M-4 e M4-A1 Sherman Late


História e Desenvolvimento.
Na Europa, na segunda metade da década de 1930, o plano de rearmamento implementado pelo governo nacional-socialista Alemão adotava uma nova abordagem ao concentrar-se no desenvolvimento de conceitos e doutrinas militares. Esses conceitos seriam posteriormente integrados no campo de batalha, combinando novas tecnologias em equipamentos e armamentos destinados ao combate terrestre com o devido apoio aéreo. Tal iniciativa culminou na elaboração do conceito de "Guerra Relâmpago" ou Blitzkrieg. Essa tática tinha como um de seus principais pilares o desenvolvimento de carros de combate blindados, os quais se destacavam pela combinação de velocidade, mobilidade, blindagem, controle de tiro e poder de fogo. Nesse contexto, os novos carros de combate alemães eram projetados para serem superiores em todos os aspectos em relação a seus concorrentes disponíveis na época. Embora o Tratado de Versalhes, firmado após o término da Primeira Guerra Mundial, impusesse limitações significativas à Alemanha, os programas de reaparelhamento das forças armadas nazistas avançavam rapidamente. Do outro lado do Oceano Atlântico, o serviço de inteligência dos Estados Unidos informava continuamente o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) sobre esses avanços e as iminentes ameaças que poderiam surgir. As análises preliminares desses relatórios indicavam que os novos carros blindados alemães superariam facilmente os modelos utilizados até então. Para enfrentar essa situação desafiadora, em abril de 1939, foi iniciado um abrangente programa de estudos com o objetivo de desenvolver novos carros de combate, cujo propósito principal era substituir os obsoletos modelos M-1 e M-2, que constituíam a espinha dorsal das forças blindadas da nação. O objetivo primordial deste plano era conceber veículos de combate capazes de rivalizar, em potenciais cenários de conflito, com os novos carros de combate alemães e japoneses que estavam em fase inicial de operação. Em julho de 1939, foi deflagrado um programa de desenvolvimento que ficaria sob a responsabilidade das equipes de projeto de veículos blindados do Departamento de Artilharia do Exército dos Estados Unidos (U.S. Army Ordnance Department), sediado em Fort Lee, Virgínia. Imediatamente, os trabalhos conceituais foram iniciados, estabelecendo diversos parâmetros de projeto com base no carro de combate M-2. Dentre os principais aspectos destacava-se a adoção do novo canhão M-22 de calibre 37 mm e um sistema de blindagem dimensionado para resistir a impactos de munições antitanque do mesmo calibre que a arma principal. Apesar dessa iniciativa, persistia a dúvida sobre a real capacidade de proteção que o nível de blindagem proporcionaria ao "M-3 Light Tank", assim como a efetividade de seu poder de fogo frente aos novos carros de combate alemães e japoneses que estavam em desenvolvimento naquele momento.

Os temores expressos por uma significativa parcela dos oficiais de comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) foram confirmados em junho de 1940, com o início da campanha na França. Durante este conflito, os novos carros blindados alemães Panzer III e Panzer IV, operando segundo os princípios da guerra relâmpago (Blitzkrieg), obtiveram vitórias esmagadoras contra os melhores carros de combate franceses e britânicos disponíveis na época. Tornou-se evidente que o canhão M-22 de 37 mm se mostrava completamente ineficaz, tornando necessário equipar os novos carros de combate norte-americanos com um canhão de calibre 75 mm. Entretanto, nem os antigos M-2, nem os novos M-3 poderiam ser adaptados para acomodar essa arma, uma vez que seu peso maior exigiria o desenvolvimento de uma nova torre giratória. Embora essa abordagem estivesse sendo considerada, buscou-se simultaneamente uma solução provisória, que envolveu uma modificação experimental de um M-2, resultando na criação de um obuseiro autopropulsado de 75 mm, com o canhão sendo projetado pelo Watervliet Arsenal. Os testes de campo desse protótipo levaram à conclusão de que o chassi do M-2 existente poderia ser utilizado em combinação com uma superestrutura redesenhada, mantendo ainda a arma de 37 mm instalada em uma torre giratória. O novo carro de combate M-3 apresentava, assim, um design incomum, já que a arma principal, o canhão M-2 de 75 mm, não estava instalado em uma torre giratória, mas sim fixada ao chassi. Essa configuração resultou da falta de experiência da indústria norte-americana na concepção de uma torre que pudesse abrigar uma arma desse calibre. Ressalta-se que a solução de empregar dois canhões foi inspirada em modelos europeus, como o Char B1 francês e o Churchill Mark I britânico. No caso do Char B1, o veículo foi projetado como um canhão autopropulsado, destinado a atacar fortificações, com uma capacidade antitanque adicional proporcionada por um segundo canhão em uma pequena torre. Já o modelo inglês incorporava uma arma montada no casco dianteiro, utilizada principalmente para disparar projéteis de fumaça. O novo M-3 diferia ligeiramente dos padrões europeus, apresentando um canhão principal de dupla finalidade, capaz de disparar um projétil perfurante a uma velocidade suficiente para penetrar efetivamente a armadura, além de lançar um projétil altamente explosivo que era considerável o suficiente para ser eficaz em combate. Contudo, a disposição do canhão de M-3 75 mm comprometeu significativamente o deslocamento lateral da peça, obrigando o veículo a manobrar para otimizar o ângulo de tiro. Por sua vez, o canhão de 37 mm, montado na torre principal, revelou-se de pouca utilidade diante das blindagens mais sofisticadas. Apesar dessas preocupações, o M-3 poderia ser produzido em larga escala e com maior rapidez em comparação aos carros de combate convencionais, atendendo, assim, às demandas emergenciais não apenas dos Estados Unidos, mas também da Grã-Bretanha.
No final de janeiro de 1942, os primeiros tanques M-3 Grant, fornecidos pelos Estados Unidos, chegaram ao Norte da África para reforçar as forças britânicas. As tripulações foram submetidas a um rigoroso programa de treinamento, com o objetivo de prepará-las para confrontos contra as forças do Eixo. O canhão principal M-2 de 75 mm, baseado em um modelo de artilharia de campanha francês, permitiu ao Exército Real Britânico utilizar amplos estoques de munição remanescentes da Primeira Guerra Mundial. Dentre os projéteis disponíveis, destacava-se o perfurante de tiro sólido, capaz de penetrar aproximadamente 50 mm de blindagem a uma distância de 1.000 metros. Embora superior aos canhões de 2 libras equipados nos tanques britânicos da época, o desempenho do M-3 ainda não atendia plenamente aos padrões exigidos para operações de combate. O batismo de fogo do M-3 Grant ocorreu em 27 de maio de 1942, durante a Batalha de Gazala, no Norte da África. Sua introdução representou uma surpresa tática para as forças alemãs, que não estavam preparadas para enfrentar o canhão de 75 mm. O M-3 demonstrou superioridade em relação ao canhão antitanque Pak 38 de 50 mm e ao KwK 39 de 50 mm montado no Panzer III, principal tanque médio alemão. Adicionalmente, o M-3 superou os tanques leves italianos Fiat M13/40 e M14/41, cujo canhão de 47 mm apresentava eficácia limitada a curtas distâncias. Apenas os canhões autopropulsados italianos Semoventi 75/18, utilizando projéteis HEAT, eram capazes de neutralizar o M-3 de forma eficaz. Apesar dessas vantagens iniciais, os M-3 Grant não conseguiram assegurar a vitória na Batalha de Gazala. Foram severamente impactados pelos canhões antiaéreos alemães Flak 18/36/37/41 de 88 mm, que exploraram vulnerabilidades críticas do tanque, incluindo seu perfil elevado, baixa relação peso-potência e armadura rebitada. Esta última apresentava a desvantagem de gerar ricochetes internos dos rebites sob impacto, causando ferimentos às tripulações. Embora concebidos como uma solução temporária para o Exército Real Britânico, enquanto aguardava a entrega dos tanques Crusader Mark III, atrasos na produção deste último tornaram o M-3 Grant o principal veículo blindado das forças aliadas no Oriente Médio. Contudo, suas limitações táticas e técnicas evidenciaram a necessidade urgente de substituição. Para otimizar os recursos industriais disponíveis, decidiu-se desenvolver um novo modelo que preservasse elementos do design do M-3, mas incorporasse melhorias significativas, como uma torre giratória de 360 graus para o canhão de 75 mm. Em outubro de 1941, o protótipo do Medium Tank M-4, posteriormente conhecido como Sherman, foi concluído na fábrica da Baldwin Locomotive Co., na Filadélfia.  Com um peso bruto de 30 toneladas, o M-4 utilizava o eficiente sistema de Suspensão Vertical por Mola Voluta (VVSS) e era equipado com o motor aeronáutico a gasolina Curtiss-Wright Continental R-975E, que entregava 330 hp de potência. 

Este novo tanque representou um avanço significativo em relação ao M-3, oferecendo maior flexibilidade tática e capacidade de adaptação às demandas do campo de batalha. O projeto do tanque M-4 Sherman foi orientado pela simplicidade estrutural, com o objetivo de facilitar a produção em larga escala para atender à crescente demanda das forças aliadas. A meta inicial previa a entrega de aproximadamente 2.000 veículos por mês. Após extensos testes de campo, foram implementadas correções e melhorias no projeto original, culminando na primeira versão de produção, o M-4A1, cuja fabricação foi iniciada em fevereiro de 1942. Para atender às especificações do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC), foi desenvolvido o modelo M-4A2, que substituiu o motor original a gasolina pelo motor diesel General Motors Twin 6-71. Essa alteração visava unificar o tipo de combustível utilizado pelas forças blindadas com o empregado pela frota naval, otimizando a logística. Posteriormente, a pedido do Exército dos Estados Unidos (US Army), foi criada a variante M-4A3, equipada com o motor a gasolina Ford GAA V-8 de 500 hp, proporcionando maior potência. A versão final de produção, o M-4A4, tornou-se disponível em julho de 1942. Embora visualmente semelhante ao M-4A1, o M-4A4 distinguia-se por seu chassi construído com chapas retas soldadas, em vez de uma peça única fundida. As primeiras unidades apresentavam uma blindagem frontal tripartida, unida por parafusos, característica herdada diretamente do tanque M-3 Lee. O M-4 Sherman teve seu batismo de fogo em 23 de outubro de 1942, durante a Segunda Batalha de El Alamein, no Norte da África, conduzida pelo 8º Exército Britânico. Operado por tripulações britânicas experientes, o M-4 demonstrou superioridade significativa em relação ao M-3 Lee/Grant, enfrentando com êxito os tanques alemães Panzer. Contudo, quando empregado pelo Exército dos Estados Unidos na Batalha de Kasserine, em fevereiro de 1943, o desempenho foi comprometido pela inexperiência das tripulações da 1ª Divisão Blindada, resultando em pesadas perdas. No teatro de operações europeu, o M-4 Sherman foi introduzido durante a Operação Husky, a invasão da Sicília, em julho de 1943. Operando ao lado dos tanques leves M-3 Stuart, os M-4A1 enfrentaram forte resistência dos canhões antitanque alemães e italianos. Em 11 de julho de 1943, os M-4 prestaram apoio crucial à infantaria aliada em Piano Luco. Durante os combates na Itália, as forças aliadas sofreram a perda de centenas de veículos, mas a 3ª Brigada da 1ª Divisão Blindada alcançou êxito ao entrar em Roma. Durante a Operação Overlord, o desembarque aliado na Normandia em junho de 1944, o M-4 Sherman desempenhou um papel crucial. Apesar de enfrentar desafios significativos contra os tanques alemães Tiger e Panther, que possuíam armamento e blindagem superiores, a quantidade e a confiabilidade dos Shermans permitiram que as forças aliadas mantivessem a superioridade numérica e logística. Ao longo da campanha europeia, os M-4 foram essenciais no confronto com os tanques Panzer, contribuindo para a progressão aliada até a derrota da Alemanha em 1945.
No teatro de operações do Pacífico, o M-4 Sherman foi a principal arma blindada do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC). Centenas de unidades foram empregadas, incluindo variantes especializadas equipadas com lança-chamas, que representaram a primeira adaptação em larga escala da plataforma para funções específicas. Essas versões foram particularmente eficazes em operações contra fortificações japonesas. O M-4 Sherman destacou-se pela simplicidade de seu projeto e robustez mecânica, características que facilitaram sua produção em massa e manutenção em campo. Substituindo os modelos M-3 Stuart e M-3 Lee, o Sherman tornou-se o carro de combate padrão das forças aliadas. Para otimizar a logística, foi desenvolvida uma família de veículos especializados baseados na plataforma do M-4, incluindo modelos utilitários e de suporte, que padronizaram peças de reposição e processos de manutenção. A produção do M-4 Sherman foi realizada em diversas fábricas nos Estados Unidos, incluindo Baldwin Locomotive Works, Pressed Steel Car Company, American Locomotive Co., Pullman-Standard Car Company e Detroit Tank Arsenal. Entre 1942 e julho de 1945, foram fabricadas 49.234 unidades, excluindo protótipos. A grande maioria foi destinada às forças armadas norte-americanas, com uma parcela significativa fornecida a aliados por meio do programa Lend-Lease. Ao final da Segunda Guerra Mundial, milhares de M-4 Shermans foram abandonados na Europa pois seu processo de retorno aos Estados Unidos se mostraria economicamente inviável. Muitos foram aproveitados por governos locais ou vendidos como sucata. O Exército dos Estados Unidos (US Army) manteve uma quantidade considerável em reserva estratégica, enquanto outros foram estocados para uso futuro. Durante a Guerra da Coreia (1950–1953), os M-4 Shermans baseados no Japão foram rapidamente mobilizados. Atuando ao lado de tanques mais modernos, como o M-26 Pershing e o M-46 Patton, os Shermans continuaram a desempenhar um papel relevante, especialmente em operações iniciais. A partir de 1957, os M-4 Shermans começaram a ser desativados pelo Exército dos Estados Unidos. Por meio do Programa de Assistência Militar (MAP), grande parte da frota foi transferida para nações alinhadas aos interesses geopolíticos dos EUA. Países como Argentina e Israel adquiriram centenas de unidades, muitas vezes a preços de sucata. Ao todo, 47 países operaram diferentes versões do M-4 Sherman, incluindo modelos modernizados. Os M-4 Shermans foram utilizados em diversos conflitos ao redor do mundo, com destaque para: Guerras Árabe-Israelenses: Israel empregou Shermans modernizados em combates contra forças árabes. Guerra do Vietnã: O Vietnã do Sul utilizou brevemente os Shermans em operações militares e Guerra Indo-Paquistanesa de 1965: Ambos os lados do conflito operaram versões do M-4 Sherman. O M-4 Sherman consolidou-se como um dos tanques mais emblemáticos da Segunda Guerra Mundial, graças à sua versatilidade, confiabilidade e capacidade de adaptação. Sua produção em larga escala e a padronização logística fortaleceram as operações aliadas, enquanto sua longevidade no pós-guerra, com uso em diversos conflitos, demonstra a robustez de seu projeto. Apesar de suas limitações contra tanques alemães mais avançados, o M-4 Sherman permanece como um símbolo da capacidade industrial e militar dos Estados Unidos no século XX.

