Embraer EMB-312 T-27 Tucano EDA

História e Desenvolvimento.
No início da década de 1960, a Força Aérea Brasileira estava comprometida com um ambicioso programa de integração nacional. Nesse contexto, quase toda a sua frota de aeronaves Douglas C-47 e Beechcraft C-45 foi empregada, com o objetivo de expandir não apenas as linhas do Correio Aéreo Nacional (CAN), mas também de realizar missões de assistência logística e médica nas regiões mais remotas do país. Entretanto, com o passar dos anos e o uso intensivo, essas aeronaves começaram a apresentar desgastes estruturais significativos, o que impactou diretamente nos índices de indisponibilidade da frota. Esse problema foi agravado pelas dificuldades na obtenção de peças de reposição, sinalizando a necessidade urgente de substituir integralmente essa frota. Nesse cenário, o Coronel Ozires Silva apresentou ao comando da Aeronáutica a proposta de desenvolver uma aeronave bimotora nacional de médio porte. Seus esforços começaram a tomar forma em junho de 1965, em colaboração com o Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento do Centro Técnico Aeroespacial em São José dos Campos, SP, quando foi lançado o projeto IPD-6504. Este projeto envolvia uma aeronave bimotora de asa baixa, com estrutura metálica, medindo 12,74 m de comprimento, janelas em formato de bolha e capacidade para oito passageiros. A construção do primeiro protótipo foi iniciado em 1967, utilizando motores turboélice Pratt & Whitney PT6A-20, cada um com potência de 550 shp. A aeronave recebeu a designação oficial de YC-95 e foi batizada de "Bandeirante". O protótipo realizou seu primeiro voo em 22 de outubro de 1968 e, após leves ajustes no projeto da aeronave, foi oficialmente apresentado na semana seguinte em uma cerimonia no aeroporto de São José dos Campos (SP), sob a observação de autoridades, imprensa e de um público de 15 mil pessoas. Nesse mesmo ano, o Coronel Ozires Silva e sua equipe iniciaram esforços para buscar parcerias no setor privado nacional para a produção em série da nova aeronave. Apesar das muitas negativas enfrentadas, o Coronel não se deixou desanimar; uma grande oportunidade surgiu durante um encontro inesperado com o presidente Artur da Costa Silva, no qual ele conseguiu convencê-lo a investir no projeto de produção em série. Esse esforço resultou na criação de uma empresa estatal de capital misto, estabelecida na cidade de São José dos Campos, São Paulo, com sua fundação ocorrendo em 19 de agosto de 1969. A nova empresa recebeu o nome de Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A (Embraer), tendo o Coronel Ozires Silva como seu primeiro presidente, cargo que ocupou até 1986. Em 29 de junho de 1970, seu terceiro protótipo  alçou voo, e após modificações surgiria sua versão inicial de produção, o EMB-110, que, em sua versão civil, para até 12 passageiros, e uma maior capacidade de carga presente  no modelo militar C-95.

O Embraer EMB-110 Bandeirante, graças ao seu design conceitual cuidadosamente alinhado às necessidades do mercado-alvo, alcançou rapidamente sucesso comercial, conquistando os primeiros contratos de exportação. A companhia francesa de transporte regional Air Littoral foi seu cliente inaugural. Em 1975, a Embraer celebrou seu primeiro contrato militar com o governo do Uruguai e, no mesmo ano, o EMB-110 consolidou-se no mercado civil norte-americano, tornando-se uma referência no segmento de aviação regional. O êxito comercial do Bandeirante gerou recursos financeiros e avanços tecnológicos que permitiram à estatal brasileira a investir no desenvolvimento de novas aeronaves com maior capacidade e desempenho. Nesse contexto, foi concebido o Embraer EMB-121 Xingu, a primeira aeronave executiva pressurizada da empresa. Embora o Xingu não tenha replicado o sucesso comercial do Bandeirante, sua produção elevou significativamente o conhecimento técnico e a expertise da Embraer. Paralelamente, o Ministério da Aeronáutica (MAer) buscava soluções para otimizar o processo de formação de pilotos militares, que, à época, era estruturado em três fases: treinamento básico com aeronaves Aerotec T-23 Uirapuru, treinamento intermediário com Neiva T-25 Universal e treinamento avançado com jatos Cessna T-37C. Contudo, a operação do Cessna T-37C enfrentava desafios significativos, incluindo altos custos operacionais e problemas crônicos de disponibilidade devido à escassez de peças de reposição, o que comprometia sua eficiência. Diante dessas dificuldades, a Academia da Força Aérea (AFA) iniciou a substituição gradual dos jatos Cessna T-37C pelo Neiva T-25 Universal no treinamento avançado. Embora economicamente viável, essa solução revelou-se inadequada, pois o Neiva T-25 Universal (e suas propostas de atualização) apresentava desempenho significativamente inferior ao necessário para atender aos padrões de formação avançada. Esse cenário foi agravado na mesma década com a introdução no Brasil de aeronaves de alta performance, como os caças franceses Marcel Dassault Mirage IIIEBR F-103E e os norte-americanos Northrop F-5E Tiger II, que demandavam  desde as fases iniciais um treinamento mais sofisticado e qualificado para seus pilotos. A conjugação desses fatores levou o Ministério da Aeronáutica (MAer) a buscar alternativas para atender a essa demanda crescente. Tal necessidade não passou despercebida pela Embraer, que identificou uma oportunidade estratégica para desenvolver soluções que atendessem aos requisitos da Força Aérea Brasileira.
Diante da identificação de uma oportunidade de mercado, a Embraer S/A iniciou estudos para desenvolver uma aeronave voltada ao treinamento militar, atendendo às demandas do Ministério da Aeronáutica (MAer). Na época, as opções disponíveis incluíam aeronaves a jato ou aviões de propulsão convencional equipados com motores turboélice. A análise técnica e econômica apontou que a motorização turboélice oferecia uma melhor relação custo-benefício, especialmente em um contexto de crise internacional do petróleo, que elevava significativamente os custos de combustível e, consequentemente, o custo por hora de voo de treinamento. Em 1977, a Embraer apresentou ao Ministério da Aeronáutica a proposta inicial do EMB-312, uma aeronave projetada especificamente para treinamento militar. A proposta gerou grande interesse, culminando na formalização de um acordo de desenvolvimento em dezembro de 1978. O programa foi oficialmente iniciado em janeiro de 1979, com uma grande equipe de técnicos sendo coordenados pelo talentoso engenheiro húngaro radicado no Brasil, Joseph Kovacks,  marcando assim o início de uma nova fase no portfólio da empresa. Durante 1979, o projeto ganhou forma com a realização de testes aerodinâmicos utilizando modelos em escala radiocontrolados. Ainda no mesmo ano, foi construído um modelo em escala real, equipado com um cockpit funcional para avaliação dos instrumentos de voo. Esses ensaios permitiram a definição dos parâmetros fundamentais do projeto, estabelecendo as bases para a construção do primeiro protótipo. Em março de 1980, a Embraer concluiu a construção do primeiro protótipo, designado YT-27 e registrado com a matrícula FAB 1300. A aeronave foi oficialmente apresentada em uma cerimônia de rollout no dia 19 de agosto de 1980, coincidindo com as comemorações dos 11 anos da Embraer. Na mesma data, o YT-27 realizou seu primeiro voo oficial, marcando um marco significativo no programa. O segundo protótipo, que incorporava melhorias em relação ao primeiro, incluindo a capacidade de portar armamentos, realizou seu primeiro voo em 10 de dezembro de 1980. Infelizmente, essa aeronave foi perdida em agosto de 1982 durante um voo de teste, embora os pilotos tenham conseguido ejetar-se em segurança. Um terceiro protótipo, registrado com a matrícula civil PP-ZDK, voou pela primeira vez em 16 de agosto de 1982. Este protótipo destacou-se por sua estreia internacional no Farnborough Airshow, na Inglaterra, em setembro de 1982, poucos dias após seu primeiro voo. Para realizar a travessia do Atlântico, a aeronave utilizou tanques suplementares de combustível e realizou escalas técnicas.

