M-113AO FMC VBTP

História e Desenvolvimento.
A origem e o emprego dos carros blindados de transporte de tropas em larga escala no campo de batalha ocorreram durante a Segunda Guerra Mundial, com a utilização de veículos de tração do tipo meia-lagarta. Destacou-se, nesse contexto, o modelo Hanomag Sd.Kfz. 251, amplamente utilizado pelo Exército Alemão (Wehrmacht). Já entre os exércitos norte-americano e britânico, a predominância desse tipo de veículo no campo de batalha foi representada pela família de meias-lagartas dos modelos M-2, M-3 e M-5 Half Track Car, empregados em grandes quantidades em todos os teatros de operações do conflito. Apesar de seu importante papel no esforço de guerra, executando tarefas de transporte de tropas e cargas, os modelos norte-americanos apresentavam uma deficiência significativa: a ausência de uma estrutura de cobertura blindada. Essa falha de projeto tornava os soldados vulneráveis a armas leves e estilhaços de projéteis. Para solucionar esse problema, ainda durante as últimas fases do conflito, foi desenvolvido o projeto M-44 (T16), um veículo blindado de transporte de tropas originalmente derivado do carro de combate M-18 Hellcat. Seu conceito inicial priorizava a proteção total dos ocupantes, resultando em um veículo de dimensões muito superiores aos modelos meia-lagarta então em uso, com capacidade para transportar até 24 soldados totalmente equipados e um peso total de combate de 23 toneladas. Foram construídos três protótipos, submetidos a ensaios e testes em campo. Durante esse processo, verificou-se que o peso total do veículo limitava significativamente sua velocidade e sua capacidade de transpor terrenos irregulares, levando à decisão de cancelamento do projeto. No entanto, a ideia não foi abandonada, sendo reformulados os parâmetros de projeto para esse tipo de blindado. Em setembro do mesmo ano, foi lançada uma concorrência para o desenvolvimento de um novo veículo blindado destinado ao transporte de tropas, com capacidade para até dez soldados. Entre os requisitos especificados, destacava-se a necessidade de que esse novo modelo fosse baseado na plataforma e no chassi do veículo de transporte de carga T-43 Cargo Carrier. Diversas montadoras apresentaram suas propostas em meados de 1946, as quais foram avaliadas pelo Comando de Material do Exército dos Estados Unidos (US Army). Os resultados apontaram para a superioridade do modelo conceitual T-18EI, desenvolvido pela empresa International Harvester Company (IHC), resultando na celebração de um contrato para a produção de quatro protótipos iniciais. Esses foram concluídos e disponibilizados para testes no início de 1947. O programa de avaliação estendeu-se por mais de oito meses e resultou em uma série de demandas de melhorias ao fabricante. Após a implementação das alterações recomendadas, os quatro protótipos foram novamente submetidos a ensaios, sendo posteriormente homologados para produção em série. O primeiro contrato de aquisição, contemplando mil unidades, foi formalizado em maio de 1950, com o modelo recebendo a designação oficial de M-75 Veículo de Infantaria Blindado (Personnel Carrier - APC).

Os primeiros veículos blindados deste modelo começariam a ser disponibilizados as unidades de infantaria do Exército dos Estados Unidos (US Army) a partir do início do ano de 1952, passando de imediato a substituir os blindados meia lagarta White M-3 e M-5 Half Track ainda em operação. Apesar de ser mais leve que os protótipos do modelo M-44 APC, este veículo de infantaria blindado apresentava ainda um peso total de combate de dezoito toneladas podendo ser considerado alto ainda, e durante seu emprego em exercícios operacionais, verificaria-se que estes não conseguiam acompanhar no campo de batalha os demais carros de combate. Este cenário infringia uma importante regra básica da mobilidade, a qual rezava a sincronia na movimentação das unidades motorizadas de uma força terrestre. Esta realidade causaria extrema preocupação, levando assim a decisão de ser cancelar o contrato de produção ainda em vigência. Emergencialmente esta medida demandaria a reativação de algumas centenas de veículos meia lagarta que anteriormente haviam sido transferidos para a reserva.  A fim de se resolver este problema em dezembro de 1953, uma nova concorrência seria lançada, objetivando o desenvolvimento de um novo veículo desta categoria, prevendo a aquisição de pelo menos cinco mil unidades. Este novo veículo blindado manteria a premissa básica de prover adequada proteção a seus ocupantes, porém deveria apresentar menor peso total de deslocamento, relativa capacidade anfíbia para transposição de rios e pequenos cursos de água, podendo ainda ser aerotransportado nos aviões de transporte de grande porte que se encontravam em desenvolvimento. Neste programa o modelo T-59 apresentado pela Food Machinery and Chemical Corporation (FMC) se destacaria sobre seus rivais, com sua escolha sendo assim definida pelos militares norte-americanos. Neste momento seria celebrado um contrato prevendo a produção de oito carros pré-série, para serem submetidos a um segundo programa de ensaios operacional, com este planejado para ocorrer entre os meses de setembro e outubro de 1953. Os primeiros carros de série, passariam a ser incorporados as unidades de infantaria do Exército dos Estados Unidos (US Army) em agosto de 1954, sendo recebidos com muito entusiasmo devido ao seu porte imponente e modernas linhas. No entanto em uso, o modelo apresentaria graves deficiências relacionada a potência do M-59, velocidade, autonomia e mobilidade com estes fatores sendo causados principalmente devido ao seu alto peso de deslocamento. Está problemática despertaria grande preocupação por parte do comando do Exército dos Estados Unidos (US Army), evidenciando a real eficiência e capacidade de sobrevivência do FMC M-59 em um cenário de conflagração real moderno que hipoteticamente poderia ocorrer na Europa contra as forças soviéticas.    
Neste mesmo momento, o comando militar do Exército dos Estados Unidos (US Army),  passaria a elaborar planos para a futura substituição do M-75 APC, que apesar de sua robustez e confiabilidade se mostrava inadequado a missão, com o novo M-59 APC reprisando esta mesma problemática operacional de desempenho no campo de batalha. Criava-se então no ano de 1958,  uma demanda para o desenvolvimento de um novo veículo blindado de transporte de tropas, com este  modelo devendo unir as melhores características operacionais do M-75 e M-59. Este novo veiculo blindado deveria apresentar velocidade compatível aos carros de combate no campo de batalha (principalmente o M-41 e M-48), relativa capacidade anfíbia e possibilidade se ser aerotransportado. Estes parâmetros resultariam no desenvolvimento do conceito AAM-PVF - Airborne Armored Multi-Purpose Vehicle (Veículo Multiuso Blindado Aerotransportado).  Uma concorrência seria deflagrada no final deste mesmo ano, e em meados de 1959 a FMC Food Machinery Corp seria declarada vencedora. Grande parte desta decisão recairia sobre o inovador sistema de blindagem proposto, sendo composta por uma liga de duralumínio que fora desenvolvido em parceria com a empresa Kaiser Aluminium and Chemical Company. Esta solução proporcionaria ao veículo uma suficiente proteção blindada e uma grande mobilidade e velocidade no campo de batalha devido ao seu baixo peso final. Este projeto receberia a designação militar de T-113, sendo celebrado um primeiro contrato para a produção de três carros pré-série quer seriam destinados a avaliação. Este veículos seriam equipados com um motor a gasolina Chrysler 75M com 8 cilindros em "V" com potência de 215 hp, seriam entregues em maio de março de 1950, sendo imediatamente submetidos a um intensivo programa de ensaios em campo, com este processo se estendendo até o mês de setembro. Os resultados validaram sua produção em série, com um primeiro contrato sendo celebrado logo em seguida, envolvendo inicialmente novecentas unidades,  com o modelo recebendo a designação militar de M-113AO APC, com os primeiros sendo entregues as unidades operativas do Exército dos Estados Unidos (US Army) entre os meses de maio e junho do ano de 1960. Em campo o novo M-113 podia transportar até a linha de frente onze soldados totalmente equipados, servindo de proteção e apoio até o desembarque da tropa, devendo então recuar para a retaguarda. Como armamento de autodefesa, o blindado contava com uma metralhadora M-2 Browning de calibre .50 (12,7 mm) operada manualmente pelo comandante. Passariam também logo a ser desdobrados em operações aerotransportadas nos novos aviões de transporte pesado,  Lockheed C-130 Hercules e Lockheed C-141 Starlifter da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF).    

