A história da Westland Aircraft, uma das mais prestigiadas fabricantes de aeronaves do Reino Unido, teve início em 1915, em um momento em que a Primeira Guerra Mundial (1914–1918) exigia avanços rápidos na tecnologia militar. Fundada como uma divisão da Petters Limited, uma empresa de Yeovil, Somerset, conhecida por seus motores para a indústria metal-mecânica, a Westland Aircraft Works nasceu da visão empreendedora dos irmãos William “Teddy” Petter e Ernest Petter. Teddy. Em 1915, o Almirantado Britânico, pressionado pela ameaça de submarinos alemães e pela necessidade de patrulhas marítimas, contratou a nova divisão para produzir 12 hidroaviões Short Type 184 – um biplano, célebre por lançar o primeiro torpedo aéreo bem-sucedido contra um navio otomano nos Dardanelos em 1915. Esse contrato inicial foi seguido por outro para fabricar 20 aeronaves Short Admiralty Type 166, biplanos robustos destinados a reconhecimento e bombardeio leve, essenciais para operações no Canal da Mancha. O nome “Westland” foi escolhido com um toque de ternura por Agnes Petter, esposa de Teddy, durante a aquisição de um terreno em West Hendford, Yeovil, para expandir a planta industrial. Com a escalada da guerra aérea – marcada por combates aéreos intensos e o uso crescente de aviões para reconhecimento e bombardeio –, a Westland expandiu suas operações, assinando contratos adicionais com o governo britânico. Entre 1916 e 1918, a empresa fabricou sob licença modelos icônicos de outros fabricantes, incluindo o Sopwith 1½ Strutter, um caça biplano usado em missões de bombardeio diurno na Frente Ocidental; os Airco DH.4 e DH.9, bombardeiros leves projetados por Geoffrey de Havilland, essenciais na Frente Italiana; o DH.9A, aprimorado com motores americanos Liberty; e o Vickers Vimy, um bombardeiro pesado que, pós-guerra, faria história com o primeiro voo transatlântico sem escalas em 1919. Essas linhas de produção, que entregaram mais de 1.000 aeronaves, e a experiência acumulada permitiu à Westland dar seus primeiros passos como designer independente. Em 1917, lançou o Westland N.1B, um hidroavião experimental projetado para patrulhas navais de médio alcance, seguido, em 1918, pelos caças Westland Wagtail e Weasel – biplanos ágeis que incorporavam lições de combates. O Armistício de 1918, que encerrou a Primeira Guerra Mundial trouxe desafios para a indústria aeronáutica britânica bem como para todo o segmento de defesa. A queda na demanda militar levou ao fechamento de fábricas, mas a Westland, se voltou para o mercado civil, onde a aviação prometia reconectar um mundo fragmentado. Seriam lançados modelos famosos como o Westland Limousine (1920) para transporte de até quatro passageiros e o Westland Woodpigeon (1924), um biplano leve que brilhou em corridas aéreas como a Copa do Rei dos anos seguintes.
Em 1926, a Real Força Aérea (RAF), lançou a concorrência M 26/27 para substituir os obsoletos treinadores Airco DH.9A, Aa Westland, competindo contra gigantes como Hawker e Bristol, apresentou o Westland Wapiti – um biplano robusto com motor Bristol Jupiter. Em maio de 1927, após testes rigorosos em Martlesham Heath, a Westland venceu, levando um contrato para 500 aeronaves. Em 1935, com a ascensão de tensões globais sob a ameaça nazista, Teddy Petter reestruturou a Petters Limited, separando a produção de motores (mantida como Petter Engines) da aviação, criando a Westland Aircraft Ltd., sediada em Yeovil. Durante a Segunda Guerra Mundial, a companhia desenvolveu e produziu uma ampla gama de aeronaves de grande relevância para o esforço de guerra aliado. Dentre essas, destaca-se o Westland Whirlwind, que, além de possuir velocidade superior a outros modelos utilizados na época, foi o primeiro caça equipado com um canhão de 30 mm a entrar em serviço na Força Aérea Real (RAF). Outro modelo de grande importância foi o Westland Lysander, uma aeronave dedicada a missões de transporte leve e ligação, amplamente reconhecida por seu papel na infiltração de agentes especiais em território inimigo. Contudo, de maneira similar ao ocorrido durante a Primeira Guerra Mundial, grande parte dos esforços da empresa concentrou-se na produção em larga escala de aeronaves projetadas por outras fabricantes aeronáuticas. Destaca-se, nesse período, a fabricação da família do caça Spitfire, cujas operações se intensificaram após a destruição da planta fabril da Supermarine em Southampton, em setembro de 1940, durante a Batalha da Inglaterra. Entre os anos de 1940 e 1945, a Westland Aircraft Ltd. produziu mais unidades do Spitfire do que qualquer outro fabricante. Ademais, a equipe de projetos da empresa foi responsável pelo desenvolvimento da versão navalizada da aeronave, denominada Supermarine Seafire. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a Westland Aircraft Ltd. identificou o potencial de mercado das aeronaves de asas rotativas e, nesse contexto, buscou estabelecer uma parceria estratégica para a produção e transferência de tecnologia. O primeiro acordo nesse sentido foi celebrado com a empresa norte-americana Sikorsky Aircraft Division, visando à fabricação sob licença do helicóptero Sikorsky S-51 Dragonfly, que recebeu a designação local de Westland WS-51 Dragonfly. O primeiro protótipo realizou seu voo inaugural em maio de 1948 e, após um extenso programa de ensaios, recebeu seu primeiro contrato de produção. A partir de meados de 1950, esse modelo tornou-se a principal aeronave de asas rotativas em serviço na Marinha Real (Royal Navy) e na Força Aérea Real (Royal Air Force). Rapidamente, o Westland WS-51 Dragonfly conquistou grande sucesso comercial no segmento civil e, somado aos contratos militares, consolidou a empresa como uma das principais fabricantes do Reino Unido.

No início da década de 1950, a Westland Aircraft Ltd., consolidava-se como uma potência na indústria aeronáutica britânica, impulsionada pelo sucesso do helicóptero WS-51 Dragonfly. No setor militar, contratos com a Real Força Aérea (RAF) e a Marinha Real (Royal Navy) para missões de busca e salvamento (SAR) e transporte reforçaram a reputação da Westland. O sucesso da aeronave, representou um convite para mirar mais alto: desenvolver um helicóptero de maior porte e capacidade de carga, capaz de competir no crescente mercado aeronáutico. Esse movimento exigia planejamento meticuloso: estudos preliminares envolveram projeções de mercado, análises de carga útil (até 1.500 kg). O projeto demandava recursos significativos – desenvolvimento de protótipos, criação de ferramental especializado, gabaritos de montagem e programas de ensaios em voo –, um desafio financeiro em uma economia britânica ainda sob racionamento pós-guerra. Para otimizar custos e acelerar o desenvolvimento, a Westland optou por uma estratégia comprovada: celebrar um novo acordo de licenciamento com a Sikorsky Aircraft Division. O modelo escolhido foi o Sikorsky S-55, um helicóptero médio com motor radial Wright R-1300 de 600 cavalos, capaz de transportar 8 passageiros ou carga significativa, amplamente usado na Coreia para evacuações médicas. Após negociações conduzidas em 1950, seria firmado o contrato de licenciamento sendo assinado em março de 1951. O acordo concedia à Westland exclusividade para fabricar e comercializar o S-55 na Europa, com a responsabilidade de customizar projetos técnicos, adaptar ferramental e desenvolver processos de produção em série. O primeiro protótipo do Westland WS-55 (matrícula G-AMJT), totalmente fabricado no Reino Unido, alçou voo em 23 de agosto de 1953, marcando um triunfo técnico. Logo em seguida a aeronave obteria seu primeiro contrato militar com a Marinha Real (Royal Navy), para o emprego em missões de busca e salvamento – SAR (Searching and Rescue). As primeiras células denominadas Whirlwind HAR.1 seriam entregues em janeiro de 1954 ao 848º Esquadrão Aéreo Naval, onde seriam imediatamente embarcadas em navios como o HMS Perseus, destinadas a operações na Emergência Malaia. No entanto após meses de operação, verificou-se que os motores radiais Pratt & Whitney Wasp R-1340-40 com 600 shp ofereciam pouca potencia, limitando sua operação em ambientes navais em missões de longo alcance e sob condições adversas. Assim a Westland identificou a necessidade de um motor mais potente para atender às demandas, levando ao desenvolvimento do modelo Whirlwind HAR.3 equipado com o motor radial Wright R-1300-3 Cyclone 7, capaz de gerar 800 shp (cavalos de potência de eixo), um aumento significativo em relação aos 600 shp do motor original do HAR.1.
