Fleet Aircraft PT-26 Cornell

História e Desenvolvimento.
A Fairchild Aviation Corporation, uma das mais representativas fabricantes aeronáuticas da História, seria fundada em 1924 pelo empreendedor Sherman Fairchild, (que ao longo de sua vida seria responsável pela abertura de setenta empresas), se estabelecendo inicialmente nas cidades de Farmingdale, e East Farmingdale em Nova York. Esta organização seria designada como a empresa-mãe dos muitos interesses da companhia no segmento aeronáutico ao longo dos anos vindouros. A companhia desenvolveria e construiria a primeira aeronave norte-americana a incluir uma cabine de pilotagem (cockpit) totalmente fechada e sistema de trem de pouso hidráulico, o modelo Fairchild FC-1. Dando sequência a este processo de crescimento, outras empresas seriam adquiridas ou incorporadas a este grupo econômico, como a  Caminez Engine Company em 1925,  e em 1929 a Kreider-Reisner Aircraft Company de Hagerstown, baseada em Maryland. Atendendo a seu planejamento de expansão, em 1920 seria fundada sua primeira planta fora dos Estados Unidos, nascendo sua subsidiária canadense, a Fairchild Aircraft Ltd. instalada na  cidade de  Longueuil em Quebec, estas instalações seriam responsáveis pela produção de um grande número de aeronaves civis e militares até o início da década de 1950.  Além do modelo Fairchild FC-1 a empresa seria notabilizada após o lançamento do modelo Fairchild 71, que fora projetado especificadamente para o emprego em missões de fotografia aérea, superando assim as limitações dos modelos em uso, que eram incapazes de voar de maneira constante a uma altitude suficiente para o efetivo emprego nesta tarefa. Esta aeronave apresentava excelentes características de desempenho e capacidade de transporte, o que levaria a  se tornar um dos aviões mais populares da época, se notabilizando ainda por integrar a estrutura de aeronaves do contingente do famoso explorador Richard E. Byrd, em sua expedição  ao Polo Sul entre os anos de 1928 e 1929. Seu primeiro contrato governamental seria firmado em 1935, quando a empresa seria selecionada pelo ministério da agricultura dos Estado Unidos para o desenvolvimento de pesquisas baseadas em fotografias aéreas para rastrear e mapear a erosão do solo e seus efeitos. Neste mesmo período a empresa passaria a ser conhecida também como Fairchild Aircraft Manufacturing Company. 

Apesar de deter boa participação no mercado civil norte-americano principalmente no segmento de aeronaves de treinamento básico, sua participação no meio militar ainda era inexpressiva, se limitando apenas ao fornecimento de componentes básicos para outro fabricantes que produziam aeronaves militares para a marinha e o exército. Neste contexto a oportunidade perfeita se materializaria em fins da década de 1930,  com a efervescência do crescimento da importância arma aérea junto as forças armadas norte-americanas. Neste período o treinamento básico dos futuros pilotos do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), era praticamente realizado fazendo uso somente dos biplanos Boeing PT-17 Stearman.  Aeronave esta que apesar de apresentar uma configuração antiquada, oferecia comandos dóceis e facilidade de pilotagem, não forçando assim os cadetes a desenvolver suas melhores habilidades em voo, o que futuramente lhes seriam exigidas quando da operação de modernas aeronaves de combate de grande desempenho.  Com a finalidade de sanar esta preocupante deficiência, em 1939 o comando da aviação Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), decidiria pela substituição dos seus já obsoletos biplanos de treinamento básico. Uma concorrência seria aberta em fins deste mesmo ano, prevendo o desenvolvimento de um monomotor monoplano de asa baixa, que deveria apresentar aos futuros pilotos, diversos níveis de aprendizagem, que permitissem assim forjar suas melhores habilidades de pilotagem. Obrigatoriamente a nova aeronave deveria ainda possuir obrigatoriamente baixos custos de manutenção e operação. Oito empresas de construção aeronáuticas norte-americanas responderiam a este chamando, apresentando dezoito propostas de modelos de aeronaves de treinamento, entre estes concorrentes, estava a Fairchild Aircraft Manufacturing Company, com seu modelo M-62. Esta aeronave fora desenvolvida com recursos próprios da companhia, com seus estudos preliminares sendo iniciados no ano de 1933, capitaneados pelo engenheiro chefe Armand Thiebolt, entre uma das primícias básicas estava o emprego de componentes mecânicos intercambiáveis já existentes no mercado e materiais não estratégicos. Seu primeiro protótipo já havia alçado voo em  15 de maio de 1939, propulsado por um motor Motor Fairchild Ranger L-440 com 175 cv de potência, a partir das instalações da empresa em Hagerstown, Maryland. 
Todos estes concorrentes seriam submetidos a um extensivo programa de avaliação comparativos e ensaios em voo, com a decisão final pendendo para a escolha do modelo M-62 da Fairchild Aircraft Manufacturing Company. Esta nova aeronave de dois lugares apresentava disposição dos assentos em tandem, com cockpit aberto, apresentando a moderna configuração monoplano de asa baixa cantiléver, com trem de pouso fixo e design do volante de cauda. Seu projeto de construção simples, porém robusta, incluía uma fuselagem composta por tubos de aço soldado coberto de tecido, com as demais aéreas da aeronave fazendo uso de compensados em madeira, com uma seção central revestida de compensado, painéis de asa externos e montagem da cauda. O emprego do motor em linha invertido Ranger L-440-3 de 175 HP, permitiria uma área frontal estreita, proporcionando ao aluno e instrutor uma excelente visibilidade, enquanto seu trem de pouso fixo e amplamente separado permitia um manuseio em solo sólido e estável facilitando o processo de treinamento em solo. Em 22 de setembro de 1939, seria celebrado o primeiro contrato entre a Fairchild Aircraft Manufacturing Company e o Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) prevendo a compra de duzentas e setenta aeronaves. Devido ao alto emprego de madeira na estrutura da aeronave, este acordo envolvia a subcontratação de vinte e sete empresas ligadas a este tipo de manufatura como fábricas e lojas de móveis e uma fundição para os componentes metálicos. As primeiras células começariam a ser entregues a escola de aviação militar do Exército dos Estados Unidos (US Army) a partir de meados de 1940, onde receberia a designação milita de PT-19. Rapidamente o modelo conquistaria a simpatia de instrutores e alunos das organizações responsáveis pela formação dos novos pilotos, levando assim a intenção pela formalização de encomendas de mais aeronaves. No entanto o intensificar do conflito na Europa, e as ameaças do expansionismo japonês no sudeste asiático, urgenciando acelerar os processos de fortalecimento das forças armadas norte-americanas. Neste cenário o poder aéreo seria fundamental, o que aumentaria a necessidade de formação de mais pilotos militares, o que levaria em janeiro de 1941, a celebração de um contrato emergencial prevendo a produção de mais de três mil aeronaves na versão PT-19A, agora equipadas com o novo motor Ranger L-440-3 de 200 hp de potência. 

A capacidade industrial instalada da Fairchild Aircraft Manufacturing Company, não estava apta para o atendimento pleno do cronograma de entregas previsto, sendo decidido então licenciar a produção da aeronave para as empresas Howard Aircraft Corporation, St. Louis Aircraft Corporation, Aeronca Aircraft e pôr fim a empresa canadense Fleet Aircraft. A necessidade de se treinar os pilotos para voo por instrumentos, levaria a conversão de seis aeronaves na linha de produção incorporando uma cobertura do tipo capota, de lona, que podia ser puxada sobre a cabine da frente permitindo que o cadete realizasse o voo completamente às cegas e somente por instrumentos. Essa nova versão passaria a ser denominada PT-19B e seu desempenho satisfatório levaria a sua produção em série, junto Fairchild Aircraft Manufacturing Company e a Aeronca Aircraft, totalizando novecentas células. Quando a curva de produção das células superou a produção dos motores, a equipe de projeto da empresa desenvolveria a versão PT-23, que passava a ser equipada com um motor radial Continental R-670 de 220 hp. Ao todo seriam produzidos oitocentos e sessenta e nove PT-23 e duzentos e cinquenta do PT-23A (versão para treinamento por instrumentos), pelas linhas de montagem de todas as companhias originalmente envolvidas no programa de construção da família de aeronaves PT-19. Durante o ano de 1943, o Comando de Treinamento da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF) receberia uma série de reclamações sobre problemas de durabilidade com as asas de compensado do PT-19 e do PT-23 quando expostos ao alto calor ou umidade das bases de treinamento localizadas no Texas e na Flórida. Como solução paliativa seriam substituídas as seções da asa de madeira após apenas dois a três meses de serviço ativo por causa da podridão da madeira e problemas de separação de camadas.   Neste mesmo período evoluiriam negociações junto ao governo canadense para a produção de uma versão customizada para o atendimento das demandas do Plano de Treinamento Aéreo da Comunidade Britânica (Commonwealth Air Training). Este programa de vital importância, visava formar e treinar milhares de pilotos que seriam essenciais nas futuras batalhas no continente europeu, a escolha por basear este processo no Canadá se dava pelo distanciamento do front de batalha e de riscos inerentes a uma zona de conflagração. 
No entanto as extremas condições climáticas do país poderiam impactar diretamente no processo de instrução a ser realizado junto ao  Fairchild PT-19, pelo fato da aeronave apresentar a cabine aberta, expondo o instrutor e aluno ao frio intenso. Como solução seria desenvolvida uma versão com cabine de pilotagem (cockpit) totalmente fechada, que tinha por finalidade proporcionar mais conforto para os tripulantes. A versão receberia de designação de PT-26 M-62A Cornell I e estava equipado com o motor em linha Ranger L-440-3 de 200 hp. Seu primeiro protótipo alçaria voo em julho de 1942, sendo logo liberado para produção em série sob licença nas instalações da Fleet Aircraft Limited, totalizando seiscentas e setenta células. Em seguida entraria em produção o PT-26A Cornell II, que passava a fazer uso do motor  Ranger L-440-7 de 200 hp, resultando em oitocentas e sete células entregues ao Plano de Treinamento Aéreo da Comunidade Britânica (Commonwealth Air Training). Por fim em 1943 seria introduzido o PT-26B Cornell III, que dispunha de pequenas melhorias em relação ao modelo anterior, sendo entregues duzentos e cinquenta aeronaves a  Força Aérea Real do Canadá (RCAF). Estas aeronaves se manteriam em serviço até meados da década seguinte, quando foram desativados e repassados para o emprego civil em escola de pilotagem e aeroclubes regionais. Comparado aos antigos treinadores biplanos anteriores, o Fairchild PT-19 e PT-26 podem ser considerados um divisor de águas, pois pela primeira vez no estágio de treinamento básico os cadetes tinham acesso a uma aeronave de bom desempenho em altas velocidades e o carregamento das asas aproximava-se mais do das aeronaves de combate, com as características de voo exigindo mais precisão e cuidado, resultando assim na formação das habilidades e melhor rendimento dos alunos.  A exemplo dos demais modelos da família, centenas de células dos Fairchild PT-26 Cornell se manteriam em voo pelo menos até o início da década de 1960, com muitos deles ainda mantidos em condições de voos por museus ou entusiastas ao redor do mundo.   

