Marder 1A2 - Sistema SAM Roland II

 

História e Desenvolvimento. 
Durante a Segunda Guerra Mundial a indústria militar alemã se manteria na vanguarda da tecnologia, produzindo em larga escala  lendários modelos de carros de combate, denominados popularmente como "Panzer ou Panzerkampfwagen". O emprego destes em conjunto com outros modelos de veículos blindados especializados seriam o componente fundamental da doutrina Blitzkrieg (Guerra Relâmpago), que nas fases iniciais do conflito proporcionariam retumbantes vitórias. No período pós-guerra a Alemanha Ocidental permaneceria completamente desmilitarizada, sendo vetada neste momento a constituição de   instituições militares, mesmo para autodefesa, com sua outrora pujante indústria automotiva passando a focar seus esforços no mercado comercial. No entanto o antigo território alemão seria transformado em uma região de grande tensão, representando a principal linha de frente no conflito da Guerra Fria, entre as forças do Pacto de Varsóvia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Este cenário levaria junto ao comando a decisão de se revisionar o conceito da proibição de constituição de forças de defesa da Alemanha Ocidental, tendo em vista a necessidade de se reforçar as defesas da região, para assim fazer frente a constante ameaça representadas pelas forças dos países do bloco soviético. Desta maneira no dia 12 de novembro de 1955 seria promulgada dentro da constituição, as normativas que constituiriam a nova estrutura das forças armadas da República Federal da Alemanha, sendo composta pelo Deutsches Heer (Exército Alemão), Deutsche Marine (Marinha Alemã) e a Deutsche Luftwaffe (Força Aérea Alemã). De imediato seria iniciado um vasto programa de rearmamento, sendo fornecidos principalmente, equipamentos, armas, veículos, aeronaves, navios, blindados, e carros de combate de origem norte-americana. Em termos de carros de combate, o recém-criado Exército Alemão (Deutsches Heer) passaria a ser equipado imediatamente, com uma respeitável frota composta pelos modelos M-41 Walker Buldog, M-47 Paton e M-48 Paton.  Porém neste mesmo momento, estes carros de combate já se mostravam inadequados frente as ameaças representadas pelos modelos T-44, T-54 e T-55 que equipavam as forças blindadas do Pacto de Varsóvia. A solução para atendimento a esta demanda ainda neste momento não estava disponível para emprego junto aos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), apesar de existirem projetos em desenvolvimento como o norte-americano MBT T-95.  Esta realidade motivaria o governo alemão a retomar sua indústria de defesa, sendo iniciados estudos ao final desta década, visando assim o desenvolvimento de projetos nacionais englobando uma variada gama de veículos blindados, desde carros de combate, transporte e versões especializadas de serviço.   

O foco inicial desta iniciativa seria concedido ao desenvolvimento de um MBT (Main Battle Tank), com suas especificações de projeto sendo definidas em 1956, baseadas na necessidade de se superar os novos T-54 e T-55. Estas abrangiam um veículo na ordem de mais trinta toneladas, devendo ter alta mobilidade como prioridade em detrimento ao poder de fogo, e por isso sendo dotado com um canhão de 105 mm. Diversos seriam galgados neste processo, e finalmente a partir de meados do ano de 1965 começariam a ser entregues as unidades de cavalaria blindada do Exército Alemão (Deutsches Heer), os primeiros carros de combate do modelo Leopard 1. Rapidamente seu emprego operacional conquistaria grande notoriedade passando a despertar o interesse de outras nações pelo modelo (além da Itália), gerando assim grandes contratos de exportações para a Bélgica, Holanda, Noruega, Itália, Dinamarca, Austrália, Canada, Turquia e Grécia. O grande êxito deste programa motivaria o governo alemão em fins da década de 1960, a investir recursos em um novo projeto, agora visando o desenvolvimento de um novo veículo blindado dedicado a tarefas de transporte de tropas, que pudesse acompanhar no campo de batalha os novos carros de combate Leopard 1. Porém neste contexto buscava-se também criar uma plataforma comum que pudesse ser aplicada no desenvolvimento de mais versões especializadas de combate ou serviço. Após a definição dos objetivos deste programa, seu projeto seria direcionado ao recém-formado consorcio internacional, composto pela empresa alemã Rheinmetall Landsysteme (Rheinstahl-Hanomag, Ruhrstahl, Witten-Annen, Büro Warnecke) e a suíça Mowag Motor Car Factory. Neste momento um contrato seria celebrado com o governo alemão, para a produção de cinco protótipos, do novo "veículo de combate de infantaria". Estes carros seriam disponibilizados para o emprego em um programa de ensaios e testes de campo entre os anos de 1961 e 1963. Este processo apresentaria uma série de correções e melhorias de projeto, com uma versão aprimorada deste modelo recebendo em 1967 mais um contrato para a produção de dez blindados para avaliação. A partir desta data o programa passaria a ser capitaneado pela empresa Henschel Werke, mantendo ainda a parceria com a Mowag Motor Car Factory. Os novos veículos de testes passariam a ser entregues ao Exército Alemão (Deutsches Heer) em outubro de 1968, sendo imediatamente empregados em um novo ciclo de testes e avaliações, resultando em novas alterações e melhorias no projeto do modelo. Em maio do ano de 1969 o novo  "veículo de combate de infantaria" receberia o nome de batismo de Marder (ou Marten em alemão), sendo liberado assim para a produção em série. 
O modelo inicial de produção do Marder 1 apresentava um design relativamente convencional, com o assento do motorista se localizando no lado esquerdo da frente do veículo, com conjunto motriz ficando posicionado à sua direita.  Em termos do conjunto mecânico um motor diesel refrigerado a líquido de seis cilindros MTU MB 833 Ea-500 que fornecia aproximadamente 441 kW (600 PS; 591 hp) a 2.200 rpm. Os radiadores de resfriamento são montados na parte traseira do casco em ambos os lados da rampa de saída. O motor é acoplado a uma caixa de engrenagens planetárias HSWL 194 de quatro velocidades da Renk, com quatro marchas à frente e quatro à ré. A transmissão também fornecia direção e frenagem através de uma unidade hidrostática variável, que transmitia energia para duas unidades de acionamento montadas na frente do casco do blindado.  O veículo transportava ainda 652 litros de combustível, concedendo uma autonomia de cerca de 500 quilómetros em terreno regular. Suas versões posteriores, podiam atingir uma velocidade de estrada de 75 km/h na quarta marcha, porém este desempenho seria reduzido para 65 km/h com o emprego de blindagem extra. Seu casco era totalmente confeccionado em placas de aço soldado, proporcionando aos passageiros e tripulantes relativa proteção contra incêndios e fragmentos munição, suportando tiros de armas automáticas de médio de calibre.  Para autodefesa estaria equipado com um metralhadora de MG3 de 7,62 mm , podendo ainda empregar kits especiais com sistemas de proteção contra radiação, armas biológicas e químicas podendo operar nos mais diversos hipotéticos cenários de conflagração na Europa. Podia transportar até doze soldados totalmente equipados, com seu acesso e saída sendo rapidamente proporcionado por grande porta traseira com acionamento hidráulico e por três escotilhas superiores. Podia ainda transpor sem preparação cursos de 1,5 metros de água e podia ainda ser equipado com um kit especial que lhe permitiria a passagem em cursos de água de  até 2,5 metros de profundidade. Em 12 de outubro de 1968, o governo da Alemanha Ocidental celebraria um contrato com a Rheinmetall Landsysteme envolvendo a compra de um lote inicial de cem carros,  que deveriam ser produzidos por suas empresas subsidiarias a Thyssen-Henschel e Krupp MaK. Em 7 de maio de 1971, os primeiros cinco Marder 1 IFV seriam formalmente entregues ao comando do Exército Alemão (Deutsches Heer), sendo destinado a compor os regimentos de infantaria mecanizada (Panzergrenadier).   

