P-47D 27/28/30 RA Thunderbolt

História e Desenvolvimento.
A Seversky Aircraft Company foi fundada em 1931, em Farmingdale, Long Island, Nova Iorque, por Alexander de Seversky, um expatriado russo e veterano piloto da Primeira Guerra Mundial. Na época, Seversky ocupava a posição de assessor do Departamento de Guerra dos Estados Unidos, trazendo consigo uma visão inovadora para a aviação militar. Nos primeiros anos de operação, a empresa reuniu uma equipe de talentosos engenheiros aeronáuticos, majoritariamente russos e georgianos, incluindo nomes como Michael Gregor e Alexander Kartveli. Esses profissionais desempenhariam papéis fundamentais no desenvolvimento das aeronaves que marcariam a trajetória da companhia. Porém o caminho seria tortuoso, e somente após várias tentativas fracassadas, a Seversky Aircraft finalmente lograria êxito, vencendo uma concorrência para o desenvolvimento de um novo caça para Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), com seu projeto SEV-1XP recebendo seu primeiro contrato militar em 1936. Conhecido pela designação militar P-35, este seria o primeiro caça moderno do Exército dos Estados Unidos (US Army), incorporando fuselagem metálica, asa baixa, trem de pouso retrátil (ainda que não recolhendo completamente para dentro das asas) e um motor radial Pratt & Whitney R-1830 de 850HP. Em fins do ano de 1938 o governo norte-americano iniciaria um ousado programa de reequipamento de seus meios aéreos, lançando uma nova concorrência para o desenvolvimento de um novo caça bombardeiro. Em 1939 em atendimento a esta demanda, a Seversky Aircraft Company projetaria o XP-41, incorporando uma fuselagem de desenho mais limpo (cuja porção traseira era mais alta do que no P-35, e descia do fim da cabine até encontrar a deriva, um perfil que passou a ser conhecido como “razorback”); trem de pouso completamente retrátil; duas metralhadoras .30 polegadas sobre a capota do motor, um Pratt & Whitney R-1830 equipado com turbo compressor, oferecendo 1.150HP de potência e permitindo alcançar uma velocidade de 515  km/h  a uma altura de 15.000 pés. O comando do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) acabaria por rejeitar esta proposta em função de seu baixo desempenho, sugerindo neste contexto a utilização de um turbo compressor, como o utilizado nos bombardeiros Boeing B-17.Assim os engenheiros Seversky e Kartveli modificariam a fuselagem do XP-41, para abrigar o turbo compressor na sua porção traseira, com a tubulação necessária passando por debaixo da cabine de pilotagem; instalaram ainda duas metralhadoras de calibre .50 nas asas. A nova aeronave receberia a designação YP-43 Lancer, capaz de alcançar 563 km/h a uma altitude de 38.000 pés, sendo aceita para emprego no mesmo ano. Desta maneira seria celebrado um contrato inicial para a aquisição de cinquenta e quatro P-43A Lancer, com a primeira célula sendo entregue ao Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) em setembro de 1940.

Na efervescente década de 1930, marcada por rápidos avanços tecnológicos e pela crescente tensão geopolítica que culminaria na Segunda Guerra Mundial, a Seversky Aircraft Company, posteriormente renomeada Republic Aviation, buscava consolidar sua posição no cenário aeronáutico com projetos inovadores. Um desses esforços foi o XP-44, um caça projetado com características avançadas para a época, como uma cabine mais aerodinâmica e um cubo de hélice que encobria o motor, reduzindo o arrasto aerodinâmico causado pela ampla área frontal dos motores radiais de alta potência. Inicialmente planejado para ser equipado com o motor Pratt & Whitney R-2180 de 1.400 hp, o projeto enfrentou um revés quando o desenvolvimento desse motor foi cancelado, obrigando a Seversky a adotar o mais potente Pratt & Whitney XR-2800 “Double Wasp” de 2.000 hp. As qualidades promissoras do XP-44 impressionaram o Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), que, em um gesto de confiança, encomendou oitenta células antes mesmo da construção de um protótipo. Contudo, o cenário global mudou drasticamente com a queda da França em junho de 1940, diante da ofensiva alemã. A superioridade dos caças Messerschmitt Bf-109 da Luftwaffe revelou que o XP-44, apesar de suas inovações, não seria capaz de competir com os padrões exigidos pelo novo contexto de guerra moderna. Essa constatação levou ao cancelamento da encomenda, um golpe significativo para a Seversky, que viu seus planos de produção em larga escala frustrados. Determinado a apoiar a continuidade da empresa, o USAAC optou por encomendar oitenta unidades do P-43A Lancer, uma aeronave derivada de projetos anteriores da Seversky. Embora menos avançado que o XP-44, o P-43A oferecia uma solução prática para atender às necessidades imediatas. Em julho de 1941, a Força Aérea da China Nacionalista adquiriu 125 unidades do P-43, das quais 108 foram entregues. As treze células restantes foram incorporadas ao USAAC após o ataque a Pearl Harbor em dezembro de 1941 e convertidas para missões de reconhecimento fotográfico, recebendo a designação P-43B. Além disso, quatro P-43A e quatro P-43D foram utilizados pela Força Aérea Real Australiana (RAAF) em missões de reconhecimento tático, demonstrando a versatilidade do modelo em papéis secundários, mas essenciais, durante o conflito. Com o cancelamento do XP-44, a Seversky, liderada pelo engenheiro Alexander Kartveli, redirecionou seus esforços para um projeto ainda mais ambicioso: o “Advanced Pursuit Design No. 10” (AP-10), designado pelo USAAC como XP-47. Inicialmente concebido para ser propulsionado pelo motor em linha Allison V-1710 refrigerado a água, o XP-47 enfrentou exigências crescentes do USAAC, que solicitou a inclusão de armamento mais pesado, tanques de combustível auto-selantes, blindagem para o piloto e cabides subalares para cargas externas. Essas modificações, embora necessárias, aumentaram significativamente o peso da aeronave, comprometendo seu desempenho e colocando o projeto em risco de cancelamento por volta de maio de 1940.
Diante desse desafio, a equipe de engenheiros da Seversky demonstrou notável resiliência. Em tempo recorde, foi apresentada uma proposta revisada, o XP-47A, que buscava atender às expectativas do USAAC. Contudo, a nova versão ainda não alcançava os parâmetros necessários para rivalizar com os caças alemães, resultando em sua rejeição. Correndo contra o tempo e sob pressão para oferecer uma solução competitiva, os engenheiros voltaram às pranchetas e desenvolveram um projeto completamente novo, o XP-47B. Essa aeronave representava um salto significativo em relação às propostas anteriores, incorporando inovações que pavimentariam o caminho para o icônico Republic P-47 Thunderbolt, um dos caças mais bem-sucedidos da Segunda Guerra Mundial. Este projeto apresentava uma construção toda em metal (exceto para as superfícies de controle da cauda que eram cobertas de tecido) asas elípticas, e um bordo de ataque direto ligeiramente deslocado para traz.  Dispunha de uma cabine espaçosa com um certo nível de proteção blindada e um confortável assento para o piloto, tanques de combustível auto selantes completavam o pacote de segurança para a aeronave. Seu motor era o confiável Pratt & Whitney R-2800 Duplo Wasp de 18 cilindros produzindo 2.000 hp (1.500 kW) de potência, com turbo compressor, proporcionando uma velocidade máxima superior a 6443 km/h e um teto de serviço próximo de 40.000 pés.  Na verdade, o XP-47 foi projetado em torno do conjunto motor-turbocompressor, este último montado atrás do piloto. As enormes dimensões do novo caça – “será um dinossauro, mas um dinossauro bem proporcionado”, segundo Kartveli – eram ditadas justamente pelo uso daquele conjunto. O primeiro vôo foi realizado em 6 de maio de 1941, e a aeronave apresentava uma cabine com cobertura transparente fixa, e o piloto ingressava na cabine através de uma porta. Após a solução de pequenos problemas de projeto, a aeronave receberia a sinalização para sua produção em série, com este modelo recebendo a designação oficial de Republic P-47B Thunderbolt, com as primeiras células sendo entregues as unidades operativas em dezembro de 1941. O envolvimento dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial clarificaria as potencialidades da aeronave, classificando o modelo como de vital importância para o esforço de guerra aliado. Neste momento seria concebida a versão P-47C, que apesar ser esteticamente igual, diferia dos primeiros modelos por contar com reforços em todas as superfícies de controle de metal, mastro de rádio vertical curto, passando ainda a ser dotado com um sistema regulador para o turbo compressor. um contrato seria celebrado para a produção de mais de seiscentas aeronaves. com as primeiras células sendo entregues em setembro de 1942. Após a montagem das primeiras cinquenta e sete aeronaves, melhorias de projeto correlatas seriam aplicadas, com produção sendo alterada para o modelo Republic P-47C-1, com a construção de cinquenta e cinco unidades, que seriam seguidas por mais cento e vinte células, agora da versão Republic P-47C-2, que passava a contar com um ponto duro sob a linha central para transporte de bombas ou tanques suplementares.  