Emprego na Marinha do Brasil
No dia  12 de dezembro de 1956, o Governo Federal Brasileiro em conjunto com Ministério da Marinha, após uma série de negociações,   procederia formalmente a aquisição de um porta-aviões leve britânico classe Colossus, o HMS R-71 Vengeance. Este navio aeródromo com um deslocamento padrão de 19.900 toneladas era um veterano da Segunda Guerra Mundial, tendo atuado nos teatros de operações do Mediterrâneo e do Pacífico. Após o término do conflito, este navio seria arrendado à Marinha Real Australiana (Royal Australian Navy), pelo período compreendido entre o dia 13 de novembro de 1952 a 13 de agosto de 1955, sendo assim devolvido ao governo britânico e colocado à disposição para venda. Após sua aquisição pelo governo brasileiro, este porta aviões seria encaminhado em meados do ano de 1957, aos estaleiros da empresa holandesa Verolme United Shipyard, na cidade de Rotterdam, a fim de ser submetido a um extenso programa de modernização e atualização. Este navio, emergiria deste processo em dezembro de 1960, ostentando a adição de convés de voo em ângulo a 8,5°, catapulta e sistema de parada modernizados, novos elevadores, nova ilha, sistemas de operação e eletrônica e atualização de sistema defensivo. Neste contexto ainda não havia estudos reais sobre as opções de aeronaves de asas fixas e rotativas a serem adquiridas pela Aviação Naval, ou mesmo pela Força Aérea Brasileira (em função da prerrogativa da exclusividade de operação de aeronaves de asa fixas), para assim se compor o grupo aéreo do novo porta aviões brasileiro. Apesar disto,  a aquisição de um navio aeródromo reacenderia no Ministério da Marinha a intenção em recuperar sua Aviação Naval, criada originalmente em 23 de agosto de 1916 com o estabelecimento da Escola de Aviação Naval (EAvN), com suas instalações localizadas na Ilha do Rijo (na Baía de Guanabara). Assim mesmo antes do apagar das luzes do ano de 1959, o comando do Ministério da Marinha passaria a elucidar estudos e esforços visando criar um planejamento e bases plausíveis para a efetiva reativação de sua Aviação Naval, não só focando esforços no segmento de aeronaves de asas rotativas, como também na área de asas fixas.

Este ambicioso programa abordava não só a estruturação de sua organização, mas também as demandas relacionadas a composição de pessoal, treinamento formação, infraestrutura, equipamentos e aeronaves. Umas das prioridades dispostas neste documento, citava a necessidade de se dispor de um esquadrão de instrução dotado somente de aeronaves de asas fixas para promover sua independência neste importante processo.  Tal tarefa seria, no entanto, dificultada, pelas circunstâncias em que se deu o ressurgimento da Aviação Naval, pois em tese neste momento, sua existência feria o Decreto-lei de 20 de janeiro de 1941 que ao criar o Ministério da Aeronáutica (MAer), concedia a Força Aérea Brasileira a exclusividade na operação de aeronaves de asas fixas no pais. Este embate fez com que a Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DaerM), passasse a descartar os fornecedores internacionais tradicionais de aeronaves evitando assim potencializar esta célula, passando a procurar soluções em fontes alternativas, buscando assim compras de oportunidade.  Estes esforços se dariam em duas frentes, uma no mercado internacional buscando aeronaves usadas genuinamente militares, e outra no próprio Brasil, visando adquirir aeronaves de treinamento básico a serem negociadas com operadores particulares, principalmente com usuários do Aeroclube do Brasil, na época sediado no Campo de Manguinhos no Rio de Janeiro (RJ). Nesta segunda frente de trabalhos os primeiros resultados seriam obtidos ainda no ano de 1961 com a aquisição de aeronaves dos modelos Taylorcraft BC-12D e CAP-4 Paulistinha. Estas aeronaves seriam destacadas para operar junto ao  Destacamento Especial de Aeronaves do CIAAN (Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval), porém não em missões de treinamento de pilotos, mas sim no adestramento do Curso de Observador Aéreo Naval (COAN), e também em tarefas adestramento do pessoal, de ligação e transporte em proveito do pessoal da Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia (BaeNSPA). 
A busca por aeronaves de treinamento básico para a Aviação Naval da Marinha do Brasil persistiria, resultando em meados do ano de 1962 na aquisição de uma célula do modelo Fleet PT-26 M-62A Cornell I, que segundo relatos seria negociada junto a um particular no próprio Aeroclube do Brasil. Esta aeronave após ser recebida seria imediatamente entregue ao Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN), para ser integrado ao acervo do Destacamento Especial de Aeronaves. Apesar de pertencer ao modelo inicial de produção, esta aeronave estava equipada com o sistema de radio empregado nas versões mais recentes desta aeronave. Neste momento está célula seria submetida a uma revisão básica, na qual receberia o segundo padrão de pintura a ser adotado pela Aviação Naval, bem como sua matrícula de "N708 - FV 607". Ao ser colocado inicialmente em operação começaria a apresentar anomalias em seu grupo propulsor, sendo suscetível a panes de pequena monta, desta maneira a célula seria submetida a uma completa revisão junto  a Oficina Geral da Aviação Naval (OGAvN). Neste momento em novembro de 1962,  seria emitido um relatório que dava conta de que o motor  Fairchild Ranger L-44 - 175 cv de seis cilindros em linha invertidos refrigerados a ar, daquela aeronave encontrava-se avariado, o que não tornava possível seu voo por tempo indeterminado. Este preocupante cenário retiraria de imediato o modelo do processo de instrução e formação de pilotos, tendo em vista que a segurança em voo era um dos parâmetros básicos e inegociáveis da doutrina do Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN). Esforços seriam realizados junto ao mercado civil na tentativa de obtenção de componentes críticos para a substituição em seu motor, porém este em muito diferia da grande maioria dos motores ainda em uso no Brasil, salientado que nesta época a frota de aeronaves civis em condições de voo dos modelos Fairchild M-62 PT-19A/B e PT-3FG que antes pertenceram a Força Aérea Brasileira já operava nos aeroclubes com grandes índices de indisponibilidade.  
Assim com base neste status, não existem indicações oficiais de que esse avião tenha registrado algum voo no transcorrer do ano de 1963, mas, em outubro de 1964, o  Fleet Aircraft PT-26 M-62A Cornell I, já figurava como parte do acervo do Destacamento de Aeronaves para Serviços Auxiliares da  Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia (BaeNSPA), onde deveria ser empregado em tarefas administrativas e de ligação. Porém naquele mesmo mês, um relatório do Estado-Maior da Armada informava que esta aeronave pertencia ao 1º Esquadrão de Aviões de Instrução do Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN). Novamente não existem registros oficiais sobre a realização de voos durante o final de 1964 e o inicio do ano seguinte. Paralelamente a estes evento, a  crise institucional criada pela disputa entre os Ministérios da Aeronáutica e Marinha, pelo direito a operação de aeronaves de asas fixas se agravava dia a dia, com a solução sendo auferida em 26 janeiro de 1965,  mediante promulgação do decreto presidencial Nº 55.627, que que efetivamente extinguia a aviação naval de asas fixas da Marinha do Brasil. Em consequência dos artigos apresentados naquele instrumento,  seria definido que toda estrutura material e de pessoal deveriam ser incorporadas a Força Aérea Brasileira. Assim semanas mais tarde esta célula seria entregue a seus representantes, e as avaliações iniciais apontavam como uma aeronave obsoleta não sendo recomendada sua recuperação e operação, principalmente pelo seu modelo semelhante o  Fairchild M-62 PT-19A/B e PT-3FG, ter sido retirado do processo de instrução da Escola de Aeronáutica (EAer). Desta maneira esta aeronave não receberia nem a matricula da Força Aérea Brasileira, sendo repassado diretamente ao Departamento de Aviação Civil (DAC) a fim de ser doado para qualquer aeroclube que se habilitasse. No entanto não existem registros oficiais, e acredita-se que esta célula tenha sido logo em seguida sucateada, encerrando assim sua efêmera carreira militar no Brasil.