Este incremento permitiu maior capacidade de carga (até 1.500 kg), melhor desempenho em altitudes elevadas e maior confiabilidade em climas tropicais, onde o calor e a umidade testavam os limites das aeronaves. O primeiro protótipo do HAR.3 alçou voo em 1955, e seu desempenho superior agradaria o comando da Marinha Real (Royal Navy), gerando um contrato no ano seguinte para produção de 35 células, destinadas a esquadrões como o 848º e o 845º Naval Air Squadron. Essas aeronaves foram rapidamente integradas a operações na Emergência Malaia, onde resgataram soldados britânicos feridos em emboscadas na selva de Perak, e na Crise de Suez, onde apoiaram desembarques anfíbios em Port Said. Em 1957, a Força Aérea Real (Royal Air Force) encomendou 71 unidades, que seriam alocadas junto a esquadrões de transporte como o o 22º e o 110º Squadron, baseados colônias como o Chipre e o Quênia, onde seriam empregadas em missões humanitárias. Contudo, ainda vislumbrava-se a oportunidade de aumentar o desempenho aeronave criando uma versão especializada em guerra antissubmarino (ASW), porém o conceito esbarrava na limitada a capacidade de geração de potência dos motores. Neste contexto seria adotado o motor radial Alvis Leonides Major 750/1com 14 cilindros com 900 cv de potência. Nascia assim o Whirlwind HAR.5 dedicados as tarefas de transporte e busca e salvamento (SAR) e o Whirlwind HAS, primeiro helicóptero britânico projetado para as tarefas de guerra antissubmarino (ASW). Esta última versão apresentava uma autonomia em patrulha de 334 milhas a uma velocidade média de 86 mph, podendo ser equipado com um sistema de sonar de mergulho para detecção de submarinos ou torpedos e cargas de profundidade para ataques a submarinos. Neste momento a empresa já começava a ensaiar seus próximos passos, agora fazendo uso de uma nova tecnologia destinada aos motores a reação do tipo turbo eixo, que permitiria o desenvolvimento de grupos motopropulsores de reduzidas dimensões, mas capazes de gerar considerável potência. O próximo passo evolutivo ocorreria com o lançamento do Westland Whirlwind Série 3, projetado para superar as limitações das variantes anteriores, com foco em operações navais mais exigentes, como ASW e SAR em alto-mar. A principal inovação foi a introdução do motor turbo eixo General Eletric T-58 (que seria substituído na versão de produção pelo Bristol Siddeley Gnome de 1.000 cv de potência), além disso incorporava melhorias estruturais, como reforços na fuselagem para resistir à corrosão marítima, sistemas de flutuação para pousos emergenciais no mar e aviônicos aprimorados, incluindo rádios VHF/UHF para comunicações em longas distâncias. Além de novas células, seria desenvolvido um kit de modernização para os modelos HAR.5 e HAS, com estas aeronaves submetidas a este processo recebendo a designação de Whirlwind HAR.9.

