Dacar e em outras colônias francesas, criando um ponto estratégico para uma eventual incursão militar no continente. Nesse contexto, o Brasil foi identificado como o local mais provável para o lançamento de uma ofensiva, devido à sua proximidade com o continente africano, que à época também figurava nos planos de expansão territorial alemã. Além disso, as conquistas japonesas no Sudeste Asiático e no Pacífico Sul transformaram o Brasil no principal fornecedor de látex para os Aliados, matéria-prima essencial para a produção de borracha, um insumo de extrema importância para a indústria bélica. Além dessas possíveis ameaças, a posição geográfica do litoral brasileiro mostrava-se estrategicamente vantajosa para o estabelecimento de bases aéreas e portos militares na região Nordeste, sobretudo na cidade de Recife, que se destacava como o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Dessa forma, essa localidade poderia ser utilizada como uma ponte logística para o envio de tropas, suprimentos e aeronaves destinadas aos teatros de operações europeu e norte-africano. Diante desse cenário, observou-se, em um curto espaço de tempo, um movimento de aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em investimentos estratégicos e acordos de cooperação militar. Entre essas iniciativas, destacou-se a adesão do Brasil ao programa de ajuda militar denominado Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), cujo principal objetivo era promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras. Os termos desse acordo garantiram ao Brasil uma linha inicial de crédito de US$ 100 milhões, destinada à aquisição de material bélico, possibilitando ao país o acesso a armamentos modernos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Esses recursos revelaram-se essenciais para que o país pudesse enfrentar as ameaças impostas pelos ataques de submarinos alemães, que intensificavam os riscos à navegação civil, impactando o comércio exterior brasileiro com os Estados Unidos, responsável pelo transporte diário de matérias-primas destinadas à indústria de guerra norte-americana. Este programa seria de vital importância para adequar em termos de aeronaves e doutrina operacional a recém-criada Força Aérea Brasileira (FAB), que até então herdara da Aviação Militar do Exército Brasileiro e da Aviação Naval da Marinha do Brasil, aeronaves obsoletas e não adequadas para principalmente para se fazer frente a ameaça dos submarinos italianos e alemães. 