Ao longo dos anos seguintes mais carros seriam incorporados, totalizando dois mil quatrocentos e treze veículos até o ano de 1975, neste momento devido a importância do modelo para a força terrestre alemã, seriam estudadas alternativas para a melhorias de sua capacidade de sobrevivência no campo de batalha. Neste contexto seria incorporado ao Marder 1, o sistema francês de míssil anticarro guiado por fio MILAN (Missile d'Infanterie, Léger, Antichar - Míssil de Infantaria, Ligeiro, Anticarro).  Em testes campo seriam coletados dados extremamente positivos, levando a partir de 1977 a implementação desta modificação em toda a frota em operação no   Exército Alemão (Deutsches Heer). Em 1979 seria desenvolvida a versão Marder 1A1, que passava a apresentar uma série de melhorias, entre estas, destacava-se a adoção do canhão automático Rheinmetall MK 20 Rh202 de 20 mm, disposto em uma pequena torre de operada por dois homens podendo disparar variados tipos de munição anti pessoal ou blindagem. Uma metralhadora MG3 de 7,62 mm estava montada coaxialmente à esquerda do canhão, normalmente o Mader 1A1 dispunha de 1.250 rodadas para o canhão de 20 mm e 5.000 rodadas para a metralhadora MG3 de 7,2 mm. Esta torre apresentava uma   rotação de 360 graus, podendo elevar-se  de -17 graus a + 65 graus,  a uma velocidade de 40 graus por segundo, ao mesmo tempo que atravessa a uma velocidade de 60 graus por segundo. As versões mais recentes apresentariam uma segunda metralhadora MG3 de 7,2 mm montado no deck traseiro em um sistema de pod remoto controlado. Vários programas de atualização foram realizados, resultando nas versoes  Marder 1A1(+) , 1A1(-), 1 A1A3, 1 A1A, que incluiriam a instalação de equipamentos de visão noturna e um termovisor, bem como uma alimentação de munição atualizada para o canhão de 20 mm. Entre os anos de 1984 e 1981, todos os veículos em serviço no Exército Alemão (Deutsches Heer) seriam atualizados para o modelo Marder 1A2, passando incluir modificações substanciais da suspensão, tanques de combustível, sistema de refrigeração e sistema de limpeza por jato de água. Um novo sistema de mira e termovisores seriam instalados, com o antigo equipamento de luz de busca infravermelha sendo removido. Em 1988 seria iniciado o programa de atualização do A3, com a Thyssen-Henschel recebendo um contrato para atualizar 2.100 veículos das séries Marder 1 A1 / A2, com os primeiros carros sendo entregues em 17 de novembro de 1989. Esta seria a versão final a entrar em serviço, com sua desativação gradual deflagrada após a introdução nos novos Schützen-AFV Puma”, a partir do ano de 2022. Este processo de desativação permitiria a exportação de um lote excedente para a Grécia, Chile, Indonésia, Jordânia e pôr fim a  doação de trinta blindados para a Ucrânia em março do ano de 2023.   
Anteriormente no início da década de 1980,  na Alemanha, o Marder 1A1 também seria considerado como plataforma para defesa antiaérea de médio alcance, sendo realizados pelos fabricantes estudos para a adoção de lançadores e sistemas de direcionamento de misseis terra ar (SAM). Entre vários sistemas considerados, decidiria-se pela escolha do modelo de curto alcance Roland II. Este projeto franco-alemão seria desenvolvido a partir de 1963 em um consórcio formado pelas empresas Nord Aviation (futura Aérospatiale) e Bölkow Entwicklungen KG (futura Messerschmitt-Bölkow-Blohm), recebendo as designações locais de SABA e P-250. No ano seguinte, seria fundada a Euromissile uma empresa destinada a produção deste e outros programas de mísseis. A divisão francesa tomaria a responsabilidade primária pelo sistema Roland 1 (dia e bom tempo) e alemã assumiria a responsabilidade principal pelo sistema Roland 2 (para todos os climas). A Aerospatiale também seria responsável pelo desenvolvimento do sistema traseiro e de propulsão do míssil, enquanto a Messerschmitt-Bölkow-Blohm desenvolveria a extremidade frontal do míssil com suas ogivas e sistemas de orientação.  O primeiro lançamento guiado de um protótipo do missil   Roland I ocorreria em junho de 1968, destruindo um drone alvo CT20 da Nord Aviation, com seu cronograma prevendo o início de sua produção a partir de janeiro de 1970.  No entanto atrasos decorrentes do processo final de testes postergaram produção do Roland I em escala industrial até início do ano de 1977 e o Roland II somente no ano seguinte. O primeiro usuário do modelo para "tempo bom" foi o   Exército Frances (Armée de Terre) sendo empregado principalmente a partir de uma versão especializada do carro de combate AMX-30R. O sistema Roland II entraria em serviço no Exército Alemão (Deutsches Heer) em dezembro de 1978, operando a partir de uma versão customizada do blindado de transporte de tropas Marder 1A2. Apesar de se mostrar extremamente promissor o sistema de misseis Rolanda I - II nao alcançaria um grande êxito comercial, pois seus constantes atrasos de produção e desenvolvimento e aumento decorrente dos custos limitaria em muita sua competividade no mercado internacional. Estes se manteriam em produção até fins da década de 1990, sendo adotado pelas forças armada dos Estados Unidos, Venezuela, Espanha, Brasil, Nigéria, França, Noruega, Eslovênia, Alemanha, Nigéria, Iraque e Catar. 

Emprego no Exército Brasileiro.
O processo de implementação de um sistema de artilharia antiaérea no Exército Brasileiro, teve sua origem no dia  4 de outubro de 1940, data de criação do 1º Grupo do 1º Regimento de Artilharia Antiaérea (1/1º RAAAé) na cidade do Rio de Janeiro. Este grupamento seria equipado com os famosos canhões alemães Flak 88 mm C/56 Modelo 18 que passariam em operar em conjunto preditores Carl Zeiss WIKOG 9SH e aparelhos de localização pelo som Electroacoustic GmbH ELASCOPORTHOGNOM. A partir de 1942 a artilharia antiaérea brasileira seria fortalecida pelo recebimento de uma grande quantidade de canhões norte-americanos dos modelos M-2A2 AA de 37 mm, M-3 AA de 76 mm e por fim M-1A3 AA de 90 mm. No entanto curiosamente não seriam cedidos ao país sistemas de artilharia antiaérea autopropulsados, que já eram empregados em grande escala no conflito. Esta lacuna operacional infelizmente perduraria durante as décadas seguintes, com a necessidade de criação de um sistema de defesa antiaérea a média e baixa altitude, sempre se fazendo presente, principalmente pelas dimensões continentais da nação. No início da década de 1970 seria implementado na Força Terrestre o “Plano Impere”, um programa que visava recuperar a operacionalidade diversos veículos de combate do III Exército Brasileiro que se encontravam parados há alguns anos, analisando inclusive a possibilidade de conversão de carros de combate dos modelos M-4 Sherman e M-3 Stuart como veículos de serviço e suporte. Entre diversas alternativas seria desenvolvido um protótipo de uma viatura blindada antiaérea, com um carro M-3 Stuart recebendo a instalação de um reparo de metralhadoras antiaéreas quadruplo calibre .50 do modelo M-45 Quadmount . Testes de campo se mostrariam extremamente promissores, porém infelizmente não se sabe por quais motivos, o comando do Exército Brasileiro, não demonstraria neste momento o devido interesse, levando assim ao cancelamento do projeto. O conceito para o desenvolvimento de uma viatura antiaérea autopropulsada, ressurgiria em fins da década de 1970, tendo como alicerce o programa do Carro Combate Leve Nacional MB-1 (X-1A Pioneiro e X1-A2 Carcará), com este gerando uma família de veículos especializados sobre esta nova plataforma, incluindo um modelo dedicado defesa antiaérea. Nascia assim o projeto M.01.15, que seria gerido Centro de Tecnologia do Exército (CETEX) em parceria com a empresa Bernardini S/A. Dois protótipos seriam construídos recebendo a designação de Viatura de Combate Antiaérea XM3D1 (VBC AAe) que contariam como armamento orgânico com quatro metralhadoras Browning M-2 calibre .50 montadas em uma torre M-55M Quadmout modernizada.  Estes protótipos seriam exaustivamente testados e avaliados pelo Exército Brasileiro, porém a baixa cadência de fogo e o alcance das armas de calibre .50, se mostrarIam inadequados face a nova ameaça proporcionada pelas aeronaves de ataque a reação existentes naquela época, levando assim ao cancelamento definitivo do projeto. 

A partir de meados da década de 1970, o sistema de defesa antiaéreo do Exército Brasileiro se mostrava complemente obsoleto contendo em suas filiares de antigos canhoes Boffors de 40 mm, se fazendo necessário a implementação de sua imediata substituição. Para o atendimento a esta demanda, entre os anos de 1977 e 1978 novos investimentos seriam feitos, envolvendo a aquisição do sistema suíço de artilharia antiaérea Oerlikon de 35 mm, que posteriormente seriam integrados com o conjunto diretor de tiro de fabricação nacional EDT FILA, controlando os canhões de 40 mm C/70 Bofors e canhões Oerlikon 35 mm C/90. Apesar destes esforços o país não dispunha de um sistema de defesa área baseada em misseis terra-ar oque comprometia em muitos seus níveis de segurança. Ainda neste período os Estados Unidos figuravam como o principal fornecedor de artigos militares para o Brasil, através do Programa de Assistência Militar MAP (Military Assistance Program). oque lhe garantia acesso a artigos militares em condições favoráveis. Porém no início do ano de 1977 esta realidade começaria a ser alterada pela administração do presidente Jimmy Carter, que passaria a condicionar a continuidade dos programas de ajuda militar a averiguação da situação do Brasil no tocante aos direitos humanos. Esta decisão provocaria o desagravo do presidente Ernesto Geisel, que em carta oficial se manifestaria “O governo brasileiro recusa de antemão qualquer assistência no campo militar que dependa, direta ou indiretamente, de exame prévio, por órgãos de governo estrangeiro, de matérias, que, por sua natureza, são da exclusiva competência do governo brasileiro.” A seguir a ocorrência de mais pressões políticas decorridas desta iniciativa, levariam o governo brasileiro a decidir pelo rompimento do Acordo Militar Brasil - Estados Unidos, cessando assim vantagens e subsídios na aquisição de equipamentos de defesa de alta tecnologia produzidos naquele país. Porém esta decisão geraria um movimento de aproximação entre os militares brasileiros e a indústria de defesa europeia, resultando em diversos contratos de fornecimento, como no caso dos caças interceptadores franceses Dassault Mirage IIIE, fragatas inglesas da classe Vosper Amazon - Niterói e mais uma variada gama de estudos e projetos de defesa de alta tecnologia para o emprego pelas forças armadas. Entre estes se destacavam a incorporação de misseis antiaéreos britânicos Short Brothers GWS-20 SeaCat destinados a proteger a novas fragatas da Marinha Brasileira, motivando assim o comando do Exército Brasileiro a buscar opções para adoção de um sistema semelhante para emprego como defesa de ponto, trazendo assim a Força Terrestre brasileira a um novo patamar de defesa antiaérea. 
Neste momento uma das maiores prioridades neste segmento era o de prover um eficiente sistema de defasa antiaérea capital federal Brasília - DF, com um sistema de misseis terra ar complementando o braço armado do Sistema de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (SISDACTA) operando em complemento aos interceptadores supersônicos F-103EBR Mirage III. Desta maneira consultas sobre a aquisição de uma solução neste segmento seriam feitas as indústrias de defesa europeias, e entre as propostas recebidas se destacava a do consórcio franco-alemão Rheinmetall Landsysteme. Esta solução fazia uso da plataforma de blindados sob esteiras equipado com dois lançadores de misseis terrar ar (SAM) para "qualquer tempo" Euromissile Roland II. O míssil Roland II era composto por dois estágios, sendo unidade propelente sólido 2,4 metros de comprimento com um peso de 66,5 kg, e outro estágio com 6,5 kg portando uma múltipla ogiva de fragmentação carga oca que contém 3,5 kg de explosivo detonado por impacto ou proximidade fusíveis. Estas armas eram disponibilizadas em um recipiente vedado que era empregado também o tubo de lançamento, cada lançador carrega dois tubos de lançamento com mais oito no interior do veículo ou abrigo com recarga automática em dez segundos. Este sistema fora projetado para atingir alvos aéreos inimigos que voam em velocidades de até Mach 1,3 em altitudes entre 20 metros e 5.500 metros, com uma gama eficaz mínima de 500 metros e um máximo de 6.300 metros. Em termos modos de detecção e orientação, seu sistema podia operar em modo óptico ou radar e pode alternar entre esses modos durante o rastreio e lançamento, neste conjunto, um radar de busca de pulso-doppler com uma gama de 15 a 18 km proveria a detecção do alvo, que poderia então ser rastreado ou pelo radar ou um rastreador óptico. Este último normalmente, seria utilizado apenas durante o dia contra alvos muito de baixo nível ou em um ambiente de bloqueio pesado. Diversas análises seriam feitas pelo comando do Exército Brasileiro, comparando pelo menos três propostas apresentadas, com a escolha recaindo sobre o sistema de misseis superfície ar (SAM) Euromissile.  Roland II, dos quais seriam adquiridas inicialmente um total de quatro baterias de lançadores e inicialmente cinquenta misseis. Esta decisão seria baseada principalmente em critérios técnicos, levando em conta que este sistema além de já estar em uso em grande escala na Alemanha (43 carros e 825 misseis) e França (39 carros e 1.315 misseis), estava sendo escolhido para equipar também o Exército dos Estados Unidos (US Army). 