O Embraer EMB-312 Tucano, designado T-27, destacou-se como uma aeronave de treinamento avançada, incorporando inovações que estabeleceram novos padrões globais para o segmento. Desenvolvido desde sua concepção como um treinador turboélice, o Tucano combinava características operacionais típicas de jatos, oferecendo desempenho superior e eficiência econômica. O EMB-312 introduziu uma configuração de assentos em tandem escalonados, com o instrutor posicionado em um assento mais elevado que o do aluno. Essa disposição eliminava obstruções no eixo longitudinal da aeronave, proporcionando ao instrutor visão frontal desimpedida. Além de reduzir a área frontal da aeronave, essa configuração facilitava a adaptação do cadete ao ambiente operacional de aeronaves de caça. O Tucano foi pioneiro ao incorporar assentos ejetáveis em uma aeronave de treinamento turboélice, um avanço significativo em segurança para a época. Os tripulantes eram protegidos por uma capota transparente de plexiglass, moldada em peça única para evitar distorções óticas, garantindo visibilidade excepcional. Projetado para ser estável em baixas velocidades e altamente manobrável, o EMB-312 atendia às exigências de uma aeronave de treinamento avançado. Sua capacidade de operar com eficiência em diversas condições de voo reforçava sua adequação à formação de pilotos. Além de sua função primária como treinador, o Tucano possuía quatro pontos duros nas asas para cargas externas, permitindo seu uso em missões de treinamento armado, apoio aéreo e ataque ao solo. Essa versatilidade ampliava seu valor operacional. O primeiro protótipo, registrado como YT-27 com a matrícula FAB 1300, foi oficialmente apresentado em 19 de agosto de 1980, durante a cerimônia de rollout em São José dos Campos - SP, que marcou os 11 anos da Embraer. Na mesma data, a aeronave realizou seu primeiro voo, demonstrando desempenho promissor e atraindo atenção internacional. A combinação de desempenho excepcional e baixo custo operacional do EMB-312 logo despertou interesse global, Honduras e Egito foram os primeiros países a encomendar a aeronave. No Egito, o EMB-312 Tucano foi produzido sob licença  pela Arab Organization for Industrialization (AOI), especificamente por meio de sua divisão de aviação, a Helwan Aircraft Factory, uma entidade estatal egípcia responsável por projetos industriais e de defesa, e a produção do Tucano foi parte de um acordo para atender às necessidades da Força Aérea Egípcia e para exportação ao Iraque.
A produção sob licença do EMB-312 Tucano no Egito, realizada pela Arab Organization for Industrialization (AOI) por meio da Helwan Aircraft Factory, representou a primeira iniciativa da Embraer na montagem de aeronaves fora do Brasil. Esse projeto, voltado para atender às demandas da Força Aérea Egípcia e do Iraque, fortaleceu a presença da empresa no mercado internacional de aviação militar, demonstrando sua capacidade de transferência tecnológica e adaptação às exigências de clientes estrangeiros. Em resposta a uma concorrência internacional lançada pela Real Força Aérea Britânica (Royal Air Force) para a aquisição de uma nova aeronave de treinamento básico, a Embraer firmou uma parceria estratégica com a empresa irlandesa Short Brothers PLC. A partir do projeto original do EMB-312, foram implementadas modificações e melhorias, resultando no protótipo do Shorts Tucano TMk1. Este modelo venceu a concorrência, consolidando a reputação internacional da Embraer e levando à abertura de uma terceira linha de produção na Irlanda do Norte. Essa conquista marcou um momento pivotal na projeção global da empresa. Em 1991, a Embraer celebrou outro marco significativo com a assinatura de um contrato para o fornecimento de 80 aeronaves da versão EMB-312F à Força Aérea Francesa (Armée de l’Air). As entregas tiveram início em 1994, reforçando a presença da empresa em mercados europeus exigentes e destacando a versatilidade e confiabilidade do Tucano. A produção em série do EMB-312 Tucano foi encerrada em 1996, com um total de 624 aeronaves entregues para 17 países: Angola, Argentina, Brasil, Colômbia, Egito, França, Honduras, Irã, Iraque, Quênia, Kuwait, Mauritânia, Moçambique, Paraguai, Peru, Reino Unido e Venezuela. Muitas dessas aeronaves permanecem em operação, beneficiando-se de processos contínuos de modernização que garantem sua relevância e funcionalidade por décadas. O Embraer EMB-312 Tucano destacou-se por combinar inovação técnica, versatilidade operacional e competitividade econômica. Suas características pioneiras, como a configuração em tandem escalonada, assentos ejetáveis e capacidade multifuncional, estabeleceram novos padrões para aeronaves de treinamento avançado. A rápida aceitação do Tucano no mercado global e sua longevidade operacional reforçaram a reputação da Embraer como uma referência na indústria aeroespacial, consolidando sua posição como líder em soluções de aviação militar e de treinamento.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
O Embraer EMB-312 T-27 Tucano foi desenvolvido com o objetivo de substituir o Cessna T-37C na missão de treinamento avançado da Academia da Força Aérea (AFA), além de promover a incorporação de novas tecnologias de materiais e processos produtivos na indústria aeroespacial brasileira. Este documento detalha o contrato de aquisição, a entrega inicial das aeronaves e o processo de integração do Tucano na AFA. Em outubro de 1980, o Ministério da Aeronáutica (MAer) formalizou um contrato com a Embraer S/A para a aquisição de 118 aeronaves EMB-312 T-27 Tucano, com a opção de compra de adicional 50 aeronaves no futuro. Este acordo, de significativa envergadura, proporcionou à Embraer o financiamento estatal necessário para estabelecer uma linha de produção dedicada ao modelo em São José dos Campos, no interior do estado de São Paulo. A iniciativa fortaleceu a infraestrutura industrial da empresa e consolidou sua capacidade de atender às demandas da Força Aérea Brasileira (FAB). As primeiras oito aeronaves EMB-312 T-27 Tucano destinadas ao Ministério da Aeronáutica (MAer) foram oficialmente entregues em 29 de setembro de 1983, em cerimônia realizada nas instalações da Embraer em São José dos Campos. As aeronaves, matriculadas de FAB 1303 a FAB 1310, receberam uma pintura branca com faixas laranja e matrículas visíveis na fuselagem, inaugurando um novo esquema para aeronaves de instrução.  Após a entrega, foram transferidas em voo para a Academia da Força Aérea (AFA), localizada em Pirassununga, também no interior de São Paulo. Na AFA, as aeronaves iniciaram um processo de aceitação técnica e operacional, acompanhado do treinamento de instrutores e multiplicadores. As oito unidades foram alocadas ao 1º Esquadrão de Instrução Aérea (1º EIA), marcando o início da transição para o uso do T-27 Tucano no estágio de treinamento avançado. Com a chegada do T-27, as aeronaves Neiva T-25 Universal, até então utilizadas pelo 1º EIA, foram redistribuídas para o 2º Esquadrão de Instrução Aérea (2º EIA). Esse movimento possibilitou o início da desativação gradual dos treinadores básicos Aerotec T-23 Uirapuru, alinhando a frota da AFA às novas exigências de formação. Nos meses seguintes, a AFA recebeu unidades adicionais do EMB-312, o que permitiu a formação de uma frota suficiente para suportar o treinamento avançado dos cadetes do quarto ano. Essa expansão consolidou o Tucano como a principal plataforma de instrução avançada, aprimorando a qualidade e a eficiência do processo de formação de pilotos.

A partir de 1º de julho de 1984, a  Academia da Força Aérea (AFA) iniciou a operação com o turboélice EMB-312 T-27 Tucano, resultando em impactos imediatos na qualidade do treinamento avançado. A aeronave oferecia desempenho superior em comparação ao Neiva T-25 Universal, combinando alta performance de voo com a capacidade de permitir a correção de erros comuns cometidos por cadetes em formação. Uma das principais inovações do T-27 foi a adoção da configuração de assentos em tandem, em substituição aos assentos lado a lado do Neiva T-25 Universal Com o aluno posicionado no assento frontal e o instrutor atrás, a visibilidade do cadete simulava a experiência de voar sozinho, promovendo maior proatividade, confiança, iniciativa e capacidade de julgamento. Essa configuração expunha os alunos a situações que exigiam independência na tomada de decisões críticas, qualidades essenciais para pilotos de aviação de caça. O T-27 destacou-se por suas características técnicas avançadas, incluindo: Autonomia de voo: Até quatro horas e meia com tanque interno. Manobrabilidade: Excelente desempenho em baixas altitudes. Robustez e confiabilidade: Comandos precisos e ampla margem de manobra. Versatilidade: Capacidade de operar em diversas condições climáticas. Visibilidade: Cockpit com ampla visibilidade, favorecendo o treinamento. Esses atributos tornaram o T-27 Tucano uma plataforma ideal para o treinamento avançado, aprimorando a didática e a eficácia do processo de formação de pilotos. As qualidades do EMB-312 T-27 Tucano não se limitaram ao treinamento. Sua versatilidade e desempenho o qualificaram como uma aeronave adequada para demonstrações aéreas. Em 1983, o Ministério da Aeronáutica (MAer) decidiu reativar o grupo de demonstração aérea, oficialmente designado como Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA) a partir de 21 de outubro de 1982, mas popularmente conhecido como Esquadrilha da Fumaça. Até então, o EDA operava com aeronaves Neiva T-25 Universal. A introdução do T-27 no EDA marcou uma nova fase para a Esquadrilha da Fumaça, elevando o nível das apresentações devido às capacidades superiores da aeronave. O Tucano permitiu a realização de manobras mais complexas e visualmente impactantes, consolidando a reputação do grupo como um símbolo de excelência da Força Aérea Brasileira (FAB).
O Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA), conhecido como Esquadrilha da Fumaça, é uma unidade da Força Aérea Brasileira (FAB) com a missão de realizar demonstrações aéreas para promover a imagem institucional da FAB em âmbito nacional e internacional. Este documento detalha a integração do Embraer EMB-312 T-27 Tucano ao EDA, sua primeira apresentação oficial, as características das performances e os desafios operacionais enfrentados devido a problemas estruturais. Para cumprir sua missão, o EDA foi equipado com sete aeronaves Embraer T-27 Tucano. Essas aeronaves foram adaptadas com pods dispensadores de fumaça branca instalados nos cabides subalares, permitindo a criação de traços visíveis durante as manobras. Além disso, receberam um padrão de pintura de alta visibilidade nas cores vermelho e branco, reforçando a identidade visual do esquadrão. A estreia oficial da Esquadrilha da Fumaça com o T-27 Tucano ocorreu em 8 de dezembro de 1983, durante a cerimônia de formatura dos cadetes da Academia da Força Aérea (AFA). Esse evento marcou o início de uma nova era para o EDA, com o Tucano proporcionando maior dinamismo e impacto visual às demonstrações. As apresentações do EDA com o T-27 Tucano eram realizadas com formações variando de cinco a doze aeronaves, dependendo da complexidade das manobras. Entre as manobras emblemáticas, destacam-se: Split: Separação sincronizada das aeronaves. Cruzamento duplo: Trajetórias cruzadas em alta velocidade. Looping leme: Manobra vertical com controle preciso. Tonneau reverso: Rolamento lateral invertido. Looping com desfolhado: Formação que se desfaz durante o looping. Break: Dispersão rápida da formação. Looping coincidente e cruzamento lento: Manobras de precisão em formação. Bomba: Simulação de ataque com dispersão. Espelhão: Formação em espelho com voo invertido. Bolota: Manobra circular compacta. DNA com duas voltas: Trajetória em hélice dupla Barril com seis aeronaves meio looping: Rolamento sincronizado com looping parcial. Essas manobras, executadas com precisão, conquistaram notoriedade não apenas no Brasil, mas também em diversos países, consolidando a reputação do EDA como um símbolo de excelência técnica. Em 16 de novembro de 1996, um acidente envolvendo a aeronave T-27 Tucano, matrícula FAB 1320, pertencente ao EDA, na cidade de Santos, no litoral de São Paulo, trouxe à tona preocupações sobre a integridade estrutural da frota. Esse incidente, combinado com outros episódios, levou o corpo de engenharia da Embraer S/A  a identificar, em 1999, problemas de fadiga nas asas das aeronaves.