Após sua completa introdução operacional, seria decidido implantar o novo M-113AO em um cenário de conflagração real,  para fins avaliação real no campo de batalha, com esta demanda sendo atendida em 1962, pela cessão de trinta e dois blindados deste modelo para o Exército da República do Vietnã (ARVN). Em operação na Guerra do Vietnã, os M-113AO, passariam dotariam duas companhias mecanizadas, com seu batismo de fogo sendo realizados em janeiro de 1963 durante os eventos da Batalha de Ap Bac na província de Dinh Tuong (agora Tien Giang). Apesar de seu relativo sucesso, diversos ensinamentos seriam tirados desta experiencia, levando a adoção de significativas melhorias na blindagem e sistemas críticos ao projeto original. Estas mudanças levariam ao desenvolvimento em 1964, de uma nova versão designada como M-113A1, que apresentava como maior destaque a adoção do motor a diesel Detroit 6V53T de 265 hp de potência que praticamente dobrava a autonomia do veículo. Durante os anos seguintes os M-113 seriam deslocados em larga escala para o Vietnã para o emprego do Exército dos Estados Unidos (US Army) naquele conflito, onde receberia o apelido de  "Táxi de Combate".  Seria usado para romper matagais pesados no meio da selva para atacar e invadir posições inimigas. Era amplamente conhecido como "APC" ou "ACAV" (veículo blindado de assalto de cavalaria). No entanto neste cenário seriam também conhecidos por suas fragilidades na blindagem inferior, caso atingisse uma mina terrestre, por essa razão, muitos soldados preferiam viajar sobre a cobertura do blindado ao invés de ocupar o seu compartimento interior. Em 1978 o modelo já representava um sucesso estrondoso, registrando exportações para mais de vinte países, com sua produção já atingindo a cifra de mais 25.000 unidades, levando a Food Machinery and Chemical Corporation (FMC), a desenvolver uma nova versão designada como M-113A2. Este novo modelo apresentaria melhorias significativas na suspensão e sistema de refrigeração, tornando assim o blindado como uma plataforma viável para emprego em cenários de combate de alto atrito. Seu projeto se mostraria ainda extremamente customizável para o emprego em versões especializadas, como carro comando, antiaéreo, porta morteiro, lança chamas, socorro, oficina e antitanque (com misseis Tow). Estas versões seriam produzidas aos milhares, elevando os níveis de padronização das frotas blindadas de diversas nações. As Forças de Defesa de Israel se tornariam o segundo maior operador do M-113AO, com mais de seis mil veículos em serviço, com os primeiros a serem incorporados sendo representados por veículos jordanianos foram capturados na Cisjordânia durante a Guerra dos Seis Dias e integrados as forças israelenses.  Em 1970,  a Força de Defesa de Irael (IDF) começaria a receber centenas de M-113A1 para substituir as antiquadas meias lagarta, e em mais de cinquenta anos de atividade, este veículos blindados teriam destacada participação nos conflitos regionais.   
Em 1987 seria apresentado pelo fabricante o novo M-113A3, versão na qual seriam introduzidas novas melhorias com o objetivo de proporcionar uma "sobrevivência aprimorada no campo de batalha". Este programa passaria a incluir um garfo para direção em vez do sistema laterais, um pedal de freio, um motor mais potente (o turbo 6V-53T Detroit Diesel) e revestimentos internos para melhor proteção da tripulação. Ainda seriam adotados tanques de combustível blindados, instalados em ambos os lados da rampa traseira, liberando 0,45 metros cúbicos (16 pés cúbicos) de espaço interno. Este modelo obteria grande destaque durante a primeira Guerra do Golfo Persico contra o Iraque, quando passariam a desempenhar papéis importantes, tanto no combate urbano quanto nas diversas funções de manutenção de paz, provando assim sua versatilidade e a combinação precisa de volume interior, perfil exterior, construção simples e fácil manutenção. Sua comprovada e versátil plataforma levaria ao desenvolvimento de versões especializadas como o M-58 Gerador de Fumaça, M-106 Porta Morteiro, M-132 Lança Chamas, M-125 Porta Morteiro, M-150 Antitanque, M-163 VADS antiaérea, M-577 Comando, M-579 Socorro, M-48 Chaparral antiaéreo, M-1064 Porta Morteiro, M-113 Ambulância, M-806 Socorro e Recuperação, M-113 "C & R" (Comando e Reconhecimento) e M-901 ITV Antitanque. Seu sucesso comercial internacional seria catapultado por programas de apoio na aquisição de material militar norte-americano, como o programa Military Assistance Program – MAP (Programa de Assistência Militar) e posteriormente o programa Foreign Military Sales – FMS (Vendas Militares a Estrangeiros), facilitando o acesso a sessenta países. Estes veículos estiveram presentes nos principais conflitos regionais ocorridos durante os séculos XX e XXI, como as guerras do Vietnã, Camboja-Vietnamita, Sino-Vietnamita, Guerra dos Seis Dias, Indo-Paquistanesa de 1965 e 1971, Yom Kippur, Invasão Turca de Chipre, Civil Libanesa, Líbano de 1982, Irã-Iraque, Golfo Pérsico, Kosovo, Afeganistão, Iraque, Noroeste do Paquistão, Segunda Intifada, Líbano de 2006, Gaza, Civil Líbia, Insurgência iraquiana, Civil da República Centro-Africana (2012-2014), Civil iraquiana, Civil do Iêmen, Houthi-Arábia Saudita e por fim a invasão Russa da Ucrânia a partir de outubro de 2022. Ao longo de mais de trinta anos seriam produzidas cerca de 80.000 unidades, com 4.500 destes montados sob licença em empresas na Bélgica, Itália e Coreia do Sul. Atualmente estima-se que grande parte da frota mundial ainda esteja em operação, e constantes programas de modernização em curso mundo afora, permitirão seu emprego ainda por décadas no século XXI. 

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da década de 1940, os militares brasileiros iniciariam um movimento de modernização de seus meios, e entre os equipamentos almejados se encontravam veiculos blindados de transporte de tropas, que começavam a se despontar no emprego junto as forças armadas alemães e norte-americanas. Este anseio passaria a ser materializado a partir do ano de 1942, quando o Exército Brasileiro passaria a receber nos termos do programa de ajuda militar  Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos). Neste contexto seriam recebidos os primeiros carros blindados de transporte de tropa dos modelos M3-A1 Scout Car sobre todas e meias lagartas M-2 e M-3 Half Track. Curiosamente apesar de concebidos para missão de transporte de tropas no front de batalha, não seriam imediatamente empregados nesta missão, sendo destinados a tração de peças leves de artilharia. Este desvio de finalidade foi influenciado pela total imersão da força terrestre nacional na doutrina militar francesa que era fundamentada nas táticas da Primeira Guerra Mundial que era adepta da operação hipomóvel.  O aumento da influência norte-americana no país durante o conflito, iria impactar na mudança de mentalidade e doutrina da Força Terrestre, principalmente motivada pelo recebimento de um grande lote de veículos meia lagarta M-3, M-3A1 e M-5, o que possibilitaria pela primeira vez implementação de táticas de infantaria motorizada junto ao Exército Brasileiro.  Neste momento começaria a ser formada no país a doutrina de operação dos futuros Batalhões de Infantaria Blindada (BiB). Apesar de representar um grande avanço em termos operacionais, logo após o término da Segunda Guerra Mundial, era notória a obsolescência desta família de blindados, muito em função de não proporcionar aos infantes uma proteção contra ameaças áreas e estilhaços diversos, por originalmente não possuir um teto rígido e não apresentar capacidade anfíbia. Este cenário começaria a mudar a partir de 1960, com recebimento de vinte carros blindados de transporte de tropas do modelo FMC M-59, podendo este ser considerado o primeiro Veículo Blindado de Transporte de Pessoal – VBTP em serviço no Exército Brasileiro. Após a implementação de um grande programa de revisão, estes carros passariam a equipar o 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RC Mec) no Rio de Janeiro. Apesar de estar disponível em pouca quantidade na frota, a incorporação dos FMC M-59, seria de grande importância no processo de modernização da Força Terrestre, pois viriam a descortinar uma série de oportunidades de emprego operacional da infantaria blindada. Neste momento, porém, a outrora representativa frota de veículos blindados de transporte de tropas meia lagarta norte-americanos, enfrentava grandes problemas de disponibilidade, muito em virtude de graves problemas de falta de componentes de reposição dos motores originais a gasolina, se fazendo assim buscar uma solução a curto prazo para sua substituição.