Em Escala. 
Para representarmos o Fleet PT-26 M-62A Cornell I, "N708" pertencente ao Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN), fizemos uso do excelente kit em resina na escala 1/48 do fabricante Planet Models. Modelo este que apresenta facilidade de montagem e opções de detalhamentos interessantes. Como modificação incluímos apenas o radome da antena de rádio.  Fizemos uso de decais confeccionados pela FCM Decals, presentes em diversos sets deste fabricante. 

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura adotado pela Aviação Naval da Marinha Brasileira em suas aeronaves de asas fixas e asas rotativas a partir de fins da década de 1950. Este esquema seria mantido até a transferência da célula para a Força Aérea Brasileira no início do ano de 1965. 




Bibliografia : 

História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha- http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html 
-  Aeronaves Militares Brasileiras  1916 – 2015 Jackson Flores Jr 

-  Fairchild PT-19 - Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/Fairchild_PT-19 

- Centenário da Diretoria de Aeronáutica da Marinha  

-  Fairchild PT-19 - Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/Fairchild_PT-19   



Avro 504K Roe e 504N Lince

História e Desenvolvimento.
Um dos primeiros construtores de aeronaves em série do mundo, a companhia A.V. Roe and Company seria fundada em 1 de janeiro de 1910 em Brownsfield Mill, Great Ancoats Street, Manchester, pelo engenheiro Alliott Verdon Roe e seu irmão Humphrey Verdon Roe. A contribuição de Humphrey seria principalmente de ordem financeira e organizacional; financiando-o a partir dos ganhos do negócio de teares da família e atuando como diretor administrativo até que ele se juntou à RFC em 1917. Antes de sua fundaçao como empresa, em 1908 seu primeiro aeroplano projetado e fabricado artesanalmente por  Alliot Vernon Roe, decolou dos campos de Manchester para a realização de seu primeiro voo. Podendo este modelo o Roe I Triplane, chamado The Bullseye, ser seguramente considerado como primeira aeronave de projeto 100% inglês da História aeronáutica. No momento do estabelecimento da empresa, um galpão seria alugado no Brooklands Flying Grounds para o qual Edwin Alliott movia as aeronaves acabadas, funcionando assim com uma loja, onde estes aeroplanos eram oferecidos a este novo mercado consumidor por apenas £450 libras esterlinas. As vendas começariam a evoluir e conjuntamente o projeto das aeronaves também, sendo que no final do ano de 1912, o negócio além de se provar viável em termos de retorno financeiro, se mostraria extremamente promissor a curto e médio prazo. No início do ano seguinte a empresa se se tornaria um negócio completamente autônomo e de grande lucratividade. Apesar do otimismo com a efervescência natural deste mercado, cada vez mais concorrentes chegavam a este segmento, oferecendo assim riscos ao potencial de crescimento da A.V Roe and Company.   A empresa também construiria a primeira aeronave do mundo com acomodação de tripulação fechada em 1912, o monoplano Tipo F e o biplano Avro Tipo G, no entanto sem progredir além do estágio de protótipo. O grande fator do impulso fundamental para desenvolvimento futuro da companhia, se daria com o o lançamento do modelo Avro E (ou Avro 500), que por apresentar excelente desempenho, lograria a A.V. Roe and Company a conquistar seu primeiro contrato militar em fins do ano  de 1913. Este processo envolveria a encomenda de dezoito células para Corpo Aéreo Real RFC (Royal Flying Corps), que seriam destinados a operação junto aos Esquadrões de Treinamento de número 3º, 4º e 5º. Estas novas aeronaves dedicadas a tarefa de instrução primariam começariam a ser entregues no início do ano de 1914, sendo declaradas plenamente operacionais em março do mesmo ano. 

Já em operação os Avro E 500 conquistariam grande aceitação junto aos pilotos e instrutores do Corpo Aéreo Real (Royal Flying Corps), com seu projeto recebendo grandes elogios por parte do comando desta organização. Este cenário motivaria a direção da empresa e investir recursos próprios no desenvolvimento de uma versão aprimorada desta aeronave, com estes esforços culminando no modelo Avro 504. Apesar de baseado em seu antecessor, o projeto se mostrava muito promissor, levando a A.V Roe and Company a optar pela fabricação de dois protótipos em julho do mesmo ano. A primeira aeronave alçaria voo em 5 de setembro de 1913, bem a tempo de poder participar logo em seguida da Feira Aérea Internacional de Aviação de  Farnborough. Logo de imediato, o avançado desing da nova aeronave e sua performance em voo chamariam a atenção do comando das forças armadas britânicas, que imediatamente iniciariam junto a diretoria da empresa, tratativas para a aquisição desta promissora aeronave. Deste movimento seriam firmados os primeiros contratos de produção, envolvendo substanciais números de aeronaves, não só para o Corpo Aéreo Real (Royal Flying Corps), mas também Real Serviço Aéreo Naval (Royal Naval Air Service). Porém as demandas excediam em muito a capacidade produtiva da linha de fabricação existente naquele momento, levando a empresa a se mudar para novas e maiores instalações em Clifton Street, Miles Platting na cidade de Manchester. Esta seria, no entanto, uma medida paliativa tendo em vista o breve estrangulamento da capacidade de produção desta nova unidade fabril, levando a empresa a migrar para as instalações da Mather & Platt Works em Newton Heath. As primeiras aeronaves seriam declaradas operacionais a partir de março de 1914, passando a atuar em missões de treinamento e observação junto a suas forças armadas. O eclodir da Primeira Guerra Mundial em 28 de julho de 1914, iria alterar profundamente o destino da A.V. Roe & Company e do Avro Modelo 504, elevando o patamar operacional da aeronave a um nível jamais imaginado por seus desenvolvedores. Neste contexto de conflito, os Avro Modelo 504 assumiriam novas missões, passando a ser empregados em combate real na linha frente na Europa continental. 
Caberia ainda ao modelo, ser a primeira aeronave britânica abatida pelo fogo antiaéreo alemão em 14 de agosto de 1914, com um Avro 504 pertencente ao 5 Sqn RFC, sendo comandado na ocasião pelo 2º Tenente Vincent Waterfall e seu navegador Tenente Charles George Gordon Bayly.  Como destaque operacional podemos citar a missão de bombardeio as instalações alemães de produção e manutenção dos dirigíveis  Zeppelin em Friedrichshafen, nas margens do Lago de Constança, com três aeronaves do Real Serviço Aéreo Naval (Royal Naval Air Service) partindo de Belfort  no nordeste da França, em 21 de novembro de 1914. Estes três Avro 504 carregavam quatro bombas de 20 libras (9 kg) cada, com uma sendo abatida próxima ao alvo, porém as demais conseguiram lançar suas cargas com êxito, resultando em  vários impactos diretos nos galpões do dirigível e a destruição da usina geradora de hidrogênio. Conforme o conflito ia ganhando intensidade e amplitude, a tecnologia aeronáutica avançava freneticamente, gerando uma nova geração de aeronaves de caça, bombardeio e observação mais avançadas, o que sobrepujaria o desempenho operacional dos Avro 504, tornando o ambiente de combate extremante desfavorável para o modelo.  Assim rapidamente esta aeronave logo seria relegada a missões de segunda linha, sendo retirada para servir principalmente junto aos esquadrões de treinamento na Inglaterra. Neste momento o estágio de produção da aeronave já atingia milhares de células entregues, dispostas nas versões Avro 503A á Avro 504J, com os motores evoluindo de 60 hp para 80 hp de potência. No inverno de 1917 e 1918, a alta demanda por aeronaves de caça no continente europeu, e a urgente necessidade de se substituir os já obsoletos interceptadores Vickers B-E2cs nos esquadrões de defesa doméstica, levaria o comando do Corpo Aéreo Real (Royal Flying Corps) a decidir pelo emprego de dezenas de células dos modelos Avro 504J e Avro 504K, que seriam então convertidos para execução missões de caça. Estas versões modificadas para um único assento de tripulante, estavam armadas com uma metralhadora leve Lewis .303 de calibre 7,62mm × 54 mm, montada acima da asa, além disto, nestas células seria padronizado a utilização de motores Gnome Monosoupape de 100hp de potência. Um total de duzentas e setenta células seriam modificadas para esta versão, passando a ser distribuídos a oito esquadrões de defesa doméstica, totalizando duzentas e setenta e quatro células convertidas.