Em novembro do mesmo ano uma nova variante, o P-47C-5 que introduziria o novo motor Pratt & Whitney R-2800-59 equipado com sistema de injeção de água-metanol para assim proporcionar um aumento na potência final. No final de 1942, o comando do Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF), concluiu que a maioria dos problemas presentes nas primeiras versões, haviam sido resolvidos, levando a decisão de se enviar para a Inglaterra o 56 º Grupo de Caça (Fighter Group) com seus novos Republic P-47C-5 Thunderbolt, para assim se juntar aos efetivos da 8º Oitava Força Aérea, naquele front de batalha europeu. Desde o início de seu projeto, o Republic P-47 Thunderbolt, estava armado com oito metralhadoras Browning M-2 12,7 mm (calibre.50) com 2.500 cartuchos de munição de vários tipos, concedendo a aeronave um excelente poder ofensivo, não só em missões ar ar, mas também em tarefas de ataque ao solo. A primeira missão de combate do  Republic P-47 Thunderbolt ocorreria em 10 de março de 1943, quando um grupo destas aeronaves foi empregado em uma varredura de caça sobre a França, já a primeira vitória ocorreria em 15 de abril, quando o Major Don Blakeslee abateu um Focke-Wulf FW 190. As experiências colhidas em batalha neste período inicial, levariam a novos refinamentos de projeto, culminando então na versão Republic P-47D Thunderbolt, que logo seria liberada para a produção em série. As primeiras aeronaves produzidas deste novo modelo, eram em sua essência muito semelhantes ao P-47C, sendo entregues dez células iniciais que receberiam a designação de P-47D-1-RA. A adição do sufixo final na designação do modelo fazia referência a unidade fabril produtora, sendo o sufixo "RE" destinado as aeronaves originarias da planta de Farmingdale, em Long Island, e o "RA" referente as produzidas em Evansville, Indiana. O modelo P-47D na verdade consistia em uma série de blocos de produção em evolução, sendo que o último deles era visivelmente diferente do primeiro, sendo que as subversões P-47D-1 a P-47D-6, o P-47D-10 e o P-47D-11 incorporariam sucessivamente mudanças tais como a adição de mais flaps de refrigeração do motor ao redor do dorso do capuz para reduzir o sobreaquecimento do motor, problemas que tinham sido observados no campo. Já o P-47D-15 seria produzido em resposta a solicitações dos grupos de caça da norte-americanos e britânicos em atendimento a necessidade de ampliação de alcance, incluindo sistemas de combustível sob pressão para drenar combustível dos tanques subalares. Já os P-47D-16, D-20, D-22 e D-23 eram semelhantes aos P-47D-15 contando apenas com sistema de combustível melhorado, subsistemas do motor e inclusão do motor Pratt & Whitney R-2800-59 a partir da versão P-47D-20. As primeiras versões – P-47B, C, D-1 até D-23 e G (variante C construída pela Curtiss) – tinham a fuselagem traseira “razorback”, e um canopi com pesadas molduras, deslizante, que prejudicava a visão para trás, impedindo o piloto de avistar com antecedência possíveis ameaças neste ângulo. A partir da versão P-47D-25 Thunderbolt, uma capota em bolha (“bubbletop”), oferecendo visão irrestrita, foi instalada, com a fuselagem traseira recortada (o primeiro P-47 modificado dessa maneira foi conhecido como o protótipo XP-47K).
A partir de 1944, as versões “bubbletop” do P-47, caracterizadas pela cabine em formato de bolha que melhorava a visibilidade do piloto, começaram a ser entregues às unidades da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF). Contudo, a redução da área da fuselagem traseira nessas configurações comprometeu a estabilidade direcional, levando à introdução de uma quilha dorsal à frente da deriva, a partir da variante D-40. Essa modificação foi aplicada retroativamente às versões D-25, D-27, D-28 e D-30 por meio de kits de campo, garantindo maior controle em voo e corrigindo as deficiências aerodinâmicas identificadas. A variante P-47M foi desenvolvida com o objetivo específico de melhorar o desempenho e competir com os novos caças alemães, como o Messerschmitt Me 262 e o Focke-Wulf Fw 190D, introduzidos no final da guerra. Equipada com um motor Pratt & Whitney R-2800 mais potente e reduzida a seis metralhadoras de 12,7 mm (em vez das oito padrão), a P-47M oferecia maior velocidade, mas foi adotada por apenas um grupo de caça da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF) devido à sua introdução tardia no conflito. Já a variante P-47N, projetada para operações no teatro do Pacífico, foi otimizada para longas distâncias, essencial para escoltar os bombardeiros Boeing B-29 Superfortress em missões sobre as ilhas japonesas. A P-47N distinguia-se por sua asa de plataforma semi-elíptica, inspirada em caças britânicos como o Hawker Tempest e o Vickers-Supermarine Spitfire Mk. 21, e por uma quilha dorsal de maiores dimensões, que aprimorava a estabilidade em voos prolongados. O P-47 Thunderbolt destacou-se como o principal caça-bombardeiro da USAAF, especialmente em missões de ataque ao solo, onde sua capacidade de carregar bombas de 230 kg e 450 kg, foguetes M8 de 4,5 polegadas (115 mm) e foguetes de alta velocidade (HVARs) de 5 polegadas (130 mm) o tornava uma arma formidável. Entre junho de 1944 e maio de 1945, pilotos de P-47s reivindicaram a destruição de aproximadamente 86.000 vagões ferroviários, 9.000 locomotivas, 6.000 veículos blindados de combate e 68.000 caminhões, desempenhando um papel crucial no desmantelamento da infraestrutura militar do Eixo. Essas façanhas refletem não apenas a potência do Thunderbolt, mas também a coragem e a habilidade dos pilotos que enfrentaram intensos combates antiaéreos e caças inimigos. Além dos Estados Unidos, o P-47 foi amplamente utilizado por forças aliadas, incluindo a Grã-Bretanha (especialmente no Sudeste Asiático), a França Livre, a União Soviética, o México e o Brasil. Após o término da Segunda Guerra Mundial, o P-47 continuou a servir em forças aéreas de diversos países, incluindo Bolívia, Chile, China Nacionalista, Colômbia, Equador, Honduras, Irã, Itália, Iugoslávia, Nicarágua, Peru, Portugal, República Dominicana, Turquia e Venezuela. Sua robustez e versatilidade garantiram sua operação até a segunda metade da década de 1950 em algumas nações, especialmente em papéis de treinamento e apoio tático

Emprego na Força Aérea Brasileira.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo. Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário levaria a uma maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência em equipamentos, armamentos e doutrina. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil e militar que se apresentavam no vasto litoral do país. Seria decidido também pelo presidente Getúlio Vargas, que o país enviaria um contingente expedicionário para ajudar no esforço aliado no teatro europeu de operações, operando em conjunto com duas unidades áreas, uma de observação e ligação e outra de caça bombardeio. Para atendimento a este acordo, seria criado em 18 de dezembro de 1943, o 1º Grupo de Aviação de Caça (Gp Av Ca), que faria parte da dotação do 350º Grupo de Caça (Fighter Group) da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF), sendo definido o caça bombardeio Republic P-47D Thunderbolt com seu principal vetor de ataque. Após o treinamento em Aguadulce, Panamá, com aeronaves Curtiss P-40 Warhawk, os participantes deste grupo seriam transladados para a Base Aérea de Suffolk em Nova Iorque, lá os pilotos e equipes de terra, tomariam seu primeiro contato com o Republic P-47D Thunderbolt, o vetor a ser empregado no front aéreo de batalha na Europa.

A conversão operacional, idêntica à realizada por qualquer piloto de caça norte-americano, à época, teve uma duração média de setenta horas para cada piloto, após o qual foram considerados aptos a utilizarem-no em combate. Após este processo, o 1º Grupo de Aviação de Caça (Gp Av Ca) se deslocou por via naval para a Itália, aonde chegariam no dia 06 de outubro de 1944. Os primeiros P-47D Thunderbolt foram coletados pelos próprios pilotos brasileiros e transportados até a base de Tarquínia. Essas aeronaves pertenciam ao lote destinado à Força Aérea Brasileira, com sessenta e oito P-47D Thunderbolt, já pintados com as insígnias da nacionais, dos quais trinta e um foram entregues no início da campanha, destes, quinze células eram da versão da Republic P-47D-RE-25, e passaram a ostentar as designações "A3" , "A4", "D2", "B1", "C1", "C6" , "B1", "B3","B4","B5" e "D6", cabendo também a esta versão a aeronave empregada pelo comandante  da unidade Coronel Nero Moura o P-47D “1”.  As aeronaves restantes permaneceram armazenados no “Army Air Force Storage Center - Mediterranean Theater of Operations”, em Nápoles, um depósito que atendia às unidades da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF), baseadas no Teatro de Operações do Mediterrâneo. Começando suas operações aéreas em 31 de outubro de 1944, durante as primeiras missões os pilotos brasileiros voavam, individualmente, agregados a esquadrilhas dos outros três esquadrões norte-americanos 345 th Fighter Squadron (Grupo de Caça), 346 th FS e 347 th FS que compunham, junto com o grupo brasileiro, o 350º Grupo de Caça (Fighter Group). À medida que os pilotos brasileiros iam adquirindo experiência operacional, eram destacados para missões cada vez mais difíceis sobre o front italiano. Em 6 de novembro, faleceu em combate o 2º Tenente Aviador John Richardson Cordeiro e Silva, abatido pela “flak” (artilharia) alemã nas imediações de Pianoro, ao voar em missão como o número quatro de uma esquadrilha do 347th FS. Ao final da manhã do dia seguinte, faleceu o 2º Tenente Aviador Oldegard Olsen Sapucaia, em vôo de treinamento, quando os controles de seu Republic P-47D-25-RE travaram, ao efetuas manobras evasivas simuladas. A aeronave encontrava-se em parafuso invertido a 450 metros do solo quando o 2º Tenente Aviador. Sapucaia saltou, mas o paraquedas não abriu completamente. Dois dias depois, surgiria a explicação para o acidente: a seção de manutenção recebeu um boletim de ordem técnica, onde se alertava para o fato de que os Republic P-47D-25/D-27/D-28 Thunderbolt não deveriam ser submetidos a manobras não coordenadas de aileron e leme, pois este último poderia travar na direção de sua aplicação, seguido de incontrolável giro no eixo lateral, levando a um parafuso invertido. Esse fenômeno era causado pela perda de área da fuselagem traseira nas primeiras versões “bubbletop”, conforme citado anteriormente. Como as quilhas dorsais só eram instaladas quando da implementação de revisões de maior envergadura, quer eram realizadas, junto ao 80º Esquadrão de Manutenção em Cericola, assim seriam poucos os P-47D  Thunderbolts brasileiros que receberam essa modificação.
As missões a serem realizadas pelo 1º Grupo de Aviação de Caça (Gp Av Ca), eram basicamente de dois tipos: ataque ao solo e escolta de bombardeiros (com esta última ocorrendo com baixa incidência em virtude do estágio final do conflito). No primeiro tipo de emprego, eram equipados com bombas de emprego geral AN/M43 de 500lb (227 Kg), de fragmentação de 260lb (118 Kg) ou de 90lb (40 Kg), ou ainda as FTI (“Fuel Tank Incendiary”), as quais eram tanques de combustível de 90 galões (340 litros), 110 galões (416 litros) ou 165 galões (624 litros), equipados com espoletas e preenchidos com gasolina de aviação e compostos químicos para tornar gelatinosa a consistência da gasolina. As FTI (“Fuel Tank Incendiary”), eram altamente eficientes contra concentrações veículos e de tropas. Um outro armamento utilizado foram os foguetes anti-tanque M-8A2 de 4,5 polegadas, disparados de tubos M10, instalados em triplas sob as asas; não tiveram sucesso, no entanto, pois os M-8A2 eram altamente imprecisos, além do prejuízo causado às características aerodinâmicas dos P-47D Thunderbolt pela instalação daqueles tubos. Nas missões de escolta, estes caças bombardeiros valiam-se de seu pesado armamento de oito metralhadoras de 12,7mm nas asas, além de levarem tanques alijáveis de combustível sob as asas, a fim de aumentar o seu raio de ação e permitir que acompanhassem os bombardeiros aliados até a fronteira com a Áustria, o Passo de Brenner sendo um dos alvos prediletos. Pelo menos três P-47D brasileiros receberam a instalação de uma câmera fotográfica K-25A, oblíqua, colocada no bordo de ataque do cabide subalar esquerdo. O mais eficiente piloto do 1º Grupo de Aviação de Caça  (Gp Av Ca) e do 350 º Grupo de Caça norte-americano foi o 2º Tenente Aviador Pedro de Lima Mendes, integrante da esquadrilha Azul brasileira. Com o encerrar das hostilidades na Itália, a 3 de maio de 1945, o comando do grupo brasileiro pôde fazer o balanço de suas atividades: foram 2.546 surtidas ofensivas e quatro defensivas, em um total de 445 missões em 184 dias de operação. Seus pilotos, pela falta de substitutos para recomplementar o efetivo, cumpririam muitas missões, vários deles superando oitenta missões de combate. Mesmo tendo sido responsável por apenas 5% do total de missões montadas pelo XXII Comando Aéreo Tático (Tactical Air Command), seria responsável pela destruição de 85% dos depósitos de munições, 36% dos depósitos de combustível, 28% das pontes (19% danificadas), 15% dos veículos motorizados (13% danificados) e 10% dos veículos hipomóveis (10% danificados). Mas o preço pago foi alto: de um total de quarenta e oito pilotos, cinco foram mortos em combate, quatro em acidentes aéreos (um deles ainda no Panamá, durante o treinamento), cinco foram abatidos e feitos prisioneiros de guerra, três foram abatidos e receberam proteção dos “partigiani” italianos e outros sete foram afastados por motivos de saúde.