Em 1999, a Embraer constatou problemas de fadiga estrutural nas asas da frota de T-27 Tucano, desencadeando a necessidade de reforços estruturais em todas as aeronaves. Como medida de segurança, apenas as unidades sem indícios de fadiga foram autorizadas a voar, reduzindo significativamente a operacionalidade das unidades da Força Aérea Brasileira (FAB) que operavam o modelo. Para o EDA, o problema resultou na suspensão de sua agenda de demonstrações por 21 meses, interrompendo suas atividades de representação institucional. A recuperação da frota teve início em 2001, com a maioria das aeronaves submetidas a um processo de revisão e correção estrutural nas instalações da Embraer em São José dos Campos, São Paulo. Esse retrofit restaurou a capacidade operacional plena do T-27, permitindo a retomada das operações regulares da Academia da Força Aérea (AFA) e do Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA). Após o processo de modernização, as aeronaves do EDA receberam um novo esquema de pintura nas cores azul, verde e amarelo, em homenagem à bandeira nacional, substituindo o padrão anterior em vermelho e branco. Essa mudança reforçou a identidade visual do esquadrão e sua conexão com os símbolos nacionais. Em agosto de 2001, o EDA retomou suas apresentações com êxito, mantendo o padrão de maestria que caracteriza a Esquadrilha da Fumaça. Um dos destaques de sua história foi o recorde registrado no Guinness Book, conquistado com a formação de 12 aeronaves T-27 Tucano voando de dorso (cabeça para baixo) por 30 segundos, demonstrando precisão e habilidade excepcionais. Entre 1983 e 2013, a Esquadrilha da Fumaça realizou 2.363 demonstrações, totalizando mais de 85.000 horas de voo em formação. Essas apresentações ocorreram não apenas no Brasil, mas também na Europa, América do Norte e América Latina, inspirando gerações e promovendo a imagem da Força Aérea Brasileira (FAB) em escala global. Apesar da manutenção exemplar realizada pelo Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa (PAMA LS), as células do T-27 começaram a apresentar sinais de desgaste estrutural ao longo dos anos. Essa realidade tornou evidente a necessidade de substituição da frota a curto prazo. Neste contexto a escolha logica recairia sobre o novo Embraer A-29 Super Tucano, uma aeronave de maior porte e melhor performance, que poderia inclusive ainda servir de cartão de visitas internacional para a Embraer S/A, que neste momento representava um dos produtos do portfolio da empresa.
A substituição do Embraer EMB-312 T-27 Tucano pelo Embraer A-29 Super Tucano marcou um novo capítulo na história do Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA), conhecido como Esquadrilha da Fumaça. Este documento detalha o encerramento das operações com o T-27, o processo de transição para o A-29, a retomada das apresentações e a preservação do legado do EDA. Após quase três décadas de serviço, o ciclo operacional do Embraer T-27 Tucano no EDA foi concluído em 29 de março de 2013. Nesse dia, as aeronaves realizaram sua 2.363ª e última apresentação sobre o Lago Paranoá, em Brasília, Distrito Federal. O evento simbolizou o fim de uma era marcada por contribuições significativas à imagem da Força Aérea Brasileira (FAB). Com o término das operações, as aeronaves T-27 foram retiradas de serviço e armazenadas no Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa (PAMA LS). Duas células foram preservadas no hangar do EDA, na Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga, São Paulo, exibindo os dois padrões de pintura utilizados durante o período de operação: vermelho e branco, e azul, verde e amarelo. No mesmo ano de 2013, o EDA recebeu as primeiras unidades do Embraer A-29 Super Tucano. Um extenso programa de treinamento e conversão operacional foi implementado para preparar pilotos e equipes de apoio para a nova aeronave. Esse processo, denominado “Programa de Implantação da Aeronave A-29 Super Tucano no Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA),” garantiu a adaptação às características avançadas do A-29, incluindo maior porte, desempenho superior e tecnologia moderna. As atividades de demonstração do EDA foram retomadas em julho de 2015, com a primeira apresentação oficial do A-29 Super Tucano realizada durante a Cerimônia Militar de Entrega de Espadins da Turma Jaguar, na Academia da Força Aérea, em Pirassununga. O evento, conhecido como o “Ninho das Águias,” reforçou a conexão histórica entre a Esquadrilha da Fumaça e os cadetes, cuja formação é incentivada pelo exemplo de confiança e competência exibido nas apresentações. A transição para o A-29 Super Tucano trouxe mudanças nas aeronaves e nas manobras acrobáticas, refletindo avanços tecnológicos e operacionais. Apesar dessas transformações, a essência da Esquadrilha da Fumaça permanece inalterada, preservando o espírito de arrojo, determinação e profissionalismo que define o esquadrão desde sua criação. A substituição do Embraer T-27 Tucano pelo A-29 Super Tucano representou uma evolução significativa para o Esquadrão de Demonstração Aérea, alinhando suas capacidades às demandas contemporâneas. O encerramento do ciclo do T-27, a bem-sucedida transição para o A-29 e a retomada das apresentações em 2015 reforçam o compromisso do EDA em manter sua tradição de excelência. A preservação do legado do T-27 e a continuidade da missão da Esquadrilha da Fumaça com o A-29 asseguram sua relevância como símbolo da Força Aérea Brasileira.

Em Escala.
Para representação da aeronave na  escala 1/48, foi utilizado o kit em resina produzido pela GIIC Models, correspondente ao Embraer T-27 Tucano. Ressalta-se que, embora este kit tenha sido empregado, atualmente existem modelos injetados disponíveis no mercado que oferecem maior qualidade e precisão nos detalhes. Para personalização da versão representada  empregamos o set de decais 48/058 “EMB-312 Tucano”, produzido pela FCM Decais. Este set proporcionou a aplicação de detalhes específicos, como a matrícula FAB 13411 e o padrão de pintura característico do EDA.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo, representa o primeiro padrão de pintura adotado pelo Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA) após o inicio das operações com os T-27 Tucano, sendo inspirado no esquema empregado pelos North American T-6. Em 2001 este padrão seria alterando, optando pelo uso de cores vibrantes que homenageiam a bandeira nacional brasileira.  Fizemos uso de tintas e vernizes produzidos pela Tom Colors.

Bibliografia :

- Centro Histórico Embraer – T-27 Tucano - http://www.centrohistoricoembraer.com.br
- T-27 Tucano, o Inesquecível Membro da Esquadrilha da Fumaça - Hanger 33 http://blog.hangar33.com.br/
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores
- Guardiões da Fronteira – Eduardo Baruffi Valente – Revista Força Aérea Nº 14
- História da Força Aérea Brasileira , Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html

North American AT-6D e AT-6G

História e Desenvolvimento.
A empresa North American Aircraft foi fundada em 6 de dezembro de 1928, na cidade de Los Angeles, Califórnia, pelo empresário Clement Melville Keys. Inicialmente, a companhia atuou como uma holding corporativa, com o objetivo de facilitar a compra e a venda de participações em diversas companhias aéreas e empresas relacionadas à aviação no mercado local. Contudo, essa estratégia enfrentou dificuldades significativas a partir da promulgação da controversa “Lei Federal do Correio Aéreo” em 1934, que resultou no colapso de diversas holdings neste segmento, incluindo a North American Aircraft. Aproveitando sua reputação consolidada no setor aeronáutico, a empresa iniciou uma nova fase de sua trajetória, voltando-se para o desenvolvimento e a produção de componentes e aeronaves. Nesse período, James H. Kindelberger, conhecido como "Dutch", assumiu a direção da companhia. Kindelberger trazia consigo uma rica experiência adquirida durante sua passagem pela Douglas Aircraft Company, além de operar com capital proveniente de fundos da Eastern Air Lines. Em 1935, a General Motors Corporation adquiriu o controle da North American Aviation, por meio de uma fusão com sua divisão aeronáutica, a General Aviation Manufacturing Corporation. No mesmo ano, a empresa decidiu transferir sua planta fabril de Dundalk, Maryland, para Los Angeles, visando beneficiar-se das condições climáticas mais favoráveis da região para a realização de ensaios de voo durante todo o ano. A nova estratégia comercial da North American Aircraft passou a ser focada no mercado de aeronaves leves de treinamento. A expectativa era que este nicho apresentasse menos concorrência em comparação com os segmentos que envolviam aeronaves maiores e mais complexas. A partir dessa nova orientação, neste período foram desenvolvidos diversos modelos, com destaque para o North American GA-16, destinado a missões de treinamento básico, e o NA GA-15, voltado para tarefas de reconhecimento e observação. Os protótipos dessas aeronaves realizaram seus primeiros voos em janeiro de 1935 e logo foram submetidos a extensos programas de ensaios, resultando em sua homologação no meio do mesmo ano. É importante ressaltar que ambas as aeronaves eram baseadas em projetos desenvolvidos anteriormente pela General Aviation Manufacturing Corporation, que se encontravam armazenado e após serem retomados  representariam os primeiros passos da companhia rumo a se tornar, futuramente, um dos maiores fornecedores de aeronaves militares para as Forças Armadas dos Estados Unidos.