Dentre as opções de plataforma intercambiáveis apresentadas pelo consórcio franco-alemão Rheinmetall Landsysteme, o sistema Roland II podia ser configurado prioritariamente sobre os veículos sobre lagartas franceses AMX-30 e alemães  Rheinstahl Marder VCI 1A2 ou ainda montado em  shelters tracionados. O contrato brasileiro previa ainda aquisição e pacote de treinamento dos sistemas eletrônicos para instrução de emprego teórico e prático, com o sistema Roland II configurado sobre a plataforma do veículo blindado médio alemão Rheinstahl  Marder 1A2. Este modelo de veículo já era testado e provado em operação, sendo escolhido anteriormente seu chassi para compor o carro de combate médio argentino TAM (Tanque Argentino Mediano). O emprego da plataforma Marder 1A2 previa a alocação de dois mísseis dispostos em lançadores na parte externa da torre prontos para entrar em operação, com mais oito misseis estavam alojados em dois carregadores rotativos automáticos na parte interior do veículo. Neste momento o Exército Brasileiro se tornaria o terceiro operador deste sistema de mísseis superfície-ar (SAM - Surface Air Missile), que na época representava a tecnologia no estado da arte. Desta maneira sua introdução em serviço representaria um salto tecnológico sem precedentes no Exército Brasileiro no que tange a defesa antiaérea, pois até então seu arsenal consistia a exceção de um pequeno lote de um moderno sistema suíço de artilharia antiaérea Oerlikon de 35 mm, de obsoletos canhões antiaéreos de origem norte-americana e sueca complementados por reparos de metralhadoras de  calibre .50 montados em caminhões, sistemas estes pouco ou totalmente ineficazes contra as ameaças proporcionadas pela aviação de ataque daquela década. Para fins de instrução teórica e prática, os equipamentos eletrônicos e seus simuladores seriam alocados na Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea (EsACosAAe) sediada na cidade do Rio de Janeiro, vale salientar que este aparato ocupava uma grande área física nesta instituição, pois ainda não existiam microcomputadores. Assim previa-se inicialmente que todo o programa de treinamento e operação deste sofisticado sistema seria ministrada na Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea (EsACosAAe) sendo acompanhada do uso das plataformas e armamentos, com estas baterias sendo posteriormente transferidas para a capital federal Brasília no DF. Os quatro veículos seriam declarados operacionais no ano de 1979, recebendo a denominação de Viatura Blindada de Combate Leve Msl Marder 1A2 – Sistema SAM Roland II (VBC L Msl Marder), realizando inclusive os primeiros treinamentos com disparos reais dos misseis Roland II contra alvos aéreos remotamente pilotados ao longo dos anos seguintes. 
No entanto os  VBC L Msl Marder apresentariam uma carreira efêmera, permeada por períodos de baixa disponibilidade operacional, devido a problemas no fluxo de obtenção de peças de reposição para o veículo lançadores e principalmente dos componentes eletrônicos de seus sistemas detecção e orientação. Desta maneira gradativamente estes veículos seriam transferidos novamente para a Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea (EsACosAAe) sediada na cidade do Rio de Janeiro. Neste mesmo período, um destes blindados seriam perdidos em um grave acidente durante treinamentos no Campo de Provas de Marambaia. Em meados da década de 1990 somente um Marder 1A2 Roland II permaneceria em serviço com os demais servindo como fonte de peças de reposição, este último remanescente juntamente com os simuladores e sistemas eletrônicos de tiro e direção seriam operados em tarefas de instrução pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Exército (IPD) até o final do ano de 2012. Quanto aos demais carros,  um seria preservado junto ao acervo do Museu Militar Conde de Linhares na cidade do Rio de Janeiro - RJ e o outro seria empregado em 1998 como alvo estático em exercício no Campo de Marambaia, sendo alvejado por tiros dos novos carros de combate Leopard 1A1, servindo assim como estudo para a análise da resistência de blindagem, tendo em vista que esta era muito semelhante a emprega da no combate médio argentino TAM  (pais que na época era considerado o maior antagonista militar regional). Historicamente este sistema de defesa antiaérea foi adquirido prioritariamente para a defesa da Capital Federal, porém extraoficialmente especula-se que a principal intenção era o desenvolvimento de uma versão nacional (empregando técnicas de engenharia reversa). Não existem registro oficiais que confirmem esta teoria, porém em meados da década de 1980 o Centro Tecnológico do Exército (CTEx) desenvolveu um protótipo de um "shelter"  auto rebocado de fabricação nacional empregando um sistema Roland II retirado temporariamente de um dos Marder 1A2, porém este não passaria da fase de protótipo tendo em vista sua instabilidade durante a operação de lançamento.  No ano de 2024, o Batalhão Central de Manutenção e Abastecimento do Exército Brasileiro (BCMS) realizou a recuperação e restauração de um veículo lançador de mísseis Marder 1A2 Roland II, o mesmo que anteriormente se encontrava em operação junto ao Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Exército (IPD). A restauração, realizada por mecânicos e responsáveis pela manutenção, incluiu a recuperação do conjunto motriz e dos sistemas mecânicos de tração, devolvendo o veículo ao perfeito estado de funcionamento. 

Em Escala:
Para representarmos a Viatura Blindada de Combate Leve Msl Marder 1A2 – Sistema SAM Roland II "EB 24065” , empregamos como base o  modelo da Tamiya na escala 1/35 configurado com o míssil anticarro MILAN. Para representarmos a versão empregada no Exército Brasileiro, tivemos de  construir totalmente em scratch build a torre lançadora dos misseis terra ar Roland II , fazendo uso de plasticard e materiais diversos. Alterações significativas também tiveram de ser implementadas na parte traseira do veículo. Empregamos decais confeccionados pela Eletric Products presentes no set Exército Brasileiro 1983 – 2002.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura com os qual estes carros foram recebido em meados da década de 1970, com este perdurando até o ano de 1983, quando seria adotado o novo esquema tático de camuflagem em  dois tons, semelhante aos carros de combate médio Bernardini M-41C Caxias. Já o carro preservado junto ao Museu Militar Conde de Linhares receberia durante seu processo de restauração o esquema de pintura original. 



Bibliografia :

- Blndados no Brasil - Volume 01, Expedito Carlos Stephani Bastos
- Marder IFV Wikipedia -  https://en.wikipedia.org/wiki/Marder
- Mísseis no Exército Brasileiro - ww.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/MEB.pdf
- Artilharia Antiaérea sob lagartas no EB, por Expedito Carlos Stephani Bastos
- Exército Brasileiro recupera viatura histórica Marder com sistema Roland - www.defesaaereanaval.com.br/

Dassault Mirage IIIDBR - F-103D

História e Desenvolvimento.
Durante a segunda metade da década de 1950, o aumento das tensões entre os países que compunham a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e o Pacto de Varsóvia elevariam a temperatura da "Guerra Fria", levariam as forças de ambos os lados a aumentarem seus investimentos em defesa. Como prioridade estava a busca de soluções para a defesa aérea contra possíveis bombardeios convencionais ou nucleares, e neste contexto o desenvolvimento de aeronaves estratégicas inclusive supersônicas, demandaria o desenvolvimento de uma nova geração caças interceptadores de alta performance, que tinha como principal objetivo negar seus espaços aéreos nacionais a possíveis incursões de bombardeiros estratégicos de alta velocidade.  Apesar de esforços conjuntos entre os países da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a política apregoada pelo governo francês neste período, se baseava-se primordialmente na busca pela independência no desenvolvimento e produção de itens de defesa estratégicos, visando assim não depender tecnologicamente ou politicamente de outras nações, mesmo que aliadas. Desde o término da Segunda Guerra Mundial a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) passaria a ser equipada somente com aeronaves produzidas nos Estados Unidos ou Grã-Bretanha, o que além da dependência operacional acarretava também um preocupante nível de defasagem tecnológica. A realidade da Guerra da Indochina (1946 - 1954) comprovaria a necessidade de se retomar o desenvolvimento e produção de aeronaves militares de todos os tipos, principalmente de combate, a fim de se dotar suas forças armadas com os meios aéreos de que tanto necessitavam e sem depender de outras nações. Como citado, neste momento uma das maiores ameaças vigentes, era representada pela existência de uma grande frota de aeronaves supersônicas de ataque soviéticas, que podiam sem aviso prévio desferir golpes mortais contra as instalações estratégicas de defesa em toda a Europa. Desta maneira em 1953 o comando da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) decidiu encomendar um estudo para o desenvolvimento de um interceptador supersônico leve de alta performance. Esta nova aeronave, apresentava como parâmetro básico a capacidade de operação e qualquer tempo (all-weather), potencial de ascensão a 18.000 metros em seis minutos e atingir a velocidade de Mach 1.3 (1592.56 km/h) em voo horizontal. Com base nestas especificações, prontamente a empresa Marcel Dassault Aviation apresentaria ao Ministério de Defesa Francês, um projeto denominado como "MD.550 Mystère-Delta", um pequeno e ágil interceptador puro.  Esta aeronave seria impulsionada por dois motores turbojatos ingleses Armstrong Siddeley MD30R Viper, estando equipados com pós combustores, cada um com um empuxo de 9.61kN (2,160lbf) tendo como complemento um motor foguete de combustível líquido que provinha um empuxo adicional de 14.7kN. (3.300lbf), lhe permitindo um grande potencial de ascensão. 