Em junho de 1945, todos os vinte e seis P-47D Thunderbolt que estavam em poder do  1º Grupo de Aviação de Caça (Gp AvCa) seriam levados em vôo até Capodichino, ao AAFSC/MTO (Army Air Force Storage Center - Mediterranean Theater of Operations), onde foram desmontados e enviados por via terrestre para Nápoles, para serem embarcados para o Brasil. No traslado, o P-47D-27-RE n° 42-26788 acidentou-se durante o pouso em Capodichino, sendo considerado perda total. As vinte e cinco aeronaves restantes foram desmontadas encaixotadas e embarcadas e transportadas ao Brasil no USS W. S. Jennings. Uma equipe de vinte pilotos seria escolhida para se deslocar por via aérea aos Estados Unidos em aeronaves de transporte da da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF), para receberem dezenove novos P-47D-30-RA Thunderbolt. Estas aeronaves estavam equipadas com o que de mais avançado existia, à época: miras K-14B, cabides subalares S-1 de maior capacidade, radar de alerta AN/APS-13 (para detecção de aeronaves aproximando-se no quadrante traseiro da aeronave, em um cone de 60° e um alcance de 8Km); equipamento para roupas anti-G e provisão para instalação de cinco foguetes HVAR de 127mm em cabides subalares “zero-length” (isto é, sem trilhos para os foguetes). Esses Republic P-47D-30 Thunderbolt chegariam ao Brasil em julho de 1945. Todas estas células seriam concentradas na Base Aérea de Santa Cruz no Rio de Janeiro, dotando assim o 1º Grupo de Aviação de Caça (Gp AvCa). Já os P-47D Thunderbolt veteranos da Campanha na Itália chegaram ao Brasil e foram montados no Galeão, para serem transladados em voo até a Base Aérea de Santa Cruz (BASC), onde iriam ser utilizados pelo 2º Grupo de Caça (2º Gp Ca), unidade criada em 17 de agosto de 1944 na Base Aérea de Natal e transferida em outubro para a Base Aérea de Santa Cruz, utilizando aeronaves Curtiss P-40E/K/M/N Warhawk. Com o reequipamento desta última unidade, e novas turmas de pilotos necessitando serem treinadas nos P-47D Thunderbolt, decidiu-se que, após passarem por rigoroso treinamento em aeronaves North-American AT-6D no Estágio de Seleção de Pilotos de Caça (ESPC), os pilotos selecionados seriam transferidos ao 2º Grupo de Caça (2º Gp Ca), para a conversão operacional para o P-47D. Em 1947, a Força Aérea Brasileira adquiriria vinte e cinco células usadas, oriundas da reserva estratégica da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), nos termos do programa de ajuda militar “Projeto Repúblicas Americanas" (American Republics Project). Destas uma aeronave seria perdida no translado para o país, com as restantes sendo incorporadas ao 1º/9º e 2º/9º Grupo de Aviação, como haviam sido recentemente redesignados os dois Grupos de Aviação de Caça. Neste mesmo ano três células seriam distribuídas ao Esquadrão Misto de Instrução do Curso de Tática Aérea (EMI-CTA), sediado na Base Aérea de São Paulo, em Cumbica. Uma destas aeronaves seria perdida em um acidente no ano de 1950, com os restantes retornando ao 1º/9º e 2º/9º Grupo de Aviação.
Em 1949, os esquadrões de caça sediados na Base Aérea de Santa Cruz (BASC recuperaram sua designação original, passando a serem conhecidos como 1º/1º e 2º/1º Grupo de Aviação de Caça (G Av Ca). Em 1951, seria criado o 3º/1º Grupo de Aviação de Caça (G AvCa), sucessora do Estágio de Seleção de Pilotos de Caça (ESPC), e equipada com os North American AT-6D. Em 13 de outubro de 1952, os P-47D Thunderbolt seriam redesignados na Força Aérea Brasileira como F-47. Em 1952, restavam poucos F-47 disponíveis, devido à falta de peças de reposição, até mesmo de pneus. Desde o início de sua operação no Brasil, vinte e quatro aeronaves haviam sido perdidas em acidentes. Assim, em 1953 seriam adquiridos outros vinte e cinco P-47D-30-RA, através do Programa de Assistência de Defesa Mútua (Mutual Defense Assistance Program – MDAP). Com a incorporação dos Gloster Meteor F-8 e TF-7 ao Brasil em 1953 e subsequente reequipamento do 1º/1º e 2º/1º Grupo de Aviação de Caça (G AvCa), com o caça a reação inglês, os F-47 Thunderbolt foram transferidos para o 3º/1º Grupo de Aviação de Caça (G AvCa). Com a extinção desta unidade em 1953, em novembro do mesmo ano partiriam para Natal, doze F-47 Thunderbolt , a fim de equiparem o 2º/5º Grupo de Aviação (GAv) – Joker , e que passaria a ser responsável pelo treinamento dos novos pilotos de caça. Em fins de 1956, os F-47 foram transferidos para o 1º/4º Grupo de Aviação (GAv) – Pacau, na Base Aérea de Fortaleza. Muitas panes já vinham acometendo os “Thunderbolt”, degradando a segurança de sua operação, e em 30 de julho de 1957 cessaram os voos operacionais com os F-47. Pouco a pouco, foram sendo transladados em voo para o Parque de Aeronáutica de São Paulo (PqAerSP), até que, a 25 de novembro, um dos pilotos que transladara um F-47 desde Fortaleza desmaiou devido a intoxicação com os vapores de gasolina, que infiltravam a cabine deste modelo. No dia 26 de novembro, foi determinada a proibição de voo operacional dos F-47 no Brasil; consta, ainda, que foi realizado um último voo em São Paulo na primeira semana de dezembro por um jovem piloto do 1º/4º Grupo de Aviação (GAv) – Pacau, encerrando uma carreira de quatorze anos na Força Aérea Brasileira.

Em Escala.
Para representarmos o Republic P-47D-27RA Thunderbolt "B-5 229265” quando em uso pelo 1º/1º Grupo de Aviação de Caça durante a campanha da Itália, empregamos o excelente kit da Academy na escala 1/48 embalado pela HTC Modelismo. Fizemos uso ainda do set de conversão da Commando 5 em resina que apresenta a barbatana dorsal, sendo a mesma facilmente adaptada no modelo original. Fizemos uso de decais confeccionados pela FCM Decals que estão presentes no kit da HTC - Academy.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura padrão presente em algumas das células entregues a Força Aérea Brasileira no teatro de operações da Itália durante a Segunda Guerra Mundial. Após o regresso ao Brasil, as aeronaves mantiveram este padrão principalmente com as insígnias nacionais “americanizadas”, até passarem pelo processo de revisão em âmbito e parque quando passar a adotar a pintura em metal natural com aplicação de verde oliva para parte superior frontal para evitar reflexos. Este último padrão com algumas alterações como a inclusão de marcações de alta visibilidade seria mantido até a desativação do modelo no ano de 1958.


Bibliografia :
- O Trator Voador por Jackson Flores Junior- Revista Força Aérea Nº 2
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 por Jackson Flores
- P-47D Thunderbolt - Wikipédia http://en.wikipedia.org/wiki/Republic_P-47_Thunderbolt
- Republic P-47 Thunderbolt na FAB por Aparecido Camazano Alamino - Revista Asas Nº 62

Dodge WC-51 & WC-52 (TNE)


Historia e Desenvolvimento.
No início do século XX, em 1900, os irmãos John Francis Dodge e Horace Elgin Dodge embarcaram em um ambicioso empreendimento: criar um automóvel que se destacasse dos modelos disponíveis no mercado norte-americano. Inicialmente, a produção era quase artesanal, com a fabricação de poucas dezenas de veículos. Contudo, a partir de 1914, esse processo evoluiu para uma produção em série, marcando o nascimento da Dodge Brothers Motor Company. Rapidamente, a empresa conquistou prestígio no competitivo mercado de automóveis de passeio dos Estados Unidos, alcançando uma significativa participação nesse setor. O êxito comercial proporcionou à Dodge recursos financeiros que viabilizaram, na década seguinte, o desenvolvimento de veículos utilitários voltados para o mercado comercial civil. A entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial levaria a montadora a fornecer milhares de veículos militarizados a Força Expedicionária Americana (AEF), se destacando o Dodge Light Repair Truck e a Dodge Ambulance. Infelizmente, a trajetória dos irmãos fundadores foi interrompida por seu falecimento precoce (ambos no ano de 1920), e neste momento as viúvas dos irmãos, Matilda Dodge e Anna Dodge, assumiram o controle acionário da empresa. No entanto, sem a liderança direta dos fundadores, a Dodge Brothers Motor Company foi vendida em 1928 para a Chrysler Corporation, marcando o início de uma nova fase sob o conglomerado. Os primeiros modelos utilitários lançados no mercado norte-americano foram desenvolvidos com base nas plataformas dos veículos de passageiros da Chrysler, o que reduziu os custos de projeto e produção. A utilização compartilhada de ferramental e processos de manufatura resultou em preços competitivos, conferindo à Dodge uma forte vantagem comercial. Assim como os automóveis de passeio, os novos veículos utilitários da Dodge alcançaram expressivo sucesso de vendas no mercado interno, consolidando a reputação da marca como sinônimo de robustez e versatilidade, especialmente em atividades pesadas e em ambientes fora de estrada. O crescimento contínuo das vendas gerou recursos adicionais, permitindo que a empresa planejasse projetos ainda mais ambiciosos a curto e médio prazo. Na primeira metade da década de 1930, o cenário geopolítico global começou a se tornar preocupante, especialmente na Europa, com a ascensão do Partido Nazista na Alemanha, liderado pelo chanceler Adolf Hitler. Esse contexto gerou inquietação em diversas nações, incluindo os Estados Unidos, que, embora adotassem uma postura de neutralidade, permaneciam atentos a possíveis ameaças futuras. Diante da possibilidade de uma corrida armamentista global, a diretoria da Dodge Motor Company vislumbrou uma oportunidade estratégica no mercado militar. Assim, em 1934, a empresa passou a investir recursos próprios no desenvolvimento de projetos e protótipos conceituais de caminhões militares de médio e grande porte, aproveitando a expertise adquirida em projetos anteriores para as forças armadas norte-americanas durante a Primeira Guerra Mundial.