Na fase inicial de suas operações, a Força Aérea Brasileira (FAB) restringiu suas atividades a voos de presença ao longo do litoral brasileiro, empregando predominantemente monomotores como o North American AT-6B e o Vought V-65B Corsair. Essa dinâmica começou a se alterar no início de 1942, quando, sob incentivos econômicos e pressões diplomáticas, o governo brasileiro autorizou o uso de bases aéreas nacionais por unidades de patrulha da Marinha dos Estados Unidos (US Navy). Esse marco possibilitou os primeiros confrontos contra submarinos alemães e italianos, missões que contaram com a observação atenta de oficiais brasileiros. Esse acompanhamento permitiu à Força Aérea Brasileira (FAB) assimilar gradualmente os conhecimentos relacionados à guerra aeronaval, adquirindo, ao longo do tempo, a capacitação necessária para desenvolver e disseminar essa doutrina. Esse processo de aprendizado foi acompanhado pela cessão de aeronaves modernas, com primeira a entrega envolvendo seis North American B-25B Mitchell em janeiro de 1942. Essas aeronaves foram adaptadas para missões de patrulhamento marítimo e combate antissubmarino (ASW) e destinadas ao Agrupamento de Aviões de Adaptação (AAA), unidade criada em 4 de fevereiro de 1942 e sediada em Fortaleza, no Ceará. As primeiras missões operacionais tiveram início em abril do mesmo ano, conduzidas por tripulações mistas formadas por oficiais e graduados da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF) e da  Força Aérea Brasileira (FAB). O North American B-25B Mitchell destacou-se ao tornar-se a primeira aeronave militar brasileira a entrar em combate na Segunda Guerra Mundial. Em 22 de maio de 1942, às 14h, uma aeronave comandada pelo Capitão Aviador Parreiras Horta, com tripulação composta pelo Capitão Aviador Pamplona e pelos militares norte-americanos 1st Lt. Schwane, Sgt. Yates, S/Sgt. Tyler e S/Sgt. Robinson, localizou o submarino italiano Barbarigo (Classe Marcelo) navegando em superfície. O inimigo respondeu imediatamente com intenso fogo antiaéreo. Conforme as diretrizes vigentes à época, que refletiam a neutralidade brasileira, as tripulações só poderiam engajar alvos inimigos em caso de ataque prévio. Diante da agressão, a tripulação do B-25B lançou cargas de profundidade, que explodiram próximas ao submarino, embora este tenha logrado evadir-se. No final deste mesmo ano seria determinado que a Força Aérea Brasileira deveria começar a assumir uma significativa parcela das atividades de patrulhamento e guerra antissubmarino em seu mar territorial. Como reforço seriam recebidos dez Lockheed A-28A-LO Hudson, o primeiro modelo especializado em missões deste tipo, porém até o termino do conflito a Força Aérea Brasileira (FAB) incorporaria mais 21 aeronaves agora dispostas  nas versões North American B-25J-15 e B-25J-20, igualmente empregadas em missões de patrulhamento marítimo e combate antissubmarino.
No período pós-guerra, entre julho de 1946 e outubro de 1947, o Brasil recebeu 64 unidades adicionais do North American B-25J por meio de programas de assistência militar, como o "American Republic Projects". Esse incremento permitiu à Força Aérea Brasileira (FAB) consolidar uma frota significativa desse modelo, especializando-se nos processos de operação e manutenção em nível de parque. Essas atividades foram conduzidas nas instalações do Parque de Aeronáutica de São Paulo (PqAerSP) e do Parque de Aeronáutica de Recife (PqAerRF). Em 1949, as duas células remanescentes do North American B-25B Mitchel passaram por uma revisão geral que incluiu a remoção de armamentos e a substituição dos motores originais Wright Cyclone R-2600-9 pelo modelo Wright Cyclone R-2600-13. Esse processo tinha como objetivo adaptar as aeronaves para funções orgânicas, redesignando-as como CB-25B Cargueiro e atribuindo-lhes as matrículas FAB 5028 e FAB 5031. Uma vez em serviço, essas aeronaves foram intensivamente empregadas em missões de transporte e apoio logístico, desempenhando suas funções com êxito até o final de 1957, quando seriam desativadas devido ao alto grau de desgaste das células. Nesse mesmo período, diversas células do  modelo B-25J Mitchell ainda permaneciam em operação nas unidades de primeira linha da Força Aérea Brasileira (FAB). Contudo, o rápido avanço tecnológico ocorrido após a Segunda Guerra Mundial relegou essas aeronaves táticas movidas a motores a pistão a papéis operacionais secundários globalmente, sendo superadas por novos bombardeiros equipados com motores turbo jatos. Esse cenário foi acompanhado pelo Ministério da Aeronáutica (MAer), que buscava alternativas para modernizar sua frota de bombardeio adequando-se a nova realidade. Inicialmente, as atenções recaíram sobre o bombardeiro a jato britânico English Electric Canberra, nas variantes B.8 e T.4. No entanto, restrições orçamentárias levaram à aquisição de bimotores usados Douglas A-26B e A-26C Invader. Com a incorporação dessas novas aeronaves de ataque, teve início um processo gradual de retirada dos North American B-25J remanescentes das funções de treinamento, bombardeio e ataque nas unidades operacionais localizadas em Fortaleza e Natal. Algumas dessas aeronaves foram convertidas para missões de reconhecimento tático, destinadas a substituir os já cansados Douglas R-20K Havoc junto ao  1º Esquadrão do 10º Grupo de Aviação (1º/10º GAv) , conhecido como Esquadrão Poker.