Já em sua principal atribuição como aeronave de instrução primaria, o Avro Modelo 504, muito em face das suas dóceis características de voo e desempenho, acabaria por ser tornar o  “treinador padrão” britânico, permanecendo nesta atividade mesmo após o final da Primeira Guerra Mundial, operando agora a serviço da recém-criada Força Aérea Real (Royal Air Force). Devido ao grande número de aeronaves disponíveis consideradas como "excedentes de guerra", cerca de trezentos Avro 504 seriam transferidos para escolas civis de pilotos, recebendo o registro civil na Grã-Bretanha. Neste novo papel passariam a ser empregados em missões de treinamento de pilotos e tarefas de reboques de faixas publicitarias permanecendo em uso até pelo menos o início do ano de 1940. O serviço aéreo embrionário da União Soviética, formado logo após a Primeira Guerra Mundial, faria uso tanto das aeronaves originais quanto sua própria cópia, o  Avrushka " Little Avro", sendo empregados no treinamento primário, sendo geralmente alimentados por cópias russas do motor rotativo Gnome Monosoupape, com estas aeronaves se mantendo em serviço até o final da década de 1920. Durante este mesmo período um grande número de aeronaves seria vendido a China Nacionalista, embora representassem versões básicas de treinamento, eles participariam de batalhas regionais, atuando como bombardeiros com o piloto lançando granadas de mão e morteiros modificados. A partir de 1925 a A.V. Roe and Company apresentaria a proposta de um novo modelo, o Avro 504N, dois protótipos seriam produzidos para avaliação, um equipado com o motor Bristol Lucifer e outro pelo Armstrong-Siddeley Lynx.  Este último sendo selecionado pela Força Aérea Real (Royal Air Force) para substituir os Avro 504K, sendo encomendadas quinhentas e noventa e duas células, que seriam entregues entre os anos de 1925 e 1932, chegando a equipar cinco esquadrões de treinamento, sendo empregadas também como aeronaves de comunicação. Esta versão também seria exportada para uso militar na Bélgica, Brasil, Chile, Dinamarca, Grécia, Sião e África do Sul, com sua produção licenciada ocorrendo na Dinamarca, Bélgica, Canadá, e Japão. 
Os Avro 504N da Força Aérea Real (Royal Air Force) passariam a ser substituídos a partir de 1933 pelo novo treinador primário Avro Tutor, ao fim de 1935 restariam apenas sete células que seriam convertidas em aeronaves rebocadoras de alvos e planadores. Grande parte das aeronaves em bom estado de conservação seriam doados para escolas civis de pilotos, recebendo o registro civil, se mantendo em operação até o início da década de 1940. Ao todo foram produzidas entre os anos de 1914 e 1928 um total de onze mil quatrocentas e oitenta e quatro células, dispostas em vinte e nove versões. Além de serem montados em treze fábricas na Grã-bretanha, a aeronave seria ainda montada sob licença na Argentina, Bélgica, União Soviética, Japão, Canadá, Dinamarca, França, com versões customizadas desenvolvidas localmente como as japonesas Yokosuka K2Y1 e Yokosuka K2Y2, russas como U-1 (Uchebnyi – 1) e MU-1 (Morskoy Uchebnyi – 1), dinamarquesa Orlogsværftet Flyvemaskineværksted LB.I e australianas como598 Warregull e  599 Warregull II.  Sua versão a ser mais produzida, no entanto, seria o Avro 504K, modelo originalmente configurado como aeronave de treinamento de dois lugares, que apresentava como curiosidade a possibilidade de poder a ser equipado como uma vasta gama de motores em virtude da escassez de componentes durante a Primeira Guerra Mundial. Em termos de operadores militares o modelo esteve a serviço das forças armadas do Brasil, Argentina, Canada, Estônia, Finlândia, Grécia, Guatemala, Índia Britânica, Irã, Irlanda, Japão, Letônia, Malaia, México, Mongólia, Noruega, Peru, África do Sul, Sião, Polônia, Portugal, Espanha, Suécia, Suíça, Tailândia Uruguai e Estados Unidos. O modelo registraria sua marca na História aeronáutica internacional, por ser a primeira aeronave britânica a dispersar tropas em terra, bem como o primeiro avião britânico a fazer um bombardeio sobre a Alemanha, sendo também a primeira a ser derrubada por fogo antiaéreo inimigo. Seria eternizada por formar futuros ases do conflito, como Billy Bishop entre outros que apelidariam a aeronave como "palito de dente" na Força Aérea Real (Royal Air Force).   

Emprego na Marinha do Brasil.
O processo de formação de pilotos militares brasileiros tem sua origem em fevereiro de 1914, quando seria fundada no Campo dos Afonsos no Rio de Janeiro a Escola de Escola Brasileira de Aviação, mediante uma parceria entre o Ministério da Guerra e a empresa italiana Gino, Buccelli & Cia, com esta sendo responsável por fornecer equipamentos e instrutores para formar aviadores militares. Não havia dez anos desde o primeiro voo do mais pesado que o ar, pelas mãos do ilustre inventor brasileiro Alberto Santos Dumont, quando a Marinha do Brasil criou a sua própria organização de treinamento e formação, a  Escola de Aviação Naval - EAvN, em 23 de agosto de 1916. Esse pioneirismo, fruto da visão de grandes chefes navais, como o então Ministro da Marinha, Almirante Alexandrino de Alencar, que, pautado no desempenho dessas plataformas nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial, adquiriria nossos primeiros aviões. Já em posse destas aeronaves, caberia ao Almirante Protógenes Pereira Guimarães (Patrono da Aviação Naval), a missão de preparar o pessoal e a doutrina de emprego aéreo na Marinha do Brasil. Quando do inicio das atividades desta organização militar, o primeiro dos três aerobotes Model F adquiridos do fabricante norte-americano Curtiss Aircraft Company,  já havia realizado seu primeiro voo operacional,  e os dois restantes estavam em final de montagem, ficando prontos em outubro do mesmo ano. Todos seriam montados na Carreira Tamandaré do antigo Arsenal de Marinha, na base do Morro de São Bento, próximo à antiga ponte para a Ilha das Cobras, local atualmente ocupado pelo rancho do 1° Distrito Naval.  Pouco tempo depois, a Escola de Aviação Naval - EAvN seria transferida para a Ilha das Enxadas, onde seriam construídos dois hangares para quatro aeronaves cada. Ao longo dos anos seguintes esta instituição com o apoio de instrutores norte-americanos, seguiria na missão de formar os primeiros aviadores navais da Marinha do Brasil. Neste contexto ficava cada vez mais claro a necessidade de não só ampliar o número de aeronaves, bem como adquirir modelos mais modernos para o emprego em diversos perfis de operação militar como observação, caça e bombardeio. Estes novos desafios exigiam modernização de meios e práticas,  assim, tendo em vista que muitos dos hidroaviões de treinamento da variada coleção da Escola de Aviação Naval - EAvN chegavam ao fim de sua vida útil, decidiria-se reduzir o número de tipos e sistematizar as práticas de instrução de voo. 

Seria adotado o chamado “Sistema Gosport”, introduzido pelo Real Serviço Aéreo Naval (Royal Naval Air Service) em 1916, que, dentre outras inovações, preconizava o emprego de aviões terrestres para treinamento inicial. Assim, uma delegação de oficiais Marinha do Brasil seria enviada a Inglaterra, para conhecer de perto este processo e os vetores empregados. Desta maneira se daria o primeiro contato de nossos oficiais com a aeronave Avro Modelo 504, modelo que então figurava como o treinador primário padrão deste racional e lógico sistema de treinamento.  No entanto a incorporação do primeiro exemplar na Aviação Naval da Marinha do Brasil, ocorreria de forma casual, pois com a enorme disponibilidade de material aeronáutico após o término da Primeira Guerra Mundial, diversos grupos empresariais deram início a organização de empresas de transporte aéreo para operação regional e internacional. Entre muitas, a corporação inglesa Handley Page Ltda decidiu por estabelecer uma empresa aérea para operação de transporte civil no Brasil. Depois de receber autorização do governo brasileiro para operar rotas entre as principais cidades brasileiras, a empresa transferiria quatro aeronaves para o país, entre as quais um Avro Modelo 504K. No entanto vida desta empresa seria efêmera, e após o encerramento de suas atividades, suas  aeronaves seriam doadas ao governo brasileiro, com este  modelo de treinamento sendo entregue em maio de 1920 a Marinha do Brasil. Esta aeronave receberia a matrícula de número “46”, e seria repassada então a Escola de Aviação Naval – EavN, não está claro se aquele Avro 504K foi recolhido a esta organização (que ainda se encontrava sediada na ilha das Enxadas e não dispunha de pista para operar aeronaves terrestres) para ser desmontado e armazenado ou se permaneceu em outro local. Neste mesmo período dentro dos esforços de ampliação da frota da Aviação Naval, seriam  disponibilizados recursos para adquirir mais quatro células usadas do modelo, estando estas equipadas com o  famoso motor rotativo Gnome Monosoupape, Ao chegaram no Brasil no final do primeiro semestre de 1921, os dois primeiros seriam montados no mês de agosto e encaminhados ao Campo dos Afonsos no Rio de Janeiro, onde iriam operar até a conclusão das obras da nova pista da Escola de Aviação Naval - EAvN na Ponta do Galeão. A perda de uma aeronave em um acidente levaria a Aviação Naval da Marinha do Brasil a proceder a montagem das duas células restantes entre novembro e dezembro de 1921. Esta dotação seria reforçada com a aquisição de mais doze células previstas em um contrato celebrado com a Curtiss Aeroplane Export Corporation em 23 de maio de 1922, tratava-se novamente de aeronaves usadas, que seriam entregues configuradas como novos motores radiais Le Rhone de 110 hp.   
Em fins de 1923, estas aeronaves já se encontravam operacionais junto a 3º Esquadrilha da Flotilha de Treinamento, totalizando assim dezesseis aeronaves, porém o índice de disponibilidade se mantinha muito baixo em função de pequenos acidentes de operação. Durante os conturbados episódios políticos que se seguiram durante ano de 1924, as atividades da Escola de Aviação Naval - EAvN seriam em muito reduzidas, com o ano e 1925 assistindo a queda de 50% no número de alunos diplomados. Neste período algumas vezes durante os momentos mais tensos do período revolucionário, algumas células deste modelo seriam armados com metralhadoras Lewis .303 de calibre 7,62 mm × 54 mm. Este quadro de instabilidade política levaria a severas restrições orçamentarias, que interromperiam o fluxo de peças de reposição e material de apoio, levando indisponibilidade de voo a índices alarmantes, sendo que em 1925 somente quatro células estavam aptas a operar com as demais armazenadas ou em manutenção. No ano seguinte mais uma aeronave seria recuperada pelo Centro de Aviação Naval do Rio de Janeiro (CAvNRJ) e apesar do quadro de penúria, três Avro 504K realizaram um reide entre a capital carioca e a cidade de Belo Horizonte, representando um feito para aquela época, infelizmente duas aeronaves foram perdidas nesta missão. Em fins do ano de 1927, a frota de aviões Avro 504K encontrava-se reduzida a apenas três exemplares disponíveis para voo, com os demais perdidos em acidente ou em processo de manutenção de grande monta. Assim com base na necessidade de se modernizar a frota de aeronaves de treinamento, a Diretoria Geral de Aeronáutica da Marinha examinou diversas propostas de fornecimento de mais células usadas do modelo Avro 504K junto ao governo britânico. No entanto figuravam entre estas propostas, um lote da variante mais moderna o Avro 504N/O, sendo negociado em janeiro de 1927 a compra de seis células novas de fábrica e um amplo pacote de peças de reposição. Estas novas aeronaves seriam recebidas e colocadas em condições de voo durante o primeiro semestre do ano de 1928, passando a dividir com os veteranos Avro 504K o processo de treinamento e formação de aviadores, com estes últimos passando a registrar uma quantidade de horas de voo inferior à média anterior. Esta acentuada utilização não seria livre de percalços, em julho somente três dias após da realização do primeiro voo do  Avro 504N/O, umas das células sofreria uma pane em seu motor e caiu nos limites  do Centro de Aviação Naval do Rio de Janeiro - CAvN RJ. No mês seguinte outra aeronave faria um pouso forçado no mar. Ambas as células seriam resgatadas e levadas para reparo, com uma permanecendo naquele local por um prolongado período. 