Após sua apresentação oficial, o North American GA-16 recebeu a designação militar de “NA-18” e passou a ter seus dois protótipos submetidos a um extenso processo de avaliação em ensaios de voo. Este programa foi desenvolvido em atendimento a uma solicitação anterior do Comando do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), que buscava uma aeronave na configuração monoplano dedicada ao treinamento e formação de pilotos. A nova aeronave apresentava uma configuração monoplano com trem de pouso fixo, construída em estrutura metálica e coberta com tela aeronáutica. Em termos de motorização, estava equipada com o confiável motor radial Wright R-975, com potência de 400 hp. Os resultados obtidos durante esta fase de testes revelaram a necessidade de uma série de melhorias, que culminaram na versão NA-19, a qual recebeu a designação militar de BT-9 Advanced Trainer. Em outubro de 1935, foi celebrado o primeiro contrato de produção com o Exército dos Estados Unidos (US Army) para a fabricação de quarenta e duas células, com as primeiras entregas programadas para o início do ano seguinte. Subsequentemente, outro contrato foi firmado para a produção de quarenta células de uma nova versão, designada BT-9A. Esta variante diferenciava-se da anterior por incluir duas metralhadoras de calibre .30, uma instalada na asa direita e a outra fixada no nariz da aeronave, sob o capô, sincronizada com a hélice. Esses dois lotes de aeronaves foram imediatamente distribuídos entre os principais centros de instrução do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC). A próxima variante, o BT-9B, foi encomendada com um total de cento e dezessete células, seguida pela versão BT-9C, que consistia em noventa e sete aeronaves entregues com melhorias significativas em seus sistemas elétricos e de navegação. O uso desses modelos no treinamento de pilotos gerou grandes elogios tanto por parte dos instrutores quanto dos alunos, levando a um crescente interesse do Comando da Aviação Naval da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), que resultou em negociações para o desenvolvimento de uma versão "navalizada". O protótipo desta nova variante realizou seu primeiro voo em maio de 1936 e rapidamente foi aceito para operação, resultando em um contrato para a aquisição de quarenta aeronaves, que foram designadas North American NJ-1. Apesar das significativas evoluções em relação às aeronaves de treinamento então em uso, tornou-se evidente que a nova aeronave logo alcançaria um estágio de obsolescência, gerando, assim, a necessidade de desenvolver um novo vetor de treinamento a médio prazo. A nova aeronave deveria atender a premissas básicas, apresentando um perfil de voo próximo ao das atuais aeronaves de caça, equipada com um sistema de trem de pouso retrátil e superfícies revestidas em alumínio, substituindo o tradicional revestimento de tela.  
Ao contrário do processo anterior, este novo projeto contemplaria uma aquisição de grande vulto, impulsionada pelo agravamento das tensões políticas na Europa e no Pacifico, o que poderia prenunciar o início de uma corrida armamentista. Em resposta, o governo norte-americano implementou um programa emergencial de rearmamento. A concorrência, oficialmente designada como "USAAC Basic Combat" (Combate Básico do USAAC), despertou um considerável interesse entre os fabricantes aeronáuticos, resultando na apresentação de mais de uma dezena de propostas. Dentre essas, destacou-se a da North American Aviation Corp, que apresentou o modelo NA-26 BT-9D para avaliação.  Este projeto foi desenvolvido com base na versão original do NA-19 BT-9 e apresenta um perfil ampliado, além de inovações significativas, incluindo aprimoramentos nas asas, na estrutura e um revestimento em alumínio. O modelo também conta com trem de pouso retrátil e novos sistemas de navegação e comunicação. Adicionalmente, a aeronave passou a ser equipada com o motor radial Pratt & Whitney R-985-25 Wasp Jr, com uma potência de 450 hp. O programa avançou para a fase de análises comparativas e testes de voo com protótipos. Ao final desse processo, o novo treinador da North American Aviation Corp foi declarado vencedor. Em abril de 1938, foi celebrado um contrato que previa a produção inicial de 251 aeronaves para o Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), das quais 36 seriam especificamente configuradas para o treinamento em voo por instrumentos. Este novo modelo recebeu a designação militar de BC-1 (Basic Combat – Treinador Básico de Combate), com as primeiras unidades sendo entregues às unidades de formação de pilotos militares a partir de setembro do mesmo ano. A aeronave apresentou características operacionais e de manuseio que a tornaram especialmente adequadas para as tarefas de treinamento avançado de voo e treinamento básico de combate. Esses atributos chamaram a atenção do Ministério do Ar Britânico, que, na ocasião, estava envolvido em um processo emergencial de reequipamento, visando estar preparado para um possível conflito na Europa. Esse interesse resultou em um pedido de exportação de 400 aeronaves destinadas às escolas de formação de pilotos da Força Aérea Real (RAF), com esta versão recebendo a designação de Harvard MK I. O terceiro cliente militar a incorporar a aeronave foi a Marinha dos Estados Unidos (US Navy), que passou a incluir dezesseis células navalizadas, designadas como SNJ-1.

A próxima versão da aeronave, designada NA BC-1A, incorporou as modificações e aprimoramentos introduzidos no modelo SNJ-1, estabelecendo-se como a base para o desenvolvimento futuro da série T-6. Um contrato foi firmado com o Exército dos Estados Unidos (US Army) para o fornecimento de 177 unidades dessa aeronave. Posteriormente, a Aviação Naval da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) celebrou um contrato para a aquisição de 61 unidades, as quais receberam a designação SNJ-2. As versões destinadas à exportação, projetadas para equipar a Força Aérea Real (RAF) e a Real Força Aérea Canadense (Royal Canadian Air Force), foram denominadas Harvard Mk. II. No total, 1.173 aeronaves foram empregadas pelas forças britânicas, predominantemente no Canadá e na Rodésia, como parte do Empire Air Training Scheme (Sistema de Treinamento Imperial)Nesse mesmo período, o Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) implementou uma significativa reorganização estrutural e conceitual. Dentre as diversas áreas contempladas, destacou-se a revisão do processo de formação de pilotos militares. Nesse contexto, a fase de treinamento conhecida como Basic Combat (Combate Básico) foi reformulada, passando a ser designada Advanced Trainer (Treinador Avançado). Como resultado dessas mudanças, as aeronaves de treinamento avançado BC-1A foram redesignadas como AT-6. Uma variante do BC-1A, produzida sob licença pela Commonwealth Aircraft Corporation da Austrália, foi batizada de Wirraway. Essa versão ganhou notoriedade por ser a única da família de treinadores a registrar a destruição confirmada de uma aeronave inimiga, um caça japonês  Mitsubishi A6M Zero (embora algumas fontes sugiram que poderia tratar-se de um Kawasaki Ki-43 Oscar), em 26 de dezembro de 1942, nos céus da Nova Guiné, durante a Segunda Guerra Mundial. A evolução da série continuou com o modelo AT-6A, também designado SNJ-3 para a aviação naval da Marinha dos Estados Unidos (US Navy). Essa versão introduziu um leme de formato triangular, em substituição ao perfil arredondado das versões anteriores, além de pontas de asas de configuração reta. Equipada com o motor radial Pratt & Whitney R-1340-49 Wasp, a aeronave podia ser armada com duas metralhadoras calibre .30 polegadas, uma fixa no lado direito da capota do motor e outra móvel, instalada na cabine traseira. Foram produzidas 1.549 unidades do AT-6A e 270 do SNJ-3. Adicionalmente, a Noorduyn Aviation, no Canadá, fabricou sob licença 1.500 unidades do modelo AT-16 para as forças armadas americanas e 2.485 Harvard Mk. IIB para a Real Força Áérea (RAF).
O contínuo aprimoramento da série T-6 reflete sua relevância estratégica no treinamento de pilotos militares e na adequação às exigências operacionais das forças aéreas aliadas durante o período da Segunda Guerra Mundial e subsequentes. A seguir, apresenta-se uma descrição formal das principais variantes da aeronave, com ênfase em suas características técnicas e aplicações. A variante AT-6B foi equipada com o motor radial Pratt & Whitney R-1340-AN-1, estabelecido como padrão para as versões posteriores. Destinada principalmente ao treinamento de metralhadores, esta versão possuía o assento traseiro configurado em posição invertida, voltado para trás. A produção majoritária ocorreu nas instalações da North American Aviation em Dallas, Texas, o que conferiu à série o nome “Texan”. A versão AT-6C, também designada SNJ-4 para a Aviação Naval dos Estados Unidos e Harvard Mk. IIA para a Força Aérea Real (RAF), representou um marco na produção em larga escala. Foram fabricadas 2.970 unidades do AT-6C, 2.400 do SNJ-4 e 726 do Harvard Mk. IIA. Uma subvariante, a SNJ-4C, com 85 unidades produzidas, foi equipada com um gancho de parada, possibilitando operações em porta-aviões. A variante AT-6D, correspondente à SNJ-5 para a Marinha americana e Harvard Mk. III para as forças britânicas, introduziu melhorias significativas no sistema elétrico. A produção totalizou 3.713 unidades do AT-6D, 1.357 do SNJ-5 e 915 do Harvard Mk. III. Similarmente à SNJ-4C, a subvariante SNJ-5C, com 80 unidades fabricadas, foi adaptada para uso em porta-aviões. Produzida nos estágios finais da Segunda Guerra Mundial, a variante AT-6F, também conhecida como SNJ-6, eliminou as provisões para armamento, reforçando sua função exclusiva de treinamento. A hélice desta versão incluía um cubo, frequentemente removido em serviço devido a complicações de manutenção. A versão T-6G, com 2.068 unidades fabricadas por meio da conversão de modelos anteriores, incorporou aprimoramentos voltados para a eficácia do treinamento. Entre as modificações, destacam-se: elevação do assento traseiro, melhorando a visibilidade do instrutor; redução das nervuras do canopi, otimizando a visibilidade para piloto e instrutor e adição de tanques de combustível suplementares nas asas, ampliando a autonomia. Na década de 1950, a empresa canadense Canada Car and Foundry desenvolveu a variante Harvard 4, designada T-6J. Esta versão foi amplamente empregada por forças aéreas de nações como Canadá, França, Itália, Bélgica e Alemanha, consolidando a versatilidade da plataforma T-6. As sucessivas variantes da série T-6 Texan, incluindo suas derivações como o Harvard, demonstram a capacidade de adaptação da aeronave às necessidades de treinamento militar em diferentes contextos históricos. Sua extensa produção e utilização por diversas forças aéreas sublinham seu papel fundamental na formação de pilotos e no fortalecimento das capacidades operacionais aliadas.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passou a considerar com extrema preocupação a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Essa ameaça tornou-se ainda mais evidente após a capitulação da França, em junho de 1940, pois, a partir desse momento, a Alemanha Nazista poderia estabelecer bases operacionais nas Ilhas Canárias, em Dacar e em outras colônias francesas, criando um ponto estratégico para uma eventual incursão militar no continente. Nesse contexto, o Brasil foi identificado como o local mais provável para o lançamento de uma ofensiva, devido à sua proximidade com o continente africano, que à época também figurava nos planos de expansão territorial alemã. Além disso, as conquistas japonesas no Sudeste Asiático e no Pacífico Sul transformaram o Brasil no principal fornecedor de látex para os Aliados, matéria-prima essencial para a produção de borracha, um insumo de extrema importância para a indústria bélica. Além dessas possíveis ameaças, a posição geográfica do litoral brasileiro mostrava-se estrategicamente vantajosa para o estabelecimento de bases aéreas e portos militares na região Nordeste, sobretudo na cidade de Recife, que se destacava como o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Dessa forma, essa localidade poderia ser utilizada como uma ponte logística para o envio de tropas, suprimentos e aeronaves destinadas aos teatros de operações europeu e norte-africano. Diante desse cenário, observou-se, em um curto espaço de tempo, um movimento de aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em investimentos estratégicos e acordos de cooperação militar. Entre essas iniciativas, destacou-se a adesão do Brasil ao programa de ajuda militar denominado Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), cujo principal objetivo era promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras. Os termos desse acordo garantiram ao Brasil uma linha inicial de crédito de US$ 100 milhões, destinada à aquisição de material bélico, possibilitando ao país o acesso a armamentos modernos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Esses recursos revelaram-se essenciais para que o país pudesse enfrentar as ameaças impostas pelos ataques de submarinos alemães, que intensificavam os riscos à navegação civil, impactando o comércio exterior brasileiro com os Estados Unidos, responsável pelo transporte diário de matérias-primas destinadas à indústria de guerra norte-americana. O programa de reequipamento da recém-criada Força Aérea Brasileira (FAB), instituída em 1941, revelou-se de fundamental importância para alinhar suas capacidades operacionais e doutrinárias às demandas estratégicas da época. Até então, a Aeronáutica herdara da Aviação Militar do Exército Brasileiro e da Aviação Naval da Marinha do Brasil uma frota composta majoritariamente por aeronaves obsoletas, inadequadas para enfrentar ameaças contemporâneas, notadamente os submarinos italianos e alemães que operavam ao longo do litoral brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial. Naquele contexto, os equipamentos mais modernos disponíveis à Força Aérea Brasileira (FAB) eram representados por um número limitado de células dos modelos North American NA BT-13 e NA 72, complementados pelos antigos biplanos Vought V-65B Corsair. 