A estreia operacional do Whirlwind III ocorreu em 1953, quando as primeiras unidades foram destacadas para a No. 155 Squadron RAF, sediada em Kuala Lumpur, e posteriormente redistribuídas em Ipoh e Butterworth, na Malásia. Sua atuação revelou-se fundamental em missões de transporte de tropas, evacuação médica (MEDEVAC) e reabastecimento de destacamentos isolados, funções que até então eram realizadas exclusivamente por aeronaves de asa fixa ou por transporte terrestre — ambos limitados pelas condições geográficas adversas. Durante as operações na selva malaia, o Whirlwind III demonstrou sua capacidade de operar em zonas de pouso restritas e improvisadas, realizando extrações e entregas de suprimentos sob fogo inimigo. Seu desempenho inspirou grande confiança entre as tripulações e consolidou o conceito de mobilidade vertical, que revolucionaria as táticas militares nas décadas seguintes. Em muitos casos, os helicópteros operavam a partir de clareiras abertas manualmente, transportando feridos sob condições meteorológicas severas, o que evidenciava tanto a robustez da aeronave quanto a habilidade dos pilotos. Pela primeira vez, o Royal Air Force Far East Command pôde empregar o helicóptero de forma sistemática como plataforma de apoio direto ao combate, integrando-o às forças terrestres em um modelo operacional que viria a inspirar doutrinas posteriores da OTAN. O sucesso das operações na Malásia levou à expansão do emprego do Whirlwind para outros teatros, incluindo Chipre (1955–1959), Quênia (1953–1955) e, posteriormente, Suez (1956), onde o modelo participou da Operação Musketeer, durante a crise do Canal de Suez — seu primeiro grande envolvimento em uma operação aerotransportada de caráter convencional. Os helicópteros da família de Westland Whirlwind seriam produzidos entre os anos de 1953 á 1966, totalizando aproximadamente quatrocentas células entregues, tendo como principal operadores a Real Força Aérea Britânica (Royal Air Force) equipando treze esquadrões e a Real Marinha Britânica (Royal Navy) com vinte e dois esquadrões equipados com esta família de aeronaves de asas rotativas. Além das versões civis, seriam construídas quinze variantes militares, entre estas o Whirlwind HAS.7 e Whirlwind HAS.22 destinadas a missões de guerra antissubmarino (ASW) equipados com torpedos MK-44 ou MK-40 além de cargas de profundidade. No entanto esta aeronave seria notabilizada na realização de missões de busca e salvamento -SAR (Searching and Rescue), onde seriam empregadas oitenta e nove aeronaves da versão Whirlwind HAR.10 junto a quatro esquadrões especializados da Real Força Aérea Britânica (Royal Air Force). As últimas três células só retiradas do serviço ativo em meados do ano de 1982. Além da Grã-Bretanha o modelo também seria operado pelas forças militares do Brasil, Áustria, Brunei, França, Gana, Irã, Itália, Kuwait, Nigéria, Catar e Iugoslávia.
Emprego na Marinha do Brasil.
O advento da operação de aeronaves de asas rotativas para fins militares no Brasil marcou um capítulo significativo na modernização das Forças Armadas do país, refletindo o crescente interesse global pelo potencial estratégico dos helicópteros na década de 1950. Esse movimento teve início com a aquisição, pela Força Aérea Brasileira (FAB), de quatro unidades do modelo Bell 47D1 — designado militarmente como H-13D na primeira metade da década. O sucesso dessas operações chamou a atenção da Marinha do Brasil, que, nutria ambições de reestruturar e fortalecer sua aviação naval, um projeto que ganharia forma nos anos seguintes. A Marinha do Brasil, ciente do potencial transformador das aeronaves de asas rotativas, iniciou um processo estratégico para reativar sua aviação naval. Em 1952, um passo decisivo foi dado com a criação da Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), uma organização dedicada a formular a doutrina operacional e estabelecer as bases para o emprego de aeronaves. Sua missão era o de estruturar o braço aeronaval da Marinha, definindo diretrizes para o uso de helicópteros em missões como reconhecimento, transporte, apoio logístico e operações embarcadas em navios. Como parte desse ambicioso programa, em 1955 foi fundado o Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN), concebido como o núcleo de formação e treinamento de todo o pessoal aeronaval da Marinha, incluindo pilotos, mecânicos e tripulantes. O processo de modernização ganhou impulso com a aquisição de três helicópteros Bell 47J, uma variante avançada do Bell 47, obtida em 1957 por intermédio da Missão Naval Americana. Ao traçar os planos de equipamento da recém-ressuscitada Aviação Naval, as altas autoridades da Marinha do Brasil prontamente identificaram a necessidade de dispor de um helicóptero de maior porte do que os Bell 47 e os Westland Widgeon adquiridos no final da década de 1950. Em face do cenário em que se deu o ressurgimento da Aviação Naval, agravado ainda pelo reduzidíssimo orçamento destinado à aquisição de material aeronáutico, as alternativas existentes eram bastante restritas. Estudos seriam conduzidos junto ao adido militar naval em Washington nos Estados Unidos, visando a aquisição de aeronaves de asas rotativas junto aquele governo, com preferência ao modelo Sikorsky S-55, que vinham desempenhando um excelente papel como aeronaves navais junto a Marinha Americana (US Navy). No entanto, em vista da relação existente entre a Marinha do Brasil e a Westland, bem como o considerável prestígio pelo almirantado britânico durante as etapas de fiscalização de construção do Navio-Aeródromo Ligeiro Minas Gerais, foi possível à Comissão Fiscal de Construção de Navios na Europa (CECNFE) acertar a aquisição de três helicópteros Westland WS-55 Whirlwind Series 1, com a primeiro sendo entregue em outubro de 1960.