Em consequência, o ano letivo de instrução em 1929 na Escola de Aviação Naval - EAvN seria iniciado somente com cinco aeronaves Avro 504N/O, dois dos quais equipados com flutuadores. Apesar de serem formados aviadores em 1929 e 1930, estas aeronaves seriam peças-chave no adestramento e na instrução do pessoal do Centro de Aviação Naval do Rio de Janeiro - CAvN RJ e da Escola de Aviação Naval - EAvN. Neste mesmo período no objetivo de aumentar a vida útil das três últimas aeronaves Avro 504K que se encontravam em condições de voo, seria decido em maio de 1929, a implementação de um programa de modernização, tendo como foco principal a substituição do problemático motor rotativo por um novo radial fixo Armstrong Siddeley Lynx IVC. Este processo seria concluído até o mês de janeiro de 1930, curiosamente estas células foram adaptadas para o uso de flutuadores. Porém observou-se que este programa não atingiria os objetivos almejados, decidindo-se pela desativação das aeronaves, o que ocorreria após um voo de formatura da Escola de Aviação Naval - EAvN em junho de 1930, encerrando assim sua carreira na Aviação Naval da Marinha do Brasil. Apesar do reduzido número de aviões como resultados de pequenos acidentes que exigiriam reparos, esse foram instrumentais na formação da maior turma diplomada, representada por sete oficiais que receberiam em 1931, o breve de aviador naval. O ano seguinte prometia ser igual ou mais intenso para os Avro 504K e Avro 504N/O Lince, e em julho seria iniciada a formação do que seria a maior turma de aviadores navais já diplomados desde o ano de 1916, acrescido ainda pela primeira turma dos aviadores da Reserva Naval Aérea da Marinha. No entanto, naquele mês, estouraria a Revolução Constitucionalista, e em sua esteira seriam suspensas praticamente todas as atividades aéreas de instrução. Neste momento estas aeronaves já não eram mais empregados na formação de aviadores navais, mas realizavam a igualmente importante tarefa de adestrar o pessoal do Centro de Aviação Naval do Rio de Janeiro - CAvN RJ.  
O início das hostilidades faria com que a Aviação Naval reunisse todos os seus recursos de material e pessoal para o esforço de guerra, e entre as aeronaves convocadas estavam os Avro 504N/O Lince. Entre outras necessidades das forças legalistas encontrava-se o patrulhamento fluvial na região do pantanal, na tentativa de inibir qualquer atividade das forças Constitucionalistas.  Para dar apoio direto às unidades de superfície da Marinha do Brasil, em agosto dois Avro 504N/O receberiam metralhadoras Vickers .303 de calibre 7,62 mm × 54 mm e foram enviados à Base Naval de Ladário. Equipados com flutuadores, esses aviões regularmente realizavam missões de vigilância nos longos cursos fluviais da região, executando ainda o patrulhamento de fronteira. Ao término da Revolução Constitucionalista, estes dois aviões que se encontravam no Pantanal regressariam ao Centro de Aviação Naval do Rio de Janeiro - CAvN RJ e foram aparentemente recolhidas as Oficinas Gerais de Aviação Naval (OGAN) a fim de sofrerem uma revisão geral. Por sua vez, em setembro de 1932, um Avro 504N/O seria dado como pronto entregue após uma revisão completa. Porém essa aeronave teria uma vida efêmera, acidentando-se com perda total de material e infelizmente de pessoal em dezembro daquele mesmo ano. A partir de então, a historia dos Avro 504N/O torna-se nebulosa. Existem indicações de que os aviões que estiveram no Pantanal, junto com mais outra célula, permaneceriam nas  Oficinas Gerais de Aviação Naval (OGAN) e de lá não sairiam mais. O certo é que, em 1934, seria dada baixa aos Avro 504N/O Lince, encerrando, assim definitivamente, a carreira destas aeronaves no Brasil.

Em Escala.
Para representarmos o Avro 504K “A7” pertencente a  Aviação Naval, quando a serviço da Escola de Aviação Naval - EAvN,  empregamos o antigo kit da Airfix na escala 1/72, modelo de fácil montagem porém de baixo detalhamento, exigindo ainda confecção em scratch dos para-brisas. Fizemos uso de decais confeccionados pela FCM Decals presentes no antigo set 72/09.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura empregado pelos Avro 504K da Aviação Naval, inicialmente as aeronaves foram recebidas em uma tonalidade de amarelo denominada "clear dope linen" com o FS 33695. Já os Avro 504N/O receberam padrões de pintura em metal natural com as marcações nacionais. 


Bibliografia :
- Avro 504 – Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Avro_504
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores
- 100  anos da Aviação Naval - Marinha do Brasil & Fundação Getulio Vargas
- Asas sob os Mares , Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/Asas%20sobre%20os%20mares/index.html

UH-13 Aerospatiale AS-355 F2 Esquilo


História e Desenvolvimento.
Após a derrota da França em 10 de maio de 1940 e a subsequente ocupação alemã, a indústria de defesa nacional francesa, outrora pujante, foi reduzida à condição de fornecedora de componentes elementares para a produção de equipamentos e armamentos das forças nazistas. O renascimento desse setor ocorreu somente após o término da Segunda Guerra Mundial, no contexto da reconstrução da indústria manufatureira nacional. Nesse período, foram criadas duas empresas estatais: a Société Nationale des Constructions Aéronautiques du Sud-Est (SNCASE) e a Société Nationale des Constructions Aéronautiques du Sud-Ouest (SNCASO). Ambas resultaram da nacionalização de pequenas empresas privadas na década de 1930, como parte de um esforço estratégico para consolidar a indústria aeronáutica francesa em centros regionais de desenvolvimento e produção. Esse movimento não apenas restabeleceu empresas tradicionais, mas também propiciou o surgimento de novos conglomerados industriais e produtos que, nas décadas seguintes, alcançariam reconhecimento mundial, especialmente no setor aeronáutico. Destaca-se, nesse contexto, a produção de aeronaves de asas rotativas, que se beneficiou de significativos incentivos e investimentos governamentais. Além disso, parte considerável do conhecimento técnico foi adquirida por meio da fabricação de aeronaves sob licença de origem norte-americana e britânica, processo liderado pela SNCASE e pela SNCASO. Com base nesses acordos de produção licenciada, a indústria aeronáutica francesa alcançou rapidamente um nível de independência tecnológica, materializado no desenvolvimento de projetos nacionais. Entre estes, o mais notável foi o helicóptero Alouette II, projetado pela SNCASE e equipado com um motor turboeixo. Sua estreia operacional ocorreu em março de 1955, e o modelo, juntamente com suas versões subsequentes, permaneceu em produção até 1975. O Alouette II conquistou uma expressiva participação no mercado internacional de helicópteros de pequeno porte, consolidando a posição da França nesse segmento. Em 1º de março de 1957, a SNCASE e a SNCASO iniciaram um processo de fusão, dando origem à Sud Aviation (Société Nationale de Constructions Aéronautiques du Sud). A SNCASE já possuía experiência na fabricação de aeronaves como o avião de passageiros SNCASE Languedoc e o caça De Havilland Vampire, produzido sob licença como SNCASE Mistral. Em 1951, a empresa havia iniciado o desenvolvimento de um novo jato comercial, que se tornaria o emblemático Caravelle. A SNCASO, por sua vez, contribuiu com sua expertise em diversos projetos, complementando as competências da SNCASE. A fusão resultou em uma empresa mais robusta, capaz de competir no cenário aeroespacial global e de impulsionar o desenvolvimento de projetos inovadores que marcaram a história da aviação.