Essas aeronaves, embora empregadas em missões de presença e patrulha costeira, apresentavam limitações significativas para o desempenho de operações eficazes contra ameaças navais inimigas. Assim, tornou-se imperativa a modernização urgente da frota da Aeronáutica, com vistas a fortalecer sua capacidade operacional. A partir do final de 1941, essa demanda começou a ser atendida por meio do programa de assistência militar dos Estados Unidos. Nesse âmbito, foram transferidas ao Brasil as primeiras aeronaves destinadas à FAB, incluindo 10 unidades do North American AT-6B Texan, registradas inicialmente com as matrículas FAB 01 a FAB 10 e, posteriormente, redesignadas como FAB 1223 a FAB 13432. Após o recebimento e a capacitação das tripulações brasileiras, essas aeronaves foram alocadas à Base Aérea de Fortaleza, onde passaram a integrar o Agrupamento de Aviões de Adaptação (AAA). Esta organização, sob supervisão de militares norte-americanos do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), desempenhava um papel central na fase final do treinamento de pilotos brasileiros. Esses aviadores, previamente instruídos em aeronaves Fairchild PT-19 para formação básica, eram agora submetidos a um programa avançado conduzido por instrutores do norte-americanos O treinamento abrangia táticas e doutrinas de combate aéreo moderno, com ênfase particular na guerra aeronaval, considerando que a principal ameaça ao Brasil era representada pela atividade de submarinos alemães e italianos, que atacavam comboios de navios mercantes em trânsito para os Estados Unidos. Dada a intensificação dos ataques inimigos e os atrasos na entrega de aeronaves especializadas para missões de patrulha marítima e guerra antissubmarino (ASW), o Agrupamento de Aviões de Adaptação foi compelido a adaptar suas operações. Os AT-6B Texan, originalmente destinados ao treinamento avançado, foram temporariamente redirecionados para suprir a carência de meios especializados, assumindo funções de patrulha e apoio em missões operacionais ao longo do litoral brasileiro. . A partir de janeiro de 1943, a Força Aérea Brasileira (FAB) recebeu novas unidades da família AT-6, agora nas versões modernizadas AT-6C e AT-6D. A incorporação dessas aeronaves, iniciada no mês seguinte, viabilizou uma reorganização estrutural e operacional no comando da FAB. A distribuição dos AT-6 foi ampliada para incluir bases aéreas nas regiões Sul e Sudeste do país. Nesse contexto, as aeronaves AT-6B, AT-6C e NA-72 passaram a equipar o Grupamento do Curso de Formação de Oficiais da Reserva (CPOR), sediado na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro. Nessa unidade, os AT-6 foram dedicados ao treinamento e conversão de pilotos para operação dos caças-bombardeiros Curtiss P-40 Warhawk, que constituíam, à época, a principal linha de defesa aérea do Brasil. Até novembro de 1943, a Força Aérea Brasileira (FAB) recebeu setenta unidades da versão AT-6C, registradas com as matrículas FAB 1233 a FAB 1302. 
Entre o final de 1944 e o ano de 1945, a Força Aérea Brasileira (FAB) recebeu um total de 45 unidades do North American AT-6D. Muitas dessas aeronaves foram destinadas aos Cursos de Formação de Oficiais da Reserva (CPOR), sedeados na Base Aérea de Cumbica, localizada em Guarulhos, São Paulo, com o objetivo de fortalecer o treinamento de novos pilotos militares. Logo após a conclusão do conflito, ainda estavam disponíveis aproximadamente 120 aeronaves da família AT-6 em plenas condições operacionais. No entanto, a maioria dessas células apresentava um elevado desgaste estrutural, resultado da intensa utilização durante o período de guerra. Essa condição representava um risco potencial para a continuidade do processo de formação de pilotos militares brasileiros a médio prazo. Além disso, a crescente demanda por treinamento exigia uma ampliação da frota de aeronaves destinadas a essa finalidade. Para atender a essas necessidades de recomposição da frota, o Ministério da Aeronáutica (MAer) implementou entre  os anos de 1946 e 1951 três estratégias principais: a produção de 81 aeronaves sob licença na Fábrica de Aviões de Lagoa Santa, em Minas Gerais; a aquisição de células usadas em bom estado de conservação através do programa American Republics Project (ARP); e, por fim, em 1951, a implementação de um programa de revitalização e modernização de 28 células dos modelos AT-6B e AT-6C, que foram atualizadas ao modelo T-6G, com os trabalhos realizados nas instalações do Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa (PAMA-LS). Na metade da década de 1960, a Força Aérea Brasileira mantinha em seu sistema de treinamento uma combinação de aeronaves Fokker T-21 e North American T-6, sendo os primeiros utilizados para a instrução básica e os segundos para o estágio avançado. Nesse momento porém, tornava-se evidente o envelhecimento e a obsolescência dessa frota, tornando necessária, a médio prazo, a sua substituição por vetores mais modernos.  No ano de 1966, definiu-se a aquisição dos Aerotec T-23 Uirapuru, de fabricação nacional, para o emprego no treinamento básico. Para o estágio avançado, optou-se pelos modernos jatos Cessna T-37C, que seriam recebidos a partir de 1967 pelo Destacamento Precursor da Academia da Força Aérea (DPEAer) em Pirassununga no interior do estado de São Paulo, onde, por um breve período, operariam em conjunto com os últimos North American T-6D e T-6G. No ano seguinte, essa aeronave foi finalmente retirada das atividades de instrução de voo, sendo revisada e distribuída para diversas bases aéreas, onde continuou a operar em funções administrativas e orgânicas. No entanto este ainda não seria o fim da carreira operacional destas robustas aeronaves no Brasil.