Esta proposta agradaria o comando da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air), levando a liberação de recursos para a produção de um protótipo funcional, com este ostentando a matrícula "MD.550-01" sendo apresentado no dia 21 de junho de 1955.  Curiosamente esta aeronave não receberia seus pós combustores, realizando seu primeiro voo quatro dias depois, apresentando um perfil de voo de vinte minutos de missão, atingindo um teto de 3.000 pés com uma velocidade máxima de Mach 0.95 (1.170 km/h). No entanto este desempenho seria considerado insatisfatório pelos militares franceses, sendo influenciado negativamente pela ausência dos sistemas de de pós combustão e motor foguete suplementar SEPR . Seu projeto seria inteiramente revisado, passando a receber uma série de melhorias, que levariam a aeronave agora a velocidade máxima de Mach 1.3 (1.592,56 km/h) sem o uso do motor-foguete e Mach 1.6 (1.960 km/h) com o uso deste sistema. Apesar de alcançar os parâmetros previstos em termos de desempenho, o modelo acabaria sendo descartado pelos militares, pois suas pequenas dimensões limitavam em muito capacidade de transporte de misseis ar ar de médio e longo alcance que nesta época eram extremante pesados. Assim a fim de se manter no processo, a diretoria técnica da Marcel Dassault Aviation a repensar completamente seu projeto conceitual, e destes esforços surgiria um novo modelo de aeronave, que passaria a apresentar um peso bruto 30% superior ao seu antecessor e diversos refinamentos em termos de aerodinâmica. Esta versão seria equipada com o motor turbo jato francês Snecma Atar 101G1 dotado de pós combustor que rendia 43,2 kN (9,700 lbf) de empuxo, curiosamente este modelo representava a evolução de diversos designs de motores alemães desenvolvidos durante a Segunda Guerra Mundial  Esta nova aeronave receberia a designação oficial de Dassault Mirage III, com seu nome de batismo sendo dado em referência a uma citação de seu projetista chefe “O avião será como uma visão no deserto: o inimigo o verá… mas jamais o tocará”. O primeiro protótipo seria apresentado no dia 15 de novembro de 1956, alçando voo dois dias depois, com esta célula sendo então submetida a um intensivo programa de ensaios em voo. Os resultados deste processo demandariam a implementação de diversas correções e melhorias, recebendo a partir daí sua homologação pré-operacional. Neste momento seria celebrado um primeiro acordo entre o governo francês e o fabricante para a produção de dez células pré-série designadas como  Mirage IIIA, que seriam destinadas para fins de avaliação final. Diferente de seu protótipo, esta aeronave apresentaria uma fuselagem mais longa e maior aérea das asas, passando a ser equipado com o novo e mais potente motor SNECMA Atar 09B com pós combustor rendendo um empuxo de 58,9 kN (13,230 lbf). 
Os dez Mirage IIIA do lote de pré-produção passariam a ser entregues a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) a partir de maio de 1957, sendo logo submetidos a um extensivo programa de ensaios em voo, que perduraria por nove meses. Os dados preliminares apurados neste processo resultariam em uma grande gama de melhorias e refinamentos no projeto, resultando na versão inicial de produção que receberia a designação de Mirage IIIC. Esta nova aeronave se apresentava visualmente similar a versão de pré-produção, se distinguindo apenas pela presença de um exaustor do motor mais longo, mantendo um padrão de pintura na cor de metal, sendo produzida uma célula convertida com base no modelo Mirage IIIA. Com o modelo de produção em série definido seria celerado no início de 1958 um primeiro contrato entre o fabricante e o governo francês, englobando noventa e cinco células, que começariam a ser entregues a partir de fevereiro de 1961. Mesmo antes disto, este modelo conquistaria diversos contratos de exportação, neste mesmo momento seria solicitado ao fabricante, o desenvolvimento de uma versão destinada a tarefas de treinamento e conversão operacional. Empregando como ponto de partida o Mirage IIIA, esta nova versão teria sua fuselagem aumentada em um metro, para poder alocar um segundo assento destinado ao instrutor. Como ponto negativo esta mudança levava a eliminação dos canhoes orgânicos de 20 mm, no entanto a aeronave ainda poderia empregar uma variada gama de armas  ar solo e misseis ar ar guiados por infravermelho, como os norte-americanos AIM-9B Sidewinder (nas versões de exportação). Seu projeto seria aprovado com o primeiro protótipo denominado como Mirage IIIB-1 alçando voo em fins do ano de 1959. A seguir seriam produzidas mais cinco células de pré-produção para fins de avaliação, com término deste processo seria contratada a para a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) quarenta e três células.  Um total de doze aeronaves seriam exportadas para Argentina, Israel e Suíça entre os anos de 1960 e 1969. Seu emprego operacional clarificaria as excelentes qualidades da aeronave, o que motivaria o comando da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) a solicitar ao fabricante o desenvolvimento de uma versão multifuncional. Desta maneira seu projeto original seria submetido a inúmeras modificações estruturais dentre as quais se destacam o alongamento de sua fuselagem e mudanças no  enflechamento das asas em delta para 56° 35′. Neste processo as entradas de ar do motor seriam realocadas, passando a ser recuadas em relação à cabina de pilotagem. Estas alterações permitiriam a instalação de quatro pontos de  de fixação sob as asas, onde poderiam ser instalados tanques adicionais de combustível ou armamentos com capacidade de até 1.360 kg de carga útil. Para atender aos parâmetros de desempenho, a aeronave passaria a ser equipada com o motor SNECMA Atar 09C que lhe conferia 13.320 libras de empuxo com pós combustor.

Em termos de suíte aviônica estaria equipado com um radar navegação Doppler Marconi, sistemas de proteção passiva RWR, e por fim um radar Thomson-CSF Cyrano II que lhe conferia a capacidade de operar nos modos de busca, seguimento, interceptação ar-ar, ar-terra e mapeamento do solo.  Quanto em termos de  configuração de armamento orgânico, seria equipada com dois canhões de cano simples DEFA 552, de 30mm, que lhe proporcionavam uma cadência de tiro de 1.200 a 1.400 projéteis por minuto. Para missões de interceptação receberia um míssil Matra R530, equipado com guiagem infravermelha, alocado na estação central da fuselagem da aeronave, ainda dispunha de sistemas passivos de defesa como lançadores de chaff e flare. Para missões de ataque a solo podiam ser equipados com uma variada gama de bombas de queda livre e lançadores de foguetes não guiados. Esta nova versão receberia a designação de Mirage IIIE, com seu primeiro protótipo realizando seu voo inaugural em 05 de abril de 1961, logo recebendo um contrato de produção para cento e oitenta células, além do perfil operacional multifuncional uma pequena parcela desta frota seria configurada para missões de ataque nuclear tático. As primeiras células francesas seriam entregues em 14 de janeiro de 1964, ao longo dos anos seguintes novos contratos seriam celebrados, totalizando quatrocentas e dez unidades, entre elas setenta aeronaves na versão reconhecimento Mirage IIIR/RD. Os contratos de exportação logo se multiplicariam, levando inclusive a celebração de acordos para produção sob licença com os governos da   África do Sul, Austrália, Israel e Suíça. A alta demanda internacional, criava o cenário propício para o desenvolvimento de uma versão específica de exportação dedicada a missões de treinamento e conversão. O sinal verde para o desenvolvimento seria dado pela diretoria da empresa em 1968, agora partindo da célula original do Dassault Mirage IIIE, novamente a ausência do radar original Thomson-CSF Cyrano II, produziria uma aeronave com um nariz afinalada. O novo modelo que receberia a designação de  Mirage IIIBE, manteria ainda uma limitada capacidade de combate ar solo da versão monoplace, curiosamente nesta variante a capacidade de armazenamento de combustível seria reduzida. Um contrato seria celebrado prevendo a produção de vinte aeronaves deste modelo e dez da versão Mirage IIIB-RV destinadas ao treinamento de reabastecimento em voo para os Mirage IV. Além das unidades entregues a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air), logo seriam conquistados novos contratos de exportação, com cinco células do modelo IIIEBJ para Israel, três IIIEL para o Líbano, quatro IIIBS para a Suíça e três IIIBZ para a África do Sul.  A partir deste momento a versão de exportação passaria a ser designada como Mirage IIID, sendo exportados cinquenta e oito aeronaves para a Argentina, Brasil. Venezuela, Austrália, Egito, Paquistão, Suíça, Venezuela e África do Sul. 
A excelente performance em combate apresentada pelos Mirage III israelenses durante a Guerra dos Seis Dias (junho 1967), levaria o comando das Forças de Defesa de Israel (IDF) a solicitar ao fabricante o desenvolvimento de uma nova aeronave, esta que deveria agora ser destinada primordialmente a missões de ataque a solo.  Como no oriente médio as condições meteorológicas são normalmente boas, esta versão como primícia básica para redução de não deveria dispor dos radares de navegação Doppler Marconi e Thomson-CSF Cyrano II e qualquer tipos de suíte aviônica avançada. Ao implementar esta diretriz seria proporcionado um aumento na ordem de 32% na capacidade de transporte de combustível, ampliando assim seu raio de ação. Seriam adicionados mais pontos duros subalares para cargas externas, possibilitando numerosas combinações quanto a configuração de cargas, ou ainda carregar até quatorze bombas de queda livre.  Em resumo seria concebido uma versão mais simples, porém mais capaz para missões de ataque a solo e interdição, apresentando um custo inferior de aquisição, se tornando a versão ideal de exportação para países em desenvolvimento. Este modelo receberia a designação de Mirage 5 e realizaria seu primeiro voo no dia 19 de maio de 1967, pilotado por Hervé Leprince-Ringuet. Apesar de Israel não adotar o modelo em função do embargo internacional de armas seria celebrados contratos de exportação com a Argentina, Emirados Árabes, Bélgica, Chile, Colômbia, Egito, França, Colômbia, Gabão, Líbia, Paquistão, Zaire, Peru e Venezuela. Esta aeronave, projetada inicialmente como um caça de ataque para "tempo bom", acabaria evoluindo para a defesa aérea e reconhecimento com o surgimento de aviônicos mais compactos que seriam customizados para emprego nesta plataforma. A exemplo da família Mirage III, este novo modelo também ganharia uma versão biplace para treinamento e conversão operacional, que receberia do fabricante a designação de Mirage 5D, com o primeiro contrato sendo celebrado para o governo Líbio. A seguir mais contratos desta versão seriam celebrados agora com a Argentina, Bélgica, Colômbia, Abu Dhabi, Gabão, Zaire, Peru, Paquistão, Chile, Egito e Venezuela. Ao longo dos anos seriam desenvolvidos e implementados muitos programas de modernização por seus operadores, com diversas células do modelo paquistanês Mirage 5 ROSE se mantendo em operação até os dias de hoje. 