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial (1939–1945), o governo dos Estados Unidos passou a considerar com crescente preocupação a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas potências do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). A capitulação da França em junho de 1940 intensificou temores de que bases operacionais nazistas fossem estabelecidas em territórios coloniais franceses, como as Ilhas Canárias e Dacar. Nesse contexto, o Brasil emergiu como um ponto estratégico crucial, tanto pela sua proximidade geográfica com o continente africano quanto por seu papel como fornecedor de matérias-primas essenciais para os Aliados. Este relatório analisa a relevância estratégica do Brasil durante o conflito, destacando sua posição geográfica, contribuições econômicas e os acordos de cooperação com os Estados Unidos. A possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo foi uma preocupação central para os Estados Unidos. O Brasil, devido à sua localização geográfica no Atlântico Sul, era considerado o ponto mais vulnerável para um eventual desembarque de tropas inimigas, especialmente pela proximidade com o continente africano, que figurava nos planos expansionistas alemães. Além disso, as conquistas japonesas no Sudeste Asiático e no Pacífico Sul reforçavam a importância do Brasil como alvo estratégico. Após a conquista da Malasia, pelos japoneses, o Brasil consolidou-se como o principal fornecedor de látex para os Aliados, uma matéria-prima essencial para a produção de borracha, item crítico para a indústria bélica. O comércio exterior brasileiro, especialmente com os Estados Unidos, tornou-se vital para o fornecimento de recursos que sustentavam o esforço de guerra aliado. Ainda a costa nordeste do Brasil, por sua proximidade com o continente africano, representava o ponto mais estratégico para o translado aéreo e marítimo entre os continentes americano e africano. Essa região era ideal para o estabelecimento de bases aéreas e portos, que facilitavam o envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para os teatros de operações na Europa e no Norte da África. Assim, o litoral brasileiro tornou-se um componente fundamental da logística aliada. O cenário de ameaças globais levou a uma maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos. Essa colaboração resultou em uma série de acordos e investimentos voltados para o fortalecimento das capacidades defensivas brasileiras e o apoio logístico aos Aliados. Um dos pilares dessa cooperação foi a adesão do Brasil ao Lend &Lease Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), um programa de assistência militar que visava modernizar as Forças Armadas Brasileiras. Na época, o Exército Brasileiro enfrentava desafios significativos, com equipamentos, armamentos e doutrinas operacionais obsoletos. O acordo proporcionou ao Brasil uma linha de crédito inicial de US$ 100 milhões, destinada à aquisição de armamentos modernos, incluindo aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Os recursos obtidos por meio do Lend-Lease foram cruciais para capacitar o Brasil a enfrentar ameaças externas, particularmente as ações de submarinos alemães que atacavam a navegação civil no Atlântico Sul. Esses ataques visavam interromper o transporte de matérias-primas brasileiras para os Estados Unidos, essencial para a indústria de guerra norte-americana.

A modernização das Forças Armadas Brasileiras desempenhou um papel crucial no fortalecimento da defesa costeira e na proteção do comércio marítimo. Nesse contexto, o Exército Brasileiro passou a receber um número significativo de veículos militares, incluindo carros de combate, os quais eram necessários para atualizar a força terrestre, que até então dispunha apenas dos antigos veículos leves  italianos Fiat Ansaldo CV3-35 Modelo II. No âmbito do programa de ajuda militar, e em virtude das demandas emergentes para o abastecimento das forças aliadas nos teatros de operações da Europa e do Pacífico, o Exército Brasileiro não teria acesso imediato aos modernos carros de combate M-4 Sherman. Em lugar disso, inicialmente seriam fornecidos apenas modelos mais antigos, como o M-3 Stuart, classificado como leve, e o M-3 Lee, classificado como médio. Esses veículos, apesar de usados, estavam em excelente estado de conservação, dado seu baixo uso operacional nas unidades de cavalaria blindada dentro de sua área continental. Nesse ínterim, foram criadas as primeiras unidades motomecanizadas, equipadas com blindados de combate e veículos rápidos para reconhecimento, em consonância com a doutrina utilizada pelo Exército dos Estados Unidos. Esses grupamentos contariam com quase 300 carros de combate leves e médios, consolidando o Exército Brasileiro como a maior potência militar da América Latina. Após a rendição alemã em maio de 1945, o governo norte-americano passaria a atender as demandas atrasadas de seus aliados, e assim em 27 de julho do mesmo ano seriam recebidos no porto do Rio de Janeiro - RL um primeiro lote de carros de combate M-4 Sherman, sendo composto por 16 veiculos dispostos nas versões   M-4 NDV Mid Production e M-4 Composite Hull. Essas unidades receberiam as matrículas EB-11-347, 348, 350, 351, 352, 353, 393, 394, 396, 400, 403, 404, 405, 408, 409 e 412, sendo logo destinadas ao 1º Batalhão de Carros de Combate (1º BCC), baseado no antigo Derby Club, na cidade do Rio de Janeiro – RJ. Um segundo lote, com mais  17 carros de diversas outras versões, seria recebido em 10 de agosto de 1945, portando as matrículas EB-11-360, 414, 415, 416, 417, 418, 419, 420, 421, 422, 423, 424, 425, 426, 427, 428 e 429. Por fim, um último lote de 20 chegaria no Brasil no dia 23 do mesmo mês e ano, recebendo as matrículas EB-11-341, 342, 344, 345, 346, 349, 354, 355, 356, 395, 397, 398, 399, 401, 402, 406, 407, 411 e 413, totalizando cinquenta e três carros de combate médios M-4 Sherman, distribuídos em diversas versões. Em termos organizacionais, o 1º Batalhão de Carros de Combate (1º BCC) concentraria todos os carros de combate M-4 Sherman recebidos, com este sendo composto por uma Companhia de Comando, equipada com 02 CCM M-4 Sherman; três Companhias de Carros de Combate Médio, cada uma equipada com 17  CCM M-4 Sherman; uma Companhia de Carros de Combate Leve, equipada com 17 CCL M-3A1 Stuart; e uma Companhia de Serviços, equipada com 47 utilitários, dos quais 03 eram de transporte M-3 meia lagarta.
A introdução dos carros de combate M-4 Sherman no Exército Brasileiro representou um avanço significativo no patamar tático da força mecanizada blindada. Esses veículos destacavam-se em relação aos modelos leves M-3A1 Stuart e médios M-3 Lee em uso naquela época, evidenciando sua superioridade. Embora ambos os modelos utilizassem o canhão M-3 de 75 mm presente no M-3 Lee, os M-4 Sherman estavam equipados com um inovador sistema de giro-estabilizador (de operação vertical), tornando-se um dos primeiros modelos de carros de combate a incorporar tal dispositivo. Essa inovação técnica foi considerada um marco no Brasil, pois melhorou substancialmente a precisão dos disparos. Além do armamento, o arsenal brasileiro foi enriquecido com novas munições, como os projéteis M-61 Armour Piercing Capped (APC), M-72 Armour Piercing (AP) e M-84 High Explosive (HE), que possibilitavam uma cadência de disparo de vinte tiros por minuto. Em termos de mobilização para o combate, os CCM M-4 Sherman apresentavam um sistema de partida elétrica inovador, que otimiza o tempo de ativação do veículo em comparação a seus antecessores. Os carros de combate estavam equipados com um armamento principal de 75 mm e contavam com duas metralhadoras Browning M-1919 de calibre .30 e uma metralhadora M-2 de calibre .50. É importante destacar que alguns veículos dos primeiros lotes foram equipados com um morteiro de duas polegadas acoplado à torre, destinado ao disparo de projéteis fumígenos, além de uma submetralhadora Thompson M-1928A1 de calibre .45, destinada ao uso do comandante. A torre fundida dos M-4 Sherman apresentava controle elétrico ou hidráulico, dependendo da versão, e o design de perfil alto proporcionava um relativo conforto aos tripulantes, que contavam com quatro assentos: dois para o comandante (um em posição elevada e outro em combate), um para o artilheiro e um para o municiador. Todos os CCM M-4 Sherman recebidos no período eram novos de fábrica e não tinham sido utilizados anteriormente, com todos os acessórios acompanhando as viaturas, devidamente embrulhados em papel encerado. Embora os veículos tivessem sido fornecidos com manuais de operação completos e detalhados, a barreira da língua, devido à sua disponibilização exclusivamente em inglês, dificultou a correta implementação do modelo no país, considerando a falta de proficiência dos oficiais brasileiros nesse idioma.