Após a Revolução de 31 de março de 1964, a Força Aérea Brasileira buscou formas de realizar missões voltadas ao combate à insurreição e ao enfrentamento de movimentos de esquerda que se estabeleceriam em áreas remotas do interior do país, como Xambioá (Tocantins), Marabá (Pará) e Registro (São Paulo). Essas áreas representavam um potencial risco de oposição armada ao governo militar, o que poderia viabilizar a implementação de um regime comunista no Brasil. No mesmo ano, foram criadas as Esquadrilhas de Reconhecimento e Ataque (ERA) 10, 20 e 30, localizadas nas bases aéreas de Santa Cruz, São Paulo, e Canoas, respectivamente. Utilizando aeronaves North American T-6 das Esquadrilhas de Adestramento das bases aéreas onde estavam sediadas, essas Esquadrilhas de Reconhecimento e Ataque (ERA) foram estabelecidas de forma informal, aproveitando experiências anteriormente adquiridas pela Força Aérea Brasileira (FAB) em Natal e Canoas, com a instalação de armamentos, como metralhadoras de calibre .30 polegadas e bombas de emprego geral, naquele tipo de aeronave. Nesse contexto, além da formação dos pilotos designados, essas aeronaves seriam extensivamente empregadas em missões de repressão ao contrabando, patrulhamento de fronteiras, reconhecimento fotográfico e visual, monitoramento de campos de pouso clandestinos, bombardeio de plantações de maconha, patrulhamento de localidades para prevenir o roubo de gado e operações contraguerrilhas na Serra do Caparão. As aeronaves seriam operadas por diversas esquadrilhas, como ERA 21 - Gerimun, ERA 31 - Águia, ERA 32 - Carcará, ERA 41 - Vampiros, ERA 42 - Caracará, ERA 51 - Falcão e ERA 61 - Gorila. Essas esquadrilhas atuaram em conjunto durante a "OPERAÇÃO XAVANTE", realizada entre 1º e 10 de dezembro de 1967, no então Estado de Mato Grosso, abrangendo a região entre Campo Grande, Corumbá, Aquidauana e Forte Coimbra, com a participação de unidades do Exército Brasileiro e da Marinha do Brasil. No ano de 1970, as Esquadrilhas de Reconhecimento e Ataque (ERA) foram convertidas em Esquadrões de Reconhecimento e Ataque, com cada unidade herdando pessoal e material das esquadrilhas originais. Novamente, esses esquadrões utilizariam como principal vetor os veteranos North American T-6, possuindo a atribuição de formar os pilotos operacionais da Aviação de Reconhecimento e Ataque. Isso incluía não apenas a transição para a aeronave T-6, considerando que os pilotos oriundos da Academia da Força Aérea haviam sido treinados em jatos Cessna T-37C, mas também o uso do T-6 como aeronave de combate. As operações incluíam bombardeio em picado, bombardeio nivelado e rasante, lançamento de foguetes e disparos com metralhadoras.
Os Esquadrões de Reconhecimento e Ataque (ERA) eram caracterizados por sua capacidade de operar em quaisquer pontos do território nacional, demonstrando essa habilidade tanto em manobras de treinamento quanto em operações de combate. Um exemplo significativo de sua atuação foi a participação do 1º ERA, juntamente com o 2º ERA, na Operação “PAPAGAIO”. Esta operação foi realizada nas cidades de Marabá e Xambioá, ambas localizadas no Estado do Pará, entre os dias 18 de setembro e 8 de outubro de 1972. O objetivo da operação consistiu no emprego efetivo das aeronaves dos 1º e 2º ERA contra forças guerrilheiras do Partido Comunista do Brasil que buscavam estabelecer um país comunista independente vinculado à União Soviética. A operação contou ainda com a participação de outras unidades da Força Aérea Brasileira (FAB), além de forças do Exército Brasileiro e da Marinha do Brasil. As aeronaves dos Esquadrões de Reconhecimento e Ataque (ERA) executaram missões reais de bombardeio, reconhecimento e ataque, culminando com a total derrocada e aniquilação do movimento guerrilheiro. Os esquadrões 1º ERA – Falcão, 2º ERA – Fênix e 3º ERA – Águia eram equipados com aeronaves North American T-6. Em 1972, essa organização evoluiu para a formação dos Esquadrões Mistos de Reconhecimento e Ataque (EMRA), que integravam tanto aeronaves quanto pessoal dos esquadrões de reconhecimento e ataque (ERA), esquadrilhas de ligação e observação, além de alguns Grupos de Aviação (GAv). A missão desses novos esquadrões consistia na realização de operações específicas de cooperação para a manutenção da segurança interna, utilizando tanto aviões quanto helicópteros, da qual deriva a designação “Misto”. Essas unidades operavam conjuntamente com aeronaves North American T-6D/G, Cessna L-19A/E Bird Dog e helicópteros Bell UH-1D Huey e Bell OH-4 Jet Ranger. Os esquadrões 1º EMRA – Falcão, 2º EMRA – Poti, 3º EMRA – Águia, 4º EMRA – Dragão e 5º EMRA – Pantera se tornaram as últimas unidades aéreas a operar a versão armada dos North American T-6D/G. Apesar de sua robustez e confiabilidade, evidenciava-se que o veterano T-6 já estava completamente superado, motivo pelo qual o planejamento do Ministério da Aeronáutica (MAer) previu sua substituição total até o ano de 1975. A nova frota contemplaria o jato Embraer AT-26 Xavante para missões de ataque e o monomotor Neiva AT-25 Universal para tarefas de observação. Assim, em 22 de agosto de 1973, iniciou-se um processo gradual de desativação das aeronaves, o qual foi dividido em quatro fases distintas, programadas para ocorrer entre 1º de outubro de 1973 e 31 de dezembro de 1975. Esse cronograma foi plenamente cumprido, e, à medida que as células atingiam o término de suas revisões, eram automaticamente desativadas.e, passando a ser armazenadas no Parque da Aeronáutica de Lagoa Santa para aguardar seu destino.

Em Escala.
Para representarmos o North American AT-6D " FAB 1665" quando em uso pela esquadrilha ERA 31 – Águia, empregamos o kit embalado pela HTC Modelismo que foi fabricado pela Academy na escala 1/48, modelo que apresenta bom nível de injeção e baixo relevo, apenas adicionamos ao modelo os cabides e as bombas de 50 kg oriundos de outros modelos . Fizemos uso de decais confeccionados pela FCM Decais originais do modelo.
O padrão de pintura descrito a seguir refere-se a uma das configurações utilizadas durante a operação da aeronave T-6 como aeronave de ataque. Um aspecto notável relacionado aos AT-6 destinados às unidades de Reconhecimento e Ataque é a sua camuflagem, oficialmente especificada pela Ordem Técnica do Ministério da Aeronáutica (OTMA). Essa norma determinava o uso de dois tons de verde nas superfícies superiores da aeronave e cinza nas superfícies inferiores, conforme ilustrado no diagrama correspondente. Contudo, destaca-se que, apesar de nunca ter sido autorizada uma camuflagem com tons de verde e terra nas superfícies superiores, todas as Esquadrilhas de Reconhecimento e Ataque, com exceção de uma, adotaram essa configuração, desviando-se do padrão estabelecido pela OTMA.


Bibliografia :

Revista ASAS nº 60 " North American T-6 na FAB ( 1942 - 1963 ) - Aparecido Camazano Alamino
Revista ASAS nº 61 " North American T-6 na FAB ( 1964 - 1976 ) - Aparecido Camazano Alamino
Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores
História da Força Aérea Brasileria , Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html

Boeing Model 256 (F-4B e P-12)


História e Desenvolvimento.
A Boeing Airplane Company foi fundada em 9 de maio de 1917 por William E. Boeing, um pioneiro da aviação e empresário que já operava no setor de aeronaves desde o início daquela década. No final desse mesmo ano, os Estados Unidos entraram na Primeira Guerra Mundial, e a empresa, ciente das necessidades da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), reconheceu que seria necessário aumentar sua frota de hidroaviões para treinamento da aviação naval. Nesse contexto, William E. Boeing apresentou dois projetos de aeronaves desta categoria, com as análises preliminares apontando um excelente potencial de desenvolvimento. Neste momento a companhia receberia seu primeiro grande contrato militar, envolvendo a produção de cinquenta unidades, que após incorporadas ao serviço ativo seriam muito bem avaliadas por seus usuários. A empresa continuou, assim, a expandir sua presença também no mercado civil mais notadamente no segmento de aeronaves de treinamento e turismo. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, um grande excedente de aviões militares usados, a preços acessíveis, inundou o mercado de aviação comercial, dificultando as vendas de novos modelos e acabaria por levar muitas empresas, incluindo a Boeing, a diversificar suas operações em buscas de faturamento. Neste momento a Boeing passou, então, a fabricar móveis e embarcações de fundo plano, denominadas Sea Sleds. No mercado militar, as Forças Armadas dos Estados Unidos também enfrentaram uma estagnação, adquirindo poucas aeronaves novas nos anos seguintes. Porém, no final da década de 1920, grandes avanços tecnológicos na aviação tornaram obsoletas muitas das aeronaves militares em serviço, incluindo os caças-bombardeiros embarcados Boeing F-2B (Model 69) e Boeing F-3B (Model 69B), que haviam sido introduzidos no início da década. Embora esses modelos representassem avanços em relação aos seus predecessores, suas características de desempenho, como velocidade e alcance, estavam aquém das expectativas da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), o que resultou em uma redução dos contratos com a força aeronaval, com menos de cinquenta unidades produzidas. Diante desse cenário, a Boeing Aircraft Corporation decidiu direcionar seus esforços para o desenvolvimento de um novo modelo de caça, que não apenas substituísse os caças navais obsoletos, mas também utilizasse a mesma plataforma para oferecer uma proposta comum ao Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), com o objetivo de substituir os caças Boeing PW-9 (Model 15), em operação desde 1923, que também estavam ultrapassados diante das ameaças estrangeiras que se desenhavam no cenário global.