Os helicópteros destinados à Marinha do Brasil foram entregues numa configuração que permitia o transporte de 10 soldados ou a instalação de seis macas, dispondo ainda de guincho igual àquele instalado nos seus pares militares do Reino Unido. Neste mesmo momento o navio aeródromo ligeiro NAeL A-11 Minas Gerais ainda se encontrava na Inglaterra, encerrando suas provas de aceitação com um grupo embarcado da Marinha Real (Royal Navy), gerando uma excelente oportunidade para a Aviação Naval brasileira. No dia 19 de outubro a Aviação Naval Brasileira alcançou um marco histórico com a realização do primeiro pouso de um helicóptero a bordo do Navio-Aeródromo Ligeiro (NAeL) Minas Gerais. Posteriormente, em 4 de novembro de 1956, após rigorosos ensaios e aprovação para recebimento, dois outros helicópteros Whirlwind se juntaram ao primeiro exemplar, completando um trio de aeronaves. No início de dezembro do mesmo ano, esses helicópteros foram transportados em voo até Rotterdam, na Holanda, onde foram embarcados no NAeL A-11 Minas Gerais, que se preparava para sua viagem inaugural ao Brasil. Estas aeronaves designados como HU2W, foram inicialmente subordinados ao Destacamento Aéreo Embarcado do porta aviões . Com a criação do 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1), formalizada por aviso ministerial em junho de 1961, as aeronaves foram transferidas para essa nova unidade. A incorporação deste modelo ampliaria consideravelmente o leque de missões que podiam ser cumpridas pela Aviação Naval, muito em função de sua capacidade de transporte e autonomia de voo superior as demais aeronaves de asas rotativas em carga até então. Posteriormente em 1963, mais duas aeronaves da mesma versão seriam incorporadas visando repor perdas operacionais. Porém na segunda metade desta mesma década o comando da Aviação Naval da Marinha Brasileira ressentia-se da dificuldade de operar seus helicópteros mais antigos, como os HU-2W. Desde a entrada em operação destas aeronaves, seria notado que seu desempenho em voo não refletia a performance observada na Europa. Isso se devia exclusivamente ao motor Pratt & Whitney Wasp R-1340-40, que sofria com as elevadas temperaturas existentes no clima tropical brasileiro. Após consulta, a Westland Aircraft Ltd propôs reequipar todas as células remanescentes da Aviação Naval com seu novo motor radial Alvis Leonidas Major, que gerava 750 sph, exatos 150 shp superior ao motor atual (atendendo ao mesmo processo efetivado junto as aeronaves militares britânicas), porém restrições orçamentárias e outros detalhes de ordem técnica fariam com que esta proposta fosse arquivada. Esta temática viria a tona novamente em fins do ano de 1965, quando estudos do Estado Maior da Armada em cooperação da Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), apontavam a importância de transformar a Aviação Naval em uma força equipada apenas com modernas aeronaves de asas rotativas equipadas com motores turbo eixo.

Apesar das ambições que norteavam o processo de modernização da Aviação Naval brasileira, a realidade orçamentária do país na década de 1960 impôs severas limitações à concretização de tais planos. As análises técnicas e financeiras conduzidas à época evidenciavam que a renovação do parque aeronáutico naval seria um empreendimento de longo prazo, em virtude das recorrentes restrições de verbas enfrentadas pelo Ministério da Marinha. Ainda assim, em 1966, um passo decisivo foi dado quando a Westland Aircraft Ltd apresentou uma proposta formal para o fornecimento de helicópteros do modelo Westland Whirlwind Série 3, cada unidade avaliada em US$ 253.100,00. Após intensas negociações bilaterais, firmou-se um contrato para a aquisição de três aeronaves novas de fábrica, complementado por um acordo adicional que previa a modernização e modificação dos dois últimos Whirlwind Série 1 HU-2W ainda em serviço ativo na Aviação Naval, ao custo de US$ 156.800,00 por unidade. Os três novos helicópteros Whirlwind Série 3 foram transportados para o Brasil a bordo de navios da própria Marinha e recebidos oficialmente no final de 1966. Inicialmente designados como SH-3, foram pouco depois redesignados como UH-5, integrando o 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1), sediado na Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia, no estado do Rio de Janeiro. De acordo com o planejamento operacional, os UH-5 foram destinados prioritariamente às missões de transporte de carga e pessoal, além de operações embarcadas no navio-aeródromo leve A-11 Minas Gerais. O batismo operacional dessas aeronaves ocorreu no final de fevereiro de 1967, quando um dos Whirlwind UH-5 foi embarcado no Minas Gerais, permanecendo a bordo por dezoito dias consecutivos como parte do “Destacamento Aéreo Embarcado”. Paralelamente, as duas outras aeronaves recém-chegadas foram empregadas em missões humanitárias no então Estado da Guanabara, em resposta às devastadoras enchentes que atingiram a região naquele ano. Nessas operações de misericórdia, os helicópteros da Marinha destacaram-se pela agilidade e eficiência no transporte de suprimentos e na evacuação de vítimas, reforçando a relevância estratégica e social do HU-1. Com o uso operacional, rapidamente ficou evidente para os pilotos do esquadrão que os Westland Whirlwind UH-5 — carinhosamente apelidados de “Vaca” — superavam amplamente seus antecessores da Série 1 em desempenho, confiabilidade e capacidade de carga.
A comprovada superioridade técnica e operacional dos Westland Whirlwind UH-5 possibilitou à Aviação Naval Brasileira expandir consideravelmente seu espectro de atuação, consolidando-se como um instrumento multifuncional dentro da doutrina aeronaval. Essas aeronaves passaram a desempenhar missões de transporte de tropas e materiais, busca e salvamento (SAR) e apoio direto às operações anfíbias conduzidas pelo Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). Nessas últimas, os UH-5 destacaram-se por sua notável versatilidade, sendo capazes de realizar o desembarque de até dez soldados completamente equipados, fator que ampliou significativamente a capacidade de projeção anfíbia da Marinha do Brasil. Em operações de maior envergadura, como o exercício “Dragão”, voltado ao adestramento do CFN e à integração dos diversos meios navais e aéreos da Força, a presença dos Whirlwind UH-5 tornou-se constante. Sob o comando do 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1), carinhosamente conhecido como “Esquadrão Águia”, essas aeronaves desempenhavam papéis cruciais em cenários táticos complexos, seja no transporte de efetivos, no apoio logístico ou na evacuação de feridos. A confiança depositada nos UH-5 consolidou-se não apenas por sua robustez, mas também pela segurança e precisão que demonstravam em ambientes operacionais desafiadores. Além das missões militares e de treinamento, a notável capacidade de carga e alcance dos Whirlwind UH-5 levou a Marinha a empregá-los também em apoio a outras atividades estratégicas, como as conduzidas pela Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN). Embora os helicópteros não operassem a partir dos reduzidos conveses das embarcações hidrográficas, sua habilidade para içar e transportar cargas externas revelou-se de grande utilidade, permitindo a movimentação de equipamentos e suprimentos para locais remotos ou de difícil acesso. Entretanto, foi no campo humanitário que os Whirlwind UH-5, apelidados com carinho de “Vaca” por seus tripulantes, conquistaram maior visibilidade junto à sociedade brasileira. Empregados rotineiramente em missões de busca e salvamento (SAR) e em ações de socorro às populações atingidas por desastres naturais, esses helicópteros tornaram-se símbolo de eficiência e solidariedade. As operações não se restringiam ao estado do Rio de Janeiro — sede do HU-1 —, mas frequentemente se estendiam a regiões distantes do território nacional, como Santa Catarina e Espírito Santo, onde os Whirlwind desempenharam papel decisivo em surtidas de resgate e assistência emergencial. Infelizmente, o intenso ritmo de operações e a complexidade das missões acabariam resultando em acidentes fatais. O primeiro ocorreu em julho de 1967, quando uma das aeronaves foi perdida durante uma operação de guarda aérea embarcada no porta-aviões NAeL A-11 Minas Gerais. Ainda assim, a frota foi reforçada no ano seguinte, com a incorporação de duas novas células Whirlwind Série 3, elevando a dotação do HU-1 para quatro unidades.

O programa de modernização, que previa o envio das duas células remanescentes do modelo HU-2W à fabricante britânica para atualização, foi concluído em 1969, resultando na entrega de mais dois helicópteros UH-5 à Aviação Naval. Assim, entre 1969 e 1971, o 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1) atingiu seu auge operacional, dispondo de seis aeronaves UH-5 plenamente ativas. Durante a década de 1970, contudo, o intenso emprego e o desgaste natural decorrente das operações levaram a novas perdas. Em 1971, um UH-5 afundou após uma amerissagem forçada na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Outro acidente foi registrado em 1974, no estado de Santa Catarina, e um terceiro ocorreu nas proximidades da Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia, após uma falha súbita de motor. No início de 1975, , restavam apenas três aeronaves UH-5 em condições plenas de operação. Essa limitação refletia o desgaste natural de uma frota que, desde o final da década de 1960, vinha sendo empregada de forma intensiva em missões navais, humanitárias e de treinamento. A situação agravou-se ainda mais em abril daquele mesmo ano, quando um dos helicópteros sofreu um acidente de média gravidade nas proximidades da cidade de Vitória (ES). Embora os danos na célula permitissem uma eventual recuperação, considerações de ordem econômica levaram à decisão de alienar a aeronave, destinando-a à venda como sucata para reaproveitamento de material metálico. Esse episódio reduziu drasticamente a capacidade operacional do HU-1, que passou a manter apenas duas aeronaves em condições de voo, comprometendo a execução regular de missões. Diante desse quadro, o emprego dos Whirlwind tornou-se cada vez mais restrito, limitando-se a voos de instrução e apoio eventual até o início de 1982, quando os últimos exemplares remanescentes foram oficialmente retirados do serviço ativo. Apesar do encerramento de sua carreira militar, o ciclo operacional do Whirlwind no Brasil ainda teria um breve epílogo no setor civil. No ano seguinte, 1983, os dois UH-5 foram revisados, certificados para o voo e posteriormente alienados, sendo adquiridos pela empresa Táxi Aéreo Curitiba, onde receberam os prefixos PT-HQK e PT-HQL. Essas aeronaves foram empregadas em missões de transporte e apoio logístico, principalmente na região Sudeste, mas sua trajetória civil seria breve. Em 1984, o PT-HQK foi perdido em um acidente, resultando na perda total da célula. O exemplar remanescente, PT-HQL, continuou em operação até 1986, quando foi definitivamente desativado. Felizmente, a história reservaria um destino mais digno para essa última aeronave. Reconhecendo seu valor histórico como símbolo da introdução do helicóptero moderno na Aviação Naval Brasileira, o Ministério da Marinha promoveu sua recompra, destinando-a à preservação museológica. Após um cuidadoso processo de restauração, o Whirlwind foi incorporado ao acervo do Museu da Aviação Naval, sendo posteriormente instalado em exposição permanente na Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia
Em Escala.
Infelizmente não existe no mercado um kit injetado para o helicóptero Westland Whirlwind Série 3, nos obrigando a fazer uso como base de partida de um modelo em Die Cast na escala 1/72 pertencente a versão HAR.10 de busca e salvamento da Força Aérea Real (Royal Air Force), produzido pela AmerCom Hobby. Para representarmos o Westland Whirlwind UH-5 “N-7026”, procedemos pequenas alterações e inclusão de detalhamentos em scratch build. Fizemos uso de decais avulsos retirados de diversos sets confeccionados pela FCM Decais.O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o ultimo padrão de pintura empregado pelos Westland Whirlwind UH-5 Vaca nos anos finais de sua carreira, deferindo do esquema original em que foram recebidos em 1966 pela aplicação de marcações de alta visibilidade em vermelho que após intenso uso foram desbotando até aparentar uma coloração alaranjada.
Bibliografia :
- Westland Whirlwind – Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Westland_Whirlwind_(helicopter)
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 por Jackson Flores
- 100 anos da Aviação Naval – Marinha do Brasil
- Asas sob os Mares Aviação Naval , Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br