Em 1937, a Dodge Brothers Motor Company, já integrada à Chrysler Corporation, alcançou um marco significativo ao apresentar ao Exército dos Estados Unidos (US Army) seu primeiro modelo experimental de caminhão militar: o K-39-X-4, um veículo de 1 ½ toneladas equipado com tração integral nas quatro rodas. Submetido a rigorosos testes de campo, o protótipo impressionou os militares por sua robustez e desempenho, culminando na assinatura de um contrato para a produção de aproximadamente 800 unidades. Nos meses subsequentes, as primeiras entregas foram realizadas, e a confiança depositada no modelo levou à celebração de novos contratos, desta vez envolvendo os caminhões Dodge VC-1 e VC-6, de ½ tonelada, que se tornariam peças-chave no portfólio da empresa. Paralelamente, a Dodge lançou versões civis desses veículos no mercado norte-americano, que alcançaram notável sucesso comercial. Esse êxito incentivou a empresa a expandir sua linha de produtos em 1938, introduzindo novos modelos que passaram a ser fabricados na recém-inaugurada planta industrial Warren Truck Assembly, em Michigan. Projetada especificamente para a produção de caminhões leves e médios, essa fábrica marcou um avanço estratégico na capacidade produtiva da companhia. No ano seguinte, em 1939, a Dodge apresentou uma linha completamente renovada de picapes e caminhões, caracterizada por um design moderno e pela designação “Job-Rated”, que prometia atender às mais diversas demandas de trabalho, consolidando a reputação da marca por versatilidade e inovação. Enquanto isso, o cenário geopolítico global tornava-se cada vez mais tenso, com ameaças emergindo na Europa e no Pacífico. Diante da necessidade urgente de modernizar e reequipar as forças armadas norte-americanas, o Exército dos Estados Unidos definiu um padrão para veículos de transporte, categorizando-os em cinco classes com base na capacidade de carga: ½ tonelada, 1 ½ tonelada, 2 ½ toneladas, 4 toneladas e 7 ½ toneladas. Em junho de 1940, o Quartel-General do Comando de Intendência do Exército (US Army Quartermaster Corps) aprovou três modelos de caminhões comerciais com tração nas quatro rodas: o Dodge de 1 ½ tonelada 4x4, o GMC de 2 ½ toneladas 6x6 e o Mack de ½ tonelada 6x6. Nesse contexto, a Dodge-Fargo Division da Chrysler assegurou um contrato significativo no verão de 1940 para a produção de 14.000 unidades do modelo de ½ tonelada com tração integral 4x4, designado como série VC. A produção em larga escala teve início em novembro do mesmo ano, e, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, o modelo foi redesignado como série WC (Weapons Carriers). A letra “W” indicava o ano de início da produção (1941), enquanto “C” representava a classificação de ½ tonelada. Posteriormente, o código “C” foi estendido para modelos de ¾ tonelada e 1 ½ tonelada 6x6, com o primeiro veículo dessa família sendo o G-505 WC de ½ tonelada.
Ao longo de 1940, a Dodge Motor Company consolidou sua relevância no cenário militar ao produzir mais de seis mil caminhões leves com tração integral 4x4, pertencentes à série Dodge WC de ½ tonelada. Esses veículos, encomendados por meio de dois contratos firmados com o governo norte-americano, incluíam os modelos VF-401 a VF-407, equipados com a tecnologia de motor T-203 (Dodge G-621). Tratavam-se de evoluções dos modelos experimentais pré-guerra, como o RF-40 (-X) e o TF-40 (-X) (ou T-200/T-201), construídos sobre um chassi com a mesma distância entre eixos de 143 polegadas (3,63 metros). Esses novos caminhões WC substituíram os modelos Dodge VC-1 e VC-6 de ½ tonelada, também pertencentes à série original G-505, no arsenal do Exército dos Estados Unidos (US Army). Entre o final de 1940 e o início de 1942, a Dodge, em colaboração com a Fargo Motor Car Company, produziu um total de 82.000 veículos de ½ tonelada com tração 4x4, atendendo a diversos contratos celebrados com o Departamento de Guerra dos Estados Unidos. Os modelos WC-1 e WC-50, pertencentes à classe de ½ tonelada, destacavam-se pela intercambialidade de 80% de seus componentes com os novos modelos de ¾ tonelada lançados posteriormente, uma característica que otimizava a logística e a manutenção em campo. Em 1942, a Dodge atualizou sua linha de caminhões, dividindo-a em duas categorias principais: o modelo G-502, de ¾ tonelada, com tração integral 4x4 e chassi mais curto, e o G-507, de ½ tonelada, com tração 6x6, projetado para transporte de carga e tropas. Apesar das melhorias no design, a empresa manteve, de forma estratégica, a nomenclatura da família WC, o que gerava certa confusão. O WC-51 era equipado com um motor de seis cilindros flathead (T-214), com 3.800 cm³ e aproximadamente 92 cavalos de potência. Sua baixa taxa de compressão proporcionava torque robusto, ideal para operações fora de estrada, embora resultasse em um consumo de combustível relativamente elevado . O chassi, com uma distância entre eixos de 98 polegadas (2,49 metros), era mais curto que o de outros modelos da família, como o G-507 de ½ tonelada 6x6, conferindo maior agilidade em manobras. Um dos principais diferenciais desses veículos era a alta intercambialidade de peças, exigida pelo comando do Exército dos Estados Unidos, que alcançava 80% entre os modelos de ½ e ¾ tonelada. Essa característica simplificava significativamente os processos de manutenção e o suprimento logístico nos diversos fronts da Segunda Guerra Mundial. A família Dodge WC destacou-se pela impressionante versatilidade, abrangendo 38 variantes que incluíam transporte de tropas, carga, ambulâncias, veículos de comando, estações móveis de comunicações, unidades equipadas com canhões de 57 mm, oficinas móveis e veículos de reconhecimento, entre outros. Muitas dessas versões apresentavam cabines abertas com cobertura de lona, adaptadas às necessidades específicas do campo de batalha.

A intercambialidade de 80% das peças de reposição entre todas as variantes foi um fator crucial, garantindo eficiência na manutenção e no suprimento logístico, mesmo nas condições mais adversas da guerra. Essa capacidade de adaptação e a robustez dos veículos Dodge WC consolidaram a reputação da marca como uma das principais fornecedoras de equipamentos militares durante o conflito, contribuindo de forma decisiva para a mobilidade e a eficácia das forças aliadas. A versatilidade desta família, motivaria o desenvolvimento de inúmeras versões especiais complementares com a cabine aberta com cobertura de lona. Em 1941, a Dodge Motor Company introduziu a variante WC-54 Ambulância, um marco em sua linha de veículos militares. Este modelo foi o primeiro a contar com uma cabine frontal confeccionada em chapa fechada, projetada para maior resistência e funcionalidade. Além disso, apresentava uma distância entre eixos ampliada e um sistema de suspensão redesenhado, que suavizava o deslocamento em terrenos acidentados, proporcionando maior conforto no transporte de feridos, uma característica essencial para sua função humanitária no campo de batalha. Aproveitando essas inovações, a Dodge desenvolveu uma versão destinada ao transporte de comandantes em campo, o WC-53, atendendo à necessidade de veículos capazes de operar nas estradas deterioradas pela guerra, onde os carros oficiais convencionais se mostravam inadequados. Mecanicamente, o Dodge WC-53 era praticamente idêntico à ambulância WC-54, mas sua carroceria foi adaptada a partir de um utilitário civil Dodge de 1939, modificado para atender às especificações militares. Equipado com um motor de seis cilindros, tipo flathead, com 3.800 cm³ e 105 cavalos de potência, o veículo possuía uma baixa taxa de compressão que garantia torque elevado, ideal para operações fora de estrada. Contudo, seu consumo de combustível era consideravelmente alto, um ponto negativo em longas missões. A carroceria do WC-53 contava com quatro grandes janelas laterais pivotantes e assentos dobráveis, que facilitavam o acesso ao banco traseiro e otimizavam o espaço interno. O estepe foi fixado externamente, ao lado da porta do motorista, que, embora operacional, não podia ser aberta devido à sua posição. Na traseira, duas portas permitiam fácil acesso para carga ou manutenção do sistema de rádio, um recurso crucial para operações táticas. A produção do WC-53 teve início no final de 1941, com as primeiras unidades entregues às forças em território norte-americano, onde foram utilizadas no transporte de oficiais. Nos fronts de batalha, o modelo destacou-se em missões de reconhecimento e como estação de rádio móvel para comandantes, sendo amplamente empregado em todos os teatros de operações da Segunda Guerra Mundial. A Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF) também fez uso extensivo do WC-53 em bases aéreas, para transporte de oficiais e pilotos. 
Em fins de 1942, o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) implementou uma significativa revisão na configuração de seus pelotões armados, ampliando o efetivo de oito para doze homens por unidade. Essa mudança, concebida para aumentar a capacidade de combate e a resiliência das tropas, expôs limitações nos veículos Dodge WC-51 e WC-52, conhecidos como "Beep", que não podiam transportar o novo contingente de soldados. Para enfrentar esse desafio, o Major General Courtney Hodges propôs à Dodge Motor Company o desenvolvimento de uma versão alongada, capaz de acomodar os doze militares necessários. Assim, no início de 1943, a equipe de engenharia da montadora deu início aos estudos para a criação de um novo modelo, utilizando a plataforma do WC-51 como base. Esse projeto priorizou a padronização de componentes, uma característica essencial para simplificar a logística e a manutenção em cenários de guerra, garantindo a compatibilidade com outros veículos da família WC. A família de veículos Dodge WC, predominantemente equipada com tração 4x4, alcançou uma produção impressionante até o término da Segunda Guerra Mundial, com cerca de 530.000 unidades fabricadas, um recorde para veículos dessa categoria. Esse sucesso foi impulsionado pela excepcional resistência em campo, facilidade de manutenção e um custo-benefício que otimizava a produção em larga escala. Durante o conflito, os modelos WC, em especial o WC-51 e o WC-52, destacaram-se no âmbito do programa Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), por meio do qual os Estados Unidos forneceram milhares de unidades a nações aliadas, como Reino Unido, Canadá, Austrália, Brasil, Forças Francesas Livres e União Soviética. Registros oficiais indicam que o Exército Vermelho recebeu aproximadamente 25.000 veículos dos modelos WC-51 e WC-52, reforçando a mobilidade das forças aliadas em diversos fronts. Após o término da Segunda Guerra Mundial, os veículos WC-51 e WC-52 continuaram a desempenhar papéis cruciais em conflitos subsequentes, como a Guerra da Coreia (1950-1953). Graças à grande quantidade produzida, muitos permaneceram em serviço nas forças armadas norte-americanas até meados da década de 1950, quando começaram a ser gradualmente substituídos pelo Dodge M-37, um modelo mais moderno disponível em diversas configurações. Esse processo gerou um excedente considerável de veículos WC em bom estado de conservação, que foram fornecidos a países aliados, incluindo França, Espanha, Áustria, Brasil, Bélgica, Grécia, Irã, Cuba, Portugal, África do Sul, Israel e Suíça, por meio de programas de assistência militar coordenados pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos. Em várias dessas nações, os veteranos WC-51 e WC-52 foram revitalizados, com destaque para a substituição de seus grupos motrizes, permitindo que esses veículos robustos prolongassem sua vida útil em forças armadas de países em desenvolvimento. Em alguns casos, esses modelos permaneceram em serviço até o início da década de 1980, atestando a durabilidade e a versatilidade que marcaram a família Dodge WC como um ícone da engenharia militar.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passou a considerar com extrema preocupação a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Essa ameaça tornou-se ainda mais evidente após a capitulação da França, em junho de 1940, pois, a partir desse momento, a Alemanha Nazista poderia estabelecer bases operacionais nas Ilhas Canárias, em Dacar e em outras colônias francesas, criando um ponto estratégico para uma eventual incursão militar no continente. Nesse contexto, o Brasil foi identificado como o local mais provável para o lançamento de uma ofensiva, devido à sua proximidade com o continente africano, que à época também figurava nos planos de expansão territorial alemã. Além disso, as conquistas japonesas no Sudeste Asiático e no Pacífico Sul transformaram o Brasil no principal fornecedor de látex para os Aliados, matéria-prima essencial para a produção de borracha, um insumo de extrema importância para a indústria bélica. Além dessas possíveis ameaças, a posição geográfica do litoral brasileiro mostrava-se estrategicamente vantajosa para o estabelecimento de bases aéreas e portos militares na região Nordeste, sobretudo na cidade de Recife, que se destacava como o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Dessa forma, essa localidade poderia ser utilizada como uma ponte logística para o envio de tropas, suprimentos e aeronaves destinadas aos teatros de operações europeu e norte-africano. Diante desse cenário, observou-se, em um curto espaço de tempo, um movimento de aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em investimentos estratégicos e acordos de cooperação militar. Entre essas iniciativas, destacou-se a adesão do Brasil ao programa de ajuda militar denominado Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), cujo principal objetivo era promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras. Os termos desse acordo garantiram ao Brasil uma linha inicial de crédito de US$ 100 milhões, destinada à aquisição de material bélico, possibilitando ao país o acesso a armamentos modernos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Esses recursos revelaram-se essenciais para que o país pudesse enfrentar as ameaças impostas pelos ataques de submarinos alemães, que intensificavam os riscos à navegação civil, impactando o comércio exterior brasileiro com os Estados Unidos, responsável pelo transporte diário de matérias-primas destinadas à indústria de guerra norte-americana. A participação brasileira no esforço de guerra aliado logo se ampliaria. O então presidente Getúlio Vargas declarou que o Brasil não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos aos Aliados e sinalizou a possibilidade de uma participação mais ativa no conflito, envolvendo o possível envio de tropas brasileiras para algum teatro de operações de relevância.