Devido as limitações operacionais do VBTP M-59, o comando da Força Terrestre declinaria de mais ofertas para cessão de mais veiculos blindados deste modelo, optando como solução paliativa pelo repotenciamento dos antigos carros meia lagarta White M-2 , M-3 e M-5, visando assim estender sua vida útil, até a incorporação de um possível substituto. Neste contexto, em 1963, o governo brasileiro fazendo uso dos termos previstos no Programa de Assistência Militar MAP (Military Assistance Program), passaria a negociar a aquisição de uma variedade de veiculos e equipamentos militares em condições muito favoráveis. Este processo culminaria na cessão de uma grande quantidade de veiculos que permitiria ao Exército Brasileiro iniciar um importante ciclo de renovação de seus meios. Neste pacote estava prevista a cessão total de oitenta e quatro blindados de transporte de tropa usados FMC M-113A0 (versão inicial de produção equipados com o motor a gasolina Chrysler 75M-V8 de 215 hp) oriundos das unidades operativas do Exército dos Estados Unidos, tendo em vista que este modelo estava em processo de substituição pela versão M-113A1 equipada com motor a diesel. Atendendo ao cronograma, em maio de 1965 seriam recebidos quatro blindados, que apesar de usados se encontravam em excelente estado de conservação registrando baixa quilometragem de uso, pois se encontravam armazenados desde 1964, junto as instalações da Unidade do Corpo de Artilharia (Ordinance Corps Depot), no estado de Ohio. Três destes blindados seriam inicialmente destinados a treinar e a formar as equipes que iriam operá-los e manuteni-los, já o quarto M-113AO seria entregue em julho do mesmo ano à Escola de Material Bélico (ESMB) no Rio de Janeiro, a fim de ser empregado na elaboração dos manuais de apresentação, operação e manutenção em português. No ano seguinte este material com a denominação de manual "VBTP M-113 (Veículo Blindado de Transporte de Pessoal)" seria publicado em março de 1969, passando a ser adotado na Seção de Motomecanização, organização esta que seria responsável por ministrar o curso aos multiplicadores das unidades operativas que estavam designadas a receber o modelo em breve.  Em 1966 seria recebidos mais quarenta blindados, com um lote igual chegando no ano seguinte, sendo fornecidos juntamente um grande lote de peças e de reposição. Inicialmente passariam a dotar principalmente os Batalhões de Infantaria Blindada (BIB), baseados nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. 
Em 1971, o comando do Exército Brasileiro, em virtude da obsolescência de seus equipamentos e veículos, em sua maioria oriundos da Segunda Guerra Mundial, elaboraria um plano de reequipamento, dando ênfase na retomada e ampliação de sua capacidade de transporte de tropas. Este estudo previa a incorporação de mais um milhar de veículos, como jipes Ford M-38, caminhões de transporte REO M-34 e M-35 e blindados de transporte de tropas FMC M-113.  Neste contexto seriam conduzidos estudos visando inclusive a produção sob licença deste último veículo no país, já no modelo com o motor a diesel, a exemplo do estava sendo feita em outros países. Esta opção seria descartada face a oferta de cessão pronta entrega de quinhentos M-113A0 em vantajosas condições comerciais, modelos oriundos dos estoques de reserva norte-americanos que haviam sido recentemente substituídos por versões atualizadas. Estes "novos" M-113 passariam a ser entregues em lotes até o início do ano de 1974, com a frota total atingindo quinhentas e oitenta e quatro viaturas. O aumento de disponibilidade permitiria uma maior distribuição dos VBTP M-113, principalmente junto aos Batalhões de Infantaria Blindada (BIB) e aos Regimentos de Carros de Combate (RCC), muito embora outras viaturas seriam destinadas a e equipar unidades de Artilharia, Regimentos de Infantaria (RI), Comunicações e a Escola de Material Bélico (EsMB), que passaria a ministrar cursos sobre a parte técnica destes veículos, participando na elaboração e tradução dos manuais norte-americanos.  A introdução do FMC M-113A0, ajudara a promover a modernização operacional da infantaria brasileira, concedendo a força terrestre maior mobilidade e proteção blindada, sem perder suas características próprias, permitindo realizar, sob quaisquer condições, o combate em campo e a ocupação definitiva do território conquistado. O novo sistema de blindagem em alumínio, resultava em menor peso de deslocamento, possibilitando que os VBTP M-113 acompanhassem os carros combate GMC M-41 Walker Buldog nas missões de treinamento, opção esta que era impossível de se realizar com os M-59 ou M-2, M-2A1, M-3, M-3A1 e M-5 Half Track. Outra considerável evolução operacional era baseada na capacidade anfíbia a viatura, permitindo assim transpor rios ou pequenos cursos de água, algo que não era possível também com os outros blindados de transporte de tropa em uso anteriormente. Estas características operacionais proporcionariam a transformação dos Regimentos de Infantaria (RI) em Batalhões de Infantaria Blindada (BIB). 

Nos anos vindouros o Exército Brasileiro vivenciou uma mobilidade nunca testemunhada na história, com os VBTT M-113 chegando a dotar mais de quinze unidades de linha de frente entre Regimentos de Carros de Combate (RCC) e Batalhões de Infantaria Blindada (BIB). A grande disponibilidade da frota e a consequente operação conjunta com os carros de combate M-41 Walker Buldog, traria a Exército Brasileiro um grande fator de dissuasão, reequilibrando a   balança de poder terrestre na América do Sul, então neste momento fortemente inclinada para a Argentina, nosso principal hipotético rival, sendo ainda sendo responsáveis pela consolidação da doutrina motomecanizada no país.  Altamente robusto e de fácil manutenção, a frota destas viaturas sempre apresentava excelentes índices de disponibilidade operacional, sendo desdobrada por via terrestre ou rodoviária para vários estados da federação para emprego em exercícios operacionais de grande monta.  Este positivo cenário, no entanto, iria começar a se alterar a partir do início do ano de 1977, quando os Estados Unidos passaram a ser conduzidos pela administração do presidente Jimmy Carter, dentre as novas diretivas deste governo, a continuidade dos programas de ajuda militar seria condicionada ao atendimento das políticas de direitos humanos dos países parceiros.  Esta decisão provocaria o desagravo do governo brasileiro que publicamente se expressaria com seguinte comunicado "O governo brasileiro recusa de antemão qualquer assistência no campo militar que dependa, direta ou indiretamente, de exame prévio, por órgãos de governo estrangeiro, de matérias, que, por sua natureza, são da exclusiva competência do governo brasileiro.” Nos meses seguintes o aumento das pressões políticas decorridas desta iniciativa levaria o governo brasileiro a decidir pelo rompimento do Acordo Militar Brasil - Estados Unidos. Este evento determinaria a interrupção das linhas financiamento e abastecimentos de peças de reposição para os veículos militares em uso nas Forças Armadas Brasileiras. Este movimento afetaria diretamente a frota de VBTT M-113, resultando em curto espaço de tempo em altos índices de indisponibilidade, a este fator se somaria o atingimento do ápice da crise do petróleo, o que afetaria ainda mais a frota destes blindados, tendo em vista o alto consumo de seus motores a gasolina, com este fator impactando negativamente o orçamento para compra de combustível. O fator de consumo de combustível e autonomia dos M-113 sempre foi um fator de observação por parte do comando da Força Terrestre, buscando a exemplo de iniciativas norte-americanas realizadas entreo 1963 e 1964, efetivar a troca dos motores a gasolina por modernos modelos a diesel.
Assim os primeiros estudos visando a implementação de programa de repotenciamento e remotorização datam do ano de 1968, sendo autorizados pela Diretoria de Motomecanização (DMM), elaborados pelo  Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) de São Paulo. A primeira tentativa visava a adaptação de um motor refrigerado a ar Deutz V-8 Diesel, o qual envolveria a participação do próprio fabricante, mas que acabaria por não vingar em virtude desta empresa deixar o país, com o encerramento de suas atividades. Curiosamente apesar da grande urgência pela recuperação da capacidade operacional da frota de VBTP M-113, este programa somente seria recuperado em 1981, com uma proposta apresentada pela empresa Biselli – Viaturas e equipamentos Industriais Ltda. Esta solução envolvia a adaptação de um motor de caminhão do modelo Fiat diesel, 8210.22 Iveco 150, o qual não produziria os resultados esperados pelo Exército Brasileiro, não trazendo no seu bojo um estudo mais apurado e que realmente fosse a solução. Em 1982, seria estabelecido o Plano Geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Exército (PGPDEx) para a área de material, surgindo assim o projeto M.01.11 Viatura Blindada de Transporte Pessoal VBTP, XM113-B, Lagarta, que visava dotar as unidades operativas com os M-113 modernizados.  Sua conclusão estaria prevista para o ano de 1984, o objetivo principal era a adaptação de um motor a diesel de fabricação nacional, capaz de utilizar óleos vegetais ou álcool aditivado, em substituição ao motor original a gasolina. Estava ainda previsto adaptar uma torreta para a metralhadora, possibilitando ao atirador combater sem se expor. O orçamento preliminar do projeto, era da ordem de Cr$ 415 milhões de cruzeiros, com o projeto sendo coordenado pelo recém-criado Centro Tecnológico do Exército (CTEx), ficando a execução a cargo da empresa Lacombe Indústria e Comércio de Tubos S/A em parceria com o Parque Regional de Motomecanização da 5º Região Militar (PqRMM/5). Porém logo verificou-se, que o pequeno porte desta empresa não era compatível com a dimensão gigantesca deste projeto, levando a decisão de se transferir este processo para a empresa Moto Peças Transmissões S/A.  Os primeiros testes de campo coordenados pelo Centro de Avaliações do Exército (CAEx), ocorreriam em julho de 1983, fazendo uso do primeiro protótipo equipado com o motor Mercedes-Benz OM-352A, com este veículo recebendo a designação de  M-113B. Os resultados aferidos neste processo culminariam na assinatura envolvendo a remotorização da totalidade da frota brasileira, com seu cronograma sendo estabelecido entre os anos de 1985 a 1988. Desta maneira seria iniciado o fim do primeiro ciclo de operação dos M-113 no Exército Brasileiro.   

Em Escala. 
Para representarmos o Veículo Blindado de Transporte de Pessoal  VBTP M-113A0  com matrícula "EB10-395", fizemos uso do kit produzido pela Tamiya na escala 1/35. Este modelo possui facilidade de montagem e excelente nível de detalhamento interior, onde optamos por deixar o grupo motriz a vista, empregando peças oriundas de um kit da Academy na mesma escala. Empregamos decais confeccionados pela Eletric Products presentes no Set  " Veículos Militares Brasileiros 1944 - 1982 ". 
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático norte-americano empregado pelo Exército Brasileiro desde a Segunda Guerra Mundial. sendo mantido nos VBTP M-113A0 até a implementação do processo de modernização a a partir de 1983. Os blindados repontenciados emergiriam deste programa  ostentando o novo esquema de camuflagem tático de dois tons adotados pelo Exército Brasileiro.