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea Brasileira contava com mais de mil e quinhentas modernas aeronaves militares de origem norte-americana, recebidas durante a década de 1940, em termos de aeronaves de intercepção dispunha-se de muitos caças-bombardeiros Republic P-47D Thunderbolt, Curtiss P-40 Warhawk. No entanto durante a década de 1950 a disseminação do emprego de motores turbo jatos, em uma nova geração de aeronaves militares, tornaria os caças e bombardeiros de ataque a pistão virtualmente obsoletos em poucos anos. Seria então iniciados estudos visando a incorporação de novos vetores, com o anseio dos militares brasileiros pendendo para modelos como os Republic F-84E Thunderjet e North-American F-86F Sabre. No entanto este desejo não se concretizaria, muito em virtude de restrições orçamentárias e de ordem geopolítica, com o governo norte-americano evitando uma corrida armamentista na América do Sul. Esta demanda seria atendida a partir de 1953 com a adoção de aeronaves menos capazes, os  Gloster F-8 Meteor e Lockheed F-80C Shooting Star, com os três principais esquadrões de linha de frente da Força Aérea Brasileira passando a ser equipados com os caças ingleses, que apesar de serem defasados para o cenário, se encontravam disponíveis em números suficientes para o atendimento mínimo das demandas operacionais. No entanto anos depois esta frota seria afligida por problemas relacionados ao desgaste estrutural das células, levando a imposição de restrições ao perfil operacional destas aeronaves. Apesar de serem aplicadas soluções paliativas indicadas pelo fabricante este problema se agravaria ao longo dos meses seguintes, convertendo em pouco tempo a outrora aviação de caça brasileira em uma simples sombra do que era no começo da década, comprometendo completamente sua eficiência operacional. Assim no final do ano de 1965, em resposta a este cenário problemático, o comando do Ministério da Aeronáutica (MAer) iniciaria uma série de estudos para a substituição destas aeronaves. Neste contexto seria definida a aquisição de aeronaves de combate multifuncionais, com a escolha aspiracional dos oficiais recaindo sobre os potentes bimotores McDonnell Douglas F-4 Phantom II, opção está negada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos (DoS), novamente sob a alegação que tal aquisição afetaria o balanço do poder aéreo na América do Sul. Assim seriam oferecidos os modelos Northrop F-5A e F-5B Freedom Fighter. Estes vetores deveriam compor o braço armado do Sistema de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (SISDACTA) que se encontrava em processo de implementação. No entanto restrições orçamentarias e a necessidade emergencial para a modernização da aviação de transporte brasileira, levariam ao cancelamento deste programa.

Porém logo e seguida, com a proximidade da finalização do programa de implementação do Sistema de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (SISDACTA), o tema da composição de seu braço armado voltaria a pautar a lista de prioridades do Ministério da Aeronáutica (MAer). Assim em 1969 seria criada a Comissão de Estudos do Projeto da Aeronave de Interceptação (CEPAI), que tinha por objetivo selecionar aeronaves para o emprego na defesa aérea do país.  Ciente das negativas anteriores impostas pelo governo norte-americano, envolvendo a aquisição de modernas aeronaves de combate, o comando da Força Aérea Brasileira voltaria sua atenção a vários países europeus, que naquele momento possuíam uma moderna e pujante indústria aeronáutica de defesa. Uma concorrência internacional seria então deflagrada, com os critérios de avaliação apontando para a seleção de um interceptador supersônico de alto desempenho, que deveria apresentar ainda a capacidade secundaria para emprego em missoes de ataque a solo e interdição. Diversas propostas seriam recebidas, com três modelos sendo pré-selecionados ao final do estágio inicial deste processo, o caça multifuncional sueco Saab Draken, o interceptador britânico English Electric Lightning F-6 e o também multifuncional francês Marcel Dassault Mirage IIIE. Inicialmente a decisão seria influenciada pela ótica política, pendendo para a escolha do concorrente inglês, principalmente por motivos de contrapartidas econômicas pela compensação a concessão de um grande financiamento britânico para a construção da Ponte Rio Niterói. Porém felizmente a análise técnica iria prevalecer, pois o jato britânico se apresentava como a aeronave menos indicada para a concorrência, tendo em vista sua complexidade e alto custo operacional. Esta decisão seria reforçada logo em seguida, com a celebração de um grande contrato entre a Marinha do Brasil e o estaleiro inglês Vosper para a construção das fragatas da classe Niterói. Os valores envolvidos neste processo atenderiam plenamente as contrapartidas econômicas e políticas, trazendo a luz então para que se fosse tomada uma decisão puramente técnica. Neste processo o concorrente sueco seria eliminado no processo por apresentar um custo operacional acima dos parâmetros possíveis para a Força Aérea Brasileira naquele período. Neste contexto a proposta francesa passaria a ser a mais lógica tanto em termos técnicos quanto comerciais, com as negociações entre as partes sendo intensificadas.  Assim em 1967, dois oficiais da Força Aérea Brasileira – o Tenente-Coronel Aviador Lauro Ney Menezes e o Major Aviador Ozires Silva seriam enviados pelo Ministério da Aeronáutica (MAer) à França, para avaliar o Dassault Mirage III e o toda a estrutura industrial e de suporte pós-venda do fabricante. 
Durante a fase inicial deste processo, o Tenente-Coronel Aviador Lauro Ney Menezes voaria em um Mirage IIIB, a uma velocidade de Mach 2, tornando-se, assim, o primeiro piloto de caça brasileiro a romper a velocidade do som e o primeiro a voar no caça francês. Ao término deste programa suas conclusões apontavam para a aquisição da aeronave, sendo celebrado em 12 de maio de 1970 com a  Marcel Dassault Aviation um contrato englobando o fornecimento de  Mirage IIIEBR e quatro Mirage IIIDBR (bipostos).  Este acordo além do fornecimento de ferramental e peças de reposição, previa o treinamento de um grupo de pilotos e de técnicos brasileiros, que teriam a incumbência de implantar e operar as novas e sofisticadas aeronaves, assim como os seus sensores e armamentos. primeira aeronave, já ostentando as cores e as marcações da Força Aérea Brasileira, realizaria o seu primeiro voo em 06 de março de 1972, na cidade francesa de Bordeaux. Atendendo ao cronograma estabelecido em contrato, no dia 23 de maio de 1972, embarcariam para a França um grupo de oito experientes pilotos de caça brasileiros, que iniciariam a fase de treinamento na nova aeronave, na base da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) na cidade de Dijon. Sob a chefia do Coronel-Aviador Antônio Henrique Alves dos Santos, que seria o comandante da nova Unidade, os seguintes oficiais faziam parte desse seleto grupo: Tenentes-Coronéis-Aviadores Jorge Frederico Bins, Ivan Moacir da Frota, os Majores-Aviadores Ronald Eduardo Jaeckel, Ivan Von Trompowsky Douat Taulois, Lúcio Starling de Carvalho, Thomas Anthony Blower e o Capitão-Aviador José Isaías Vilaça. Estes pilotos que já possuíam mais de 1.000 h de voo de experiência em caças a jato, teriam a responsabilidade de receber, operar e transmitir a doutrina de utilização da nova aeronave aos outros pilotos a serem designados para servir junto a recém-criada Primeira Ala de Defesa Aérea – 1ª ALADA.  Esses oficiais ficaram conhecidos carinhosamente como os “Dijon’s Boys” em reconhecimento e respeito pela abnegação e pela competência que norteariam a implantação da aeronave no Brasil. A cidade escolhida para abrigar esta nova unidade, seria Anápolis, localizada no interior do estado de Goiás, distando cerca de 150 km da capital federal Brasília, atendendo à concepção de defesa do centro geopolítico do País, estando subordinada ao recém-criado Comando de Defesa Aérea – COMDA.  A primeira aeronave Dassaunt Mirage IIIEBR, agora designada como F-103E chegaria à cidade de Anápolis em 01 de outubro de 1972, sendo transportada pelo Lockheed Hércules C-130E  - FAB 2456, do 1º Grupo de Transporte (1º GT). 