No âmbito do programa de assistência militar Lend-Lease Act, o Brasil, a partir do final de 1941, começou a receber um expressivo volume de equipamentos bélicos provenientes dos Estados Unidos, abrangendo caminhões, veículos utilitários leves, aeronaves, embarcações e armamentos. O Exército Brasileiro foi o principal beneficiário desse aporte, que representou um marco significativo na modernização de suas capacidades operacionais. Dentre os equipamentos fornecidos, os utilitários Dodge WC-51 e WC-52, com tração integral 4x4, começaram a ser entregues ao Brasil no final de 1942. Esse atraso inicial decorreu da prioridade dada às forças armadas norte-americanas, que demandavam grandes quantidades desses veículos para os esforços de guerra. Quase todos os lotes destinados ao Brasil eram compostos por veículos novos, recém-saídos das linhas de produção da Dodge Motor Company e da Fargo Motor Car Company. A incorporação dos Dodge WC-51 e WC-52 ao Exército Brasileiro marcou um avanço significativo na doutrina operacional da força terrestre. Esses modernos utilitários substituíram uma frota obsoleta de veículos leves de origem civil, inadequadamente adaptados para uso militar, além de um pequeno número de modelos importados, como os alemães Vidal & Sohn Tempo-Werk G1200, recebidos em 1938, mas insuficientes para equipar sequer uma unidade mecanizada. Com a chegada de aproximadamente 300 unidades dos utilitários Dodge, o Exército Brasileiro deu início a um processo de transição estratégica, abandonando gradativamente o modelo hipomóvel — dependente de tração animal — em favor de uma força terrestre mecanizada, mais ágil e preparada para os desafios modernos. Além do Exército, algumas unidades desses veículos foram destinadas à Força Aérea Brasileira e à Marinha do Brasil, onde foram empregadas em funções administrativas, reforçando a versatilidade dos modelos WC-51 e WC-52. Essa modernização coincidiu com o crescente envolvimento do Brasil na Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados. Em 9 de agosto de 1943, por meio da Portaria Ministerial nº 4.744, publicada em boletim reservado no dia 13 do mesmo mês, foi criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Estruturada como a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE), sob o comando do General de Divisão João Batista Mascarenhas de Morais, a FEB incluía, além da divisão principal, diversos órgãos não-divisionários essenciais para sua operação. A composição da Força Expedicionária Brasileira (FEB) contemplava quatro grupos de artilharia (três equipados com obuses de 105 mm e um com 155 mm), uma esquadrilha de aviação da Força Aérea Brasileira para ligação e observação, um batalhão de engenharia, um batalhão de saúde, um esquadrão de reconhecimento e uma companhia de comunicações. A força contava ainda com um comando próprio, um comando de quartel-general, um destacamento de saúde, uma companhia de manutenção, uma companhia de intendência, um pelotão de sepultamento, um pelotão de polícia e, simbolicamente, uma banda de música.
A Força Expedicionária Brasileira (FEB), composta por cerca de 25.000 soldados, foi estruturada para atender aos padrões operacionais do Exército dos Estados Unidos (US Army), que priorizavam alta mobilidade em suas unidades. Para cumprir essa exigência, a FEB foi equipada com uma frota significativa de veículos de transporte de pessoal, incluindo os modelos amplamente utilizados pelas forças aliadas, com destaque para os utilitários Dodge WC-51 e WC-52. As tropas brasileiras desembarcaram na Itália em agosto de 1944 e, após um breve período de treinamento, integraram o V Corpo do Exército norte-americano, sob o comando do General Mark Clark. Durante essa etapa, a FEB recebeu todo o seu armamento e veículos diretamente do estoque estratégico norte-americano localizado em Tarquinia, Itália. Entre os veículos fornecidos, destacaram-se 148 unidades do Dodge WC-51 e 30 do Dodge WC-52. Registros indicam que pelo menos três WC-51 foram destinados à Força Aérea Brasileira, sendo empregados no transporte de pilotos e cargas em apoio às missões do 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAvCa) e da 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação (1ª ELO). O batismo de fogo da FEB ocorreu em 15 de setembro de 1944, quando os pracinhas brasileiros enfrentaram o Exército Alemão (Wehrmacht) na campanha italiana. Nesse contexto, os Dodge WC-51 e WC-52 desempenharam um papel central, sendo utilizados em uma ampla gama de funções táticas e logísticas. Além do transporte de tropas e cargas, esses veículos foram adaptados para missões como reconhecimento armado — equipados com metralhadoras Browning M1 calibre .50 —, comando, reboque de artilharia leve antitanque, socorro médico e remoção de corpos. Sua robustez e versatilidade foram fundamentais para o sucesso das operações em terrenos acidentados e sob condições adversas. No âmbito do socorro médico, os Dodge WC-51 e WC-52 tiveram uma participação notável, complementando os jipes Willys MB especializados nessa função. Operando em conjunto com os batalhões de saúde do Destacamento de Saúde, esses veículos integravam o sistema de evacuação, triagem e hospitalização. Nos campos de batalha, a mobilidade era crucial: padioleiros realizavam o resgate inicial, enquanto os Dodges transportavam os feridos até os postos de saúde (PS) para triagem, estabilização de casos graves, tratamento de ferimentos leves que permitissem o retorno ao combate e implementação de medidas preventivas. Igualmente significativa foi a atuação desses veículos nas operações do Pelotão de Sepultamento, unidade responsável por recolher, identificar e sepultar os mortos, além de encaminhar pertences aos familiares. Equipados com reboques especializados, diversos WC-51 percorreram mais de 45.000 quilômetros em missões de caráter humanitário, desempenhando com dignidade uma tarefa tão delicada quanto essencial. A contribuição dos Dodge WC-51 e WC-52 à campanha da FEB na Itália transcendeu sua função operacional, simbolizando a resiliência e o compromisso dos pracinhas brasileiros na luta ao lado dos Aliados. 

Durante a campanha italiana da Segunda Guerra Mundial, os veículos utilitários Dodge WC-51 e WC-52, empregados pela Força Expedicionária Brasileira (FEB), enfrentaram condições excepcionalmente adversas no teatro de operações europeu. Em terrenos acidentados e sob o rigoroso clima italiano, marcado por invernos rigorosos e chuvas intensas, esses robustos utilitários demonstraram uma impressionante capacidade de adaptação. Operando em cenários onde a infraestrutura era precária, os militares brasileiros realizaram reparos e manutenções emergenciais com recursos limitados, muitas vezes sem oficinas adequadas ou ferramentas especializadas. A confiabilidade e a durabilidade desses veículos foram fundamentais para assegurar a mobilidade das tropas e o suporte logístico, desempenhando um papel crucial no êxito das operações da FEB em batalhas como Monte Castelo e Fornovo di Taro. Com o fim do conflito, em maio de 1945, os Dodge WC-51, WC-52 e outros equipamentos utilizados pela FEB foram transferidos ao Comando de Material do Exército dos Estados Unidos, sediado em Roma. Nesse processo, os veículos em melhores condições foram cuidadosamente selecionados, acondicionados e enviados ao Brasil por via marítima. Ao chegarem ao país, integraram a frota de utilitários da mesma classe, em serviço desde 1942, distribuída entre o Exército Brasileiro, a Marinha do Brasil e a Força Aérea Brasileira (FAB). Registros históricos apontam que, até meados de 1945, as Forças Armadas Brasileiras receberam um total de 954 unidades dos modelos WC-51 e WC-52, reforçando significativamente sua capacidade operacional. No período pós-guerra, esses utilitários tornaram-se peças centrais nas unidades operativas brasileiras, conquistando a estima dos militares, que os apelidaram carinhosamente de “jipão” ou “pata choca”, em referência à sua robustez e aparência característica. Sua preferência em relação aos jipes Willys MB e Ford GPW decorria de sua maior capacidade de carga, tração nas quatro rodas e versatilidade em diferentes tipos de terreno. Nas unidades de infantaria mecanizada, grupos de artilharia de campanha e batalhões de carros de combate, os Dodges desempenharam múltiplas funções, incluindo transporte de pessoal, comando, comunicações e tração de obuseiros leves, como o M101 de 105 mm. Essa versatilidade contribuiu de forma significativa para a modernização da Força Terrestre Brasileira, que, nas duas décadas seguintes, consolidou sua capacidade operacional em um contexto de expansão e profissionalização. Apesar de sua importância, a partir do final da década de 1950, o Exército Brasileiro começou a enfrentar desafios relacionados à manutenção dessa frota. A principal dificuldade residia na escassez de peças de reposição para o motor Dodge T-214, um seis cilindros a gasolina com válvulas laterais e refrigeração a água, cuja produção foi descontinuada nos Estados Unidos em 1947. Essa limitação comprometeu a disponibilidade operacional dos veículos, exigindo esforços criativos e soluções improvisadas para prolongar sua vida útil. 
Diante dos crescentes desafios para manter a operacionalidade dos veículos Dodge WC-51 e WC-52, cuja frota enfrentava dificuldades devido à escassez de peças de reposição para o motor Dodge T-214, tornou-se imperativa a busca por soluções emergenciais. Nesse contexto, o Exército Brasileiro, por meio de negociações conduzidas junto ao Departamento de Estado dos Estados Unidos, recorreu ao Programa de Assistência Militar (Military Assistance Program – MAP) para adquirir um lote significativo de utilitários mais modernos, pertencentes à família Dodge M-37 e M-43. Esses entendimentos culminaram na incorporação de mais de 300 veículos usados desses modelos, cuja entrega ao Brasil teve início em 1966, reforçando a capacidade logística e operacional das Forças Armadas. Paralelamente, uma iniciativa técnica de grande relevância foi conduzida pelo Parque Regional de Motomecanização da 2ª Região Militar (PqRMM/2), em São Paulo. Engenheiros e técnicos do Exército empreenderam estudos para substituir os motores originais a gasolina Dodge T-214 por modernos motores a diesel de fabricação nacional, inspirando-se em programas bem-sucedidos de remotorização, como os aplicados aos caminhões GMC CCKW, Studebaker US6 e aos veículos meia-lagarta White Motors M-3, M-3A1 e M-5 Half Track. Apesar do potencial transformador dessa iniciativa, o projeto de remotorização não avançou além da fase inicial de protótipo, limitada por desafios técnicos e logísticos. Como medida paliativa, optou-se pela retífica dos motores a gasolina originais, permitindo que uma parcela significativa da frota de Dodge WC-51 e WC-52 continuasse em serviço por mais alguns anos. Na mesma década, o Exército Brasileiro deu um passo importante rumo à autossuficiência com a introdução dos primeiros utilitários militarizados de fabricação nacional, pertencentes à família Ford Willys-Overland Rural F-75 e F-85, além do Toyota Bandeirante. Esses veículos, robustos e adaptados às necessidades do terreno brasileiro, foram gradualmente incorporados não apenas pelo Exército, mas também pela Marinha do Brasil e pela Força Aérea Brasileira (FAB). A adoção em larga escala desses utilitários nacionais atendeu de forma eficaz às demandas operacionais, marcando o início de uma nova era na logística militar brasileira. Com a chegada dos novos veículos, iniciou-se, de maneira gradual, a desativação dos Dodge WC-51 e WC-52. No início da década de 1970, apenas um número reduzido dessas viaturas permanecia em serviço ativo, sendo substituídas pelas opções nacionais mais modernas. Registros oficiais indicam que as últimas unidades do Exército foram desativadas em meados de 1976, encerrando uma trajetória de mais de três décadas de contribuições às operações militares brasileiras. Na FAB, os Dodge WC-52 foram retirados de serviço em 1967, enquanto não há registros precisos sobre os últimos anos de operação desses veículos pela Marinha do Brasil. Apesar de sua desativação, o legado dos Dodge WC-51 e WC-52 perdura. Algumas unidades, preservadas em estado operacional, são mantidas como viaturas cerimoniais em diversas organizações militares, evocando a memória dos “pracinhas” da Força Expedicionária Brasileira e sua bravura na Segunda Guerra Mundial.