Bibliografia : 
- Military Analisys Network http://www.fas.org/man/dod-101/sys/land/m113.htm
- M-113 APC - http://en.wikipedia.org/wiki/M113_armored_personnel_carrier
- Blindados no Brasil - Um Longo e Arduo Aprendizado, Volume II - Expedito Carlos Stephani Bastos
- M-113 no Brasil - Expedito Carlos Stephani Bastos

GMC CCKW353 C2D2 Cisterna Água (VTE)

História e Desenvolvimento. 
A General Motors Corporation, uma das maiores e mais notórias montadoras em âmbito mundial, teve sua origem no 16 de setembro de 1908, quanto o William C. Durant, um próspero produtor de carruagens, fundou na cidade Flint no estado do Michigan, um tímido empreendimento dedicado ao crescente segmento automotivo. Este negócio prosperaria rapidamente, e em seu processo de expansão acabaria incorporando a Buick Company e logo mais tarde a Oldsmobile Company, empresas estas que apesar de novas gozavam de confiança e respeito por parte do mercado norte-americano. Nos anos seguintes seriam adquiridas mais empresas com destaque para a Cadillac Motor Car Division, uma marca símbolo do alto padrão de luxo, que operaria em conjunto com a recém-criada marca premium da companhia a Pontiac. No entanto este processo de crescimento acelerado não seria livre de problemas, com William Durant passando a enfrentar frequente uma onda crescente de divergências com os outros sócios, culminado em sua saída da empresa. No ano de 1911, sua natural vocação o levaria a empreender novamente, agora em parceria com o mecânico e piloto suíço Louis Chevrolet, nascendo assim Chevrolet Motor Company of Michigan. Neste mesmo ano seria lançada a marca GMC, ficando responsável pela produção e venda de caminhonetes e caminhões leves. Nos anos seguintes, paralelamente aos inúmeros processos de fusões e aquisições, a empresa passaria a estudar oportunidades de ingresso no mercado internacional, com a primeira iniciativa se materializando em maio de 1918, no estabelecimento de uma operação comercial no país vizinho, o Canadá. Logo seriam colhidos bom resultados desta decisão, motivando a direção da companhia a abrir filiais em inúmeros países. Antes mesmo em 1919, a General Motors Corporation incorporaria a companhia Frigidaire Company, tradicional fabricante de refrigeradores, sendo a primeira companhia não pertencente ao segmento automotivo a participação do conglomerado econômico, esta movimentação se daria principalmente por seu planejamento de expansão internacional da marca. Sua participação no segmento militar teve início em meados da década de 1920, quando a empresa passou a fornecer grandes quantidades de caminhões com tração integral para as forças armadas norte-americanas, tendo como destaque os modelos com tração 4X4 e 6X2  dos modelos Chevrolet G-506 e G-621. A evolução tecnológica experimentada na indústria automotiva na década seguinte, levaria o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) a empenhar esforços em um grande processo de modernização de suas forças motomecanizadas. Um dos pilares deste plano contemplava a aquisição em larga escala de uma nova família de caminhões com tração 6X6 que viesse a substituir ou complementar os modelos atuais em uso, como os Chevrolet G-506, G-621 Dodge e G-540 Ford.    

Em meados da década de 1930, o intensificar das tensões provocadas pelas políticas expansionistas da Alemanha Nazista e do Império do Japão, deflagrariam um sinal de alerta nas autoridades norte-americanas. Apesar das limitações impostas a Alemanha pelo Tratado de Versalhes (assinado em 1918), era claro que este país estava empenhado em grande processo de rearmamento, focando principalmente o desenvolvimento de uma capacidade efetiva motomecanizada, que visava criar um grande poder de mobilidade para sua força terrestre, um inovador conceito que logo seria apresentado ao mundo, o conceito da "Guerra Relâmpago" ou Blitzkrieg. Estas percepções geopolíticas reforçariam aos comandantes militares, a necessidade premente do fortalecimento de suas forças armadas, e neste contexto a motomecanização seria um dos pilares desta estratégia. Assim em julho de 1939 seria deflagrada uma concorrência para o desenvolvimento de um novo caminhão com tração integral 6X6 , que devia apresentar como parâmetros básicos, dispor de uma área de carga útil de 3,7 metros, apresentando uma capacidade de transporte de até 2.268 kg. Diversas propostas seriam apresentadas a seguir, pelas montadoras Ford Motors, General Motors, Studebaker Corporation, Corbitt Automobile, REO Motors, Federal Motors, Biederman Motors e Kenworth Motors, com estas sendo detalhadamente analisadas por uma equipe técnica do Corpo de Armas do Exército dos Estados Unidos (United States Army Ordnance Corps).  Destes seriam considerados como promissores, apenas os projetos apresentados pela Ford Motors e General Motors, montadoras que realmente já apresentavam largo histórico positivo na produção de caminhões militarizados para as forças armadas norte-americanas. Esta concorrência seria finalizada em janeiro de 1940, com a proposta apresentada pela General Motors Company sendo declarada vencedora.  O modelo proposto por esta montadora era baseado no modelo GMC ACKWX 353 6X6, que fora desenvolvido em 1939 especialmente para o Exército Frances (Armée de Terre). Este novo modelo diferia de seu progenitor por fazer uso da mesma cabine empregada no caminhão comercial Chevrolet G-506, e também por apresentar extensas modificações e melhorias aplicadas na plataforma original, visando assim se adequar aos parâmetros exigidos na concorrência. Logo o evoluir do conflito na Europa confirmaria a importância da logística no campo de batalha, com este mostrando um diferencial, ressuprindo rapidamente a frente de batalha com soldados, munição e combustível, enaltecendo assim a importância, garantido aos força alemães sucessivas e retumbante vitórias.   

Essa percepção aceleraria as negociações entre as partes, e no final do mesmo seriam celebrado o primeiro contrato de produção, com este caminhão recebendo a designação de GMC CCKW  (com o C se referindo ao ano de 1941, o C de Cabine Simples, K de tração em todas as rodas e por fim o W indicando a composição de eixos traseiros duplos). Em operação o modelo apresentaria um excelente desempenho, levando a contratação de novos lotes de produção, chegando agora à casa de dezenas de milhares de caminhões. Sua produção em larga escala seria inicialmente destinada a planta fabril da Yellow Truck and Coach Division's Pontiac no estado de Michigan, sendo posteriormente estendida as fábricas da General Motors Company e  Pontiac Motors na cidade de Saint Louis no estado do Missouri. Como citado anteriormente, as versões iniciais de produção deste caminhão, apresentavam uma cabine comercial designada como modelo A1 (pertencente ao Chevrolet G-506), porém em fins do ano de 1943 seria adotada um novo padrão de cabine, recoberta com lona e desprovida de portas. Esta nova versão receberia a designação de GMC CCKW 352B2, e sua concepção visava prioritariamente reduzir o emprego de materiais estratégicos como o aço, além de otimizar o tempo de montagem possibilitando assim aumentar a capacidade de produção para o atendimento as crescentes demandas de guerra. Paralelamente este novo design reduziria a altura total do veículo, otimizando seu transporte por meios navais, permitindo também como bônus passar a ser equipado com uma metralhadora Browning calibre .50, afixada em um suporte giratório sobre o assento do passageiro para ser empregada como arma autodefesa.  Os caminhões desta família estavam equipados com o tradicional motor GMC 270 com 16 válvulas, desenvolvendo 91 cv de potência a 2750 rpm, em conjunto com uma transmissão Warner T-93 de cinco velocidades. Seu sistema de suspensão do tipo Timken permitia perfeito deslocamento em terrenos desfavoráveis, inicialmente sendo empregado nos três eixos, posteriormente na linha de produção seria adotado o sistema General Motors "Banjo". Seria basicamente produzido em configurações de duas distâncias entre eixos, o modelo curto CCKW 352 com 3,68 metros e o longo CCKW 353 com 4,17 metros de comprimento. Seus pneus apresentavam a configuração 7.50-20 com freios eram hidráulicos com assistência a vácuo. Algumas versões de transporte, seriam ainda equipadas com guinchos hidráulicos montados na frente do veículo com capacidade para tracionar cargas ou veículos de até 4.500 kg.   