O êxito do Aérospatiale Alouette II, pioneiro entre os helicópteros movidos a turbina, abriu caminho para o desenvolvimento de uma aeronave ainda mais robusta e capaz de suportar maiores cargas. Assim nasceu o Aérospatiale Alouette III, designado como SA 316 ou SA 319 em suas variantes, que realizou seu voo inaugural em 28 de fevereiro de 1959 e entrou em serviço em 1961. Projetado para atender à demanda por um helicóptero versátil, capaz de operar em condições extremas, como grandes altitudes e climas rigorosos, o Alouette III consolidou-se como um marco na aviação de asas rotativas. Em 1965, uma colaboração anglo-francesa foi estabelecida com o objetivo de desenvolver um substituto para a versão militar do Alouette III. Dessa parceria surgiu o Aérospatiale SA341/SA342 Gazelle, um helicóptero leve e ágil que veio a equipar as forças armadas da França e do Reino Unido. Apesar de seu sucesso no mercado militar, o elevado custo de aquisição e operação limitou sua adoção no setor civil internacional. Com base na experiência adquirida com o Gazelle, a equipe de engenharia da Aérospatiale voltou-se para um novo desafio: conceber um helicóptero que combinasse inovação tecnológica com acessibilidade econômica. Para tanto, realizou extensas pesquisas de mercado junto a potenciais operadores, que destacaram três requisitos fundamentais: baixos níveis de ruído e vibração, maior capacidade de transporte e custos operacionais reduzidos. Esses parâmetros seriam essenciais para posicionar a nova aeronave como uma alternativa competitiva ao principal rival no mercado global, o norte-americano Bell 206 Jet Ranger. O projeto resultante apresentou um helicóptero monoturbina com capacidade para até cinco ocupantes, incluindo piloto e passageiros. Incorporando avanços em aviônica, a aeronave foi desenhada para oferecer custos de aquisição e manutenção significativamente inferiores aos do SA341/SA342 Gazelle. Inspirando-se em técnicas da indústria automotiva, a Aérospatiale integrou componentes compartilhados com veículos das marcas Citroën e Renault, além de adotar o inovador sistema Starflex para o rotor principal. Esse sistema, aliado a uma construção eficiente, conferiu à aeronave um desempenho excepcional, com baixo custo operacional, tornando-a ideal para uma ampla gama de missões civis e militares. O protótipo, batizado como Aérospatiale AS350-001, realizou seu primeiro voo em 27 de junho de 1974, sob o comando do piloto de testes Daniel Bernard Certain Bauchart. Equipado com um moderno motor turboeixo Lycoming Avco LTS-101, capaz de gerar 592 shp, o Aérospatiale AS350 demonstrou desde o início sua versatilidade e eficiência, marcando o início de uma nova era para a Aérospatiale.
Após sua apresentação oficial, o Aérospatiale AS350 foi submetido a um rigoroso programa de testes e ensaios em voo, cuja fase inicial revelou limitações na potência do motor norte-americano originalmente instalado. Para superar esse obstáculo, a equipe de engenharia optou pela substituição pelo motor francês Turbomeca Arriel 1B, que oferecia 641 shp e havia sido projetado especificamente para helicópteros leves. Essa decisão estratégica provou-se acertada, e o segundo protótipo, já equipado com o novo motor, realizou seu voo inaugural em 14 de fevereiro de 1975. Esse motor foi escolhido para a versão principal (AS350B) devido ao melhor desempenho em relação ao Lycoming, que era menos potente para certas condições. Durante os extensos ensaios, diversas melhorias técnicas foram implementadas, culminando na versão final de produção. Com o objetivo de atender aos padrões internacionais, três células do helicóptero foram produzidas para os processos de certificação. Em 1977, após obter as aprovações necessárias, o modelo, agora batizado como Aérospatiale AS350B Écureuil (Esquilo), foi lançado nos mercados europeu e norte-americano. Sua combinação de desempenho, confiabilidade e custos operacionais reduzidos rapidamente atraiu o interesse de operadores privados, resultando em uma crescente demanda. A partir de 1978, o Aérospatiale AS350 Écureuil consolidou sua presença com a celebração de contratos governamentais significativos nos dois continentes, especialmente para missões policiais e de socorro aeromédico. O sucesso no mercado civil e paramilitar incentivou a Aérospatiale a desenvolver uma variante militar, voltada principalmente para o treinamento e conversão de pilotos, com funções secundárias como transporte de autoridades (VIP), ligação e observação. Nascia assim o Aérospatiale AS350 BB uma variante específica do helicóptero AS350 Écureuil (atualmente Airbus Helicopters H125), projetada principalmente para atender às necessidades do mercado britânico, em particular para treinamento e operações específicas da Força Aérea Real do Reino Unido (RAF). Para atender aos requisitos de desempenho militar, essa versão foi equipada com o motor Turbomeca Arriel 1D, que entregava 684 shp, conferindo um desempenho ligeiramente superior ao da versão civil. O novo modelo foi configurado com controles duplos robustos e sistemas simplificados para facilitar o aprendizado de pilotos novatos. Inclui instrumentação adaptada para treinamento militar, com sistemas de navegação e comunicação compatíveis com os padrões da RAF. O Aérospatiale  AS350 BB foi selecionado em 1979 pela DHFS Defence Helicopter Flying School (DHFS) (hoje parte do sistema de treinamento do Reino Unido) para formar pilotos de helicóptero das Forças Armadas Britânicas. Após sua introdução passaria a substituir helicópteros mais antigos, como o Westland SA341 Gazelle, em programas de treinamento militar, além de oferecer uma plataforma versátil para outras missões civis e militares no Reino Unido. Operado pela FB Heliservices (atual Cobham Helicopter Services), foi usado extensivamente na base de Força Aérea Real em  Shawbury. 

Assim, logo após a certificação internacional dos protótipos do AS-350, a Aérospatiale deu início aos estudos para o desenvolvimento de uma variante bimotora. A estratégia da empresa foi maximizar a padronização com o modelo monomotor, utilizando componentes e sistemas já testados, o que não apenas reduziu custos e prazos de desenvolvimento, mas também facilitou a integração na cadeia logística e de manutenção já estabelecida. Esse enfoque resultou em um processo de desenvolvimento ágil, culminando no primeiro voo do protótipo do AS-355 em 28 de setembro de 1979.O AS-355E Ecureuil 2 foi projetado para manter a essência do AS-350, mas com melhorias significativas voltadas para a segurança e o desempenho. A aeronave foi equipada com dois motores turboeixo Allison 250-C20F, cada um desenvolvendo 420 shp (cavalos de potência no eixo), que proporcionavam maior potência e redundância em comparação com o modelo monomotor. A escolha desses motores foi estratégica, pois eles já eram amplamente utilizados e reconhecidos pela confiabilidade, o que facilitava a manutenção e o fornecimento de peças. O sistema hidráulico de controle do AS-355E era simples, projetado para garantir uma operação eficiente sem comprometer a segurança. Essa característica foi particularmente apreciada por operadores que buscavam um equilíbrio entre desempenho e facilidade de manutenção. Durante os ensaios em voo, realizados logo após o primeiro voo do protótipo, a Aérospatiale identificou oportunidades de aprimoramento, resultando em pequenas modificações que foram incorporadas rapidamente ao projeto, garantindo a robustez do modelo antes da produção em série. A produção em série do AS-355E Ecureuil 2 marcou o início de uma nova fase para a família Ecureuil. A aeronave foi bem recebida no mercado, especialmente em setores que exigiam alta confiabilidade, como transporte de passageiros, operações médicas de emergência (HEMS) e missões policiais. A configuração bimotora permitia que o helicóptero operasse em condições mais exigentes, como voos sobre áreas urbanas densas ou corpos d’água, onde a segurança era uma prioridade absoluta.Posteriormente, a Aérospatiale lançou a versão AS-355F Ecureuil 2, que introduziu um sistema hidráulico duplo de controle, aprimorando ainda mais o desempenho e a segurança em voo. Essa evolução refletiu o compromisso da fabricante em atender às necessidades de operadores que buscavam maior sofisticação e robustez operacional. Ao final da década de 1980, o AS-355E e suas variantes já haviam conquistado um espaço significativo no mercado global. A combinação de segurança, desempenho e custos operacionais competitivos tornou o modelo uma escolha popular em diversos países. A padronização com o AS-350 permitiu que operadores se beneficiassem de uma cadeia de suprimentos consolidada, reduzindo os custos de manutenção e peças de reposição. Além disso, a crescente frota de helicópteros Ecureuil contribuiu para a criação de uma rede global de suporte técnico, o que reforçou a confiança no modelo.
O sucesso comercial do AS-355E também abriu portas para sua adaptação em missões militares. A Aérospatiale vislumbrou o potencial da aeronave bimotora em aplicações especializadas, como ataque ao solo, apoio aéreo aproximado, patrulha marítima, guerra antissubmarino (ASW), ataque antinavio (ASM) e busca e salvamento de combate (Combat-SAR).  O objetivo era transformar o helicóptero em uma plataforma capaz de operar em cenários exigentes, mantendo a eficiência operacional e a facilidade de manutenção características da família Ecureuil. As principais modificações incluíram: Reforços Estruturais e Blindagem: Para suportar as condições adversas de operações militares, o AS-355E recebeu reforços estruturais em sua fuselagem. Áreas críticas, como o grupo motriz e a cabine, foram protegidas com blindagem, incluindo piso e assentos blindados para os tripulantes, garantindo maior segurança em ambientes hostis. Motores Mais Potentes: A substituição dos motores originais Allison 250-C20F (420 shp cada) pelo Turbomeca Arriel 2-B, com 847 hp, foi uma das melhorias mais significativas. Aviônica Avançada: A aeronave foi equipada com sistemas aviônicos mais sofisticados, projetados para operações de combate. Isso incluía sistemas de navegação e comunicação compatíveis com missões táticas, além de preparação para integração de óculos de visão noturna (NVG) e sistemas de imageamento diurno e noturno, como câmeras térmicas e sensores infravermelhos. Sistemas de Defesa Passiva: Para aumentar a sobrevivência em cenários de combate, o AS-355E militar foi equipado com dispositivos de contramedidas, como dispensadores de chaff e flare, destinados a desviar mísseis guiados por calor ou radar. Armamento Modular: A aeronave foi adaptada para receber uma variedade de sistemas de armas, permitindo sua configuração para diferentes tipos de missões. Em 1992 um processo de fusão englobaria as divisões de produção de aeronaves de asas rotativas da empresa francesa Aérospatiale e da alemã Messerschmitt-Bölkow-Blohm, nascendo assim a European Aeronautic Defence and Space Company (EADS). Novamente seria adotada um sistemática de identificação diferente, renomeando as versoes militares como "Fennec" (Raposa), distinguindo assim da versão civil "Écureuil" (Esquilo). As versões de maior destaque seriam a AS550 C2 Fennec, AS550 U2 Fennec e AS550 C3 Fennec. Os primeiros contratos de exportação seriam celebrados ainda no ano de 1990, envolvendo entregas para as forças armadas da França, Argentina, Brasil, Colômbia, Argélia, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Malásia, México, Singapura, Paquistao, Uberquistao e China (versão produzida localmente do Z-11). Esta família de aeronaves designada comercialmente em 2005 como Airbus H-125, permanece em produção contínua  até os dias atuais, acumulando mais de três mil e setecentas células entregues ao mercado civil, forças de segurança e também a mais de quarenta forças armadas militares ao redor do mundo. Apesar da idade da maioria das células remanescentes, constantes programas de retrofit estrutural e modernizações garantem que esta família de aeronaves de asas rotativas ainda se manterá na ativa por mais pelo menos  vinte e cinco anos.