No final de 1958, a frota de aeronaves North American B-25J Mitchell da Força Aérea Brasileira ainda apresentava significativa relevância operacional, especialmente aquelas em boas condições de voo. Tal cenário motivou a realização de estudos voltados à conversão de parte dessas aeronaves para a função de transporte, a exemplo do que havia sido feito, em 1949, com dois exemplares do modelo B-25B. Com base nesses estudos, o Parque de Aeronáutica de São Paulo (PqAerSP) iniciou a análise técnica necessária para viabilizar tais modificações. Após a aprovação oficial do projeto pelo Ministério da Aeronáutica (MAer), estabeleceu-se um cronograma de execução, cuja fase inicial previa a seleção de quatro células em melhor estado de conservação para servirem como protótipos. As aeronaves escolhidas foram os B-25J Mitchell de matrícula FAB 5097, 5064, 5065 e 5127, os quais foram transferidos para as instalações do Parque de Aeronáutica de São Paulo (PqAerSP).Nas oficinas do parque, foram realizadas as intervenções necessárias para a conversão das aeronaves, destacando-se as seguintes modificações - Remoção das blindagens, com o objetivo de reduzir o peso e melhorar o desempenho; - Retirada dos sistemas de armamento e equipamentos táticos; - Alterações nos tanques de combustível; - Instalação de assentos para passageiros, adaptando-as para o transporte de pessoal; - Modificação do compartimento de bombas (bomb bay) para utilização como compartimento de carga. Além dessas adaptações, todas as aeronaves passaram por uma completa revisão estrutural, com o intuito de prolongar sua vida útil na nova configuração. Concluído o processo de conversão, as aeronaves — agora redesignadas como North American CB-25J — foram submetidas a ensaios em voo, cujos resultados demonstraram desempenho satisfatório para as operações de transporte pretendidas. Diante da avaliação positiva, decidiu-se pela continuidade do programa, com a inclusão de mais onze aeronaves na linha de conversão. As aeronaves selecionadas para esta nova fase foram os B-25J de matrícula FAB 5079, 5086, 5131, 5117, 5068, 5137, 5106, 5135, 5071, 5103 e 5113. Nesta etapa, os trabalhos de conversão também passaram a ser realizados nas instalações do Parque de Aeronáutica de Recife (PqAerRF). Todas as atividades foram concluídas até o final do ano de 1958.
As aeronaves convertidas passaram a ser oficialmente designadas como North American CB-25J, embora a maioria ainda mantivesse em suas fuselagens os indicativos originais de cauda "B-25J". Após sua adaptação e treinamento de tripulantes , essas aeronaves foram distribuídas a fim de atuarem como aeronaves orgânicas, sendo alocadas junto aos Parques de Aeronáutica de São Paulo, Recife e Afonsos, bem como nas Bases Aéreas de Campo Grande, Fortaleza, Santa Cruz e Natal. Empregadas principalmente em missões de transporte de carga, passageiros e ligação, essas aeronaves desempenharam um papel fundamental no apoio logístico da Força Aérea Brasileira (FAB). Algumas células se destacaram por receberem apelidos informais, atribuídos por suas tripulações, refletindo características marcantes de desempenho ou estética. Entre os exemplos notórios estão o CB-25J FAB 5131 “Amigo da Onça” e o CB-25J FAB 5097 “Super Maconha” — este último apelidado em virtude de seu desempenho excepcional, obtido após a retirada das blindagens e sistemas de armamento, o que lhe conferiu velocidades superiores às de outras aeronaves operacionais de transporte da época. Embora esse tipo de apelido não conste em registros oficiais, é parte importante do folclore aeronáutico, preservando a memória viva da cultura das tripulações e dos bastidores da Aviação Militar Brasileira. A notável robustez estrutural do modelo, aliada à disponibilidade de um grande número de células e estoque de componentes no país, assegurou um continuo fluxo de peças de reposição, garantindo excelentes índices de disponibilidades das aeronaves. A soma destes fatores contribuiu significativamente para a impressionante longevidade operacional dos CB-25J cargueiros, cuja última unidade foi desativada somente em 1974, com a introdução dos novos bimotores turbo hélices Embraer EMB-110  C-95 Bandeirante, que passaram a cumprir as funções anteriormente atribuídas aos veteranos North American CB-25J.

Em Escala.
Para a representação em escala do North American CB-25B "FAB 5031", foi utilizado o kit clássico do fabricante Revell, na escala 1/48. As modificações necessárias para a conversão à configuração cargueira incluíram a completa remoção de todo o armamento original da aeronave, bem como o fechamento das escotilhas correspondentes às torretas superior e ventral. Esta adaptação foi realizada com o uso de plasticard, garantindo um acabamento fiel ao padrão visual da versão utilizada pela Força Aérea Brasileira. No que se refere à identificação visual, foram empregados decais genéricos da FCM Decais, provenientes de diferentes conjuntos da marca. Já as marcações específicas do exemplar "FAB 5031" foram confeccionadas de forma artesanal, graças à colaboração do modelista Cesar Hares, a quem registramos nosso agradecimento.


O esquema de cores descrito a seguir, conforme os códigos do sistema Federal Standard (FS), corresponde ao segundo padrão de pintura adotado nas aeronaves North American B-25B/J após suas primeiras revisões realizadas em nível de parque. Durante o período em que atuaram como cargueiros, essas aeronaves apresentaram variações sutis desse padrão básico, refletindo ajustes operacionais ou regionais. A única exceção relevante a esse padrão ocorreu com o exemplar CB-25J FAB 5097, informalmente conhecido como “Super Maconha”, pertencente ao Parque de Aeronáutica de Recife (PqAerRF). Essa aeronave recebeu, temporariamente, um esquema de pintura totalmente colorido, de caráter provisório, o qual destoava significativamente dos demais exemplares em serviço.


Bibliografia :
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 -2015  - Jackson Flores Jr
- Revista Asas Mº 40 B-25 Mitchell na FAB, por Aparecido Camazano Alamino
- História da Força Aérea Brasileira, Professor Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Bombardeiros Bimotores na FAB, por Aparecido Camazano lino  Editora C&R