Em Escala.
Para representarmos o  Dodge WC-51 "FEB 310", pertencente ao Exército Brasileiro e empregado durante a campanha da Itália na Segunda Guerra Mundial, empregamos o excelente kit produzido pela AFV Club, na escala 1/35, modelo este que prima pelo nível de detalhamento e possibilita também a montagem da versão WC-52 (dispondo do guincho mecânico frontal). Incluímos em resina artefatos que simulam a carga em formato de caixas ou lonas de campanha. Fizemos uso de decais produzidos pela Decals e Books, presentes como complemento do livro "FEB na Segunda Guerra Mundial" de Luciano Barbosa Monteiro.
O esquema de cores descrito abaixo representa o padrão de pintura tático militar do Exército dos Estados Unidos (US Army), presente em todos os veículos recebidos pelo Exército Brasileiro na Itália em 1944, com estes recebendo apenas as marcações nacionais brasileiras. Em seu retorno ao Brasil os Dodge WC-51 e WC-52 manteriam este padrão, sendo aplicados apenas pequenos detalhes de marcações de tipo e número de série do veículo, mantendo este esquema até sua desativação. 

Bibliografia :

- FEB na Segunda Guerra Mundial, por Luciano Barbosa Monteiro
- Dodges WC Series - http://en.wikipedia.org/wiki/Dodge_WC_series#WC51
- Dodge WC-51 - http://cvmarj.info/Dodge_WC-51.html
- Dodge 3/4  Ton WC-51 Uma Experiência real na FEB, por Expedito Stephani Bastos

Gloster TMK.7 Meteor TF-7

Historia e Desenvolvimento.
Em meados da década de 1930, o Ministério da Aviação Alemão (Reichsluftfahrtministerium), avançava a largos passos em seu programa experimental de aeronaves a jato, com o primeiro protótipo desta inciativa alçando voo em 27 agosto de 1939, quando o Heinkel He 178 um pequeno monomotor monoplace, propulsado por um motor turbojato Heinkel Strahltriebwerk HeS 3, projetado por Hans Joachim Pabst von Ohain alçou voo. Este programa não passaria desapercebido pelo Ministério do Ar da Grã-Bretanha, que desde o ano de 1938, com base em relatórios de inteligência, acompanhava o desenrolar destes importantes experimentos alemães. Neste contexto o projeto de uma turbina a jato de compressor centrífugo modelo Whittle W.1, projetada pelo engenheiro aeronáutico Frank Whittle, ex-oficial da Força Aérea Real (Royal Air Force – RAF), passaria a receber prioridade em seu desenvolvimento. Está programa atravessaria uma série de dificuldades técnicas e políticas, com o projeto sendo considerado finalmente de propriedade governamental, sendo escolhida neste contexto a empresa Gloster Aircraft Company - G.A.C, a missão de se projetar e construir uma aeronave propulsada por aquela turbina. (hoje, essa aeronave seria chamada de “demonstrador de tecnologia”). Construído de acordo com a especificação E.28/39, o Gloster G.40 – denominado “Pioneer” – era pequeno e leve o suficiente para que a turbina, de pequena potência (390Kg de empuxo), pudesse impulsioná-lo. Projetado por George Carter (projetista-chefe), dois protótipos foram construídos e, em pouco mais de um ano, o primeiro – nº de matrícula W4041/G, a letra “G” indicando que a aeronave deveria ser mantida sob guarda armada permanente, ao aterrissar em local diferente de onde estava baseado – estava pronto para os testes de taxiamento no campo da Gloster em Hucclecote, no dia 7 de abril de 1941, sob o comando do piloto-chefe de provas, P.E.G. Sayer. No dia 15 de maio, o “Pioneer” voou pela primeira vez, a partir da base RAF Cranwell, tendo o voo durado 17 minutos e sendo bem-sucedido. Após mais de dez horas de voo, o W4041/G foi tirado do programa de testes à espera da instalação da nova turbina W.1A, de 526Kg de empuxo. Os voos de teste foram retomados a partir de 4 de fevereiro de 1942; após o sexto voo, a nova turbina teve de ser retirada, devido a sobreaquecimento no cone de exaustão. Pouco mais de dez dias após, no segundo voo após a reinstalação da turbina, com um novo cone de exaustão, modificado para suportar as temperaturas mais altas geradas pela W.1A, uma das lâminas da turbina quebrou, causando excessiva vibração na aeronave; Sayer conseguiu, não obstante, aterrissar com o W4041/G. Em 2 de junho, uma pane no controle de admissão do combustível, ao voar a 30.000 pés, fez com que o voo fosse abortado; quatro dias depois, a turbina desligou-se após excessiva vibração, com o que Sayer foi obrigado a trazer o W4041/G em voo planado até a pista em Edge Hill. Essas sucessivas panes na turbina fizeram com que se instalasse um novo sistema de lubrificação, e somente após três meses e meio os voos foram reiniciados. Em 27 de setembro, nova pane no sistema de lubrificação, em um voo perante uma delegação norte-americana; ao aterrissar, a ponta da asa esquerda tocou no chão, danificando a parte inferior dela. Com a morte de Sayer em um acidente aéreo no dia seguinte, enquanto pilotava um caça monomotor Hawker Typhoon, os voos foram retomados por Michael Daunt, no dia 6 de novembro, desta vez com sucesso, após a substituição das tubulações de óleo por outras de maior diâmetro.

Em 1º de março de 1943, o W4046/G realizou seu primeiro voo, equipado com uma turbina W.2B de 544Kg de empuxo, sob o comando do piloto da Gloster, John Grierson. Ambas as aeronaves foram transferidas para o Royal Aircraft Establishment, em Farnborough, para a realização de mais testes. Em 30 de julho, o W4046/G, ao voar a uma altitude de 35.000 pés, pilotado pelo Squadron Leader Douglas Davie, teve seus ailerões imobilizados, colocando-o em um “spin” invertido; o piloto foi projetado para fora da cabine, e o W4046/G caiu no solo. O W4041/G permaneceu em uso para a realização dos voos de teste e, no início da primavera de 1943, recebeu uma turbina Power Jets W2/500, de 771Kg de empuxo; subsequentes modificações aumentaram a sua potência para 798Kg. Ao final do ano, a turbina W2/500 foi retirada e várias semanas passaram-se até que o W4041/G recebesse uma outra turbina. Os voos de teste só reiniciaram em abril de 1944; porém, com o seu sucessor, o Gloster G.41, prestes a entrar em serviço ativo, poucos voos foram realizados. Em 28 de abril de 1946, foi colocado em exposição no Museu Nacional de Ciência e Tecnologia, em Londres, onde permanece até hoje. Voltando um pouco no tempo, já em agosto de 1940, G. Carter havia submetido um projeto inicial de caça a jato, o Gloster G.41: era um birreator, dada a pequena potência das turbinas então existentes, monoplace, de asas retas, equipado com quatro canhões de 20mm e trem de pouso triciclo. Em novembro do mesmo ano, o Ministério do Ar expediu a especificação F.9/40, baseada no projeto da Gloster, e encomendou 12 protótipos à empresa, com números de série DG202/G a DG213/G (posteriormente, esse número foi reduzido para seis e, por fim, aumentado para oito). O nome escolhido para o F.9/40 foi resultado de um longo processo; entre as inúmeras sugestões, citamos “Thunderbolt”, “Cyclone”, “Wildfire”, “Scourge”, “Terrific”, “Terrifier”, “Tempest”, “Avenger”, “Ace”, “Annihilator” e “Reaper”. Por fim, o Ministério de Produção de Aeronaves escolheu e insistiu no nome “Meteor”, após desistirem do nome “Thunderbolt”, escolhido para batizar o caça a pistão Republic P-47. Imediatamente após a encomenda ter sido firmada, a produção dos protótipos foi iniciada. As primeiras turbinas W.2B, produzidas pela Rover, não podiam, no entanto, ser utilizadas em voo, pelas constantes quebras das pás dos compressores. Isso acarretou demoras no desenvolvimento da aeronave, o que quase levou ao cancelamento do contrato! Felizmente, as primeiras turbinas Halford H.1, suficientemente confiáveis para serem utilizadas em voo, foram entregues em novembro de 1942 e o projeto pôde continuar. As turbinas existentes na época – Rover W.2B ou W.2/500, Rolls-Royce W.2B/23 e Halford H.1 – eram todas do tipo centrífugo, no qual o ar é acelerado e comprimido por um único compressor, passando por um conjunto de câmaras de combustão dispostas radialmente em torno do corpo da turbina. Apesar de simples, esse tipo de turbina requer uma tomada de ar com uma grande área frontal, o que aumenta o arrasto; além disso, o tubo de escape dos gases da turbina deve ser o menor possível, para minimizar a perda de potência. A alternativa é uma turbina de fluxo axial, na qual o ar é comprimido por uma série de rotores com pás, exigindo uma entrada de ar de menor área; uma turbina desse tipo, a Metropolitan-Vickers F.2, chegou a ser testada no protótipo DG204/G. O baixo rendimento dessa turbina, bem como a queda do protótipo após apenas 3h de voo, levaram ao cancelamento do desenvolvimento da turbina F.2 para uso no Meteor.
O primeiro voo foi realizado pelo quinto protótipo, equipado com turbinas H.1 de 1.500lb de empuxo, no dia 5 de março de 1943, a partir da estação em Cranwell. Nos dias 12 de junho e 24 de julho, o primeiro e o quarto protótipos realizaram seus primeiros voos, respectivamente, equipados com turbinas W.2B/23. No dia 13 de novembro, o terceiro protótipo fez seu voo inicial, equipado com turbinas F.2, instaladas sob as asas, em um arranjo diferente dos demais protótipos. Ainda em novembro, o segundo protótipo realizou seu primeiro voo, equipado com uma turbina Power Jets W.2/500. O sexto protótipo voou a 24 de julho de 1945, equipado com duas turbinas de Havilland Goblin, as quais viriam a equipar o caça a jato de Havilland Vampire. O sétimo protótipo havia realizado seu primeiro voo a 20 de janeiro de 1944, equipado com uma cauda de desenho modificado e freios aerodinâmicos. Por fim, o oitavo e último exemplar de pré-série voou a 18 de abril de 1944, equipado com as turbinas Rolls-Royce W.2B/37 Derwent I. Os primeiros exemplares de série foram os vinte Gloster G.41A Meteor Mk.I, equipado com as turbinas W.2B/23C Welland, e incorporavam pequenas modificações em relação aos exemplares de pré-série, incluindo um canopi com melhor visibilidade para trás. Muitos desses foram utilizados como aeronaves de teste, para desenvolvimento de turbinas e da aeronave em si, incluindo o 18º exemplar, chamado de “Trent-Meteor” e que foi a primeira aeronave do mundo propulsionada por um motor turboélice (uma turbina Derwent movia uma hélice pentapá Rotol, através de um eixo ligado a uma caixa de redução), tendo voado nessa configuração a 20 de setembro de 1945. O Gloster Meteor, em sua versão F.I, seria o primeiro caça a jato do mundo a ser usado operacionalmente por um esquadrão, o No. 616 "South Yorkshire" da Força Aérea Auxiliar (Auxiliary Air Force), o qual receberia seus dois primeiros exemplares no dia 12 de julho de 1944. O esquadrão realizaria as primeiras surtidas operacionais no dia 27 de julho e obteve as suas primeiras vitórias no dia 4 de agosto, quando duas bombas-voadoras alemãs V-1 foram abatidas pelos Flying-Officer (F/O) Dean e F/O Roger (o primeiro perturbando o fluxo de ar abaixo da asa da V-1 com a ponta da asa de seu Gloster Meteor F.I, colocando-a em um "spin" irrecuperável e o segundo a tiros de canhão). No dia 18 de dezembro de 1944, os primeiros Gloster Meteor F.III foram entregues ao esquadrão e no dia 4 de fevereiro uma esquadrilha seria deslocada para a Bélgica, sob controle do Grupo nº 84, 2ª Força Aérea Tática, da Força Aérea Real (Royal Air Force). Em abril de 1945, o esquadrão no. 504 "County of Nottingham" passou a ser a segunda unidade a operar o Gloster Meteor. O Meteor F.III carregava uma maior quantidade de combustível, bem como uma cobertura deslizante da cabine. Apenas quinze exemplares foram construídos com as turbinas Welland; todos os restantes duzentos e sessenta e cinco exemplares utilizaram as turbinas Derwent, algumas delas em naceles alongadas. A versão seguinte, F.IV, utilizou estas mesmas turbinas e alguns deles tiveram a envergadura reduzida em 1,78m (5ft 10in); também, a partir do 89º exemplar, a fuselagem foi acrescida de uma seção de 0,30 metros à frente das asas, o que contribuiu para diminuir o problema de instabilidade longitudinal presente nas versões anteriores.