Na mesma época, o país enfrentava uma grave crise econômica, que resultou em um rigoroso contingenciamento de gastos governamentais, impactando diretamente os investimentos militares. Isso levou à negação de recursos públicos para o desenvolvimento de novos projetos, afetando todos os fornecedores estratégicos. Contudo, apesar da falta de acesso a fundos governamentais para esse projeto, a Boeing Aircraft Corporation, identificando uma promissora oportunidade de mercado,  e optou por investir recursos próprios no desenvolvimento de um novo caça embarcado. Para criar uma real evolução em relação aos modelos anteriores, a equipe de projetos decidiu repensar integralmente o conceito estrutural da aeronave. A principal inovação seria a utilização de tubos de alumínio aparafusados na estrutura interna da fuselagem, substituindo o tradicional processo de tubos de aço soldados, comum em modelos anteriores. As asas, por sua vez, seguiram o método de construção tradicional, sendo estruturadas em madeira e recobertas com tecido. Os ailerons apresentavam um design cônico, com revestimento de alumínio corrugado. Quanto ao grupo propulsor, foi escolhido o motor radial de nove cilindros Pratt & Whitney R-1340B Wasp, com 400 hp, montado de forma exposta no nariz da aeronave e equipado com carenagens de resfriamento proeminentes, posicionadas atrás de cada cilindro (que seriam removidas após a entrada em serviço da aeronave). Esse motor, originalmente projetado para equipar aeronaves de maior porte, foi selecionado com o objetivo de proporcionar um desempenho significativamente superior ao novo caça. As propostas foram apresentadas em setembro de 1927 e recebidas de forma positiva pelos militares norte-americanos. Em decorrência disso, a Boeing avançou para a fase de produção de dois protótipos, designados como Boeing Model 83 e Boeing Model 89, que foram concluídos em abril de 1928. O primeiro voo do Model 83 ocorreu em 25 de julho, seguido pelo voo do Model 89 em 7 de agosto do mesmo ano. Ambas as aeronaves foram entregues ao Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) e à Marinha dos Estados Unidos (US Navy) para serem submetidas a testes e ensaios em voo. Os resultados positivos obtidos nas avaliações realizadas pelas duas forças aéreas resultaram na decisão de aceitação do novo caça-bombardeiro, o que levou o projeto à fase de negociações comerciais para a aquisição.
O primeiro contrato foi assinado entre a Boeing Aircraft Corporation e a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) em dezembro de 1928, envolvendo a encomenda de vinte e sete aeronaves da versão inicial de produção, agora designada como Boeing Model 99. Esta versão incorporava pequenas melhorias e estava equipada com uma versão aprimorada do motor radial Pratt & Whitney R-1340-19, com 450 hp de potência, além de uma provisão para o emprego de bombas de queda livre de até 50 kg, dispostas em um suporte ventral. As primeiras aeronaves de série, com a designação militar F4B-1, começaram a ser entregues às unidades de recebimento e treinamento da aviação naval entre junho e agosto de 1929. Após o período de adaptação e treinamento, o modelo foi declarado operacional. A alocação do primeiro lote de aeronaves foi dividida entre os esquadrões VF-1B, especializados em missões de bombardeio, e VF-2B, destinados prioritariamente a missões de caça e interceptação. As operações iniciais embarcadas nos porta-aviões da marinha começaram em outubro de 1929, e as primeiras impressões dessas operações indicaram a necessidade de modificações no projeto original. Entre as alterações mais notáveis estavam a inclusão de uma roda traseira para manobras no deck dos porta-aviões, o aprimoramento do trem de pouso com barra de dispersão e a adoção de uma cobertura para o motor. Essas evoluções resultaram em uma nova versão, designada Boeing F4B-2. Um novo contrato foi celebrado para a construção de quarenta e seis unidades dessa versão, que começaram a ser entregues entre janeiro e maio de 1931. Essas aeronaves foram alocadas nos esquadrões de caça VF-6B e VF-5B, operando embarcadas nos novos porta-aviões USS Saratoga (CV-3) e USS Lexington (CV-2), respectivamente. Paralelamente uma célula do Boeing F4B-1 da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), seria cedida em regime de empréstimo ao Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), para ser empregada em um programa de ensaios de voo, tendo em vista que o protótipo do Boeing Model 89, destinado originalmente ao exército, não foi aceito após a aplicação do programa de testes. Curiosamente, o modelo naval receberia a aceitação por parte do comando da aviação naval, recebendo apenas ligeiras modificações, que resultariam na versão Boeing Model 102, recebendo a designação militar de P-12, modelo este receberia diversos contratos de produção ao longo dos anos seguintes. A experiência operacional obtida pela Aviação Naval, indicaria a necessidade de implementação de aprimoramentos no projeto original, que originariam a nova versão Boeing F4B-3. No contexto geral, esta nova aeronave, em muito se assemelhava ao Boeing P-12 em serviço no Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), como principal diferencial com o motor mais potente Pratt & Whitney Wasp R-1340-17 de 450 hp, outra grande mudança era a incorporação da fuselagem em metal semi-monocoque.
Este modelo recebeu um contrato para a produção de apenas vinte e três unidades, com a opção de contratar mais aeronaves posteriormente. Apesar das melhorias em desempenho, o uso operacional revelou que mais alterações poderiam ser necessárias. Esse movimento resultaria no desenvolvimento da versão Boeing F4B-4, a última versão de produção. A busca por um desempenho aprimorado levou ao redesenho da cauda vertical da aeronave. Além disso, o modelo F4B-4 passou a contar com novos cabides subalares para bombas, um novo assento para o piloto, agora equipado com um sistema salva-vidas do tipo HP, projetado para flutuação. Em 1932, foi firmado um contrato para a produção de noventa e duas unidades dessa versão, com as entregas ocorrendo em breve. O desempenho da aeronave agradou ao comando da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), o que resultou na implementação de um programa para atualizar as versões anteriores para o padrão F4B-4. Adicionalmente, a aviação do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha dos Estados Unidos (US Marine Corps) tornou-se o terceiro operador militar da versão naval. Inicialmente, foram contratadas doze unidades do Boeing F4B-3, seguidas de mais vinte e uma unidades do F4B-4, que seriam destinadas aos esquadrões VMF-10 e VMF-9. As versões navais da aeronave foram operadas por cinco esquadrões da Aviação Naval da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), entre os quais se destacam os esquadrões VF-1 e VF-3, embarcados no USS Langley (CV-1), o VF-8 e o VF-6, embarcados no USS Enterprise, e o VF-5, que operava no USS Ranger (CV-4), além do VF-6 a bordo do USS Saratoga (CV-3). Todas as versões dessa família de aeronaves eram equipadas com duas metralhadoras Colt Browning de calibre 0,30, instaladas na parte superior do nariz e sincronizadas com a hélice. Além disso, possuíam dois suportes subalares para o lançamento de bombas de até 52 kg. Extremamente manobrável e veloz, o novo caça da Boeing superava por ampla margem todos os outros modelos então em uso nas forças armadas americanas. Seu desempenho poderia ser ainda mais aprimorado com a instalação de um tanque de combustível suplementar ventral, o que ampliava sua autonomia de voo para até 1.000 km, um marco notável para a época. No entanto, os avanços aeronáuticos a partir da segunda metade da década de 1930 levaram à rápida obsolescência do modelo, que começou a ser transferido para unidades de treinamento a partir de 1936. Até meados de 1932, foram produzidas um total de 586 unidades, distribuídas entre as versões Boeing P-12 e F4B. Um pequeno número de aeronaves foi exportado para a Espanha, China, Filipinas, Tailândia e Brasil, sendo designadas como Boeing Model 256 e Model 267

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
No início da década de 1930, a força aérea brasileira era composta pela Aviação Militar do Exército Brasileiro e pela Aviação Naval da Marinha do Brasil, com uma frota de aeronaves militares significativa para o porte de uma nação em desenvolvimento naquele período. No entanto, observavam-se baixos índices de disponibilidade operacional e um elevado grau de obsolescência das aeronaves, especialmente nos modelos de combate, como os norte-americanos Chance Vought 02U-2A Corsair e os franceses Potez 25 TOE e Nieuport Delage 72C1, que já não eram adequados para enfrentar as ameaças regionais emergentes. Embora essa realidade fosse amplamente reconhecida em todos os níveis das forças armadas, a eclosão da Revolução Constitucionalista em julho de 1932 evidenciou ao comando das forças militares brasileiras que ambos os lados do conflito careciam de meios aéreos de combate adequados à natureza do cenário bélico da época. Esse contexto criou uma necessidade urgente de renovação da frota de aeronaves de caça e combate. Em razão disso, as Forças Legalistas, representantes do governo legítimo do Brasil, encontraram maior facilidade para negociar a aquisição de aeronaves militares de diversos modelos, incluindo caças, bombardeiros e aeronaves de treinamento. Dentro dessa conjuntura, o governo brasileiro firmou um acordo com a Boeing Aircraft Corporation dos Estados Unidos para a aquisição de quatorze aeronaves moderno caça do modelo Boeing 256, desenvolvida originalmente para operações embarcadas em porta aviões. Destas, oito células  deveriam ser entregues à Aviação Militar do Exército Brasileiro e as demais à Aviação Naval.  As seis unidades destinadas à Marinha do Brasil representavam a versão de exportação do Boeing F4B-4, originalmente desenvolvida para a Marinha dos Estados Unidos (US Navy). Devido à urgência exigida pelo governo brasileiro para o recebimento dessas aeronaves (tendo em vista a necessidade em serem incorporados no esforço de guerra), ficou acordado que as células seriam retiradas de um lote em produção contratado pela marinha norte-americana, e que se encontravam em fase final de montagem. Por este motivo, algumas modificações para atendimento do pedido seriam feitas na linha de produção, como a remoção do gancho de parada, do equipamento de flutuação original e do sistema de rádio UHF militar padrão emprego no Brasil. Apesar dos esforços do fabricante em anteder o apertado cronograma contratual, as aeronaves foram entregues somente entre os dias 14 de setembro e 8 de outubro de 1932, o que as tornou demasiado tardias para serem empregadas na Revolução Constitucionalista. 