Uma segunda célula seria recebida no dia 08 deste mesmo mês, e na semana seguinte seria iniciada a montagem destas aeronaves, com estes trabalhos sendo conduzidos por militares brasileiros e técnicos franceses, no hangar do Esquadrão de Suprimento e Manutenção da 1ª Ala de Defesa Aérea – 1ª ALADA. Logo em seguida seriam recebidas as duas primeiras células do modelo de treinamento e conversão operacional o Mirage IIIDBR ou F-103D, passando a serem imediatamente montadas. A primeira aparição pública das novas aeronaves brasileiras ocorreria no dia  6 de abril do mesmo ano, quando quatro F-103E e dois F-103D Mirage surgiram nos céus de Brasília, inaugurando oficialmente a entrada do Brasil na era das aeronaves supersônicas.   Finalmente, em 20 de abril de 1972, oito F-103E e F-103D Mirages III se deslocariam para Base Aérea de Santa Cruz no Rio de Janeiro, onde participariam pela primeira vez, das solenidades do Dia da Aviação de Caça, causando excelente impressão a todos os presentes. Nos primeiros anos de seu emprego, os segredos de sua operação, assim como as peculiaridades de manutenção seriam plenamente dominados e alcançado o rendimento máximo da aeronave em suas atribuições de defender o espaço aéreo brasileiro. A aquisição deste modelo de aeronave alta performance, trariam a Força Aérea Brasileira inúmeros desafios no que tange a conversão operacional, com as quatro F-103D (FAB 4900 a 4903) sendo fundamentais neste processo.  Pois nesta fase a aviação de caça brasileira ainda era composta em sua maioria por obsoletos jatos subsônicos Lockheed AT-33A , F-80C, e a transição para uma aeronave de nova geração e alta performance, logo cobraria um alto preço das poucas células da versão de treinamento F-103D Mirage existentes na frota, gerando prematuros desgastes estruturais e pequenos acidentes de operação. Infelizmente durante os anos seguintes duas células seriam perdidas em graves acidentes, levando a necessidade de recomplementação da frota, assim em 1980 duas aeronaves Mirage IIID seriam adquiridas dos estoques da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air), com estas aeronaves recebendo as matrículas FAB “4904 e 4905" . 
Neste momento era notório que o Dassault Mirage IIIE desenvolvido durante a década de 1960 representava uma aeronave de caça de segunda geração, se encontrando plenamente desatualizado perante as potenciais ameaças regionais existentes naquele período. Apresentavam ainda sensíveis limitações em termos de manobrabilidade, pois foram originalmente concebidos como interceptadores de alta altitude, apresentando desempenho sofrível em combates do tipo “dog fight” (1X1) em baixas velocidades e altitudes. Ficava assim nítida a necessidade de se prover algum nível de modernização desta frota, sendo conduzidos visando assim avaliar programa semelhantes realizados por outros países, com este programa visando atender três diretivas básicas, como a modernização de sistemas e aviônica. Este processo ainda deveria abranger um completo processo de retrofit estrutural, aplicação de soluções aerodinâmicas para melhoria de manobrabilidade e por fim prover a extensão do alcance operacional da aeronave, mediante a instalação de um sistema de reabastecimento em voo. Em face a eminência da aplicação deste programa se fazia necessário recompor a dotação da frota das aeronaves F-103E e F-103D, com o Ministério da Aeronáutica (MAer) passando a buscar compras de oportunidade no mercado internacional, resultando na aquisição de mais duas células biplaces que receberiam as mátriculas de FAB 4906 e 4907. Apesar dos objetivos originais não serem totalmente atendidos em termos de atualização de aviônica, devido a restrições orçamentárias, este processo possibilitaria a extensão de sua vida útil.  Em 1995 face ao desgaste das células do F-103D, novamente seriam feitas buscas por compra de oportunidades e curiosamente seriam adquiridas duas células do Mirage 5DM (matrículas M201 a M203) , aeronaves produzidas em 1975 para o atendimento a um contrato com a República do Zaire. Tanto os Mirage 5M quando os 5DM teriam uma carreira efêmera neste país africano, sendo posteriormente comprados ou repassados de volta para o fabricante, onde se permaneceriam armazenados. Apesar de representar uma linha diferente da família deste caçador francês, o Mirage IIID e o Mirage 5D são em sua essência a mesma aeronave, e ao serem incorporadas na  Força Aérea Brasileira receberiam as matriculas de FAB 4908 e FAB 4909. Ao longo de trinta e três anos de operação os Dassault F-103D Mirage, tiveram a nobre missão de formar aproximadamente duzentos pilotos de diversas gerações, no ano de 2005 seriam retirados do serviço ativo, sendo então substituídos pelos "novos" Dassault Mirage 2000B ou  F-2000B. 

Em Escala.
Para representarmos o  Dassault Mirage IIIDBR  F-103D "FAB 4903" já modernizado, empregamos o kit da Heller na escala  1/48, este modelo em sua configuração original, possibilita a montagem das versões Mirage IIIC e Mirage IIIB. Para a compormos a versão empregada pela Força Aérea Brasileira, utilizamos um set de conversão em resina desenvolvido pelo amigo e modelista "Toninho Catanduva (antoniosoaresjuris@hotmail.com). Este complemento  contém entre outros detalhamentos, o nariz da aeronave , bocal de exaustão e assentos ejetores. Para se confeccionar os canards fizemos uso de plasticard, com as dimensões destas peças sendo detalhadas na folha de instrução do set de decais da FCM 48/09. Os decais com as marcações em branco, foram utilizados a partir de  itens presentes no set da FCM  48/29.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura tático, que passou a ser aplicado a partir de 1982 em todas as células dos F-103E e F-103D brasileiros.  As aeronaves modernizadas mantiveram o mesmo esquema, e ao longo dos anos seriam aplicadas  pequenas variações em termos de marcações, mantendo este padrão até a desativação das células em 2005.



Bibliografia :

Revista ASAS nº 03 Mirage III a Saga do Delta no Brasil , por Claudio Lucchesi
História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
Aeronaves Militares Brasileiras 1916 / 2015  - Jackson Flores Jr
Dassault Mirage III - Wikipedia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Dassault_Mirage_III
 

Northrop F-5B Freedom Fighter

História e Desenvolvimento.
Em meados da década de 1950, o avançar da tecnologia aeronáutica militar atingia uma velocidade sem precedentes na história da aviação moderna, e cada vez mais os vetores atingiam maiores velocidades, autonomia e capacidade de transporte de carga útil. Porém em contrapartida os custos de aquisição e operação, destas novas aeronaves de combate superavam em muito, os caças e bombardeiros produzidos durante a década passada. Esse cenário preocupava não só os comandantes militares norte-americanos, bem como os fabricantes de aeronaves, que temiam terem suas receitas reduzidas em face de possíveis cortes orçamentários. Atento a esta demanda a este cenário e em busca de soluções, no início do ano de 1956 a empresa Northrop Aircraft Corporation, criaria uma equipe de trabalho e desenvolvimento, chefiada pelo vice-presidente de engenharia e aeronaves, Edgar Schmued (responsável pelo desenvolvimento dos modelos P-51 Mustang e F-86 Sabre). O principal objetivo desta iniciativa, era o de criar uma aeronave de combate leve, com alto desempenho, capacidade de manobra aprimorada e alta confiabilidade, mas apresentando um custo de aquisição e operação muito inferior ao caças de combate daquela geração em uso até então.  Ademais reconhecendo que aeronaves de combate complexas e de alto custos operacionais, não poderiam ser substituídos de maneira viável em curto período (como ocorria com as aeronaves com motor a pistão), este novo projeto deveria incluir o conceito de "potencial de crescimento projetado", permitindo uma longevidade de serviço superior a vinte anos. Seguindo ainda este preceito que ficaria definido como "custo do ciclo de vida"   o engenheiro chefe do projeto Welko Gasich, definiria que os motores deveriam estar localizados dentro da fuselagem para obter o máximo desempenho e a longa vida útil. O projeto então seria denominado oficialmente como N-156, sendo customizado para o atendimento de uma concorrência recém deflagrada pela Marinha dos Estados Unidos (US Navy). Este processo visava o desenvolvimento de um caça leve para emprego em seus porta aviões de escolta, tendo em vista as aeronaves em uso até então nos porta aviões normais excediam as capacidades lançamento e hangaragem. Aliás o projeto do N-156 deveria ser extremamente flexível podendo também atender a possíveis demandas futuras da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF). Infelizmente para a Northrop Aircraft Corporation, logo em seguida, a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) reavaliaria sua estrutura e meios navais, resultando na desativação dos pequenos porta aviões de escolta. 