Após o término da Segunda Guerra Mundial, o advento dos aviões de combate movidos a reação provocaria a obsolescência quase que imediata dos modelos de aeronaves com motores a pistão, provocando assim uma corrida para o reequipamento de diversos países. Na Grã-Bretanha as novas versões posteriores do Gloster Meteor F.III e F.IV passariam a dominar incialmente os aeródromos ingleses e logo em seguidas os franceses, após o modelo ser adquirido pela Força Aérea Francesa (Armée de l'Air). A partir de 1947, mais nações passariam a se interessar pela aeronave de caça inglesas, entre elas a Argentina, que faria uso de créditos de guerra, com a Inglaterra disponíveis em sua balança comercial, para proceder a aquisição de cem células da versão Gloster Meteor F.IV (sendo cinquenta usadas da Força Aérea Real - RAF e cinquenta novas aeronaves de fábrica). Neste mesmo período iniciar-se-ia o processo de treinamento e conversão dos pilotos da Força Aérea Argentina (FAA) na Inglaterra, no transcorrer deste programa seriam identificadas inúmeras dificuldades, pois apesar das aeronaves serem fáceis de planejar, os jatos apresentavam certas peculiaridades em termos de conceitos de projeto (sistemática inglesa), o que poderiam gerar riscos de acidentes graves durante o processo de adaptação dos novos pilotos. Neste contexto, a única maneira de treinar os pilotos argentinos, era retirar a cobertura da cabine e fazer várias corridas pela pista, com um instrutor do britânico deitado sobre a fuselagem, atrás da cabine, gritando instruções ao aluno. Interessante é notar que a própria Força Aérea Real (RAF) treinava seus futuros pilotos de Gloster Meteor em caças a pistão, após o qual passavam por checagem da cabine, no solo, até que eram autorizados a realizarem seu primeiro voo a jato. Ciente destas necessidades, os engenheiros da Gloster Aircraft Company. iniciariam com recursos próprios os estudos para o desenvolvimento de uma versão específica para treinamento e conversão. Este projeto seria desenvolvido com base em uma célula do modelo Gloster Meteor F.IV, estendendo a fuselagem, na área do nariz em 76 cm, removendo o armamento de quatro canhões de 20 mm, colocando uma cobertura com molduras sobre a cabine de pilotagem (aluno e instrutor sentados em tandem). No objetivo de se obter uma boa relação de custo e benefício, esta versão adotou o conceito de simplicidade tanto em termos de avionica quanto no despojamento, não recebendo provisão para sistemas de armas e assentos ejetores. O protótipo designado como Gloster Meteor T.7, ostentando a matrícula civil G-AKPK, voou pela primeira vez em 19 de março de 1948, sendo logo destinado a um completo programa de ensaios em voo, supervisionado pelos instrutores de conversão da  Força Aérea Real (RAF).
Após o transcorrer de seis meses, este programa de ensaios em voo seria concluído com sucesso, com a diretoria industrial da Gloster Aircraft Company - G.A.C autorizando sua produção em série, com o modelo sendo oferecido não só para a Força Aérea Real (RAF), mas também para os operadores da versão monoposta da aeronave. O primeiro contrato seria celebrado no mesmo ano com o governo argentino, que faria a aquisição de dez aeronaves para uso pela Força Aérea Argentina (Fuerza Aerea Argentina). Neste mesmo período a nova aeronave seria avaliada pelo Ministério do Ar da Grã-Bretanha, com seu desempenho e a real funcionalidade do modelo no processo de treinamento e conversão agradando os oficiais envolvidos neste processo. Desta maneira logo seria assinado o primeiro contrato, envolvendo cinquenta aeronaves, com contratos subsequentes sendo firmados nos anos seguintes, totalizando seiscentas e quarenta aeronaves entregues a Força Aérea Real (RAF). Acordos de exportação seria conquistados neste mesmo período, com o modelo Gloster Meteor TF-7 sendo incorporado as forças aéreas da França, Dinamarca, Bélgica, Egito, Israel, Brasil e Nova Zelândia agregando mais sessenta e duas aeronaves produzidas.  A carreira do Gloster Meteor TF-7 acompanharia lado a lado a história das versões monoplace, com importante participação nas fases inicias da Guerra da Coréia (1950 – 1953), quando aeronaves do Esquadrão Nº 77,  da Força Aérea Real Australiana – RAAF (Royal Australian Air Force), foram destacados para operar a partir de Pohang, na Coréia do Sul. Neste conflito seu batismo de fogo se daria em 29 de agosto de 1951, quando oito deles foram engajados por um grande número de MIG-15 sobre Chongju, a uma altitude de 35.000ft. Superiores em manobrabilidade, os caças soviéticos derrubaram um Gloster  Meteor F-8 e danificaram outros dois, sem sofrerem nenhuma perda.  Os embates seguintes mostrariam que o caça inglês não estava apto a enfrentar a ameaça dos novos caças a jato soviéticos, sendo substituídos na linha de frente pelos novos caças North American F-86 Sabre. Logo em seguida estas aeronaves seriam retiradas do serviço ativo na Inglaterra e França, substituídos por aeronaves mais modernas. As células exportadas apresentariam uma sobrevida maior em países como Brasil e Argentina até meados da década seguinte, quando falhas estruturais demandariam sua aposentadoria precoce.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea Brasileira contava com mais de mil e quinhentas modernas aeronaves militares, com quase a sua totalidade sendo recebida a partir de 1942, nos termos do programa Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Em termos de capacidade ofensiva dispunha-se de um grande número de células de aeronaves de primeira linha, como os famosos caças bombardeiros Republic P-47D Thunderbolt, Curtiss P-40 Warhawk e aeronaves de ataque Douglas A-20 Havoc e North American B-25 Mitchel. Esta combinação de aeronaves de combate combinada com modelos de transporte e patrulha marítima e guerra antissubmarino (ASW), tornavam está a segunda maior força aérea das Américas, e a maior arma aérea do hemisfério sul do planeta. No entanto, o advento e maturidade da aplicação de motores turbo jatos em uma nova geração de aeronaves militares, tornaria os caças e bombardeiros de ataque a pistão virtualmente obsoletos em poucos anos. Além disso, a rápida substituição das aeronaves com motores a pistão pelos caças com motor a reação, nas linhas de produção das empresas de construção aeronáutica mundial, dificultava a manutenção das aeronaves a pistão em serviço, principalmente pela escassez no fluxo de obtenção de peças de reposiçao, fator este provocado pela descontinuidade da produção destes aviões logo após o término do conflito. Já os pilotos de caça brasileiros ressentiam-se da falta de uma aeronave moderna na qual pudessem desempenhar suas missões, e principalmente rivalizar com alguns de seus vizinhos que já dispunham deste tipo de aeronave de combate. Apesar desta importante necessidade operacional, o governo brasileiro neste momento carecia, de recursos financeiros para adquirir o número necessário de aeronaves para equipar no mínimo de três esquadrões de caça de linha de frente. Dado o alto custo unitário de um Republic F-84E Thunderjet ou North-American F-86F Sabre (US$300.000 e US$450.000, respectivamente), o total de US$ 15 milhões de dólares projetado para equipar um ou dois esquadrões em muito excedia os recursos disponíveis. E mesmo que custassem menos, não poderiam ser entregues a curto prazo, visto a prioridade de se enviar tais aeronaves às unidades da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) envolvidas diretamente na Guerra da Coréia (1950 - 1953), e tão necessárias para se fazer frente aos modernos caças soviéticos Mikoyan-Gurevich MIG-15. E por fim, o governo norte-americano, naquele período, não se mostrava inclinado a vender aeronaves de combate avançadas às nações latino-americanas, alegando que isso alteraria o equilíbrio de forças no continente.