Vale salientar que o racionamento de metais durante o curso do conflito, levaria a decisão do fabricante em se substituir a carroceria composta em aço por madeira, aliviando desta maneira a pressão sobre a cadeia de suprimentos estratégicos prioritários para o esforço de guerra aliado. Em 1943 seriam entregues os primeiros lotes produzidos nesta configuração alternativa, porém durante seu emprego real no campo, seriam aferidos resultados negativos de resistência, e esta opção seria abortada com as carrocerias voltando a ser confeccionadas em aço tratado. Em serviço a família de caminhões General Motors CCKW 352 e CCKW 353, representaria o esteio da força de transporte mecanizada das forças aliadas durante a Segunda Guerra Mundial. Sua confiável plataforma permitiria o desenvolvimento de inúmeras variantes especializadas entre elas, transporte de tropas e carga, basculante, cisterna (2.800 litros), oficina de armas, carro comando, ambulância, centro cirúrgico, oficina de reparos gerais, posto de rádio, descontaminação química, odontológica, transporte de combustível (2.600 litros), antiaéreo, semi-reboque, purificador de água, compressor de ar, central de reprodução de mapas, transporte de gás, plataforma elevatória, posto telefônico, transporte de balsas, socorro, talha e manipulação química. Devido a excelente reputação conquistada no campo de batalha, o modelo seria carinhosamente apelidado no Exército dos Estados Unidos (US Army) de "Jimmy" or  Deuce and a Half" (Dois e Meio). Além de seu importante papel na Operação Overlod (invasão da França), os caminhões GMC CCKW teriam destacada participação na operação  Red Ball Express, um famoso sistema de comboio de caminhões que abasteceria as forças aliadas que depois de desembarcadas nas praias da costa francesa em junho e julho de 1944 se moviam rapidamente pela Europa. Um dos grandes segredos do sucesso deste projeto, estava baseado na presença de altos índices de componentes comuns na indústria automotiva norte-americana, sendo testados e comprovados em uso comercial ao longo de anos. Este fator concederia aos GMC CCKW ampla confiabilidade resistência e desempenho e facilidade de manutenção, além de que esta opção pelo emprego por itens de linha e comunalidade de ferramental proporcionariam uma produção em série em uma escala jamais vista.  Estas características positivas levariam entre os anos de 1940 e 1945 a uma produção total de incríveis 562.750 caminhões de diversas versões e modelos, entregues, com muitos deste fornecidos na forma de kits e montados ao ar livre diretamente nos mais diversos teatros de operações. Pode-se seguramente afirmar que os caminhões GMC CCKW 352 e CCKW 353 foram a grande plataforma que proporcionou a vitória final dos aliados na Segunda Guerra Mundial. 
Como dito anteriormente, sua flexível plataforma permitiu o desenvolvimento de inúmeras variantes especializadas entre elas surgiram os modelos do tipo cisterna para água e combustível, com este último sendo empregado para abastecimento veicular ou aeronáutico. Suas primeiras versões seriam montadas sobre a plataforma básica do GMC CCKW 353 cabine comercial e distribuídos as unidades operacionais forças armadas norte-americanas. Duas versões seriam empregadas, com delas equipada com duas cisternas com capacidade individual para 1.420 litros e a outra dotada de somente uma cisterna para 2.840 litros, estavam ainda dotadas com equipamentos e ferramental de apoio dispostos em compartimentos distribuídos ao longo dos tanques. O advento da produção do modelo CCKW 353 cabine aberta, também seria contemplado com a versão tanque, recebendo as designações D1, D2 , E1 e E2, ocupando as linhas de montagem da  Yellow Truck and Coach Manufacturing Company e da GMC Truck and Coach Division. Ao todo até julho de 1945 seriam entregues 4.133 caminhões deste tipo. O eclodir da Guerra da Coreia (1950-1953) levaria os caminhões da GMC a atuar novamente em um cenário de conflagração real, sendo operados pelas forças armadas norte-americanas. Apesar da excelente folha de serviços e gigante disponibilidade operacional,  ao final da década de 1940, ficava claro que o modelo já estava entrando em um estágio de obsolescência, gerando a necessidade de sua substituição a médio prazo. Esta demanda seria suprida pelo desenvolvimento dos novos caminhões REO M-34 e REO M-35 cisterna de combustível, que passariam a entrar em serviço em meados da década de 1950, e tão logo atingiram um patamar representativo em termos de frota, permitiriam iniciar um gradual processo de substituição dos caminhões da família GMC CCKW junto as forças armadas norte-americanas. Este movimento geraria um grande número excedente de veículos em bom estado, que passariam a ser novamente incluídos nos programa de ajuda militar, e seriam comercializados nos mercados civis mexicano, norte-americano e canadense. Os últimos GMC CCKW 352 e 353 somente seriam retirados de serviço no Exército dos Estados Unidos (US Army) em meados da década de 1960, comprovando a versatilidade e robustez do modelo. Em alguns países estes caminhões somente seriam desativados do serviço militar em meados da década de 1990. Atualmente ainda é possível encontrá-los em operação no mercado civil ou em mãos de colecionadores e entusiastas, nas mais distantes localidades mundo afora. 

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Esta possibilidade se clarificaria quando a França capitulou em junho de 1940, pois a partir deste momento a Alemanha Nazista poderia estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas, proporcionando um trampolim para uma provável invasão do continente. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável para o lançamento desta campanha, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão.  Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul, tornariam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral brasileiro se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, pois mais notadamente a cidade de Recife se postava como ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Desta maneira poderia ser estabelecido nesta localidade uma ponte para o envio de tropas, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário resultaria logo sem seguida um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, gerando uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, destinados a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil que estava sendo potencializada pelo comercio exterior com o Estados Unidos, transportando diariamente matérias primas para a indústria de guerra daquele país. A participação brasileira no esforço de guerra aliado seria ampliada em breve, pois Getúlio Vargas afirmaria que o país não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos para os países aliados, e possivelmente figurava entre seus planos uma participação mais destacada junto aos aliados envolvendo o emprego de tropas em algum importante teatro de operações do conflito.     

Naquele período o Exército Brasileiro se encontrava em um estado de obsolescência de armas e materiais, e apresentava entre suas principais carências a falta de caminhões militares com tração integral 4X4 e 6X6, com os poucos disponíveis se encontrando em quantidade suficiente para o atendimento de suas demandas. Suas fileiras estavam neste momento equipadas com antigos caminhões civis leves militarizados, como os Chevrolet Gigante (Flatbed Truck) e Tigre, Dodge T-203 e Ford V8, que eram sendo complementados por poucos veículos de transporte genuinamente militares como   alemães 6X6 Henschel & Son e americanos Thornycroft Tartar 6X4. Nos termos do programa de Leand & Lease estava prevista a cessão de quase quatro mil caminhões, com a maioria dispostos com tração 4X4. Em referência aos veículos maiores com tração 6X6 seriam cedidos mil quatrocentos e quarenta e cinco caminhões  da família GMC CCKW, dispostos na versão de carga CCKW-352 A1 e B2, versão oficina GMC CCKW-352 G-138 M-6, versão Reparo de Armas GMC CCKW-352 G-139 M-7,  versão Reparo de Artilharia GMC CCKW-352 G-140 M-9, versão Reparo de Instrumentos GMC CCKW-352 G-140 M-10, versão Reparo de Solda GMC CCKW-352 G-140 M-12, versão Reparo Automotivo GMC CCKW-352 G-139 M-8, versão Oficina de Maquinas GMC CCKW-352 G-140 M-16, versão Reparo Elétrico GMC CCKW-352 G-140 M-18 e por fim a versão Reparo Corpo de Sinal GMC CCKW-352 G-140 M-18. Esta variada gama de versões possibilitava a Força Terrestre operar plenamente, podendo atender a todos as demandas da força motomecaniza brasileira. Os primeiros caminhões seriam recebidos no ano de 1942, com os últimos quatrocentos e noventa sendo entregues até fins do ano de 1944. Rapidamente após recebimento e revisão e treinamento de motoristas, estes caminhões que passaram a ser distribuídos as unidades operacionais do Exército Brasileiro dispostas em todo território nacional.  No entanto a frota não seria limitada a estes números somente, pois a participação brasileira no esforço de guerra em breve envolveria o envio de um contingente militar para o teatro de operações na Europa. Assim como esperado, o país tomaria parte em um esforço maior junto aos aliados, com está intensão sendo concretizada no dia 09 de agosto de 1943, quando através da Portaria Ministerial nº 4.744, publicada em boletim reservado de 13 do mesmo mês, seria estruturada a Força Expedicionária Brasileira (FEB), constituída pela 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) e por órgãos não-divisionários.   
Para o comando da força expedicionária seria escolhido o general-de-divisão, Joao Batista Mascarenhas de Morais, que teria a sua disposição três Regimentos de Infantaria (6º Regimento de Infantaria de Caçapava,  1º Regimento de Infantaria e o 11º Regimento de Infantaria), quatro grupos de artilharia (três de calibre 105 mm e um de calibre 155 mm); uma esquadrilha de aviação destinada à ligação e à observação (pertencente a Força Aérea Brasileira); um batalhão de engenharia; um batalhão de saúde; um esquadrão de reconhecimento, e uma companhia de transmissão (na verdade, de comunicações). Sua estrutura organizacional incluiria ainda o comando do quartel-general, um destacamento de saúde, uma companhia do quartel-general, uma companhia de manutenção, uma companhia de intendência, um pelotão de sepultamento, um pelotão de polícia e uma banda de música. O contingente estimado a ser enviado, seria da ordem de vinte e cinco mil soldados, e deveria atuar dentro do conceito operacional do Exército dos Estados Unidos (US Army), e desta maneira a Força Expedicionária Brasileira, deveria apresentar alta capacidade de mobilidade, devendo assim ser dotada de muitos veículos de transporte de pessoal de todos os modelos, sendo os mesmos em uso nas forças aliadas naquele momento. Atendendo ao cronograma estabelecido, o primeiro contingente brasileiro desembarcaria na cidade de Nápoles na Itália 16 de julho de 1944,  e após um breve período de treinamento passariam a integrar os efetivos do V Corpo do Exército dos Estados Unidos, sob o comando do general Mark Wayne Clark. Neste momento as forças brasileiras receberiam. Nesta etapa a Força Expedicionária Brasileira (FEB) receberia todo o seu armamento, equipamentos e veículos, sendo estes retirados do estoque estratégico de recomplemementação do Exército dos Estados Unidos (US Army), baseado na cidade italiana de Tarquinia. No que tange a caminhões de transporte de carga e pessoal seriam disponibilizados aos efetivos brasileiros um total de novecentos e cinquenta veículos dispostos entre as versões GMC CCKW-352 A1 e B2 (cabine aberta e fechada). Uma pequena parcela desta numerosa frota seria composta ainda por caminhões cisterna de combustível para transporte e abastecimento de combustível (gasolina comum e de aviação) e para o transporte de água potável, item tão fundamental em uma área de conflagração real. As versões destinadas as forças brasileiras, estariam dispostas nas versões CCKW 353 C2 D1  “cabine aberta” e  CCKW 353 C2 D2  “cabine fechada”, e seriam empregados pelo Exército Brasileiro no abastecimento em trânsito dos caminhões, jipes e blindados leves M-8 Greyhound. Estes modelos também seriam utilizados pela Força Aérea Brasileira para o abastecimento na pista de aeronaves de caça e observação pertencentes ao 1º Grupo de Aviação de Caça (1ºGAvC) e a 1º Esquadrilha de Ligação e Observação (1º ELO).   
Os caminhões CCKW 353 cisternas de combustível ou água disponibilizados no front italiano para a Força Expedicionária Brasileira (FEB) apresentavam duas configurações básicas em termos de capacidade de transporte de líquidos, sendo uma com tanque individual para 1.420 litros e a outra dotada de somente um tanque para 2.840 litros.  Apesar de haver grande documentação fotográfica sobre a presença dos dois modelos de cisternas de combustível, não existe registro similar da versão de cisterna de água, porém existem informações extraoficiais da existência de pelo menos um caminhão cisterna de água do modelo GMC CCKW 353 B2 de 2.840 litros de capacidade. Esta versão fora introduzida no serviço ativo na Europa primeiramente durante a invasão da França em junho de 1944, acredita-se que a grande concentração de veículos de transporte destinada a esta operação reduziria a disponibilidade deste modelo para cessão as demais forças aliadas. Durante a campanha da Itália o transporte de água potável no campo de batalha seria proporcionado através do emprego de quatorze reboques de duas rotas G-527 Cisterna Água - 250 galões, tracionados por caminhões de carga. Já no Brasil, a presença de caminhões tanque para o abastecimento de aeronaves que estavam em trânsito para o teatro de operações na Europa passaria a ser uma visão constante nas bases aéreas espalhadas ao longo da costa nordestes e sudeste do Brasil, que eram operadas em parceria entre militares brasileiros e norte-americanos.  Após o término do conflito em maio de 1945, os caminhões cisterna de combustível GMC CCKW-353 A1 e B2, bem como os demais veículos, armas e equipamentos pertencentes ao Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira seriam encaminhados ao Comando de Material do Exército dos Estados Unidos (US Army) na cidade de Roma. Nesta organização os veículos em melhor estado de conservação seriam armazenados e despachados posteriormente ao Brasil por via naval.  Neste momento não há registro da inclusão do misterioso GMC CCKW 353 B2 Cisterna Água, junto as centenas de veículos despachados ao Brasil.  Neste mesmo ano ainda nos auspícios do programa Leand & Lease seriam recebidos no Rio de Janeiro mais quarenta caminhões destes modelos específicos, se juntando assim aos demais veículos da mesma família que já se encontravam no país em serviço desde 1942. Em meados da década seguinte pelo menos mais trinta caminhões cisterna de combustível seriam cedidos as Forças Armadas Brasileiras, sendo fornecidos nos vantajosos termos do Programa de Assistência Militar (MAP Military Assistance Program). Comenta-se que alguns destes acabariam sendo convertidos para operarem como cisterna de água nos anos seguintes. 

Em Escala.
Para representarmos o caminhão GMC CCKW 353 B2 cisterna de água, empregado pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a campanha da Itália (1944 - 1945), fizemos uso do excelente kit na escala 1/25 produzido pela Italeri . Para finalizar o conjunto usamos decais originais do modelo e do set "FEB Na Segunda Guerra Mundial", impressos pela Decals e Books presentes em set especial presente como complemento do livro "FEB Na Segunda Guerra Mundial".   
O esquema de cores  (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático empregado em todos os veículos pertencentes ao Exército dos Estados Unidos (US Army) empregado durante a campanha na Europa na Segunda Guerra Mundial. Todos os veículos cedidos ao Exército Brasileiro ostentavam este padrão, sendo substituídas apenas as marcações e identificações nacionais, no entanto existem registros fotográficos que mostram veículos brasileiros com identificações de número serial norte-americanas. Como nao existe registro fotográfico do  GMC CCKW 353 B2 Cisterna Água na  Força Expedicionária Brasileira (FEB), optamos por manter a marcação serial original do veículo.   



Bibliografia : 
- Caminhão Comando e dormitório na FEB - Expedito Carlos S Bastos   www.ecsbdefesa.com.br/fts/Caminh%E3o%20Comando.pdf
- GMC CCKW – Wikipedia http://en.wikipedia.org/wiki/GMC_CCKW
- Pesquisa Leand & Lease WWII Brasil
- FEB na Segunda Guerra Mundial - Luciano Barbosa Monteiro - Decals e Books


GMC CCKW 352/353 B2 6X6 - VTNE


História e Desenvolvimento. 
A General Motors Corporation, uma das maiores e mais notórias montadoras em âmbito mundial, teve sua origem no 16 de setembro de 1908, quanto o William C. Durant, um próspero produtor de carruagens, fundou na cidade Flint no estado do Michigan, um tímido empreendimento dedicado ao crescente segmento automotivo. Este negócio prosperaria rapidamente, e em seu processo de expansão acabaria incorporando a Buick Company e logo mais tarde a Oldsmobile Company, empresas estas que apesar de novas gozavam de confiança e respeito por parte do mercado norte-americano. Nos anos seguintes seriam adquiridas mais empresas com destaque para a Cadillac Motor Car Division, uma marca símbolo do alto padrão de luxo, que operaria em conjunto com a recém-criada marca premium da companhia a Pontiac. No entanto este processo de crescimento acelerado não seria livre de problemas, com William Durant passando a enfrentar frequente uma onda crescente de divergências com os outros sócios, culminado em sua saída da empresa. No ano de 1911, sua natural vocação o levaria a empreender novamente, agora em parceria com o mecânico e piloto suíço Louis Chevrolet, nascendo assim Chevrolet Motor Company of Michigan. Neste mesmo ano seria lançada a marca GMC, ficando responsável pela produção e venda de caminhonetes e caminhões leves. Nos anos seguintes, paralelamente aos inúmeros processos de fusões e aquisições, a empresa passaria a estudar oportunidades de ingresso no mercado internacional, com a primeira iniciativa se materializando em maio de 1918, no estabelecimento de uma operação comercial no país vizinho, o Canadá. Logo seriam colhidos bom resultados desta decisão, motivando a direção da companhia a abrir filiais em inúmeros países. Antes mesmo em 1919, a General Motors Corporation incorporaria a companhia Frigidaire Company, tradicional fabricante de refrigeradores, sendo a primeira companhia não pertencente ao segmento automotivo a participação do conglomerado econômico, esta movimentação se daria principalmente por seu planejamento de expansão internacional da marca. Sua participação no segmento militar teve início em meados da década de 1920, quando a empresa passou a fornecer grandes quantidades de caminhões com tração integral para as forças armadas norte-americanas, tendo como destaque os modelos com tração 4X4 e 6X2  dos modelos Chevrolet G-506 e G-621. A evolução tecnológica experimentada na indústria automotiva na década seguinte, levaria o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) a empenhar esforços em um grande processo de modernização de suas forças motomecanizadas. Um dos pilares deste plano contemplava a aquisição em larga escala de uma nova família de caminhões com tração 6X6 que viesse a substituir ou complementar os modelos atuais em uso, como os Chevrolet G-506, G-621 Dodge e G-540 Ford.    

Em meados da década de 1930, o intensificar das tensões provocadas pelas políticas expansionistas da Alemanha Nazista e do Império do Japão, deflagrariam um sinal de alerta nas autoridades norte-americanas. Apesar das limitações impostas a Alemanha pelo Tratado de Versalhes (assinado em 1918), era claro que este país estava empenhado em grande processo de rearmamento, focando principalmente o desenvolvimento de uma capacidade efetiva motomecanizada, que visava criar um grande poder de mobilidade para sua força terrestre, um inovador conceito que logo seria apresentado ao mundo, o conceito da "Guerra Relâmpago" ou Blitzkrieg. Estas percepções geopolíticas reforçariam aos comandantes militares, a necessidade premente do fortalecimento de suas forças armadas, e neste contexto a motomecanização seria um dos pilares desta estratégia. Assim em julho de 1939 seria deflagrada uma concorrência para o desenvolvimento de um novo caminhão com tração integral 6X6 , que devia apresentar como parâmetros básicos, dispor de uma área de carga útil de 3,7 metros, apresentando uma capacidade de transporte de até 2.268 kg. Diversas propostas seriam apresentadas a seguir, pelas montadoras Ford Motors, General Motors, Studebaker Corporation, Corbitt Automobile, REO Motors, Federal Motors, Biederman Motors e Kenworth Motors, com estas sendo detalhadamente analisadas por uma equipe técnica do Corpo de Armas do Exército dos Estados Unidos (United States Army Ordnance Corps).  Destes seriam considerados como promissores, apenas os projetos apresentados pela Ford Motors e General Motors, montadoras que realmente já apresentavam largo histórico positivo na produção de caminhões militarizados para as forças armadas norte-americanas. Esta concorrência seria finalizada em janeiro de 1940, com a proposta apresentada pela General Motors Company sendo declarada vencedora.  O modelo proposto por esta montadora era baseado no modelo GMC ACKWX 353 6X6, que fora desenvolvido em 1939 especialmente para o Exército Frances (Armée de Terre). Este novo modelo diferia de seu progenitor por fazer uso da mesma cabine empregada no caminhão comercial Chevrolet G-506, e também por apresentar extensas modificações e melhorias aplicadas na plataforma original, visando assim se adequar aos parâmetros exigidos na concorrência. Logo o evoluir do conflito na Europa confirmaria a importância da logística no campo de batalha, com este mostrando um diferencial, ressuprindo rapidamente a frente de batalha com soldados, munição e combustível, enaltecendo assim a importância, garantido aos força alemães sucessivas e retumbantes vitórias.   
Essa percepção aceleraria as negociações entre as partes, e no final do mesmo seriam celebrado o primeiro contrato de produção, com este caminhão recebendo a designação de GMC CCKW  (com o C se referindo ao ano de 1941, o C de Cabine Simples, K de tração em todas as rodas e por fim o W indicando a composição de eixos traseiros duplos). Em operação o modelo apresentaria um excelente desempenho, levando a contratação de novos lotes de produção, chegando agora à casa de dezenas de milhares de caminhões. Sua produção em larga escala seria inicialmente destinada a planta fabril da Yellow Truck and Coach Division's Pontiac no estado de Michigan, sendo posteriormente estendida as fábricas da General Motors Company e  Pontiac Motors na cidade de Saint Louis no estado do Missouri. Como citado anteriormente, as versões iniciais de produção deste caminhão, apresentavam uma cabine comercial designada como modelo A1 (pertencente ao Chevrolet G-506), porém em fins do ano de 1943 seria adotada um novo padrão de cabine, recoberta com lona e desprovida de portas. Esta nova versão receberia a designação de GMC CCKW 352B2, e sua concepção visava prioritariamente reduzir o emprego de materiais estratégicos como o aço, além de otimizar o tempo de montagem possibilitando assim aumentar a capacidade de produção para o atendimento as crescentes demandas de guerra. Paralelamente este novo design reduziria a altura total do veículo, otimizando seu transporte por meios navais, permitindo também como bônus passar a ser equipado com uma metralhadora Browning calibre .50, afixada em um suporte giratório sobre o assento do passageiro para ser empregada como arma autodefesa.  Os caminhões desta família estavam equipados com o tradicional motor GMC 270 com 16 válvulas, desenvolvendo 91 cv de potência a 2750 rpm, em conjunto com uma transmissão Warner T-93 de cinco velocidades. Seu sistema de suspensão do tipo Timken permitia perfeito deslocamento em terrenos desfavoráveis, inicialmente sendo empregado nos três eixos, posteriormente na linha de produção seria adotado o sistema General Motors "Banjo". Seria basicamente produzido em configurações de duas distâncias entre eixos, o modelo curto CCKW 352 com 3,68 metros e o longo CCKW 353 com 4,17 metros de comprimento. Seus pneus apresentavam a configuração 7.50-20 com freios eram hidráulicos com assistência a vácuo. Algumas versões de transporte, seriam ainda equipadas com guinchos hidráulicos montados na frente do veículo com capacidade para tracionar cargas ou veículos de até 4.500 kg.   
 
Vale salientar que o racionamento de metais durante o curso do conflito, levaria a decisão do fabricante em se substituir a carroceria composta em aço por madeira, aliviando desta maneira a pressão sobre a cadeia de suprimentos estratégicos prioritários para o esforço de guerra aliado. Em 1943 seriam entregues os primeiros lotes produzidos nesta configuração alternativa, porém durante seu emprego real no campo, seriam aferidos resultados negativos de resistência, e esta opção seria abortada com as carrocerias voltando a ser confeccionadas em aço tratado. Em serviço a família de caminhões General Motors CCKW 352 e CCKW 353, representaria o esteio da força de transporte mecanizada das forças aliadas durante a Segunda Guerra Mundial. Sua confiável plataforma permitiria o desenvolvimento de inúmeras variantes especializadas entre elas, transporte de tropas e carga, basculante, cisterna (2.800 litros), oficina de armas, carro comando, ambulância, centro cirúrgico, oficina de reparos gerais, posto de rádio, descontaminação química, odontológica, transporte de combustível (2.600 litros), antiaéreo, semi-reboque, purificador de água, compressor de ar, central de reprodução de mapas, transporte de gás, plataforma elevatória, posto telefônico, transporte de balsas, socorro, talha e manipulação química. Devido a excelente reputação conquistada no campo de batalha, o modelo seria carinhosamente apelidado no Exército dos Estados Unidos (US Army) de "Jimmy" or  Deuce and a Half" (Dois e Meio). Além de seu importante papel na Operação Overlod (invasão da França), os caminhões GMC CCKW teriam destacada participação na operação  Red Ball Express, um famoso sistema de comboio de caminhões que abasteceria as forças aliadas que depois de desembarcadas nas praias da costa francesa em junho e julho de 1944 se moviam rapidamente pela Europa. Um dos grandes segredos do sucesso deste projeto, estava baseado na presença de altos índices de componentes comuns na indústria automotiva norte-americana, sendo testados e comprovados em uso comercial ao longo de anos. Este fator concederia aos GMC CCKW ampla confiabilidade resistência e desempenho e facilidade de manutenção, além de que esta opção pelo emprego por itens de linha e comunalidade de ferramental proporcionariam uma produção em série em uma escala jamais vista.  Estas características positivas levariam entre os anos de 1940 e 1945 a uma produção total de incríveis 562.750 caminhões de diversas versões e modelos, entregues, com muitos deste fornecidos na forma de kits e montados ao ar livre diretamente nos mais diversos teatros de operações. Pode-se seguramente afirmar que os caminhões GMC CCKW 352 e CCKW 353 foram a grande plataforma que proporcionou a vitória final dos aliados na Segunda Guerra Mundial. 
Ainda no contexto da Segunda Guerra Mundial, esta família de caminhões representaria ainda um dos grandes expoentes do programa de ajuda militar Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), com milhares de unidades sendo fornecidas aos milhares as nações aliadas, com destaque para as Forças Francesas Livres e para o Exército Vermelho Soviético.  Logo após o término deste conflito, uma grande quantidade destes caminhões seria cedida a mais de oitenta nações amigas dos Estados Unidos, nos termos de programas de cooperação e ajuda militar. O eclodir da Guerra da Coreia (1950-1953) levaria os caminhões GMC CCW 352 e CCK 353 a atuar novamente em um cenário de conflagração real, com milhares destes sendo deslocados para este teatro de operações, servindo não só ao Exército dos Estados Unidos (US Army) mas também junto ao Exército da Coreia do Sul (대한민국 육군). Apesar da excelente folha de serviços e gigante disponibilidade operacional, ao final da década de 1940, ficava claro que o modelo já estava entrando em um estágio de obsolescência, gerando a necessidade de sua substituição a médio prazo. Esta demanda seria suprida pelo desenvolvimento dos novos caminhões REO M-34 e REO M-35, que passariam a entrar em serviço em meados da década de 1950, e tão logo atingiram um patamar representativo em termos de frota, permitiriam iniciar um gradual processo de substituição dos caminhões da família GMC CCKW junto as forças armadas norte-americanas. Este movimento geraria um grande número excedente de veículos em bom estado, que passariam a ser novamente incluídos em iniciativas  de ajuda militar como o Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program), sendo também desmilitarizados e comercializados nos mercados civis mexicano, norte-americano e canadense. Os últimos GMC CCKW 352 e 353 somente seriam retirados de serviço no Exército dos Estados Unidos (US Army) em meados da década de 1960, comprovando a versatilidade e robustez do modelo. Em alguns países estes caminhões somente seriam desativados do serviço militar em meados da década de 1990. Atualmente ainda é possível encontrá-los em operação no mercado civil ou em mãos de colecionadores e entusiastas, nas mais distantes localidades mundo afora.   

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Esta possibilidade se clarificaria quando a França capitulou em junho de 1940, pois a partir deste momento a Alemanha Nazista poderia estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas, proporcionando um trampolim para uma provável invasão do continente. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável para o lançamento desta campanha, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão.  Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul, tornariam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral brasileiro se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, pois mais notadamente a cidade de Recife se postava como ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Desta maneira poderia ser estabelecido nesta localidade uma ponte para o envio de tropas, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário resultaria logo sem seguida um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, gerando uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, destinados a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil que estava sendo potencializada pelo comercio exterior com o Estados Unidos, transportando diariamente matérias primas para a indústria de guerra daquele país. A participação brasileira no esforço de guerra aliado seria ampliada em breve, pois Getúlio Vargas afirmaria que o país não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos para os países aliados, e possivelmente figurava entre seus planos uma participação mais destacada junto aos aliados envolvendo o emprego de tropas em algum importante teatro de operações  do conflito.   

Naquele período o Exército Brasileiro se encontrava em um estado de obsolescência de armas e materiais, e apresentava entre suas principais carências a falta de caminhões militares com tração integral 4X4 e 6X6, com os poucos disponíveis se encontrando em quantidade suficiente para o atendimento de suas demandas. Suas fileiras estavam neste momento equipadas com antigos caminhões civis leves militarizados, como os Chevrolet Gigante (Flatbed Truck) e Tigre, Dodge T-203 e Ford V8, que eram sendo complementados por poucos veículos de transporte genuinamente militares como   alemães 6X6 Henschel & Son e americanos Thornycroft Tartar 6X4. Nos termos do programa de Leand & Lease estava prevista a cessão de quase quatro mil caminhões, com a maioria dispostos com tração 4X4. Em referência aos veículos maiores com tração 6X6 seriam cedidos mil quatrocentos e quarenta e cinco caminhões  da família GMC CCKW, dispostos na versão de carga CCKW-352/353 A1 e B2, versão oficina GMC CCKW-352/353 G-138 M-6, versão Reparo de Armas GMC CCKW-352 G-139 M-7,  versão Reparo de Artilharia GMC CCKW-352 G-140 M-9, versão Reparo de Instrumentos GMC CCKW-352 G-140 M-10, versão Reparo de Solda GMC CCKW-352 G-140 M-12, versão Reparo Automotivo GMC CCKW-352 G-139 M-8, versão Oficina de Maquinas GMC CCKW-352 G-140 M-16, versão Reparo Elétrico GMC CCKW-352 G-140 M-18 e por fim a versão Reparo Corpo de Sinal GMC CCKW-352 G-140 M-18. Esta variada gama de versões possibilitava a Força Terrestre operar plenamente, podendo atender a todos as demandas da força motomecaniza brasileira. Os primeiros caminhões seriam recebidos no ano de 1942, com os últimos quatrocentos e noventa sendo entregues até fins do ano de 1944. Rapidamente após recebimento e revisão e treinamento de motoristas, estes caminhões que passaram a ser distribuídos as unidades operacionais do Exército Brasileiro dispostas em todo território nacional.  No entanto a frota não seria limitada a estes números somente, pois a participação brasileira no esforço de guerra em breve envolveria o envio de um contingente militar para o teatro de operações na Europa. Assim como esperado, o país tomaria parte em um esforço maior junto aos aliados, com está intensão sendo concretizada no dia 09 de agosto de 1943, quando através da Portaria Ministerial nº 4.744, publicada em boletim reservado de 13 do mesmo mês, seria estruturada a Força Expedicionária Brasileira (FEB), constituída pela 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) e por órgãos não-divisionários.   
Para o comando da força expedicionária seria escolhido o general-de-divisão, Joao Batista Mascarenhas de Morais, que teria a sua disposição três Regimentos de Infantaria (6º Regimento de Infantaria de Caçapava,  1º Regimento de Infantaria e o 11º Regimento de Infantaria), quatro grupos de artilharia (três de calibre 105 mm e um de calibre 155 mm); uma esquadrilha de aviação destinada à ligação e à observação (pertencente a Força Aérea Brasileira); um batalhão de engenharia; um batalhão de saúde; um esquadrão de reconhecimento, e uma companhia de transmissão (na verdade, de comunicações). Sua estrutura organizacional incluiria ainda o comando do quartel-general, um destacamento de saúde, uma companhia do quartel-general, uma companhia de manutenção, uma companhia de intendência, um pelotão de sepultamento, um pelotão de polícia e uma banda de música. O contingente estimado a ser enviado, seria da ordem de vinte e cinco mil soldados, e deveria atuar dentro do conceito operacional do Exército dos Estados Unidos (US Army), e desta maneira a Força Expedicionária Brasileira, deveria apresentar alta capacidade de mobilidade, devendo assim ser dotada de muitos veículos de transporte de pessoal de todos os modelos, sendo os mesmos em uso nas forças aliadas naquele momento. Atendendo ao cronograma estabelecido, o primeiro contingente brasileiro desembarcaria na cidade de Nápoles na Itália 16 de julho de 1944,  e após um breve período de treinamento passariam a integrar os efetivos do V Corpo do Exército dos Estados Unidos, sob o comando do general Mark Wayne Clark. Neste momento as forças brasileiras receberiam. Nesta etapa a Força Expedicionária Brasileira (FEB) receberia todo o seu armamento, equipamentos e veículos, sendo estes retirados do estoque estratégico de recomplemementação do Exército dos Estados Unidos (US Army), baseado na cidade italiana de Tarquinia. No que tange a caminhões de transporte de carga e pessoal seriam disponibilizados aos efetivos brasileiros um total de novecentos e cinquenta veículos dispostos entre as versões GMC CCKW-352 A1 e B2 (cabine aberta e fechada). A Força Aérea Brasileira também operaria modelos desta família de caminhões, atuando em proveito da logistica de suas unidades dispostas na Itália, como o 1º Grupo de Aviação de Caça – Senta a Pua (1º GAvCa) e a 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação (1º ELO). Durante toda a campanha na Itália, na Força Expedicionária Brasileira (FEB) os caminhões GMC CCKW-352/353 A1 e B2, representariam o sustentáculo da capacidade de transporte pesado do Exército Brasileiro, acompanhando o deslocamento das tropas desde o porto de Nápoles até as localidades finais de Alessandria e Turim.    

Durante o decorrer da campanha da Itália, estes caminhões norte-americanos operariam sob as mais difíceis condições de terreno e climáticas, comprovando assim suas qualidades de adaptação junto ao campo de batalha europeu, onde por falta de estrutura de apoio, qualquer manutenção ou reparo deveria ser efetuada imediatamente sem o menor suporte técnico adequado de instalações ou de ferramental. Após o término do conflito em maio de 1945, os caminhões GMC CCKW-352/353 A1 e B2, bem como os demais veículos, armas e equipamentos pertencentes ao Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira seriam encaminhados ao Comando de Material do Exército dos Estados Unidos (US Army) na cidade de Roma. Nesta organização os veículos em melhor estado de conservação seriam armazenados e despachados posteriormente ao Brasil por via naval. Estes se juntariam aos demais veículos da mesma família que já se encontravam no país em serviço desde 1942 não só no Exército Brasileiro, mas também na Marinha do Brasil e na Força Aérea Brasileira, sendo então distribuídos a diversas unidades operativas. Um pequeno número destes ainda seria incorporado as forças armadas brasileiras a partir de 1946 quando da desocupação das tropas norte-americanas que operavam na Base Aérea de Natal - Parnamirim Field. Além das aplicações normais já catalogadas de versões especializadas, um número de caminhões GMC CCKW-352 A1 seria empregado como plataforma móvel para defesa antiaérea de ponto (a exemplo da versão CCKW-353-B2 Gun Truck), empregando os reparos quádruplos M-55 Quadmount, equipados com quatro metralhadoras Browning M-2 calibre .50, dotando os Grupos de Artilharia Antiaérea (GAAAe).   Ao longo dos anos seguintes, apesar de seguirem prestando excelentes serviços ao Exército Brasileiro, em meados da década de 1950 a frota dos caminhões GMC CCKW-352 e CCKW-353 bem como os Studebaker US-6G, começavam a apresentar altos índices de indisponibilidade, não só pelo eminente desgaste operacional, mas também devido à escassez e peças de reposição, com este fato se dando devido descontinuação de sua produção ter ocorrido há mais de vinte anos.  Neste contexto, seu calcanhar de Aquiles estava baseado principalmente em seu motor a gasolina de seis cilindros em linha, o  GMC 270-OHV, que apresentavam a maior dificuldade na obtenção de peças de reposição no mercado internacional, além de terem um consumo excessivo de combustível. Tal situação passaria a causar extrema preocupação por parte do comando do Exército Brasileiro, pois afetava perigosamente a capacidade de mobilidade tática da Força Terrestre. Este momento demandaria o estudo de possíveis soluções a curto e médio prazo para a resolução desta problemática, e em termos básicos a opção mais eficaz passava pela aquisição de um número similar de veículos militares de transporte com tração 4X4 e 6X6, sendo mais indicados os caminhões da família REO M-34 e M-35. 
Porém o investimento necessário para uma aquisição de um significativo lote destes modelos de caminhões se apresentava naquele momento  se pautava completamente fora da realidade orçamentaria do Exército Brasileiro Estudos mais realistas apontavam, para três soluções complementares, sendo a primeira baseada na aquisição de um pequeno número de caminhões militares modernos como os REOs, a segunda envolvia estudos referentes a possível repotencialização dos caminhões GMC Série CCKW 352/353 e Studebaker US-6G e pôr fim a terceira a incorporação de de caminhões comerciais militarizados para o cumprimento de missões secundarias. A combinação destas três alternativas poderia devolver ao Exército Brasileiro um mínimo de capacidade operacional, infelizmente a segunda opção logo seria descartada, pois estudos mais aprofundados realizados pela equipe do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) não recomendaria sua implementação. Neste contexto o emprego de caminhões militarizados produzidos nacionalmente passaria a ganhar força, com esta solução sendo potencializada pelo governo brasileiro que intensificava seu apoio ao estabelecimento de uma indústria automotiva nacional, atraindo ao país diversas montadoras internacionais, inclusive de caminhões. Um certo alívio só viria a ocorrer a partir do ano de 1958, quando seriam recebidos os primeiros caminhões com tração 6X6 REO M-34, porém as quantidades incorporadas se apresentavam muito inferior as demandas.  No decorrer dos anos seguintes o cenário de indisponibilidade se agravaria, levando novamente a implementação de estudos envolvendo troca dos motores originais a gasolina GMC 270-OHV por nacionais a diesel Mercedes Benz OM 321, a exemplo do processo aplicado pelo Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2), nos caminhões Studebaker USG-6.  Este programa seria então implementado a uma grande parte da frota, gerando assim uma sobrevida aos GMC CCKW-352 e CCKW 353, até que passassem a ser substituídos gradualmente pelos novos REO M-35 e também por modelos nacionais civis militarizados. Ainda sim pelo menos uma centena destes veículos permaneceriam em uso em algumas unidades até o início da segunda metade da década de 1980. Curiosamente anteriormente em 1967, dois GMC CCKW-352 seriam convertidos pela Engesa S/A para testes de seu sistema de suspensão do tipo Boomerang, apesar de resultados positivos este conjunto seria implementado junto a caminhões nacionais militarizados.   

Em Escala.
Para representarmos o caminhão GMC CCKW 353 B3 "FEB 210 K", utilizado pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália, empregamos o antigo kit da Italeri na escala 1/35, modelo que apesar de espartano apresenta facilidade de montagem  Como detalhamento posterior incluímos peças em resina produzidas pela Eletric Products para a  representação da carga.  Decais confeccionados pela Decals e Books presentes no livro " FEB Na Segunda Guerra Mundial" (Luciano Barbosa Monteiro)  completaram o conjunto.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura  tático empregado pelo Exército dos Estados Unidos (US Army) em todos os teatros de operações durante a Segunda Guerra Mundial,  esquema com os quais seriam recebidos todos os veiculos recebidos pelo Exército Brasileiro na Itália. Apesar da adoção de um novo padrão de pintura de dois tons em 1983, os GMC CCKW 352 e 353 remanescentes ainda em uso manteriam o padrão anterior , trocando apenas o emblema do Cruzeiro do Sul pelo brasão do Exército Brasileiro. 



Bibliografia : 
- Caminhão Comando e dormitório na FEB - Expedito Carlos S Bastos   www.ecsbdefesa.com.br/fts/Caminh%E3o%20Comando.pdf
- GMC CCKW – Wikipedia http://en.wikipedia.org/wiki/GMC_CCKW
- Pesquisa Leand & Lease WWII Brasil
- FEB na Segunda Guerra Mundial - Luciano Barbosa Monteiro - Decals e Books