O Carro de Combate Médio (CCM) M-4 Sherman representou um avanço significativo para o 1º Batalhão de Carros de Combate (BCC) do Exército Brasileiro na década de 1950. Apesar da necessidade de um período prolongado para ajustes operacionais visando a plena prontidão, as características técnicas do M-4 Sherman posicionaram o BCC em equivalência material com as forças blindadas norte-americanas, consolidando-o como referência na guerra blindada da época.  No início da década de 1950, a Escola de Moto-Mecanização (EsMM), sediada em Marechal Deodoro, Rio de Janeiro, RJ, recebeu seis CCM M-4 Sherman recém-adquiridos. Esses veículos, registrados com as matrículas EB11-343, 583, 584, 585, 586 e 587, foram destinados a atividades de instrução, operando em conjunto com Carros de Combate Leve (CCL) M-3 Stuart e CCM M-3 Lee. Os M-4 Sherman permaneceram em serviço na EsMM até 1957, quando, exceto o veículo EB11-723, foram transferidos para o Regimento Escola de Infantaria (REsI). Ainda no início da década de 1950, foram incorporados mais seis M-4 Sherman usados. Em 1954, o Exército Brasileiro recebeu 24 veículos excedentes do Exército dos Estados Unidos (US Army), provenientes do término da Guerra da Coreia. Desses, 22 foram fornecidos por meio do Programa de Assistência Militar (MAP), nos modelos M-4 Composite Hull e M-4A1, acompanhados de 50 motores de reposição, ampliando a capacidade operacional das unidades blindadas. Em 1964, durante a Revolução, um pelotão de M-4 Sherman do REsI foi mobilizado para um potencial confronto com forças de São Paulo, ação que, felizmente, não se concretizou. Conforme relato do Coronel Dilzemar Rocha Sales, comandante da Companhia de Carros de Combate do Regimento Escola de Infantaria (REsI) na década de 1960, os M-4 Sherman demonstraram confiabilidade operacional. Destaca-se o feito de um veículo, sob comando do Capitão Anísio Lopes Negrão, que realizou os primeiros tiros indiretos do Exército Brasileiro contra alvos, funcionando como peça de artilharia. Apesar de sua robustez, os M-4 Sherman apresentaram desafios ao longo do tempo, especialmente em veículos inativos por períodos prolongados. As principais limitações incluíam: Falhas mecânicas: O ressecamento dos diafragmas das bombas de gasolina causava panes frequentes e Restrições de mobilidade: As lagartas, desproporcionalmente estreitas em relação ao peso do veículo, resultavam em atolamentos em terrenos fofos, exigindo o uso de cabos de aço para retirada durante exercícios. Relatos da unidade, em tom jocoso, afirmavam que os M-4 Sherman “atolavam até no asfalto”.
A verdade é que a despeito das deficiências citadas, os M-4 Sherman durante grande parte de sua carreira no 1º Batalhão de Carros de Combate (1º BCC), apresentariam um alto índice de operacionalidade na ordem de 80% , muito maior que a dos outros batalhões  sediados também no Rio de Janeiro, que faziam uso dos CCL M-3 Stuart e CCM M-3 Lee que ficavam na ordem de 55%.  Com o avanço do tempo, os Carros de Combate Médios (CCM) M-4 Sherman enfrentaram desafios significativos relacionados à disponibilidade de peças de reposição, impactando sua manutenção e operacionalidade no Exército Brasileiro. O envelhecimento da frota de M-4 Sherman brasileira resultou em dificuldades no suprimento de componentes essenciais, com destaque para : Geradores auxiliares ; Caixas reguladora e principalmente os motores radiais Wright Continental R-975 Whirlwind a gasolina. A escassez dessas peças comprometeu a manutenção regular dos veículos, exigindo soluções alternativas para assegurar sua funcionalidade. Apesar dos entraves logísticos, as equipes de manutenção do Exército Brasileiro demonstraram notável capacidade de adaptação, implementando soluções criativas, tais como:Reutilização de componentes provenientes dos motores de aeronaves Stearman A-76, desativadas pela Força Aérea Brasileira (FAB) e nanibalização de peças de Carros de Combate M-3 Lee, previamente retirados do serviço ativo. Essas medidas permitiram a continuidade operacional dos M-4 Sherman, ainda que de forma improvisada, mitigando os impactos da falta de peças originais. Os desafios logísticos enfrentados na manutenção dos CCM M-4 Sherman, particularmente a escassez de peças de reposição, foram superados com soluções inovadoras e eficazes. A expertise das equipes de manutenção, aliada à utilização de recursos alternativos, garantiu a operacionalidade dos veículos, reforçando a resiliência do Exército Brasileiro frente às limitações impostas pelo tempo. O CCM M-4 Sherman desempenhou um papel crucial na modernização das forças blindadas brasileiras, proporcionando avanços técnicos expressivos, mas enfrentando limitações decorrentes de seu projeto e da manutenção. Sua incorporação e operação ao longo da década de 1950 e início da década de 1960 marcaram um período de consolidação de conhecimentos em guerra blindada, contribuindo para o aprimoramento das capacidades operacionais do Exército Brasileiro. Alguns estudos elaborados pelo Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) de São Paulo, em conjunto com Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Blindados (CPDB), buscavam modernizar e assim estender a vida útil destes carros de combate, seja em processo de remotorização ou transformação em veículo de serviço, porém tais iniciativas não chegaram a avançar além das fases de protótipo

Em Escala.
Para representarmos o M-4 Sherman Early Fused Front com a matricula  "EB-11 413" empregamos o novo kit da Asuka Modeks na escala 1/35. Para melhor detalhamento complementamos o modelo com acessórios em resina da Eletric Products. Para se representar a versão empregada no Exército Brasileiro não é necessário proceder nenhuma modificação. Fizemos uso de decais confeccionados pela Decals &  Books presentes no "Set Forças Armadas Brasileiras 1942/1982"
O padrão de pintura dos M-4 Sherman, conforme especificação Federal Standard (FS), seguia o esquema adotado pelo Exército dos Estados Unidos (US Army) no momento de sua entrega inicial ao Brasil em julho de 1945. A única modificação implementada foi a incorporação das marcações nacionais, mantendo a integridade do esquema original de cores. As marcações dos veículos incluíam o escudo nacional semelhante ao adotado pela Força Aérea Brasileira FAB), inicialmente conforme o padrão utilizado pelos veículos em território brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial. Posteriormente, esse escudo foi substituído pelo modelo com o Cruzeiro do Sul, empregado pelas forças brasileiras no teatro de operações da Itália durante o mesmo conflito.



Bibliografia :
- M-4 Sherman - Wikipédia  http://pt.wikipedia.org/wiki/M4_Sherman
- M-4 Sherman no Brasil , por Helio Higuchi e Paulo Roberto Bastos Junior 
- Blindados no Brasil Volume I – Expedito Carlos Stephani Bastos

A-26C Douglas Invader

História e Desenvolvimento.
A Douglas Aircraft Company foi fundada em 22 de julho de 1921 por Donald Wills Douglas, em Santa Monica, Califórnia, após a dissolução da Davis-Douglas Company. Desde sua criação, a empresa buscou estabelecer-se como uma referência na aviação, combinando inovação técnica com visão estratégica. Um dos primeiros marcos de sua trajetória ocorreu em 1923, com a participação no programa World Flight, uma iniciativa ambiciosa do Serviço Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USASS) para realizar a primeira circum-navegação aérea do planeta. Para atender a essa demanda, a Douglas desenvolveu o Douglas World Cruiser (DWC), uma versão modificada do bombardeiro biplano Douglas DT, projetada pelo jovem engenheiro Jack Northrop, que marcava sua estreia como um dos principais talentos da empresa. Quatro aeronaves DWC foram encomendadas, com a última entregue em 11 de março de 1924. Apesar de desafios logísticos e acidentes durante a jornada, que começou em 6 de abril de 1924 e terminou em 28 de setembro do mesmo ano, o World Flight foi um sucesso, com duas das quatro aeronaves completando a volta ao mundo. Esse feito histórico, que cobriu aproximadamente 43.500 quilômetros em 175 dias, consolidou a reputação da Douglas, que adotou o lema First Around the World (Primeira Volta ao Mundo), reforçando sua posição como líder na aviação norte-americana. Nos anos seguintes, a Douglas Aircraft Company concentrou-se na produção de aeronaves militares, especializando-se em bombardeiros-torpedeiros para a Marinha dos Estados Unidos (US Navy). Modelos como o T2D e o XT3D, desenvolvidos na década de 1920, atenderam às necessidades da US Navy para operações marítimas, destacando-se por sua robustez e confiabilidade. No final da década, a empresa expandiu seu portfólio para incluir aviões anfíbios, como o Douglas Dolphin, e mudou suas instalações para Clover Field, em Santa Monica, Califórnia, um local estratégico para testes e produção. Na década de 1930, a Douglas diversificou sua produção, desenvolvendo uma ampla gama de aeronaves, incluindo bombardeiros leves e médios, caças, transportes, aeronaves de reconhecimento e modelos experimentais. Em 1934, a empresa lançou o Douglas DC-2, um avião comercial bimotor que marcou sua entrada no mercado de transporte civil, ganhando reconhecimento por sua eficiência e segurança. Contudo, o maior sucesso veio em 1936 com o Douglas DC-3, uma aeronave de transporte que revolucionou a aviação comercial e militar. Sua versão militar, o C-47 Skytrain (conhecido como Dakota pelas forças britânicas), tornou-se um ícone da Segunda Guerra Mundial, utilizado em operações como o desembarque da Normandia em 1944 e o transporte de suprimentos na campanha do Pacífico. Com mais de 16.000 unidades produzidas, o DC-3/C-47 é amplamente considerado o avião de transporte mais significativo da história, devido à sua versatilidade, durabilidade e impacto global. O sucesso do DC-3 proporcionou à Douglas os recursos financeiros e a confiança para explorar novos nichos na aviação militar. No final da década de 1930, a empresa voltou sua atenção para o desenvolvimento de uma aeronave de bombardeio médio de alta velocidade, capaz de transportar uma carga significativa de bombas e ágil o suficiente para evitar interceptações inimigas. Esse projeto, liderado pelos engenheiros Donald Douglas, Jack Northrop e Ed Heinemann, foi iniciado em 1936 e resultou no conceito do Model 7A, apresentado no primeiro trimestre de 1937. 