A decisão da marinha em descontinuar o emprego dos pequeno porta aviões de escolta em detrimento a construção de uma nova classe de grandes navios deste tipo impactaria decisivamente na concorrência para o desenvolvimento do novo caça leve naval, levando ao cancelamento deste programa. Apesar do grande revés, a Northrop Aircraft Corporation, se manteria resiliente, derivando seu projeto original em  duas vertentes, uma destinada ao desenvolvimento de um  caça tático leve o "N-156F" conhecido também como “Tally-Ho”, e uma aeronave de treinamento avançado o "N-156T" . O conceito desta último versão agradaria  em muito o comando da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), que no momento buscava um substituto para seus jatos  subsônicos Lockheed T-33A empregados nas tarefa de treinamento avançado. Negociações seriam conduzidas, com o programa do "N-156T" recebendo o financiamento para implementação.  Seu primeiro protótipo já designado YT-38 Talon alçaria voo no dia 12 de junho de 1959, sendo logo destacado para ser avaliado em um amplo programa de ensaios em voo, no qual ao final deste processo receberia sua liberação para produção em série. Neste momento seria celebrado um primeiro contrato envolvendo a aquisição de 1.150 aeronaves, com as primeiras sendo entregues a Academia da Força Aérea dos Estados Unidos  (USAFA) em maio de 1960, e as últimas até  janeiro de 1972. A excelência do projeto seria comprovada pela implementação de diversos programas de retrofit e modernização ao longo anos,  mantendo estas aeronaves em voo na missão de treinamento avançado até os dias atuais.  Apesar da negativa por parte do comando da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) em adquirir a versão de caça bombardeiro monoplace, novamente a empresa se manteria resiliente, seguindo com recursos próprios o desenvolvimento do projeto "N-156F". Esta perseverança logo seria recompensada, pois alterações na diretivas geopolíticas norte-americanas, levaria a necessidade de um gradual aumento da influencia militar junto a nações consideradas como estratégicas. Desta maneira o  Departamento de Estado dos Estados Unidos (DoS), solicitaria estudos para o desenvolvimento uma aeronave multifuncional de combate supersônico que apresentasse baixo custo de aquisição e operação. Este modelo seria destinado prioritariamente ao mercado de exportação, passando a compor o portifólio de itens militares a serem fornecidos as nações amigas nos temos do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistence Program). Esta demanda se materializaria na  criação do "Programa FX", uma concorrência visando a aquisição de mais duzentas aeronaves, sendo neste contexto liberados aos participantes aprovados na fase inicial recursos para a produção de três protótipos para avaliação. Atendendo ao cronograma oficial, o primeiro protótipo do Northrop N-156F alçaria voo em 30 de julho de 1962, com a aeronave decolando da pista de testes da Base Aérea Edwards (AFB) na California, sendo logo submetido a um programa ensaios em voo de avaliação comparativa com seus concorrentes.
O modelo apresentado pela Northrop Aircraft Corporation seria declarado vencedor, recebendo em 26 de outubro de 1962 o primeiro contrato de produção, envolvendo duzentas aeronaves.  A aeronave agora designada como F-5A recebendo o nome de batismo de  “Freedon Fighter” (Combatente da Liberdade), tendo este nome em alusão ao propósito original de se prover as nações amigas, de um vetor capaz de garantir a defesa aérea de países menos desenvolvidos, principalmente contra a ameaça do expansionismo soviético no mundo. Estava equipado com dois motores turbo jatos General Electric J-85GE-13 com 3.500 libras de empuxo, que lhe proporcionavam uma velocidade máxima de 1.444 km/h a 10.680 metros de altitude, ou 16.450 metros em velocidade de cruzeiro. Originalmente desenvolvido para o emprego nos bombardeiros estratégicos Boeing  B-52, estes motores apresentavam uma relação empuxo-peso de 6,25 a 7,5, dependendo da versão, dando-lhe uma vantagem notável sobre os contemporâneos, como a proporção de 4,7 do motor J-79 usados no McDonnell Douglas F-4 Phantom II. A aeronave apresentava ainda um peso máximo de decolagem de 24 toneladas em até 850 metros de pistas pavimentadas. Em termos de gama de armamentos, estava equipado com dois canhões Pontiac M-39A2 de 20 mm com 560 cartuchos cada no nariz e dois mísseis guiados por calor AIM-9B Sidewinder instalados nas pontas das asas; e bombas de queda livre, foguetes não guiados e misseis ar solo AGM-12B Bullpup,  dispostos em quatro pontos subalares e sobre o centro da fuselagem.  As primeiras aeronaves de série, entrariam em serviço em abril de 1964 junto ao esquadrão 4441st Combat Crew Training School, unidade esta que seria destinada a treinar os pilotos e equipes de solo das nações que viessem a adquirir a aeronave.  Após a conclusão desta fase seria iniciada a avaliação preliminar de combate, dando origem no verão de 1965 ao programa Sparrow Hawk, sendo este implementado junto ao Air Proving Ground Center (Centro de Campo de Provas Aéreas) na  Base Aérea de Eglin (AFB) Flórida. Em seguida vinte aeronaves seriam empregadas em combate real no Vietnã no programa Skoshi Tiger, nos seis meses seguinte,  mais doze aeronaves (seguidos de mais quatro posteriormente) seriam entregues para testes reais em campo  ao 4503º Esquadrão de Caça Tático, passando a efetivar missões de combate no Vietnã, realizando mais de 2.600 surtidas partindo das bases aéreas de Bien Hoa e Da Nang, no Vietnã do Sul. Em seguida a Força Aérea das Filipinas ser tornaria o segundo operador da aeronave ao incorporar em 1965, vinte e três células do Northrop F-5A . Aos poucos o modelo ser tornaria a principal aeronave de combate oferecida nos termos Programa de Assistência Militar - MAP (Military Assistance Program), passando a equipar as forças áreas do Irã, Etiópia, Noruega, Taiwan, Marrocos, Venezuela, Grécia, Turquia, Holanda, Turquia Coreia do Sul, Formosa e Espanha. 
Também seriam firmados contratos para produção sob licença, primeiramente com Canadair LTd para a Real Força Aérea do Canada (RCAF) e depois com empresa Construcciones Aeronáuticas S.A - CASA , para a Força Aérea Espanhola (Ejército del Aire) e por fim junto a Fokker Aviatik GmbH para a Força Aérea da Noruega e (RNoAF) para a Real Força Aérea Holandesa (RNLAF). Ainda antes da implementação do programa Sparrow Hawk junto ao esquadrão 4441 Combat Crew Training School, seria verificada a necessidade do desenvolvimento de uma versão biplace para treinamento e conversão, salientado que os pilotos norte-americanos já detinham certa familiaridade com a aeronave, pois seu processo de treinamento avançado foi realizado junto aos Northrop T-38A Talon pertencentes a Academia da Força Aérea dos Estados Unidos (United States Air Force Academy - USAFA). Este mesmo processo não ocorreria com os clientes externos que viessem a adquirir o F-5A Freedon Fighter nos termos do Programa de Assistência Militar - MAP (Military Assistance Program). Assim a fim de atender a esta demanda a  Northrop Aircraft Corporation passaria a desenvolver uma versão biplace para treinamento e conversão operacional. O modelo receberia a designação de F-5B, se tratando basicamente de uma célula alongada do F-5A, apresentando uma estrutura muito semelhante ao treinador T-38 Talon (N-156T). Apesar de apresentar os mesmos parâmetros de desempenho da versão monoplace, o novo Northrop F-5B não estaria equipado com os dois canhões Pontiac M-39A2 de 20 mm, não fazendo previsão também para o emprego de bombas, foguetes e misseis, com seus pontos subalares sendo destinados apenas para o uso de tanques de combustíveis complementares, os trilhos dos misseis ar ar das pontas das asas seriam substituídos pelos mesmos tanques empregados no T-38A. O primeiro protótipo equipado com os mesmos motores turbo jatos General Electric J-85GE-13, alçaria voo a partir da  Base Aérea Edwards (AFB) na California no dia 24 de fevereiro de 1964, apresentando excelente qualidades de voo e manobrabilidade.  Após ser submetido a um programa de avaliação e ensaios em voo o modelo seria liberado para a produção, recebendo um primeiro contrato envolvendo vinte aeronaves, seis das quais seriam destinadas a atender o contrato firmado com o governo das Filipinas em 1965 e as demais a Força Aérea do Vietnã do Sul (VNAF).  Ao todo seriam fabricadas 350 células do Northrop F-5B, com 191 em seu pais de origem e as demais montadas sob licença pela  Canadair Ltd, Construcciones Aeronáuticas S.A - CASA e Fokker Aviatik GmbH. Durante sua carreira os F-5B equipariam as forças áreas das Filipinas, Irã, Etiópia, Noruega, Taiwan, Brasil. Marrocos, Venezuela, Grécia, Turquia, Holanda, Turquia Coreia do Sul, Formosa e Espanha. A exemplo da versão monoplace estes treinadores seriam substituídos a partir de 1977 pelos novos Northrop F-5F Tiger II. 

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea Brasileira contava com mais de mil e quinhentas modernas aeronaves militares, com quase a sua totalidade sendo recebida a partir do ano de 1942, nos dentro do programa Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Em termos de capacidade ofensiva dispunha-se de um grande número de aeronaves de primeira linha, como os famosos caças bombardeiros Republic P-47D Thunderbolt, Curtiss P-40 Warhawk e aeronaves de ataque Douglas A-20 Havoc e North American B-25 Mitchel. Esta combinação de vetores de ataque ao operar em conjunto com aeronaves de transporte e patrulha marítima e guerra antissubmarino (ASW), tornariam a Força Aérea Brasileira a segunda maior das américas e a maior arma aérea do hemisfério sul do planeta. No entanto durante a década de 1950 a disseminação do emprego de motores turbo jatos   em uma nova geração de aeronaves militares, tornaria os caças e bombardeiros de ataque a pistão virtualmente obsoletos em poucos anos. Uma movimentação de renovação seria então iniciada, com o desejo dos militares brasileiros pendendo para a incorporação de modernas aeronaves como os Republic F-84E Thunderjet ou North-American F-86F Sabre. No entanto este desejo não se concretizaria em virtude de restrições orçamentárias e de ordem geopolítica, com o governo norte-americano evitando uma corrida armamentista na América do Sul. Esta demanda seria atendida a partir de 1953 com a adoção de aeronaves menos capazes Gloster F-8 Meteor e Lockheed F-80C Shooting Star.  Desta maneira os três principais esquadrões de linha de frente da Força Aérea Brasileira passariam a ser equipados com os caças ingleses, que apesar de serem defasados para o cenário, se encontravam disponíveis em números suficientes para o atendimento mínimo das demandas operacionais. No entanto anos depois esta frota seria afligida por problemas relacionados ao desgaste estrutural das células, levando a imposição de restrições ao perfil operacional destas aeronaves. Apesar de serem aplicadas soluções paliativas indicadas pelo fabricante este problema se agravaria ao longo dos meses seguintes, convertendo em pouco tempo a outrora aviação de caça brasileira em uma simples sombra do que era no começo da década, comprometendo completamente sua eficiência operacional. 

Assim no final do ano de 1965, em resposta a este cenário problemático, o comando do Ministério da Aeronáutica (MAer) iniciaria uma série de estudos visando a análise e incorporação de novas aeronaves de caça para a substituição dos Gloster F-8 Meteor e Lockheed F-80C Shooting Star. Neste contexto seria definida a aquisição de aeronaves de combate multifuncionais, com a escolha aspiracional dos oficiais da Força Aérea Brasileira recaindo sobre os potentes bimotores McDonnell Douglas F-4 Phantom II. No entanto esta opção seria prontamente negada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos (DoS), sob a alegação que tal aquisição afetaria o balanço do poder aéreo na América do Sul, sendo sugeridos outros modelos menos capazes dispostos nos termos do Programa de Assistência Militar - MAP (Military Assistance Program). Assim o governo brasileiro passaria a cogitar a aquisição de pelo menos doze caças Northrop F-5A e F-5B Freedom Fighter,  destinados a substituir os jatos ingleses, passando a compor o braço armado do Sistema de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (SISDACTA) que se encontrava em processo de implementação. No entanto restrições orçamentarias e a necessidade emergencial para a modernização da aviação de transporte brasileira, levariam ao cancelamento deste importante programa de aquisição. Esta importante lacuna por um interceptador de alta performance, seriam somente preenchidas em 1972, quando seriam recebidos os caças interceptadores supersônicos franceses Marcel Dassault Mirage IIIEBR (F-103E). Neste interim, os demais esquadrões de combate da Força Aérea Brasileira seriam precariamente reequipados com treinadores avançados Lockheed AT-33A modificados para missões de caça e ataque a solo. Em meados da década de 1970 seriam iniciados estudos visando a substituição das aeronaves de ataque ainda lotadas junto 1º Grupo de Aviação de Caça (1ºGAvC) – Esquadrão Senta a Pua e no 1º/14º Grupo de Aviação (1º/14º GAv) – Esquadrão Pampa. Neste momento dispondo de uma grande provisão orçamentaria, seria decidido lançar uma concorrência internacional, prevendo a aquisição de pelo menos trinta novas aeronaves de combate do tipo multifuncional. Em reposta a este processo seriam apresentadas propostas de diversos fabricantes, onde figuravam com destaque modelos como os ingleses Spect BAE Jaguar, BAE Jump Jet Harrier MK-50, o italiano Aermachi MB-326K, e por fim os norte-americanos McDonnell Douglas A-4F e Northrop F-5E Tiger II.

