A Boeing Airplane Company, fundada em 9 de maio de 1917 por William Edward Boeing, marcou o início de uma era de inovação na aviação americana. Sob a liderança de um visionário que já se destacava no setor aeronáutico desde o início da década de 1910, a empresa rapidamente se posicionou como um pilar da indústria, contribuindo tanto para o esforço militar quanto para o avanço da aviação civil. Em 1916, William E. Boeing fundou a Pacific Aero Products Co. em Seattle, Washington, renomeada Boeing Airplane Company em julho do mesmo ano. Inicialmente, produzia hidroaviões como o B&W, utilizando madeira de aberto local. Com os Estados Unidos entrando na Primeira Guerra Mundial em abril de 1917, a jovem empresa identificou uma oportunidade estratégica ao reconhecer a necessidade da Aviação Naval da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) de expandir sua frota de hidroaviões para treinamento de pilotos navais. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, um grande excedente de aviões militares usados, a preços acessíveis, inundou o mercado de aviação comercial, dificultando as vendas de novos modelos e acabaria por levar muitas empresas, incluindo a Boeing, a diversificar suas operações em buscas de faturamento. Neste momento a Boeing Airplane Company passou, então, a fabricar móveis e embarcações de fundo plano, denominadas Sea Sleds. Nos anos 1920, lançou o Boeing B-1 (barco voador para correio) e o Model 40 para rotas aéreas. Em 1927, criou a Boeing Air Transport, que se fundiu em 1929 para formar a United Aircraft and Transport Corporation, incorporando empresas como Pratt & Whitney e Chance Vought. O Boeing 80, primeiro transporte de passageiros, voou em 1929. Em 1933 seria introduzido o Boeing 247 o primeiro avião comercial moderno, e o Boeing 314 Clipper em 1938 para rotas transoceânicas. A Lei de Correio Aéreo de 1934 forçou a separação em Boeing Airplane Company, United Airlines e United Aircraft Corporation, levando William Boeing a vender suas ações. Desenvolveu o Model 307 Stratoliner, o primeiro com cabine pressurizada. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Boeing desempenhou um papel crucial como uma das principais fornecedoras de aeronaves militares para os Estados Unidos, destacando-se na produção de bombardeiros pesados como os B-17 Fortaleza Voadora e B-29 Super Fortaleza que foram fundamentais para o esforço de guerra dos Aliados. Após o término do conflito, o mercado de aviação civil de transporte entrou em efervescência devido ao grande excedente de aeronaves militares disponíveis no pós-guerra que seriam vendidas a preço simbólico a diversos empreendedores tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. Este processo iria popularizar o transporte de passageiros em todo mundo. O avançar da tecnologia com o emprego levaria a criação do primeiro avião comercial em 1949, quando o protótipo do Havilland DH 106 Comet alçou voo no Hatfield Aerodrome na cidade de Hertfordshire, na Inglaterra.
Este novo conceito de propulsão trazia melhor conforto aos passageiros tornando ainda as viagens mais curtas e prazerosas elevando assim a De Havilland a conquistar um amplo sucesso em vendas em um curto espaço de tempo. A exemplo deste fabricante inglês, logo os renomados fabricantes norte-americanos Douglas Aircraft Company e Convair Aircraft Company iniciariam estudos para o desenvolvimento de aeronaves semelhantes ao jato britânico. Esta movimentação não passaria desapercebida aos olhos da diretoria da Boeing Aircraft Corporation, empresa está que neste período nos Estados Unidos, era considerada de pouca expressão no mercado de aeronaves comerciais de passageiros, tendo imenso foco e sucesso no mercado militar, sendo neste momento responsável pelos famosos bombardeiros a jato Boeing B-47 e B-52 (em operação até hoje). O despertar para este novo nicho de mercado levaria a empresa de Seattle, a canalizar seus recursos financeiros e esforços de sua equipe de projetos no segmento da aviação comercial, iniciando assim o desenvolvimento de uma nova aeronave que marcaria para sempre a história da aviação mundial. Como a empresa possuía o viés natural construído segmento militar, a ideia natural se baseava em desenvolver uma plataforma de uma aeronave a jato comum para ser empregado nos dois segmentos. Este projeto seria totalmente bancado com recursos da própria companhia, tendo como ponto de partida as linhas originais do Boeing 367 (KC-97), com as definições acertadas o próximo passo seria a produção dos primeiros protótipos que receberiam as designações de Boeing 367-80 ou Dash80. O primeiro voo da aeronave de testes com a matrícula N70700 alçaria voo propulsado por seus quatro motores a jato Pratt & Whitney JT3C (com 10.000 libras de empuxo cada), em 15 de julho de 1954, em Seattle no estado de Washington. As análises dos primeiros resultados do programa de ensaios em voo, se mostrariam muito promissores, concedendo a empresa a motivação para prosseguir com o desenvolvimento derivando para duas vertentes uma para o transporte civil com a designação de B707 e uma militar (como reabastecedor em voo e transporte de cargas) denominada como B717, que posteriormente receberia na Força Aérea dos Estados (USAF) a designação de KC-135E Stratotanker. No final de 1955, a Boeing concluiu a definição da versão civil do Boeing 707, obtendo a homologação da Administração Federal de Aviação (Federal Aviation Administration – FAA). Com a certificação assegurada, a empresa deu início ao planejamento comercial e de marketing para o lançamento internacional do modelo, marcando o início de uma nova era na aviação comercial. Em 13 de outubro de 1955, a Boeing celebrou seu primeiro grande contrato com a Pan American World Airways (Pan Am), envolvendo a aquisição de 20 aeronaves, com entregas previstas para o final do ano fiscal de 1958.

O voo inaugural oficial do Boeing 707 ocorreu em 17 de outubro de 1958, contando com a presença do presidente dos Estados Unidos, Dwight D. Eisenhower, e outras figuras proeminentes do setor aeronáutico. O voo percorreu a rota transatlântica entre Baltimore, Estados Unidos, e Paris, França. Nove dias depois, em 26 de outubro de 1958, a Pan Am inaugurou a primeira linha comercial transcontinental do Boeing 707, consolidando seu papel pioneiro na aviação a jato. O sucesso da operação com a Pan Am impulsionou rapidamente novas encomendas de companhias aéreas norte-americanas, incluindo American Airlines, Trans World Airlines (TWA), Delta Air Lines e United Airlines. Em 1960, a Qantas Airways, da Austrália, tornou-se a primeira companhia aérea estrangeira a adquirir o Boeing 707, marcando sua expansão no mercado internacional. Ao longo de sua história, o modelo foi operado por mais de 120 companhias aéreas em 79 países, demonstrando sua ampla aceitação e versatilidade. Entre 1957 e 1979, foram produzidas 865 unidades do Boeing 707, distribuídas nas variantes B707-100, B707-200, B707-300 e B707-400. A Série 300 destacou-se como a mais produzida, com 580 aeronaves fabricadas. Essas variantes atenderam a diferentes necessidades operacionais, com melhorias em alcance, capacidade e desempenho. O Boeing 707 revolucionou o transporte aéreo de passageiros, marcando um divisor de águas na aviação comercial. Antes de sua entrada em serviço, viagens transcontinentais em aeronaves com motores a pistão tinham duração mínima de 18 horas, caracterizando-se por cabines apertadas, alto nível de ruído e vibrações que frequentemente causavam desconforto aos passageiros. Equipado com motores a jato, o Boeing 707 voava a altitudes mais elevadas e com velocidade de cruzeiro de aproximadamente 920 km/h, reduzindo o tempo de viagem em cerca de 50% em comparação com seus antecessores. Na configuração original, o Boeing 707 podia transportar confortavelmente até 110 passageiros, divididos em duas classes, com um alcance operacional variando entre 5.000 e 9.000 quilômetros, dependendo da variante. Essas características, aliadas ao seu desempenho superior, impulsionaram o desenvolvimento de infraestrutura aeroportuária para suportar a operação de grandes jatos, transformando a aviação comercial global. A versão militar do Boeing 707, designada pelo fabricante como Model 717 e conhecida militarmente como Boeing KC-135, foi derivada do demonstrador de prova de conceito Boeing 367-80, popularmente chamado de "Dash-80." Desenvolvido em 1954, o KC-135 apresentava uma fuselagem mais estreita e curta em comparação com a variante civil do Boeing 707, adaptada para atender às exigências específicas de missões militares.
Em 1954, o Comando Aéreo Estratégico (Strategic Air Command – SAC) da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) lançou uma concorrência para o desenvolvimento de uma aeronave a jato com grande autonomia, destinada a missões de reabastecimento aéreo. Dentre as propostas apresentadas, destacou-se a da Lockheed Aircraft Company, baseada em uma versão derivada do jato L-193. Embora a proposta da Lockheed tenha sido inicialmente selecionada, seu projeto ainda estava em fase preliminar, o que poderia atrasar significativamente o cronograma de entregas. Em contrapartida, a Boeing, com o desenvolvimento do Model 717 já em andamento, oferecia a possibilidade de entrega em um prazo reduzido, cerca de dois anos antes do concorrente. Reconhecendo a vantagem temporal da proposta da Boeing, o General Brigadeiro Harold E. Talbott, comandante da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), assinou um contrato inicial em 1954 para a aquisição de 29 unidades do Boeing KC-135. Essa decisão visava preencher a lacuna operacional até que a aeronave da Lockheed pudesse entrar em serviço. Contudo, a performance excepcional do KC-135A durante os testes iniciais demonstrou suas qualidades superiores, levando ao cancelamento do contrato com a Lockheed em meados de 1956. A entrada em serviço do KC-135A consolidou sua posição como uma plataforma confiável e versátil. O Boeing KC-135 diferia significativamente de sua contraparte civil. A aeronave militar era equipada com motores mais potentes e aviônica especializada, projetada para atender às demandas de missões de transporte e reabastecimento aéreo. Essas modificações incluíam sistemas avançados de navegação e comunicação, adaptados para operações em ambientes militares complexos. A versatilidade da plataforma KC-135 permitiu o desenvolvimento de diversas variantes especializadas, atendendo a uma ampla gama de missões, incluindo: Guerra eletrônica; Transporte de autoridades (VIP); Reconhecimento aéreo; Alarme aéreo antecipado; Comando e controle; Meteorologia; Interferência eletrônica. Essa adaptabilidade contribuiu para a longevidade e relevância contínua da aeronave no cenário militar global. Entre 1957 e a conclusão de sua produção, foram fabricadas aproximadamente 850 unidades do Boeing KC-135 e suas variantes. Dessas, cerca de 400 permanecem em serviço ativo, operadas por forças aéreas de países como Estados Unidos, França, Turquia, Singapura e Chile. A durabilidade e a capacidade de modernização da plataforma KC-135 atestam a excelência de seu projeto original. A partir da década de 1970, o Boeing 707 começou a ser superado por aeronaves mais modernas, com maior eficiência e tecnologia avançada. Como resultado, diversas companhias aéreas iniciaram a retirada gradual do modelo de suas frotas comerciais. Esse processo gerou uma abundante oferta de células do Boeing 707, muitas com poucas horas de voo, além de um amplo estoque de peças de reposição disponíveis no mercado internacional.

Essa disponibilidade impulsionou a conversão e reutilização dessas aeronaves para fins militares e de transporte de carga. Com base principalmente na variante Boeing 707 Série 300, foram desenvolvidas diversas versões militarizadas destinadas a missões específicas, com ênfase em reabastecimento aéreo. Entre as principais variantes estão: CC-137: Utilizada para transporte militar; KC-137E: Versão de reabastecimento aéreo; EB-707: Configurada para missões especializadas; KC-707: Outra variante de reabastecimento aéreo e KE-3A: Empregada em operações de reabastecimento e vigilância. Além disso, um número significativo de Boeing 707 foi convertido para transporte de carga, sendo operado por forças aéreas de países como Arábia Saudita, Austrália, Canadá, Colômbia, Irã, Israel, Itália e Venezuela. Essas aeronaves se destacaram pela versatilidade e capacidade de operar em diversas condições. Durante o conflito das Malvinas (Falklands) em 1982, a Força Aérea Argentina utilizou aeronaves Boeing 707 configuradas para transporte em missões de reconhecimento marítimo. Essas aeronaves foram empregadas para localizar navios britânicos, permitindo a coordenação de ataques realizados por caças-bombardeiros argentinos. Esse uso demonstrou a flexibilidade do Boeing 707 em operações militares estratégicas. Em 1985, a promulgação de regulamentos internacionais sobre emissões de ruído ameaçou a continuidade das operações do Boeing 707, devido ao elevado nível de ruído gerado por seus motores. Em resposta, a empresa Shannon Engineering, sediada em Seattle, desenvolveu um kit de silenciadores para os motores, implementado em 172 aeronaves. Essa solução permitiu que o modelo continuasse em operação em regiões com normas menos restritivas, especialmente em funções de transporte de carga. As variantes militares do Boeing KC-135 passaram por sucessivas modernizações para prolongar sua vida útil e atender às demandas operacionais contemporâneas. Uma das principais atualizações foi a remotorização com motores JT8D-219, que proporcionaram maior eficiência e desempenho. Essas melhorias permitiram que aeronaves como o E-3 Sentry (utilizado para alerta aéreo antecipado) e o E-8 Joint STARS (empregado em vigilância e comando) permanecessem em serviço ativo na Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) e em forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Estima-se que essas modernizações garantam a operação dessas aeronaves por pelo menos mais uma década a partir de 2025. Apesar das restrições regulatórias em algumas regiões, centenas de Boeing 707 convertidos para cargueiros continuam em operação em áreas onde as normas de emissões sonoras são menos rigorosas.
Emprego na Força Aérea Brasileira.
As operações de reabastecimento em voo (REVO) na Força Aérea Brasileira (FAB) tiveram início em 1976, com a incorporação de duas aeronaves Lockheed KC-130H Hércules, especializadas nesse tipo de missão. Essas aeronaves foram integradas às operações em conjunto com os caças táticos Northrop F-5E Tiger II, que também estavam em processo de introdução . O objetivo principal dessa aquisição era estabelecer uma doutrina operacional para o binômio KC-130H/F-5E, ampliando a autonomia e a capacidade operacional da Força Aérea Brasileira (FAB) em um país de dimensões continentais como o Brasil. Em maio de 1976, seria realizada a primeira operação de reabastecimento em voo, um marco histórico para a aviação militar brasileira. A missão ocorreu sobre o litoral do Rio de Janeiro, envolvendo dois caças F-5E Tiger II do 1º GAvC (Senta a Pua), que foram reabastecidos por um Lockheed KC-130H Hercules ao longo do litoral do Rio de Janeiro. A partir da segunda metade da década de 1980, o Ministério da Aeronáutica (MAer) iniciou o planejamento para expandir a frota de aeronaves de ataque, com a previsão de incorporação dos caças-bombardeiros Embraer A-1 AMX. Esse processo gerou a necessidade de aumentar a capacidade de reabastecimento aéreo para suportar uma frota que, em breve, ultrapassaria 100 aeronaves de ataque. Estudos foram conduzidos com o objetivo de ampliar a frota de Lockheed KC-130H Hércules. Contudo, os elevados custos de aquisição de novas unidades desse modelo excediam as limitações orçamentárias da Força Aérea Brasileira (FAB) à época. Além da necessidade de expandir as capacidades de reabastecimento aéreo, o Comando da Aeronáutica (COMAer) identificou a demanda por aeronaves capazes de realizar transporte executivo VIP (Very Important Person) e transporte estratégico de longo alcance. Esses requisitos apontavam para a aquisição de uma plataforma multifuncional que pudesse atender simultaneamente às três funções: reabastecimento em voo, transporte VIP e transporte estratégico. Um fator crítico era a capacidade do novo vetor de realizar missões de reabastecimento em voo a grandes altitudes e velocidades elevadas, compatíveis com os caças supersônicos da Força Aérea Brasileira (FAB). Os estudos realizados pelo Comando da Aeronáutica (COMAer) consideraram aeronaves equipadas com motores a jato, que atendessem às exigências operacionais de alta performance. Entre as opções analisadas, destacaram-se o Boeing KC-135 e o Lockheed L-1011 TriStar. No entanto, os custos de aquisição dessas aeronaves superavam significativamente os valores projetados para novas unidades do Lockheed KC-130H Hércules, tornando sua aquisição inviável dentro das restrições orçamentárias vigentes no período.
Como resultado, a Força Aérea Brasileira (FAB) descartou essas alternativas, mantendo o foco em soluções mais economicamente viáveis. Assim seriam intensificados esforços para modernizar suas capacidades de reabastecimento em voo (REVO), transporte estratégico e transporte executivo VIP. Após consultas a diversos fabricantes, foram analisadas propostas de conversão de aeronaves civis usadas para atender a essas demandas. A plataforma Boeing 707 foi identificada como a escolha preferencial devido à sua confiabilidade, versatilidade e histórico operacional. Entre as versões consideradas, destacaram-se os modelos C-137 e KC-137, que já eram operados por pelo menos seis países, incluindo África do Sul, Austrália, Espanha, Itália, Marrocos e Peru. Com a relação custo-benefício como principal critério de avaliação, a proposta apresentada pela Boeing Military Company foi selecionada como a mais vantajosa. No segundo semestre de 1985, foi formalizado um acordo para a aquisição de quatro aeronaves Boeing 707 da série 300C, provenientes da frota da Varig S/A, uma das maiores operadoras do modelo no hemisfério sul. Essas aeronaves seriam convertidas para a variante KC-137E, destinada a missões de reabastecimento em voo, transporte estratégico e transporte VIP. O contrato, assinado em novembro de 1985 e avaliado em US$ 36 milhões, incluía: Conversão das aeronaves civis para a versão KC-137E, com a instalação de sistemas de reabastecimento em voo; Retrofit estrutural das células; Fornecimento de oito motores sobressalentes; Kit de configuração para transporte presidencial VIP e Treinamento de pilotos e mecânicos nos Estados Unidos. A Varig S/A, por sua relevância como operadora do Boeing 707, permitiu ao Ministério da Aeronáutica (MAer) escolher cuidadosamente as células em melhor estado de conservação. As aeronaves selecionadas foram: Boeing 707-320C (PP-VJH): Adquirido diretamente da Boeing em 1969 pela Varig S/A. Boeing 707-379C (PP-VJK): Originalmente operado pela Seaboard World Airlines (fevereiro de 1968) e adquirido pela Varig S/A em agosto de 1968. Esta aeronave sofreu um acidente fatal antes da entrega à Força Aérea Brasileira (FAB), sendo substituída pelo Boeing 707-324C (PP-VLK), originalmente encomendado pela Continental Airlines e vendido à Varig em 1972. Boeing 707-345C (PP-VJK): Adquirido pela Seaboard World Airlines em fevereiro de 1968 e transferido para a Varig S/A em agosto do mesmo ano. Boeing 707-345C (PP-VJX): Também proveniente da Seaboard World Airlines (fevereiro de 1968) e adquirido pela Varig S/A em agosto de 1968.

Ao serem retirados de operação na Varig, cada 707 era enviado ao Centro de Manutenção Porto Alegre (CEMAM/POA), onde era revisado e pintado nas cores da Força Aérea Brasileira (FAB) . Três aeronaves receberam uma pintura cinza claro, já a quarta célula de matrícula FAB 2401 seria configurado no esquema de transporte executivo VIP (Very Important Person), recebendo padrão de pintura similar as aeronaves do Grupo de Transporte Especial (GTE). O FAB 2403 foi entregue em 13 de março de 1986, seguido do 2401, entregue em 4 de julho de 1986; o 2402 foi recebido em 2 de novembro de 1986 e o 2404, em 16 de março de 1987. Após a entrega à Força Aérea Brasileira (FAB) , cada B707 foi enviado ao Boeing Modification Center, situado em Wichita, Kansas, para ser convertido em KC-137E. Em média cada aeronave permanecia cinco meses na fábrica para que fosse realizada a conversão, recebendo um pacote de mudanças que incluía a instalação do sistema de reabastecimento do tipo probe and drogue (mangueira e cesto) similar ao do Beech 1080 (afixado sob a ponta de cada asa); um APU (Auxiliary Power Unit); acesso para a tripulação por meio da bequilha e outras modificações nas comunicações e nos sistemas de missão. O Beech 1080 podia transferir até 2.000 lb/s através de uma mangueira de 10,66 m. Os KC-137E mantiveram a porta de carga dianteira direita, o que lhes permitiu ser operado na versão full cargo, full passenger, misto (combi) ou, ainda, com kit presidencial. Apesar do 2401 ser o único adaptado para os voos presidenciais, todos os KC-137 tinham a capacidade de receber o kit VIP. Instalada na parte dianteira da aeronave, a kit se caracterizava por uma antepara com porta, dois sofás (um deles convertível em cama), poltronas e mesa de trabalho. O primeiro KC-137 entrou em operação em 1986. O FAB 2403 foi transladado no dia 1 de dezembro, na rota Wichita – Washington (voo de aproveitamento de carga) – Porto Rico (Roosevelt Roads) – Brasília (pernoite) – Galeão. Na perna final do traslado, realizada no dia 2 de dezembro entre Brasília e o Galeão, ocorreu o primeiro REVO, quando o Corsário 03 (FAB 2403) reabasteceu em rota os F-5E 4836/42/46/48 do 1º GAVCA. A primeira operação de REVO foi entre 18 e 20 de maio de 1987 em Canoas, junto com os F-5E do 1º/14º GAV. A partir daí as missões de REVO passaram a ser rotina para as unidades de F-5 de Canoas e Santa Cruz. Em fins de 1989, com a concentração dos F-5 Tiger do primeiro lote em Santa Cruz, o Grupo de Caça passou a ser a única unidade de F-5 a realizar reabastecimento em voo com o KC-137. Os F-5 do segundo lote alocados a Canoas não possuíam a sonda para REVO. Isso perduraria até abril de 2006, quando os recém-chegados F-5M do 1º/14º GAV realizaram a primeira missão de reabastecimento em voo com o Boeing em Canoas.
Gradualmente, os F-5M do 1º GAVCA (2007) e do 1º/4º GAV (2010) também passaram a fazer missões com o Boeing KC-137. Em 20 de abril de 1992, o F-103E FAB 4929 do 1º Grupo de de Defesa Aérea GDA, protótipo do F-103E Mirage III equipado com uma sonda para o REVO, fez o seu único rendez-vous, ou encontro para reabastecimento, com um KC-137. O FAB 2401 realizou diversos contatos secos e molhados em 1h25m de voo sobre a Restinga da Marambaia, no Rio de Janeiro. O primeiro REVO com o caça-bombardeiro A-1 aconteceu no dia 17 de julho de 1992, no trecho entre Belo Horizonte e a Base Aérea de Santa Cruz, e envolveu o KC-137 2401 e o A-1 5500 do 1º/16º GAV. A partir daí os encontros entre KC-137 e os A-1 ocorreram sem restrições, até serem suspensos, em fins de 1993. O motivo foi que a cesta, que era metálica, aliada à mangueira mais curta que a do Lockheed KC-130 Hercules, por vezes “chicoteava” a aeronave, causando danos principalmente ao radome que cobre a antena do radar do caça. Isso acabou levando à mudança de “Freddy Kruger” à cesta, dado pelo pessoal do 1º/16º GAV, em homenagem a um famoso personagem de filme de terror que costumava retalhar suas vítimas. A solução só veio em 2000, quando a cesta original foi substituída por uma soft drogue da Aero Union, aprovada em um voo de ensaio em 11 de agosto de 2000 com o FAB 2404. Em janeiro de 2001, os A-1 do 1º/16º e do 10º GAV passaram a realizar a missão de reabastecimento em voo sem problemas com os Corsários. Em termos operacionais, o KC-137 participou de inúmeras missões de vulto na Força Aérea Brasileira (FAB). Destacam-se o apoio às tropas brasileiras nas missões das Nações Unidas no Timor Leste (1999/2003), Haiti (2004/2013), Líbano (2011/12) e em diversas missões humanitárias que o Brasil apoiou. Algumas missões de REVO merecem destaque, como o deslocamento de caças A-1/F-5E para a Operação Tiger I, em San Juan, Porto Rico (1994); o apoio à ida de seis A-1 do 1º/16º GAV à Base Aérea de Nellis, em Nevada nos Estados Unidos para participação na Operação Red Flag (1998); o traslado de seis F-5E do 1º GAVCA para a Operação Salitre em Antofagasta, no Chile (2003); o apoio ao deslocamento de seis F-5M do 1º/14º GAV para a Red Flag 08/3 em Nellis, nos Estados Unidos (2008). Nessa ocasião, o 2404 não só apoiou o traslado como operou no exercício, realizando missões com as aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) e com caças JAS 39C Gripen da Força Aérea da Suécia. Os Boeing KC-137 também voaram nas Operações Mistral I/II, Tiger II/III e CruzeX I a V, nas quais reabasteceram aeronaves de outros países como França (Mirage 2000/ Rafale), Chile (F-5E), Equador (A-37), Uruguai (A-37) e Argentina (A-4AR).

Os primeiros voos presidenciais foram feitos com o FAB 2401 ainda sem que estivesse convertido para a versão KC, e, por isso, operou ainda com a designação C-137 entre julho e outubro de 1986, quando foi enviado a Wichita para sofrer sua conversão e de onde retornou já como KC-137. A primeira viagem presidencial ocorreu em 7 de julho de 1986 entre Brasília e Roma levando como passageiro o então Presidente José Sarney. O KC-137 serviu à Presidência até fins de 1999, quando o 2403 sofreu uma pane de motor no dia 14 de dezembro e teve que pousar em emergência em Amsterdã, quando fazia uma viagem Brasília/Amsterdã/Pequim, com o então vice-presidente Marco Maciel a bordo. A repercussão foi grande na imprensa, que apelidou a aeronave pejorativamente de “Sucatão”, fato que ajudou a causar a relutância da Presidência em voar nos KC-137. Entre 2000 e 2002, foram empregadas aeronaves da Varig e da TAM arrendadas para fazer os voos presidenciais. Entre janeiro de 2003 e dezembro de 2004, os KC-137 voltaram a fazer os voos presidenciais, mas logo deram lugar ao Airbus ACJ, recebido em janeiro de 2005. O fim da produção do 707 trouxe problemas de logísticas e manutenção. Desde 1992, a FAB jamais teve os quatro KC-137 voando juntos. Para tentar minimizar os problemas, a Força Aérea adquiriu três células para servirem de fontes de peças. Foram elas o B707-387B CX-BNU, da Fly Linhas Aéreas (1996); o B707-351C N677, da Omega Air (2002); e o B707-321B FAP 01, da Força Aérea Paraguaia (2010). Entre 2000 e 2004, a frota passou por uma revisão estrutural feita no Rio por técnicos do Parque de Material Aeronáutico do Galeão (PAMA-GL) e da Boeing. Em 2011, ao completar 25 anos de serviço, a FAB oficializou que a aeronave seria substituída no curto prazo. Sua desativação foi acelerada após o incidente ocorrido no dia 26 de outubro de 2013, quando o FAB 2404 abortou uma decolagem na pista do aeroporto de Porto Príncipe, no Haiti, durante o retorno de militares brasileiros a serviço das Nações Unidas (MINUSTAH). As 143 pessoas a bordo não se feriram, mas a aeronave foi perdida. Aquela ocasião resultou na paralisação da frota da Força Aérea Brasileira (FAB), que, naquele momento, tinha apenas o 2402 operando. Os outros estavam fora de serviço por falta de substituição de peças. Em 26 de outubro, uma cerimônia oficial na Base Aérea do Galeão marcou a desativação dos KC-137 no 2º/2º GT. Em 17 de janeiro de 2014, o FAB 2401 e o 2403 foram leiloados no PAMA-GL para o mercado de reciclagem de metais. O FAB 2404 foi desmontado no Haiti e sucateado e o FAB 2402 foi destinado à preservação. Oficialmente, o KC-137 operou pouco mais de 27 anos com a Força Aérea Brasileira, realizando 44.183 horas de voo, das quais 5.239 foram em missões presidenciais e 2.112 horas de REVO. Ao todo foram transportadas 29.384 toneladas de carga e 712.364 passageiros.
Em Escala.
Para representarmos o Boeing KC-137E " FAB 2402", empregamos o kit da Heller na escala 1/72, para compor a versão brasileira procedemos a inclusão dos dois pods de reabastecimento em voo confeccionados em scratch e a marcação da porta de carga frontal. Fizemos uso de decais produzidos pela FCM presentes no set 72/02, salientando que deve se alterar a matrícula da aeronave, pois o decal original representa o KC-137E "FAB 2401".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura estratégico empregado nos Boeing KC-137E 2402, 2403 e 2404, no ano de 2000, o KC-137E FAB 2401 também recebeu este padrão, porém foi novamente repintado no padrão transporte VIP (Very Important Person) a partir de 2004, mantendo o mesmo até a sua desativação.
Bibliografia :
- Boeing 707 - Wikipédia
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Boeing_707
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916
– 2015 – Jackson Flores
- História da Força Aérea
Brasileira por : Prof. Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- A Melhor Opção KC-137E
- Revista Força Aérea Nº 17