Em 1938, o Model 7A deu lugar ao Model 7B, um projeto mais ambicioso que incorporava os requisitos do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) para uma concorrência lançada visando o desenvolvimento de uma aeronave de bombardeio médio de alta velocidade. O protótipo do Douglas Model 7B realizou seu primeiro voo em 26 de outubro de 1938, nas instalações da Douglas Aircraft Company, em Santa Monica, Califórnia. Apesar de suas especificações promissoras, o Model 7B não foi selecionado, sendo preterido em função do North American B-25 Mitchell, que entraria em serviço em 1941. No entanto, o destino do Model 7B mudou com o agravamento das tensões globais após a Crise de Munique, em setembro de 1938, neste contexto países como a França, iniciaram programas acelerados de reaparelhamento de suas forças aéreas, buscando adquirir aeronaves modernas nos Estados Unidos. Em junho de 1939, o Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) procederia a aquisição de 63 aeronaves Douglas DB-7 que receberiam a designação militar de A-20. Este modelo estava equipado com dois motores Wright R-2600-7 e eram similares aos DB-7B britânicos, destas 60 aeronaves seriam convertidas em caças noturnos, Douglas P-70, equipadas com o novo radar AI Mk. IV britânico e com quatro canhões de 20 mm sob o ventre. A encomenda inicial francesa de 100 aeronaves, posteriormente ampliada para 270, marcou o início da transformação do Model 7B no Douglas DB-7, uma aeronave que se tornaria um dos principais bombardeiros leves da Segunda Guerra Mundial. A queda da França em junho de 1940, limitou a entrega dos Douglas DB-7, com as células restantes sendo adquiridas pela Força Aérea Real Britânica (RAF). Os DB-7 foram redesignados como Boston I e Boston II, tornando-se peças-chave em operações no Norte da África, Europa e Mediterrâneo. Seguiu-se então o Douglas A-20A, dotado de motores Wright R-2600-3, similar ao Boston III britânico; o A-20B, incorporando os motores Wright R-2600-11 e equipado com metralhadores Browning 12,7mm no nariz e para o metralhador, aproximadamente 665 dos quais foram enviados à União Soviética através do Acordo “Lend-Lease”; o A-20C utilizava motores Wright R-2600-23 e tinha tanques autoselantes e melhor blindagem – encomendado pelos britânicos, a grande maioria acabou sendo utilizado pelos soviéticos e alguns foram transferidos para o  Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) após o ataque a Pearl Harbor. Apesar dos bons resultados operacionais a partir do início do ano de 1942 vislumbraria-se a necessidade em se desenvolver a curto prazo, um substituto mais moderno e capaz para o A-20 . Este projeto seria conduzido pela genial e habilidosa equipe de projetos da empresa liderada pelos engenheiros Edward H. Heinemann, Robert Donovan e  Ted. Robert. Smith.  Seu primeiro protótipo designado como XA-26, alçaria voo em 10 de julho de 1942 a partir da base aérea de Mines Field, na cidade El Segundo na California, sendo logo conduzido a um extenso programa de ensaios em voo. Apesar de apresentar um bom perfil operacional, a aeronave seria severamente avaliada pelo corpo técnico da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF), que elencou uma série de alteração e especificações, com sua totalidade baseada na configuração de armamento ofensivo e defensivo. Estas demandas viriam a estender significativamente o cronograma de desenvolvimento da aeronave, levando a aprovação de uma configuração final somente no início de 1944. Seu batismo de fogo ocorreria no teatro de operações na Europa, em julho do de 1944, quando aeronaves A-26 Invaders pertencentes ao 553° Esquadrão de Bombardeiros (Bomb Squadron) baseado na Inglaterra, atacaram alvos alemães na França ocupada.
Apesar dos elogios iniciais de suas tripulações quanto ao desempenho, alguns problemas de projeto, como fragilidade das pernas do trem de pouso e problemas no sistema de refrigeração dos motores, passariam constantemente a afligir a frota, reduzindo em muitas suas surtidas operacionais de combate. Já no teatro de operações do Pacífico, inicialmente o modelo encontraria forte resistência a sua implantação, muito em virtude de as tripulações estarem muito bem entrosadas com a operação dos veteranos Douglas A-20 Havoc.  O processo de convencimento seria árduo, porém enfim, o Douglas A-26 Invader  já dispostos nas versões mais aprimoradas, acabaria por ser aceito integralmente por todas a unidades aéreas pertencentes a Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF), naquele teatro de operações, tendo participado das mais importantes batalhas do conflito.  Originalmente conforme proposta conceitual, o Douglas A-26 Invader seria desenvolvido em duas configurações distintas, com a primeira sendo designada como A-26B destinada a ataque a solo, que seria dotado  com um nariz sólido, prevendo a instalação de diversas combinações de armamentos fazendo uso de metralhadoras M-2 Browning calibre .50 e canhões de 20 mm, com suas configurações mais distintas recebendo os codinomes de "six-gun nose" ou "eight-gun nose (seis ou oito armas no nariz). A segunda versão designada como A-26C, teria aplicação específica para missões de bombardeio de queda livre em média altitude, e para isto dispunha do nariz transparente em plexiglass, equipado com as sofisticadas miras Norden. Inicialmente para autodefesa, seriam instaladas duas metralhadoras M-2 Browning calibre .50 fixadas no nariz na fuselagem, a exemplo dos Douglas A-20 Havoc, posteriormente a partir de 1570° célula produzida esta configuração original de armas, passariam a ser substituídas por seis metralhadoras do mesmo modelo, que seriam alojadas internamente nas asas. Sua excelente capacidade de transporte de carga útil como bombas e foguetes não guiados de até 1.814 kg , aliada ao seu eficiente sistema de autodefesa, manobrabilidade e comando dóceis, reuniria nos Douglas A-26 Invader, qualidades especiais que estavam separados em diversos modelos de aeronaves de ataque e caça. Além do piloto, a tripulação era composta por um navegador que também executava as tarefas de carregador de munição das armas frontais, um terceiro assento estava localizado no compartimento traseiro e tinha por função a operação de controlar remotamente as torretas elétricas de metralhadoras dorsal e ventral.  Um feito extraordinário do Douglas A-26 Invader ocorreu nos céus da Europa em 1945, durante os estertores da Segunda Guerra Mundial. Pilotado pelo Major Myron L. Durkee, do 386º Esquadrão de Bombardeiros da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF), um Douglas A-26 envolveu-se em um confronto singular contra um grupo de jatos Messerschmitt Me-262 Schwalbe, da Luftwaffe. Durante o retorno de uma missão, a aeronave enfrentou esses caças a jato alemães, que representavam o ápice da tecnologia aeronáutica da época, com velocidades e manobrabilidade superiores às de aeronaves a pistão. Apesar dessa disparidade tecnológica, o A-26 demonstrou notável eficácia ao alvejar gravemente um dos Me-262, se configurando como um possível crédito por abate. Em 1944, a Douglas Aircraft Company recebeu substanciais contratos para a produção do A-26 Invader, refletindo a confiança da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF), em sua capacidade de cumprir missões de ataque e reconhecimento. Contudo, com a iminência do fim da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano reavaliou suas necessidades estratégicas. Em meados de 1945, antecipando a vitória aliada, os contratos foram revisados, resultando na entrega de aproximadamente 2.400 células até agosto daquele ano. 

Diferentemente da maioria das aeronaves a pistão, que foram rapidamente desativadas ou destinadas a reservas após a guerra, o Douglas A-26 Invader destacou-se por sua longevidade. Suas versões de ataque (A-26B e A-26C) e de reconhecimento (RB-26C) continuaram em serviço ativo, operadas por unidades da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF) estacionadas na Europa ocupada e no Japão, onde desempenharam papéis vitais em missões de patrulha, vigilância e apoio logístico durante o período de reconstrução pós-guerra. A eclosão da Guerra da Coreia, em junho de 1950, marcou um novo capítulo na história do A-26 Invader. As unidades do 3º Grupo de Bombardeiros, baseadas no sul do Japão, foram das primeiras a entrar em ação, conduzindo missões sobre a Coreia do Sul nos dias 27 e 28 de junho de 1950. Essas operações precederam a primeira missão de bombardeio norte-americana na Coreia do Norte, realizada em 29 de junho, quando um campo de aviação próximo a Pyongyang foi alvo de um ataque.  Durante este conflito, o Douglas A-26 demonstrou sua eficácia devastadora, sendo responsável pela destruição de aproximadamente 38.000 veículos, 406 locomotivas, 3.000 composições ferroviárias e sete aeronaves inimigas em solo. Suas missões noturnas de interdição, que visavam interromper linhas de suprimento norte-coreanas, tornaram-se particularmente temidas, destacando a capacidade do A-26  Invader de operar em condições desafiadoras. Além das versões de ataque, variantes especializadas, como os WB-26 e RB-26, pertencentes à 67ª Ala de Reconhecimento Tático, desempenharam papéis cruciais em missões de observação e reconhecimento climático. Essas operações forneceram informações vitais para o planejamento de ataques aéreos, garantindo maior precisão e eficácia nas campanhas militares. A Guerra da Coreia representou um marco na transição da aviação militar, com a introdução gradual de jatos como o F-86 Sabre e o MiG-15, que desafiavam a supremacia das aeronaves a pistão. Apesar disso, o A-26, com seus motores radiais Pratt & Whitney R-2800 Double Wasp, manteve sua relevância devido à sua capacidade de operar em baixa altitude e em missões noturnas, onde jatos ainda enfrentavam limitações. Com o término deste conflito, uma significativa parcela da frota foi classificada como "excedente de guerra", passando a serem transferidas para as unidades de Guarda Aérea Nacional (National Guard), onde seriam empregadas em tarefas de treinando, sendo posteriormente armazenadas.  Neste mesmo período, o intensificar das tensões da Guerra Fria, os Estados Unidos implementaram programas de assistência militar, como o Mutual Defense Assistance Act  e o Mutual Security Program, para fortalecer nações aliadas contra a expansão soviética. Desta maneira dispondo ainda de uma relativa quantidade de células em bom estado de conservação, seria decidido que o Douglas A-26 Invader passaria a ser ativo a ser destinado a estes programas. As primeiras aeronaves seriam cedidas a França, onde seriam inclusive empregadas na Guerra da Indochina (1946-1954) contra o Viet Minh. Na sequencia seriam disponibilizadas mais células para Colômbia, Chile, Brasil, República Dominicana, Guatemala, Indonésia, Laos, Nicarágua, Peru, Portugal, Arábia Saudita e Turquia. Nestas nações os Douglas A-26 Invaders seriam operados em missões  de segurança interna e contra insurgência, com destaque para as aeronaves portuguesas extremamente utilizadas nas guerras coloniais na África.
Na década de 1960, o A-26 Invader foi selecionado pela CIA para missões especiais devido à sua robustez, capacidade de operar em ambientes austeros e flexibilidade para adaptações. Em 1961, no contexto da Guerra Fria e da crescente tensão com Cuba após a Revolução de 1959, vinte células do A-26 foram secretamente transferidas para uma base na Guatemala. Lá, exilados cubanos, apoiados pelos Estados Unidos, foram treinados para a tentativa de invasão da Baía dos Porcos, em 15 de abril de 1961. Apesar do fracasso da operação, que não conseguiu derrubar o regime de Fidel Castro, o uso do A-26 demonstrou sua adequação para operações de ataque a solo em cenários de guerra não convencional, refletindo a confiança da CIA em sua capacidade de apoiar missões clandestinas. Posteriormente, a CIA empregou uma pequena frota de A-26 modernizados na Crise do Congo (1960-1965), um conflito marcado por instabilidade política e a rebelião Simba. Tripulados por pilotos mercenários, muitos dos quais eram veteranos das operações em Cuba, esses A-26 realizaram ataques a solo contra forças rebeldes, ajudando a estabilizar regiões controladas por facções pró-ocidentais. As missões no Congo, conduzidas em condições desafiadoras de terreno e logística, destacaram a resiliência da aeronave e a bravura de suas tripulações, que operavam sob pressão em um ambiente de guerra irregular. O capítulo final das operações da CIA com o A-26 ocorreu na Tailândia, onde células operadas por militares norte-americanos apoiaram o governo do Laos na luta contra a guerrilha comunista Pathet Lao, durante os anos 1960.  Durante a Guerra do Vietnã (1955-1975), o A-26 foi revitalizado com a introdução da variante A-26K Counter-Invader, uma versão significativamente modernizada projetada para atender às demandas de missões noturnas de interdição e supressão. Estas aeronaves estavam equipadas com motores Pratt & Whitney R-2800 Double Wasp mais potentes e hélices atualizadas, que aumentavam a performance e a confiabilidade,  tanques suplementares nas pontas das asas, que estendiam o alcance e a autonomia para operações prolongadas. E por fim inclusão de sistemas avançados, como o FLIR (Forward-Looking Infrared) para visão noturna, permitindo maior precisão em missões noturnas. O A-26K foi amplamente empregado na campanha contra a Trilha Ho Chi Minh, uma rede de rotas de suprimento usada pelas forças norte vietnamitas. Operando em missões noturnas, o Counter-Invader atacava comboios, depósitos e posições inimigas, dificultando a logística do Vietnã do Norte. O 609º Esquadrão de Operações Especiais, baseado na Tailândia, foi responsável por mais de 7.000 missões de combate, totalizando 19.762,7 horas de voo ao longo de dois anos.  O A-26K Counter-Invader marcou a última fase operacional do A-26, sendo retirado do serviço ativo pela USAF no final de 1969. Essa desativação representou um marco histórico, pois o A-26 foi a última aeronave de ataque oriunda da Segunda Guerra Mundial a permanecer em operação na Força Aérea dos Estados Unidos. Sua longevidade reflete não apenas a qualidade do projeto original da Douglas Aircraft Company, mas também a capacidade de adaptação da aeronave às demandas de conflitos modernos, desde operações clandestinas até guerras de alta intensidade.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
No final da Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea Brasileira (FAB) emergiu como uma potência aérea regional, consolidando-se como a maior força aérea do hemisfério sul e a segunda mais significativa das Américas. Com um inventário de mais de 1.500 aeronaves modernas, adquiridas majoritariamente a partir de 1942 por meio do Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), a Força Aérea Brasileira (FAB) contava com um arsenal diversificado, incluindo caças-bombardeiros de primeira linha como o Republic P-47D Thunderbolt e o Curtiss P-40 Warhawk, além de aeronaves de ataque como o Douglas A-20 Havoc e o North American B-25 Mitchell.Esta combinação de aeronaves de combate combinada com modelos de transporte e patrulha marítima e guerra antissubmarino (ASW), tornavam está a segunda maior força aérea das Américas, e a maior arma aérea do hemisfério sul do planeta. Este periodo seria marcado por intensas transformações geopolíticas, com os Estados Unidos buscando expandir sua influência no hemisfério ocidental por meio da política de "Boa Vizinhança". Instituída ainda na década de 1930, sob a presidência de Franklin D. Roosevelt, essa política ganhou novo ímpeto na Guerra Fria, com o Departamento de Defesa dos EUA (DoD) promovendo programas de assistência militar e econômica para nações emergentes, especialmente na América Latina. Esses esforços visavam conter a influência soviética e fortalecer laços estratégicos com países aliados, garantindo estabilidade regional e cooperação militar. Neste momento seria apresentada ao governo brasileiro, uma oferta vantajosa, em excelentes condições para de cessão de aeronaves de diversas modelos, entre estes se encontravam várias células das versões do Douglas A-26 Invader. Contudo, o Ministério da Aeronáutica (MAer) inicialmente rejeitou a proposta, argumentando que a frota existente de North American B-25B e B-25J Mitchell atendia satisfatoriamente às demandas operacionais de ataque. Essa decisão refletia a confiança na capacidade da frota de B-25, que havia sido amplamente utilizada pela Força Aérea Brasileira (FAB) em missões de treinamento e patrulha desde o período da guerra. A rejeição inicial do A-26 foi desafiada por mudanças rápidas no cenário operacional da Força Aérea Brasileira (FAB). Em 1956, o programa de suporte norte-americano para os B-25 Mitchell foi encerrado, uma decisão impulsionada pela descontinuação da produção dessas aeronaves desde meados da década de 1940 e pela consequente extinção dos estoques estratégicos de peças de reposição. O desgaste natural das células, agravado por anos de uso intensivo, resultou em índices preocupantes de disponibilidade da frota, comprometendo a prontidão operacional. Esse cenário exigiu uma resposta urgente para garantir a continuidade das capacidades de bombardeio e ataque da força aérea. Diante dessa crise logística, o comando da Força Aérea Brasileira (FAB) iniciou estudos para a aquisição de um novo vetor de ataque. A ambição era incorporar uma aeronave moderna, movida a jato, que pudesse posicionar o Brasil na vanguarda tecnológica da aviação militar.

Nesse contexto, o bombardeiro britânico English Electric Canberra, nas variantes B.8 e T.4, despontava como a escolha ideal, especialmente por já estar em operação na Força Aérea Argentina, o que demonstrava sua adequação às condições regionais. Contudo, as restrições orçamentárias do Brasil na década de 1950 inviabilizaram a aquisição de uma aeronave tão avançada e custosa, forçando o comando da Força Aérea Brasileira (FAB) a reconsiderar opções mais acessíveis. Desta maneira o governo brasileiro faria uma nova consulta ao Departamento de Estado do Governo Norte Americano (Department of Defense - DoD) , visando verificar opções para o atendimento desta demanda. Assim dentro do escopo do Programa de Assistência Militar (Military Assistance Program - MAP), seria apresentada uma proposta de fornecimento em condições extremamente vantajosas de um lote envolvendo vinte e oito células de aeronaves dispostas nos modelos Douglas B-26B e B-26C Invader, com poucas horas de voo que se encontravam armazenadas. Além disso este programa envolveria a disponibilidade de suporte logístico por meio dos programas de assistência militar que  garantia a manutenção e operação das células transferidas Em janeiro de 1957, uma comitiva de oficiais da Força Aérea Brasileira (FAB) deslocou-se à Base Aérea de Davis-Monthan, localizada em Tucson, Arizona, unidade destinada ao  armazenamento e preservação de aeronaves excedentes, incluindo células do A-26 Invader. A missão dos oficiais brasileiros era minuciosamente avaliar e selecionar as aeronaves em melhores condições de conservação, uma tarefa que exigia expertise técnica e um compromisso com a modernização da FAB. Cada célula foi inspecionada para garantir que pudesse ser restaurada e adaptada às necessidades operacionais brasileiras, refletindo o cuidado e a dedicação dos militares envolvidos. As aeronaves selecionadas foram transladadas por pilotos norte-americanos para as instalações da Fairchild ASD Corporation, localizadas em St. Augustine, Flórida, e Hagerstown, Maryland. Nessas instalações, as células passaram por uma revisão estrutural completa, um processo que incluía inspeções detalhadas, reparos e atualizações para assegurar sua prontidão operacional.  As primeiras células do Douglas B-26 Invader chegaram ao Brasil em setembro de 1957, marcando o início de um processo de incorporação que se estendeu até fevereiro de 1958. Ao todo, a Força Aérea Brasileira (FAB) recebeu 24 aeronaves, divididas em seis voos de translado, todos conduzidos com precisão por pilotos norte-americanos. Dessas, 14 pertenciam à variante B-26B, equipada com um formidável arsenal orgânico composto por seis metralhadoras Browning M-2 calibre .50 (12,7 mm) montadas no nariz e duas metralhadoras do mesmo modelo instaladas em uma torreta elétrica dorsal. Notavelmente, as células brasileiras não incluíam a torreta ventral, uma característica comum em outras versões do A-26, refletindo adaptações específicas para as missões previstas pela Força Aérea Brasileira (FAB).
Ao chegarem ao Brasil, os Douglas B-26B/C Invaders ostentavam um acabamento em metal natural, com as naceles dos motores   pintadas de preto fosco, bem como um painel anti-brilho à frente da cabine de pilotagem, com seu leme pintado com as cores verde e amarela.  Essas aeronaves, predominantemente da variante B-26B, equipada com seis metralhadoras Browning M-2 calibre .50 no nariz e duas em uma torreta elétrica dorsal, foram distribuídas aos 1º e 2º Esquadrões do 5º Grupo de Aviação (GAv), sediados na Base Aérea de Natal. O 1º/5º GAv, conhecido como Esquadrão Rumba, assumiu a responsabilidade principal pelas missões de ataque e bombardeio, enquanto o 2º/5º GAv, apelidado Esquadrão Joker, focava na transição de pilotos para aeronaves multimotoras e no treinamento operacional. As missões do B-26B e B-26C Invaders incluíam patrulhas em regiões de fronteira, exercícios de ataque a solo e treinamento de novas gerações de aviadores, refletindo o compromisso da Força Aérea Brasileira (FAB) em manter sua prontidão operacional em um período de tensões globais marcadas pela Guerra Fria.  Apesar de seu potencial a operação dos B-26B e B-26C revelou-se desafiadora. Desde o início foram apontadas  dificuldades com a manutenção preventiva e a obtenção de peças de reposição, problemas agravados pela interrupção do suporte logístico norte-americano para os B-25 Mitchell, que precederam o B-26. As aeronaves cedidas a Força Aérea Brasileira, em sua maioria foram produzidas entre os anos de 1944 e 1945, e no início da segunda metade da década de 1960, estas aeronaves já mostravam sinais de desgaste operacional. Em maio de 1963 devido a este cenário, o modelo deixaria de ser utilizado em tarefas de treinamento, sendo substituídos nesta missão por aeronaves Beechcraft H-18S (TC-45T), incorporadas ao 2º/5º Grupo de Aviação - Esquadrão Joker. As aeronaves remanescentes seriam concentradas no 1º/5º Grupo de Aviação (GAv)  - Esquadrão Rumba, e passariam a desempenhar exclusivamente missões de ataque e bombardeio, sendo subordinado ao Comando Aerotático Terrestre. Neste período a maioria das células em uso ao redor do mundo começavam a exibir  e sinais significativos de desgaste operacional. O perfil agressivo das missões, que incluíam voos em baixa altitude e manobras intensas, levou ao estresse estrutural, com rachaduras nas longarinas das asas sendo identificadas. Essas falhas estruturais representavam um risco à segurança das tripulações e à continuidade das operações, exigindo uma resposta urgente. No âmbito do Military Assistance Program (MAP), foi proposto o projeto “Wing Spar”, que visava substituir as longarinas das asas dos B-26 operados por forças aéreas latino-americanas, incluindo as do Brasil. Desenvolvido para restaurar a integridade estrutural das aeronaves, o programa era uma iniciativa crucial para prolongar a vida útil do B-26. 

Curiosamente, a Força Aérea Brasileira (FAB) optou por não aderir ao projeto, uma decisão que pode ter sido influenciada por limitações orçamentárias, priorização de recursos ou avaliações internas que apontavam para soluções alternativas. Seguindo em uso, o agressivo perfil operacional no qual estas aeronaves eram empregadas logo levariam ao estresse estrutural, com várias células apresentando rachaduras nas longarinas das asas, com esta anomalia sendo identificada pela primeira vez em um B-26 durante o ano 1966. De forma a corrigir este problema e recuperar a capacidade operacional destas aeronaves, seriam conduzidas conversações com a empresa  Hamilton Aircraft Company,  uma empresa norte-americana especializada em manutenção e modernização de aeronaves. ssas conversações, conduzidas com o objetivo de revitalizar a frota de B-26, culminaram na celebração de um contrato abrangente em meados da década de 1960. O programa contratado incluía  Reparos Estruturais: Revisão e reforço das longarinas das asas, bem como reparos em outros componentes críticos, para corrigir danos causados pelo estresse estrutural. Modernização de Sistemas: Atualização dos aviônicos e sistemas de comunicação, melhorando a eficiência e a segurança das operações. Modificações no Canopi: Atualização da cabine para proporcionar maior conforto e visibilidade às tripulações. Reconfiguração do Armamento: Remoção da torreta elétrica dorsal, simplificando a configuração da aeronave e reduzindo seu peso, enquanto as seis metralhadoras Browning M-2 calibre .50 no nariz eram mantidas como armamento principal. Para participar do programa, seriam selecionadas cuidadosamente 16 células em melhores condições de conservação, sendo 12 da variante B-26B e 4 da variante B-26C.  Estas aeronaves seriam transladadas em voo por tripulações brasileiras para as instalações da empresa na cidade de Tucson no estado do Arizona em junho de 1967. Após serem entregues, seriam detalhadamente inspecionadas por técnicos da Hamilton Aircraft Company,  que acabariam por reprovar uma das células, por apresentar excessiva corrosão estrutural, sendo imediatamente substituída por uma aeronave obtida localmente. Outros três aviões foram adquiridos a fim de substituírem aeronaves que haviam sido perdidas durante operação no Brasil.   As aeronaves revitalizadas emergiram com uma nova estética, refletindo tanto sua renovação técnica quanto o orgulho nacional. A metade superior da fuselagem, incluindo as naceles dos motores, foi pintada em um verde médio brilhante, enquanto a metade inferior recebeu uma tonalidade de cinza médio. Na deriva, um retângulo nas cores verde e amarela, inspirado na bandeira brasileira. As primeiras quatro células do B-26B retornaram ao Brasil em 7 de setembro de 1968, uma data simbólica que coincidiu com as celebrações do Dia da Independência. Essas aeronaves foram reincorporadas ao 1º/5º Grupo de Aviação (GAv) – Esquadrão Rumba, baseado na Base Aérea de Natal, onde retomaram missões de ataque e bombardeio. A partir de 1970, as aeronaves revitalizadas foram progressivamente redesignadas na Força Aérea Brasileira (FAB)  como A-26B e A-26C, alinhando-se à nomenclatura original do fabricante, um sinal do esforço para padronizar e modernizar a frota. 
Um capítulo peculiar na história do B-26 na Força Aérea Brasileira (FAB) ocorreu em 1970, quando uma célula adicional foi incorporada à frota de forma inesperada. Essa aeronave, configurada para uso civil como transporte de carga, foi apreendida pela Polícia Federal devido a seu envolvimento em atividades de contrabando e tráfico de drogas. Após avaliação, foi decidido integrá-la ao seu inventário, designando-a como Douglas CB-26B e atribuindo-lhe a matrícula FAB 5176. Em 1971, nove Douglas A-26 Invader  seriam transferidos para o 1º/10º Grupo de Aviação (GAv) – Esquadrão Poker, então sediado na Base Aérea de São Paulo (BASP), substituindo os veteranos Douglas A-20K Havok, tornando-se assim a terceira unidade brasileira a fazer uso desta aeronave, a empregando em missões de ataque, reconhecimento fotográfico, esclarecimento marítimo e COIN (contra-inssurreição) seriam realizadas por aquela unidade. Essas tarefas eram particularmente relevantes no contexto da década de 1970, quando o Brasil enfrentava tensões internas, como movimentos guerrilheiros, e buscava proteger suas extensas fronteiras e litoral. A versatilidade do A-26 permitiu que o Esquadrão Poker desempenhasse um papel estratégico, combinando operações ofensivas com missões de vigilância.  Apesar da carreira do modelo estar se aproximando do fim, aparentemente os Douglas A-26 Invader da Força Aérea Brasileira, participariam de algumas ações de combate real entre os anos de 1972 a 1973, quando foram empregados em missões secretas de COIN (contra-inssurreição) e reconhecimento fotográfico. Passando a ser operadas no leque de ações militares contra os movimentos de luta armada protagonizados pelas lideranças do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) na região do Araguaia no Centro Oeste do País.  Incursões frequentes estas que seriam cercadas de grande sigilo naquele conturbado período. Apesar da correção estrutural realizada em 1967 nos Estados Unidos, já no ano de 1972 seriam novamente detectadas rachaduras nas longarinas das asas em algumas destas aeronaves, com estas sendo recolhidas para averiguação. Assim em meados de 1974, apenas doze exemplares encontravam-se em condições de voo, e neste contexto estas aeronaves seriam preparadas para gradualmente deixar o serviço ativo. Este processo seria concluído em 3 de setembro de 1975, durante uma singela solenidade militar na Base Aérea de Cumbica, com o pouso do Douglas A-26C FAB 5159 representando o fim da era de bombardeiro na Força Aérea Brasileira (FAB). Ao todo seriam operados no pais trinta e duas aeronaves, operando por vinte e oito anos, encerrando sua carreira cumprindo missoes de aerofogrametria. Algumas células seriam preservadas, com destaque para o “FAB 5159” (U.S. BuNo 41-39288), originalmente um  Douglas B-26C , que atualmente compõe o acervo do  Museu Aeroespacial (Musal) no Rio de Janeiro.

Em Escala.
Para representar o Douglas A-26C Invader FAB 5175, foi utilizado o kit da Monogram na escala 1/48, que reutiliza os moldes clássicos da Monogram. Embora o kit seja detalhado e fiel ao design original do A-26, ele apresenta um desafio técnico comum aos moldes mais antigos: as linhas de painel em alto relevo, que contrastam com os padrões modernos de modelismo que favorecem linhas em baixo relevo para maior realismo. Para compor a versão original recebida pela Força Aérea Brasileira (FAB) não é necessário aplicar nenhuma mudança. Fizemos uso de decais produzidos pela FCM Decals  presentes no antigo Set 48/02.
O esquema de cores (FS) mencionado abaixo refere-se ao padrão de pintura inicial das aeronaves Douglas B-26B e B-26C recebidas em 1957, refletindo o esquema adotado pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) no início da Guerra Fria. Neste periodo o padrão de pintura mais comum para essas aeronaves, especialmente em configurações operacionais, era o metal natural polido (sem pintura ou com acabamento em alumínio natural) ou um esquema monocromático, geralmente com superfícies metálicas expostas e áreas específicas pintadas para reduzir reflexos ou identificar unidades. Na Força Aérea Brasileira (FAB),  este padrão  foi mantido até 1967, com as aeronaves revitalizadas passando a seguir a adotar  um novo padrão tático em verde e cinza.



Bibliografia :

- Douglas A-26 Invader , Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/Douglas_A-26_Invader
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores
- Invader na FAB , Claudio Lucchesi e José R. Mendonça  - Revista Asas  nº 10
- História da Força Aérea Brasileira , Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html

Northrop F-5EM Tiger II

História e Desenvolvimento. 
Na década de 1950, a aviação militar experimentava um período de avanços tecnológicos sem precedentes, impulsionado pela Guerra Fria e pela corrida armamentista entre as superpotências. Novas aeronaves de combate alcançavam velocidades, autonomias e capacidades de carga útil muito superiores às das gerações anteriores. Contudo, esses avanços vinham acompanhados de um aumento significativo nos custos de aquisição e operação, o que gerava preocupações tanto para os comandantes militares dos Estados Unidos quanto para os fabricantes de aeronaves. Estes temiam que cortes orçamentários, motivados pelas elevadas despesas, pudessem comprometer suas receitas e limitar a produção de novos modelos. Diante desse cenário, a Northrop Aircraft Corporation, uma das principais empresas aeroespaciais da época, tomou a iniciativa de buscar soluções inovadoras. Em 1956, a companhia formou uma equipe de desenvolvimento liderada por Edgar Schmued, vice-presidente de engenharia e renomado projetista responsável pelo icônico  North American P-51 Mustang, utilizado na Segunda Guerra Mundial, e pelo F-86 Sabre, amplamente empregado na Guerra da Coreia (1950 - 1953). A missão dessa equipe era clara: desenvolver uma aeronave de combate leve que combinasse alto desempenho, manobrabilidade aprimorada e confiabilidade, mas com custos de aquisição e operação significativamente inferiores aos dos caças da geração vigente. Além disso, a Northrop Aircraft Corporation reconheceu que as aeronaves de combate modernas, devido à sua complexidade e alto custo, não poderiam ser substituídas em curtos intervalos, como ocorria com os aviões movidos a pistão nas décadas anteriores. Assim, o projeto incorporou o conceito inovador de "potencial de crescimento projetado", visando garantir uma vida útil superior a vinte anos. Outro princípio fundamental foi o do "custo do ciclo de vida", que buscava otimizar os gastos ao longo de toda a operação da aeronave. Sob a liderança técnica de Welko Gasich, engenheiro-chefe do projeto, decidiu-se que os motores seriam integrados à fuselagem, uma configuração que maximizava o desempenho e a durabilidade. O projeto, oficialmente designado N-156, foi concebido para atender a uma concorrência recém-lançada pela Marinha dos Estados Unidos (US Navy). O objetivo era desenvolver um caça leve para operar em porta-aviões de escolta, já que as aeronaves então em uso nos porta-aviões convencionais excediam as capacidades de lançamento e armazenamento desses navios menores. A flexibilidade do N-156 também era um diferencial, pois o projeto foi planejado para atender não apenas às necessidades da aviação naval norte-americana, mas também a possíveis demandas futuras da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF). Entretanto, os planos da Northrop enfrentaram um revés quando a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) reavaliou sua estrutura naval, optando pela desativação dos porta-aviões de escolta. Essa decisão impactou diretamente a continuidade do projeto N-156 em sua configuração inicial, exigindo que a Northrop Aircraft Corporation reorientasse seus esforços para adaptar a aeronave a outros contextos operacionais.

O cancelamento da demanda da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) para um caça leve destinado aos porta-aviões de escolta representou um significativo revés para a Northrop Aircraft Corporation. Essa decisão comprometeu diretamente os planos de produção em larga escala do projeto N-156, colocando em risco os investimentos realizados. Contudo, a diretoria da empresa demonstrou notável resiliência, optando por reorientar o projeto em duas vertentes distintas: o N-156F, um caça tático leve conhecido como “Tally-Ho”, e o N-156T, uma aeronave de treinamento avançado. O conceito do N-156T rapidamente conquistou o interesse da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), que buscava um substituto para os jatos subsônicos Lockheed T-33, utilizados como treinadores. Após avaliações, o N-156T foi selecionado como o treinador padrão da USAF, sendo redesignado como T-38 Talon. O primeiro protótipo do YT-38 Talon realizou seu voo inaugural em 12 de junho de 1959, a partir da Base Aérea de Edwards, na Califórnia. Após um extenso programa de ensaios em voo, a aeronave foi aprovada para produção, resultando na fabricação de 1.158 unidades. As entregas começaram em 1960 e se estenderam até janeiro de 1972. A excelência do projeto foi comprovada ao longo das décadas por meio de sucessivos programas de modernização e retrofit, que mantiveram o T-38 Talon em serviço ativo na missão de treinamento avançado até os dias atuais. Prevê-se que essas aeronaves, que já ultrapassaram cinquenta anos de operação, sejam gradualmente substituídas a partir da segunda metade da década de 2020. Apesar do desinteresse inicial pela versão monoplace do N-156F, a Northrop decidiu, com recursos próprios, continuar seu desenvolvimento. Essa perseverança foi recompensada em um momento de mudanças nas diretivas geopolíticas dos Estados Unidos. No final da década de 1950, o Departamento de Estado (DoS) identificou a necessidade de uma aeronave de combate supersônica multifuncional, de baixo custo de aquisição e operação, destinada principalmente ao mercado de exportação. Essa iniciativa visava fortalecer o Programa de Assistência Militar (MAP – Military Assistance Program), por meio do qual os Estados Unidos forneciam equipamentos de defesa a nações aliadas, consolidando sua esfera de influência durante a Guerra Fria. Essa demanda culminou na criação do “Programa FX”, uma concorrência para a aquisição de aproximadamente 200 aeronaves, com previsão de financiamento para a construção de três protótipos para avaliação. Diversas empresas apresentaram propostas, mas foi o N-156F da Northrop que se destacou. O primeiro protótipo do N-156F realizou seu voo inaugural em 30 de julho de 1959, também na Base Aérea de Edwards. Após um rigoroso programa de avaliação comparativa contra os concorrentes, a aeronave foi declarada vencedora, marcando um marco significativo na história da Northrop Aircraft Corporation e consolidando o N-156F como um sucesso no cenário aeroespacial internacional.
No contexto da Guerra Fria, a Northrop Aircraft Corporation alcançou um marco significativo com o desenvolvimento do caça tático leve designado oficialmente como F-5A, batizado de Freedom Fighter (Combatente da Liberdade). Este foi concebido como uma solução robusta e econômica, alinhada aos objetivos do Programa de Assistência Militar (MAP – Military Assistance Program) dos Estados Unidos, que visava fortalecer a influência geopolítica americana por meio do fornecimento de equipamentos militares.  Ao longo dos anos, o Freedom Fighter tornou-se a principal aeronave de combate oferecida pelo MAP, sendo adotado pelas forças aéreas de nações como Filipinas, Irã, Etiópia, Noruega, Taiwan, Marrocos, Venezuela, Grécia, Turquia, Países Baixos, Coreia do Sul, Formosa e Espanha. No final da década de 1960, com o objetivo de manter sua influência militar e polítics, o governo norte-americano começou a planejar um sucessor para a família F-5A/B. Em 1969, foi lançado o Processo IIFA (Improved International Fighter Aircraft), uma concorrência que convidou oito empresas a apresentarem propostas para uma nova aeronave de combate. Após uma rigorosa avaliação, a Northrop foi declarada vencedora com o modelo F-5A-2, uma evolução significativa do F-5A/B, redesignada como F-5E Tiger II.  O primeiro protótipo do F-5E Tiger II realizou seu voo inaugural em 23 de agosto de 1972, na Base Aérea de Edwards, na Califórnia. Equipado com dois motores General Electric J85-21, que geravam até 5.000 libras de empuxo, o Tiger II apresentava uma fuselagem alongada e ampliada, permitindo maior capacidade de combustível e, consequentemente, maior autonomia. Suas asas foram redesenhadas com extensões de borda de ataque, aumentando a área alar e aprimorando a manobrabilidade. Para enfrentar ambientes hostis, o F-5E incorporava aviônicos avançados, destacando-se a inclusão do radar Emerson Electric AN/APQ-153 – uma inovação significativa, já que os modelos anteriores não possuíam radar. Além disso, o Tiger II podia ser customizado com sistemas de navegação inercial, equipamentos TACAN (Tactical Air Navigation) e contramedidas eletrônicas (ECM), atendendo às necessidades específicas de cada cliente. Em 6 de abril de 1973, o 425º TFS Esquadrão de Treinamento Tático (Tactical Fighter Training) sediado na Base Aérea de Williams, no Arizona, receberia o primeiro Northrop F-5E Tiger II de produção. Neste momento seria iniciado o programa de formação de equipes de voo e solo, e também a construção da doutrina operacional e de combate da nova aeronave. Seguindo as diretrizes iniciais de seu desenvolvimento, o Northrop F-5E Tiger II, passou a ser oferecido em termos vantajosos através dos programas de ajuda militar,  uma série de países alinhados a política externa do governo norte-americano, recebendo contratos de exportação para Coreia do Sul, Irã, Chile, Brasil, México, Suíça, Malásia, Cingapura, Taiwan, Marrocos, Jordânia, Grécia, Tunísia, Arábia Saudita, Etiópia. Honduras, Indonésia, Quênia, Noruega, Sudão e Iêmen.