Uma solução seria então prospectada no mercado europeu, buscando uma aeronave que se enquadrasse na dotação orçamentaria vigente do Ministério da Aeronáutica (MAer) e apresentasse o menor prazo de entrega possível de um grande lote de aeronaves. Esta alternativa seria materializada em uma proposta apresentada pela empresa britânica Gloster Aircraft Company - G.A.C, com seu jato de caça e ataque Gloster F.8 Meteor. Desta maneira conversações seriam conduzidas entre o governo brasileiro e o inglês, visando a aquisição desta aeronave, com estas tratativas culminando em novembro de 1952, na assinatura de um contrato para a aquisição de sessenta exemplares da versão Gloster Meteor F.8 e dez da variante de treinamento e conversão Gloster Meteor T.7. Os termos deste acordo estipulavam a troca das aeronaves por cerca de 15.000 toneladas de algodão (equivalentes, à época, a quatro milhões de libras esterlinas), a um custo unitário por célula de 42.810 e 40.310 libras esterlinas, respectivamente (a diferença correspondendo a material sobressalente, treinamento de pessoal, transporte e seguro das aeronaves no transporte para o Brasil e uma reserva para cobrir alguma eventualidade). A Força Aérea Brasileira designaria então a versão monoplace como F-8 e a de biplace de treinamento e conversão como TF-7. Os Gloster Meteor F-8 adquiridos pelo Brasil estavam configurados tanto para missões de interceptação como para ataque ao solo, à semelhança das aeronaves adquiridas pelas forças aéreas australianas e israelenses. Para tanto, carregavam o armamento interno padrão de quatro canhões de 20 mm Hispano-Suiza HSS-GM/804, com cadência de 750 a 800 tiros por minuto. Cada canhão era armado com 195 cartuchos; a munição foi adquirida da fábrica belga FN.no nariz; as asas eram reforçadas para carregar dez foguetes HVAR de 5 polegadas ou duas bombas de 500lb. A fim de aumentar sua autonomia de voo, podiam transportar dois tanques subalares de 454 litros e um ventral de 794 litros. Dez pilotos foram enviados à Grã-Bretanha para realizarem a conversão para a aeronave, entre eles os comandantes do 1º Grupo de Aviação de Caça - Esquadrão Jambock e dos 1º, 2º e 3º esquadrões daquela unidade, do 1º/14º Grupo de Aviação – Esquadrão Pampa os oficiais de operações destes grupos de aviação e caça, um líder de esquadrilha da unidade gaúcha, os futuros comandantes do 1º GAVCA e do 1º/14º GAV, além do futuro oficial de operações do 1º Grupo de Aviação de Caça. Um grupo de cinco oficiais e sargentos especialistas da aeronáutica receberam instrução técnica sobre a operação e manutenção das turbinas e da célula junto as fábricas da Rolls-Royce e da Gloster Aircraft Company.
Após a instrução teórica, os pilotos brasileiros completariam em média dez horas de instrução de vôo nos Gloster Meteor TF-7, a partir da pista de treinamento do fabricante em Moreton Valence, antes de solarem no Gloster Meteor F-8, utilizando apenas as aeronaves pertencentes ao lote adquirido pelo Brasil. O primeiro oficial da Força Aérea Brasileira a fazê-lo foi o então Major-Aviador Joao Eduardo Magalhães Motta, a 12 de fevereiro de 1953. Segundo relatos, voar o F-8 Meteor foi considerado até mais fácil do que voar o Republic P-47D Thunderbolt, à exceção do sistema de freio, que era comandado por um gatilho no manche; para se fazer uma curva, utilizava-se freio diferencial, pressionando-se o pedal esquerdo ou direito de forma apropriada. Particularmente difícil, no entanto, foi enfrentar os rigores do inverno britânico; voos com pouco mais de 20 minutos de duração eram conseguidos após muitos dias no solo à espera de condições climáticas favoráveis. Outra dificuldade foi se acostumarem ao sistema de controle de tráfego aéreo britânico, quando total confiança tinha de ser depositada no controle de aproximação por radar; uma voz feminina, muitas vezes, dava as devidas orientações de rumo e altitude até que, através das nuvens, neblina e neve, surgisse a cabeceira da pista. Após a aceitação das aeronaves prontas pelo COMFIREM (Comissão de Fiscalização e Recebimento de Material), as células foram desmontadas e remetidas ao Brasil por via naval, tendo as duas primeiras aeronaves Gloster Meteor TF-7 chegado ao Brasil em 13 de abril de 1953, sendo seguido por mais duas unidades no dia 20 do mesmo mês. Estas seriam remetidas por via terrestre para Fábrica do Galeão, onde foram montadas sob a supervisão técnica do engenheiro da Gloster Aircraft Company o Senhor Freeman. Finalmente no dia 22 de maio de 1953 sob o comando do piloto de provas da Gloster Aircraft Company, Sr Andrew McDowall, o Gloster Meteor TF-7 “FAB 4301” realizaria o primeiro voo no Brasil de uma aeronave a reação que envergasse as cores verde e amarela. O próximo passo seria prover o programa de  instrução para os pilotos do 1º/1º Grupo de Aviação de Caça e 2º/1º Grupo de Aviação de Caça, neste contexto seria decidido que  o 1º/14º Grupo de Aviação - Esquadrão Pampa passaria a ser dotado também com jatos Gloster Meteor F-8 , sendo assim todos os Gloster Meteor TF-7 distribuídos entre as três principais unidades de caça de linha de frente da Força Aérea Brasileira, proporcionando a cada grupo a estrutura própria para a conversão de seu pilotos.

Em agosto, iniciou-se o processo de conversão operacional na nova aeronave, com um extenso curso teórico, dadas as peculiaridades de operação do novo caça da Força Aérea Brasileira. Ainda sem terem instalados os rádio-goniômetros AN/ARN-6, nesse período realizaram-se algumas viagens, incluindo uma no trajeto Rio-Salvador-Recife-Natal-Fortaleza-Belém, que exigiu um enorme esforço logístico, incluindo o transporte de combustível JP-1 para aquelas localidades. Durante a viagem, ocorreu a primeira fragmentação do canopi (acidente que ocorreria com certa frequência nos primeiros anos de operação do Meteor), e por pouco não se perdeu piloto e aeronave. Apesar de ser um ferramenta fundamental na conversão de pilotos para o Gloster Meteor F-8, o modelo biplace em questão era pouco apreciado por todos os seus usuários, pois fora desenvolvido sobre a célula da antiga versão monoplace  Gloster F.4. Desta maneira esta aeronave carregas todas as deficiências de projeto da geração anterior, como ausência de pressurização, inexistência de assentos ejetáveis, antigo desing da cauda (impactando negativamente na manobrabilidade). A estes se somava o fato de estarem equipados com os antigos motores a reação do modelo Rolls-Royce  Derwent MK.5 ao invés do Derwent MK.8 da versão monoplace,  o que lhe provia um desempenho geral inferior. Desta forma os Gloster TF-7 Meteor passavam a ser empregados apenas no processo de conversão operacional e treinamento em voo por instrumentos.  Os primeiros Meteors destinados ao 1º/14º GAV – dois TF-7 (um deles o FAB 4308) e seis F-8 – saíram do Campo de Marte em direção a Cumbica no dia 3 de setembro de 1954, só chegando à Base Aérea de Canoas – BACO no dia 23, devido às más condições climáticas; um outro F-8, pertencente ao 1º Grupo de Aviação de Caça e já equipado com o rádio-goniômetro, foi pilotado pelo Ten.-Cel.-Av. Magalhães Motta; seu F-8 foi, por sua vez, pilotado por um piloto do 1º Grupo de Aviação de Caça. Neste momento se intensificaram as operações com os Gloster Meteors TF-7, passando a formar cada vez mais pilotos para os três grupo de linha da frente da Força Aérea Brasileira. Apesar de excelentes resultados operacionais, estas aeronaves logo iniciariam o precoce fim de sua carreira no Brasil, quando, dada a mudança em seu emprego, de caça de defesa aérea para aeronave de emprego aero tático, um maior esforço seria imposto a estrutura das células, pela necessidade de se voar a baixas altitudes. 
Em junho de 1961, a Gloster Aircraft Company, enviou correspondência estabelecendo cuidados a serem tomados ao se empregar os Gloster Meteor F-8 e TF-7 em vôos a baixa altitude. Em fevereiro de 1962, a empresa enviaria outra correspondência, na qual proibia-se o uso dos Gloster Meteor T.7 com mais de 2.280 horas de vôo e dos Gloster Meteor F-8 com mais de 1.750 horas de vôo. Porém como nenhuma das células da Força Aérea Brasileira, sequer haviam se aproximado desses números, a correspondência foi desconsiderada (o próprio comando do 1º/14º Grupo de Aviação nem chegou a ser notificado). Finalmente, a 24 de abril de 1965, a Hawker Aviation Ltd., companhia que havia absorvido a Gloster Aircraft Company comunicou uma série de restrições ao uso dos Gloster Meteor F-8 e TF-7 : proibição de manobras em configuração limpa que excedessem a carga de -3g a +5g, e proibição de passar mais de 10% do tempo de vôo abaixo de 1.000 pés. Se tais condições não fossem respeitadas, o surgimento de fissuras nas longarinas das asas seria quase uma certeza. No princípio do ano 1962, restavam oito células operacionais da versão de treinamento e conversão, divididas entre as três unidades de caça de primeira linha da Força Aérea Brasileira e já se vislumbrava um planejamento de intenções para a possível substituição deste vetor por modelos mais novos em uso no cenário mundial. Porém em 24 de abril de 1965 o departamento técnico da Hawker Aviation Ltd. emitiria um boletim informativo que restringia as operações dos modelos Gloster Meteor F-8 e TF-7 devido a existência de desgaste estrutural, com uma sugestão paliativa de correção estrutural a ser aplicada nas aeronaves. Apesar de implementada em sua essência, esta alternativa geraria apenas uma mínima sobrevida as células , sendo que finalmente todas as aeronaves monoplaces e biplaces, seriam retiradas da linha de frente , sendo destinadas a missões de reboque de alvos. Desta maneira as últimas turmas de pilotos seriam  formadas no 1º/1º Grupo de Aviação de Caça - Esquadrão Jambock em  meados do ano 1971. E o último voo deste modelo ocorreu em 7 de outubro do mesmo ano, encerrando assim sua carreira na Força Aérea Brasileira. Apenas uma célula seria preservada, passando a fazer parte do acervo do Museu Aerospacial – Musal, sediado na cidade do Rio de Janeiro.

Em Escala.
Para representarmos o Gloster Meteror TF-7 "FAB 4306", pertencente ao 1º/1º Grupo de Aviação de Caça - Esquadrão Jambock, empregamos o modelo da Classic Airframes na escala 1/48, kit este que apresenta varias peças em resina que ajudam a melhorar o nível de detalhamento final do modelo. Vale citar ainda que,  para se configurar a versão empregada pela Força Aérea Brasileira,  deve-se apenas alterar as antenas do sistema de radio ADF.  Fizemos uso de decais confeccionados pela  FCM Decais  oriundos de diversos set, em conjunto com decais produzidos pela GIIC Models presentes modelo Gloster F-8  Meteor produzida em resina por este mesmo fabricante.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o primeiro padrão de pintura empregado quando do recebimento das aeronaves em 1953, adicionado apenas a faixa verde e amarela na fuselagem apelidada de “tamborzinho de criança”. Posteriormente a exemplo dos modelos monoplaces  Gloster Meteor F-8, os TF-7 receberiam também as marcações de alta visibilidade em azul e vermelho com esquema de pintura conhecido como “ovo estalado”, mantendo este padrão até sua desativação.

Bibliografia :

Revista ASAS nº20  AMX na FAB – Claudio Luchesi e Carlos Felipe Operti
Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores
História da Força Aérea Brasileira , Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html