Emprego na Marinha do Brasil.
A utilização  de aeronaves de asas rotativas na Aviação Naval teve sua gênese em 1952 com a criação da Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), tendo como seu primeiro vetor quatro anos mais tarde duas células do modelo Westland WS-51/2 Widegon. A seguir mais helicópteros de outros modelos  seriam incorporados, porém desde  meados da década de 1960, o comando da Aviação Naval da Marinha do Brasil reconheceu que a solução para os desafios logísticos relacionados à manutenção de sua frota de helicópteros passava pela criação de uma indústria nacional dedicada à fabricação de aeronaves de asas rotativas. Essa visão estratégica começou a ganhar forma com a fundação da Embraer S/A, em 1969, e avançou significativamente em 1973, quando o Instituto de Fomento Industrial do Centro Técnico Aeroespacial (IFI-CTA) assumiu a liderança na organização de um projeto para estabelecer uma empresa voltada à produção de helicópteros no Brasil. No que diz respeito às necessidades da Marinha do Brasil, os esforços iniciais concentraram-se na possibilidade de a Embraer produzir, sob licença, o helicóptero Aérospatiale-Westland Gazelle, uma aeronave consolidada no mercado internacional. Contudo, avaliações técnicas revelaram que as linhas de montagem da Embraer, otimizadas para aeronaves de asa fixa, não se adequavam à complexidade da fabricação de helicópteros. Diante desse obstáculo, o Instituto de Fomento Industrial do CTA, em parceria com a Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), passou a buscar alternativas no mercado global, iniciando contatos com diversos fabricantes de helicópteros e solicitando propostas para a produção local. Entre as empresas que responderam ao chamado, a francesa Aérospatiale destacou-se pela proatividade e visão estratégica. Inicialmente, a companhia propôs a produção de uma versão customizada do AS-315B Lama, um helicóptero robusto, mas já ultrapassado para as demandas brasileiras. Após análises, a escolha recaiu sobre o AS350 Écureuil, um modelo mais moderno, versátil e alinhado às necessidades operacionais da Marinha e do mercado civil. As negociações envolveram o governo federal, o governo do estado de Minas Gerais, a empresa Serviços Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul e a Aérospatiale. Esse processo culminou, em abril de 1978, na assinatura de um acordo histórico para a criação da Helicópteros do Brasil S/A (Helibras), uma empresa de capital misto com 45% de participação da Aérospatiale e 55% de capital brasileiro, distribuído entre a Companhia de Distritos Industriais de Minas Gerais, a Serviços Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul e a Minas Gerais Participações. A escolha da cidade de Itajubá, no interior de Minas Gerais, para a instalação da planta fabril foi estratégica, combinando incentivos econômicos, localização favorável e potencial para o desenvolvimento industrial regional. Como protagonista no apoio à criação da Helibras, a Marinha do Brasil posicionou-se naturalmente como um dos primeiros clientes da nova empresa. A primeira aeronave, registrada com a matrícula N-7051, foi submetida a testes de voo na França e entregue oficialmente a representantes da Marinha do Brasil em maio de 1979.

Em junho do mesmo ano, o helicóptero foi desmontado e transportado por via aérea ao Brasil, desembarcando no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, São Paulo. No local, foi recebido por oficiais do Grupo de Fiscalização e Recebimento de Helicópteros (GFRH), responsáveis por supervisionar o processo de incorporação. De Campinas, a aeronave foi transportada por via terrestre até o Centro Técnico Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos, onde a Helibras operava instalações provisórias.  Após a conclusão dessa etapa, o UH-12 foi submetido a um rigoroso programa de ensaios em voo, conduzido sob a supervisão da Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM). Esse processo, que visava garantir a conformidade técnica e a prontidão operacional da aeronave, estendeu-se por cinco meses, culminando na sua incorporação oficial ao 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (EsqdHU-1), sediado na Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia, Rio de Janeiro, no final de 1979. As cinco aeronaves restantes previstas no contrato, com matrículas N-7052, N-7053, N-7054 e N-7055, foram montadas diretamente no Brasil, nas instalações da Helibras. Essas unidades foram incorporadas à frota da Aviação Naval até março de 1980, ampliando a capacidade operacional do EsqdHU-1. Na primeira metade da década de 1980, a Aviação Naval do Brasil, embora já operasse uma frota significativa de helicópteros, identificou a necessidade de incorporar aeronaves de asas rotativas bimotoras para atender às demandas de transporte e missões de emprego geral. Essa decisão foi motivada pela necessidade de superar as limitações operacionais observadas nos helicópteros Westland UH-2 Wasp e Helibras UH-12 Esquilo, especialmente no contexto do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR). As condições extremas do ambiente antártico, marcadas por adversidades climáticas e meteorológicas, exigiam uma aeronave com maior segurança operacional, característica que somente um helicóptero bimotor poderia proporcionar de forma consistente. Com base nessa necessidade estratégica e após a liberação de recursos orçamentários, a Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM) iniciou um processo meticuloso de avaliação das opções disponíveis no mercado internacional. Esse estudo foi conduzido em paralelo a outro processo de aquisição, voltado para a obtenção de helicópteros de transporte de médio porte. A Marinha priorizou propostas comerciais e técnicas que oferecessem uma solução integrada, capaz de atender de forma abrangente às demandas de ambas as categorias de aeronaves, otimizando recursos e garantindo eficiência operacional. Em setembro de 1984, a DAerM apresentou um relatório final que apontava a proposta da empresa francesa Aérospatiale como a mais vantajosa. O documento destacava dois modelos: o AS-332 Super Puma, para a categoria de transporte médio, e o AS-355 F2 Ecureuil 2, como a solução ideal para a necessidade de um helicóptero bimotor leve. A escolha refletia não apenas o desempenho técnico superior dos modelos, mas também a capacidade da Aérospatiale de oferecer um pacote completo, incluindo suporte logístico e manutenção, aspectos cruciais para operações em ambientes desafiadores como a Antártida.
As negociações avançaram rapidamente, culminando na assinatura de um  contrato firmado em março de 1985 entre o Ministério da Marinha do Brasil e a Aérospatiale, no âmbito do Programa Charcot, previa a aquisição de seis helicópteros AS-332 Super Puma e onze AS-355 F2 Ecureuil 2, este último com um custo unitário de US$ 1.543.096,00. As aeronaves AS-355 F2 foram encomendadas não apenas com a configuração padrão de aviônica, mas também equipadas com tecnologias avançadas para atender às exigências operacionais da Aviação Naval. Entre os sistemas embarcados, destacavam-se o moderno radar meteorológico Bendix 1400C e os avançados sistemas de rádio VHF/UHF e AM/FM AN/ARC-182, garantindo maior precisão e segurança em missões críticas. Adicionalmente, quatro das onze células foram entregues já com a pintura de alta visibilidade padrão antártico, adequada às operações no ambiente extremo da Antártida. O primeiro helicóptero AS-355 F2, designado pela Aviação Naval como UH-13, foi recebido em agosto de 1986 nas instalações da Aérospatiale em Marignane, França. A aeronave passou por uma rigorosa inspeção conduzida pelo Grupo de Fiscalização e Recebimento de Helicópteros (GFRH) antes de ser liberada. Posteriormente, todas as onze unidades foram transportadas por via naval ao Brasil, chegando à Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA), onde foram montadas por equipes técnicas da Helibras S/A em conjunto com mecânicos do 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1). Em um esforço coordenado, todas as aeronaves foram declaradas plenamente operacionais até o final de junho de 1987, marcando um avanço significativo na capacidade operacional da Aviação Naval. Apesar das diferenças técnicas em relação ao UH-12 Esquilo, a transição para o UH-13 foi conduzida de forma eficiente. O processo de qualificação dos pilotos e tripulantes do HU-1 transcorreu de maneira fluida, graças à familiaridade com a família Ecureuil e ao suporte técnico oferecido pela Aérospatiale e pela Helibras. Contudo, em 3 de junho de 1988, um lamentável acidente resultou na perda de uma célula do UH-13 Esquilo , que colidiu com as águas da Lagoa de Araruama, no Rio de Janeiro, durante uma aproximação para pouso na BAeNSPA. Apesar desse revés, a introdução do UH-13 na Aviação Naval seguiu como planejado, consolidando sua relevância em operações estratégicas. O UH-13 Esquilo provou seu valor logo em sua estreia operacional, com destaque para sua participação no Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR). Em 17 de novembro de 1987, durante a Operação Antártica IV, o helicóptero foi embarcado no navio H-42 Barão de Teffé, onde permaneceu em operação até abril do ano seguinte. A partir dessa missão, o UH-13 tornou-se presença constante nas operações antárticas, inicialmente a bordo do H-42 e, posteriormente, no Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel (H-44). Sua configuração bimotora e os sistemas avançados garantiam segurança e eficiência em um dos ambientes mais desafiadores do planeta.