A produção do Northrop F-5E e F-5F Tiger II alcançou, até 1987, um total de 1.399 unidades, divididas entre a versão monoplace  e a biplace . Contudo, a partir do final da década de 1980, a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) iniciou a substituição gradual do Tiger II pelo General Dynamics F-16 Fighting Falcon, um caça multifuncional de quarta geração que oferecia avanços tecnológicos significativos. Porém em seu pais de origem uma pequena parcela da frota ainda se manteria em operação, continuando a  desempenhar um papel importante na Marinha dos Estados Unidos (US Navy), especialmente na função de “Agressor”. Nesse papel, as aeronaves simulavam caças adversários em exercícios de treinamento, ajudando a preparar pilotos para enfrentar ameaças reais.  Apesar da defasagem em relação às aeronaves mais modernas, o F-5E/F Tiger II manteve sua relevância devido a características que continuavam a destacá-lo no cenário aeroespacial. A aeronave  apresentava uma combinação única de baixo custo operacional, alta manobrabilidade e uma assinatura radar reduzida, atributos que o tornavam competitivo mesmo em ambientes de combate dominados por caças de quarta geração. Essas qualidades incentivaram diversos operadores a investir em programas de modernização, com o objetivo de prolongar a vida útil das células e atualizar suas capacidades de combate. A Força Aérea da República de Singapura (RSAF) foi pioneira na implementação de um ambicioso programa de modernização em 1991 para sua frota de F-5E/F, envolvendo a  adoção do moderno radar FIAR Grifo-F da Galileo Avionica (similar em desempenho aos modelos AN/APG-69), aviônicos de última geração, atualização dos sistemas de navegação e autodefesa, além da integração sistemas de armas mais modernos como os mísseis israelenses  ar ar de curto alcance Rafael Python e norte-americanos de longo alcance (BVR além do alcance visual) AIM-120 AMRAAM. Os resultados foram extremamente positivos, revitalizando a frota de Singapura e demonstrando o potencial do F-5E/F como uma plataforma versátil e adaptável. Em seguida a Força Aérea Chilena (FACH) lançaria um programa similar de modernização para suas aeronaves, com a concorrência sendo vencida em uma parceria entre a Empresa Nacional de Aeronáutica - ENAER e a israelense Israel Aircraft Industries - IAI, com seu protótipo sendo apresentado na edição de 1993 na Feira Aeronáutica Le Bourget na França. O resultado deste processo despertaria atenção no evento pois tecnicamente representava a versão mais ousada em termos de atualização efetivada até o momento, empregava em sua concepção sistemas e equipamentos oriundos do projeto do caça de quarta geração israelense  IAI LAVI, destacando-se o radar multimodo Elta EL/M-2032B (com capacidade look down shot down), Head Up Display El-Op , dois displays multi função Astronautics, barramento digital MIL-STD 1553B, conceito dispositivo de manche e manete de potência combinados (HOTAS), e sensores sistemas de  defesa passiva do tipo RWR/ECM integrados com lançadores de chaff/flare. 
O projeto de modernização da FACH envolveu a atualização de 14 células, distribuídas entre as versões monoplace (F-5E) e biplace (F-5F), que receberam a nova designação Tiger III. A modernização incluiu a integração de um computador central avançado, responsável por coordenar os sistemas aviônicos e de armas. Entre os destaques estava o sistema de armamento ar-ar, equipado com mísseis israelenses de curto alcance Shafrir e Python III, amplamente reconhecidos por sua precisão e confiabilidade. Além disso, as aeronaves foram adaptadas para operar o míssil Rafael Derby, de alcance além do visual (Beyond Visual Range – BVR), conferindo capacidade de engajamento a longa distância, uma característica essencial em cenários de combate modernos. Essa atualização foi complementada pela introdução de aviônicos de ponta, incluindo o sistema de mira montado no capacete DASH (Display and Sight Helmet System), fabricado por Israel. O DASH permitia aos pilotos direcionar os mísseis Python IV, uma evolução do Python III, com maior agilidade e precisão, simplesmente movendo a cabeça para alinhar o alvo. Essa tecnologia, combinada com os novos sistemas de armas, transformou o Tiger III em uma plataforma altamente competitiva, capaz de enfrentar adversários mais avançados. O valor das aeronaves modernizadas foi comprovado durante o exercício multinacional SALITRE, realizado em 2004 no Chile. Durante os combates simulados, os F-5E/F Tiger III da FACH, equipados com o sistema DASH e mísseis Python IV, enfrentaram caças General Dynamics F-16C Fighting Falcon operados por experientes pilotos do 198º Esquadrão de Caça (Fighter Squadron) da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF). Os Tiger III alcançaram índices de sucesso notáveis, demonstrando que, mesmo sendo um projeto da década de 1970, a modernização permitiu que essas aeronaves competissem de igual para igual com caças de quarta geração. Esse desempenho reforçou a reputação do F-5 como uma plataforma versátil e adaptável, capaz de se manter relevante em cenários de combate modernos. O sucesso do programa chileno inspirou outras nações a investirem em iniciativas semelhantes de modernização e retrofit das suas frotas de F-5 Tiger II. Até o início da década de 2020, cerca de doze países, incluindo Brasil, Tailândia, Singapura e Taiwan, implementaram programas para atualizar suas células operacionais. A longevidade do Northrop F-5 Tiger II, que completou quase 45 anos de serviço desde sua entrada em operação na década de 1970, é um testemunho de seu design robusto e flexível. Originalmente concebido como um caça leve de baixo custo, o F-5 evoluiu para atender às demandas de um cenário aeroespacial em constante transformação, mantendo-se relevante em missões de defesa aérea, ataque leve e treinamento avançado. O sucesso do Tiger III chileno e de outros programas de modernização reflete o compromisso de nações ao redor do mundo em preservar a eficácia desse caça, que continua a voar com orgulho, carregando o legado de gerações de pilotos e técnicos dedicados à defesa de seus países.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
No final da década de 1990, a Força Aérea Brasileira (FAB) enfrentava um cenário desafiador em sua aviação de caça e ataque. Sua frota era composta por apenas 65 aeronaves, divididas entre os caças franceses Marcel Dassault Mirage IIIEBR (designados F-103E) e os norte-americanos Northrop F-5E Tiger II. Essas aeronaves, alocadas em quatro unidades de caça de primeira linha – incluindo o 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAvC) e o 1º/14º Grupo de Aviação (Esquadrão Pampa) – pertenciam às gerações de segunda e terceira de aviões de combate. Apesar de sua confiabilidade operacional, esses vetores eram considerados tecnologicamente obsoletos, especialmente quando comparados aos caças de quarta geração que dominavam os cenários de combate aéreo da época. Durante a Guerra Fria, os Mirage IIIEBR e F-5E Tiger II foram pilares da defesa aérea brasileira, desempenhando papéis cruciais em missões como a interceptação de um bombardeiro Avro Vulcan em 1982, durante a Guerra das Malvinas. No entanto, na década de 1990, exercícios multinacionais conjuntos expuseram as limitações dessas aeronaves frente a caças modernos, como o Dassault Mirage 2000 e o Lockheed Martin F-16C/D Fighting Falcon. A principal deficiência era a incapacidade de operar em combates além do alcance visual (Beyond Visual Range – BVR), uma característica essencial na guerra aérea moderna, que exigia sistemas de radar avançados, mísseis de longo alcance e aviônicos integrados. Além disso, muitos dos Mirage IIIEBR/D, adquiridos na década de 1970, aproximavam-se do fim de sua vida útil estrutural. As células apresentavam sinais de fadiga, e os custos de manutenção estavam se tornando insustentáveis, sinalizando a necessidade urgente de substituição. Os F-5E, embora mais recentes e com potencial de modernização como demonstrado por programa realizados em outros países, também careciam de sistemas compatíveis com os padrões de quarta geração, como mísseis BVR do tipo AIM-120 AMRAAM ou radares multimodo. Reconhecendo essas limitações, a Força Aérea Brasileira (FAB) identificou a necessidade de adquirir pelo menos 50 aeronaves multimissão de quarta geração para substituir os Mirage IIIEBR e complementar os F-5E. Esse objetivo ganhou forma em julho de 2000, com a aprovação do Programa de Fortalecimento do Controle do Espaço Aéreo Brasileiro, que incluía o projeto FX BR como seu braço armado. Com um orçamento inicial de US$ 700 milhões, o programa previa a aquisição de 12 a 24 caças de superioridade aérea, capazes de operar em cenários de combate moderno e fortalecer o Sistema de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (SISDACTA). O Ministério da Defesa conduziu um meticuloso processo de análise técnica, avaliando propostas de fabricantes globais. Entre os concorrentes estavam caças de renome, como o Dassault Mirage 2000-5, o Lockheed Martin F-16C/D, o Sukhoi Su-30 e o Saab JAS 39 Gripen. Após rigorosa avaliação, uma lista final (short list) foi definida, destacando os modelos mais alinhados com os requisitos operacionais e orçamentários. Infelizmente, o ímpeto do programa FX BR foi interrompido em 2002, quando um novo governo assumiu o poder no Brasil. Apesar do financiamento externo garantido, que minimizava a necessidade de investimento imediato, a nova administração optou por cancelar o programa, priorizando a alocação de recursos para iniciativas sociais. Essa decisão, adiou a modernização da aviação de caça brasileira, deixando a Força Aérea Brasileira (FAB) dependente de vetores envelhecidos por mais uma década.