Nessas datas, as seis células desmontadas foram desembarcadas no porto do Rio de Janeiro, a bordo de um navio mercante norte-americano. Seus componentes, acondicionados em caixotes, foram transportados por via terrestre até o Centro da Aviação Naval do Rio de Janeiro (CAvN – RJ), onde seriam posteriormente montados e submetidos a ensaios sob a supervisão de técnicos designados pela Boeing Aircraft Corporation. Entretanto, naquele momento, a Aviação Naval se encontrava em um processo de plena reorganização. Curiosamente, nenhuma providência imediata foi tomada para a montagem das aeronaves, sendo as células armazenadas. As movimentações estavam mais centradas no âmbito organizacional, culminando, em 10 de novembro de 1932, na criação da 1ª Divisão de Combate (1ª DC), unidade subordinada à Defesa Aérea do Litoral. A partir dessa reorganização, determinou-se que os seis Boeing Model 256 fossem distribuídos para essa nova unidade, com a designação de pessoal para preencher os diferentes quadros e efetivos operacionais. Ainda durante o ano de 1932, a Aviação Naval formou uma unidade de demonstração aérea, equipada com três aviões Boeing 256. Esta unidade foi composta pelos seguintes membros: Capitão-de-Corveta Djalma Fontes Cordovil Petit, Capitão-Tenente Lauro Oriano Menescal e Capitão-Tenente José Kahl Filho. Após um período de treinamento, a esquadrilha realizou suas primeiras apresentações públicas no Rio de Janeiro, rapidamente atraindo a atenção pela precisão com que as manobras acrobáticas eram executadas. Em janeiro de 1933, a esquadrilha foi convidada a participar da cerimônia de inauguração do Aeroporto Internacional de Montevidéu, no Uruguai. Nos meses de agosto a outubro do mesmo ano, acompanhou o presidente Getúlio Vargas em sua viagem às capitais do norte do Brasil. Ao retornar ao Rio de Janeiro, no dia 5 de outubro de 1933, a esquadrilha escoltou o dirigível alemão Graf Zeppelin durante sua primeira viagem ao país. No decorrer de seu primeiro ano de operação, a 1ª Divisão de Combate (1ª DC) era periodicamente deslocada de sua sede com o objetivo de participar de eventos de relevância nacional. Essas missões desempenhavam um papel essencial no aprimoramento da doutrina operacional da unidade como força de emprego aéreo. Para tanto, os pilotos navais realizavam treinamentos regulares entre si, focados no desenvolvimento de técnicas de combate aéreo. Contudo, não há registros oficiais que indiquem a participação ativa dessas aeronaves em exercícios de maior escala conduzidos pela esquadra no período entre 1933 e 1936, os quais contaram com significativa presença de aeronaves da Aviação Naval. Apesar disso, eram frequentes, embora improvisadas, as sessões de combate aéreo entre os Boeing do Exército e da Marinha. Esses confrontos, quando ocorriam, seguiam um protocolo previamente estabelecido. Caso os Boeing P-12 da Aviação Militar iniciassem o desafio, este era simbolizado pelo lançamento de um peixe podre, devidamente embalado, no pátio do estacionamento do Centro de Aviação Naval, no Rio de Janeiro. 
Por outro lado, quando a provocação partia dos aviadores navais, o convite era feito por meio do arremesso de uma bota velha sobre o Campo dos Afonsos. Esses desafios irreverentes resultavam em combates aéreos (dogfights) breves, porém intensos, realizados sobre os aeródromos adversários, encerrando-se apenas quando o nível de combustível exigia o retorno à base. As aeronaves, popularmente conhecidas entre pilotos e mecânicos como Boeing 100 E ou simplesmente Boeing, foram oficialmente designadas pela Marinha do Brasil como C1B. Nessa nomenclatura, a letra “C” indicava sua função de caça, a letra “B” referia-se ao fabricante (Boeing), e o numeral “1” denotava ser o primeiro modelo de caça daquele fabricante adotado pela Marinha do Brasil. Essas aeronaves receberam matrículas que variavam de C1B-33 a C1B-38, exibindo os códigos 1-C-1 a 1-C-6 em suas fuselagens. Posteriormente, duas unidades adicionais foram identificadas com os códigos 1-C-19 e 1-C-20. Ao final de 1934, com seu efetivo reduzido a cinco caças Boeing Model 256 devido à perda de uma aeronave em abril daquele ano, a 1ª Divisão de Combate (1ª DC) foi enviada à Base Naval de Ladário, localizada no atual estado de Mato Grosso do Sul.  Esse deslocamento ocorreu em resposta ao inicio da Guerra do Chaco (1932-1935), conflito entre Paraguai e Bolívia, como medida de precaução após um incidente em que um navio mercante brasileiro foi alvejado por engano por forças bolivianas. Durante essa missão, os Boeing Model 256 C1B, em conjunto com aeronaves Vought V-66B, realizaram voos de vigilância na região, permanecendo em operação por três semanas, até 22 de novembro de 1934. No início de 1935, a frota esta se encontrava reduzida a quatro aviões, apesar do pronunciado crescimento visto em 1933, a falta de recursos financeiros prejudicava imensamente a aquisição de peças sobressalentes, o que, por sua vez acarretava baixos índices de disponibilidade entre os diversos tipos de aeronaves então empregados pela Aviação Naval.  O considerável desgaste resultante da constante utilização se fez perceber com a 1º Divisão de Combate (1º DC), passando a contar somente com duas aeronaves em operação, visto que os demais estavam sempre em revisão.  A fim de obter melhor rendimento de seus aviões de patrulha, observação e caça, em 1 de novembro de 1935, seria criado o 1º Grupo Misto de Combate, Observação e Patrulha (1º GMCOP), passando a receber três caças Boeing Model 256 C1B, que vieram a constituir 3 º Seção daquela unidade.
Apesar desta mudança, as aeronaves continuariam a sofrer com problemas na obtenção de peças de reposição, resultando na disponibilidade de apenas uma aeronave durante o transcorrer de 1936. No ano seguinte este cenário seria melhorado com o regresso a ativa de uma célula que havia sofrido uma revisão geral nas Oficinas Gerais da Aviação Naval (OGAN).  Mas na verdade é que havia ficado claro que vida útil destes caças rapidamente terminara, apesar dos esforços do pessoal do 1º GMCOP e das OGAN para mantê-los em condição de voo.  Quando da criação do Ministério da Aeronáutica (MAer) em 20 de janeiro de 1941, estas aeronaves seriam transferidas, juntamente com os Boeing Model 267 P-12 à Força Aérea Brasileira, passando a ser concentradas no 5º Regimento de Aviação (5º RAv), sediado na Base Aérea Do Bacacheri em Curitiba – PR. Neste momento a ideia inicial era o de fazer uso das células do Boeing Model 256, como fonte de peças de reposição para as aeronaves ativas oriundas da Aviação Militar do Exército Brasileiro. Neste momento, a única célula ainda disponível em condições de voo  do Boeing Model 256, passou a ser utilizado como avião pessoal do 1º Regimento de Aviação (5º RAv), lançou mão de uma destas células para empregá-la como seu meio de transporte pessoal para os quase diários voos de ligação entre o Campo dos Afonsos e o Aeroporto Santos Dumont. O final da guerra não determinou o encerramento da carreira dos Boeing Model 256 e Model 267, sendo que estes caças biplanos continuaram operando no Campo de Bacacheri, com ritmo bem inferior aquele observado nos anos que antecediam ao conflito. Essa queda na atividade, se devia as dificuldades de se manter as aeronaves em voo, já que o fabricante suspendera a produção do modelo em meados da década passada, levando a interrupção no fluxo de peças de reposição. Teimosamente as aeronaves remanescentes se mantiveram em operação até pelo menos o ano de 1947. Em 1949 pelo menos cinco ou seis células ainda constavam na carga da Força Aérea Brasileira, sendo descarregados e empregados como complemento no aterro das obras de prolongamento da pista da base aérea do Campo de Bacacheri,  encerrando assim sua carreira no Brasil. Somente permaneceria em operação o P-12 "FAB 4000" que estava alocado no Parque de Aeronáutica dos Afonsos (PqAerAF), se mantendo em uso como aeronave orgânica da unidade, até outubro de 1951.

Em Escala.
Para representarmos o Boeing Model 256 F4B-4 matrícula “1-C-1" da Aviação Naval da Marinha do Brasil, fizemos uso do kit da Classic Airframes na escala 1/48 (única opção existente nesta escala). Modelo este de fácil montagem e que apresenta uma série de detalhamentos interessantes em resina. Empregamos decais confeccionados pela FCM Decais presentes no set 48/07B.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o primeiro padrão de pintura empregados nas aeronaves Boeing Model 256 F4B-4 da Aviação Naval da Marinha do Brasil. Esquema este que foi alterado a  partir de 10 de junho de 1940, com a adoção de cores diferentes na carenagem dos motores para a identificação das Flotilhas. Este padrão seria  novamente alterado a partir de fins do ano 1941 após sua transferência para a Força Aérea Brasileira.



Bibliografia :
- Boeing P-12 -  Wikipédia - http://en.wikipedia.org/wiki/Boeing_P-12
- Os Boeing 256 e 267 no Brasil, por Aparecido Camazano Alamino - Revista Asas Nº 54
- Asas Sobre os Mares - Aviação Naval - Prof Rudnei D. Cunha  - https://asassobreosmares.rudnei.cunha.nom.br/
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores