Dodge Série D (VTNE - VTE)


História e Desenvolvimento. 
Em 1900, os irmãos John Francis Dodge e Horace Elgin Dodge iniciaram um projeto ambicioso para desenvolver um automóvel inovador, distinto dos modelos disponíveis no mercado norte-americano. Nos primeiros anos, a produção era predominantemente artesanal, com dezenas de veículos fabricados manualmente. Em 1914, a empresa foi formalmente constituída como Dodge Motors Company, adotando processos de produção em série que ampliaram significativamente sua capacidade operacional. Com o início da produção em larga escala, a Dodge Motors Company alcançou rápida notoriedade no mercado norte-americano de carros de passeio. A qualidade e a confiabilidade de seus veículos asseguraram uma participação expressiva no setor, gerando recursos financeiros que viabilizaram investimentos em novos segmentos e consolidaram a marca como referência no mercado automotivo. O falecimento dos irmãos Dodge em 1920 representou um divisor de águas na história da empresa, levando a mudanças significativas em sua orientação estratégica e estrutura organizacional. Apesar desse impacto, a Dodge continuou a operar com foco em inovação e crescimento, preparando o terreno para sua expansão em novos mercados. Em 1928, a Dodge Motors Company foi adquirida pela Chrysler Corporation, passando a integrar um conglomerado que incluía marcas como De Soto, Plymouth e Fargo. Sob a liderança do empreendedor Walter P. Chrysler, a marca Dodge manteve sua identidade distinta e continuou a expandir sua presença no mercado, beneficiando-se da estrutura e dos recursos do grupo. No final da década de 1920, a Dodge direcionou esforços para o desenvolvimento de veículos utilitários leves voltados para o mercado civil. Esses modelos foram projetados com base nas plataformas de veículos comerciais de passageiros, uma estratégia que minimizou os custos de projeto e produção ao aproveitar o ferramental existente. Destinados ao transporte de cargas e atividades pesadas, incluindo operações fora de estrada, os utilitários alcançaram êxito comercial, reforçando a reputação da Dodge como símbolo de robustez e versatilidade. O crescimento contínuo das vendas foi interrompido pela crise econômica de 1929, que impôs desafios financeiros significativos à Dodge. A aquisição pela Chrysler Corporation, consolidada no ano seguinte, proporcionou a reestruturação necessária para a continuidade das operações, integrando a Dodge ao portfólio de marcas do conglomerado. Na primeira metade da década de 1930, o cenário geopolítico global, marcado pela ascensão do partido nazista na Europa e o início de uma corrida armamentista, criou oportunidades no mercado militar. A diretoria da Dodge Motors Company identificou o potencial de atender às demandas das forças armadas e, em 1934, iniciou o desenvolvimento de protótipos de caminhões militares de médio e grande porte. Esses projetos foram fundamentados na experiência prévia da empresa, que forneceu veículos leves ao governo dos Estados Unidos durante a Primeira Guerra Mundial. O primeiro resultado desses esforços foi o caminhão experimental K-39-X-4, um modelo com tração nas quatro rodas e capacidade de 1,5 toneladas, apresentado ao comando do Exército dos Estados Unidos (US Army). Esse veículo marcou o início de uma linha de sucesso no segmento de caminhões militares, evidenciando a capacidade da Dodge de atender às exigências do setor de defesa. 

O êxito dos caminhões militares motivou a Dodge a diversificar sua linha de modelos para atender às crescentes demandas do mercado. Em 1938, a empresa inaugurou a planta industrial Warren Truck Assembly, em Michigan, dedicada à produção de caminhões leves e médios. Essa instalação fortaleceu a capacidade produtiva da Dodge, consolidando sua posição como um fornecedor estratégico de veículos militares e civis. Em 1939, a Dodge Motors Company apresentou uma linha redesenhada de picapes e caminhões, caracterizada por um design moderno e designada como "Job-Rated". Essa linha foi desenvolvida para atender a uma ampla gama de tarefas e trabalhos, combinando funcionalidade e estética contemporânea. O lançamento marcou um avanço significativo na oferta de veículos utilitários, reforçando a reputação da Dodge no mercado civil e preparando a empresa para demandas futuras no setor militar. Na mesma época, o agravamento das tensões geopolíticas na Europa e no Pacífico evidenciou a necessidade de modernização e reequipamento das forças armadas dos Estados Unidos. O Exército dos Estados Unidos (US Army) estabeleceu um padrão para veículos de transporte, dividindo-os em cinco classes com base na capacidade de carga útil: ½ tonelada, 1½ tonelada, 2½ toneladas, 4 toneladas e 7½ toneladas. Esse padrão visava atender às exigências operacionais em um cenário de possíveis conflitos globais. Em junho de 1940, o Quartel-General do Comando do Exército dos Estados Unidos (US Army Quartermaster Corps) testou e aprovou três caminhões comerciais padrão com tração nas quatro rodas: o Dodge de 1½ toneladas 4x4, o GMC de 2½ toneladas 6x6 e o Mack de ½ tonelada 6x6. Esses veículos foram selecionados para atender às necessidades logísticas e operacionais do Exército, estabelecendo as bases para a produção em larga escala. No verão de 1940, a Dodge-Fargo Division da Chrysler Corporation recebeu um contrato para fornecer 14.000 unidades de caminhões de ½ tonelada com tração integral 4x4, designados pela empresa como série VC. A produção em série teve início em novembro de 1940, e, com a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, a designação foi alterada para série WC (Weapons Carriers). Esses veículos substituíram os modelos Dodge VC-1 e VC-6 de ½ tonelada, pertencentes à série original G505, no Exército norte-americano. Os caminhões Dodge WC de ½ tonelada, produzidos em 1940, incluíam os modelos VF-401 a VF-407, equipados com o motor tipo T-203 da Dodge G-621. Esses veículos eram variações dos protótipos pré-guerra RF-40 (-X) e TF-40 (-X) (ou T-200/T-201), montados em um chassi com distância entre eixos de 143 polegadas (3,63 metros). Durante 1940, a Dodge fabricou mais de 6.000 unidades sob dois contratos com o governo norte-americano, demonstrando sua capacidade de atender às demandas militares em larga escala. Entre o final de 1940 e o início de 1942, foram produzidas aproximadamente 82.000 unidades de caminhões de ½ tonelada com tração 4x4, sob diversos contratos com o Departamento de Guerra dos Estados Unidos. A produção foi realizada tanto pela Dodge Motors Company quanto pela Fargo Motor Car Company. A família Dodge WC alcançou um total de 38 variantes. Um aspecto fundamental da série WC era a intercambialidade de 80% das peças de reposição entre as diferentes versões e modelos produzidos pela Dodge. Essa padronização facilitou significativamente a logística de suprimentos e os processos de manutenção nos diversos fronts de batalha durante a Segunda Guerra Mundial, garantindo maior eficiência operacional.
O fim da Segunda Guerra Mundial resultou na desmobilização imediata das indústrias de defesa norte-americanas, com o cancelamento de contratos de produção militar. Para a Dodge Motors Company, esse cenário exigiu a reorientação estratégica para novos nichos no mercado civil e comercial, além de um ambicioso plano de internacionalização voltado para mercados emergentes, com destaque para a América Latina. A Dodge já estava presente no Brasil desde a década de 1930, por meio da empresa carioca Chrysbraz Comercial Ltda., controlada pelos acionistas da Mesbla S/A. Essa operação comercializava modelos Chrysler, Dodge, Plymouth e Fargo, importados no formato CKD (Completely Knocked Down) e montados localmente. No final da década de 1940, a Dodge retomou esse modelo de parceria, firmando contratos em 1947 com três empresas regionais: Companhia Distribuidora Geral, em São Bernardo do Campo, São Paulo; Cipan Comercial, no Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; Cirei Exportações e Importações S.A., em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. A Brasmotor, a mais estruturada dessas empresas, comercializou, em um período de oito anos, mais de 3.500 automóveis e aproximadamente 12.000 veículos comerciais, consolidando a presença da marca no mercado brasileiro. Em 1956, o Governo Federal brasileiro criou o Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), um programa que oferecia incentivos significativos para o estabelecimento de uma indústria automotiva nacional. Apesar do atrativo pacote de benefícios, a diretoria da Chrysler Corporation, controladora da Dodge, não demonstrou interesse imediato. Propostas para a instalação de uma fábrica conjunta, apresentadas pela Brasmotor em 1956, e negociações com a Willys em 1957 para a produção local de 6.000 unidades anuais do Plymouth Savoy, com 65% de nacionalização, foram rejeitadas. O projeto Chrysler-Willys do Brasil S.A., embora autorizado pelo GEIA em dezembro de 1957, não foi concretizado. A chegada da Chrysler Corporation ao Brasil ocorreu indiretamente por meio da Simca do Brasil, uma subsidiária da Société Industrielle Mécanique et Carrosserie Automobile (Simca Francesa). Em 1958, a Simca estabeleceu uma planta fabril em São Bernardo do Campo, São Paulo, alinhada aos incentivos do GEIA. Em 1963, a Chrysler adquiriu a matriz francesa da Simca, e, em 1966, assumiu o controle da Simca do Brasil. A partir de agosto de 1967, a empresa passou a operar como Chrysler do Brasil S.A. Sob a gestão da Chrysler do Brasil, o portfólio inicial incluía os modelos Simca Chambord, Simca Alvorada e Simca Jangada. Esses veículos passaram por uma revisão técnica abrangente, com melhorias no controle de qualidade e a introdução de uma garantia inédita de 36.000 km ou dois anos de uso. Essa reestruturação resultou em um aumento expressivo nas vendas, com o primeiro trimestre de 1968 registrando um crescimento de 220% em relação ao mesmo período do ano anterior. O sucesso comercial criou condições para o planejamento de novos lançamentos. Em junho de 1968, a Chrysler confirmou o Dodge Dart como o próximo modelo a ser introduzido no mercado brasileiro, visando competir no segmento de automóveis de origem Chrysler. Para o segmento de veículos compactos, a empresa considerou o Simca 1000 e o Hillman Imp, ambos com motor traseiro. Contudo, a fábrica de São Bernardo do Campo não dispunha de espaço suficiente para a produção desses modelos. A Chrysler do Brasil optou por priorizar o segmento de carga e utilitários, considerando o forte mercado nacional para esses veículos. A produção foi iniciada em 1967 em uma planta industrial recém-adquirida em Santo André, São Paulo, anteriormente operada pela International Harvester Corporation, que encerrou suas atividades no Brasil em 1964. 

Os primeiros modelos lançados sob a marca Dodge foram voltados para aplicações comerciais e industriais, alinhando-se às demandas do mercado brasileiro. A entrada da Chrysler do Brasil S.A. no mercado brasileiro marcou um momento significativo para a indústria automotiva nacional, com a introdução de uma linha de veículos de carga projetados para atender às demandas do mercado. Este relatório detalha a estreia da empresa no Salão Internacional do Automóvel de 1968, a apresentação dos modelos Dodge D-100, D-400 e D-700, suas especificações técnicas e o impacto de sua chegada no cenário competitivo brasileiro. Em novembro de 1968, a Chrysler do Brasil S.A. fez sua estreia oficial no mercado brasileiro durante o Salão Internacional do Automóvel, realizado em São Paulo. A empresa apresentou três modelos de veículos de carga, abrangendo diferentes categorias de capacidade: Dodge D-100: Picape com capacidade de 700 kg; Dodge D-400: Caminhão leve com capacidade de 3,5 toneladas; Dodge D-700: Caminhão médio com capacidade de 8 toneladas. A exposição destacou o compromisso da Chrysler com o mercado brasileiro, posicionando a marca Dodge como uma concorrente robusta no segmento de veículos comerciais. O primeiro modelo a chegar às concessionárias, em maio de 1969, foi o Dodge D-700. Com um design de inspiração norte-americana, caracterizado por uma cabine recuada, o veículo era equipado com o motor a gasolina Dodge V8 318, reconhecido como o maior e mais potente motor a gasolina produzido no Brasil até então. Suas principais especificações incluíam: Motor: V8 318, 5.212 cm³, bloco e cabeçote de ferro, comando de válvulas no bloco acionado por corrente metálica, carburador de corpo duplo, diâmetro de 99,3 mm e curso de 84,1 mm; Potência e Torque: 198 cv a 4.200 rpm e 42 kgfm a 2.400 rpm; Transmissão: Caixa manual de quatro marchas (opcionalmente cinco, com a primeira não sincronizada), reduzida com acoplamento elétrico; Suspensão: Dependente, tipo eixo rígido com feixe de molas nos dois eixos; Freios: Hidráulicos com assistência a vácuo, a tambor nas quatro rodas; Direção: Tipo rosca sem fim, não assistida; Tanque de Combustível: Capacidade de 104 litros; Chassi: Disponível em três comprimentos de entre-eixos, variando de 3,68 m a 5,00 m. O Dodge D-700 foi projetado para atender às demandas de transporte de cargas pesadas, destacando-se pela robustez e confiabilidade. Em agosto de 1969, a Chrysler lançou o Dodge D-400, posicionado como um concorrente direto do Ford F-350, que dominava o segmento de caminhões leves por uma década. Lançado como parte da linha 1970, o D-400 compartilhava o motor V8 318 de 5,2 litros, ajustado para entregar 203 cv, tornando-o o caminhão a gasolina mais potente do mercado brasileiro. Suas especificações incluíam: Motor: V8 318, 5.212 cm³, com 203 cv; Transmissão: Caixa manual de quatro marchas, com a primeira não sincronizada; Tanque de Combustível: Capacidade de 68 litros; Suspensão, Freios e Direção: Similares ao D-700, com suspensão de eixo rígido, feixe de molas, freios a tambor e direção tipo rosca sem fim. O D-400 foi bem recebido, consolidando a presença da Dodge no segmento de caminhões leves. Em novembro de 1969, a picape Dodge D-100 foi introduzida no mercado. Equipada com o mesmo motor V8 318 de 5,2 litros, ajustado para 198 cv, a D-100 apresentava: Transmissão: Caixa manual de três marchas sincronizadas; Suspensão: Convencional, com eixos rígidos e molas semi-elípticas; Capacidade de Carga: 700 kg. A picape foi projetada para atender às necessidades de transporte leve, combinando desempenho e praticidade. 
Em janeiro de 1970, a linha 1970 trouxe uma novidade significativa para o Dodge D-700: a introdução do motor Perkins a diesel de seis cilindros e 5,8 litros, oferecendo maior eficiência para operações de carga pesada. Em outubro do mesmo ano, a Chrysler lançou o Dodge D-900, que apresentava melhorias como: Rodas: Raiadas, com para-choques mais largos; Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas; Direção: Hidráulica, disponível como opcional; Freios: Acionados a ar; Motores: Opções V8 318 de 5,2 litros a gasolina e Perkins de 5,8 litros a diesel. O D-900 foi projetado para atender a demandas mais exigentes, reforçando a competitividade da linha Dodge. A introdução dos modelos D-100, D-400, D-700 e, posteriormente, D-900 posicionou a Chrysler do Brasil como uma forte concorrente no mercado de veículos de carga. A combinação de motores potentes, designs robustos e opções de configuração versáteis permitiu à Dodge atender a uma ampla gama de necessidades comerciais, desafiando marcas estabelecidas como a Ford. A rápida aceitação dos modelos no mercado brasileiro evidenciou a eficácia da estratégia da Chrysler em priorizar o segmento de carga e utilitários. A década de 1970 foi marcada por mudanças significativas na indústria automotiva brasileira, impulsionadas por fatores como a crise do petróleo e transformações no mercado corporativo. Em resposta à crise do petróleo, que incentivou o desenvolvimento de motores mais eficientes, a Chrysler do Brasil introduziu, na linha 1976, o Dodge D-400 equipado com um motor a diesel Perkins 4236 de 3,9 litros. As especificações técnicas do motor incluíam: Cilindrada: 3.860 cm³, com diâmetro de 98,4 mm e curso de 127 mm; Taxa de Compressão: 16:1; Sistema de Injeção: Bomba injetora de atuação direta; Potência e Torque: 90 cv a 3.000 rpm e 30 kgfm a 1.500 rpm (valores brutos). Esse motor, posteriormente utilizado no Volkswagen 6-80 e no Chevrolet D-10, destacou-se pela eficiência e confiabilidade, atendendo às demandas do mercado por veículos de carga mais econômicos. No mesmo período, o Dodge D-900 foi substituído pelo Dodge D-950, que manteve as opções de motores disponíveis, incluindo o V8 318 de 5,2 litros a gasolina e o Perkins de 5,8 litros a diesel. O D-950 trouxe melhorias incrementais, mantendo a robustez característica da linha Dodge. Em julho de 1979, a Volkswagenwerk, proprietária da Volkswagen do Brasil, anunciou a aquisição de 67% das ações da Chrysler do Brasil, incluindo suas fábricas e os direitos de produção de seus veículos no país. A transação, formalizada em janeiro de 1979, surpreendeu o setor automotivo brasileiro. Em novembro do mesmo ano, a Volkswagenwerk adquiriu os 33% restantes, assumindo o controle total da empresa. O principal objetivo da Volkswagen era utilizar a infraestrutura industrial da Chrysler do Brasil para ingressar no mercado de veículos de carga, um segmento no qual a empresa ainda não tinha presença global significativa. Apesar das declarações iniciais da Volkswagen sobre a continuidade da linha Dodge, a estratégia de longo prazo priorizava a substituição desses modelos por novos caminhões desenvolvidos sob a marca Volkswagen. Em fevereiro de 1981, a razão social da Chrysler do Brasil foi alterada para Volkswagen Caminhões, marcando o fim da identidade Chrysler no mercado brasileiro. Nos anos seguintes, a linha Dodge Série D, que incluía modelos como o D-400, D-700 e D-950, foi gradualmente descontinuada. A infraestrutura industrial adquirida foi redirecionada para a produção da primeira geração de caminhões Volkswagen, alinhada com a estratégia global da empresa de expandir sua presença no segmento de veículos comerciais. 
Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Durante o inicio da Segunda Guerra Mundial, preocupado com a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo, o governo norte-americano sob a gestão do presidente Franklin D Roosevelt  incentivou a participação do Brasil no esforço de guerra aliado. Como contrapartida, o Brasil obteve acesso a vantagens estratégicas como : Acordos bilaterais de comércio: Fortalecimento das relações econômicas com os Estados Unidos. Acesso ao programa  Leand & Lease Bill Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos): Uma linha de crédito de US$ 100 milhões para aquisição de equipamentos militares modernos, incluindo armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Entre 1942 e 1945, o Exército Brasileiro recebeu mais de 5.000 caminhões militares de diversos modelos, como GMC CCKW, Diamond T, US White Corbitt Cargo, Ward La France, Chevrolet Série G, e Studebaker US6G. Esses veículos proporcionaram uma capacidade significativa de mobilização de tropas e cargas, modernizando as operações logísticas da  Força Terrestre. Na década de 1950, a frota de caminhões adquirida durante a guerra enfrentou sérios problemas operacionais, decorrentes de: Desgaste natural: O uso intensivo durante e após o conflito comprometeu a condição das viaturas. Dificuldade de manutenção: A produção dos modelos recebidos foi descontinuada nos Estados Unidos, dificultando a importação de peças de reposição essenciais. Essa situação gerou preocupações críticas no comando do Exército Brasileiro, pois a redução da capacidade de transporte ameaçava diretamente a prontidão operacional. A necessidade de soluções emergenciais tornou-se prioritária para manter a funcionalidade das forças terrestres. A aquisição de uma nova frota de caminhões militares, como os modelos REO M-34 e M-35 com tração 4x4 e 6x6, foi considerada a solução ideal para substituir os veículos obsoletos. No entanto, o alto custo de tal investimento estava fora do alcance orçamentário do Exército Brasileiro na época. Estudos mais realistas resultaram em três estratégias complementares: Aquisição limitada de caminhões modernos: Aquisição:  de um pequeno número de caminhões militares modernos como os norte-americanos REO M-34, visando atender às necessidades mais urgentes com equipamentos atualizados -Repotencialização de frotas existentes: Estudos para modernizar e remotorizar os caminhões GMC CCKW e Studebaker US6G, prolongando sua vida útil por meio de reformas e atualizações -Adoção de caminhões comerciais militarizados: Utilização de veículos comerciais adaptados para cumprir missões secundárias, oferecendo uma solução econômica e imediata. Mesmo com esta pauta na mesa,  o Exército Brasileiro enfrentou desafios significativos para manter sua capacidade operacional devido à obsolescência de sua frota de caminhões militares. Assim para  recuperar a capacidade logística do Exército Brasileiro, três alternativas foram consideradas: aquisição de novos caminhões militares, repotencialização de veículos existentes, e adoção de caminhões comerciais militarizados. 

Contudo, os estudos para modernizar os caminhões GMC CCKW e Studebaker US6G foram descartados devido a: Alto custo de implementação: Os investimentos necessários excediam as capacidades orçamentárias. Falta de expertise técnica: O Brasil não dispunha de experiência prévia em programas de modernização de tal escala. O cancelamento dessa iniciativa intensificou a necessidade de ampliar a aquisição de caminhões comerciais militarizados, que poderiam complementar a frota militar, composta majoritariamente por veículos 6x6 projetados para operações fora de estrada. A adoção de caminhões comerciais militarizados visava liberar a frota 6x6 para missões fora de estrada, destinando os novos veículos a funções secundárias, como transporte em ambientes urbanos e rodoviários. Esse conceito já havia sido implementado pelo Exército Brasileiro desde a década de 1930, com o uso de modelos como Chevrolet 112 Tigre, Chevrolet 137 Comercial, Chevrolet Gigante 937, e Opel Blitz II, todos adaptados para operações militares. A introdução em larga escala de caminhões comercialmente militarizados permitiu uma redistribuição eficiente dos recursos logísticos, otimizando a utilização da frota existente e garantindo a continuidade das operações. Para apoiar a indústria automotiva nacional, o Ministério do Exército optou por veículos produzidos pela Fábrica Nacional de Motores (FNM), que fabricava dois modelos de caminhões médios: o FNM D-9500 e o FNM D-11000. Após avaliação, o FNM D-11000 foi selecionado devido às suas características estruturais, que atendiam aos requisitos para militarização. As principais especificações do modelo incluíam: Robustez estrutural: Projetado para transportar cargas pesadas em estradas precariamente pavimentadas e terrenos irregulares -  Chassi reforçado: Equipado com sete travessas de reforço forjadas em aço de alta resistência, garantindo durabilidade e capacidade de suportar condições adversas -  Adequação ao uso militar: A construção robusta do D-11000 oferecia as condições necessárias para adaptações destinadas a operações militares. A estratégia de redistribuir a reduzida frota de caminhões militares 6x6 para missões fora de estrada e utilizar veículos comerciais em funções secundárias demonstrou pragmatismo e eficiência.   A partir de 1964, o Exército Brasileiro passou a adquirir a nova linha de caminhões Chevrolet C-60 e Ford F-600 , disponíveis nas configurações de tração 4x2 e 6x6.  Reconhecendo a importância de aumentar a capacidade operacional dos caminhões, especialmente em ambientes fora de estrada, o comando do Exército Brasileiro buscou implementar um novo esforço estratégico. Novamente em função do baixo orçamento existente, a solução deveria ser doméstica, passando pela aquisição de novos caminhões militarizados de fabricação nacional, porém estes novos veículos deveriam realmente incorporar capacidades militares aos modelos civis existentes no mercado, permitindo assim operar nos ambientes fora de estrada característicos dos veículos de emprego militar. 
Na década de 1960, a Engesa – Engenheiros Especializados S.A. emergiu como uma empresa de destaque no cenário industrial brasileiro, consolidando-se posteriormente como um dos principais fabricantes de equipamentos militares terrestres do país.  A Engesa destacou-se pela qualidade de seu quadro técnico, composto por profissionais altamente qualificados, muitos dos quais formados pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Essa equipe foi fundamental para o desenvolvimento de tecnologias avançadas, posicionando a empresa como um polo de inovação no setor industrial brasileiro. Em 1966, a Engesa alcançou um marco significativo com o projeto e a fabricação do sistema de tração 4x4, conhecido comercialmente como “Tração Total”. Esse kit, projetado para equipar veículos de série nacionais, era composto por: Caixa de transferência com duas tomadas de força; Eixo dianteiro direcional; Guincho (opcional). Posteriormente, o sistema foi expandido para configurações 6x4 e 6x6, aproveitando os eixos e feixes de molas traseiros originais dos veículos. Destinado inicialmente a picapes e caminhões produzidos por fabricantes como Chevrolet, Ford e, mais tarde, Dodge, o sistema “Tração Total” conferiu aos veículos comerciais um desempenho off-road excepcional, até então inédito no Brasil. O sistema “Tração Total Engesa” revolucionou a capacidade operacional dos veículos equipados, ampliando significativamente sua versatilidade. Por exemplo, uma picape Ford F-100 equipada com o sistema apresentava capacidade de carga duplicada e era capaz de superar rampas com inclinação de até 85%. Essa inovação destacou a Engesa como líder em soluções de mobilidade para ambientes desafiadores. A linha de produtos “Tração Total” foi patenteada no Brasil e no exterior, consolidando a propriedade intelectual da Engesa e atraindo a atenção de mercados internacionais. No âmbito nacional, o sistema despertou o interesse das Forças Armadas Brasileiras, que reconheceram seu potencial estratégico. Em 1967, o projeto “Tração Total” foi oficialmente classificado como “De Interesse para a Segurança Nacional”, um marco que reforçou a relevância da Engesa no setor de defesa.O sistema de “Tração Total” da Engesa, patenteado na década de 1960, criou uma oportunidade estratégica para montadoras nacionais expandirem sua presença no mercado militar brasileiro. A necessidade de modernização da frota das Forças Armadas, composta por veículos obsoletos como os GMC Série CCKW e Studebaker US6G, incentivou a colaboração entre fabricantes automotivos, a Engesa e o Ministério do Exército para o desenvolvimento de caminhões militarizados com capacidades avançadas de tração.  A partir de 1963, veículos produzidos pela General Motors do Brasil, como as camionetes Chevrolet C-1416 e os caminhões Chevrolet C-60, foram submetidos a testes de campo com a integração da tração dianteira e do sistema 4x4 da Engesa. Esses ensaios foram cruciais para estabelecer os parâmetros técnicos finais de uma nova linha de caminhões comerciais militarizados, disponíveis nas configurações de tração 4x4 e 6x6. As principais plataformas selecionadas para conversão incluíam: Chevrolet D-60; Mercedes-Benz LA-1111 e Ford F600. Em meados de 1965, foram assinados os primeiros contratos de produção entre as montadoras, a Engesa e o Ministério do Exército. As entregas dos caminhões militarizados tiveram início no começo de 1966, marcando um avanço significativo na modernização da frota militar brasileira. Esses contratos fortaleceram a indústria automotiva nacional, alinhando-se aos objetivos do Governo Federal de consolidar o parque industrial do país.

Os caminhões entregues apresentavam diferenças visuais e funcionais em relação às versões comerciais, incluindo: Carrocerias de padrão militar; Para-choques reforçados; Ganchos traseiros para tração de reboques de carga geral ou peças de artilharia de campanha de pequeno e médio porte. Além das versões equipadas com o sistema “Tração Total”, as Forças Armadas Brasileiras (Exército, Marinha e Força Aérea) também adquiriram caminhões militarizados em configurações mais simples, adaptados para diversas funções operacionais. A partir de 1970, a diretoria comercial da Chrysler do Brasil identificou o potencial do mercado militar e iniciou negociações com a Engesa para homologar seus modelos Dodge D-400 e D-700 para integração com o sistema “Tração Total”. Essa iniciativa visava posicionar a Chrysler como fornecedora no processo contínuo de renovação da frota militar, substituindo veículos antigos ainda em uso pelo Exército Brasileiro. A homologação dos modelos Dodge representava uma oportunidade estratégica para a empresa conquistar uma fatia significativa desse mercado em expansão. No entanto os primeiros contratos governamentais conquistados pela Chrysler do Brasil envolveram uma versão do caminhão Dodge D-700 configurada como veículo de combate a incêndios. Este modelo de médio porte foi projetado para atender às necessidades de unidades do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar em pequenas cidades do interior, bem como de grandes empresas estatais. Suas principais características incluíam: Carroceria Especializada: Produzida pela empresa carioca Argos Carros de Bombeiro e Veículos Especializados Ltda., sediada em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, com design inspirado em modelos norte-americanos de combate a incêndios; Índice de Nacionalização: Atingiu 95%, com a maioria dos componentes fabricados localmente, exceto as bombas, que eram importadas. Apesar do sucesso em obter contratos com governos estaduais, o volume de vendas permaneceu limitado, refletindo a natureza incipiente do mercado para esse tipo de veículo especializado. Paralelamente, a Chrysler do Brasil, em parceria com a Engesa, desenvolveu três protótipos de veículos militarizados para submissão ao programa de avaliação padrão do Exército Brasileiro. Esses protótipos visavam atender à demanda por caminhões modernos com capacidades off-road, integrando o sistema de “Tração Total” da Engesa. Os modelos testados incluíam: Dodge D-700 Militarizado (6x6): Testado a partir do início de 1971, este protótipo apresentava: Carroceria militar com grades de proteção para faróis e para-choques reforçados; Motor a gasolina V8 de 196 cv; Câmbio Clark e caixa de transmissão ZF do Brasil; Sistema de “Tração Total” 6x6; Conjunto de suspensão “Boomerang” da Engesa, uma inovação revolucionária para operações em terrenos irregulares. Dodge D-400 (4x4): Configurado com tração 4x4, projetado para maior mobilidade em operações táticas. Dodge D-700 (4x4, Cabine Aberta): Equipado com cabine aberta, cobertura de lona e para-brisa basculante, possibilitando transporte aéreo em aeronaves da Força Aérea Brasileira, como o Lockheed C-130 Hercules e o De Havilland C-115 Buffalo.
Os protótipos foram submetidos a extensos testes pelo Exército Brasileiro e pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil em 1971. Apesar do desempenho promissor, especialmente do Dodge D-700 6x6 com suspensão “Boomerang”, não houve encomendas desses modelos. A preferência das Forças Armadas Brasileiras por caminhões com motores a diesel, mais econômicos e adequados às operações prolongadas, favoreceu modelos concorrentes, como o Chevrolet D-60 e o Ford F-600D, que foram adquiridos em grande quantidade durante o período. Estes dois modelos com tração integral receberiam pequenos contratos de produção, com as entregas se iniciando a partir de meados do ano de 1972, mas grande parte da frota de caminhões da Chrysler do Brasil a serviço do Exército Brasileiro, seria composta por veículos puramente comerciais sem nenhuma militarização. Estes seriam divididos entre os modelos Dodge D-700, D-750, D-900 e D-950, entregues com diversas configurações de carroceria, como carga seca, baú, oficina, cisterna de água, tanque de combustível, oficina, posto de comando, frigorifico, socorro, basculante e bombeiro.  Os caminhões basculantes Dodge D-950 destacaram-se por sua capacidade superior em comparação com modelos similares, tornando-se peças fundamentais nas operações dos Batalhões de Engenharia de Construção (BEC) do Exército Brasileiro. Essas unidades tinham como missão atuar em obras de cooperação com organismos públicos federais, estaduais e municipais, envolvendo a construção de: Ferrovias; Rodovias; Viadutos; Pontes; Açudes; Portos; Barragens; Poços artesianos. Os Dodge D-950 equiparam diversos batalhões, incluindo: 1º BEC, Caicó, Rio Grande do Norte; 2º BEC, Teresina, Piauí; 3º BEC, Picos, Piauí; 4º BEC, Barreiras, Bahia; 5º BEC, Porto Velho, Rondônia; 6º BEC, Boa Vista, Roraima e 7º BEC, Rio Branco, Acre. A robustez e a versatilidade do Dodge D-950 garantiram sua utilização prolongada nessas unidades, contribuindo significativamente para projetos de infraestrutura em regiões estratégicas do país. Os caminhões Dodge fornecidos pela Chrysler do Brasil permaneceram em operação no Exército Brasileiro até o final da década de 1980. A partir desse período, foram gradualmente substituídos por modelos equivalentes produzidos por outras montadoras, incluindo: Ford F-600 e F-12000; Mercedes-Benz L-1111, L-1113 e L-1114. Os últimos veículos a serem retirados de serviço, no início da década de 1990, foram os caminhões configurados como bombeiros. Muitas dessas unidades foram repassadas a corpos de bombeiros de pequenas cidades do interior do Brasil, estendendo sua vida útil em aplicações civis. O fornecimento dos caminhões Dodge pelo Exército Brasileiro reforçou a posição da Chrysler do Brasil no mercado de veículos comerciais e especializados. A utilização dos D-950 pelos Batalhões de Engenharia de Construção destacou a capacidade da empresa de atender às demandas de operações complexas, contribuindo para o desenvolvimento de infraestrutura nacional. A substituição por modelos de outras fabricantes refletiu a evolução do mercado e a necessidade de renovação tecnológica, mas não diminuiu o legado dos veículos Dodge no contexto militar brasileiro.

Em Escala.
Para a representação do Dodge D-950, foi utilizado um modelo em die-cast na escala 1/43, pertencente à coleção “Caminhões de Outros Tempos” da Editora Altaya, produzido pela Axio. Este modelo foi selecionado por sua fidelidade ao design original do veículo, servindo como base ideal para a customização necessária à versão militar. O modelo base foi submetido a um processo de customização para refletir as características da viatura basculante EB51-1430 do Exército Brasileiro. As modificações incluíram ajustes visuais e funcionais para alinhar a miniatura às especificações militares. O detalhamento da réplica foi aprimorado com a aplicação de decais produzidos pela Eletric Products, pertencentes ao conjunto “Exército Brasileiro 1942-1982”. 
O esquema de cores (FS) descrito abaixo corresponde ao padrão tático militar estabelecido pelo Exército Brasileiro a partir da Segunda Guerra Mundial. Esse padrão foi projetado para garantir camuflagem eficaz em diversos ambientes operacionais, mantendo a uniformidade visual e funcional dos veículos militares. Todos os caminhões Dodge fornecidos pela Chrysler do Brasil para uso militar, incluindo os modelos D-400, D-700, D-750, D-900 e D-950, adotaram esse esquema de pintura durante todo o período de operação, com exceção dos veículos configurados como bombeiros.  Para a aplicação do esquema de pintura tático, foram empregadas tintas e vernizes de alta qualidade produzidos pela Tom Colors.

Bibliografia : 

- Veículos Militares Brasileiros – Roberto Pereira de Andrade e José S Fernandes
- Batalhões de Engenharia de Construção – Exército Brasileiro
- Chrysler do Brasil - http://www.lexicarbrasil.com.br/chrysler
- Manual Técnico – Exército Brasileiro 1976

Gates Learjet 35A em uso militar

História e Desenvolvimento.
A Gates Learjet Corporation seria notabilizada na indústria aeronáutica mundial como um das mais bens sucedidas empresas construtoras de aeronaves de transporte executivo, apresentando como principal diferencial uma excelente relação de custo benefício dos seus modelos. A origem desta linhagem de aeronaves se inicia em 1952 com um programa governamental para o desenvolvimento de uma moderna aeronave de ataque terrestre para a Força Aérea da Suíça. Este programa denominado como P-16 seria desenvolvido pela empresa nacional Flug-und Fahrzeugwerke, com seu primeiro protótipo alçando voo em maio de 1955. Esta aeronave apresentava um ousado e inovador design, e seus ensaios de voo iniciais apresentaram resultados promissores, gerando assim um contrato de aquisição de 100 células. O processo de produção inicial seria acometido por uma série de problemas técnicos, levando inclusive a queda de duas aeronaves pré-produção, ocasionando no cancelamento prematuro do programa. Neste contexto a companhia suíça tentou buscar clientes de exportação para o P-16 mas agora com foco no segmento civil, e um dos alvos prioritários seria o mercado norte americano, levando assim a criação de uma versão modificada denominada como P-16 AJ-7. Em franca campanha de apresentação a potenciais clientes, o modelo foi apresentado ao filho do empresário William P. Lear (fabricante norte americano do jato executivo Lear Star) que realizaria um voo de experimentação em 1962. As impressões relatadas por Bill Lear, teciam elogios as características de vôo da aeronave, com destaque ao layout das asas, que permitia pousos e decolagens curtas, despertando assim grande interesse da família na aeronave. Negociações seriam mantidas com o fabricante original, resultando em uma parceria que culminaria na fundação da Swiss American Aviation Corp, para assim permitir a produção deste novo modelo em parceria com a Flug-und Fahrzeugwerke Altenrhein. Na Suíça, o design do projeto seria revisado com o apoio do projetista Gordon Israel, que havia trabalhado como designer de aeronaves como os Grumman F-7F Tigercat e F-9F Panther, com o engenheiro Hans-Luzius Studer da equipe original, projetando um novo conjunto das asas. Este novo projeto receberia a designação de Swiss American Aircraft Corporation 23. Divergências de legislação trabalhista na Suíça resultariam no abandono da estratégia inicial de produção internacional das aeronaves, levando a uma reorganização do comando do projeto com a Flug-und Fahrzeugwerke Altenrhein passando a atuar apenas como uma empresa subcontratada na futura produção em série da aeronave.

O primeiro protótipo do modelo designado como Learjet 23 alçou voo em 7 de outubro de 1963, sendo seguido pela segunda aeronave no dia 5 de março de 1964. Em junho um grave acidente acometeria o segundo protótipo durante voos de avaliação para obtenção da certificação junto a FAA (Federal Aviation Administration), logo em seguida o processo seria retomado com a aeronave recebendo a certificação oficial em 31 de julho de 1964. As primeiras aeronaves de produção começaram a ser entregues a clientes do mercado civil em fins do mês de outubro do mesmo ano. A partir do ano seguinte a empresa seria renomeada como Lear Jet Corporation, em um curto espaço de tempo, a pequena aeronave de transporte executivo com capacidade para transporte de seis a oito passageiros, começou ganhar notoriedade no mercado levando a companhia a estudar novas versões melhoradas como o Learjet 24 e Learjet 25 lançados entre os meses de fevereiro e agosto de 1966. Em 10 de abril do ano seguinte Bill Lear venderia sua participação na empresa para a empresa Gates Rubber Company de Denver, Colorado. Lear permaneceu no conselho da empresa até 2 de abril de 1969, quando a empresa foi fundida com a Gates Aviation Corporation e foi renomeada como Gates Learjet Corporation. Em 1971 uma nova versão denominada Leajert 25BGF passava ser testada, incorporando o novo motor Garrett TFE731-2, este novo conjunto fazia uso do sistema “Turbofan”, desenvolvido especificadamente para o atendimento as novas restrições mundiais impostas aos elevados níveis de ruído. Os resultados desta nova motorização (substituindo os originais General Electric CJ610) apontaram para significativas melhoria na potência e redução dos níveis de ruído, concedendo assim o sinal verde para o desenvolvimento da nova versão que receberia a designação de Learjet 35. O primeiro voo do protótipo ocorreu em 22 de agosto de 1973, com a aeronave sendo certificada pela FAA em julho de 1974. Ao todo sessenta e quatro células deste modelo seriam construídas, sendo comercializadas principalmente no mercado civil norte americano. Em 1974, a frota mundial de Learjet ultrapassou a marca de um milhão de horas de vôo e em 1975 a empresa produziu seu 500º jato, ambos pioneiros do setor. No final de 1976, a empresa aumentaria a produção mensal de aeronaves para dez células.
A evolução natural resultaria no modelo Learjet 35A, tendo como diferencial a adoção nos novos motores Turbofan Garret TFE731-2-2B, esta nova versão apresentava maior capacidade de combustível chegando a 931 galões americanos (3.524 litros) com reabastecimento realizado no nível do solo através de cada tanque de ponta de asa, estas melhorias permitiram estender o raio de açao do modelo, chegando a 3.690km. As primeiras unidades começariam a ser entregues no mercado civil a partir de meados do ano de 1976, substituindo no portfólio da empresa o Gates Learjet 35. Rapidamente as novas qualidades desta nova versão seriam percebidas pelo mercado, mais notadamente a melhoria no conforto e sensível diminuição do nível de ruído na cabine de passageiros, apresentando também uma significativa redução no consumo de combustível, tornando se assim um sucesso em vendas. Uma versão com alcance estendido foi lançada em 1975 recebendo a designação de Learjet 36. Em 1976, o jogador de golfe profissional americano Arnold Palmer usou um Learjet 36 para estabelecer um novo recorde de classe de volta ao mundo de 22.894 milhas (36.990 km) completadas em cinquenta e sete horas, vinte e cinco minutos e quarenta e dois segundos. O sucesso comercial no mercado civil mundial, logo passaria a atrair os olhares de vários operadores militares, entre estes a Força Aérea Americana (USAF), que se tornaria o primeiro cliente militar do modelo, fazendo uso de uma versão customizada para transporte executivo para oito passageiros, com interior intercambiável para missões de remoção médica podendo receber até quatro macas e equipamento médico básico de emergência.

A nova aeronave receberia na Força Aérea Americana (USAF) a designação militar de designação C-21A, com as primeiras entregas ocorrendo a partir de 1984, com as primeiras células de um contrato de sessenta e cinco aeronaves sendo entregues a partir de abril de 1984 com as últimas unidades disponibilizadas até outubro do ano seguinte. Estes aviões seriam distribuídos entre diversas unidades áreas para o emprego em missões de transporte VIP junto ao alto comando da força aérea e em tarefas de evacuação aero médica. Durante vários anos os C-21A prestaram excelentes serviços, em 1 de abril de 1997, todos os C-21As com base no país foram realinhados sob a coordenação do Air Mobility Command em operação junto ao e 375th Grupo de Transporte Aéreo (Airlift Wing), com sede na Base Aérea de Scott no estado de Illinois. Já às células dispostas em unidades baseadas fora do território continental dos Estados Unidos foram atribuídos aos comandantes destas áreas internacionais, neste período uma parte das aeronaves seriam alocadas junto a unidades da Guarda Aérea Nacional. Em 2016 restavam em operação trinta e uma células alocadas junto ao 375th Grupo de Transporte Aéreo (Airlift Wing) e dezoito células em serviço na Guarda Aérea Nacional, com substituição sendo prevista para os primeiros anos da década de 2020. O próximo cliente militar da família Learjet 35A, seria a Força de Defesa de Japão Air (JASDF), que em 1989 procedeu a aquisição de seis células da versão militar U-36, configuradas missões de posto de comando aéreo e quatro U-36A destinadas a missão de transporte e treinamento, sendo equipadas com simuladores de busca de misseis, sistemas de comunicação especial, preparação para reboque de alvos e sistema de jammer para guerra eletrônica. Com estas aeronaves se mantendo em uso até os dias atuais, os modelos U-36 Learjet se distinguem das demais versões por portar um grande domo de radar ventral e cabides subalares.
Ao longo dos anos mais operadores militares se somariam aos usuários da família de aeronaves Gates Learjet 35A, com aeronaves configuradas para misses de transporte VIP (Very Important Person), reconhecimento fotográfico e guerra eletrônica. Durante a Guerra das Falklands – Malvinas (1982) os Gates  Learts 35A da Força Aérea Argentina (FAA) seriam largamente empregados em tarefas na linha de frente, sendo para missões de reconhecimento ou isca (simulando aeronaves de ataque em manobras de despiste). Em 7 de junho de 1982 uma aeronave pertencente ao Escuadrón Fénix da Força Aérea Argentina (FAA), acabaria sendo  abatida por um míssil Sea Dart lançado a partir da fragata britânica HMS Exeter (D89), quando participava de uma missão de reconhecimento visual da Força Tarefa Britânica. Varia versões militarizadas do Gates Learjet 35 serviram ou ainda servem junto as forças armadas da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Finlândia, México, Namíbia, Peru, Arábia Saudita, Suíça, Tailândia e Emirados Árabes Unidos.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
As missões de transporte de autoridades (VIP) no Brasil, tem início na década de 1930, quando a Diretoria de Aviação do Exército adquiriu quatro células do Lockheed 12A Electra Junior, para uso junto a Seção de Aviões de Comando, baseada  no Rio de Janeiro, a estes se seguiram a aquisição de novas aeronaves como os Lockheed VC-66 e VC-60 Lodestar. Na década de 1960, a mudança da capital federal do Rio de Janeiro para a nova cidade de Brasília, levaria a necessidade de aeronaves de maior autonomia, visando assim proporcionar acesso fácil as principais capitais brasileiras. Neste contexto se fazia necessário a aquisição de aeronaves de nova geração, ou seja, aviões dotados com motores a reação. O programa inicial se dedicaria a selecionar e adquirir dois modelos de aeronaves, um jato de maior porte para o transporte presidencial, e um de menor porte para transporte executivo, para o transporte de ministros e funcionários de alto escalão do governo federal, com estes dois novos modelos servindo exclusivamente ao Grupo de Transporte Especial (GTE). A era a jato teria início em 1968 com a incorporação das aeronaves BAC-111 One-Eleven (denominados VC-92) – utilizados para o transporte do Presidente da República – e cinco células novas do também jato britânico Hawker Siddeley BAe HS-125 (denominados como VU-93), estes destinados ao transporte de Ministros e Secretários da República. Durante anos os pequenos jatos executivos britânicos cumpriram com louvor sua missão, porém em meados da década e 1980 já apresentavam problemas de ordem operacional e de segurança em função de sua idade e tempo de serviço, que além de não suportarem a demanda de transporte de autoridades do governo brasileiro, estavam muito defasados em quesitos de conforto e atualização. Demandando assim estudos visando uma possível gradual complementação e substituição a curto prazo visando assim manter os altos índices de operacionalidade e segurança já apresentados pelo Grupo de Transporte Especial – GTE ao longo dos anos.

Neste contexto a partir de 1985 o Ministério da Aeronáutica iniciou estudos buscando identificar no mercado internacional uma aeronave destinada a esta demanda de modernização da frota de jatos executivos destinados a missões de transporte VIP. Neste mesmo período buscavam-se diversas alternativas para redução de custo operacional da Força Aérea Brasileira, entre os objetos de estudo se encontrava a operação dos grandes e dispendiosos Lockheed SC-130E Hercules empregados até então na realização de missões de aerofotogrametria estratégica, em complemento aos Embraer RT-26 Xavante, que realizavam o reconhecimento estratégico. Se fazia necessário então buscar no mercado internacional uma aeronave destinada a missões de aerofotogrametria que pudesse operar com o menor custo operacional possível, permitindo assim liberar os LockheedSC-130E Hercules para missões de busca e salvamento (SAR) e transporte. Visando a máxima padronização de plataformas o Ministério da Aeronáutica MAer) decidiu abrir uma consulta a diversos fabricantes envolvidos na concorrência para o fornecimento de jatos executivos para o Grupo de Transporte Especial – GTE. Entre estes a Gates Learjet Corporation possuía em seu portfólio de produtos uma versão do Learjet 35A customizada para tarefas de levantamentos aerofotogramétricos, dispondo ainda de algumas células exportadas para o Peru para uso em sua força área para mapeamento em elevadas altitudes. Esta oferta viria a se encaixar perfeitamente as demandas da Força Aérea Brasileira e após a análise de outras propostas, conclui-se que a solução mais adequada passava pela aquisição de células do modelo Gates Learjet 35A, aliando rapidez, conforto e autonomia, para atendimento as missões de transporte VIP (Very Important Person) e velocidade, estabilidade, capacidade de navegação, alto desempenho e baixo custo, para o atendimento as missões de foto reconhecimento. Esta decisão culminaria na assinatura de um contrato entre o Ministério da Aeronáutica (MAer) e a Gates Learjet Corporation para o fornecimento de uma dúzia destas aeronaves.
O contrato previa o fornecimento de seis células configuradas na versão de transporte VIP denominadas como VU-35A para o Grupo de Transporte Especial (GTE) e seis células na versão de aerofotogrametria (equipadas com modernas câmeras verticais e laterais de alta definição), designadas como R-35A para 1º/6º Grupo de Aviação - Esquadrão Carcará. No entanto pressões políticas exercidas pela alta cúpula do governo federal levariam a alteração deste contrato, resultando e apenas três células do R-35A com a nove demais sendo entregues na versão de transporte VIP VU-35A. As primeiras células seriam recebidas na Base Aérea de Brasília em meados do ano de 1987, passando a substituir os jatos ingleses Hawker Siddeley BAe HS-125 VU-93 nas missões de transporte de autoridades do primeiro escalão do governo federal. Estas novas aeronaves mais modernas, mais velozes e com melhor autonomia de deslocamento, melhorariam a dinâmica das operações do Grupo de Transporte Especial – GTE, atendendo com mais praticidade os acionamentos para o transporte de autoridades, sendo capazes de decolar, para qualquer ponto do país, em um intervalo de no mínimo uma hora, e no caso em horários inusitados ou finais de semana no máximo duas horas. Neste aspecto os Gates Learjet 35A se encaixaram perfeitamente, pois sua autonomia de quase seis horas de voo, permitia os VU-35A atingir em uma única perna todas as capitais brasileiras, o que gerava significativo ganho de tempo as autoridades transportadas. Desta maneira durante mais de 20 anos os Gates Learjet cumpriram incontáveis missões em proveito do transporte de autoridades em todo o território obtendo excelentes padrões de operacionalidade e segurança. Curiosamente um Learjet 55C temporariamente passaria a complementar a frota de jatos VU-35, em 1997 a União Federal interveio no Banco Bamerindus e confiscou parte do patrimônio, que incluiu a frota de aeronaves do banco, entre elas o Learjet 55 C prefixo PT-OCA. Em junho do ano seguinte esta célula seria entregue para a Força Aérea Brasileira que o registrou como VU-55 FAB 6100 e o alocou no Grupo de Transporte Especial (GTE) , se mantendo em operação até o ano de 2012 quando foi repassado para o 6º Esquadrão de Transporte Aérea "Esquadrão Guará" (ETA).

Apesar da excelente folha de serviços, no início do século XXI, os Gates Learjet VU-35A, já mostravam sinais de cansaço e acumulavam um alto número de horas voadas por célula, muito função do alto número de missões semanais em proveito do transporte de autoridades do governo federal. Este cenário desenharia a curto prazo a necessidade de substituição da frota de jatos executivos norte-americanos, a primeira movimentação neste sentido ocorreria em 2004 quando o Grupo de Transporte Especial (GTE) incorporou duas células do Embraer ERJ-145ER. Essas aeronaves faziam parte de um lote de quinze aeronaves adquiridas com financiamento pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), pela Varig S/A para uso pelas suas subsidiárias regionais Nordeste Transportes Aérep e Rio-Sul Linhas Aéeas, e foram devolvidas por falta de pagamento ao banco, com sete delas repassadas a Força Aérea Brasileira. Estas duas células foram designadas como VC-99 recebendo as matrículas “FAB 2524 e 2526”, logo em seguida uma terceira aeronave seria incorporada, agora do modelo Embraer ERJ-145LR, com capacidade para 36 passageiros, passando esta aeronave a ostentar a designação VC-99A com a matrícula “FAB 2550”. Estas incorporações permitiram aliviar a carga de trabalho dos VU-35A Learjet, permitindo também a desativação inicial dos longevos jatos ingleses BAe HS-125 VU-93. Além disso os bons resultados obtidos na operação com os jatos da Embraer pavimentariam o caminho para mais aquisições, se concretizando em 2006 com entrada em serviço do primeiro ERJ-135BJ Legacy 600 designados oficialmente como VC-99B. Um total de seis células deste novo modelo seriam recebidos até o 2012, encerrando assim a operação dos Gates Learjet VU-35 junto ao Grupo de Transporte Especial (GTE).  Restavam então no inventario da aeronáutica, nove células operacionais em bom estado e ainda com um razoável número de horas de voo, criando assim uma oportunidade remanejamento interno na força.
Durante este processo o Comando da Aeronáutica (COMAER) optaria por destinar três células do Gates VU-35A Learjet para o 1º/6º Grupo de Aviação - Esquadrão Carcará, assim estas aeronaves passariam por um amplo processo de conversão visando a sua transformação em plataformas especializadas em guerra eletrônica (ELINT - Electronics Intelligence) e reconhecimento por sinais, recebendo para isto radares Thales DR-3000 MK2B, sendo assim designados R-35AM Learjet. Outra célula seria destinada ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial - DTCA baseado na cidade de São José dos Campos - SP sendo designado como U-35A Learjet passando a apoiar as missões desta unidade, inclusive servindo como plataforma de ensaios para o GEEV (Grupo Especial de Ensaios em Voo). Finalmente em abril das 2012 às cinco aeronaves restantes seriam redesignadas como U-35A e transferidas para o 6º Esquadrão de Transporte Aéreo - 6º ETA, preenchendo desta maneira a lacuna deixada nesta unidade com a desativação dos Embraer VU-9 Xingu.

Em Escala.
Para representarmos o Gates Learjet VU-35A "FAB 2712" pertencente ao Grupo de Transporte Especial – GTE, empregamos o antigo modelo da Hasegawa na escala 1/48, kit este que apesar de apresentar um nível médio de detalhamento possui excelente acabamento e facilidade de montagem. Fizemos uso de decais confeccionados pela  FCM Decais presentes no antigo set 48/13.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura empregado pelas aeronaves de transporte VIP em uso no Grupo de Transporte Especial – GTE , os três VU-35 Learjeto convertidos ao padrão  R-35AM passaram a ostentar um esquema de pintura em tons de cinza com marcações de baixa visibilidade, a única célula da versão U-35A adotou pequenas alterações marcações em relação ao esquema original, e por fim os cinco U-35 mantiveram o padrão de pintura original do Grupo de Transporte Especial – GTE.


Bibliografia :

- História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- 1º/6º Gav Esquadrão Carcará - http://www.spotter.com.br/esquadroes/carcara_02.htm
- Poder Aéreo - Guilherme Poggio - http://www.aereo.jor.br/2009/09/08/esquadrao-carcara-recebera-learjet-35-do-gte/
- Revista ASAS nº 67 " Coluna do Camazano " - Aparecido Camazano Alamino
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores Jr

Vickers-Armstrong M-1917 (Mark XIX)

História e Desenvolvimento
A empresa Naylor Vickers & Company, seria fundada em 1828 por  Edward Vickers e  seu sogro George Naylor, na pequena cidade de inglesa de Sheffield, dispondo inicialmente de um pequeno parque industrial destinado a fundição de aço. Posteriormente logo se tornaria conhecida por seus famosos e gigantescos sinos da igreja, passando em seguida a desenvolver e produzir a componentes pesados para a industria de manufatura. Em 1867 a empresa abriria seu capital, sendo renomeada como Vickers, Sons & Company, e gradualmente adquiriria mais negócios, ramificando-se em vários setores. No ano seguinte passaria a fabricar eixos marítimos, em 1872 começou a fundir hélices marítimas e em 1882 montaria sua primeira prensa de forjamento. Neste momento se aproximaria do mercado militar, passando a produzir a partir de 1888 placas de blindagem para emprego naval, e dois anos depois desenvolveria sua primeira peça de artilharia. No ano de 1897 a empresa procederia a compra do construtor naval  Barrow-in-Furness The Barrow Shipbuilding Company, adquirindo ao mesmo tempo sua subsidiária Maxim Nordenfelt Guns And Ammunitions Company, com a empresa passando a ser denominada como Vickers, Sons & Maxim. A partir dessas aquisições, a corporação inglesa passaria agora produzir uma seleção completa de produtos, envolvendo desde navios e acessórios marítimos até placas de blindagem e um conjunto de material bélico. Em termos de peças de artilharia os primeiros produtos com calibre superior a 100 mm seriam desenvolvidos pela companhia a partir de 1890. Sua atuação junto ao meio de construção naval, levariam ao desenvolvimento de peças de artilharia do tipo convencional, para emprego naval, fazendo uso cargas propulsoras em sacos de seda. Neste mesmo período, o alto almirantado britânico, depois de um breve período de implementação e avaliação de canhões de tiro rápido para emprego em seus cruzadores e encouraçados, decidiria por voltar a operar sistemas de armas de artilharia convencional. Entre os motivos que levariam a este posicionamento decisório, fundamentava-se principalmente a necessidade de redução de custos da frota britânica, tendo em vista que o emprego deste sistema eliminava a necessidade dos dispendiosos invólucros metálicos de latão que também era de difícil manejo devido a seu peso total com o projetil.  

Esta decisão seria motivada principalmente pela apresentação de uma proposta da Vickers, Sons & Maxim, para o projeto de um novo canhão, que estaria equipado com o inovador mecanismo de culatra de ação simples. Esta nova arma também de calibre 152,4 mm podia ser facilmente carregada, inserido o tubo de ventilação de selagem e disparada, sendo esta operação mais ágil que um canhão de tiro rápido normal. Além deste benefício operacional, a armazenagem das cargas propulsoras de cordite em sacos de Seda poupavam imenso peso e espaço quando comparadas com os pesados invólucros de latão das granadas de tiro rápido. Este novo modelo receberia do fabricante a nomenclatura de Modelo VII, sendo seguido posteriormente de uma versão melhorada denominada como Vickers VIII, que possuía a culatra com abertura para o lado esquerdo, podendo o equipamento ser usado em torres duplas. Este modelo de canhão seria introduzido na classe de couraçados Formidable, lançados a partir de 1898 e comissionados no ano de 1901. Mais tarde esta família de canhões viria a equipar algumas classes de navios da Marinha Real Britânica mais antigos, desde cruzadores até canhoneiras fluviais, servindo até o término da Segunda Guerra Mundial. No final da primeira metade da década de 1910, aventar-se-ia a possibilidade de emprego do Vickers Armstrong Modelo VII como canhão de campanha, porém ficando este conceito apenas na fase de estudos. Neste mesmo período sua divisao de armamentos desenvolveria peças de artilharia de variados calibres, incluindo até armas de infantaria, como a notável metralhadora Vickers de 1912. O eclodir da Primeira Guerra Mundial em 1914 ressuscitaria o projeto do canhao de campanha de calibre 155 mm , com as primeiras peças enviadas pelo Exército Britânico a França no início de 1916, sendo montados em transportadores com estrutura retangular, desenvolvidos anteriormente para o emprego com canhões do mesmo fabricante dos Modelos I e IV . No entanto o grau de elevação e por isso o alcance era bastante limitado por esta plataforma, levando ao desenvolvimento no mesmo ano, de um novo transportador que permitia um ângulo máximo de elevação de 22°. Empregado com sucesso na Batalha do Somme, o seu papel seria definido como "fogo anti-bateria" sendo bem-sucedido também na operação de destruição das vedações de arame farpado, e em disparos de longo alcance contra alvos em profundidade. O canhão de Vickers 155 mm modelo VII manteve-se em plena utilização até ao fim da Primeira Guerra Mundial, apesar de ter sido suplantado no campo de batalha pelo novo modelo Vickers MK XIX de mesmo calibre.   
Logo após o término deste conflito, grande parte da frota naval na Marinha Real Inglesa (Royal Navy) composta por navios mais antigos e considerados como obsoletos seria desmobilizada, para serem retirados do serviço ativo. Antes de serem encaminhados para o sucateamento, estes grandes vasos de guerras tiveram todos seu armamento retirado, com os equipamentos mais importantes sendo armazenados para possível uso posterior, entre estes um grande número de canhões  Vickers Armstrong 152,4 mm dos modelos MK VII e MK VIII. Estas peças teriam uma nova vida agora sendo empregadas como canhões de artilharia de costa, sendo direcionadas a guarnecer diversos pontos estratégicos do litoral do vasto império colonial britânico. Um considerável número destes grandes canhões seria ainda fornecido aos governos de Portugal e Espanha, a fim serem empregados nesta mesma finalidade. Salientando que os canhoes Vickers MK VII portugueses, só seriam desativados no ano de 1998, quando foi encerrada a divisão de artilhara de costa.  O último modelo desta família a ser produzido em larga escala seria o Vickers-Armstrong Modelo XIX – BL 6”, modelo que teve seu desenvolvimento iniciado no ano de 2015, e objetivava criar uma peça de artilharia mais leve e de maior alcance que seus antecessores ainda em serviço com os Modelos MK VII e MK VIII. Diferente dos modelos anteriores, esta evolução seria concebida desde o início, visando seu emprego como arma de artilharia de campo, sendo montado em um transportador mais moderno dotado com o sistema de recuo hidro-pneumático. Este conjunto inicialmente apresentava rodas raiadas em metal, sendo posteriormente equipado com sistema de pneus (do mesmo tipo utilizado pelo obuseiro MK VI de calibre de 203 mm), proporcionando grande mobilidade a arma. As plataformas de transporte apresentavam uma abertura atrás da culatra para permitir atingir altos ângulos de elevação. Devido ao peso bruto total deste conjunto, o canhão Vickers-Armstrong Modelo XIX, não podia ser tracionado por animais, sendo necessário o emprego de grandes tratores de artilharia. Este modelo mantinha ainda o sistema de carga pela culatra interrompida com projetis de diversos emprego em conjunto cargas ensacadas de cordite. Seu mecanismo de culatra era operado por meio de uma alavanca no lado direito da culatra. Ao puxar a alavanca para a parte traseira, o parafuso da culatra é automaticamente desbloqueado e balançado na posição de carregamento. Após o carregamento, um impulso da alavanca insere o parafuso da culatra e o transforma na posição bloqueada, permitindo assim o início da sequência de disparo. Sua produção teria início no ano de 2016, passando a atender as demandas do Exército Real (Royal Army).

Durante a Primeira Guerra Mundial seriam produzidos trezentos e dez canhões Vickers-Armstrong Modelo XIX, que teriam emprego em todos os fronts deste conflito, substituindo gradativamente nesta função até o final da guerra o Modelo VII. Neste mesmo período estes canhoes seriam empregados pelo Exército dos Estados Unidos (US Army), pois quando do envolvimento deste país no conflito, sua arma de artilharia carecia armas pesadas de longo alcance. Visando suprir esta demanda emergencial seria celebrado um acordo para a produção de cem peça customizadas as necessidades norte-americanas, recebendo a designação de Vickers M-1917 de calibre 152,4 mm. Infelizmente a alta demanda do fabricante inglês no atendimento as necessidades do Exército Real (Royal Army) atrasariam consideravelmente o cronograma original de produção, com estes canhões sendo entregues somente no início do mês de março de 1920, bem após o término do conflito.  Desta maneira os cem Vickers M-1917 após serem entregues seriam destinados a duas companhias de artilharia baseadas na costa oeste dos Estados Unidos. A partir do ano de 1933, a escassez de munição britânica de 152,4 mm nos paióis do Exército dos Estados Unidos (US Army), levaria a decisão de ser armazenar como reserva estratégica noventa e nove canhoes remanescentes, juntamente com cinquenta e um tubos. Anteriormente, porém, em 1927 após sofrer impactos financeiros de grande monta devido a problemas de gestão, a companhia para sobreviver seria forçada a se fundir com a empresa de engenharia Sir W G Armstrong Whitworth & Company , um de seus principais concorrentes neste segmento. Nasceria assim a Vickers Armstrongs Ltd.  A sinergia entre os departamentos de engenharia causada por esta união, resultaria em um excelente portfólio, levando esta nova companhia a conquistar entre as décadas de 1930 e 1940, a posição de terceiro maior empregador do segmento industrial na Grã -Bretanha. Neste contexto passaria a ser considerado também um dos maiores fornecedores de equipamentos militares no continente europeu, atuando deste a produção de armas leves, peças de artilharia de campanha, navios, submarinos, carros de combate e aeronaves.  O eclodir da Segunda Guerra Mundial em setembro de 1939 com a invasão alemã a Polônia levaria os canhoes Vickers-Armstrong Modelo XIX a retornar ao serviço ativo em um cenário de conflagração real.  Três baterias de artilharia de campanha do Exército Real (Royal Army) ainda estavam equipadas com este modelo de canhão, e seriam destacadas compor a arma de artilharia da Força Expedicionária Britânica (BEF) que seria enviada para a campanha da França em 1940. 
Pelo menos mais cento e dez canhões deste modelo seriam operados pelo Exército Real (Royal Army), compondo o sistema de defesa de costa britânica, se mantendo em alerta frente a possível ameaça de invasão alemã. Estes seriam substituídos em fins do ano de 1941 pelos canhões norte-americanos M-1 de 155 mm. Já nos Estados Unidos os canhões Vickers M-1917 de calibre 152,4 mm, que se encontravam armazenados, seriam descarregados, sendo substituídos pelos novos obuseiros M-1 de 155 mm. Durante a Segunda Guerra Mundial um pequeno número destes canhões seria cedido a Marinha Real (Royal Navy), a fim de serem instalados em navios mercantes e militares de transporte de tropas, para fazer frente a ameaça aos navios "corsários" da Marinha Alemã (Kriegsmarine). Estes canhoes seriam utilizados em diversas ocasiões de enfrentamento real, com destaque para o HMS Rawalpindi que entrou em combate contra os cruzadores alemães Scharnhorst e Gneisenau no dia 03 de novembro de 1939. Já o HMS Jervis Bay se sacrificaria em novembro de 1940, durante um combate contra o cruzador pesado Admiral Scheer armado com imponentes canhões de 280 mm, salvando o comboio que este escoltava. O término da Segunda Guerra Mundial levaria a desativação de todos os canhões de campanha e navais desta família, se mantendo em serviço apenas os canhões de artilharia de costa, que seguiriam em operação até o final da década de 1950, quando o processo de desmantelamento do Império Colonial britânico foi concluído.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Os canhões produzidos pela empresa inglesa Armstrong Whitworth Ltd passariam a servir as Forças Armadas Brasileiras a partir do ano de 1872, quando a Marinha do Brasil imbuída em um amplo processo de modernização de sua artilharia, procederia a aquisição de um razoável número de peças para o emprego como artilharia de costa junto a seus fortes espalhados pelo litoral do país.  Em um esforço de colaboração pelo menos dez destes canhoes, neste contexto acabariam sendo cedidos ao Exército Brasileiro, incluindo modelo de calibre de 280 mm. Desta maneira em fins deste século,  maior parte da artilharia de costa do país, passaria a ser equipada com modernos canhões produzidos por este fabricante inglês e pela empresa alemã Friedrich Krupp AG, com estes equipamentos de defesa de costa, se mantendo em serviço até o final da década de 1920. A partir de meados da década seguinte, o escalar das tensões entre a Alemanha e os demais países da Europa, passariam a gerar um estado de atenção em todos os governos mundiais, entre estes o Brasil. Neste momento pesava como preocupação sobre os comandantes militares brasileiros, possível posição estratégica do país em um provável conflito de grande escala, principalmente por ser um potencial fornecedor de matérias primas de primeira importância para qualquer esforço de guerra. Desta maneira se fazia necessário prover um mínimo de proteção adequadas a seus principais portos espalhados pelo sem amplo litoral, este processo se daria principalmente pela implementação de um grande programa de modernização de sua estrutura de  artilharia de costa, que até então ainda era composta por canhões obsoletos ingleses, franceses e alemães, dispostos nos calibres de 150 mm, 280 mm e 305 mm. Neste momento o pais seria envolvido em um processo de aproximação com o governo norte-americano do  Presidente Franklin Delano Roosevelt, que apresentava com principal objetivo estender sua influência conquistando assim a confiança do governo brasileiro. Esta movimentação inicialmente visava facilitar o processo de cessão de áreas no Nordeste do país, visando a construção e estabelecimento de bases áreas e navais para proteção e operação de portos, nestas regiões .  Isto se dava, pois esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre o continente americano e africano, assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego em um hipotético futuro teatro de operações no continente europeu. 

O avançar destas negociações logo iram resultar em positivas expectativas que iriam culminar no apoio do governo norte-americano ao estabelecimento da indústria siderúrgica nacional, e também nas primeiras intenções em se prover uma ampla modernização das forças armadas brasileiras. Entre as soluções práticas se daria um primeiro movimento no processo de reformulação da artilharia de costa do Exército Brasileiro, mediante a decisão de cessão de noventa e nove canhões Vickers-Armstrong M-1971 (Mark XIX), a partir do segundo semestre de 1939. Estes armas pertencentes ao Exército dos Estados Unidos (US Army), apesar de terem sido produzidas no ano de 1920, se encontravam em perfeito estado de conservação, pois tiveram pouco emprego prático, sendo armazenados como reserva estratégica deste o ano de de 1933 devido à escassez de munição inglesa de calibre 152,4 mm. Não existem registros oficias sobre o possível recebimento no Brasil dos cinquenta um  tubos de reposição do canhão que faziam parte do pacote original que fora armazenado  juntamente com estas peças de artilharia. O recebimento dos canhões Vickers-Armstrong M-1917 (Mark XIX) seria iniciado em outubro de 1940, com os trabalhos de treinamento logo sendo implementados. Este acordo previa ainda apoio técnico norte-americano visando a produção local da munição de 152,4 mm, que em muito se assemelhava aos seus projeteis de calibre de 155 mm.  O proposito inicial de seu emprego após o intensificar do conflito na Europa, levaria ao comando do Exército Brasileiro a direcionar estes "novos" canhões de artilharia de costa, para assim equipar os fortes militares localizados próximos aos principais portos comerciais do país. Estas baterias seriam empregadas em estado de alerta constante, permitindo assim guarnecer o tráfego e o acesso aos portos estratégicos brasileiros. Neste momento estas peças de artilharia passariam a substituir gradualmente os antigos canhões alemães Krupp 150 mm L/50 recebidos entre 1901 e 1902, complementando ainda as armas francesas Schneider-Canet de 150mm recebidos na década de 1920. Os Vickers-Armstrong M-1971 (Mark XIX), apresentariam sobre seus antecessores como principal evolução, seu maior alcance operacional, chegando a 18.400 metros, contemplando ainda uma excelente cadência de três tiros por minuto, superando em muito as peças em uso até então que atingiam no máximo 9.000 metros. 
Esta iniciativa de proteção das regiões portuárias iria gerar a partir de 1942 a criação de novas unidades operacionais dedicadas a esta tarefa, entre estes o 6º Grupo Móvel de Artilharia de Costa (6º GACosM), e o 8º Grupo Móvel de Artilharia de Costa (8º GACosM), reforçando os já  “Grupos de Artilharia de Costa”, que operavam junto aos fortes militares dispostos no litoral sul do Estado de São Paulo. Diferente dos canhões de grande calibre existentes no Exército Brasileiro, os novos Vickers-Armstrong M-1917 (Mark XIX) podiam ser deslocados para diversos pontos da costa, trazendo assim uma nova capacidade defensiva, ampliando seu raio de operação. Porém, no entanto este equipamento ainda enfrentava certa limitação em suas operações de deslocamento, devido principalmente a seus transportadores ainda estarem equipados com rodas de aço, o que prejudicava sensivelmente sua velocidade ao ser tracionado, principalmente em estradas de terra ou ainda em vias pavimentadas com paralelepípedos (muito comuns naquele período). A fim de se atender a esta demanda uma comissão técnica do Exército dos Estados Unidos no início do ano de 1941, capacitaria a empresa carioca Sociedade Industrial Santa Mathilde Ltda, a implementar um programa de conversão dos transportadores originais, passando a equipá-los com um conjunto de rodas padrão e pneus de borracha. Este processo permitiria que os canhões Vickers-Armstrong M-1917 (Mark XIX) serem tracionados em velocidades mais elevadas em qualquer tipo de movimento. Este programa também abrangeria uma adaptação na base do transportador de uma plataforma circular com um eixo central de apoio, de forma que a peça pudesse ser girada 360º, equiparando assim sua funcionalidade de se posicionar com rapidez para assim disparar em todos os ângulos, se equiparando aos canhões fixos de artilharia de costa. Tao logo estas peças de artilharia retornassem a seus grupamentos, passariam a ser tracionados com grande eficiência pelos tratores sobre rodas Minneapolis Moonline GTX-147 6X6, recebidos em meados do ano de 1941. Neste período dois destes canhões seriam transferidos para atuar junto a Escola de Artilharia de Costa (EAC) baseada no Rio de Janeiro, onde seriam empregados até o final do ano de 1944 no Curso de Emergência de Oficiais de Artilharia de 1ª Linha, visando a formação de pessoal para emprego em suas unidades de defesa de costa. 

Durante toda a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial os “Grupos Móveis de Artilharia de Costa” sem mantiveram em alerta, atuando em missões de prontidão, não só em suas sedes no estado de São Paulo, mas também se desdobrando em tarefas de treinamento e emprego operacional nos litorais dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Já os os efetivos pertencentes ao 7º Grupo Móvel de Artilharia de Costa (7ºGACosM), baseados no Rio Grande do Sul, seriam constantemente desdobrados nos demais estados da região sul do pais. Nestes deslocamentos rodoviários de longa distância os canhoes Vickers-Armstrong M-1971 (Mark XIX) seriam tracionados pelos pesados caminhões Diamond T968 & T969 6X6 e Corbitt - US White Cargo, desenvolvendo velocidades superiores aos lentos tratores de artilharia Minneapolis Moonline GTX-147 6X6. Canhões deste modelo sem a modificação de seus transportadores, seriam mobilizados para o emprego na defesa costeira do arquipélago de Fernando de Noronha, operando junto ao 1º Grupo Independente de Artilharia (1º GIA) equipado também com os modelos Krupp Flak 88 mm C/56 Modelo 18, onde seriam tracionados também pelo veículos meia lagarta alemães  Sd.Kfz. 7. Posteriormente este grupo seria transferido para a cidade de Niterói no Rio de Janeiro, porém quatro canhões Vickers-Armstrong M-1917 (Mark XIX) seriam mantidos para operações de defesa do arquipélago. O término do conflito em maio de 1945 não alteraria a rotina operacional dos canhões ingleses, com estes se mantendo em intensa operação em suas bases originais. Seriam realizadas também diversas de missões de desdobramento de grande escala, como o grande aquartelamento do 8º Grupo Móvel de Artilharia de Costa (8º GACosM), realizado nas praias do Leblon e na Fortaleza de Santa Cruz no Rio de Janeiro durante o ano de 1946. A partir de agosto de 1949 os tratores de artilharia Minneapolis Moonline GTX-147 6X6 passariam a ser substituídos pelos novos M-4 High Speed Tractor, com estes assumindo a missão de tracionar os canhões Vickers-Armstrong M-1917 (Mark XIX), resultando em uma significativa melhora na eficiência do processo de movimentação destas pesadas peças de artilharia. 
Durante as décadas seguintes os canhões Vickers-Armstrong M-1917 (Mark XIX) se mantiveram na missão de defesa e artilharia de costa, realizando esta tarefa com grande proficiência e prontidão, mantendo altos índices de operacionalidade. Apesar do recebimento de sistemas de artilharia mais modernos de origem norte-americana como o obuseiro M-1 de 155 mm, os canhões ingleses seriam mantidos como principal arma a ser empregada na missão de artilharia de costa. Nos anos que se seguiriam receberiam esmerada manutenção e modernização,  envolvendo sistemas de orientação de tiro. No entanto o rápido avançar da tecnologia  empregada no desenvolvimento de foguetes e misseis destinados as tarefas de saturação de área, logo iria lograr a  obsolescência os sistemas de canhões para o emprego nas tarefas de artilharia para defesa de costa. No início da década de 1990, os canhões remanescentes deste modelo ainda se encontravam em operação junto ao  6° Grupo de Artilharia de Costa Motorizado (6º GACosM), 8° Grupo de Artilharia de Costa Motorizado (8º GACosM) e ao 10º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado (10º GACosM). E seria decido que estes grupos seriam os primeiros a incorporar o Sistema de Foguetes de Artilharia para Saturação de Área - Astros II produzido pela empresa brasileira Avibras Indústria Aerospacial S/A. Desta maneira grada grupo receberia inicialmente uma bateria deste sistema, com este processo sendo implementado de forma gradual até  fins do ano de 1994 quando o último canhão Vickers-Armstrong M-1917 (Mark XIX) sendo retirado do serviço ativo no Exército Brasileiro. Diversas peças seriam preservadas, sendo mantidos em unidades ou museus militares.


Em Escala.
Para representarmos o obuseiro Vickers-Armstrong M-1917 (Mark XIX) fizemos uso de um inovador kit em resina com impressão 3D produzido artesanalmente. Modelo que surpreende pelo nível de detalhes, sendo desenvolvido especificadamente para representar os canhões desta família operados pelo Exército Brasileiro, não sendo assim necessário proceder nenhuma alteração durante sua montagem.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura empregado em todos os canhões Vickers-Armstrong M-1971 (Mark XIX) desde o seu recebimento no ano de 1940. Este padrão se manteria inalterado até sua desativação no ano de 1994. Fizemos usos de tintas e vernizes produzidos pela Tom Colors.


 Bibliografia:  
-  Vickers-Armstrong  Limited - https://en.wikipedia.org/wiki/Vickers-Armstrongs
- Canhão Vickers Armstrong 152,4 mm  VII/VIII - https://pt.wikipedia.org/wiki/Canh%C3%A3o_152,4_mm_modelo_VII/VIII
- A Evolução da Artilharia – Victor H. Mori & Adler Homero Fonseca de Castro
- Veteranos da Artilharia de Costa – Facebook.
- Artilharia de Campanha no Exército Brasileiro – Cezar Carriel Benetti - http://www.ecsbdefesa.com.br/fts/ACEB.pdf