Além das missões antárticas, os UH-13 Esquilo foram amplamente empregados em apoio à Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN), operando em diversos pontos do território nacional. Com uma capacidade de carga externa significativamente superior à do UH-12 Esquilo monomotor, o UH-13 destacou-se como a plataforma ideal para o transporte de equipamentos e materiais que excediam as limitações de seu antecessor. Essa versatilidade permitiu que o helicóptero desempenhasse um papel essencial em missões logísticas e de apoio, reforçando a capacidade operacional da Marinha do Brasil. Os helicópteros UH-13 Ecureuil 2, operados pelo 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (EsqdHU-1) da Marinha do Brasil, destacaram-se por sua versatilidade em uma ampla gama de missões, incluindo busca e salvamento, ligação e observação, remoção aeromédica e transporte logístico. A partir da década de 1990, esses helicópteros passaram a integrar, com crescente frequência, os destacamentos aéreos embarcados a bordo das fragatas e corvetas da Esquadra Brasileira, consolidando seu papel em operações marítimas. Durante esse período, em razão do programa de modernização dos helicópteros Westland SAH-11 Sea Lynx, os UH-13 Esquilo foram temporariamente embarcados nas fragatas da classe Niterói, desempenhando missões de esclarecimento marítimo e observação de tiro naval. Com o avanço da modernização dos Sea Lynx, essas atividades passaram a se concentrar, em grande parte, nas corvetas da classe Inhaúma, onde os UH-13 continuaram a demonstrar sua eficácia em operações embarcadas. Ao longo de sua trajetória operacional, a frota de UH-13 enfrentou desafios, incluindo a perda de duas células em acidentes. O primeiro incidente envolveu o UH-13 de matrícula N-7059, perdido em 5 de junho de 1987, na Lagoa de Araruama, RJ, conforme registrado anteriormente. Um segundo acidente ocorreu em dezembro de 1989, mas, anos mais tarde, essa célula foi reconstruída nas instalações da Helibras em Itajubá, Minas Gerais, e reintroduzida em serviço como um UH-12 (HB350 BA). Além disso, em 8 de dezembro de 2005, a aeronave de matrícula N-7061 foi doada à Armada Nacional do Uruguai, sendo rematriculada como Armada 071, demonstrando a cooperação internacional entre as forças navais. Os UH-13 também se destacaram como plataformas de armas, sendo empregados em missões de treinamento e em apoio a operações de desembarque do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). Um exemplo notável foi sua atuação na Campanha de Lançamento do Míssil AIM-9 Sidewinder, em conjunto com as aeronaves McDonnell Douglas AF-1/1A Skyhawk do 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1), onde os UH-13 Esquilo serviram como lançadores de alvos, contribuindo para o sucesso dos exercícios.
Apesar de sua comprovada eficiência, o desgaste operacional das células, agravado pelas rigorosas condições do ambiente marítimo, levou o comando da Força Aeronaval a iniciar estudos para a substituição das aeronaves de asas rotativas leves. Esse processo foi incorporado ao Programa Helicópteros de Emprego Geral de Pequeno Porte (UHP), desenvolvido pela Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM) a partir de 2015. O programa visava modernizar a frota, garantindo a continuidade das operações com maior eficiência e segurança, em resposta às demandas operacionais crescentes. O Programa Helicópteros de Emprego Geral de Pequeno Porte (UHP), concebido pela Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), demandava um planejamento detalhado e um orçamento significativo, o que implicava um cronograma extenso para sua implementação. Contudo, a urgência pela substituição dos helicópteros UH-13 Ecureuil 2, que haviam servido com distinção por mais de três décadas, tornou-se evidente. Essas aeronaves desempenharam um papel fundamental no Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), operando em um dos ambientes mais inóspitos do planeta. No entanto, após mais de trinta anos de serviço, a frota de UH-13 apresentava uma redução significativa no número de células operacionais, agravada pela obsolescência de seus sistemas aviônicos. Essa condição comprometia a segurança e a eficiência das operações, especialmente nas exigentes condições da Antártida.Diante desse cenário, a Marinha optou por avaliar oportunidades de aquisição no mercado internacional, uma estratégia que culminou na compra de três helicópteros Airbus H135 T3. Essa aquisição marcou o início do declínio da era operacional dos UH-13 Ecureuil 2. O processo de desativação gradual dessas aeronaves teve início durante a 38ª Operação Antártica (OPERANTAR XXXVIII), em 25 de outubro de 2019, quando duas unidades do UH-13 foram embarcadas no Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel (H44), que acompanhou o Navio Polar Almirante Maximiano (H41) em uma expedição ao continente antártico. O término dessa operação, em abril de 2020, marcou o fim de 32 anos de operação ininterrupta dos UH-13 no âmbito do PROANTAR. Esse momento abriu espaço para o início das operações com os novos Airbus UH-17, que passaram a assumir as responsabilidades antes desempenhadas pelos UH-13. Apesar da desativação no contexto antártico, as células remanescentes do UH-13, ainda operadas pelo 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (EsqdHU-1), continuam em serviço, cumprindo missões variadas dentro do escopo da unidade. Essas aeronaves permanecerão ativas até que sejam plenamente substituídas por um novo vetor de asas rotativas, a ser selecionado no âmbito do Programa UHP. O legado dos UH-13 Ecureuil 2 na Aviação Naval brasileira é inegável. Por mais de três décadas, essas aeronaves foram pilares do PROANTAR e de outras operações, enfrentando desafios extremos com resiliência e confiabilidade. Sua substituição, embora necessária, marca o encerramento de uma era significativa, mas também sinaliza o compromisso da Marinha do Brasil com a modernização e a segurança de suas operações aeronavais.

Em Escala.
Para representar o helicóptero Aérospatiale AS-355 F2 Ecureuil 2, designado pela Aviação Naval da Marinha do Brasil como UH-13 “MB 7065”, utilizamos um modelo artesanal confeccionado em resina, na escala 1/48 (ou possivelmente 1/50, conforme aparenta). Este modelo,  provavelmente derivado do kit original da Heller do AS-350, necessitou de algumas alterações para representar o modelo exato empregado na Marinha do Brasil.  Os exaustores laterais das turbinas foram ajustados, e dois exaustores adicionais foram incorporados na parte superior da aeronave, garantindo maior fidelidade à versão operacional. Além disso, os esquis de pouso foram substituídos pelos componentes originais do kit Heller. Para a aplicação das marcações, utilizamos decais do conjunto 48/07B da FCM Decals, que reproduzem com precisão os detalhes visuais do UH-13. No entanto, para corresponder à matrícula específica “MB 7065”, os numerais foram adaptados com decais provenientes de outros conjuntos, permitindo uma representação fiel e personalizada da aeronave.
O esquema de cores, baseado no padrão Federal Standard (FS), descrito a seguir, corresponde à pintura de alta visibilidade aplicada aos helicópteros Aérospatiale AS-355 F2 Ecureuil 2, designados UH-13 Esquilo, utilizados no âmbito do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR). Esse padrão foi cuidadosamente desenvolvido para atender às exigências das operações no continente antártico, onde a visibilidade é essencial em meio às condições extremas e ao ambiente predominantemente branco e inóspito. Por outro lado, as demais células do UH-13, não destinadas ao PROANTAR, adotavam o esquema de pintura padrão utilizado pelos helicópteros Helibras UH-12 Esquilo em serviço no 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (EsqdHU-1).


Bibliografia :
- Eurocopter AS 355  Wikipédia - http://en.wikipedia.org/wiki/Eurocopter_AS355
- O Tudão Esquadrão HU-1 – Revista Força Aérea Nº 70
- O Esquadrão HU-1 na OPERANTAR - https://www.marinha.mil.br/secirm/pt-br/proantar/aeronaval
Aeronaves Militares Brasileiras 1916 / 2015  - Jackson Flores Jr