Apesar desta negativa, a premente necessidade de substituição e modernização, se fazia presente, e o comando do Ministério da Defesa imbuído da missão de fazer o máximo possível com o seu reduzido orçamento para  Aeronáutica, decidiu derivar por dois caminhos. O primeiro visaria a aquisição de dez a doze caças usados para a substituição dos Marcel Dassault Mirage IIIEBR - F-103E, com este programa somente atendindo e mesmo assim paliativamente em 2006 com a incorporação de interceptadores franceses usados Mirage 2000C RDI. O segundo caminho pautava um estudo voltado a aplicação de um processo de modernização de sua frota de caças Northrop  F-5E/F Tiger II, com este sendo profundamente influenciado no exitoso programa aplicado junto aos caças F-5E Tigres III chileno.  Nesse contexto, seria criado o Programa F-5BR, liderado pela Embraer S/A  em parceria com a israelense Elbit Systems, emergiu como uma iniciativa estratégica para modernizar a frota de F-5E/F, garantindo sua relevância operacional até o final da década de 2020. Em 30 de dezembro de 2001, o Comando da Aeronáutica (CoMaer)  aprovou um orçamento de US$ 285 milhões para o retrofit estrutural e modernização de 46 células – 43 F-5E e três F-5F –, redesignadas como F-5EM e F-5FM, respectivamente. A Embraer, em colaboração com a Elbit Systems, liderou o projeto, realizado no Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMASP) e nas instalações da Embraer em Gavião Peixoto (SP). O projeto trouxe inovações de quarta geração, alinhando os caças brasileiros aos padrões modernos de combate aéreo. Entre os principais avanços destacam-se: Radar Pulso Doppler Grifo F/BR (Grifo-X P2803): Fabricado pela Leonardo S.p.A., esse radar oferecia capacidade look-down/shoot-down, permitindo detectar e engajar alvos em baixa altitude contra o fundo do terreno, essencial para operações BVR. Cabine Modernizada: A instalação de três mostradores multifuncionais (MFD) coloridos, um Head-Up Display (HUD) e iluminação compatível com missões noturnas aprimorou a interface piloto-aeronave, aumentando a consciência situacional. Sistema de Comunicação: A adoção de rádios V/UHF digitais da Rohde & Schwarz, com enlace de dados, garantiu interoperabilidade com outras plataformas, em serviço na Força Aérea Brasileira (FAB) como os Embraer R-99 A/B (de alerta aéreo antecipado) e A-29 Super Tucano. Tecnologias de Quarta Geração: Incluíram o sistema de mira montado no capacete israelense DASH 4, que permitia aos pilotos direcionar mísseis com o olhar, um enlace de dados para compartilhamento de informações táticas, e o AACMI (Autonomous Air Combat Maneuvering Instrumentation), para simulação e avaliação de combates. O sistema de planejamento de missão e treinamento virtual de voo reforçou a preparação dos pilotos. Controle e Navegação: A introdução do sistema HOTAS (Hands On Throttle and Stick), dois computadores de alto desempenho e um sistema integrado de navegação INS/GPS aprimorou a precisão e a eficiência operacional. Sistemas de Autodefesa: As aeronaves receberam contramedidas eletrônicas (ECM), receptores de alerta radar (RWR) e lançadores de chaff e flare, aumentando a sobrevivência em ambientes hostis.
Além das atualizações tecnológicas, o programa incluiu uma revisão completa das células, reforçando a estrutura para estender a vida útil em cerca de 15 a 20 anos. Componentes críticos, como asas e fuselagem, foram inspecionados e reparados, garantindo a integridade das aeronaves para operações intensivas. Essa fase abrangeria também a padronização das aeronaves, que apresentavam diferenças entre si, pois foram fornecidas em dois lotes, incluindo também a instalação da sonda de reabastecimento em voo nas aeronaves recebidas em 1988.  Em 21 de fevereiro de 2001, as instalações da Embraer em São José dos Campos, São Paulo, receberam as duas primeiras aeronaves destinadas a servir como protótipos do Programa F-5BR: uma na versão monoplace (F-5E) e outra na biplace (F-5F). Essas células foram submetidas a extensos testes para validar as atualizações estruturais e tecnológicas previstas, que incluíam a integração de um radar Pulso Doppler Leonardo Grifo F/BR, aviônicos de quarta geração, mísseis BVR Rafael Derby e sistemas de autodefesa avançados. O primeiro voo do protótipo biplace, redesignado F-5FM, ocorreu em 4 de dezembro de 2003, seguido pelo voo do protótipo monoplace F-5EM em 16 de junho de 2004. Esses marcos demonstraram o progresso técnico do programa, que combinava a expertise da Embraer em modernização de aeronaves com a tecnologia de ponta fornecida pela Elbit Systems. Os testes de voo, realizados em colaboração com pilotos e engenheiros da Força Aérea Brasileira (FAB), confirmaram a eficácia dos novos sistemas, como o capacete DASH 4, o HOTAS (Hands On Throttle and Stick) e os mostradores multifuncionais (MFD), projetados para operações diurnas e noturnas. Em 21 de setembro de 2005, a FAB celebrou a entrega oficial da primeira aeronave modernizada, o Northrop F-5EM Tiger II de matrícula FAB 4586, em uma cerimônia realizada na Base Aérea de Canoas, no Rio Grande do Sul. Essa aeronave, alocada ao 1º/14º Grupo de Aviação (Esquadrão Pampa), tinha uma história singular: tratava-se da primeira célula F-5E produzida pela Northrop Aircraft Corporation, que realizou seu voo inaugural em 11 de agosto de 1972, na Base Aérea de Edwards, Califórnia. Para reforçar sua frota e compensar a baixa quantidade de aeronaves biplace, essenciais para treinamento, a Força Aérea Brasileira (FAB) negociou, em 2007, a aquisição de 11 caças usados da Real Força Aérea Jordaniana. O acordo incluiu oito unidades monoplace F-5E e três biplace F-5F, sendo a entrega das células biplace uma condição obrigatória para a concretização da compra. Enquanto os F-5F foram modernizados para o padrão F-5FM, integrando-se às operações do 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAvC) e outras unidades, as células monoplace foram destinadas principalmente como fonte de peças sobressalentes, garantindo a sustentabilidade da frota modernizada.

A despeito do comprometimento exemplar da Embraer, da Elbit Systems e da Aeronáutica, o Programa F-5BR enfrentou desafios significativos, sobretudo em razão de limitações orçamentárias impostas ao Ministério da Defesa. Originalmente planejada para concluir a modernização de 46 aeronaves — 43 F-5EM e três F-5FM — até meados da década de 2000, a iniciativa sofreu adiamentos, culminando na entrega da última aeronave apenas em 2013. Esse marco representou a concretização de mais de uma década de esforços dedicados à revitalização da frota de caças. O processo de modernização dotou as aeronaves de um conjunto avançado de sistemas de armamento, ampliando significativamente suas capacidades operacionais. Entre os novos recursos, destacam-se os mísseis de curto alcance Python-4 e Piranha, bem como mísseis de longo alcance com capacidade de engajamento além do alcance visual (BVR). Além disso, foram incorporados kits para bombas inteligentes, como os modelos LGB e Lizard, compatíveis com as bombas MK-82 e MK-84. Complementando esses avanços, as aeronaves receberam pods israelenses de guerra eletrônica, incluindo o Rafael Skyshield e o Rafael Litening III, que possibilitam reconhecimento, designação de alvos por laser, infravermelho (IR) ou GPS. A introdução do Northrop F-5EM Tiger II modernizado elevou a Força Aérea Brasileira a um novo patamar de excelência operacional, equiparando-a às capacidades de aeronaves de quarta geração em cenários de combate moderno. A interoperabilidade das aeronaves F-5EM com outros vetores da Força Aérea Brasileira (FAB), como as aeronaves de alerta aéreo antecipado Embraer E-99, de sensoriamento remoto Embraer R-99, e de ataque Embraer A-29 ALX e A-1M AM, viabilizou a adoção do conceito de “ataque por pacotes”. Essa estratégia permite a integração de diferentes tipos de aeronaves em operações coordenadas, otimizando o desempenho em missões complexas. A modernização também propiciou o desenvolvimento de novas doutrinas operacionais, com ênfase no combate ar-ar em ambientes além do alcance visual. Essas capacidades foram frequentemente testadas em exercícios simulados contra os caças Dassault Mirage F-2000C do 1º Grupo de Defesa Aérea, demonstrando a robustez e a versatilidade do F-5EM. Este processo evolutivo seria coroado quando da participação do 1º/14º Grupo de Aviação - Esquadrão Pampa no prestigioso exercício multinacional RED FLAG no deserto de Nevada, realizado em junho de 2008 nos Estados Unidos. O Red Flag é um exercício avançado de emprego do poder aéreo, projetado para simular combates aéreos realistas em cenários de alta complexidade, com ameaças aéreas, antiaéreas e eletrônicas. A participação da FAB em 2008 marcou sua segunda presença no exercício. Neste momento seriam envolvidos seis caças F-5EM, realizaram cerca de 200 voos, totalizando 500 horas de treinamento, com uma média de 10 voos diários. Os caças F-5EM demonstraram robustez em combates BVR, coordenação com AWACS (aeronaves de alerta e controle), participando em  combates simulados contra aeronaves Boeing F-15E Eagle, Lockheed F-16C Falcon e Saab JAS 39 Gripen, obtendo excelentes resultados operacionais.
Em 12 de dezembro de 2010, o F-5EM passou a equipar também o 1º/4º Grupo de Aviação (1º/4º GAV), o Esquadrão Pacau, sediado inicialmente em Fortaleza (CE) e posteriormente transferido para a Base Aérea de Manaus (AM). Essa transição marcou um momento histórico para o esquadrão, que substituiu os veteranos jatos de treinamento avançado Embraer AT-26 Xavante, em serviço desde a década de 1970. O Xavante, embora robusto, era limitado em capacidades de combate moderno, e sua substituição pelo F-5EM elevou o Esquadrão Pacau à categoria de unidade de caça de primeira linha. A transferência para Manaus reforçou a presença da FAB na Amazônia, uma região estratégica para a defesa nacional, permitindo maior capacidade de resposta a ameaças aéreas e vigilância do espaço aéreo na fronteira norte. A modernização do Esquadrão Pacau com o F-5EM foi acompanhada por intensos esforços de treinamento, com pilotos e equipes de manutenção adaptando-se às novas tecnologias da aeronave. A interoperabilidade com outras plataformas, como o Embraer E-99 (AWACS) e o A-29 Super Tucano, fortaleceu a doutrina de operações combinadas, consolidando a FAB como uma força preparada para cenários complexos. Em 2013, a FAB enfrentou um novo desafio com a desativação precoce dos interceptadores Dassault Mirage 2000 B/C (F-2000), operados pelo 1º Grupo de Defesa Aérea (1º GDA), sediado na Base Aérea de Anápolis (GO). Adquiridos em 2005 como solução interina para substituir os Mirage IIIE/D, os F-2000 foram retirados de serviço antes do previsto devido aos altos custos de manutenção e à obsolescência de seus sistemas. Para preencher essa lacuna, o 1º GDA passou a ser equipado com os F-5EM Tiger II, que, apesar de menos especializados em interceptação de alta altitude, ofereciam versatilidade e confiabilidade para a defesa do espaço aéreo brasileiro, especialmente na proteção da capital federal. A transição para o F-5EM no 1º GDA exigiu ajustes operacionais, uma vez que o Mirage 2000 era otimizado para combates de alta velocidade e altitude, enquanto o F-5EM destacava-se em manobrabilidade e combates BVR. Contudo, os avanços do Programa F-5BR, como a integração de mísseis Derby e Python-4, garantiram que o F-5EM pudesse desempenhar missões de interceptação com eficácia. O 1º GDA manteve-se equipado com essas aeronaves até a entrada em serviço dos novos caças Saab JAS-39E Gripen F-39, cuja entrega inicial ocorreu em 2019, com plena capacidade operacional alcançada a partir de 2022.  A partir de 2021, as primeiras células do F-5EM começaram a ser desativadas do serviço ativo, refletindo o avanço da frota de Gripens e as prioridades de modernização da FAB. Esse processo marcou o início do ocaso de uma aeronave que, por mais de quatro décadas, foi a espinha dorsal da aviação de caça brasileira. Especula-se que a desativação completa do F-5EM ocorra até o final da década de 2020, encerrando uma trajetória marcada por conquistas operacionais e adaptações às limitações orçamentárias do Brasil.

Em Escala.
Para representarmos o Northrop F-5EM Tiger II “FAB "4834 “, empregamos o antigo kit da Monogram, na escala 1/48, que infelizmente apresenta suas linhas em alto-relevo, sendo na época a única opção disponível (hoje sem dúvida o novo modelo do fabricante AFV representa a melhor opção em termos de detalhamento e linhas em baixo relevo). Para adequarmos este modelo a versão brasileira, adicionamos itens como a barbatana dorsal confeccionada em plasticard , sonda de reabastecimento em voo ( peça em resina ), receptores de aviso de radar (RWR, e dispensers dos lançadores de chaff e flares. Para configurar o pacote de armamentos confeccionamos os misseis Rafael Derby em scratch e usamos os mísseis  Python III em resina confeccionados pela  Paragon Models. A pintura e as marcações foram aplicadas utilizando decais do conjunto Set 48/08 da FCM Decals, uma marca reconhecida pela qualidade na reprodução de insígnias brasileiras.
O esquema de camuflagem aplicado aos Northrop F-5EM Tiger II modernizados pela Força Aérea Brasileira (FAB) reflete uma abordagem funcional e estratégica, projetada para otimizar a sobrevivência da aeronave em cenários de combate e adaptá-la às condições operacionais do Brasil. A pintura dos F-5EM utiliza tintas foscas para reduzir reflexos e melhorar a camuflagem. Após a modernização, as aeronaves receberam um revestimento anticorrosivo, essencial para operações em ambientes úmidos como a Amazônia. Existiram pequenas variações referentes a aplicação das marcações exclusivas das cinco unidades que empregam o modelo.

Bibliografia :
- Os Tiger Afiam suas Garras - Carlos Lorch - Revista Força Aérea Nº3
- Northrop F-5 Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/Northrop_F-5
- História da Força Aérea Brasileira, Professor Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Mike , um Novo Vetor de Armas – Jose Leandro P- Casella – Revista Força Aérea Nº 45
- Os F-5M da FAB – Defesa BR  http://www.defesabr.com/Fab/fab_f5br.htm