Um profundo estudo comparativo entre os concorrentes seria conduzido pelo Ministério da Aeronáutica (MAer), com a escolha recaindo sobre a aeronave da Northrop Aircraft Corporation, modelo que além de ser o único supersônico da lista, atendia a praticamente todas as características exigidas para este programa de reequipamento brasileiro. Após negociações, seria celebrado em abril de 1974 um contrato com o fabricante no valor de US$ 115 milhões de dólares, englobando a aquisição de trinta e seis células monoplaces e seis biplaces além de peças de reposição, ferramental específico, treinamento e pacote de armas. O modelo selecionado pela Força Aérea Brasileira, receberia uma série de customizações em termos de sistemas de aviônica e comunicações para adequação. Inicialmente este pacote deveria contemplar seis dos novos treinadores Northrop F-5F Tiger II, no entanto esta versão ainda se encontrava nos estágios finais de desenvolvimento, com sua entrada em serviço sendo prevista pelo fabricante somente para o final do ano e 1976. Este fato levaria a um grave atraso no cronograma de recebimento, treinamento e treinamento operacional do monoplace na Força Aérea Brasileira, fato que não poderia ser aceito por seus comandantes, visto a necessidade de substituição dos Lockheed AT-33A  e TF-33A. Mesmo a contragosto destes oficiais, optaria-se pela aquisição de seis células novas de fábrica da versão anterior da aeronave, o biplace F-5B, que receberia o mesmo pacote de customização em termos de sistemas de aviônica e comunicações aplicados nos F-5E Tiger II. Com todos os detalhes finais acertados, em maio do mesmo ano, seria criada a Comissão de Fiscalização e Recebimento (Comfirem) dos Northrop F-5E Tiger II e F-5B, sendo está estabelecida na base aérea de Palmdale na Califórnia. Neste escopo durante seis meses, pilotos e técnicos militares brasileiros participariam do programa de adaptação e treinamento em voo, com este processo sendo ministrado pelo pessoal do   425º Esquadrão de Treinamento Tático de Combate – TFTS (Tatical Fighter Training Squadron) da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), na base aérea de Willians, no Arizona (unidade esta destinada a realizar o treinamento de todos os operadores internacionais da família F-5A e F-5E). Neste momento os pilotos brasileiros fariam seus voos de treinamento e conversão junto a aeronaves Northrop F-5B e T-38A Talon. 

Próximo do encerramento deste processo de treinamento , no dia de 28 de fevereiro de 1974, seriam entregues ao representantes da Comissão de Fiscalização e Recebimento (Comfirem), nas instalações da Northrop Aircraft Corporation, os três primeiros Northrop F-5B.  Seria definido em seguida o processo de translado de todas as aeronaves ao Brasil, decolando de Palmdale na California, com escalas San Antonio no Texas e Homestad Florida, passando assim por países da américa central e do sul como Porto Rico, Trinidad & Tobago e Suriname pousando na Base Aérea de Belém, fazendo nova escala em Anápolis (GO); assim seis dias após, as aeronaves deveriam chegar ao seu destino final, a Base Aérea do Galeão (BAGL). Neste contexto, as três primeiras células, compuseram a primeira de onze esquadrilhas a serem transladadas para o Brasil, na chamada “Operação Tigre”. Este percurso transcorreria sem maiores problemas com os Northrop F-5B e F-5E Tiger II tocando a pista da Base Aérea do Galeão (BAGL) no dia dia 6 de março de 1975.  A segunda esquadrilha com os últimos três F-5B chegaria ao Brasil juntamente com os demais F-5E Tiger II no dia 13 de maio do mesmo ano. Como a pista da Base Aérea de Santa Cruz, estava passando por obras de adequação prolongamento para assim poder  receber estas novas aeronaves, inicialmente passariam a operar a partir da  Base Aérea do Galeão (BAGL). Neste momento além de operar nesta localidade seriam destacados em missões de treinamento se deslocando aos aeródromos militares de São Jose dos Campos e Guaratinguetá, ambos no interior do Estado de São Paulo. Os Northrop F-5B receberiam as receberiam as matrículas "FAB 4800 á 4805", sendo alocadas na ordem de três células junto aos  1º e 2º esquadrões (Senta a Pua e Rompe Mato), pertencentes ao 1º Grupo de Aviação de Caça (GAvCa). Estas unidades  também seriam responsáveis pelo treinamento e conversão dos pilotos do 1º/14º Grupo de Aviação - Esquadrão Pampa. Apesar de sempre pertencerem a dotação do 1º Grupo de Aviação de Caça (GAvCa), rotineiramente duas células seriam destacadas  para operação na Base Aérea de Canoas  (BACO) no Rio Grande do Sul, evitando assim que os pilotos que fossem destinados a esta unidade tivessem que fazer o treinamento inicial na Base Aérea de Santa Cruz (BASC) no Rio de Janeiro. Esta sistemática seria mantida até pelo menos 1989, quando a Força Aérea Brasileira passaria a operar quatro células do Northrop  F-5F Tiger, com duas destas aeronaves sendo incorporadas a dotação oficial do 1º/14º Grupo de Aviação - Esquadrão Pampa. 

A partir deste momento os Northrop F-5B remanescentes seriam novamente concentrados na Base Aérea de Santa Cruz (BASC), com estas aeronaves passando a dividir como os novos F-5F-Tiger o  processo de  treinamento e conversão para os pilotos do 1º Grupo de Aviação de Caça (GAvCa). Durante seu período de operação somente uma célula seria perdida em acidente, com este fato sendo registrado quando o Northrop  F-5B "FAB 4801" veio a colidir com um urubu em um voo de treinamento na cidade de Guaratinguetá no interior de São Paulo, felizmente os pilotos conseguiram ejetar se salvando. A performance dos novos treinadores se apresentava muito superior aos F-5B, levando junho de 1995 a decisão de desativação de três células, com estas sendo armazenadas no Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA SP), servindo principalmente como fonte de peças de reposição.  As duas células remanescentes seriam empregados pelo 1º Grupo de Aviação de Caça (GAvCa) até o dia 22 de maio de 1996, ocasião em que foram desativados,  sendo transladados ao Campo de Marte na cidade de São Paulo, a fim de serem alienados para posterior venda em leilão. Neste momento o então que ex-coronel da Força Aérea Brasileira, Gustavo Adolfo Franco Pereira, efetivaria um lance de US$ 3,1 milhões para a compra das cinco aeronaves. Este processo seria financiado pelo empresário norte-americano Richard Boulais, sendo depositado inicialmente um valor de entrada, estas aeronaves seriam transportadas para um hangar alugado no aeroporto do Campo de Marte. No entanto posteriormente este leilão seria cancelado, com um novo processo de venda direta sendo realizado, que também seria cancelada, com estes dois processos sendo afetados pela exigência norte-americana de atendimento aos dispositivos previstos na lei de End User (Usuário Final), que demandava um grande processo burocrático para aprovação e certificação do comprador.  Seria iniciado um embate jurídico pois a defasa dos compradores alegavam que esta lei norte-americana seria aprovada aprovada em 1976, enquanto as aeronaves foram compradas pelo Brasil em  1973, ao fim desta contenda a venda nunca seria concretizada e as aeronaves jamais seriam entregues. Neste meio tempo as células seriam repintadas passando a operar um padrão semelhante ao empregado nos F-5F que operavam no 1º/14º Grupo de Aviação - Esquadrão Pampa, recebendo a numeração visual de 01 a 05. Posteriormente a Força Aérea Brasileira, decidiria por preservar estas aeronaves, sendo dispostas no Museu Aeroespacial (MUSAL), Comando Geral de Apoio (COMGAP) , Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA SP), Base  Aérea de Santa Cruz (BASC) e na Base Aérea do Galeão (BAGL).

Em Escala. 
Para representarmos o Northrop F-5B "FAB 4803" recorremos ao kit da Fujimi na escala 1/48, sendo este kit totalmente despojado de detalhamentos e interior, sendo necessário a confecção em scratch de assentos ejetáveis e painéis de controle. Como sugestão indicamos o kit da Classic Airframes que apesar de ser extremamente raro no mercado proporcionará ao modelista um resultado melhor. Utilizamos decais confeccionados FCM Decals presentes no antigo Set 48/03 para completar o conjunto.  
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático adotado pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) em suas aeronaves em operação no sudeste asiático durante a década de 1970. As células empregas Força Aérea Brasileira mantiveram este padrão até sua desativação no ano 1996. Atualmente duas das células preservadas ostentam padrões diferentes, sendo o F-5B "FAB 4803" configurado nas cores dos F-5EM modernizados, já o F-5B "FAB 4804" foi configurado nas cores dos F-5F operados pelo 1º/14º Grupo de Aviação - Esquadrão Pampa, estando este último exposto em um pedestal na entrada principal da Base Aérea do Galeão (BAGL) no Rio de Janeiro.

Bibliografia :

- Northrop F-5  Wikipédia -http://en.wikipedia.org/wiki/Northrop_F-5
- História da Força Aérea Brasileira por :  Prof. Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- F-5B Freedom Figheter - Aparecido Camazano Alamino / Revista Asas nº 65
Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores
- Northrop F-5B, o Freedom Fighter da FAB - https://www.cavok.com.br/f-5b-o-freedom-fighter-da-fab#google_vignette